O Arauto 16

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junho/julho de 2010 www.arauto.info circulação em Salto e Itu distribuição gratuita O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSP Nº 16 Responsabilidade Social Literatura sabor CEUNSP Solidariedade Leia no Jornal do CEUNSP: Engenharia debate sociedade e meio ambiente no mundo corporativo. Ex-estudante de Letras de Itu lança segundo romance. Agora conta a história de Héron, que se arrepende da vida e quer recuperar o tempo perdido. Toneladas de alimentos e produtos de primeira necessidade foram doados a instituições graças a Semana da Fatec. pág.10 pág.10 Foto: Tabata Coradini/Arte: Murilo Santos Faz mais de 1 ano... que alguém estuprou e matou duas adolescentes em Salto. Ninguém sabe quem foi. E poucos se importam. Paulo H. Baldini/O Arauto O “monstro” TCC Que bicho é esse que tanto assusta os universitários? pág.03 A ditadura do CORPO Copa do Mundo: a evolução dos televisores pág.09 Como faturar algum nas férias escolares pág.07 FCA brilha no Intercom pág.06 pág.04 Alessandra Luvisoo/O Arauto Exercícios físicos, dietas, operações plásticas... Mais um capítulo da obsessiva busca por uma aparência melhor

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O Arauto, Jornal-Laboratorio da FCA-CEUNSP. Edicao de junho/julho de 2010.

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junho/julho de 2010www.arauto.info

circulação em Salto e Itudistribuição gratuita

O Jornal O Arauto é uma publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio - CEUNSPNº 16

Responsabilidade Social

Literatura sabor CEUNSP

Solidariedade

Leia no Jornal do CEUNSP:

Engenharia debate sociedade e meio ambiente no mundo corporativo.

Ex-estudante de Letras de Itu lança segundo romance. Agora conta a história de Héron, que se arrepende da vida e quer recuperar o tempo perdido.

Toneladas de alimentos e produtos de primeira necessidadeforam doados a instituiçõesgraças a Semana da Fatec.

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O “monstro” TCCQue bicho é esseque tanto assusta os universitários? pág.03

A ditadura do

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Como faturar algum nas férias escolares

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Publicação da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (CEUNSP). Contato: [email protected]

Jornalista Responsável: Prof. Pedro Courbassier (MTb.: 23.727).Projeto Gráfico e Diagramação: Prof. Murilo Santos. Revisão: Profª Ms. Renata Boutin Becate. Coordenador de Fotografia: Carlos Oliveira (Arfoc-SP 23.862).Conselho Editorial: Prof. Edson Cortez; Prof. Ms. Filipe Salles; Profª Ms. Maria Paula Piotto S. Guimarães; Prof. Murilo Santos; Prof. Esp. Pedro Courbassier; Prof. Dr. Rubens Anganuzzi Filho.

O Arauto é um produo da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA), feito em parceria com os estudantes de Comunicação que assinam as reportagens, fotografam e abastacem o blog Arautomania. Coordenador Geral da FCA: Prof. Edson Cortez. Coordenador da AECA: Prof. Esp. Pedro Courbassier.

Leitura preparatória para as férias

Tiragem: 10.000 exemplares Blog:arautomania.blogspot.com Todos os textos são de responsabilidade de seus autores

O Arauto chega ao número 16 com muito para contar. E não falamos de festas juninas, da questão nuclear-Irã ou do futebol apresentado na Copa do Mundo. Porque, você leitor assíduo de O Arauto, sabe: o factual é encontrado nos meios de comunicação diários. Aqui, você encontra debate e perspectivas novas sobre velhos temas.

A lista é grande: como tratar os filhos; como ter um corpo bonito e como não ficar maluco para conseguir essa proeza; o tão falado - e, sem motivos, amedrontador TCC; como aproveitar as férias escolares de julho para se dar bem e levantar um dinherinho; a evolução do tubo que nos traz as imagens da Copa de futebol; o Mix Total que brilhou em Vitória; A música que aquece o inverno; a histórica/erótica persona-gem Valetina, dos quadrinhos; um olhar sobre a crise européia. Até a falta de educação. E mais.

Depois de pensar sob tudo isso (e – aconselhamos – estar sempre ligado nos acontecimentos da região, estado, país e mundo), que tal descansar nas férias de julho? Sim. E voltar renovado para mais no se-gundo semestre.

Fico por aqui, pois pretendo estourar pipoca. Afinal, ninguém é de ferro e junho tem festa junina e Copa... Até! (Pedro Courbassier)

Flagra

Ops...O que erramos na edição nº 15 de O Arauto:

- Melikardi: este é o sobrenome correto do Juliano, autor da reporta-gem “A Mureta” (Vida Universitária);

- Erro de digitação em desperdício (Flagra);

- A compressão de coluna foi mudada pós-revisão e a palavra “não” apareceu duas vezes no texto “Fifa x IDH: qual ranking é mais impor-tante?” No mesmo artigo a tabela acabu não mostrando as posições de Coreia do Norte (85º) e Costa do Marfim (22º) no ranking da Fifa.

O Dia Mundial do Meio Ambiente foi comemorado no 5 de ju-nho. Importante para tocar e conscientizar corações e mentes, mas ainda está longe a comemoração de um rio Tietê decente. Pelo menos no trecho que corta Salto, como esse clicado pelo estudante de Foto-grafia Evandro Ananias, do 3º semestre. A foto já havia aparecido na edição nº 4 de O Arauto, mas agora foi o destaque do Concurso Ambiental de Fotografia Erasmo Peixoto, promovido pela Prefeitura de Tatuí: ele conquistou dois prêmios, de 1º e 4º lugares. Essas con-quistas deram a Evandro prêmios, como uma câmera digital.

Todos os trabalhos fotográficos inscritos naquele concurso estão expostos no Centro Cultural de Tatuí (Praça Martinho Guedes, 12), até 14 de junho. O horário de visita pública é das 10 às 17h, com en-trada grátis.

Fomos à escola...Exemplares da edição

nº 13 de O Arauto (ao lado) seguiram no início de ju-nho para a Escola Munici-pal Ermelinda Machado, no bairro Presidente Mé-dici, em Itu. Isso porque a reportagem principal fala sobre o bullying, o terror – físico ou psicológico – en-tre estudantes que convi-vem no mesmo espaço.

O assunto foi debatido nas salas de aulas da es-cola, o que O Arauto acha uma ótima iniciativa.

Comunicação do LeitorLi na edição nº 15 sobre a inauguração do Diretório Acadêmico

de Relações Públicas Eduardo Pinheiro Lobo. Gostaria de dar meus parabéns aos estudantes.

No ano passado, representando os alunos dos cursos, participa-mos de reunião com representantes do CPA e encaminhamos reque-rimentos à Reitoria, sobre a realização de duas semanas de provas, redução do valor das DPs (com aumento do valor do desconto con-cedido aos estudantes), criação de enfermaria e colocação de uma ambulância nas dependências (como alternativa à contratação de profissional para atendimento aos alunos), dentre outras reivindi-cações, dentro do espírito democrático de uma instituição de ensino superior.

Lembro que no CEUNSP foram criados outros centros acadêmi-

cos, como o João Walter Toscano, de Arquitetura; Miguel Reale, de Direito e o Professor Gerson, de História. Julio Yamamotopres. do C.A. Miguel Reale - Faculdade de Direito - Salto

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Certa vez, lendo um livro da pedagoga e filósofa carioca Tânia Zagury, marcou-me um trecho que socializo com vocês: “São essas lutas que te-mos de travar com nossos filhos, dia após dia, hora após hora, minuto após minuto. É uma tarefa árdua, longa e cansativa, porém é a melhor forma para nos levar a ter filhos cidadãos, conscientes dos seus deveres e direitos (...)” Zagury. T. (2006).

Educar é uma das tarefas mais árduas que um ser humano pode em-preitar. É preciso suar a camisa! Suar como pais e suar como educadores. A que persistirmos, perseverarmos e nunca desistirmos! Outro dia rece-bi um email que falava da importância de preservarmos o meio ambiente para as futuras gerações. Penso que, mais importante ainda que preser-varmos o meio ambiente para as gerações futuras temos a hercúlea ta-refa de formarmos uma geração melhor e mais ética, do ponto de vista moral, para habitar o planeta futuramente. É de pequeno que se torce o pepino, diz o conhecimento empírico popular. Não se sabe se na hor-ticultura isso é uma regra, mas em educação o é. Ética se ensina desde pequeno. Parafraseando o economista Stephen Kanitz devemos definir a ética de nossos filhos antes das suas ambições.

Futuramente, quando estes forem colocados diante de suas escolhas, principiando o exercício do livre arbítrio, alicerçados por nós, deverão escolher pela opção mais ética, mesmo que essa malogre seus objetivos. Quando perceberem que não poderão alcançar seus objetivos e metas, tenderão a recuar em suas ambições e não reduzirão o seu rigor ético.

Suemos todos!

DEBATE

por Marilia Carrenho Camillo Coltri

Bacharel em Ciências Sociais pela PUC-SP, Licenciada em Sociologia pela Unimes, pós-graduada em Sócio-Psicologia (FESPSP). Leciona as disciplinas de Sociologia Organizacional, Sociologia da Educação, Ética, Legislação e Atribuições Profissionais, Ciências Sociais Aplicadas e Metodologia da Pesquisa Científica, no INSEAD/CEUNSP(e-mail: [email protected]).

O que nos assusta é que muitas crianças e jovens, encorajados por seus pais, tendem a burlar a regra, fraudar o código de conduta ética contido no contrato de convivência social; para alcançarem seus objetivos, suas am-bições. Uma das grandes preocupações apresentadas pelos pais de hoje restringe-se ao fato de seus filhos não demonstrarem uma ambição razo-avelmente exacerbada. Suas parcas aspirações não convencem seus pais de que serão adultos conjugadores do verbo “ter”.

Não devemos pressionar nossas crianças e jovens a serem ambiciosos, ou melhor, não devemos cobrá-los a demonstrarem suas ambições preco-cemente. O problema não está em ser ambicioso. Isso é positivo, na medi-da em que respeitamos o código de conduta ética do grupo social ao qual estamos inseridos. A questão está em definirmos a ética a priori das am-bições. O desafio consiste em termos como nossa maior ambição, tornar mais éticas as novas gerações, começando por nossos filhos. E vale lem-brar “a ambição nunca pode anteceder a ética. É ela que tem que preceder a ambição” Kanitz. S. (2001).

Não deixemos nossos filhos à deriva, como barquinhos de papel em ple-no oceano tempestuoso.

Bibliografia:- ZAGURY, Tânia. Limites sem Trauma: construindo cidadãos. Rio de Janeiro: Record, 2006. 48 p.- KANITZ, Stephen. et. al. Ambição e Ética. Revista Veja, São Paulo, p. 21, 24 jan 2001.

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Daniela de Souza Pereira, 16 anos, era uma das mais ale-gres de uma família com cinco filhos. Cheia de amigas, cheia de vida e de planos. Tamires Alves Vicente, 15 anos, a segunda de três filhos, era mais tímida, o contrário de Daniela. Ami-gas inseparáveis, juntas, seriam brutalmente assassinadas na madrugada de 31 de maio de 2009, quando retornavam para suas casas, após se divertirem na Praça XV de Novembro, em Salto.

O crime - O que de fato aconteceu ninguém sabe. Mais de 12 meses após o crime, ninguém foi efetivamente acusado pela Polícia Civil e colocado à disposição da Justiça. O que se sabe é que ambas decidiram retornar a pé para o Santa Cruz, em um trajeto de cinco quilômetros. Informações apontam que elas foram pegas pelos seus assassinos 800 metros antes de chegarem ao bairro. Levadas para um terreno baldio atrás da Escola Estadual Padre Francisco Rigolin, no bairro Salto Ville (foto acima), foram estupradas, mortas com pedradas na cabeça e jogadas nuas em um grande buraco. Daniela, prova-velmente a que mais lutou para não ser morta, teve a cabeça coberta com terra. Assim ficaram algumas horas, até que o dia clarear e os corpos serem encontrados.

Os pais de ambas, ouvidas pelO Arauto, revelam que por volta da 1h da madrugada já pressentiam o pior. O pai de Daniela, Valdecir, ao ser informado que poderia ser sua filha uma das duas garotas encontradas mortas, correu centenas de metros até chegar ao palco da tragédia.

Daniela e Tamires foram estupradas e mortas há mais de 1 ano.

Crime segue sem solução

Combate à violência? A agonia - No dia 30 de maio de 2009, às 21h, Tamires saiu de casa na companhia de Daniela, para irem à Associação Atlética Saltense, no centro da cidade. Por volta da meia noite a mãe de Tamires, Maria Alves resolve ligar para a filha. O te-lefone celular cai na caixa postal. Ela tenta novamente e está desligado. Maria entra em desespero. Pressente algo ruim. Enquanto isso, na Praça XV de Novembro, Daniela, Tamires e mais uma amiga decidem voltar a pé para casa. O transporte coletivo só funciona até 23h. Elas saem da praça XV de No-vembro, na avenida D. Pedro II e entram na rua 9 de Julho. De lá elas caminham para a rua José Galvão e deixam a amiga na Barra, onde existe um conjunto de casas no início da rua Ma-rechal. É tarde da noite. As duas amigas seguem o caminho. Passam em frente a um salão de festas, já perto da Avenida Eugênio Coltro, uma via de acesso ao Santa Cruz. São vistas, de mãos dadas. O local é escuro. Desde então, sabe-se apenas que ambas seriam encontradas no dia seguinte, mortas.

Dia seguinte - Com o dia claro, às 8h30, Policiais Militares são informados do encontro do corpo de duas meninas em um buraco, entre os bairros Marechal Rondon e Salto Ville. O caso chama a atenção de populares, que se amontoam ao lado do buraco para ver as duas meninas mortas, nuas, agredidas e jogadas ali.

Na casa de Daniela, o pai Valdecir recebe um telefonema

da filha mais velha. Está preocupada com a informação do encontro de dois corpos de adolescentes num terreno baldio. A filha pergunta pela irmã Daniela. O pai diz que ela deve ter dormido na casa de Tamires. Logo depois, em um segundo telefonena da filha, ela pede ao pai para ir correndo para o terreno atrás da Escola do CAIC, pois as meninas mortas po-deriam ser Dani e Tamires. Ele sai desesperado. Maria Alves, mãe de Tamires, vai até a casa de Valdecir, mais ele já tinha saído e recebe a informação de que Daniela não havia dormi-do ali. O desespero chega à outra família. Os corpos encontra-dos eram de Daniela e Tamires. A Polícia isola o local e inicia as investigações.

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por Marcos Freddi e Nelson Lisboa

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Morte das meninas = números

Valdecir e Irene, pais da Daniela

O que incomoda mais, um ano após o crime?Valdecir - Temos muita saudade. Faz um ano, mas para nós o crime foi ontem. A dor não passa. Toda noite eu lembro do que aconteceu. A injustiça também dói muito por-que ninguém foi punido. A gente queria uma resposta das autoridades saltenses sobre aquele crime. Diziam que estava com 90% do crime resolvido e a gente tinha esperan-ça de ver quem fez aquilo julgado. Mas tudo acabou em nada. Qual é a última informação que vocês têm da Polícia, sobre a apuração dos fatos?Valdecir – Eles ficaram de chamar a gente quando tivessem novidades. Estamos espe-rando. Irene – O delegado fala e não explica nada. A última notícia que temos é que havia três suspeitos. A gente ouviu que foram presos, mas soltaram dois. O que falam do que aconteceu? Valdecir – As pessoas se calaram. Eu converso com muita gente no bairro. Ninguém nunca sabe nada e nem viu ou ouviu nada. A gente espera que surjam denúncias, novi-dades.

O fato de a Polícia demorar tanto para resolver os crimes, mesmo havendo os suspeitos, pode ser explicado pelo fato da vítima ser de família pobre?Valdecir – Se fosse família de alto nível financeiro (longo silêncio) eu acho que não es-tavam tão calados como estão. O crime estaria resolvido. Até hoje não temos resposta de nada.

A Dani estava esperando o namorado na Praça XV e depois decidiu ir embora sozinha com a Tamires? O que o rapaz que a namorava fala?Valdecir – Ele diz que está disposto a tudo. Ele sempre nos ajudou porque quer enten-der. É um bom menino. Perto do local das mortes há uma escola e uma guarita da Guarda Civil Municipal (GMC). Ninguém viu nada?Irene – Eu fui questionar o guarda que estava no dia. Ele disse que estava lá e não tinha nada para fazer, que dormiu por duas ou três horas e que não viu nem ouviu nada. Eu discuti com ele e ele disse que não poderia fazer nada. Minha filha era muito forte e lutava e ele diz que não ouviu nem viu nada. O que a família tem feito para continuar vivendo?Valdecir – Temos nos apegado muito em Deus, pedindo muita força. Não é fácil sobrevi-ver sem a minha filha. Para nós, o crime continua doendo. A Dani era feliz. Quando ela reunia amigas em casa, era um agito só. Todas gostavam da Dani. Vocês estão presos e quem matou sua filha está livre?Valdecir – É claro que estamos presos. A gente mudou a rotina em tudo. Temos trauma de sair ou quando alguém quer sair. Se algum familiar ou amigo se atrasa a gente se desespera e procura ligar.

Enquanto as famílias choraram em 31 de maio de 2010 o primeiro ano da morte de suas filhas a Polícia Civil segue tratando o caso de forma fria. A mate-mática dá às meninas um número: foi o 7º caso dos 14 homicídios em Salto, em 2009. Apenas isso. É que, até hoje, um ano após o crime bárba-ro que colocou Salto em manchetes fora da cidade, não há um único suspeito apontado e em julgamento.

As investigações até tiveram bons capítulos ao longo de doze meses. Foi as-sumida pela Delegacia de Investigação Geral (DIG) de Sorocaba. Um suspeito foi preso já no domingo, dia 31, porém, ele era procurado por outro crime. Ou-tros três nomes foram averiguados, um carro apreendido, buscas feitas, mate-rial humano coletado para análise laboratorial. Nenhum sucesso.

“Segredo de Justiça” esse foi o status que o caso ganhou. Fontes ou-vidas pela imprensa local e por O Arauto atestam que as investigações criminais voltaram à estaca zero. É que os exames feitos comprovaram apenas que as duas meninas foram estupradas. Não foram identificados os fragmentos de pele e pelos encontrados nos corpos das vítimas.

A reportagem procurou a Polícia Civil de Salto, que diz estar tentando o desfecho do caso. Mas recentemente outras manchetes - roubo de bolsa dentro da delegacia e invasão do prédio - acarretaram em mudanças na direção do órgão na cidade. E mais atraso na conclusão de quem estuprou e matou as duas adolescentes.

Maria Alves, mãe de Tamires

O que mais dói, um ano depois da morte da sua filha, a saudade ou a im-punidade?A impunidade. Ao lado da perda. A dor é muito grande (silêncio e choro).

Por que, até hoje, não se sabe quem matou sua filha?Fui falar com o delegado e ele me mostrou laudos dos exames que não deram em nada. Disse que iria recomeçar do zero. Eu acho que ninguém está fazendo nada neste caso. Até os exames podem ter sido mal feitos. Eu ouvi de um de-legado que poderia ter sido feito exame de DNA com material de pessoa dife-rente do principal suspeito. Eu perguntei mais detalhes e ele desconversou. Eu espero que não tenha nada encoberto neste caso. Além da inconclusão do caso, o que a pertuba?Não se fala mais no assunto, esqueceram nossa dor. Eu continuo reclamando. Percebo o descaso que fizeram no dia da morte da minha filha. A Polícia pare-cia que estava lidando com dois cachorros e não com o corpo de duas garotas. Não cobriram o corpo de minha filha. Elas ficaram nuas e expostas para todos. Tiraram fotos, colocaram na Internet. A população toda foi ao local fotografar minha filha nua e colocar na Internet. Ela tinha vergonha de colocar roupa na minha frente e os policiais estacionaram a viatura de qualquer jeito e ficaram apreciando as meninas como se fosse um desfile de modas. Colocaram uma pe-quena fita e todo mundo invadia. Deveriam ter coberto as meninas. Eu mesmo vi as fotos na Internet. Foi um desrespeito. Eu perguntei ao delegado e ele disse que eu estava certa: se fosse filho de policial, não deixavam nem chegar perto. Se fossem filhas de rico também não deixariam as meninas expostas, nuas e mortas. Eu precisei de muita oração e amor de Deus para me levantar. Como a senhora soube da morte das meninas?Era meia-noite e meia e eu decidi ligar. Deu caixa postal no celular dela. Eu já estranhei. Ela nunca desligava. Na segunda vez deu desligado o celular. Já me apavorei. Fui à casa da Dani e o pai dela não estava. Tinha saído de carro. A irmã da Dani, casada, falou que a Dani não havia dormido em casa. Eu soube que as meninas ligaram para o namorado da Dani até meia-noite, para subirem para o bairro juntos. Perderam o último ônibus e ficaram esperando ele. Onde elas foram pegas e como explicar tanta brutalidade?Eu não sei o que fizeram (silêncio). Segundo soube do delegado foram feito laudos em cinco suspeitos e todos deram negativos. Eu ouvia de um delegado que era 95% de chance de ser algum deles. Um está preso por outro assunto. Mesmo assim a polícia não provou nada. O carro que foi encontrado com san-gue também foi descartado. A gente sabe que duas pessoas que teriam visto elas passando pelo Salão Es-trela Azul, no caminho para o Santa Cruz, as viram juntas. Então, elas foram pegas depois daquele trecho, depois do trailer que existe na entrada para o Cecap. Era um trecho muito escuro.

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Passeata do dia 6 de junho de 2009 percorreu o centro de Salto e parou o comércio: protesto pediu resolução do caso. Nada até agora

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VIDA UNIVERSITÁRIA

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por Sandra Ribeiro

Frio na barriga, coração disparado e mãos transpirando. É amor? Não, é apresen-tação de TCC, ao menos para a maioria dos alunos que já passaram por este momen-to. Uns não vêem a hora de tudo acabar. Outros se apaixonam pela idea e fazem dela mais do que um Trabalho de Conclusão de Curso.

É o caso da jornalista Fernanda Ikedo, autora do livro-reportagem Ditadura e re-pressão em Sorocaba: Histórias de quem resistiu e sobreviveu, publicado com apoio da Lei de Incentivo a Cultura (Linc) daquele município. “Minha banca foi composta por quatro professores. Deu um frio na barriga porque o auditório estava lotado, de amigos, familiares, alunos e professores. Correu tudo bem e foi uma experiência boa, que está registrada”, recorda a hoje jornalista.

Fernanda defendeu seu TCC em 2002, na Universidade de Sorocaba. O trabalho ficou tão bom que alguns professores a incentivaram a se inscrever no edital da Linc. O projeto foi aprovado em 2003 e a verba liberada viabilizou o livro. “Sempre gostei de História e como queria fazer um livro-reportagem, acreditei que seria importante para minha formação estudar a ditadura militar”, observa.

“Já faz tempo que defendi meu TCC, mas fiquei tão nervoso que a banca achou gra-ça. Como a apresentação foi em grupo, os colegas seguraram a barra. Era uma cam-panha publicitária e eu desenvolvi o produto visual. No fim, tivemos nota máxima, mas suamos frio. Depois disso meu orientador me convidou para estagiar na agência dele”, conta Marcelo Nascimento, 39 anos, publicitário, que se diverte ao expor sua experiência na ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing.

Conselhos - Escolher um tema que mais agrade o aluno é o primeiro passo para um bom TCC. Antecipar esta escolha pelo menos dois anos antes do final do curso é ideal, segundo análise do professor Pedro Courbassier, docente da Faculdade de Comunicação e Artes do CEUNSP. “Se no segundo ano da faculdade já tiver predile-ção por uma temática, uma abordagem, assegure-se e vá colecionando informações e pesquisas sobre o assunto. Não deixe para o último semestre, vai faltar tempo e consequentemente pesquisa e conteúdo”, alerta ele.

Mas será que os calouros já pensam nisto? A estudante do 1º semestre de Jorna-lismo Adriana Brumer acha que ainda é cedo: “Sinceramente, ainda não pensei não. Preciso de um pouco mais de tempo. Mas espero fazer um trabalho que me acrescen-te conhecimentos e valores. E que possa ser útil, ou ao menos interessante para as outras pessoas. E, claro, além de tudo, me garanta uma boa média”, diz.

Priscila Piccinato está cursando Ciências Contábeis na Faculdade Anhanguera de Sorocaba. Mesmo estando no 1º semestre, já estabeleceu o foco da sua pesquisa: “Não sei o tema ainda, mas quero falar sobre custo industrial. É uma área que paga muito bem e faltam profissionais especializados no mercado. Acho que o TCC vai me ajudar a entender o assunto”, conclui ela.

•Antecipe-se: não deixe o TCC para o último ano da faculdade.•Mostre constantemente seu material (textos, pesquisas...) para vários professores.•Mostre os dois trabalhos (prático e teórico) para revisão do orientador pelo menos 30 dias antes da apresentação, para ter tempo de possíveis correções. •Na apresentação, mostre tranquilidade e tenha sempre um apoio audiovisual.•Não se alongue, a banca prefere apresentações sucintas.•Leia manuais que auxiliam na elaboração do projeto e se atente às normas da ABNT.

Dicas

O que é? - O trabalho que vai avaliar o quanto o aluno assimilou de seu curso e se ele está pronto para o mercado de trabalho, exige dedicação às longas bibliografias, horas de orientação e organiza-ção das idéias. E se você acha que comprar um pronto é a saída, saiba que existem softwares farejadores, que encontram padrões em textos publicados na internet. Ferramenta muito utilizada pelos professores para pegar os espertinhos de plantão.

Mas calma, o momento não é desesperador: os que estão passan-do pela experiência dizem que é trabalhoso, mas recompensador. Principalmente quando se pode empregar a pesquisa na sua área de atuação.

De olho no mercado - Estudante do 9º semestre de Engenharia de Produção Mecânica, Deivede Souza tirou o tema do seu TCC da empresa onde trabalha. “Minha pesquisa é sobre redução de cus-tos através de reaproveitamento de óleo mineral. Trabalho em uma multinacional e participo de um programa que tem essa finalida-de. Depois de implantado, tivemos uma redução significativa de descarte de resíduos e, portanto, de economia em transporte dos resíduos”, explica o futuro engenheiro, que faz planos para sua pes-quisa: “Quero ampliar este trabalho e me especializar nesta idéia.”

Preocupação com o meio ambiente e economia empresarial foi o que levou Felipe Tardelli, também aluno de Engenharia de Pro-dução, a se dedicar ao tema, reutilização e reaproveitamento de pneus. “O que mais está me agradando nesta pesquisa é descobrir os meios que uma empresa pode utilizar para, ao mesmo tempo, au-mentar seus lucros e preservar a natureza”, explica. Como Deivede, ele também pretende levar o projeto adiante. “Sem dúvida alguma pretendo fazer uma pós-graduação em relação ao tema.”

E quando o TCC se torna a realização de um sonho? Tatiani Faria está cursando o último ano de cinema. O projeto dela, apesar de estar tomando todo seu tempo e causando algumas mechas de cabelo branco, contagia quem está ao seu redor e gosta de um bom filme. Tatiani dirige um longametragem de 60 minutos e mobiliza muitos alunos da FCA. “ Todos que aderiram ao projeto se apaixo-naram pela história do filme. Cerca de 35 pessoas estão envolvidas, não só do campus, mas também de fora”, conta ela empolgada. A ideia de tornar um projeto antigo em trabalho de conclusão de cur-so veio no ano passado. Ela tinha o roteiro e começou este ano a formatá-lo para o TCC. O filme Depois de Hoje, que discute males contemporâneos da sociedade, a solidão e a depressão, está em fase de captação de recursos. Alunos dos cursos de Jornalismo, Cinema, Rádio e TV e Relações Públicas, estão envolvidos na produção. “O projeto vai além do TCC, quero fazer um bom portfólio e me lançar no mercado. Além de chamar a atenção para o problema.”

Etapas do TCC

Na prática, o TCC é um trabalho denso, sobre um único tema, estabelecido pelo aluno e elaborado com a orientação de um pro-fessor. Precisa ser pertinente a área do conhecimento que está cursando. Por se tratar de um trabalho acadêmico, precisa estar em acordo com as normas da ABNT – Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas. “Aqui na FCA, consta de duas tarefas. Uma deve ser o embasamento teórico, científico e rico em pesquisa. E a outra que é um produto prático. Ambos ficam à disposição da comunidade na biblioteca do Centro Universitário. Tudo isso, para ser aprova-do, precisa passar por uma banca. Normalmente ela é composta de três professores, sendo um deles o orientador do projeto,” explica o professor Pedro.

Pronto. Você já sabe o que precisa sobre TCC. Pesquise bastante e viaje nas diversas possibilidades de temas. E bom trabalho!

TCC:que “monstro de 7 cabeças” é esse?

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Você já pensou o que se ganha em ficar na frente da televisão ou do computador no pe-ríodo de férias da faculdade? Para a maioria, nada! Encontrar um emprego temporário nas férias de julho é uma opção para vários estudantes. Os objetivos vão desde fazer uma poupança, ter dinheiro para uma sonhada viagem, buscar o primeiro emprego, ocupar-se durante a folga das aulas até conhecer as “regras” do mercado de trabalho.

Muitas das vagas temporárias de férias

são oferecidas pelo setor comercial, lojas, empresas de entretenimento e pontos de vendas que precisam de funcionários extras devido à demanda das férias de julho. Uma grande parte das oportunidades de emprego deverá ser preenchida por jovens sem expe-riência profissional.

Direitos - Muitos estudantes não sabem, mas o emprego temporário também oferece direitos trabalhistas, os mesmos de qualquer outro trabalhador, ou seja, carteira assinada, previdência, fundo de garantia, 13º salário e férias. Mas esses benefícios dependem do tempo de trabalho exercido e do período de contribuição à previdência. O contrato tem duração máxima de três meses, e pode ser renovado por mais três. O temporário só não tem direito a aviso prévio e multa de 40% para demissão sem justa causa. Isso porque seu trabalho já tem um prazo determinado para acabar. No contrato, devem constar o valor do salário e o cargo que ele vai exercer.

De acordo com a lei 9.601/98, que trata do Contrato de Trabalho por Prazo Determina-do, um dos objetivos desse acordo de traba-lho provisório é justamente o de aumentar o número de empregados em períodos exigi-dos pela demanda.

Mercado - Os empregos temporários es-tão nos segmentos de serviços e comércio e tendem a ter uma remuneração média apro-ximadamente 20% menor do que os contra-tos feitos por tempo indeterminado. Entre-tanto, esse tipo de trabalho não pode ser confundido com o informal, visto que todos os direitos trabalhistas são pagos, ou pelo menos deveriam ser.

Onde - Existem alguns caminhos para quem quer encontrar um emprego tempo-rário. Um é procurar diretamente as lojas e shopping que estão recrutando funcionários extras e entregar o currículo pessoalmente. Outro é levar direto nas agências de empre-go, consultorias físicas ou virtuais, além dos classificados nos jornais da região.

Qual o perfil desses candidatos às vagas

Férias chegando... Que tal aproveitar para faturarum dinheirinho eganhar experiência?Profª. Ms. Cátia Guillardi

Consultora Organizacional em Gestão de Pessoas, Professora de MBA, Pós-gradu-ação e Graduação, Palestrante, Articu-lista, Especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional, Orientação de Carreira e em assuntos da área de Gestão da Qualidade e Responsabilidade Social Empresarial.

temporárias? Pessoas comunicativas e que lidam bem com o público tem maiores chan-ces. Para garantir sua colocação no mercado, é preciso lidar bem com o público, ser dinâ-mico e comunicativo, ter disposição e muita vontade de trabalhar. Deve aprender rapida-mente as atividades relacionadas à sua fun-ção e mostrar que agrega valor à empresa. Precisa saber se relacionar em equipe, tanto com os colegas quanto com a liderança e ter em mente que a sua presença fará diferença na empresa.

É essencial que o temporário tenha pró-atividade para resolver os problemas duran-te as tarefas, ter vontade de aprender, bom humor e simpatia, além de ser atencioso com os clientes, já que boa parte das vagas tem-porárias envolve atendimento ao público.

Quando - A seleção de candidatos começa geralmente em abril e vai até junho. As chan-ces são boas para quem está em busca do primeiro emprego ou precisa retornar a ele.

É uma grande oportunidade de desenvol-

ver um bom trabalho, adquirir experiência e treinamento, ser efetivado e sair mais ha-bilitado e seguro para se lançar no mercado de trabalho. Em geral, os contratantes pe-dem como requisito básico o ensino médio completo ou desejável estar cursando nível superior, com a finalidade de ter funcioná-rios com um nível intelectual mais adequa-do e de qualidade. Quanto mais qualificado o candidato for, com cursos de informática e línguas no currículo, por exemplo, maiores são as chances de ele conseguir o trabalho e ser efetivado posteriormente.

Em alguns casos o temporário que se des-

taca acaba substituindo um antigo funcio-nário que não estava correspondendo mais às expectativas, ou apresentou um baixo desempenho. Quem quer se efetivar num emprego temporário nunca deve faltar ou chegar atrasado no trabalho, preci-sa tratar o emprego temporário sempre como permanente e ter iniciativa, força de vontade e mostrar interesse pelas ta-refas. Ele nunca deve encarar o trabalho

temporário como bico, pois existe uma possibilidade muito grande de o temporário se tornar permanente.

No entanto, nem sempre os temporários são chamados logo após o término do con-trato porque naquele momento não existe uma nova vaga para ser preenchida após as férias de julho. Por isso o funcionário deve marcar presença durante o período em que está atuando no emprego temporá-rio, para vir a ser lembrado. Na primeira oportunidade o patrão vai se lembrar e vai chamar aquele que mais se destacou.

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pág.08O Arauto / jun.10ESTIMAÇÃO

A relação entre homens e cães existe a milhares de anos. Uma ligação que, ao longo do tempo, sofreu diversas mudanças. Atu-almente é possível encontrar um forte vínculo entre ambos. “Ca-chorros e seres humanos são es-pécies que não vivem sozinhos. Eles precisam de nossos cuidados e carinho e nós precisamos de sua fidelidade, companhia, amizade e amor”, explica a psicóloga Maria Dulce Freitas Marques, especia-lista pela Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica (SBPA).

Vivemos num mundo cada vez mais agitado. É grande a preocu-pação e dedicação aos estudos e carreira profissional. A solidão também faz parte de nossa roti-na. Trabalhamos demais e muitas vezes estamos longe de nossos parentes e amigos. “Nas gran-des cidades fica nítido o quanto o cão ganhou espaço, passeando em praças e ruas, acompanhan-do para buscar os filhos na hora da escola, das compras e ainda garantindo a segurança em tem-pos de tanta violência”, compara a psicóloga.

A experiência de ser dona de um cachorro vem acompa-nhada da responsabilidade de alimentar, assegurar uma vida saudável e longa ao animal. Teria isso a ver com instinto maternal? “Muitas mulheres respondem a esta necessidade materna cui-dando, amando e criando seus filhos, outras não têm esta opor-tunidade, ou ainda estão se pre-

“Troque seu cachorro por uma criança pobre...

(Baptuba! Uap Baptuba!)Sem parente, sem carinho

Sem rango, sem cobre...(Baptuba! Uap Baptuba!)

Deixe na história de sua vidaUma notícia nobre...”

(letra de “ Rock da Cachorra”, de Eduardo Duzek, grande sucesso

musical dos anos 1980)

E quando o cão vira um membro da

família?

parando para ela. Ser dona de um cachorro pode ser um exercício de proteção e maternidade”, diz a psicóloga Maria Dulce. Contudo, alguns homens não escondem o carinho e o cuidado maternal que também sentem por seus ani-mais, como é o caso do ajudante geral Danilo Tedeschi Schroeder, que revela cuidar de seus cães da raça Fox Paulistinha e Lhasa Apso como filhos. “Meus cachor-ros fazem parte da minha família, eles são companheiros, amigos e crianças da casa”, explica.

Tamanho do animal - As raças pequenas costumam estar mais próximas de seus donos, pois muitas vezes vivem dentro de casa. Mas alguns cachorros maio-res também sejam tratados como parte da família, despertando um sentimento maternal. “Minha re-lação com meu cão Rottweiller, o Bruce, é de extrema cumplicida-de. Não tenho filhos, mas sei que sinto por ele um amor de mãe”, afirma estudante de Jornalismo Juliana Ferraz.

Em alguns lares ele é o cão de guarda sempre alerta no quintal. Em outros é tratado como par-te da família, cheio de regalias e mordomias. Quando o carinho passa a ser demais o animal co-meça a cobrar atenção do dono. Um ambiente sem regras, nem limites e a falta de investimento na socialização do animal podem provocar problemas de compor-tamento “Esses mimos excessi-vos acabam atrapalhando a edu-

cação e o adestramento dos cães”, destaca o adestrador Sergio Nato, conhecido como Ferrugem.

O dono do pedaço - Se o ani-mal percebe que pode tudo e é atendido sempre que solicita algo, por instinto, acaba achando que é o líder e passa a defender essa condição. “Ele pode se tor-nar agressivo, inclusive com o dono, sempre que for contraria-do, por isso é importante corrigir o animal”, enfatiza Ferrugem.

Psicologia canina - Além de hostil, um cão mimado é mais an-sioso, sensível e tem a saúde vul-nerável. Aos “pais” o adestrador recomenda. “Devemos sempre lembrar que apesar de muitas vezes tratar os cães como filhos eles são na verdade animais e os cuidados não podem ser exagera-dos”, salienta Ferrugem.

Perigo - A psicóloga alerta que é importante manter o equilíbrio para um vínculo saudável com o animal. “Embora muitos se rela-cionam bem com um cachorro, isso não é suficiente. É importan-te ter cuidado para não ter a vida limitada, se afastar do contato com outras pessoas em função desse relacionamento com o ani-mal”, conclui Maria Dulce. Pre-servar a harmonia em qualquer tipo de relação contribui satisfa-toriamente para todos.

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por Beatriz Silva

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2002 – Durante o penta, a quantidade de aparelhos maiores do que 21 polegadas cres-ceu. Apareceram os modelos de 29, 33 e até 42 polegadas. Telas planas e som estéreo passa-ram a ser itens obrigatórios de quem procurava uma nova televisão. Também foi o início da era dos televisores de plasma que, apesar de terem surgidos em 1997, só ficaram acessíveis ao grande público a partir do início da década. A principal mudança foi com o som estéreo, pois surgia a capacidade de se perceber efeitos. A Philips foi a empresa que se caracterizou por ter uma das melhores qualidades de som do mercado.

As Copas do Mundo e os televisores por Caio Dellagiustina

INFOTEC+BOLA

A cada ano de Copa do Mundo, é sempre a mesma história. Todos têm um motivo para trocar de televisão. Afinal, nada melhor do que torcer pelo Brasil numa televisão nova e, se possível, da melhor qualidade.

A expectativa da Associação Nacional de Fabricantes de Eletroeletrôni-cos é que mais de 10 milhões de aparelhos sejam vendidos, 50% a mais do que no ano passado. Os mais procurados são os televisores de LCD. A maior procura é da classe C. É que aparelhos desse tipo, de 32 polegadas, estão com preços cada vez mais acessíveis, o que quer dizer por pouco mais de R$ 1 mil, facilitados em várias prestações.

Esse ano os brasileiros esperam pelo hexacampeonato da seleção - que já passou já por 18 copas, conquistando cinco títulos. Mas nem todos puderam ser vistos pela TV. Somente a partir de 1970 é que os televisores se torna-ram acessíveis a grande maioria da população.

O Brasil tem a curiosidade de ter ganhado um título em cada década, com exceção de 80. A cada dez anos é visível a mudança nos televisores, não só nos componentes mas também na programação. A seguir veja como eram as televisões nos cinco títulos mundiais do Brasil:

2010Para o sonhado hexa, houve uma grande mudança nos aparelhos de TV. É cada vez menor o número de apa-relhos com tubo. A tendência é cada vez mais pessoas comprem as “finas” LCD, Plasma, Full HD ou LED.Explicando um pouco de cada uma:

- Plasma é a primeira tela fina que surgiu no mercado. Sua tecnologia é baseada nos painéis de plasma, seu funcionamento consiste na ionização dos gases nobres contidos. Sua resolução pode chegar a 2.000 pixels de resolução vertical.

- LCD, ou Display de Cristal Liquido são lâminas po-larizadas que providas de contatos elétricos produ-zem as cores. Sua leveza e portabilidade a fizeram ter mais sucesso que o plasma.

- Full HD é a qualidade de reprodução em alta defini-ção. Uma TV Full HD possui 1.920 pixels de resolução vertical por 1.080 pixels de resolução horizontal, pro-porcionando melhor qualidade de imagem.

- LED são diodos emissores de luz que proporcionam maior qualidade da imagem, maior durabilidade do aparelho e menor consumo de energia, mas com maior preço.

1958 – Era a época do rádio. As poucas TVs do ano do primeiro título mundial do Brasil eram, na maioria, da marca Philco, vindas dos Estados Unidos. A mais tradicional da época era a Philco Holiday 4243: 21 polegadas, com cinescópio rotativo para que o telespectador pudesse ajustar a melhor posição para assistir. Um pouco melhor era a Philco Penthouse 4710. Ficou conhecida por ser um dos primeiros aparelhos com (algo que parecia) controle remoto, podendo ser levado a pouco mais de 7 metros de distância. Mais não, pois o controle seria desconectado do gabinete de circuitos. A top de linha da época era a Philco Pedestal 4654, que parecia uma bomba de gasolina e foi uma das primeiras a usar um receptor UHF de canais.

1962 – O bicampeonato ficou marcado pela pouca evolução nos aparelhos em relação a 1958 e pela fabricação de aparelhos no Brasil. Muito maiores do que antigamente, pois pas-saram a ser não somente televisores e sim um conjunto com aparelho de rádio e uma vitrola. O equipamento se parecia com um pequeno armário. As maiores marcas nacionalizadas da época eram a RCA e a Philco, em especial o modelo B193-CR, que iniciou a criação dos con-troles remotos sem fio. A Tube Magnavox era a mais famosa das estrangeiras, pois a empresa também iniciou a fabricação de vídeogames. Já a Doney inovou com um design moderno e era considerado símbolo de eficácia e um dos maiores conceitos de eletrônica da época. A única desvantagem é que foram poucos os que conseguiam trazer uma dessas dos Estados Unidos.

1970 – O ano do tri consolidou o aumento no número de aparelhos nos lares brasileiros. Além disso, essa Copa ficou na história como a primeira a transmitir as partidas ao vivo para o Brasil. Apesar de originalmente ter a transmissão em cores, o sinal chegava em preto-e-branco aqui, pois as emissoras só passaram a transmitir em cor em 1972. Diferente da Copa de 1962, os aparelhos voltaram a ser compactos, sendo que alguns tinham a possibilidade de serem levados de um lugar para outro com facilidade. As grandes marcas da época eram a Phillips, que entrara no mercado nacional a pouco tempo, a Philco, Admiral, Sony e a Motorola, hoje conhecida pelos aparelhos celulares, mas que na época fez sucesso com o modelo Quasar.

1994 – Como na década de 1980 o Brasil não conquistou mundiais, 1994 trouxe muita inovação nos televisores. Foi uma época em que, devido ao recém-criado Plano Real, hou-ve um grande crescimento na venda de aparelhos. Alavancados pela Copa do Mundo, foram vendidos mais de 5 milhões de televisores. O Plano Real, que combateu a inflação, também possibilitou que as classes D e E pudessem ter acesso aos aparelhos. A Philips e a Philco foram as empresas que mais venderam e, diferentemente dos últimos títulos, o telespectador tinha grande possibilidade de marcas e modelos para escolher. Outras marcas da época eram Mit-subishi, Sharp, CCE, Semp-Toshiba, Gradiente, Panasonic, Sanyo entre outras.

Inovações da época: foi o início, em caráter experimental, da transmissão em alta defi-nição para as TV abertas, numa parceria entre a Sociedade Brasileira de Engenharia de Te-levisão e a Associação Brasileira de Rádio e Televisão. A maior “zebra” da época foi causado pelo cinescópio, principal componente da televisão, que chegou a faltar no mercado devido ao crescimento nas vendas de microcomputadores (os dois produtos usavam o componente), o que ocasionou a falta de aparelhos de TV’s em algumas localidades.

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ACONTECE NA FCA

Um prêmio (foto da premição ao lado: profª Renata Becate, André Tambucci e profº Edson Cor-tez), de melhor vinheta, produzida por estudantes de Comunicação das faculdades da região Sudeste do Brasil, dado à edição do programa audiovisual Mix Total fei-to pelos alunos (foto acima) de Rádio e TV da FCA. Além disso, dois trabalhos bas-tante elogiados - o jornal O Arauto e o podcast (arquivo digital de áudio) “Papo Profissional”. Todas essas “massagens no ego” foram conquistadas na Expocom, que ocorreu nos dias 13, 14 e 15 de maio, em Vitória. O evento é uma mostras de trabalhos de estudantes, promovido pela Intercom, maior instituição brasileira de pesquisa em Comunicação.

Os trabalhos foram apresentados na Universidade Federal do Espírito Santo e marcou a primeira participação do CEUNSP em eventos acadêmicos interestadu-ais. Os três produtos universitários são da FCA, produzidos por estudantes de Jor-nalismo e de RTV, tanto em atividades disciplinares como em trabalhos da Agência Experimental de Comunicação e Artes (AECA), foram selecionados entre dezenas de concorrentes de quatro estados (São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). O Mix Total, como vencedor do Sudeste, vai participar da mostra nacio-nal da Expocom, marcada para setembro, em Caxias do Sul (RS).

A aventura - Oito estudantes, acompanhados da professora orientadora Renata Becate e do coordenador-geral da FCA, professor Edson Cortez (abaixo) - que atua-lizava constantemente seu Twitter com novidades sobre o Intercom - viajaram de avião (ao lado) ao Espírito Santo. O grupo participou de oficinas, minicursos e até mesmo do programa de rádio universitária da UFES, o Bandejão. No último dia do evento os estudantes André Tambucci, 5º de RTV; Giulia Braga, 7º de RTV, e Jean-Frédéric Pluvinage, 5º de Jornalismo, defenderam os trabalhos de seus cole-gas para uma banca de avaliadores.

Na noite de premiação dos trabalhos, a ansiedade dos estudantes se transfor-mou em alegria quando a vinheta Mix Total, defendida por André, foi selecionada como finalista para a etapa nacional da Expocom. Ao ouvirem o resultado todos pularam de alegria, se abraçaram e gritaram espontaneamente o lema da FCA: “Aqui é mais legal!”.

Equipe - André, muito emocionado, destacou o trabalho conjunto de seus cole-gas que representou no evento: “A vitória é nossa!”, disse. Após o evento todos co-memoraram e conheceram o lado festivo da Intercom: uma festa de encerramento oficial com muita música eletrônica. Comemoração que continuou com uma visita à praia da Costa, em Vila Velha.

A avaliação acadêmica sobre O Arauto foi curiosa. A banca elogiou muito a pu-blicação, dizendo que o jornal estava num patamar superior aos demais trabalhos apresentados e que por isso não poderia participar do julgamento da Expocom. “Respeitamos a decisão da banca examinadora, apesar de termos certeza de que, se pudessemos concorrer, venceriamos a categoria jornal-laboratório”, explica o professor Edson Cortez.

Mais - Ainda segundo o coordenador da FCA, a participação pioneira dos estu-dantes significa o começo de uma presença cada vez maior do CEUNSP no cená-rio acadêmico nacional: “A partir de agora inscreveremos mais trabalhos para os próximos e em mais categorias”, afirma. Para os estudantes, além da alegria e da experiência acadêmica, a viagem traz uma certeza: “Estamos páreos com as me-lhores faculdades”, como definiu Giulia Braga.

Apoio - A viagem foi possível graças a uma parceria com a companhia Azul, in-termediada pelo professor Vaucir Teixeira, que atua em ambas as empresas.

Mix Total vence melhor vinheta da Expocom

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Outros produtos

também brilham no Intercom

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da Redação

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pág.11O Arauto / jun.10ACONTECE NA FCA

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No início de maio, acadêmicos do curso de Jornalismo fizeram uma visita técnica à Fo-lha de S.Paulo e BM&F Bovespa, acompanhados pelos professores Graziela Jimenez e Pedro Courbassier. “A visita técnica é uma oportunidade única de vivenciar a prática, perceber o cotidiano, as rotinas e os desafios profissionais da área”, comentou Graziela, professora de Economia, entre outras disciplinas do curso.

A primeira parada foi na Folha de S.Paulo, onde visitaram a redação e as respectivas edi-

torias de um dos maiores jornais do Brasil: Conheceram as redações da Folha On Line e do Jornal Agora. Assistiram a uma palestra na sala de pauta sobre o cotidiano dos jornalistas, relatando suas dificuldades e desafios.

Na Bovespa, os estudantes assistiram a um filme institucional em 3D e a uma palestra sobre o mercado financeiro e de ações. Também estiveram no museu virtual que conta a tra-jetória da Bolsa de Valores de São Paulo.

A última parada foi na Estação Pinacoteca (antiga Estação Júlio Prestes), onde tiveram a oportunidade de apreciar a exposição Mr. America, de Andy Warhol, composta por 44 fil-mes, 26 pinturas, 58 gravuras, 39 fotos e duas ilustrações do artista. Warhol é o nome mais conhecido do movimento chamado pop art, surgido na Inglaterra na década de 1950. Usava os produtos do Capitalismo (como embalagens e propagandas) para expressar arte, fazendo assim uma crítica ao consumo de massa. A mostra foi organizada pelo The Andy Warhol Museum, de Pittsburgh, nos Estados Unidos, e já passou por outros países da América Latina, como Colômbia e Argentina.

Vida em redação, investimentos e Warhol numa única visita técnica

“Aqui a música aquece”: campanha do agasalho que arrecadou mil peças

Concurso de Cosplay agita noite de terça

Repórter do Bom Dia“bate-papo” com

futuros jornalistas

Aula diferenciada foi o que tiveram os estudantes de Jornalismo do 1º semestre no dia 26 de maio. A repórter Jaqueline França, do jornal Bom Dia Sorocaba, foi convidada a contar al-gumas experiências profissionais na área. Simpática e à vontade, emocionou-se ao falar das histórias que viu ao longo da carreira.

“Relacionamento é tudo na vida da pessoa, só assim você conseguirá espaço. O jornalista tem que ter esse olho, sair um pouco do lugar comum, fugir da superficialidade e despertar o interesse do outro a ler”, relatou.

Falando sobre o mercado de trabalho avaliou a carreira de jornalista como uma das mais difíceis para quem pretende se destacar profissionalmente.

O bate-papo foi com os alunos do 1º e 3º semestres, nas disciplinas Mercado e Formação Profissional e Reportagem e Entrevista, do professor Pedro Courbassier. (Marcela Cortez)

Sabe o que é cosplay? É quando fãs de histórias em qua-drinhos, animações ou games japoneses se vestem - e atu-am - como os personagens. Explicado, vamos à notícia: A FCA organizou e fez no dia 1º de junho um inédito Con-curso de Cosplay. O evento contou com a participação com 16 participantes e de cobertura fotográfica dos alunos dos cursos de Fotografia.

Além disso, houve exibição de animes, os desenhos ani-mados japoneses (como o famoso “Cavaleiros do Zodíaco”) no Cineclube CEUNSP. Também foi montado um stand com produtos de cosplay, quadrinhos e DVDs japoneses à ven-da. Os fãs desse universo de personagens nipônicos são conhecidos como otakus e todos prezam a qualidade das histórias japonesas com seus roteiros fora dos padrões e sua diversidade de temas. Caso, por exemplo, do otaku Le-onardo Mazzer, que treina para ser desenhista e já realiza ilustrações usando o estilo mangá.

Um júri - composto pelos professores Agnelo Fedel, Edson Cortez e pelas estudantes Tabata Coradini e Pris-cila Machado - escolheu o melhor da noite. O vencedor foi Diogo Ryugi Mitsuse, de apenas 6 anos, que representou o personagem Kakashi Hatake, do anime-mangá Naruto. Ele ganhou um book fotográfico que vai ser desenvolvido pe-los alunos da FCA. (Luana Oliviera e Jaqueline Santos)

Mais de mil peças de roupas. Essa foi a marca atingida pela Campanha do Agasalho da FCA. “Foi uma iniciativa sensacional, que comprovou a solidariedade de estudantes, professores e funcionários”, comentou Fernando Quesada, professor de Som e coordenador do Laboratório de Áudio da faculdade. Ele foi um dos organizadores da iniciativa, que foi de todo o pessoal da Produtora de Áudio da AECA – Agência Experimental de Comunicação e Artes.

Quesada também trabalha na Escola de Música e Tecno-logia de São Paulo (EMT), onde a campanha começou. Para incrementar o movimento, a EMT doou acessórios musi-cais que foram sorteados entre os doadores. A relação da campanha com a música foi sentida até mesmo no slogan: “Na FCA, a música aquece”.

O material arrecadado no CEUNSP vai ser direcionado à Casa da Criança de Salto. (da Redação)

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ESPECIAL

Nos tempos de hoje ter uma vida saudável e sem exa-geros na hora das refeições é uma tarefa difícil. A dificulda-de aumenta se considerarmos que as pessoas passam mais tempo fora de casa, seja no trabalho, estudando ou a passeio. Os famosos fast-foods estão espalhados por todas as esqui-nas e muitas vezes acabam se transformam no almoço ou na janta. Isso não é bom, dizem os nutricionistas. Pois deixar de comer alimentos saudáveis pode contribuir para doenças como a obesidade. Situação agravada por outro resultado da vida moderna: vida sedentária. Sem contar que os cachorros-quentes da vida se transformam naquelas gordurinhas loca-lizadas, que acabam se destacando e são um terror, principal-mente para as mulheres.

São muitas as formas usadas para que se obtenha um

corpo ideal. Variedades de dietas que prometem “milagres” e a perda de muitos quilos em pouco tempo. Muitas delas são receitadas rigorosamente por especialistas da área, nutricio-nistas que indicam ao paciente a melhor forma para emagre-cer com saúde. Mas muitas pessoas preferem fazer sua pró-pria dieta correndo o risco de ter algumas doenças, como a anemia, que é causada pela deficiência de ferro no organismo. Geralmente as pessoas que fazem sua própria dieta sem o au-xílio de um nutricionista, cortam de seu cardápio proteínas e outras substâncias importantes para o corpo. Não se pode, de repente, deixar de lado o ferro (feijão e a carne) e ingerir so-mente salada. É primordial não abrir mão de alimentos ricos em ferro.

Lipoaspiração - Existem outros meios de se conseguir eli-

minar aquela “barriguinha” tão indesejável. Os que não são adeptos das dietas e que querem um resultado mais rápido, podem procurar uma clínica e fazer a famosa “lipo”. A lipoas-piração está na moda entre as celebridades que querem eli-minar gorduras localizadas rapidamente sem fechar a boca ou ir à academia. E como tudo o que está na mídia vira moda, as pessoas que podem pagar por esse privilégio não pensam duas vezes antes de optar pela forma mais fácil e mais rápida de reduzir as gordurinhas. E esse método já não é mais tão difícil para as pessoas “comuns” que agora podem pagar esse procedimento de diversas formas que possam caber em seu orçamento. Mas o método é passageiro. Depois que você faz a cirurgia, deve começar uma dieta ou reeducação alimentar para manter o peso. Caso contrário, voltará à forma de antes.

Malhar - Os que são fissurados por academia preferem

perder seus quilos extras malhando exaustivamente todos os dias. Mas academia não é sinônimo de saúde. Para Lucas Ferrari, instrutor de uma academia em Boituva, muitas pes-soas acham que só malhando podem conseguir emagrecer sem ter que fazer uma dieta saudável. “As pessoas vêm aqui e acham que podem continuar comendo de tudo, que vão sair daqui magras e durinhas. Não é assim. Existem regras, elas precisam começar uma reeducação alimentar. Mais impor-tante que emagrecer rápido é emagrecer com saúde”, afirma o instrutor. Ele lembra também que “muitos dos homens que

Dietas, fórmulas, plásticas, exercícios físicos, academia:

A DITADURA DO

frequentam a academia querem viver apenas à base de suplementos alimentares, o que é um erro, pois eles não contém tudo o que o corpo precisa para estar saudável”. E completa dizendo que os suplementos podem trazer grande benefício ao corpo, mas se utilizados sem limites e sem orientação prejudicam a saúde.

As dietas mais comuns são aquelas à base de salada, vegetais, frutas, muita água, pouco açúcar. Exercícios físicos são primordiais para quem quer manter uma vida saudável. É o que pensa a estudante de Educação Física Aline Silva: “Sempre quis estudar Educação Física, pois os exercícios sempre fizeram parte da minha vida. Minha mãe é nutricionista e meu irmão professor de academia. Lá em casa a palavra chave é saúde”.

O excesso de peso não é uma preocupação somente estética esse mal pode causar muitas doenças como por exemplo, as doenças cardiovasculares (doenças do coração). A médica endocrinologista Tatiana Camargo Pereira, formada também em nutrologia pela PUC, explica algumas doenças passíveis em obesos e afirma que “as dietas da moda são oportunistas e trazem a falsa ideia de que apenas um ali-mento pode ser responsável pela perda de peso. Essas dietas devem ser vistas com desconfiança”, aconselha ela.

CORPOpor Jaqueline Santos

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Coração – quando alguém pesa mais do que deveria, o coração tem que trabalhar mais e, portanto, fica sobrecarregado.

Hipertrofia ventricular – que é o aumento do músculo do coração por excesso de tra-balho. E que pode levar à arritmia que leva à morte súbita

Trombose – é o mau bombeamento do san-gue para o corpo inteiro, levando à doenças vasculares.

Apnéia – é quando paramos de respirar in-voluntariamente durante o sono, e a doença atinge mais da metade dos obesos.

Esteatose hepática - é o acumulo de gor-dura no fígado.

Quem não gosta de sair do trabalho no fim de tarde e dar aquela passadinha em um barzinho para beber com os amigos? É o famoso happy- hour, a descontração depois do trabalho. E é nesse mo-mento de total distração e irreverência que surge a pergunta. Será que aquela “barriguinha de chope” é mesmo causada pela “loira”? Segundo pesquisa-dores do Reino Unido e da República Checa, não. Se houver qualquer vínculo entre a bebida e a obesi-dade é mínimo. A cerveja como qualquer outro ali-mento ingerido de forma incorreta contribui para uma peso maior, mas nada que uma boa malhação ou outros tipos de exercícios físicos não resolvam. “Eu não abro mão da minha cervejinha. Adoro to-mar uma depois do serviço, me ajuda a chegar em casa de bom humor, além do mais, minha mulher adora minha barriguinha de cerveja (risos)”, é o que diz o gerente de banco Marcos da Silva.

A cerveja em si não engorda. O que engorda são os acompanhamentos da bebida, como o amendoim, batatas fritas, queijo e outros aperitivos geralmen-te consumidos. Além disso, o álcool tem efeito diu-rético que aumenta a produção da urina, que - por sua vez - elimina as vitaminas e minerais antes que o organismo os absorva. Por isso, você que gosta de tomar uma cervejinha de vez em quando, pode to-mar sem culpa. Desde que, é claro, não abuse nos aperitivos.

A cerveja engorda?

Dietas - Há inúmeras receitas para se perder peso pela (pouca) alimentação. Dietas de diferentes formas e gostos. Há fórmulas a base de líquidos, como a dieta do chá. Para quem prefere algo “mais sólido”, pode-se optar também pelas dietas das sopas. Há muitos casos de pessoas que gastarão muito dinheiro em dietas e não conseguirão emagrecer ou pelo menos não conseguirão o resultado desejado, alguns por não ter feito tudo o que a dieta pedia outros por acreditarem em produtos “fajutos” e outros ainda por não conseguirem levar a dieta até o fim. Alice Barbosa se encantou com um produto emagrecedor que lhe prometia o corpo perfeito. Segundo ela, chegou a gastar quase mil reais na compra de vários frascos do emagrecedor: “a minha vida se resumia àquele produto. Todo dinheiro que eu ganhava era gasto com ele. Quando fui percebendo que ele não fazia efeito algum já havia passado quase 1 ano e eu não tinha perdido nada a não ser o meu dinheiro” desabafa a vendedora. O mercado está cheio de produtos emagrecedores, promessas de dietas eficazes, mas o consumidor deve estar ciente do que está adquirindo para mais tarde não se arrepender da escolha que fez. “Nunca consegui fazer nenhuma dieta. Sempre começo, mas nunca vou até o fim. Quando começo a perceber que não estou emagrecendo nada, desanimo e como mais ainda. Fora o dinheirão que gasto com shakes emagrecedores e que são inúteis”, afirma a dona de casa Helena Oliveira.

Mas há também pessoas que conseguiram muito mais do que emagrecer. Conseguiram sua auto-estima de volta e junto com ela o prazer de viver uma vida saudável. É

famoso o caso da antropóloga Sílvia Bonini, que emagreceu 102 quilos sem fazer qualquer redução de estômago ou cirurgia plástica. Ela adotou

uma reeducação alimentar e viu sua vida mudar de 167 kg para 65 kg em apenas quatro anos. E depois disso decidiu lançar o livro “Mu-

lhersegura.com sem redutores de apetite e sem cirurgias”, con-tando sua experiência de vida e podendo assim ajudar outras

pessoas como ela. Em entrevista ao portal Terra, Sílvia con-fessa: “A maior dor da minha vida foi quando descobri que ninguém iria me salvar, que eu deveria tomar uma atitude. Chorei por três dias seguidos”.

O fato é que as dietas fazem parte da vida de muitos, seja por necessidade ou por pura vaidade. Quem é que não se olha no espelho e pensa: “Ah, estou precisando perder uns três quilos.” Nós nunca estamos satisfeitos com o nosso peso - seja ele acima ou abaixo. Mas uma dieta, feita com saúde e acom-panhamento profissional, que mal tem? O bom mesmo é poder se sentir bem e feliz com seu corpo.

Saiba mais sobre as principais

dietas

Dieta Dr. Atkins: Incentiva o consumo de gorduras e elimina todos os carboi-dratos da dieta. Os médicos não a recomendam por não considerarem muito saudável no longo prazo. A dieta acontece da seguinte forma: elimi-nando os carboidratos do seu cardápio, o corpo é obrigado a queimar a gordura armazenada (ao invés dos carboidratos).

Dieta South Beach: Nessa dieta você não precisa tirar do seu cardápio os carboi-dratos e as gorduras. Basicamente deverá comer carboidratos que sejam benéficos ao corpo como, por exemplo, pão integral e cereais (aveia, soja). Mas também devem ser ingeridos verduras, le-gumes e gorduras “boas”, como peixes de água fria (sardinha, atum e salmão), que tem mais Ômega3.

Dieta do tipo sanguíneo: Essa é uma das mais inusitadas dos últimos tem-pos, apesar de muitos especialistas não concor-darem com o método. Ela segue a linha de que cada grupo sanguíneo (A, B, AB, O) deve seguir dietas especificas e assim conseguir obter o re-sultado desejado.

A linhaça: Não é uma dieta. É uma dica alimentar que vem sendo muito utilizada. O segredo está na casca da linhaça, que é rica em proteínas, minerais e vitaminas. Se você quer emagrecer com saúde é só acrescentar a linhaça na alimentação. Ela possui lignina, uma substân-cia que ajuda na perda de peso.

Alguns problemas causados pelo excesso de peso

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CONTRACULTURA

Desta vez minhas reminiscências alcançam um passado nem tão dis-tante: o período em que conheci Va-lentina! Encontrei-a pela primeira vez na livraria “Muito Prazer” (nome até sugestivo!), do meu grande ami-go Walter Fernandes, quando esca-rafunchava as prateleiras em busca de mais um exemplar para minha coleção. Ela surgiu do nada dizendo “piacere” e olhando para mim com aquele jeito sedutor e lânguido, lá-bios carnudos e úmidos, num corpo de deusa totalmente... nua! Bem, foi assim que a vi pela primeira vez, na capa de uma das edições da antiga revista “Grilo”.

Quando comecei a folheá-la (a re-vista, é claro!) percebi o quanto que os quadrinhos tinham e ainda têm para oferecer em Estética e Arte. O contato com o desenho e o texto de (Guido) Crepax foi emocionan-te, para não dizer excitante. Tudo era novo para mim: a história, o de-senho, a diagramação, o erotismo sadomasô explícito, além da heroí-na que, aqui entre nós, realmente é muito, mas muito gostosa!

Apaixonei-me! Uma paixão ado-lescente é claro, mas não deixou de ser paixão, que cresceu mais ainda quando descobri que ela possuía a

Do mundo das HQ, a erótica...

Nota do editor: Agnelo Fedel é jornalista (como Tintin) e professor uni-versitário, adora álbuns de quadrinhos europeus, principalmente da gran-de musa, da deusa, da caríssima (e “gostosíssima”)... bem, vocês já sabem.

minha idade (ambos nascemos em junho de 1965 - ela na Itália e eu aqui em terra brasilis!). Não pre-ciso dizer que acabei comprando aquele exemplar da “Grilo”, com di-reito até mesmo de conhecer os álbuns que a Editora L&PM, de Porto Alegre, estava lançando na-quela época. Edições de luxo com preços não menos que isso. Não ad-quiri, na época, os álbuns, mas aca-bei encontrando vários exemplares da “Grilo” onde minha heroína fa-vorita, a partir daquele instante, aparecia. Confesso que me tornei seu fã. Nesse período não me im-portavam as histórias (que só fui compreender um pouco mais tarde), mas sim a figura de Valentina. Que-ria vê-la, queria encontrá-la, tocá-la e sentir seu cheiro (que na realidade era de papel velho!).

O tempo passou, mas não curou aquela paixão. Na realidade só a fez aumentar, de forma que hoje possuo todos seus álbuns publica-dos no Brasil, várias “Grilo”, além de alguma coisa publicada na Itália, Espanha e Estados Unidos. Paixão é assim mesmo: você vai até o fim do mundo para encontrar o seu amor e quando consegue não o larga mais e nem troca por outro... “gibi”.

Muito se discute sobre o comportamento do homem mo-derno no meio em que vive, no âmbito profissional, social, sentimental e familiar. Há colunistas, especialistas e gurus com muitas dicas para se dar bem na entrevista de empre-go, não dar um fora na hora de conquistar a pessoa desejada, evitar gafes em reuniões sociais e de trabalho (aqui estão in-clusas as festinhas da empresa) e até mesmo como se tornar “o popular” da turma. O caminho das pedras está revelado em diversas publicações, tanto em revistas como em livros – o telejornalismo também entrou para esse nicho, incluindo reportagens sobre etiqueta social em sua grade.

O que pouco se questiona é sobre a educação. Aqui não se trata da cultura adquirida nos bancos escolares, nem tam-pouco do descaso em que se encontra a política educacional no Brasil. Refiro-me à cortesia, à gentileza que se costumava observar entre as pessoas. Até pouco tempo atrás elas ainda figuravam entre os vizinhos, parentes e amigos, e - porque não? - entre pessoas desconhecidas.

O que assistimos hoje, impassíveis? Em primeiríssimo lu-gar, a grosseria no trânsito - isso é um eufemismo! Nem os animais irracionais se estranham tanto quando se “esbar-ram”. Fabio Santos, morador de Indaiatuba e estudante do 3º ano de Engenharia, comenta: “Chega a ser bizarro! São moto-queiros que têm entrega para ontem, o carrão conduzido por uma pessoa distinta, mas apressada e mal-humorada até aos domingos. Sem falar dos motoristas de ônibus e caminhões que, por serem os gigantes do pedaço, adoram o desafio de tentar passar por cima de todo mundo”.

Nessa salada metálica e veloz está o pedestre. Em alguns locais chamados “desenvolvidos” ele é rei, mas por aqui cos-tuma ser alvo. Há alguns mais aventureiros (e malucos) que,

Onde estão os “obrigada”, “por favor” e “com licença”?por Adriana Brumer Lourencini

para desespero dos pouquíssimos motoristas educados, cur-tem andar bem no meio da rua. São igualmente grosseiros. Po-rém, sem blindagem.

Logo em seguida, nota-se a falta de consideração – aquela educação básica que “era” aprendida ainda em casa – e que ensinava que o meu direito termina onde começa o do outro. Hoje, as crianças já aprendem a ser mal educadas e a não ter qualquer noção de espaço e direito alheios. A analista de im-portação Edna Sousa afirma que “vivemos a cultura do eu: eu tenho, eu preciso, eu quero – o outro que espere, que saia da frente, que desocupe.”

Não poderíamos nos esquecer de falar da violência, artigo “da moda”. É fácil constatar nos noticiários a onda entre a ga-rotada de agendar brigas e lutas pela internet, conforme rela-ta a adolescente Verônica Celso, estudante de São Caetano do Sul: “É como marcar um encontro para o happy-hour: a hora feliz dos trogloditas! A violência tem sido comum nas escolas, por causa das drogas. Alguns até vão armados. Outros costu-mam levar os pais para bater nos colegas e até nos professores. É tipo assim: o aluno é repreendido ou entra numa briga, vai para casa e conta tudo o que aconteceu. A mãe do aluno vai até a escola para acertar as contas.”

É desnecessário dizer que palavras como por favor, com li-cença e obrigado estão esquecidas no dicionário empoeirado. Se não acordarmos depressa, podem ser retiradas do vocabu-lário na próxima reforma ortográfica. A corrida contra o reló-gio, a sociedade capitalista e competitiva e a necessidade de ter cada vez mais acabaram por deixar essas “trivialidades” de lado. Não há tempo para o bom dia! O que precisa acontecer para nos lembrar que ainda somos humanos, próximos, e que há tempo sim, para mudar, olhar para o outro e conceder a vez?

Valentina, cara mia!

“vivemos a cultura do eu: eu tenho, eu preciso, eu quero...”

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A estudante de Fotografia Fabiana Ritta esteve em Madri, em maio. Conseguiu identificar nas ruas da capital espanhola efeitos da crise econômica que envolveu o “velho continente”, sobretudo nos países mediterrâneos, como Grécia, Portugal, Itália e Es-panha. “Não foi minha primeira vez lá e notei que agora há muito mais trabalhadores de rua, artistas, na rua”, conta Fabiana. São pessoas, que mesmo com talento artístico e - talvez - algum charme, sobre-vivem como os “ambulantes” dos grandes centros urbanos brasileiros.

Fabiana, como boa fotógrafa, registrou as cenas:

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Olhar sobre a Crise na Europa

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