o anglo resolve a prova da Unicamp 2ª-...

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É trabalho pioneiro. Prestação de serviços com tradição de confiabilidade. Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadoras em sua tarefa árdua de não cometer injustiças. Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudante no processo de aprendizagem, graças a seu formato: reprodução de cada questão, seguida da resolução elaborada pelos profes- sores do Anglo. No final, um comentário sobre as disciplinas. A 2ª - fase da Unicamp é igual para todos os candidatos e rea- liza-se em quatro dias consecutivos. A cada dia são dadas quatro horas para a resolução de provas analítico-expositivas assim distribuídas: - dia: Língua Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa e Ciências Biológicas. - dia: Química e História. - dia: Física e Geografia. - dia: Matemática e Língua Estrangeira (Inglês). As provas de cada disciplina são compostas por 12 questões que totalizam 48 pontos. Cada questão vale 4 pontos, que são divididos igualmente entre os itens a e b que as constituem. Esse exame, como o da 1ª - fase, avalia também os candidatos às vagas de Medicina e Enfermagem da FAMERP — Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (entidade pública estadual). Além dessas provas, para os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Artes Cênicas, Dança, Artes Visuais e Música, realizam-se ava- liações de Habilidades Específicas, valendo 48 pontos. Os candidatos que tiverem nota zero nas provas de aptidão esta- rão desclassificados da opção. A ausência ou a nota zero em qualquer uma das provas elimi- na o candidato. o anglo resolve a prova da Unicamp - fase 2010 Código: 835021010

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É trabalho pioneiro.Prestação de serviços com tradição de confiabilidade.Construtivo, procura colaborar com as Bancas Examinadorasem sua tarefa árdua de não cometer injustiças.Didático, mais do que um simples gabarito, auxilia o estudanteno processo de aprendizagem, graças a seu formato: reproduçãode cada questão, seguida da resolução elaborada pelos profes-sores do Anglo.No final, um comentário sobre as disciplinas.

A 2ª- fase da Unicamp é igual para todos os candidatos e rea-liza-se em quatro dias consecutivos. A cada dia são dadasquatro horas para a resolução de provas analítico-expositivasassim distribuídas:1º- dia: Língua Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesae Ciências Biológicas.2º- dia: Química e História.3º- dia: Física e Geografia.4º- dia: Matemática e Língua Estrangeira (Inglês).As provas de cada disciplina são compostas por 12 questõesque totalizam 48 pontos.

Cada questão vale 4 pontos, que são divididos igualmenteentre os itens a e b que as constituem.Esse exame, como o da 1ª- fase, avalia também os candidatos àsvagas de Medicina e Enfermagem da FAMERP — Faculdade deMedicina de São José do Rio Preto (entidade pública estadual).Além dessas provas, para os cursos de Arquitetura e Urbanismo,Artes Cênicas, Dança, Artes Visuais e Música, realizam-se ava-liações de Habilidades Específicas, valendo 48 pontos. Oscandidatos que tiverem nota zero nas provas de aptidão esta-rão desclassificados da opção.A ausência ou a nota zero em qualquer uma das provas elimi-na o candidato.

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2UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

Retirada de www.eitapiula.net/2009/09/aurelio.jpg

Nessa propaganda do dicionário Aurélio, a expressão “bom pra burro” é polissêmica, e remete a uma represen-tação de dicionário.a) Qual é essa representação? Ela é adequada ou inadequada? Justifique.b) Explique como o uso da expressão “bom pra burro” produz humor nessa propaganda.

a) A representação é a de que o dicionário é um auxílio para os ignorantes, ideia contida na expressão“pai dos burros”. Ela é inadequada, porque o vocabulário de uma pessoa, por mais culta que seja, sempreé extremamente inferior ao número de palavras que um bom dicionário comporta, portanto ele também éum auxílio importante para as pessoas que não são ignorantes.

b) O termo “pra burro” pode ser lido como uma expressão idiomática, que vale como adjunto adverbialde intensidade e que visa assim a enfatizar as qualidades do dicionário. O que produz humor é a possibilida-de de outra leitura da expressão, como indicadora do leitor adequado a esse dicionário. Quebrando-se, portan-to, a expectativa e gerando comicidade, chama-se a esse leitor de burro.

Quino, Toda Mafalda. São Paulo: Editora Martins Fontes, 6ª- Edição, 2003.

VOCÊ ACHA CERTO TODO OMUNDO DEIXAR O PAÍSPARA TRABALHAR NOESTRANGEIRO?

CLARO QUE SIM!

POR ACASO, QUANDO MEUPAI VEIO PRA CÁ, ELE NÃO

DEIXOU A PÁTRIA DELE PORUM PAÍS ESTRANGEIRO?

VOCÊ É BOBO, É?ESTE NÃO É UM PAÍS

ESTRANGEIRO! COMO TEMGENTE BOBA!

Questão 2▼

Resolução

Questão 1▼UUUNNNÍÍÍLLL GGG AAA

UUURRREEETTTIIIEEE

AAALLL RRRTTT AAAUUUPPPOOORRRTTT UUUGGG EEESSSAAA

SSS DDDEEE L.L.L. UUUPPPOOORRRTTT UUUGGG EEESSSAAA

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Nessa tirinha da famosa Mafalda do argentino Quino, o humor é construído fundamentalmente por um pro-dutivo jogo de referência.a) Explicite como o termo ‘estrangeiro’ é entendido pela personagem Mafalda e pelo personagem Manolito.b) Identifique duas palavras que, nessa tirinha, contribuem para a construção desse jogo de referência, expli-

cando o papel delas.

a) Para Mafalda, o termo “estrangeiro” tem como referência qualquer país que não seja o dela; para Manolito,o país onde está quem não nasceu nele. A garota analisa o termo a partir de sua perspectiva exclusiva, por issosua pátria não pode ser em hipótese alguma um país estrangeiro. O garoto, em contrapartida, entende apalavra também a partir da perspectiva de quem não é nascido onde está. Assim, para Mafalda, tudo o queestá na pátria não é estrangeiro; para Manolito, pode ser.

b) No primeiro quadrinho, o artigo “o”, em “o país”, especifica o substantivo, determina-o como o local deorigem de Mafalda. O mesmo se dá no terceiro quadrinho, com o emprego do pronome “este”, que se refereao país da personagem, ou seja, à sua pátria. No segundo quadrinho, o artigo “um”, em “um país estrangeiro”,indetermina o substantivo, indicando qualquer país que não seja a pátria. Por isso é que a personagem diz queo país dela não pode ser um país estrangeiro.

“Os turistas que visitam as favelas do Rio se dizem transformados, capazes de dar valor ao que realmente impor-ta”, observa a socióloga Bianca Freire-Medeiros, autora da pesquisa “Para ver os pobres: a construção da favelacarioca como destino turístico”. “Ao mesmo tempo, as vantagens, os confortos e os benefícios do lar são reforça-dos por meio da exposição à diferença e à escassez. Em um interessante paradoxo, o contato em primeira mãocom aqueles a quem vários bens de consumo ainda são inacessíveis garante aos turistas seu aperfeiçoamentocomo consumidores.”

No geral, o turista é visto como rude, grosseiro, invasivo, pouco interessado na vida da comunidade, preferindovisitar o espaço como se visita um zoológico e decidido a gastar o mínimo e levar o máximo. Conforme relata umguia, “O turismo na favela é um pouco invasivo, sabe? Porque você anda naquelas ruelas apertadase as pessoas deixam as janelas abertas. E tem turista que não tem ‘desconfiômetro’: mete o carãodentro da casa das pessoas! Isso é realmente desagradável. Já aconteceu com outro guia. A moradoraestava cozinhando e o fogão dela era do lado da janelinha; o turista passou, meteu a mão pela janelae abriu a tampa da panela. Ela ficou uma fera. Aí bateu na mão dele.”

(Adaptado de Carlos Haag, Laje cheia de turista. Como funcionam os tours pelas favelas cariocas.Pesquisa FAPESP nº- 165, 2009, p. 90-93.)

a) Explique o que o autor identifica como “um interessante paradoxo”.b) O trecho em destaque, que reproduz em discurso direto a fala do guia, contém marcas típicas da linguagem

coloquial oral. Reescreva a passagem em discurso indireto, adequando-a à linguagem escrita formal.

a) Como consideração inicial, convém ressalvar que a expressão “um interessante paradoxo” está inscritanuma transcrição literal da pesquisa da socióloga Bianca Freire-Medeiros. Por isso, pressupõe-se que o para-doxo seja sua opinião, e não do articulista Carlos Haag (enunciador do texto).

O primeiro parágrafo estabelece uma oposição explícita entre escassez e abundância, confortos (con-sumo) × a privação disso. O paradoxo, portanto, é estabelecido por meio do confronto entre ser e parecer:o turista constrói um parecer de que ele mudou sua escala de valores, por ser capaz de “dar valor ao querealmente importa”. Entretanto a socióloga afirma que não houve essa transformação, uma vez que o tu-rista, ao tomar contato com a miséria característica das favelas, reforça “as vantagens, os confortos e os bene-fícios do [seu] lar”.

Resolução

Questão 3▼

Resolução

3UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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b) Eis uma das várias respostas possíveis:Um guia relatou, interpelando o interlocutor, que o turismo na favela é* um pouco invasivo porque se

anda* em ruas estreitas, e os moradores deixam* as janelas abertas. Disse também que havia turistas inconve-nientes: observavam indiscretamente o interior das casas, atitude bastante desagradável. O guia acrescen-tou que já tinha acontecido/acontecera algo similar com um colega de profissão: uma moradora estava cozi-nhando no fogão, que ficava ao lado da janela, e um turista tinha passado/passara, tinha posto/pusera amão pela janela e tinha aberto/abrira a tampa da panela. Ela, enfurecida, tinha batido/batera na mão dele.

Observação: *O presente do indicativo, nesses casos, indica ação de duração costumeira e não admitedistinção nítida entre anterioridade e posterioridade.

Nessa propaganda, há uma interessante articulação entre palavras e imagens.

Retirada de www.diariodapropaganda.blogspot.com

a) Explique como as imagens ajudam a estabelecer as relações metafóricas no enunciado “Mesmo que o globofosse quadrado, O GLOBO seria avançado”.

b) Indique uma característica atribuída pela propaganda ao produto anunciado. Justifique.

a) As imagens ajudam a distinguir os sentidos que o termo polissêmico “globo” assume na propaganda.A representação esférica do planeta é associada ao periódico, pois a América do Sul está coberta pela pri-meira página do jornal. Portanto o trecho “o GLOBO é avançado” deve ser lido em sentido metafórico, relacio-nado aos temas figurativizados pela imagem da esfera (globalização, maior integração entre as nações, avan-ços científicos e tecnológicos).

Já a imagem em formato cúbico figurativiza o modo conservador de ver o mundo, o que se reforça pelotermo “quadrado” — que na língua corrente significa “retrógrado”, “antiquado”.

b) A propaganda investe no jornal a qualidade de ser progressista, pois afirma que, se estivesse envoltopor um mundo retrógrado, ainda assim “O GLOBO” superaria as limitações de seu tempo e estaria à frentedele.

Resolução

Questão 4▼

4UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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Retirada de www.miriamsalles.info/wp/wp-content/uploads/acord

a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua portu-guesa? Por que esse pressuposto é inadequado?

b) Explique como, na tira acima, esse pressuposto é quebrado.

a) A personagem que defende o acordo ortográfico tem por base o pressuposto de que ele instaura apadronização da língua, a unificação do idioma. Na prática, isso significa que, por força do acordo, a lín-gua portuguesa passaria a ser falada da mesma maneira em todos os países lusófonos.

Tal pressuposto é inadequado porque não se trata de unificação do idioma, mas da unificação das nor-mas que regem a grafia das palavras do idioma.

b) Na tira, o pressuposto é efetivamente quebrado. Com efeito, um livro, editado em Portugal e apresen-tado como já adaptado às normas do acordo, traz peculiaridades de linguagem que prejudicam sua com-preensão por um brasileiro. O próprio personagem que defendia o acordo não sabe o que é “bica” e “peúgas”.Ou seja, o acordo ortográfico não unifica o idioma...

A propaganda ao lado explora a expressão idiomática ‘não leve gatopor lebre’ para construir a imagem de seu produto:

a) Explique a expressão idiomática por meio de duas paráfrases.b) Mostre como a dupla ocorrência de BOM BRIL no slogan ‘SÓ BOM BRIL É BOM BRIL’, aliada à expressão

idiomática, constrói a imagem do produto anunciado.

NÃO LEVE GATO POR LEBRE

SÓ BOM BRIL É BOM BRIL

Questão 6▼

Resolução

SABIA QUE ACABADE SER ASSINADO O

MAIS UMTROÇO INÚTIL,

EMPURRADOGOELA ABAIXO!

NÃO DIGA SANDICES,MEU JOVEM.PERCEBA A

GRANDEZA DESSEMOMENTO.

ESTAMOS FALANDO DAUNIFICAÇÃO DO NOSSO

IDIOMA ESCRITO.DA PADRONIZAÇÃO

DA LÍNGUA!

ESTE LIVRO, POR EXEMPLO,JÁ ESTÁ ADAPTADO.

É DE PORTUGAL E PODE SERPUBLICADO POR AQUI SEM

MUDAR UMAVÍRGULA

SEQUER.

HÚÚMM.. .”— SAINDO DA BICHA ,FUI TOMAR UMA BICAANTES DE IR COMPRAR

UM PAR DEPEÚGAS . ”?!

BICA...?PEÚGAS...??

ALÁ!!NÃO FALEI?!NÃO FALEI?!

Questão 5▼

5UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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a) Considerando que a carne de gato é bastante semelhante à de lebre, mas de qualidade inferior, duasparáfrases possíveis seriam: “Não adquira um produto de qualidade inferior crendo que é superior” ou “nãoadquira um produto guiando-se apenas pela aparência”.

b) A expressão idiomática “Não leve gato por lebre” alerta para o risco de o consumidor se deixar iludir eadquirir um produto que aparenta ser de qualidade superior, mas na verdade não é. Ao afirmar que “Só BomBril é Bom Bril”, a propaganda manifesta que nenhum outro produto se iguala a “Bom Bril” (lebre), sendoos demais de qualidade inferior (gatos).

Pode-se considerar também que o termo “Bom Bril” — por um processo metonímico em que o nomede uma marca é usado para designar o produto, tal qual em Gillete, por exemplo — é comumente usadopara referir-se ao produto “palha de aço”, qualquer que seja sua marca. Assim, a propaganda também lem-bra o consumidor de que imitações (gatos), apesar de comumente chamadas de “Bom Bril”, não têm a quali-dade do verdadeiro Bom Bril (lebre).

No excerto abaixo, o romance Iracema é aproximado da narrativa bíblica:

Em Iracema, (...) a paisagem do Ceará fornece o cenário edênico para uma adaptação do mito da Gênese.Alencar aproveitou até o máximo as similaridades entre as tradições indígenas e a mitologia bíblica (...).Seu romance indianista (...) resumia a narrativa do casamento inter-racial, porém (...) dentro de um quadroestrutural pseudo-histórico mais sofisticado, derivado de todo um complexo de mitos bíblicos, desde a QuedaEdênica ao nascimento de um novo redentor.

(David Treece, Exilados, aliados, rebeldes: o movimento indianista, a política indigenista e o Estado-Nação imperial.São Paulo: Nankin/Edusp, 2008: p. 226, 258-259.)

Partindo desse comentário, responda às questões:a) Que associação se pode estabelecer entre os protagonistas do romance e o mito da Queda com a consequente

expulsão do Paraíso?b) Qual personagem poderia ser associada ao “novo redentor”? Por quê?

a) Em Iracema, José de Alencar compôs uma espécie de narrativa de fundação, isto é, um relato que uneelementos históricos e míticos para narrar a origem de um povo, país ou nação. Entre as várias referênciasmíticas da obra, o episódio bíblico da Queda guarda estreita relação com as personagens Iracema e Martim.Tal como Eva, a protagonista do romance vive perfeitamente integrada a uma natureza exuberante e deveobedecer ao tabu da castidade. Ainda como na Bíblia, é a mulher (Iracema) quem toma a iniciativa de fruiros prazeres do sexo, perdendo a inocência original e a ligação íntima com a divindade. Em consequência, ocasal deve deixar o interior do Ceará, seu paraíso edênico, e partir para o litoral, onde a nativa conhece ador do parto e a inevitabilidade da morte.

b) O “novo redentor” pode ser associado a Moacir, filho de Martim e Iracema. Fruto da união de duas raçasdistintas — a branca e a indígena — e destinado a migrar do litoral com o pai, o menino é descrito, na narra-tiva, como o primeiro cearense, o que, metonimicamente, remete ao brasileiro original. Nos termos do ro-mance, seu nascimento pode ser entendido como a síntese alegórica da essência mestiça e migrante do povobrasileiro.

Leia o seguinte comentário a respeito de O Cortiço, de Aluísio Azevedo:Com efeito, o que há n’ O Cortiço são formas primitivas de amealhamento*, a partir de muito pouco ou quase nada,exigindo uma espécie de rigoroso ascetismo inicial e a aceitação de modalidades diretas e brutais de exploração,incluindo o furto (...) como forma de ganho e a transformação da mulher escrava em companheira-máquina. (...)Aluísio foi, salvo erro meu, o primeiro dos nossos romancistas a descrever minuciosamente o mecanismo de for-mação da riqueza individual. (...) N’ O Cortiço [o dinheiro] se torna implicitamente objeto central da narrativa, cujoritmo acaba se ajustando ao ritmo da sua acumulação, tomada pela primeira vez no Brasil como eixo da com-posição ficcional.

(Antonio Candido, De cortiço a cortiço. In: O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993, p. 129-3.)

*amealhar: acumular (riqueza), juntar (dinheiro) aos poucos

Questão 8▼

Resolução

Questão 7▼Resolução

6UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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a) Explique a que se referem o rigoroso ascetismo inicial da personagem em questão e as modalidades dire-tas e brutais de exploração que ela emprega.

b) Identifique a “mulher escrava” e o modo como se dá sua transformação “em companheira-máquina”.

a) O ascetismo inicial de João Romão refere-se à rigorosa disciplina e ao rígido autocontrole aplicados noenriquecimento e erguimento do cortiço. Para tanto, privava-se duramente de quaisquer luxos: dormianuma esteira no balcão da própria venda, fazendo de travesseiro um saco de estopa cheio de palha; nãosaía nunca a passeio, etc. As “modalidades diretas e brutais de exploração” são uma referência ao modoviolento como João Romão tratava os trabalhadores, roubando nos pesos e medidas, misturando água aovinho, fazendo de besta de carga a crioula Bertoleza. Este traço de exploração se reforça com o furto domaterial das casas em construção nas redondezas.

b) A “mulher escrava” é Bertoleza, inicialmente uma simples fornecedora de comida ao vendeiro. Quandomorre o companheiro da crioula, João Romão interessa-se por sua desgraça e torna-se seu procurador econselheiro. Vão morar juntos e ela passa a exercer papel tríplice de caixeiro (uma referência à acumulaçãocapitalista), de criada (alusão à exploração a que é submetida) e amante (objeto de satisfação sexual deJoão Romão). O vendeiro acaba por ganhar a confiança da amiga com a simulada obtenção da sua carta dealforria. Para ele, Bertoleza torna-se uma cúmplice do seu delírio de enriquecimento.

O excerto abaixo, de Vidas Secas, trata da personagem sinha Vitória:

Calçada naquilo, trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula. Sinha Vitória ofendera-se gravemente com acomparação, e se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava, teria despropositado. Efetivamente os sapatosapertavam-lhe os dedos, faziam-lhe calos. Equilibrava-se mal, tropeçava, manquejava, trepada nos saltos de meiopalmo. Devia ser ridícula, mas a opinião de Fabiano entristecera-a muito. Desfeitas essas nuvens, curtidos os dissa-bores, a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado. Agora pensava nela de mau humor. Julgava-a inatin-gível e misturava-a às obrigações da casa. (...) Um mormaço levantava-se da terra queimada. Estremeceu lembran-do-se da seca (...). Diligenciou afastar a recordação, temendo que ela virasse realidade. (...) Agachou-se, atiçou ofogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro.Jogou longe uma cusparada, que passou por cima da janela e foi cair no terreiro. Preparou-se para cuspir nova-mente. Por uma extravagante associação, relacionou esse ato com a lembrança da cama. Se o cuspo alcançasse oterreiro, a cama seria comprada antes do fim do ano. Encheu a boca de saliva, inclinou-se — e não conseguiu o queesperava. Fez várias tentativas, inutilmente. (...) Olhou de novo os pés espalmados. Efetivamente não se acostuma-va a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. Isso mesmo, sem dúvida, matuto andaassim. Para que fazer vergonha à gente? Arreliava-se com a comparação. Pobre do papagaio. Viajara com ela, nagaiola que balançava em cima do baú de folha. Gaguejava: — “Meu louro.” Era o que sabia dizer. Fora isso, aboia-va arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinha Vitória nem queria lembrar-se daquilo.

(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007, p. 41-43.)

a) Por que a comparação feita por Fabiano incomoda tanto sinha Vitória? Que lembrança evoca?b) Tendo em vista a condição e a trajetória de sinha Vitória, justifique a ironia contida no nome da persona-

gem. Que outra personagem referida no excerto acima também revela uma ironia no nome?

a) Sinha Vitória, uma mulher marcada pela busca da realização concreta das suas aspirações, sente-se inco-modada quando comparada a um bicho pelo marido, o que ela entende como um índice de seu rebaixamento.A comparação lhe é especialmente dolorosa porque evoca o episódio, narrado no capítulo “Mudança”, em quea família fugia da seca pelo sertão e, para não morrer de fome, comera o papagaio de estimação.

b) O nome da personagem vem ironicamente antecedido do pronome de tratamento “sinha”, geralmenteassociado à elite proprietária de terras no Nordeste, condição muito distinta daquela vivida por SinhaVitória. Verifica-se ainda um trocadilho com a expressão “sim à vitória”, o que também pode ser conside-rado uma ironia, já que a personagem e a sua família são marcadas pela condição de derrotados: castiga-dos pela seca, explorados pelo patrão, oprimidos pelo soldado amarelo e pelo fiscal da prefeitura. A ironiatambém se apresenta no nome de Baleia, já que a cadelinha esquálida do sertão semiárido é designada pelonome de um animal aquático de grandes proporções.

Resolução

Questão 9▼

Resolução

7UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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O poeta Vinicius de Moraes, apesar de modernista, explorou formas clássicas como o soneto abaixo, em ver-sos alexandrinos (12 sílabas) rimados:

Soneto da intimidade

a) Essa forma clássica tradicionalmente exigiu tema e linguagem elevados. O “Soneto da intimidade” atendea essa exigência? Justifique.

b) Como os quartetos anunciam a identificação do eu lírico com os animais? Como os tercetos a confirmam?

a) A prática do soneto, relativamente abandonada pelos poetas da primeira geração modernista, foi re-tomada por seus seguidores dos anos 1930, como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, MuriloMendes, Jorge de Lima e Vinicius de Moraes. Para além da simples adoção de um modelo formal consa-grado pela tradição clássica, houve o esforço para renová-lo. Na poesia de Vinicius, essa renovação se liga-va a uma mescla de estilos, fazendo conviver os registros baixo e elevado. No “Soneto da intimidade”, pre-dominam termos que se aproximam do registro baixo. É o caso do coloquialismo de “muito azul demais”;da diminuição do eu lírico presente em “mastigando um capim”; da repetição do termo chulo (“mijada”,“mijamos”); e da inclusão de uma percepção sensorial estranha ao universo poético (“cheiro bom do es-trume”). Do ponto de vista temático, a fuga das tradições se confirma. Em um cenário que pode ser vistocomo essencialmente poético (o ambiente bucólico de uma fazenda), o que se descreve é uma ação que,embora natural, é própria do baixo corporal: a urina, capaz de igualar homens e animais em uma mesma“festa de espuma”. No entanto, convém registrar a presença de palavras e expressões que podem ser incluí-das no registro elevado, seja por sua erudição (“vau”, “verve”), seja pela sugestividade poética (“água friae sonora”, “o rubro de uma amora”). Nota-se mesmo uma imagem que, por sua imprecisão, é digna repre-sentante da herança simbolista recebida pelo poeta: “pijama irreal”.

b) Nos quartetos, a identificação do eu lírico com os animais se dá na adoção de certos comportamentospróprios destes últimos. O poeta se relaciona com a natureza de forma direta, sem apelo a recursos técnicoscaracterísticos da ação humana. Ele sugere uma prática alimentar típica do gado quando diz estar “mastigan-do um capim”; despreza as roupas e permanece com “o peito nu de fora”; bebe água diretamente “na fonte”;por fim, em um espaço próprio dos animais (“em torno dos currais”), assume uma atitude rebaixadora quandocospe o sumo da amora (“o sangue”). Nos tercetos, essa identificação se confirma na acentuação do envolvi-mento do eu lírico com o ambiente imediatamente associado aos animais. Localizando-se “entre vacas e bois”,sentindo “o cheiro bom de estrume”, assume a própria condição animal (“Nós todos, animais”) para o con-graçamento final no último verso: “Mijamos em comum uma festa de espuma”.

Leia o trecho abaixo de A cidade e as serras:— Sabes o que eu estava pensando, Jacinto?... Que te aconteceu aquela lenda de Santo Ambrósio... Não, nãoera Santo Ambrósio... Não me lembra o santo. Ainda não era mesmo santo, apenas um cavaleiro pecador, quese enamorara de uma mulher, pusera toda a sua alma nessa mulher, só por a avistar a distância na rua. Depois,uma tarde que a seguia, enlevado, ela entrou num portal de igreja, e aí, de repente, ergueu o véu, entreabriuo vestido, e mostrou ao pobre cavaleiro o seio roído por uma chaga! Tu também andavas namorado da serra,sem a conhecer, só pela sua beleza de verão. E a serra, hoje, zás! de repente, descobre a sua grande chaga...É talvez a tua preparação para S. Jacinto.

(Eça de Queirós, As cidades e as serras. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007, p. 252.)

a) Explique a comparação feita por Zé Fernandes. Especifique a que chaga ele se refere.b) Que significado a descoberta dessa chaga tem para Jacinto e para a compreensão do romance?

Questão 11▼

Resolução

Nas tardes de fazenda há muito azul demais.Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agoraMastigando um capim, o peito nu de foraNo pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canaisPara ir beber na fonte a água fria e sonoraE se encontro no mato o rubro de uma amoraVou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.

Fico ali respirando o cheiro bom do estrumeEntre as vacas e os bois que me olham sem ciúmeE quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verveNós todos, animais, sem comoção nenhumaMijamos em comum numa festa de espuma.

(Vinicius de Moraes, Antologia poética.São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 86.)

Questão 10▼

8UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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a) José Fernandes expõe metaforicamente a mudança que se opera na imagem que Jacinto fazia das serrasportuguesas. O protagonista, que estava “namorado da serra”, mas “só pela sua beleza de verão”, com asandanças por sua propriedade descobre os males e prejuízos causados pelas desigualdades sociais e por umaadministração antiquada. Atônito, percebe que por trás da imagem bucólica da natureza (a bela mulherreferida na lenda de Santo Ambrósio) existe um mundo de sofrimento causado pela miséria. É justamentea essa miséria que se refere a outra imagem, retirada da mesma lenda: “seio roído por uma chaga”.

b) A descoberta dessa outra realidade faz com que Jacinto fique mais consciente das suas responsabilidadescomo proprietário rural. O aristocrático personagem promove, de maneira paternal, uma série de benfeitorias,que o tornam reconhecido como um salvador pelos camponeses da região, no contexto de um sebastianismorenovado pela trama. Ao mesmo tempo, aproveita-se da tecnologia para modernizar a sua propriedade.Percebe-se, assim, a mudança de foco da personagem: se era um enfastiado pelo uso estéril da tecnologia quan-do morava em Paris, agora encontra a paz e a tranquilidade — com sua energia revitalizada — ao utilizar essatecnologia para fins produtivos, em benefício da cultura agrária e também da sociedade portuguesa.

Leia o trecho abaixo, do capítulo “As luzes do carrossel”, de Capitães da Areia:

O sertanejo trepou no carrossel, deu corda na pianola e começou a música de uma valsa antiga. O rosto sombriode Volta Seca se abria num sorriso. Espiava a pianola, espiava os meninos envoltos em alegria. Escutavam reli-giosamente aquela música que saía do bojo do carrossel na magia da noite da cidade da Bahia só para os ouvidosaventureiros e pobres dos Capitães da Areia. Todos estavam silenciosos. Um operário que vinha pela rua, vendo aaglomeração de meninos na praça, veio para o lado deles. E ficou também parado, escutando a velha música.Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o mar ficou de todo manso(talvez que Iemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a cidade era como que um grande carrossel ondegiravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia. Nesse momento de música eles sentiram-se donos da cidade. Eamaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinhamo carinho e conforto da música. Volta Seca não pensava com certeza em Lampião nesse momento. Pedro Bala nãopensava em ser um dia o chefe de todos os malandros da cidade. O Sem-Pernas em se jogar no mar, onde os so-nhos são todos belos. Porque a música saía do bojo do velho carrossel só para eles e para o operário que parara.E era uma valsa velha e triste, já esquecida por todos os homens da cidade.

(Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 68.)

a) De que modo esse capítulo estabelece um contraste com os demais do romance? Quais são os elementosdesse contraste?

b) Qual a relação de tal contraste com o tema do livro?

a) O trecho transcrito estabelece um contraste com os demais do romance, na medida em que apresentaos meninos de rua (representados por Pedro Bala, Volta Seca e Sem-Pernas) numa situação de prazer lúdi-co infantil, gerada pela música da pianola do carrossel e muito diferente da realidade brutal do mundoadulto em que normalmente circulam. Os elementos desse contraste se explicitam quando todos sentem,vindos da música, o carinho e o conforto que em geral não têm; estão silenciosos, enquanto costumam serruidosos e agitados; assumem mais uma vez a postura de donos da cidade, mesmo que, na grande maioriadas vezes, sejam oprimidos pelos que a dominam.

b) O tema principal do livro de Jorge Amado é a vida dos meninos de rua em Salvador — menores oprimi-dos e discriminados, que experimentam a violenta realidade do mundo adulto e a convivência infantil, aomesmo tempo. O contraste revelado no referido capítulo apresenta uma inversão significativa da situaçãoestabelecida ao longo do romance, uma vez que os meninos, ao menos naquele momento, comportam-seapenas como crianças e são os donos da cidade, encantados por uma ”valsa velha e triste, já esquecida“pelos outros homens.

Resolução

Questão 12▼Resolução

9UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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10UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

As figuras abaixo mostram o isolamento, por um longo período de tempo, de duas populações de uma mesmaespécie de planta em consequência do aumento do nível do mar por derretimento de uma geleira.a) Qual é o tipo de especiação representado nas figuras? Explique.b) Se o nível do mar voltar a baixar e as duas populações mostradas em B recolonizarem a área de sobrepo-

sição (Figura C), como poderia ser evidenciado que realmente houve especiação? Explique.

A B C

(Adaptado de Purves, W. K. e col., Vida, a ciência da biologia. ARTMED Ed., 2005, p. 416)

a) A especiação representada nas figuras é a alopátrica. O aumento do nível do mar provocou um processo deisolamento geográfico, separando as duas populações em ambientes diferentes.

b) A evidência de que houve especiação pode ser obtida a partir da observação da inexistência de descendentesviáveis, caso haja cruzamentos entre indivíduos das duas populações, que, agora, seriam consideradas duasespécies.

O esquema abaixo representa o mais recente sistema de classificação do Reino Plantae.

a) Os algarismos romanos representam a aquisição de estruturas que permitiram a evolução das plantas. Quaissão as estruturas representadas por I, II e III? Qual a função da estrutura representada em I?

b) A dupla fecundação é característica das angiospermas. Em que consiste e quais os produtos formados coma dupla fecundação?

Reino PlantaeTraqueófitas

Espermatófitas

briófitas pteridófitas gimnospermas angiospermas

III

II

I

Questão 14▼

Resolução

���Área de

sobreposição

Questão 13▼

ÓÓÓCCC ÊÊÊIII NNN CCCIIIAAA BBBSSS

III

OOOLLL GGGIII AAASSSCCC

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a) As estruturas são:I — Tecidos condutores

II — SementesIII — Flores e frutosA função da estrutura I é a condução das seivas bruta e elaborada no vegetal.

b) Na dupla fecundação, o primeiro núcleo gamético existente no tubo polínico encontra-se com a oosfera eorigina o zigoto, que formará o embrião. O segundo núcleo gamético, também presente no tubo polínico,encontra-se com os dois núcleos polares no centro do saco embrionário e origina a célula triploide que for-mará o endosperma ou albúmen.

O gráfico abaixo mostra o crescimento da população de uma determinada bactéria in vitro.

a) Compare as tendências de crescimento populacional nos períodos A e C. Em qual desses períodos a tendênciade crescimento é maior? Dê uma explicação para o fato de essas tendências serem diferentes nesses períodos.

b) O crescimento da população de bactérias ocorre por reprodução assexuada, enquanto em eucariotosocorre, principalmente, por reprodução sexuada, que permite maior variabilidade genética. Na meiose,além da separação independente dos cromossomos, um outro evento celular constitui importante fonte devariabilidade genética em espécies com reprodução sexuada. Que evento é esse? Explique.

a) A tendência de crescimento é maior em A. Isso porque, nessa fase, o número de indivíduos é menor, en-quanto o espaço disponível e a disponibilidade de nutrientes são maiores. Já na fase C a população estáatingindo a capacidade limite do meio, em que a competição por espaço e nutrientes é maior.

b) O evento celular é a permutação (crossing-over). Nesse evento ocorre a troca de segmentos entre cromá-tides homólogas, processo que promove a recombinação gênica, com aumento de variabilidade.

Os seres vivos têm níveis de organização acima do organismo, e a Ecologia é a área da Biologia que estuda asrelações entre os organismos e destes com o ambiente em que vivem. Dentre os vários níveis de organizaçãopodem ser citados a População, a Comunidade e o Ecossistema.

Questão 16▼

Resolução

700

600

500

400

300

200

100

mer

o d

e C

élu

las

Tempo (horas)

A

B

C

2 4 6 8 10 12 14 16 18

Questão 15▼Resolução

11UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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a) As figuras abaixo representam a biomassa de níveis tróficos em dois tipos de ecossistemas. Relacione cadauma das figuras com um ecossistema. Justifique.

b) Explique como o dióxido de enxofre (SO2), liberado na atmosfera por diversas indústrias, pode afetar aspopulações dos diferentes níveis tróficos da pirâmide A.

a) A pirâmide A pode ser relacionada ao que normalmente ocorre em um ecossistema terrestre, enquanto aB pode referir-se a um ecossistema aquático. Em ambientes terrestres, há uma progressiva redução da bio-massa, a partir do nível trófico dos produtores. Em ambientes aquáticos, por sua vez, pode eventualmentea biomassa dos produtores (por exemplo, fitoplâncton) aumentar bruscamente em função da riqueza daoferta de nutrientes minerais. O consumo excessivo do fitoplâncton pelo zooplâncton leva a uma inversãomomentânea da biomassa de ambos.

b) Na atmosfera, o SO2 combina-se com água e origina ácido sulfúrico, que é levado para o solo pela água daschuvas (chuva ácida). Essa alteração do pH do solo prejudica o crescimento vegetal, afeta os microorganismosdecompositores, interfere na disponibilidade de nutrientes minerais, além de acarretar efeitos negativos nareprodução de animais dos diferentes níveis tróficos de consumidores.

As figuras abaixo mostram o crescimento corporal de dois grupos de invertebrados até atingirem a fase adulta.

a) Identifique um grupo de invertebrados que pode ter o crescimento corporal como o representado na figu-ra A e outro como o representado na figura B. Justifique.

b) Dê duas características morfológicas que permitam diferenciar entre si dois grupos de invertebrados relacio-nados com o gráfico A.

a) A: artrópodes (insetos, crustáceos, aracnídeos, entre outros).B: demais invertebrados (anelídeos, moluscos, equinodermos, entre outros). Justificativa: os animais que têm o padrão A apresentam um rígido exoesqueleto quitinoso que limita o seucrescimento, o qual depende de mudas periódicas. O mesmo não ocorre em B, no qual, mesmo que existaalgum tipo de esqueleto (concha, por exemplo), ele acompanha o crescimento.

b) Dentre as características, poderiam ser escolhidas duas das seguintes:• Crustáceos: cefalotórax e abdômen; cinco pares ou mais de patas locomotoras; dois pares de antenas.• Insetos: cabeça, tórax e abdômen; três pares de patas; um par de antenas.• Aracnídeos: cefalotórax e abdômen; quatro pares de patas; ausência de antenas; um par de quelíceras e

um par de palpos.

Resolução

A7

6

0

5

4

3

2

1

60 42 8

Tempo

Cre

scim

ento

B7

6

0

5

4

3

2

1

60 42 8

Tempo

Cre

scim

ento

1210

Questão 17▼

Resolução

A

Consumidorterciário

Consumidorsecundário

Consumidor primário

PRODUTOR

B

Consumidorterciário

Consumidorsecundário

Consumidor primário

Consumidorterciário

PRODUTOR

12UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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Uma dona de casa, querendo preparar uma caldeirada de frutos do mar, obteve uma receita que, além de vege-tais e temperos, pedia a inclusão de cação, camarão, lagosta, mexilhão e lula. Ela nunca havia preparado a receitae não conhecia os animais. O filho explicou que esses animais eram: um peixe cartilaginoso (cação), crustáceos (ca-marão e lagosta) e moluscos (mexilhão e lula).a) Indique duas características exclusivas dos moluscos que poderão permitir sua identificação pela dona de casa.b) Ao comprar o peixe, a dona de casa não encontrou cação e comprou abadejo, que é um peixe ósseo. Além da

diferença quanto ao tipo de esqueleto, indique outras duas diferenças que os peixes ósseos podem apresen-tar em comparação com os peixes cartilaginosos.

a) São características exclusivas dos moluscos: manto (pálio), massa visceral, concha e rádula, embora essas duasúltimas não estejam presentes em todos os animais desse grupo.

b) Peixes ósseos: quatro pares de fendas e de arcos branquiais recobertos por uma placa óssea móvel chama-da opérculo; escamas, quando presentes, de origem dérmica, recobertas pela epiderme; vesícula gasosa.Peixes cartilaginosos: cinco a sete pares de arcos e de fendas branquiais, não recobertas por opérculo; esca-mas, quando presentes, diminutas, de origem dermoepidérmica, homólogas aos dentes dos vertebrados;ausência de vesícula gasosa.

O gráfico abaixo mostra a variação da temperatura corporal de dois grupos de animais em relação à variação datemperatura do ambiente.

a) Dentre os anfíbios, aves, mamíferos, peixes e répteis, quais têm variação de temperatura corporal semelhan-te ao traço A e quais têm variação semelhante ao traço B? Justifique.

b) Como cada um desses grupos de animais (A e B) controla sua temperatura corporal?

a) Traço A: peixes, anfíbios e répteis. São ectotermos (pecilotermos), com variação da temperatura corporaldeterminada pelas oscilações da temperatura ambiental.Traço B: aves e mamíferos. São endotermos (homeotermos), capazes de manter a temperatura corporal ele-vada e aproximadamente constante em relação à temperatura ambiental.

b) Animais A: em geral incapazes de controlar a temperatura corporal, às vezes podem fazê-lo por métodos com-portamentais, procurando ambientes ideais (exposição ao sol, migração para a água, entre outros).Animais B: apresentam mecanismos de isolamento térmico por meio de penas, pelos, camada de gordurasubcutânea. Um centro de controle interno os conduz a mecanismos de regulação tais como sudorese (algunsmamíferos), ofegação (cães, aves), alterações metabólicas, vasoconstrição ou vasodilatação periférica.

Resolução

10

00 10

A

B20

30

40

50

60

Tem

per

atu

ra C

orp

ora

l

20

Temperatura do ambiente

40 50 6030

Questão 19▼

Resolução

Questão 18▼

13UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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O gráfico abaixo mostra a variação na concentração de dois hormônios ovarianos, durante o ciclo menstrualem mulheres, que ocorre aproximadamente a cada 28 dias.

a) Identifique os hormônios correspondentes às curvas A e B e explique o que acontece com os níveis desseshormônios se ocorrer fecundação e implantação do ovo no endométrio.

b) Qual a função do endométrio? E da musculatura lisa do miométrio?

a) Curva A: corresponde ao estrógeno.Curva B: corresponde à progesterona.Caso ocorra fecundação e gravidez, o nível estrogênico mantém-se reduzido e o nível de progesterona, elevado.

b) O endométrio permite a fixação do embrião (nidação) e do feto até o final da gravidez e participa da forma-ção da placenta. O miométrio realiza a contração uterina tanto no final do ciclo menstrual (expulsão do endo-métrio) como no parto.

O esquema abaixo representa três fases do ciclo celular de uma célula somática de um organismo diploide.

(Adaptado de Hernandes Faustino de Carvalho e Shirlei Maria Recco-Pimentel, A Célula. Manole, Ed., 2007, p. 380)

a) Qual é o número de cromossomos em uma célula haploide do organismo em questão? Justifique sua resposta.b) Identifique se a célula representada é de um animal ou de uma planta. Aponte duas características que permi-

tam fazer sua identificação. Justifique.

a) O número haploide é n = 2. A célula somática representada em anáfase mitótica apresenta conjuntos de 4cromossomos (2n = 4) deslocando-se para os polos opostos, a fim de formar duas células filhas idênticas.Logo, uma célula haploide terá um representante de cada tipo de cromossomo, portanto n = 2.

b) A célula representada é de um animal, identificada pela presença de centríolos, pela citocinese (divisão docitoplasma) por estrangulamento e pela ausência de parede celular.

Nos cães labradores, apenas dois genes autossômicos condicionam as cores preta, chocolate e dourada dapelagem. A produção do pigmento da cor preta é determinada pelo alelo dominante B e a do pigmentochocolate, pelo alelo recessivo b. O gene E também interfere na cor do animal, já que controla a deposiçãode pigmento na pelagem. A cor dourada é determinada pelo genótipo ee.

Questão 22▼

Resolução

Questão 21▼

Resolução

100

200

300

400

500

600

700

800

00 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Dias do Ciclo

Nív

eis

de H

orm

ôn

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pg

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A

B

Questão 20▼

14UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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Uma fêmea dourada cruzou com um macho chocolate e teve filhotes com pelagem preta e filhotes compelagem chocolate, na mesma proporção. Quando essa mesma fêmea dourada cruzou com um macho preto,nasceram oito filhotes sendo um chocolate, três pretos e quatro dourados.a) Qual o genótipo da fêmea mãe? Identifique e explique o tipo de interação gênica observada entre os genes

envolvidos.b) Quais são os genótipos do cão preto (pai) e do seu filhote chocolate? Mostrar como chegou à resposta.

a) O genótipo da fêmea mãe é Bbee. Trata-se de um caso de interação do tipo epistasia recessiva, em quea presença de dois genes recessivos (ee) inibe a manifestação dos genes B e b, responsáveis, respectiva-mente, pela pigmentação preta ou chocolate.

b) Cão preto: BbEe.Filhote chocolate: bbEe.O nascimento de filhotes dourados (__ __ ee) revela a presença de um gene e no cão preto (pai). Filhoteschocolate (neste caso, bbEe) revelam a presença de um gene b nesse cão.O filhote chocolate herdou o gene E do pai e o e da mãe.

Em uma excursão de Botânica, um aluno observou que sobre a planta ornamental coroa-de-cristo (Euphorbiamilli ) crescia um organismo filamentoso de coloração amarela parecido com “fios de ovos”. Quando se aproxi-mou, verificou que o organismo filamentoso era uma planta, o cipó-chumbo (Cuscuta sp.), que estava pro-duzindo flores e frutos.

a) Que hábito de vida tem essa planta chamada cipó-chumbo? Como ela consegue sobreviver, uma vez que éamarela, não tem clorofila e não faz fotossíntese?

b) Qual a função da clorofila na fotossíntese? Que relação tem essa função com a síntese de ATP e de NADPH?

a) O hábito de vida é o holoparasitismo. O cipó-chumbo sobrevive à custa da absorção da seiva orgânica, elabo-rada pela planta hospedeira.

b) A clorofila é um pigmento que absorve a energia radiante da luz solar, transferindo-a para as moléculas deATP. Hidrogênios liberados na fotólise da água serão transferidos para o NADPH. Essas duas substânciasserão utilizadas na fase de escuro da fotossíntese. Em resumo, a função da clorofila é atuar na conversãoda energia luminosa em energia química.

Atualmente, o Brasil está na corrida pela segunda geração do etanol, o álcool combustível, produzido a partirda cana-de-açúcar, tanto do caldo, rico em sacarose, quanto do bagaço, rico em celulose. O processo para a pro-dução do etanol é denominado fermentação alcoólica.a) Qual dos dois substratos, caldo ou bagaço da cana, possibilita produção mais rápida de álcool? Por quê?b) O milho é outra monocotiledônea que também pode ser usada na produção de álcool. Cite duas característi-

cas das monocotiledôneas que as diferenciem das dicotiledôneas, atualmente denominadas eudicotiledôneas.

a) O caldo de cana, que contém sacarose, possibilita a produção mais rápida de álcool. Isso porque moléculasde sacarose constituem substratos mais simples (dissacarídeos) que a celulose (polissacarídeo), sendo maisrapidamente hidrolisadas em monossacarídeos (frutose e glicose) que serão utilizados pelo fungo na fermen-tação alcoólica.

b) Nas monocotiledôneas as raízes são fasciculadas, as folhas são paralelinérveas e as flores são trímeras. Naseudicotiledôneas as raízes são pivotantes, as folhas são reticulinérveas e as flores podem ser pentâmeras outetrâmeras.

Resolução

Questão 24▼

Resolução

Questão 23▼

Resolução

15UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

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16UNICAMP/2010 – 2ª- FASE ANGLO VESTIBULARES

Gramática e TextoCom esta prova termina um modelo inaugurado pela própria UNICAMP: ela contém apenas questões

analíticas, elaboradas para avaliar mais a compreensão e a produção de textos contextualizados do que aaquisição de conhecimentos gramaticais.

A despeito de alguns enunciados padecerem de certo grau de generalidade, afere-se não só a capacidade deinterpretar textos, como também a de identificar e comentar os expedientes linguísticos acionados nos enuncia-dos para a produção de sentido. Lamente-se ainda que, este ano, a Banca tenha explorado poucos gêneros detexto, dando excessivo destaque a peças publicitárias e tirinhas.

LiteraturaO exame de Literatura proposto pela UNICAMP em 2010 procurou avaliar a capacidade de apreensão de

tópicos importantes dos livros indicados para leitura prévia. Em algumas questões (caso da 7 e da 8), foi solicitadoque se estabelecessem relações a partir dos excertos críticos dados como suporte.

Os que procederam à leitura integral das obras, associando-as às reflexões críticas por elas suscitadas, certa-mente saíram-se melhor, pois as questões se basearam em dados explícitos de enredo, estrutura e caracteriza-ção de personagens. Também exploraram sentidos implícitos dos textos, como se observa especialmente na ques-tão 10, focada no “Soneto da Intimidade”, de Vinicius de Moraes.

Prova exigente, questões complexas e que abrangem a maior parte dos assuntos da Biologia. É provávelque o tempo não tenha sido suficiente para a elaboração de todas as respostas.

Biologia

Português

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