O Caminho do Bem - Jornal da Saude · Tipo de sangue, metabolismo, ... Ao jornal Observador, An -...

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O ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, defendeu a implementação de uma po- lítica farmacêutica, com legislação e regulamentação, que obrigue à homologa- ção e ao registo dos medicamentos que entram no país, para que se garanta a sua qualidade. Ao discursar na cerimónia de abertura do XXVI Conselho Consultivo do Ministé- rio da Saúde, o governante defendeu também o estímulo à criação de uma indús- tria farmacêutica nacional. A admissão imediata de profissionais de saúde para as unidades públicas, o reforço da cobertura vacinal, as medidas de higiene e sanea- mento do meio, a luta anti-vectorial e as medidas de luta contra a febre-amarela foram outras das recomendações aprovadas no encontro. |Pag.10 Ministro da Saúde quer uma política farmacêutica que garanta a qualidade dos medicamentos Médicos extenuados O aumento exponencial do número de doentes que ocorrem ao hospital municipal de Viana, no Kapalanga, e a insuficiência de profissionais espe- cializados, obrigaram a diminuir de sete para qua- tro dias os intervalos praticados pelos médicos en- tre os bancos de urgência o que lhes provoca um desgaste acentuado. A revelação foi feita à equipa de reportagem do Jornal da Saúde pelo director- geral desta unidade de saúde, o cirurgião Mateus Campos. |Pag.8 Hospital do Kapalanga Como prevenir e controlar A diabetes pode ser evitada mantendo um peso corporal normal, fazendo exercício físico regular, adoptando die- tas saudáveis que incluam o consumo suficiente de fruta e vegetais e evitando consumo de tabaco e de álcool. Leia a mensagem da directora regional da OMS para África.| |Pag.6 Diabetes Congresso é já em Setembro O 3º Congresso Angolano de Cardiologia e Hipertensão realiza-se de 29 de Setembro a 1 de Outubro próximo, em Luanda. Vai apostar no “envolvimento dos profis- sionais no controlo da grande endemia que é a hiper- tensão arterial” , de acordo com o presidente da Socie- dade Angolana de Doenças Cardiovasculares, Mário Fernandes, em entrevista ao JS. Em simultâneo, decor- re o 1º Fórum Angolano de Febre Reumática. | |Pag.12 Hipertensão O Caminho do Bem European Society for Quality Research Lausanne EUROPE BUSINESS ASSEMBLY OXFORD jornal Ano 7 - Nº 71 Abril 2016 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Porque é que os mosquitos picam algumas pessoas e não outras? Tipo de sangue, metabolismo, exercício físico, cor do vestuário e até o consumo de cerveja são alguns dos factores que tornam as pessoas particularmente apelativas para os mosquitos. |Pag. 23

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O ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, defendeu a implementação de uma po-lítica farmacêutica, com legislação e regulamentação, que obrigue à homologa-ção e ao registo dos medicamentos que entram no país, para que se garanta a suaqualidade.Ao discursar na cerimónia de abertura do XXVI Conselho Consultivo do Ministé-rio da Saúde, o governante defendeu também o estímulo à criação de uma indús-tria farmacêutica nacional. A admissão imediata de profissionais de saúde para asunidades públicas, o reforço da cobertura vacinal, as medidas de higiene e sanea-mento do meio, a luta anti-vectorial e as medidas de luta contra a febre-amarelaforam outras das recomendações aprovadas no encontro. |Pag.10

Ministro daSaúde quer uma políticafarmacêuticaque garanta aqualidade dosmedicamentos

Médicos extenuadosO aumento exponencial do número de doentesque ocorrem ao hospital municipal de Viana, noKapalanga, e a insuficiência de profissionais espe-cializados, obrigaram a diminuir de sete para qua-tro dias os intervalos praticados pelos médicos en-tre os bancos de urgência o que lhes provoca umdesgaste acentuado. A revelação foi feita à equipade reportagem do Jornal da Saúde pelo director-geral desta unidade de saúde, o cirurgião MateusCampos. |Pag.8

Hospital do Kapalanga

Como prevenir e controlar

A diabetes pode ser evitada mantendoum peso corporal normal, fazendoexercício físico regular, adoptando die-tas saudáveis que incluam o consumosuficiente de fruta e vegetais e evitandoconsumo de tabaco e de álcool. Leia amensagem da directora regional daOMS para África.| |Pag.6

Diabetes

Congresso é já em Setembro

O 3º Congresso Angolano de Cardiologia e Hipertensãorealiza-se de 29 de Setembro a 1 de Outubro próximo,em Luanda. Vai apostar no “envolvimento dos profis-sionais no controlo da grande endemia que é a hiper-tensão arterial”, de acordo com o presidente da Socie-dade Angolana de Doenças Cardiovasculares, MárioFernandes, em entrevista ao JS. Em simultâneo, decor-re o 1º Fórum Angolano de Febre Reumática. | |Pag.12

Hipertensão

O Caminho do BemEuropean Society for

Quality ResearchLausanne

EUROPE BUSINESS ASSEMBLY

OXFORD

jornalAno 7 - Nº 71Abril 2016Mensal Gratuito

Director Editorial: Rui Moreira de Sá

MINISTÉRIO DA SAÚDEGOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude

a saúde nas suas mãosA N G O L A

da

Porque é que os mosquitos picam algumas pessoas e não outras?Tipo de sangue, metabolismo, exercício físico, cor do vestuário e até o consumo de cerveja são alguns dos factores que tornam

as pessoas particularmente apelativas para os mosquitos. |Pag. 23

2  EDITORIAl Abril 2016 JSA

Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus (coordenador),Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Al-berto, Enf. Lic. Conceição Martins,Dra. Filomena Wilson, Dra. HelgaFreitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dú-nem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.Josinando Teófilo, Prof. Dra. MariaManuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá

[email protected]; Redacção: Cláudia Pinto; FranciscoCosme dos Santos; Magda CunhaViana.Correspondentes provinciais:Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão(Cuanza Norte); Casimiro José(Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire)MARKETING E PUBLICIDA-

DE: Eileen Salvação Barreto Tel.: +244 945046312 E-mail: [email protected] Edição deste nú-mero: Cláudia Pinto, Fotografia: Jor-ge Vieira.

Editor:Marketing For You, Lda - RuaDr. Alves da Cunha, nº 3, 1º andar -Ingombota, Luanda, Angola, Tel.:+(244) 935 432 415 / 914 780462, [email protected]ória Registo Comercial deLuanda nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.Delegação em Portugal:Beloura Of-fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sin-tra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247

670 Fax: + (351) 219 247 679E-mail: [email protected] Geral: Eduardo Luís MoraisSalvação BarretoPeriodicidade: mensal Design e maquetagem:Fernando Al-meida; Impressão e acabamento: DamerGráficas, SATransportes: Francisco Carlos de An-drade (Loy) Tiragem: 20 000 exemplares.

Audiência estimada:80 mil leitores.

FICHA TÉCNICA 

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Os desafios que o novo ministro da Saúde enfrenta não são poucos.É nomeado num momento em que a malária e a febre amarela ini-ciam a sua escalada, ao mesmo tempo que a crise financeira e cam-bial do país se agrava. Como resultado, os hospitais “rebentam pelascosturas” com o aumento da demanda, ao mesmo tempo que es-casseiam os medicamentos e gastáveis. No meio desta tormenta, avisita oficial a Angola da directora-geral da OMS, Margaret Chan, àqual certamente Gomes Sambo não foi alheio, e o seu encontrocom o Presidente da República, revestiu-se de particular importân-cia. Contribuiu para evidenciar a importância crucial da saúde parao país, nas suas várias vertentes, pôs o dedo numa das feridas – abio-ameaça causada pela falta de saneamento, ao qual não tem sidodado, ao longo dos anos, a importância devida –, deu visibilidade aosector, enfim, colocou-o no centro da agenda política, para além, éclaro, da chamada de atenção para as acções urgentes com vista a

conter a pandemia da febre amarela, incluindo a disponibilidade dasvacinas.Entretanto, a fase mais crítica está a ser ultrapassada e o recenteConselho Consultivo que decorreu este mês em Luanda, e que des-tacamos nesta edição, sob a batuta do ministro Sambo, serviu parajuntar forças, cerrar fileiras, chegar a conclusões e traçar o rumo.E agora? O futuro? O financiamento? A sustentabilidade? Dos mé-dicos, farmacêuticos, enfermeiros e gestores das unidades de saúde,aos agentes económicos do sector, nomeadamente os importado-res e distribuidores de medicamentos e equipamentos, estão, to-dos, expectantes quanto à evolução a curto e médio prazos. O sec-tor da saúde – como prioritário que é – terá força para ultrapassaros constrangimentos cambiais, negociar com as Finanças, e abaste-cer-se com os meios necessários para promover a saúde e comba-ter a doença? Os próximos meses o dirão.

Saúde: cambiais para um sector prioritário

Rui MoReiRa de Sá

Director [email protected] O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças

ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente

responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos

e o desenvolvimento sustentável do país.

QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente Responsáveis

3ACTUAlIDADEJSA Abril 2016

nA Bioquark, uma empresade biotecnologia norte-ame-ricana, conseguiu este mês aautorização ética do regula-dor de saúde para avançarcom uma investigação queenvolverá 20 pessoas clinica-mente mortas devido a lesõescerebrais. A ideia é verificar seé possível “ressuscitá-las” eperceber que partes do siste-ma nervoso central se conse-gue recuperar. Os 20 partici-

pantes têm que ter os órgãos afuncionar com o apoio de má-quinas de suporte de vida.Nesta investigação, que se-

rá realizada num hospital naÍndia, serão combinadas vá-rias terapêuticas como umainjecção no cérebro de célulasestaminais e um cocktail depeptídeos, com lasers e técni-cas de estimulação de nervosjá utilizadas em doentes emcoma, com sucesso.Os participantes do ReAni-

ma Project vão ser monitori-zados durante meses atravésde equipamentos de imagio-logia para detectar sinais deregeneração no cérebro. E oscientistas estão convencidosque as células estaminais docérebro conseguem apagar oseu histórico e “ressuscitar”graças ao tecido que as rodeia.“Isto representa o primeiro

ensaio do género e mais umpasso em direção à eventualreversão da morte”, afirmouIra Pastor, CEO da Bioquark,em declarações ao jornal TheTelegraph.Ao jornal Observador, An-

tónio Jácomo, do Instituto deBioética da Universidade Ca-tólica do Porto, afirmou queesta é uma “matéria recorren-te” e que há “um grande dese-jo de ressuscitar e reanimar

corpos”.O investigador considera

que, “do ponto de vista bioló-gico, é perfeitamente possívele acreditamos que o futuro dahumanidade caminha para alongevidade com uma capa-

cidade de recuperação cadavez mais elevada”. E entendeque estas experiências atéagora só não avançaram emhumanos por “razões de inte-gridade científica e critérios deinvestigação”.

“É muito difícil por ques-tões de consentimento equestões éticas na área da in-vestigação científica que al-guns ensaios post mortem se-jam aprovados. E acreditoque, de forma mais pública,não estejam a ser divulgadosmais estudos por causa dessasquestões.”

Será possível recuperar o cérebro a 100%?

António Jácomo acredita,contudo, que não será possí-vel recuperar integralmente océrebro, julgando aquilo queacontece no caso dos doentescom algumas lesões neuro-nais suscitadas por um comaprofundo prolongado ou al-guma lesão neuronal comperda de consciência.Há casos de alguma recu-

peração não só cognitiva mastambém motora. De acordocom a evidência que temos,suspeitamos que o facto de al-guém já estar clinicamentemorto e ser depois reanimadoimplicará algumas perdas ir-reversíveis do tecido neuro-nal. A recuperação nunca seráa 100%”, afirma o investigador.E se isto acontece em casos

de lesões muito específicas,“imaginamos que quando foro cérebro todo as lesões serão

muito mais expressivas. Po-demos até conseguir ativar al-gumas áreas, nomeadamenteas motoras que são as mais fá-ceis, mas notamos que há al-gumas lesões que afetaram aparte cognitiva, emocional eda memória que são mais di-fíceis de recuperar”.

Ressuscitar versus reanimar

E é precisamente pela falta degarantias ao nível das funçõescognitivas e da memória quese erguem as questões mais fi-losóficas. Para quê “ressusci-tar” alguém em morte cere-bral? Qual o objetivo? E aquem se destinaria?Levanta-se ainda a ques-

tão da diferença entre ressus-citar e reanimar”, alerta Antó-nio Jácomo.“É possível conseguirmos

ter esta activação corporal docérebro, o problema é que to-das as memórias, toda a áreado hipocampo, os conceitosguardados no cérebro sãoguardados activamente. Nósnão sabemos se quando aca-ba a actividade neuronal to-dos esses referentes serãomantidos ou apagados. Quehomem do futuro vamos ter?”,interroga o especialista embioética.

Cientistas vão tentar “ressuscitar” mortos. E o que acontece às memórias?MarlEnE Carriço

Ressuscitar alguém em mor-

te cerebral? Os investigado-

res estão convencidos que

pode ser possível e uma em-

presa de biotecnologia dos

EUA já teve autorização do

regulador para avançar com

os testes.

Peritos médicos da União

Europeia (UE) estão em An-

gola para «compreender» a

epidemia de febre-amarela

que em cinco meses matou

quase 300 pessoas, sobretu-

do em Luanda, nomeada-

mente para «avaliar as im-

plicações para a Europa».

"Ressuscitar ou reanimar? E para quê?". O especialista em Bio-

ética António Jácomo acredita que não será possível recuperar

integralmente o cérebro

Peritos europeus estudam em Angola implicações da epidemia de febre-amarela

n A informação foi divulgadapela delegação da UE emLuanda, acrescentando, emnota enviada ao Jornal da Saú-de, que a missão integra peri-tos da Alemanha, Portugal eBélgica, elementos da Comis-são Europeia e especialistas doCentro Europeu de Prevençãoe Controlo das Doenças, aoabrigo do Corpo Médico Eu-ropeu (EMC), lançado em Fe-vereiro deste ano.Promover uma "melhor

compreensão do surto, ava-liar as implicações para a Eu-ropa, e analisar a possibilida-de de um maior apoio espe-cializado para o país" são osobjetivos desta missão, que se

prolongará por duas sema-nas, indica a delegação da UE.A epidemia de febre-ama-

rela que atinge Angola provo-cou 293 mortos - até ao finalde Abril - e 2.267 casos suspei-tos em quase cinco meses, se-gundo o mais recente boletimoficial sobre a doença.A delegação da UE recorda

que a EMC permite que equi-pas e equipamentos dos esta-dos-membros possam "inter-vir rapidamente para forne-cer assistência médica eespecialização em matéria desaúde pública", dentro e forado espaço comunitário euro-peu."Estamos a destacar uma

primeira equipa de peritos naárea da saúde pública. Estasacções complementarão osesforços desenvolvidos peloGoverno angolano e serãodesenvolvidas em estreita co-laboração com a Organiza-ção Mundial da Saúde e ou-tros parceiros internacionaisno terreno, para lidar com osurto de febre-amarela. Jun-tos, podemos compreender edeter melhor e mais rapida-mente o surto", explica o Co-missário Europeu responsá-vel pela Ajuda Humanitária eGestão de Crises, ChristosStylianides, citado na nota.As autoridades de saúde

internacionais identificaram

casos suspeitos importadosde Angola na China, Quénia,República Democrática doCongo e a Mauritânia.Desde a detecção de ca-

sos, iniciou-se uma campa-nha de vacinação em larga es-cala com vista a vacinação de6,7 milhões de pessoas emLuanda, epicentro da epide-mia, e que está a ser alargadaa outras províncias."A equipa de peritos médi-

cos tem como objetivo pro-mover uma melhor com-preensão da epidemiologiada doença, avaliar os riscos depropagação regional e inter-nacional, as implicações paraa Europa e para os europeus

que viajam na região, e anali-sar formas de transferir co-nhecimentos mais especiali-zados para Angola, nos seusesforços de atenuação", con-clui a mesma nota.A EMC faz parte da Capa-

cidade Europeia de Respostade Emergências, também co-nhecido como reserva volun-tária, criado no âmbito domecanismo de proteção civilda UE.Angola já registou surtos

de febre-amarela em 1971,durante o tempo colonialportuguês, e posteriormenteem 1988, sendo o atual con-siderado o mais grave de to-dos.

4 ActuAlidAde Abril 2016 JSA

Os europeus foram negros durante grande parte da sua evolução

nÉ uma viagem ao longo dahistória da evolução da espé-cie humana. Uma equipa deinvestigadores, liderada pelogeneticista David Reich daUniversidade de Harvard,concluiu que os europeus ti-

veram tez escura durantegrande parte da sua evolução.As peças do puzzle da evo-

lução humana são intricadase vão-se ligando por entre mi-lhões de anos de arranjos ge-néticos. O que vemos é umahistória “com vários momen-tos em que umas populaçõessubstituíram outras, de mi-gração numa escala dramáti-ca e num tempo em que as al-terações climáticas eram ra-dicais”, explica Reich, citadopelo jornal El País.O estudo analisou o ADN

de 51 eurasiáticos, umaamostra dez vezes superior àutilizada em qualquer outroestudo semelhante, sublinhaa publicação espanhola. Aprimeira conclusão desta in-vestigação — publicada narevista científica Nature —ajuda a reforçar uma ideia jáexplorada por outros estudos:quando os neandertais e osHomo sapiens se cruzaram,tiveram filhos férteis. No en-tanto, a percentagem de ADN

dos neandertais nestes des-cendentes decresceu rapida-mente de 6% para 2%, o quepode indicar uma certa in-compatibilidade evolutiva.

A peça do puzzleEsta é a primeira peça dopuzzle. Acredita-se que osprimeiros Homo sapienschegaram ao continente eu-ropeu há 45 mil anos. No en-tanto, a impressão genéticadesses primeiros indivíduosdesapareceu das populaçõesatuais. É preciso recuar 8 milanos até encontrar as primei-ras relações genéticas entre oeuropeu moderno e os seusancestrais.Nessa época, a Europa en-

frentava o último período gla-ciar. As populações do norteda Europa não tinham gran-des alternativas: ou migra-vam ou não sobreviviam. Há33 mil anos, o “confronto” en-tre populações deu origem auma nova cultura.Próximo salto de uns

quantos milhares de anos.Volte-face evolutivo. Há 19mil anos, o progressivo dege-

lo terá feito com que os indiví-duos que fugiram do norte daEuropa para o sul se expan-

dissem novamente para onorte do continente, deixan-do o território outrora ocupa-do.Num piscar de olhos de

cinco mil anos, chega à Eu-ropa uma outra população,de tez escura e olhos clarosoriunda do Próximo Orien-te, região próxima do MarMediterrâneo. Torna-se “ra-pidamente” dominante esubstitui grande parte da an-terior. O que influenciariadecisivamente a evoluçãodo homem europeu — antesdesta migração, todos os eu-ropeus tinham tez escura eolhos castanhos.Os indivíduos de tez clara

só se tornariam mais co-muns com a chegada dosprimeiros agricultores doMédio Oriente, inauguran-do o período neolítico. Co-mo remata o El País, todas asevidências parecem apontarnum único sentido: os euro-peus foram negros durantegrande parte da sua história.

Vacina da pólio trivalente é trocada pela bivalente

n Angola procedeu, no dia28 de Abril, à troca da vaci-na contra a poliomielitetrivalente pela bivalente. Achefe de secção de vacina-ção do gabinete provincialde saúde de Luanda, Felis-mina Neto, explicou a ra-zão ao Jornal da Saúde: “Apoliomielite era causadapor três vírus, designada-mente do tipo 1, tipo 2 e ti-po 3. Felizmente, o vírus ti-po foi 2 foi erradicado nomundo inteiro, desde1999. Daí que a comuni-dade internacional tenhadecidido definir um dia,em Abril do corrente ano,para trocar a vacina triva-lente pela bivalente”, expli-cou. “Já recolhemos a vaci-

na trivalente de toda a re-de pública e privada, bemcomo dos fornecedores,no sentido de evitar con-fusões. A partir de agora,passamos a administrar avacina bivalente aos nos-sos bebés: duas gotas viaoral”, concluiu.

No mesmo sentido, fo-ram incineradas, em Via-na, cerca de 78.100 dosesde vacinas pólio-trivalen-te.A Semana Nacional de

Vacinação iniciou-se a 24de Abril e terminou a 30.Todos os municípios deLuanda intensificaram avacinação de rotina, nosentido de aumentarem acobertura para a preven-

ção das crianças e das mu-lheres em idade fértil.

Europa ameaçadaPreocupada com o au-mento dos contágios depoliomielite nos últimosseis meses na Europa, aOrganização Mundial deSaúde (OMS) decretou es-te mês o estado de emer-gência mundial, pedindoaos diferentes países uma

"acção coordenada" nocombate à disseminaçãodo vírus.A detecção de vários

casos da doença em maisde uma dezena de paíseslevou a OMS a considerarque estes contágios po-dem representar umaameaça à escala mundial,conforme sublinhou estemês o director-geral ad-junto da organização, Bru-ce Aylward. No final do ano passa-

do, a OMS já tinha confir-mado a existência de 223casos de poliomielite. Cer-ca de 60% destes casos éresultado de uma propa-gação internacional, paraa qual contribuíram emmuito os viajantes adultos,nomeadamente porque atransmissão ocorre rapi-damente por via das máscondições de higiene, no-meadamente através daingestão de líquidos ou decomidas contaminadascom fezes. Nesta sequên-cia, dois especialistas ale-mães em doenças infec-ciosas alertavam, num ar-

tigo publicado este mês narevista médica The Lan-cet, para o risco de o vírusda paralisia infantil voltara fazer vítimas, nomeada-mente na Europa, queacolhe um grande núme-ro de refugiados sírios.

FElismiNa NEto “a vacina protege. Criança vacinadanão adoece. É gratuita. a mãe a quem for cobrado, nemque seja um centavo pela vacina, deve denunciar e tomare-mos as medidas correctivas”

O que é a poliomielite?

A poliomielite, também

conhecida por paralisia

infantil, é uma infecção al-

tamente contagiosa cau-

sada por um vírus cha-

mado poliovírus. As

maiorias das infecções

provocadas pelo polioví-

rus não causam sinto-

mas. Porém, numa pe-

quena percentagem de

pessoas infectadas, o ví-

rus ataca células nervo-

sas do sistema nervoso

central, particularmente

as que controlam os

músculos envolvidos nos

movimentos voluntários,

como a marcha. A des-

truição destes neurónios

causa uma paralisia per-

manente em um em cada

200 casos.

miguel santos

Um estudo, publicado estemês na revista científica Na-ture, concluiu que os primei-ros indivíduos de tez clara sósurgiram na Europa há 13mil anos, muito, muito tem-po depois de os primeirosHomo sapiens terem chega-do ao continente.

Francisco cosme dos santos

O opicapone - medicamento destina-

do aos pacientes com a doença de

Parkinson -, desenvolvido pela farma-

cêutica Bial, recebeu um parecer po-

sitivo do Comité de Medicamentos

para Uso Humano da Agência Euro-

peia do Medicamento (EMA), reco-

mendando a concessão de uma Auto-

rização de Introdução no Mercado

em todos os Estados membros da

União Europeia.

O opicapone é o segundo fármaco de

patente e investigação da Bial. O pri-

meiro foi o Zebinix (acetato de esli-

carbazepina) destinado a tratar a epi-

lepsia, já comercializado em Angola,

na Europa – em mercados como a

Alemanha, Reino Unido, Espanha,

França, Itália e Portugal –, e também

nos Estados Unidos.

Em Março, este laboratório apresen-

tou, em Luanda, o fármaco Dormidina

que favorece a conciliação do sono,

evitando a insónia.

Agência europeia dá luz verde a novo medicamentocontra Parkinson

6 diAbeteS Abril 2016 JSA

Prevenir e controlar a diabetes

n A diabetes é uma doen-ça duradoura que elevademasiado o nível de açú-car no sangue de umapessoa, o que, com o tem-po, pode provocar danosgraves em órgãos vitais,incluindo gangrena dospés e, muitas vezes, a suaamputação. A diabetes éuma das principais cau-sas de morte prematura ede incapacidades.

Como evitarA doença pode ser evitadamantendo um peso cor-poral normal, fazendoexercício físico regular,adoptando dietas saudá-veis que incluam o consu-mo suficiente de fruta e

vegetais e evitando con-sumo de tabaco e de ál-cool.

O diagnóstico e o trata-mento precoce são funda-mentais para evitar o de-senvolvimento de com-plicações. Igualmente im-portante é a necessidadede reforçar a sensibiliza-ção das pessoas para adiabetes, com vista a re-duzir as possibilidades dedesenvolver ou morrer dadoença.

Acções concretasSão necessárias acçõesurgentes e concretas paracombater o problema

crescente da diabetesnesta Região. Por isso, aocomemorarmos o DiaMundial da Saúde, apeloa todos os governos paraque implementem as ac-ções mundialmente acor-dadas para a prevenção eo controlo da diabetes. Odiagnóstico e o tratamen-to da diabetes devem serintegrados no tratamentodas DNT, VIH/SIDA, tu-berculose e outras doen-ças crónicas. É essencialgarantir o acesso aosmeios de diagnóstico bá-sicos e aos medicamentossalvadores de vidas, comoa insulina, e os agentes hi-poglicémicos orais, a to-dos os níveis do sistemade prestação de cuidadosde saúde, incluindo o ní-vel dos cuidados primá-rios. Apelo igualmenteaos parceiros do desen-volvimento, sociedade ci-vil e sector privado, paraque intensifiquem con-juntamente os seus esfor-ços para derrotar a diabe-tes. A OMS continua em-penhada em prestarapoio técnico à formula-ção e implementação depolíticas e estratégias pa-ra a prevenção e controloda diabetes e outras DNTna Região.

“A diabetes pode ser evitada mantendo um peso corporal normal, fazendo exercício físico regular, adoptando dietas saudáveis que incluam o consumo suficiente de fruta e vegetais e evitando consumo de tabaco e de álcool”

MAtShiDiSO MOeti “É essencial garantir o acesso aosmeios de diagnóstico básicos e aos medicamentos salvado-res de vidas, como a insulina, e os agentes hipoglicémicosorais, a todos os níveis do sistema de prestação de cuidadosde saúde, incluindo o nível dos cuidados primários”

Matshidiso Moeti

directora Regional da oMs para a África

No dia 7 de Abril, a Organi-zação Mundial da Saúde(OMS) juntou-se à comuni-dade internacional para acomemoração do Dia Mun-dial da Saúde. O foco desteano foi a prevenção e con-trolo da diabetes.

Há dois tipos principais de diabe-tes – o tipo 1 e o tipo 2. A diabetesdo tipo 1 caracteriza-se por insufi-ciência na produção de insulina noorganismo. As pessoas com estetipo de diabetes requerem injec-ção diária de insulina. A diabetesdo tipo 2 resulta do uso ineficaz dainsulina no organismo. É responsá-vel por cerca de 90% de todos oscasos de diabetes e ocorre cadavez mais nos grupos etários maisjovens. Alguns dos factores quecontribuem para a diabetes do ti-po 2 são dietas não saudáveis, faltade exercício físico, consumo de ta-baco e de álcool, obesidade e ex-cesso de peso. A nível mundial, o número de pes-soas que vivem com diabetes au-mentou abruptamente de 108 mi-lhões, em 1980, para 422 milhões,em 2014. Na Região Africana, au-mentou de 4 milhões para 25 mi-lhões, durante o mesmo período.Este acentuado aumento é resul-tado da rápida e descontrolada ur-banização, globalização e grandesmudanças no estilo de vida daspessoas, com o correspondenteaumento da prevalência de facto-res de risco associados ao estilode vida. A diabetes representa umconsiderável fardo para a saúdepública e socioeconómico, na pre-sença da escassez de recursos dis-poníveis.

Tipos de diabetes

8 HOSPITAIS Abril 2016 JSA

Médicos exaustos no banco de urgência

nO hospital está a atender,em média, cerca de 900 pa-cientes por dia, dos quais 400nas urgências e 500 nas con-sultas externas e cuidadosprimários de saúde. A malá-ria, seguida da febre amarela,constituem as principais pa-tologias. Note-se que o muni-cípio de Viana regista tantosóbitos por febre amarelaquanto a totalidade dos ou-tros 11 municípios e distritosde Luanda.

“A falta de médicos, enfer-meiros e técnicos administra-tivos resulta do facto de não serrealizado, desde 2013, ne-nhum concurso público, agra-vado pelo abandono de traba-lho de dois médicos nacionais,por acumulação de faltas, epor dois cubanos se encontra-rem de férias”, esclareceu.

“Lamentavelmente pordispormos apenas de 6 médi-cos para medicina geral, 6 gi-necologistas, 4 pediatras, 1 ci-rurgião e 3 ortopedistas paraassistirem às urgências nohospital, e face à inexistênciade cuidados intensivos (UTI),ou pós-operatório, obriga aque pacientes com hemorra-gia interna, e partos compli-cados, tenham de ser transfe-ridos com muito sacrifício pa-ra maternidade LucréciaPaim, para serem assistidos”,afirmou.

Por outro lado, “o hospitalsó recebe 40% do valor do or-çamento aprovado por lei, oque não cobre as despesas dainstituição, nem permite olançamento de qualquer pro-grama de acção que garanta osuporte de gestão do hospitalcom a dimensão do Kapalan-ga”, assegurou o director-ge-ral.A instituição, inaugurada

em Maio de 2012, foi inicial-mente projectada para disporde 75 camas e 237 funcioná-rios, dos quais 32 médicos,114 enfermeiros e 91 outrosprofissionais. Actualmente,conta com 120 camas e 30médicos, dos quais 16 são cu-banos e 14 angolanos. Contudo, “o crescimento

desmedido do número decasos que se registam, diaapós dia, complica imenso afuncionalidade do hospital eexige o reforço da equipa detrabalho com mais profissio-nais. Estamos a negociar

com o ministério das Finan-ças”, declarou.Neste momento, estão in-

ternados cerca de 200 pa-cientes, devido ao aumento

da procura.“Ultimamente, para man-

termos o atendimento 24/24horas no banco de medicinae pediatria, temos tido a cola-

boração de uma equipa de 6médicos não especialistas re-cém-formados em Cuba, e de11 licenciados em enferma-gem”, informou.

Serviços especializadosO hospital municipal de Via-na – Kapalanga, oferece 14 es-pecialidades, entre as quais,medicina, cirurgia, pediatria,ginecologia e obstetrícia, es-tas com banco de urgência,ortopedia, psicologia clínica,psiquiatria, dermatologia,odontologia, fisioterapia, car-diologia, cuidados primáriosde saúde com todos os seuscomponentes, nomeada-mente o Programa Alargadode Vacinação (PAV), Centrode Aconselhamento e Testa-gem Voluntária do VIH/SI-DA (CATV), puericultura,planeamento familiar, con-sultas para os doentes comanemia falciforme, pré-natale pós-parto. Além destes ser-viços, dispõe também de ou-tros complementares comoa esterilização, morgue, la-vandaria, refeitório, e umaincineradora para resíduoshospitalares. Está apetrecha-do com um bloco operatório,centro cirúrgico compostopor duas salas, maternidadecom três salas, e laboratóriocom os serviços de raio X eecografia que funcionam24/24 horas.Comparativamente aos

outros hospitais municipaisda capital, é a unidade commaior número de serviços es-pecializados.

A sua abertura reduziu,em cerca de 100, o número depacientes que até então eramassistidos no banco de urgên-cia do Hospital Josina Ma-chel.

Hospital do Kapalanga

MATEUS CAMPOS “O crescimento desmedido do número de

casos que recebemos complica a funcionalidade do hospital e

exige o reforço da equipa de trabalho com mais profissionais”

Quem é MateusCampos

Mateus Pereira Domingos

Campos é licenciado em

medicina geral pela Universi-

dade de Lviv e mestre em

gestão hospitalar e em cirur-

gia geral pelo Centro Onco-

lógico de Donetsk, Ucrânia,

ex-União Soviética.

Especialista em cirurgia ge-

ral, foi admitido no sistema

nacional de saúde de Ango-

la em 1995, enquadrado no

Hospital Josina Machel, com

a função de chefe do depar-

tamento de cirurgia, direc-

tor do banco de urgência e

das consultas externas até

2013.

Exerce a profissão médica

há 22 anos. Foi director clí-

nico do hospital municipal

do Kapalanga cerca de um

ano. Desde 2015 que é o di-

rector-geral desta unidade

de saúde.

O cirurgião perspectiva

uma evolução significativa

no futuro da sua carreira,

com importantes realiza-

ções profissionais, a par de

um progresso no conheci-

mento científico que lhe

permita defender teses mé-

dicas com vista a contribuir

para a saúde dos angolanos

– a sua principal preocupa-

ção.

FFrancisco cosme dos santos

O aumento exponencial do

número de doentes que

ocorrem ao hospital munici-

pal de Viana, no Kapalanga, e

a insuficiência de profissio-

nais especializados, obriga-

ram a diminuir de sete para

quatro dias os intervalos

praticados pelos médicos

entre os bancos de urgência

o que lhes provoca um des-

gaste acentuado. A revela-

ção foi feita à equipa de re-

portagem do Jornal da Saú-

de pelo director-geral desta

unidade de saúde, o cirur-

gião Mateus Campos.

Ultimamente, mais de três cadáveres, entre adultos, velhos e crian-

ças, são abandonados semanalmente no hospital do Kapalanga. A si-

tuação está a dificultar o normal funcionamento desta unidade sani-

tária que se vê sufocada devido à capacidade limitada da sua mor-

gue. Segundo o responsável, a morgue desta unidade – que, para

além de Viana, atende também casos provenientes dos municípios

do Cazenga, Belas, Icolo e Bengo, Cacuaco e Quiçama – tem a capa-

cidade de conservar apenas até seis cadáveres. E esta onda crescen-

te de abandono de mortos está a criar embaraços. “A nossa mor-

gue já é bastante pequena. E quando as pessoas abandonam aqui os

seus familiares dificultam muito o nosso trabalho, porque ficamos

sem saber aonde conservarmos os corpos”, lamenta.

Abandono de cadáveres

ClíNICA medItexRua da Missao, No 52Ingombotas, Luanda, AngolaTel: 923 640 227/ 928 616 506

928 616 507

E-mails: [email protected]@[email protected]

eStOmAtOlOGIA medItex:Rua Ramalho Ortigao, No.21, Bairro Alvalade, Luanda, AngolaTel: 222 320 842E-mails:[email protected]

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uAngiologiauCardiologiauCuidados intensivos para adultos

e criançasuDermatologiauEndocrinologiauEstomatologiauFisiatriauGastroenterologiau InfectologiauMedicina internauNeonatologiauNeurofisiologiauNeurologiauNutriçãouPediatriauPsiquiatriauReumatologia

Serviços de meios de diagnósticouLaboratorio clínicouMicrobiologiauNeurofisiologiauEcografia simple, transcavitaria e Rx

u AngiologiauCirurgia estéticauCirurgia estomatológicauCirurgia geraluGinecologia e obstetríciauCirurgia maxilofacialuOftalmologiauCirurgia vídeo endoscópicauNeurocirurgiauOrtopedia e traumatologiauOtorrinolaringologiauUrologia

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10POLÍTICA DE SAÚDE Abril 2016 JSA

Conselho consultivo recomenda admissãoimediata de profissionais de saúde

n Os participantes ao 26ºConselho Consultivo do Mi-nistério da Saúde recomen-daram este mês, em Luanda,que se proceda de imediatoao processo de novas admis-sões de pessoal em todas as

unidades orçamentadas dosector da saúde no país, de-vendo atribuir as verbas eabrir os concursos para ad-missões de acordo com a le-gislação em vigor, devendoas responsabilidades seremassumidas pelos gestoresdas respectivas unidades eserviços.O Conselho Consultivo

recomendou também o re-forço da cobertura vacinal,as medidas de higiene e sa-neamento do meio, a lutaanti-vectorial e a participa-ção das administrações mu-

nicipais e comunais locais,para além de intensificar asmedidas de luta contra a fe-bre-amarela.Segundo o comunicado

final do encontro que decor-reu de 20 a 22 de Abril, deve-se ainda melhorar a capaci-dade de resposta ao paludis-mo assegurando os meiosde diagnóstico e tratamentoclínico, a luta anti-vectorial,formação do pessoal, vigi-lância epidemiológica e in-vestigação.A melhoria do sistema de

aquisição, armazenamento

e abastecimento de medica-mentos, vacinas e de outrosprodutos de saúde essen-ciais foi igualmente reco-mendado pelos participan-tes.

O Conselho procedeu àauscultação exaustiva dosdirectores provinciais deSaúde, de forma a actualizare sistematizar um plano deacção condizente com a rea-lidade do sector em todo opaís.Além da epidemia da fe-

bre-amarela e a execução doseu plano de resposta à si-

tuação do paludismo noPaís, o conselho abordouigualmente os temas “orien-tações metodológicas paranovas admissões de pessoalno sector da saúde”, “situa-ção actual e perspectivas daproblemática dos medica-mentos no País”, “vigilânciaepidemiológica” e a “refor-ma do sistema nacional desaúde”.

Os temas abordados noConselho Consultivo reflec-tiram, em grande medida, asgrandes preocupações dosector, numa altura em que

o país se vê a braços comuma epidemia de febre-amarela e o aumento signifi-cativo de casos de paludis-mo, propiciado por um defi-ciente saneamento do meiobem como pela rotura dosstocks de medicamentos.

O Conselho Consultivo é,de acordo com o estatuto or-gânico do Ministério da Saú-de, um órgão de consulta doMinistro. Reúne, periodica-mente, responsáveis a nívelcentral e provincial, directo-res de hospitais e especialis-tas convidados para o efeito.

Política farmacêutica quer garantir a qualidade dos medicamentosn O ministro da Saúde de-fendeu a criação de umapolítica farmacêutica, comlegislação e regulamenta-ção, que obrigue à homolo-gação e ao registo dos me-dicamentos que entram nopaís, para que se garanta aqualidade dos mesmos.

Ao discursar na cerimóniade abertura do XXVI Conse-lho Consultivo do Ministérioda Saúde, Luís Gomes Sam-bo também defendeu umapolítica que estimule a in-dústria farmacêutica. O Es-tado deve desempenhar oseu papel de regulador atra-vés das acções normativas ede padronização. O país en-frenta uma rotura de produ-tos importantes, mas infor-mou que já foram feitas dili-gências no sentido de seadquirir estes produtos noexterior. No que toca ao Sistema

Nacional de Vigilância Epi-demiológica, o ministro ga-rantiu que este vai mereceruma maior análise, com vis-ta a melhorar o seu funcio-namento, sobretudo a liga-ção a nível central da saúde,provincial e municipal. “Nãodevemos ter receio de mu-dar, sobretudo quando te-

mos a intenção de melho-rar”, defendeu o ministro, pa-ra quem, no âmbito do sec-tor da saúde, é pontual con-siderar o sistema social eeconómico do país.

Repensar o paradigma da saúde

As reformas estruturais daeconomia angolana obri-gam a pensar o paradigmada saúde. Isso pressupõe adefinição de uma política definanciamento, que garantaa protecção social. Os pro-blemas de saúde pública,como a vigilância epidemio-lógica, o Sistema de Vigilân-cia, o Programa Alargado deVacinação (PAV), a luta con-tra as doenças transmissí-veis e as doenças crónicastambém devem ser reforça-dos. Os aspectos relacionados

com o desempenho doshospitais, sobretudo os quetêm função docente ou de-senvolvem actividades deinvestigação, também vãomerecer uma maior atençãodo sector. “Penso que deve-mos criar um fórum especialpara melhorar e articular-mos os esforços do Executi-vo”, defendeu o ministro. Areforma do sector deve terem conta o contexto demo-gráfico, macroeconómico eepidemiológico do país. De-ve também considerar um

processo que seja célere eque permita alcançar me-lhores resultados o mais de-pressa possível. A agenda demudança deve ser para to-dos os actores, particular-mente os participantes noXXVI conselho consultivodo Ministério da Saúde, semexcluir as opiniões de outrossectores nacionais, privados,ONG e outras instituições.

Febre-amarelaSobre a situação da febre-amarela no país, o ministroda Saúde informou que oExecutivo assumiu o com-promisso de financiar os cus-tos operacionais e de vacina,bem como realizar outro tipode actividades com vista a mi-tigar a situação do surto da fe-bre amarela que o país registadesde Dezembro último.

Em termos de coberturavacinal, cerca de seis milhõesde pessoas na província deLuanda já foram vacinadas,cobrindo cerca de 98 porcento da população. NoHuambo, 464.300 pessoasestão vacinadas, o que perfazum total de 48 por cento dapopulação nesta província.Em Benguela já foram vaci-nadas 627 mil pessoas.

Desde Dezembro de 2015até ao mês em curso, foramregistados 250 óbitos e 1.975casos suspeitos de febre-amarela. Há casos suspeitosem todas as províncias, masconfirmados estão em ape-nas 12 províncias.

Malária é preocupaçãoA malária continua a ser umadas grandes preocupaçõesdo sector da saúde, afirmouo coordenador do ProgramaNacional de Controlo dadoença. Filomeno Fortes su-blinhou que existem outrasdoenças a serem combati-das, como a febre-amarela ea chicungunya. Por este motivo, a Facul-

dade de Medicina cedeu osestudantes do 5.º e 6.º anospara reforçarem o corpo mé-dico do Hospital Geral e osmunicipais do Capalanca eCazenga. “Queremos me-lhorar a capacidade de aten-dimento e diminuir o grandefluxo nos hospitais de refe-rência”, disse. Luanda tem re-gistado um aumento de óbi-tos por malária, tendo comofactores deste fenómeno adeterioração da higiene e sa-neamento do meio ambien-te e a problemática do supor-te logístico em termos de tes-tes de diagnóstico etratamento, conforme o Jor-nal da Saúde destacou na úl-tima edição.

A admissão imediata de

profissionais de saúde, o re-

forço da cobertura vacinal,

as medidas de higiene e sa-

neamento do meio, a luta

anti-vectorial e as medidas

de luta contra a febre-ama-

rela são outras das propos-

tas.

O ministro da Saúde, Luís Gomes Sambo, pretende reforçar os programas das doenças transmis-

síveis e das crónicas não transmissíveis

12 CArdiologiA Abril 2016 JSA

“Queremos envolver todos os profissionais paracontrolar a hipertensão arterial na população”

nSegundo o cardiologista,“pretende-se que o certameconstitua uma plataforma deajuda a todos os profissionais,quer sejam clínicos gerais,médicos de outras especiali-dades, enfermeiros e outrosque lidam no seu dia-a-diacom estes casos para melho-rarem o diagnóstico, acom-panhamento e tratamentodos doentes”. No limite, “que-

remos contribuir tambémpara que os angolanos consi-gam absorver muitos conhe-cimentos sobre a doença an-tes que a mesma possa cau-sar danos irreversíveis à suasaúde”.Para além da apresenta-

ção de temas da especialida-de – como a hipertensão arte-rial, insuficiência cardíaca,válvulas cardíacas, entre ou-tros – por oradores angola-nos, pan-africanos e convi-dados das sociedades de car-diologia de Portugal e Brasil,a organização do evento vaitambém associar diversos te-mas clínicos, como porexemplo a diabetes.Em simultâneo, decorre o

1º Fórum Angolano de FebreReumática que vai abordar adoença e propor estratégias anível nacional que se enqua-drem no modelo africanodiscutido no Fórum Africanodesta doença realizado re-centemente em Adis Abeba,na Etiópia.

Mário Fernandes

Em mil angolanos, entre 20 e 30 sofrem de febre reumátican A incidência da febre reumá-tica no país deve ser de 20 a 30casos por cada mil habitantes,segundo afirmou ao JS o car-diologista Mário Fernandes.

A febre reumática é uma compli-cação tardia, não supurativa, quese desenvolve após uma infecçãodo trato respiratório superiorprovocada pela bactéria Strepto-

coccus beta-hemolítico do gru-po A de Lancefield. É uma doen-ça multisistémica que pode afec-tar o coração, articulações, siste-ma nervoso central, tecidocelular subcutâneo e a pele. Segundo o especialista, a pre-

venção desta doença deve come-çar com a educação das famílias:os pais devem estar atentos aosfilhos que têm a infecção das oro-

faringes e amigdalites de repeti-ção, as quais devem ser tratadasconvenientemente com antibió-ticos (penicilina benzatínica) pa-ra revenir a infecção pelas bacté-rias que podem causar a febrereumática e a cardite reumática.

SintomasO seu principal sintoma é o apa-recimento de tonsilas palatinas(massa de tecido linfoide, locali-zada em ambos os lados da gar-ganta), ou poliartralgia (doresnas articulações). O indivíduoque contrai esta doença podepermanecer assintomático pormuito tempo e, vários anos de-pois, ter sintomas cardíacos, co-mo falta de fôlego ou ar (ao reali-zar actividades simples), des-maio (tontura), dores no peito(um dos mais comuns do enfar-te), palpitação (sentir o coraçãobater fora do ritmo), dores naspernas (mesmo depois de pararde caminhar, correr, ou realizaralgum outro esforço físico), e ou-tros devido a lesão no coraçãodenominada cardite reumática.

Conclusões do FórumAfricano de Febre

ReumáticaMário Fernandes participou recentemente

no Fórum Africano de Febre Reumática que

se realizou em Adis Abeba, Etiópia. “As con-

clusões deste encontro apontaram para o re-

conhecimento e o interesse da União Africa-

na em erradicar do continente esta doença tí-

pica das regiões com baixo poder económico

e definir uma estratégia para este efeito, com

base nas normas estabelecidas universalmen-

te”, revelou o cardiologista. Entre estas, desta-

ca-se a pesquisa activa das crianças portado-

ras de cardite reumática e de febre reumática,

a prevenção ou profilaxia através da penicilina

benzatínica, e o acesso ao tratamento dos

doentes com esta doença que têm sido mui-

tas das vezes submetidos a uma cirurgia car-

díaca.

Segundo o médico, outra das recomendações

do Fórum consiste “em fazer chegar a pre-

venção e toda a informação sobre a febre

reumática junto das comunidades, mobilizan-

do os professores, a nível das escolas, para

transmitirem os conhecimentos sobre a

doença às crianças, no sentido de serem iden-

tificadas precocemente as que estão em vias

de desenvolver esta enfermidade, para evitar

que tenham posteriormente uma cardite reu-

mática".

FFrancisco cosme dos santos

O 3º Congresso Angolano

de Cardiologia e Hiperten-

são que se realiza de 29 de

Setembro a 1 de Outubro

próximo, em Luanda, vai

apostar no “envolvimento

dos profissionais no contro-

lo da grande endemia que é

a hipertensão arterial”, de

acordo com o presidente da

Sociedade Angolana de

Doenças Cardiovasculares,

Mário Fernandes.

3º Congresso de Cardiologia é já em Setembro

A saúde cardiovascular dos angolanos não é das melhores. Ob-

serva-se, actualmente, um número crescente de hipertensos,

atesta o cardiologista Mário Fernandes.

A agravar, o facto de muitos indivíduos não saberem realmente

que têm a tensão arterial elevada. “Uma grande parte da popu-

lação não cultiva o hábito de medir a tensão arterial, bem como

de consultar com regularidade um cardiologista para se manter

informada sobre o seu estado de saúde”, disse.

De acordo com Mário Fernandes, as principais doenças do co-

ração são da artéria coronária (enfarte ou enfarto), alteração

nos batimentos cardíacos (arritmias), parada cardíaca, válvulas

cardíacas, congénitas, cardiomiopatias, pericárdios, disfunção da

aorta (síndrome de marfan) e vasculares.

Para prevenir estas doenças, o cardiologista disse que os indiví-

duos devem primar por estilos de vida saudáveis, fazer o con-

trolo do colesterol, diabetes, medir a tensão, consumir bebidas

alcoólicas moderadamente, manter um peso saudável, praticar

exercícios físicos regularmente e adoptar uma dieta equilibrada.

Como está o coração dosangolanos?

AlimentaçãoUm exemplo é a ilha japonesa de Oki-nawa, um local onde há um número ele-vado de pessoas que passaram dos 100anos de idade e as taxas de demênciapodem ser até 50% mais baixas do quenos países ocidentais. Alguns cientistasacreditam que um dos alimentos prefe-ridos dos moradores da ilhatem um papel mui-

to importante para toda esta saúde: abatata-doce roxa (que tem essa cor noseu interior e não apenas na casca).Cientistas afirmam que esses legumesajudam os moradores da ilha a manteruma boa circulação sanguínea, o que fazcom que os seus cérebros recebambastante oxigénio. Levando em conta

que deve sermuito

difícil encontrar esse tipo de batata emqualquer supermercado, o que deve-mos comer para ter tanta saúde? Exis-tem outros alimentos com essa corpúrpura e que têm este mesmo ingre-diente «mágico», as antocianinas, pig-mentos vegetais com poder antioxi-dante que ajudam na prevenção dedoenças cardiovasculares, cancro edoenças neurodegenerativas. Todas asfrutas e verduras frescas vão ajudar amanter a saúde, mas frutas roxas como

a amora ou verduras roxas como aberingela podem trazer ainda

mais benefícios. Outro ali-mento a ser levado em

conta - e muito popularna cozinha japonesa -

é o peixe. Algunsespecialistas afir-mam que oómega 3, umácido gordoencontradoem alguns pei-xes, pode pro-teger as pes-soas contra ademência. Adieta mediter-rânea tambéminclui os peixes

que têm ómega3 e a organização

britânica especiali-zada em pesquisa e

tratamento do Alzhei-mer, a Alzheimer Socie-

ty, recomenda uma dietaneste estilo como uma

das formas de reduzir orisco de desenvolver de-

mência. Já os suplementosalimentares com ómega 3 são

mais polémicos. Alguns médi-cos afirmam que são necessá-rias mais pesquisas para pro-var que estes suplementosoferecem tantos benefícioscomo o consumo de peixe.

Cérebro activoÉ fundamental manter o seu cérebro a traba-lhar. Mas é bom esclarecer que ler um poucoou fazer palavras cruzadas não é o suficiente.Aprender algo novo pode fazer uma diferençaenorme, por exemplo. Pode até paralisar a de-terioração do cérebro. O programa da BBC«How to Stay Young» (Como Permanecer Jo-vem, em tradução livre) reuniu um grupo depessoas com mais de 60 anos para aprender ajogar ténis de mesa. O programa descobriuque o desporto teve um efeito poderoso nosseus cérebros - para alguns deles o córtex ce-rebral ficou até maior. Ao começar um novohobby que testava os seus reflexos e a coor-denação entre mãos e olhos, eles consegui-ram estimular o cérebro para criar novas co-nexões entre os neurónios. Tocar um ins-trumento musical também pode ser útil, jáque a tarefa envolve diferentes partes docérebro - áreas responsáveis pela coor-denação motora fina, audição e visão.Pelo facto de tantas áreas diferentestrabalharem ao mesmo tempo, a par-te do cérebro que conecta os doishemisférios - o corpo caloso - tam-bém se exercita. E vale lembrar quenunca é tarde demais para aprendera tocar um instrumento. Um estu-do americano concluiu queaprender a tocar piano melho-rou a memória e outras fun-ções cognitivas de um grupode pessoas com idades en-tre 60 e 85 anos. Activida-des físicas também sãoboas para o cérebro. Umapessoa pode criar mais cé-lulas na área cerebral queé importante para a me-mória - o hipocampo - exer-citando-se. E não é precisocorrer uma maratona ou levan-tar muito peso para obter estesbenefícios. O programa da BBCdescobriu que uma caminhada vigo-rosa durante uma hora, duas vezes po-de semana, pode libertar substânciasque estimulam o crescimento de novosneurónios no hipocampo.

14ENVELHECIMENTO Abril 2016 JSA

Quatro maneiras simples de manter o seu cérebro jovem

Progressos na medicinaO futuro parece promissor emtermos de tratamentos para océrebro. Por exemplo: investiga-dores conseguiram melhorar amemória de ratos idosos injec-tando neles o sangue de ratosjovens. Esta pesquisa já está emfase de testes em humanos.Cientistas da Força Aérea dosEstados Unidos afirmam queuma pequena carga eléctricaaplicada no couro cabeludo pa-rece fortalecer conexões entreos neurónios. E, também nos Es-tados Unidos, pesquisadorestrabalham na criação de um im-plante que seria colocado no cé-rebro para ajudar as pessoascom demência a formar novasmemórias.

SocializaçãoOs humanos são animais so-ciais; precisamos uns dos outrospara sobreviver. Actividades so-ciais estimulam o cérebro deuma forma parecida com a deactividades como ler e fazer pa-lavras cruzadas. Assim comoaprender coisas novas ou ser fi-sicamente activo, actividades so-ciais ajudam a desenvolver co-nexões entre os neurónios emdiferentes áreas do cérebro. E aspesquisas também sugerem queas pessoas solitárias têm o do-bro de hipóteses de desenvol-ver a doença de Alzheimer e ou-tros tipos de demência.

Adquirir novos conhecimentos, fazer exercícios físicos e até tocar um instrumento musical são formas simples

de manter a vitalidade desse órgão essencial. Em teoria, é fácil manter o corpo em boas condições: basta seguir

uma dieta saudável e fazer exercício físico.

Tais princípios básicos deveriam ajudar a manter o cérebro saudável também. Mas pesquisas científicas recentes revelam segredos sobre ou-

tras formas de manter o cérebro jovem por mais tempo. Veja abaixo algumas dicas…

Não será o caso dos camponeses das nos-sas 18 províncias. Mas quem trabalhanum escritório sabe: não é difícil ficar du-rante oito horas de trabalho sentado.Com esse comportamento, pode estar aaumentar o seu risco de morte e não épouco. É o que aponta uma investigação

realizada na Universidade de São Paulo(USP) e na Universidade Federal de Pelo-tas.Os doutorandos basearam-se em artigos e in-

quéritos da Organização Mundial da Saúde

(OMS) sobre o tempo médio de permanência

sentado em 54 países e relacionaram esses da-

dos com uma meta-análise publicada na revista

científica PLoS ONE. Esta é uma técnica estatís-

tica feita para integrar resultados de dois ou

mais estudos sobre uma mesma questão de

pesquisa.

E o resultado do estudo foi que até 4% das mor-

tes no mundo poderiam ser evitadas se o tem-

po que as pessoas passam sentadas fosse redu-

zido em três horas. Isso representa 433 mil pes-

soas por ano.

Ficar sentado quatro horas, aumenta o risco de

morte em 2%; Cinco horas, 4%; Seis horas, 6%;

Sete horas, 8%. A partir daí o risco aumenta: oito

horas, 13% e nove horas, 18%.

Menos tempo sentado evitaria 433 mil mortes

1 23

4

15OTORRINOJSA Abril 2016

nEsta acumulação aconteceem muitos mamíferos, inclu-sive nós, humanos. Mas a ce-ra que que sai dos nossos ou-vidos não é tão interessante.Ela não oferece uma autobio-grafia nem fica muito tempoparada, já que temos o hábitode limpá-la com frequência.No entanto, a ciência por trásdessa secreção é fascinante.

Para começar, vamos cha-má-la pelo seu nome mais«técnico»: cerume. A subs-tância é produzida apenaspela parte externa do canalauditivo, graças a uma con-centração de algo entre mil eduas mil glândulas sebácease glândulas sudoríparas mo-dificadas. Acrescente pelos,

pele morta e outros detritoscorporais, e terá a receita dacera dos ouvidos.

Durante muitos anos,cientistas acreditaram que aprincipal função da secreçãoera lubrificar a região. Mas ac-tualmente sabe-se que ela éútil para evitar que insectosinvadam as reentrâncias in-ternas da cabeça. Alguns es-pecialistas suspeitam aindaque a cera também actue co-mo antibiótico.

Num estudo realizado naAlemanha em 2011, que ana-lisou a cera de voluntários, fo-ram encontrados dez peptí-deos que são capazes de im-pedir a proliferação de fungose bactérias. Os seus autoresdefenderam que as infecçõesno canal auditivo externoocorrem quando falha o siste-ma de defesa proporcionadopela cera.

Proliferação de bactériasMas outra pesquisa, realizadaem 2000 pela Universidade

La Laguna, na Espanha, che-gou a conclusões opostas. Oscientistas descobriram que asecreção, na realidade, pro-movia a proliferação de bac-térias, principalmente porcausa da riqueza de nutrien-tes que oferece. Não foi o úni-co estudo que colocou em xe-que a ideia da propensão dacera a eliminar micróbios.

Uma diferença entre asduas pesquisas pode explicaros resultados tão distintos.Enquanto o estudo de 2011usou voluntários que apre-sentavam uma tendência àcera seca, o de 2000 concen-

trou-se na forma mais húmi-da da substância.

O cerume dos africanosO tipo húmido é genetica-mente dominante, tanto quea cera de ouvido tem sido usa-da para rastrear os padrõesantigos de migração humana.Os descendentes de caucasia-nos e africanos têm mais pro-babilidades de apresentar umcerume húmido, enquantoasiáticos do Extremo Orienteapresentam uma variaçãomais seca. Os dois tipos sãomais equilibrados entre ilhéusdo Pacífico, habitantes da Ásia

Central e indígenas do conti-nente americano.

Acumulação de ceraMas, para a maioria de nós, aquestão mais premente noque se refere à cera de ouvidoé como removê-la da melhormaneira. No século I d.C., osromanos já faziam referênciaa métodos como inserir óleoquente ou vinagre, depen-dendo do tipo de cerume. Defacto, hoje em dia, muitosmédicos ainda usam óleo deamêndoas ou azeite paraamolecer a cera compactada,antes de retirá-la.

A verdade é que algumaspessoas realmente sofrem deproblemas com cera de ouvi-do graves o suficiente paraque seja necessária uma in-tervenção médica. Uma aná-lise de 2004 mostrou que 2,3milhões de pessoas na Grã-Bretanha visitam os seus mé-dicos a cada ano para solucio-nar o problema. Cerca de 4milhões de ouvidos são trata-

dos todos os anos no país.Os cientistas também no-

taram que muitos pacientesapresentam o tímpano perfu-rado, provável resultado datentativa caseira de remover acera.

O risco das cotonetesO hábito de limpar os ouvi-dos com cotonete após o ba-nho tem sido desencorajadopor médicos por causa decertos riscos. Às vezes o algo-dão pode soltar-se e ficar alo-jado no canal auditivo, porexemplo.

A recomendação é deixaro trabalho a cargo de um pro-fissional, que em geral utilizaum produto amaciador e, emseguida, faz uma irrigação.

Outro procedimento con-denado é a terapia alternativada vela de ouvido, na qualuma vela oca feita de cera deabelha ou parafina é colocadaperto da orelha e acesa. A teo-ria é de que o calor dentro dotubo vazio acabe por atrair ocerume para fora do ouvido.

As baleias nunca limpam os

seus ouvidos. Ano após ano,

a cera acumula-se nos seus

canais auditivos, deixando

para trás um rastro de ácido

gordo, álcool e colesterol

que pode praticamente con-

tar a história das suas vidas.

As «misteriosas» propriedades da cera nos ouvidos

16SAúde infAntil Abril 2016 JSA

O que é que o leite materno tem de tão especial?

nOs benefícios do leite ma-terno, os seus componentesúnicos e a importância paraos bebés prematuros foramos temas explorados pelo XISimpósio Internacional deAleitamento Materno, quedecorreu este mês em Berlim.Entre os temas abordadosdestacam-se a prevenção daobesidade e o desenvolvi-mento cerebral.

O aleitamento materno éforma mais eficaz de assegu-rar a saúde e sobrevivênciadas crianças”, segundo a Or-ganização Mundial de Saúde.“Se todas as crianças fossemamamentadas uma horaapós o parto, bebessem ape-nas leite materno durante osprimeiros seis meses de vida

e continuassem a beber leitematerno até aos dois anos, se-ria possível evitar a morte de800 mil crianças todos osanos.”

A amamentação pode terum papel determinante naprevenção de doenças cróni-cas não-transmissíveis, comomostrou Donna Geddes, pro-fessora na Universidade daAustrália Ocidental. “O aleita-mento materno está associa-do a um risco reduzido de de-senvolver síndrome metabó-lica” – que predispõe osindivíduos para desenvolverdiabetes e doença cardiovas-cular -, assim como “reduz orisco de obesidade”. O leitematerno tem várias molécu-las bioativas, como hormo-nas, fatores de crescimento,agentes anti-inflamatórios,entre outros.

A descoberta de hormonasA descoberta recente de lep-tina e grelina no leite, duashormonas relacionadas como controlo do apetite, podemcondicionar favoravelmenteo controlo do apetite na vidafutura da criança. A ama-mentação pode assim seruma forma de prevenirexcesso de peso, se-

gundo explica a investigado-ra. No caso da mãe, a ama-mentação pode, a longo pra-zo, reduzir o risco de doençacardíaca, de cancro da mamae de cancro do ovário.

Quando as vantagens paraa mãe e para o bebé são con-sideradas em conjunto, a pro-moção e apoio continuadopara a amamentação é, semdúvida, uma das melhores es-tratégias custo-eficácia dispo-níveis”, escreve Donna Ged-des no resumo da apresenta-ção.

Outro dos componentesdo leite materno é um tipoespecífico de oligossacarí-deos (hidratos de carbono),tão abundante que a con-centração chega a superarlargamente a quantidade deproteínas no leite humano.Este tipo de açúcares nãoaparece no leite em pó adap-tado para bebés, apesar doseu já conhecido papel na re-gulação de uma flora intesti-nal saudável. Mas o impactodos oligossacarídeos de leite

humano vão além disso: po-de reduzir o risco de infeçõese ajudar a controlar o cresci-mento das bactérias no in-testino e sistema urinário,como apresentou Lars Bode,investigador no Departa-mento de Pediatria da Uni-versidade da Califórnia.

Os componentes do leitematerno, muitos deles nãoreplicados nas fórmulas desubstituição, têm um papelimportante na formação demielina, uma substância queenvolve as células nervosas(e particular os axónios) eque é responsável pela con-dução dos impulsos nervo-sos. As crianças amamenta-das, por oposição às que be-beram fórmula desubstituição, têm ummaior desenvolvimento

de massa branca do cérebroe uma maior formação demielina, concluiu Sean Deo-ni, investigador no Departa-mento de Radiologia Pediá-trica no Hospital Pediátrico(Colorado, Estados Unidos).Esta massa branca está asso-ciada a melhorias nos de-sempenhos cognitivos ecomportamentais.

E quando não está disponível?

O leite materno é a melhoropção, mas o que fazerquando o leite materno nãoestá disponível? Uma das hi-póteses é recorrer a bancosde leite materno. Mas tam-bém aqui é necessário au-mentar os conhecimentos,porque quando o leite é pas-teurizado (para evitar passaruma infeção ao bebé) muitosdos componentes mais im-portantes do leite são perdi-dos, incluindo as bactérias.

Recentemente tornou-seclaro que o leite humanocontém uma grande varie-dade de micróbios (cerca de700), muitos dos quais nãotêm origem na pele da mãeou na pele da criança. Em al-ternativa, os dados sugeremque muitos desses micróbios

têm origem no trato gas-trointestinal da mãe”, referiuno resumo da apresentaçãoJosef Neu, investigador naUniversidade da Florida.

Para evitar o tratamentotérmico do leite, com vista auso posterior, Susanne Her-ber- Jonat, investigadora daUniversidade Ludwig Maxi-milians de Munique, apre-sentou o caso do banco deleite materno de Munique,onde as dadores extraem oleite materno sob supervisãode uma assessora de aleita-mento em condições esté-reis. Posteriormente, o leitematerno é submetido a umcontrolo, como o das doa-ções de sangue, e é refrigera-do.

As apresentações destesimpósio permitem reforçara importância do aleitamen-to materno, não só em ter-mos nutricionais, mas tam-bém os efeitos protetivosdesse leite.

A Organização Mundialda Saúde recomenda o alei-tamento materno, em exclu-sividade, durante os primei-ros seis meses de vida do be-bé e depois da introduçãodos sólidos até aos dois anosde idade ou mais.

O leite da mãe até aos 6 meses de idade, faz crescer bem o bebé e protege-o das doenças.

O aleitamento materno

reduz o risco de cancro

da mama

n O aleitamento materno re-duz o risco de cancro da ma-ma, defendeu este mês uminvestigador espanhol, afir-mando que permite à glân-dula mamária completarum ciclo que começa na ges-tação.

O aleitamento materno reduzo risco de cancro da mama,afirmou esta segunda-feiraum investigador espanhol,afirmando que permite àglândula mamária completarum ciclo que começa na ges-tação e que interromper aamamentação pode facilitar oaparecimento do cancro.“Amamentar os filhos é con-cluir o ciclo fisiológico funcio-nal da glândula mamária eproteger a mulher do cancroda mama,” assegura o presi-dente da Fundação InstitutoValenciano de Oncologia(IVO) e vice-presidente da As-

sociação Espanhola Contra oCancro (AECC), AntónioLlombart, em declarações àagência EFE.O especialista explicou que asecreção látea “é um produtofinal do que constitui a funçãofisiológica da glândula mamá-ria.”“Interrompê-la no momentoem que funciona no seu mo-mento alto de expressão con-diciona a aparição de altera-ções na vida das células daglândula com mortes preco-ces que podem iniciar fenó-menos de mutações oncogé-nicas,” acrescentou.Segundo Llombart, o aleita-mento materno beneficia nãosó o filho, que recebe atravésda mãe uma imunidade que oprotege de várias doenças,“como a própria mãe, que vaicompletar o ciclo da glândulamamária durante a gestaçãocom a secreção láctea.”

Vera NoVais

No Xi simpósio internacional de aleita-

mento Materno, em Berlim.

O leite materno está cheio

de bactérias e isso é bom.

Além disso, tem muitos nu-

trientes que têm uma fun-

ção nutricional, mas tam-

bém um papel protetor e

promotor da saúde.

A descoberta recente de leptina e grelina

no leite materno, duas hormonas relacio-

nadas com o controlo do apetite, podem

condicionar favoravelmente o controlo do

apetite na vida futura da criança.

17DermAtologiAJSA Abril 2016

n Na edição do Jornal daSaúde nº 50, de Maio de20141, publicámos uma ex-periência na aplicação doaloé vera e mel nos queima-dos, no Hospital 17 de Se-tembro, no Sumbe. Entre ospacientes tratados, observá-mos, no entanto, em três de-les, que a sua doença tinhaoutra etiopatogenia, diferen-te das queimaduras por in-flamáveis. São as denomina-das toxidermias: doençasque surgem a partir de pro-dutos químicos, medica-mentos e infecções secun-dárias, ou primárias, sobretudo a partir do estafilococoaureus. A propósito destefacto, procedemos a uma re-visão bibliográfica do ano2002 que não fora publicada.Entretanto, a partir do co-nhecimento desta experiên-cia no hospital 17 de Setem-bro, fui contactado, em 2013,por um familiar de umdoente que apresentava le-sões similares à toxidermia,ou, como referiu na ocasião,tinha "Cobra Seca".Ora, este acontecimento

levou-nos fazer uma novarevisão deste tema, que, em-bora pouco frequente, é su-mamente grave, e precisa deassistência médica imediatae do nível máximo assisten-cial. Frequentemente nãopensamos nela quando aenfrentamos de início, e,portanto, também se dei-xam de aplicar as medidas

pertinentes assistenciais ede evacuação estabelecidas.Acresce que os terapeutastradicionais muitas vezes sevêem impossibilitados degerir adequadamente estadoença, razão pela qual é tãotemida no seu seio. Continuamos neste nú-

mero o artigo iniciado na úl-tima edição, de Março.

PATOGENIAAo espectro clínico do com-plexo Necrólise EpidérmicaTóxica (NET), Síndrome deStevensJohnson (SSJ), Sín-drome da Escaldadura daPele (SSSS), Eritema Multi-forme major (EMm) corres-ponde também um espectrohistopatológico. As lesõesmicroscópicas são encon-tradas nas camadas inferio-res da epiderme e nas cama-das superiores da derme(derme subpapilar e dermesuperficial).Necrose de cerationóci-

tos por apoptose parececonstituir o elemento essen-cial da patogenia deNET/SSJ. Recorde-se que aapoptose é um dos mecanis-mos fisiológicos envolvidosna morte programada dascélulas que permite garantira homeostasia em vários te-cidos, através da remoçãodas célulasdesnecessárias/indesejá-veis. Na pele, a lesão típica é

uma pápula eritemato-ede-matosa que, ao se estenderperifericamente, passa aconstituir a típica lesão “emalvo”, acompanhada de febrealta. Há presença de vesícu-las flácidas, “rash” cutâneoeritematoso, levemente ede-matoso (a pele parece estarsob tensão) que logo serásubstituído por descola-mento típico, como se fosseum grande queimado. O si-nal de Nikolsky traduz-se emóbito com facilidade. Tantoem NET podem ocorreráreas com bolhas, seme-lhantes as da SSJ, como naSSJ podem se encontraráreas de pele escaldada na-da diferentes do que ocorrena NET. Por isso, aceita-se apresença de “overlap” emmuitos destes doentes.

DIAGNÓSTICO E DIAGNÓSTICO

DIFERENCIALAs dificuldade clínicas paradiferenciar as Toxidermias,principalmente a NET, aSSSS e a SSJ, assim tambéma SSJ de EMm, e o facto de sódispormos da biopsia comoexame anátomo-patológicoe método diagnóstico labo-ratorial e também sabermosque as mesmas alteraçõeshistopatológicas podemocorrer em todo o espectropatológico, limitando assimseu valor diagnóstico dife-rencial, tem obrigado a con-sideração clínica actual deum mesmo processo etipa-togénicos dentro das toxi-dermias e inclusive aceita-sea existência do “overlap”. Em relação à identifica-

ção de drogas causadoras deNET/SSJ, os testes epicutâ-neos, somente em casos iso-lados foram positivos.

TRATAMENTOA partir da década dos anosnoventa foi aceite consen-sualmente que há necessi-dade de internar estes pa-cientes em hospitais de refe-rência, nomeadamente emunidades de atendimento aqueimados. Pacientes com NET/ SSSS

/SSJ precisam de receber osmesmos cuidados que sãooferecidos aos grandes quei-mados, a saber: manuten-ção em ambiente húmido,adequada correcção da per-da de electrólitos, garantiade ingestão calórica alta, cui-dados preventivos para evi-tar a septicemia. Além disso,devem ter assistência daequipa multidisciplinar,com enfermagem especial-mente treinada e médicosde várias especialidades: clí-nico, infectologista, intensi-vistas, dermatologista, cirur-gião (desbridamento das le-sões) e oftalmologista. A questão do uso de corti-

cóides continua a gerar po-lémica (inclusive até 2010),não havendo, todavia, ne-nhum consenso em torno aseu uso na NET e SSJ. O seuuso, rotineiramente aceite,foi questionado a partir dametade dos anos oitenta, so-

bretudo pelo grupo do hos-pital Mondor, de Paris, oqual passou a contra-indicá-los; a posição deste gruponão se alterou, até o mo-mento. Mas na literatura es-pecializada recente os corti-cóides voltaram a ter muitosdefensores. Brand & Ruhr,na Austrália, e o grupo daNorthwestern, de Michigan.Uma linha de investiga-

ção terapêutica tem sidotentada com o emprego dasimunoglobulinas intraveno-sas, com comunicações iso-ladas de sucesso, tanto emSSJ como em NET, o que tor-na precipitada sua incorpo-ração à prática médica. Apentoxilina foi empregadacom sucesso em dois casosde “overlap” NET/SSJ; o em-prego de filme sintético paraprotecção da pele (biobra-ne), foi útil em três casos deNET.O uso de ciclosporina A

em NET, em dose de3mg/k/dia, em duas toma-das, permitiu a recuperaçãomais rápida do que a habi-tual, praticamente sem efei-tos colaterais. Mesmo empacientes que apresentamquatro órgãos envolvidos, arecuperação foi conseguida,o que justifica a ampliaçãodo emprego de ciclospori-nas A, não só em NET, comotambém em SSJ.O emprego de plasmafé-

rese não teve sucesso.Os cirurgiões oftalmoló-

gicos afrontaram às sequelasdeixadas pelas lesões ocula-res de NET/SSSS/SSJ, nota-damente pelas possibilida-des do uso de transplantes eo desenvolvimento de váriastécnicas cirúrgicas na recu-peração das estruturas ocu-lares danificadas.

Na próxima edição de Maioleia a II Parte - Revisão bi-bliográfica até 2010, dos últi-mos 15 anos. Toxidermias.Síndrome de Stevens-John-son e Necrólise EpidérmicaTóxica - Estudo de 20 doentesinternados na unidade dequeimados do Hospital SãoJosé, nos últimos 15 anos,com o diagnóstico de SSJ, SSou NTE.

Monografia

FloRENtINo F. FERNáNdEz CuE

Médico

A propósito de três pacien-

tes portadores de toxider-

mia tratados no hospital 17

de Setembro, Sumbe, Cuan-

za Sul, em 2001-2002 e de

um outro paciente fortuito

em 2015.

A propósito da doença tra-

dicional “cobra seca”. Revi-

são da literatura até 2010.

(Continuação da matéria iniciada

na edição anterior, de Março)

Apesar da adopção de procedimentos mais adequados para o ma-

nejo de pacientes com NET/SSJ, a letalidade e as sequelas conti-

nuam elevadas. Em NET, o percentual de óbitos vai de 25 a 40%,

conforme se pode verificar nas diferentes casuísticas que foram pu-

blicadas, enquanto em SSJ é bem menor, variando de zero a 20%.

Quando SSJ é desencadeada por infecção prévia pelo M. pneumo-

niae, a evolução é bem favorável, com recuperação da maioria dos

pacientes (65).

Uma experiência de 10 anos, com 39 pacientes de NET consecuti-

vamente atendidos num serviço de queimados (Harvard, Boston),

permitiu o estudo de 28 variáveis, sendo definidos como maiores

factores de risco: a idade do paciente, o atraso no encaminhamento

para o internamento e o aparecimento de trombocitopenia. Inte-

ressante destacar que, dez anos antes, os factores de risco incluíam

também a idade, o atraso no internamento e a utilização de corti-

cóides.

A causa de morte presumida foi falência de múltiplos órgãos, con-

firmado pela autópsia, realizada em todos os falecidos. Nos órgãos

em falência não foi demonstrada a participação de agentes micro-

bianos.

No Hospital Modor de Paris, no acompanhamento de 165 pacien-

tes, foram anotados os factores de risco da idade, deslocamento

cutâneo acima de 10%, taquicardia, elevação de ureia e/ou glicemia,

coexistência de malignidade.

No Hospital Pontevedra, Espanha, no acompanhamento de 203 pa-

cientes, dos quais 113 puderam ser aproveitados para o estudo, 74

NET e 39 de SSJ, todos os pacientes haviam tido quadros desenca-

deados por drogas. Em 64 casos a droga suspeita foi logo suspensa

e, em 49, a suspensão foi tardia. Neste segundo grupo, a ocorrência

de óbitos foi significativamente maior do que no primeiro.

A presença de dispneia e/ou alterações gasométricas, mesmo não

se tendo apresentado nos estudos referidos a avaliação directa da

árvore respiratória, foi encontrada abundante descamação e secre-

ção na árvore respiratória em 10 pacientes. Destes, resultaram se-

te óbitos!

Pacientes infectados pelo VIH fazem NET/SSJ com maior frequên-

cia do que aquela que ocorre na população em geral e, além disso, o

percentual de óbitos é elevado.

Quando a evolução é favorável e há recuperação do paciente, ainda

restam sequelas a serem tratadas. As mais graves são as oculares.

Outros mais esporádicos são: o estreitamento esofágico, hemato-

colpo resultante de sinequia do intróito vulvar, fimoses, apareci-

mento de nevos pigmentares múltiplos e dermatite recidivante.

Evolução eprognóstico

Toxidermia ou cobra seca: revisão da literatura

(Nota da Redacção) 1- Esta edição é acessível na Internet através do link: http://www.jornaldasaude.org/edicoes/Maio2014.pdf

18obeSidAde Abril 2016 JSA

Inimigos da actividade física na infância

n As crianças são natural-mente activas, logo desde abarriga da mãe. Contudo,nas sociedades actuais, a ac-tividade física tem de dispu-tar o seu espaço nos dias dascrianças. A televisão, oscomputadores e os videojo-gos estão entre as activida-des que competem pelaatenção das crianças e aca-bam por torná-las mais inac-tivas. Mas a actividade físicaenfrenta também outros ini-migos durante a infância.Saiba quais são os mais co-muns e como combatê-los.

Inimigo número 1 da actividade física: o ecrã

Qualquer actividade que en-volva um ecrã constitui umobstáculo à actividade física.Ver televisão, usar o compu-tador, jogar videojogos ouaté mesmo usar um telemó-vel são actividades que afas-tam as crianças de outros ti-pos de brincadeiras e man-têm a criança sentada ouparada durante longos pe-ríodos de tempo. Isto signifi-ca que a criança reduz aquantidade de tempo quepassa em actividades maismovimentadas e por isso re-duz também o seu gasto deenergia.

Para além da redução dogasto de energia da criança,que pode contribuir para aobesidade, as actividadesque envolvem o ecrã podemter outras consequências

negativas para o desenvolvi-mento e a saúde da criança.Por exemplo, tem sido de-monstrado que ver televisãoantes dos 2 anos de idadepode afectar o desenvolvi-mento da linguagem e tam-bém reduzir a capacidadede atenção da criança no fu-turo.

Sugestões para combatereste inimigo

O tempo que a criança passaem actividades que envol-vem ecrãs é um hábito quese aprende desde a mais ten-ra idade. Na correria do dia adia, é fácil que os adultoscaiam na tentação de utilizara televisão como ama en-quanto estão ocupados comoutras tarefas. Para conse-guirem promover um estilode vida activo e saudável nassuas crianças é necessárioter bem claras as recomen-dações dos especialistas:— As crianças com menosde dois anos não devem en-volver-se em actividadescom ecrãs. — As crianças com dois acinco anos devem ter um li-mite de uma hora para otempo passado em activi-dades que envolvam ecrãs,como ver televisão.— As crianças não devemter televisão no quarto dedormir.

Não é só o tempo que im-porta. Os programas que acriança assiste e os jogos ououtras actividades às quais acriança tem acesso tambémdevem ser alvo de supervi-são por parte dos pais e deoutros adultos que cuidemda criança.

Por outro lado, para man-ter a tendência natural dacriança para ser activa, nãobasta reduzir o tempo de tele-visão, é preciso colocar à suadisposição actividades diver-tidas e condições para se mo-vimentar! Dar o exemplo eparticipar em algumas dessasactividades, demonstrando o

quanto é agradável e diverti-do ser activo também é muitoimportante para que a crian-ça prefira uma vida activa.

Outros inimigos da actividade física

Para além de competir comas actividades com ecrãs, aactividade física enfrentaoutros desafios, como a dis-ponibilidade de tempo, deespaços, ou de segurança.Disponibilidade de tempo:os horários de trabalhopreenchidos dos pais e aslongas deslocações entre otrabalho e a casa reduzem otempo que os pais têm dis-ponível para levar a criançaa espaços onde possa movi-mentar-se livremente.Sugestões para combatereste inimigo:para enfrentareste desafio é necessário in-cluir a actividade física na ro-tina da família e garantir-lheum tempo diariamente. Re-servar um ou dois dias porsemana para irem ao par-que, envolver a criança emtarefas domésticas, usar asescadas, ir a pé para a escolaou à loja do bairro, ou proporà criança actividades quepodem ser realizadas dentrode casa, como dançar, são al-gumas sugestões para en-frentar a falta de tempo.Disponibilidade de espaço:a falta de espaço em casa ou

na vizinhança para a criançase movimentar livrementeou a insegurança dos espa-ços constituem tambémobstáculos importantes paraa actividade física.Sugestões para combatereste inimigo:mais uma vezo truque é ser criativo! Emcasa, a solução é procurarespaços onde possam, porexemplo, afastar uma mesade apoio por alguns minutosou até por alguns dias.

Jogar jogos tradicionaisque não exijam espaços mui-to alargados, como o “Maca-quinho do Chinês”, pode seruma solução para consegui-rem brincar ao ar livre. Porfim, reservar um tempo nosfins de semana para um pas-seio mais longo em famíliatambém é uma boa medida.Assim, podem encontrar lu-gares agradáveis para faze-rem juntos actividades queenvolvam movimento.Tempo passado em espa-ços ou equipamentos quelimitam os movimentos:actualmente existe umagrande disponibilidade deequipamentos atraentes pa-ra transportar ou alimentara criança ou apenas mantê-la entretida e em segurança.Os parques, carrinhos depasseio, cadeiras de comerou espreguiçadeiras são al-guns exemplos desse tipo de

equipamentos. São um bomaliado dos pais porque ga-rantem a segurança dacriança mesmo quando ospais não têm a possibilidadede a supervisionar a todo ominuto. Mas podem trans-formar-se num inimigoquando utilizados por lon-gos períodos ou várias vezesdurante o dia.Sugestões para combatereste inimigo:O truque é ga-rantir que a criança não pas-sa muito tempo seguidocom os seus movimentos li-mitados e que os pais ou ou-tros adultos que cuidam dacriança vão alternando otempo passado nesses equi-pamentos com tempo pas-sado numa manta ou sim-plesmente no chão a gati-nhar ou caminhar.

Bibliografia consultada:1. Hunt Candida; RudolfMary. Tackling childhoodobesity with HENRY. Leeds,UK: Unite/CommunityPractitioners’ and Health Vi-sitors’ Association, 2008.2. Institute of Medicine. Ear-ly Childhood Obesity Pre-vention Policies. Washing-ton, DC: The National Aca-demies Press, 2011.3. American Academy of Pe-diatrics. Children, adoles-cents, and television. Pedia-trics 2001; 107: 423-426.

Não se esqueça, as crianças são naturalmente activas. Mas, para usarem essa tendência natural, têm de ter oportunidades e têm de aprender que é divertido. Reserve tempo, espaço e divertimento diariamente para a actividade física da sua criança.

É necessário incluir a actividade física na rotina da família e garantir-lhe um tempo diariamente. Reservar um ou dois dias por semana para irem ao parque, envolvera criança em tarefas domésticas, usar as escadas, ir a pé para a escola ou à loja do bairro

Isabel loureIro

Professora Doutora

Médica de saúde Pública, Professora Ca-

tedrática, escola Nacional de saúde Públi-

ca, universidade Nova de lisboa

aNa rIta Goes

Mestre Psicóloga, Investigadora, Faculda-

de de Psicologia, universidade de lisboa

Mestre GIsele CâMara

Nutricionista, bolseira de Investigação, es-

cola Nacional de saúde Pública, universi-

dade Nova de lisboa

A actividade física é essen-cial para o crescimento sau-dável e para o desenvolvi-mento da criança. Durante ainfância, brincar é a melhorforma de fazer actividade fí-sica.

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20reSponSAbilidAde SociAl Abril 2016 JSA

A estratégia de investimento social da BP Angolan Os projectos de investi-mento comunitário e socialda BP Angola visam contri-buir para o desenvolvimen-to nacional, através da pro-moção do capital humanonas comunidades e institui-ções angolanas. De acordocom o relatório de sustenta-bilidade publicado pela em-presa, esta intervenção as-senta no pressuposto de queos países e comunidadesonde a BP opera devem be-neficiar da sua presença –através do petróleo que pro-duzem, os impostos que pa-gam, a riqueza e postos detrabalho criados, a transfe-rência de conhecimentos, acapacitação e o investimen-to nas pessoas.

Os investimentos sociaisincidem em três grandesáreas:— Educação— Desenvolvimento em-

presarial— Desenvolvimento institu-

cionalPara além destes, a com-

panhia apoia projectos rela-cionados com a saúde, se-gurança e ambiente, em quehá uma partilha significativade benefícios para a BP e ascomunidades locais.

Um modelo de parceriaPara realizar os projectos eprogramas, a BP Angola in-variavelmente trabalha comparceiros estratégicos queimplementam os projectosque financiam. Por outraspalavras, procuram envol-ver os potenciais beneficiá-rios, a fim de os capacitar epromover a sustentabilida-de do projecto.

Esta abordagem tem vin-do a incentivar a participa-ção de todos os parceiros so-ciais, tais como implemen-tadores, beneficiários,governo, organizações aca-démicas e religiosas, ONGse o sector privado. A equipade redacção do Jornal daSaúde tem acompanhado,ao longo dos últimos anos,os projectos sociais e é teste-munha do envolvimentofranco e transparente, atra-vés do diálogo e consultacom o governo, das comuni-

dades e outros representan-tes da sociedade civil.

Projectos em 2015Em 2015, a empresa dedi-cou cerca de 6,4 milhões dedólares no financiamentode 15 programas sociais quebeneficiaram organizaçõese comunidades em 10 pro-víncias. Entre estes desta-cam-se a implementação deum laboratório de simula-ção médica na faculdade demedicina da UAN, a conser-vação das tartarugas mari-nhas, em parceria com a fa-culdade de biologia da UAN,os mestrados em direito de

petróleo e gás, e em gover-nance e gestão ambientalcom a mesma universidade,a construção e reabilitaçãode três escolas do primeiro esegundo ciclo, num total de42 salas de aula, o apoio aoPetro Atlético do Huambo,programas sanitários e deágua potável, entre outros.

Apesar da conjuntura de-pressiva que o país atravessa,a BP Angola mantém, em2016, o seu nível de investi-mento em projectos sociais.A manutenção do apoio aosnossos atletas paralímpicosnos próximos jogos do Rio deJaneiro é disso um exemplo.

O laboratório de simulação médica financiado pela BP Angola – o único existente no país – foi instalado na Faculdade de Medicina, da Universidade Agostinho Neto,

em Luanda, em Março do ano passado. Dispõe de várias componentes práticas simuladoras, com as quais os estudantes, com recurso a bonecos (manequins) adapta-

dos a situações clínicas, desenvolvem manobras médicas muitas vezes de alto risco. Os manequins são de alta tecnologia e de programação electrónica avançada, o

que lhes permite falar e interagir com os estudantes e técnicos de saúde como se de verdadeiras pessoas se tratassem. De acordo com o ministro do Ensino Superior,

Adão do Nascimento, na cerimónia de inauguração, o equipamento “vai melhorar as habilidades dos estudantes perante situações médico-cirúrgicas que possam

ocorrer em determinadas etapas da sua formação e, mais tarde, no exercício da sua profissão, diminuindo o erro médico”

Rui MoReiRa de Sá

Angola continua a enfrentar desafios sociais, incluindo a

pobreza e condições de vida que limitam oportunidades

para muitas pessoas. Embora existam muitos desafios

em áreas urbanas, incluindo Luanda, alguns dos proble-

mas mais graves ocorrem em áreas rurais distantes da

capital.

Os projectos que a BP Angola e seus parceiros apoiam

procuram contribuir para o desenvolvimento e a redu-

ção da pobreza e abrangem iniciativas práticas, como a

melhoria do acesso a serviços básicos (tais como esco-

las, centros sociais, ou hospitais) e ajuda às pessoas na

sua vida privada – através do apoio às vítimas de violên-

cia ou da prestação de serviços de reabilitação.

Os projectos na área da saúde incluíram a remodelação

de hospitais e instalações de cuidados de saúde, a realiza-

ção de exames médicos e consultas em comunidades

rurais e o apoio à melhoria de infraestruturas que resul-

taram no acesso a água potável e melhor saneamento.

Os projectos ambientais incluíram a iniciativa Namibe Ver-

de, que apoia a plantação de árvores para criar um melhor

ambiente e qualidade de vida para a população local, na ci-

dade de Namibe. Também apoiam um projecto para pro-

teger as tartarugas marinhas nas águas angolanas.

Para promover a segurança, a BP investe em projectos

de sensibilização sobre a segurança rodoviária na comu-

nidade, tais como, workshops de segurança rodoviária

com grupos de automobilistas, feiras ao ar livre, campa-

nhas de sensibilização nas escolas, institutos e universida-

des. Para além dessas actividades, dispõem de programas

internos para melhorar a segurança rodoviária, concebi-

dos para dar cumprimento às normas de condução se-

gura da BP, que estabelecem requisitos para condutores

e veículos.

Capacitar as populações e instituições locais para torná-las mais auto-suficientes

Os projectos na área

da saúde incluem a

remodelação de hos-

pitais e instalações de

cuidados primários, a

realização de exames

médicos e consultas

em comunidades ru-

rais e o apoio à me-

lhoria de infraestru-

turas que resultaram

no acesso a água po-

tável e melhor sanea-

mento. Na imagem,

um técnico do labo-

ratório do hospital

Divina Providência,

apetrechado pela BP

Angola, com amos-

tras de sangue colhi-

das nessa manhã

Ciclistas solidários

O director desportivo do

Sport Luanda e Benfica de

Luanda, Carlos Araújo, des-

tacou a participação de ci-

clista em actividades de

apoio a luta contra o can-

cro da pele no país. Consi-

derou que os ciclistas são

ideais para passar a mensa-

gem de prevenção desta

doença, pelo facto de trei-

nam em horários que coin-

cidem com o período de

maior intensidade do sol e,

portanto, mais propensos a

contraírem o cancro da pe-

le, também conhecido de

melanoma.

Diagnóstico precoce

Fez saber que a actividade

visou homenagear todos

que padecem desta doença

e mobilizar apoios da socie-

dade para esta causa, bem

como informar as pessoas

que, hoje em dia, há deter-

minadas doenças que, a se-

rem diagnosticadas preco-

cemente, podem ser cura-

das.

JSAAbril 2016 22Saúde Cuanza norte

n Promovida pela da LigaAngolana Contra o Cancro(LACC), a palestra visou elu-cidar os participantes sobreas formas de prevenção etratamento da doença.Na sua dissertação, o secre-tário para informação e in-tercâmbio da LACC, AdãoAmbrósio Casimiro, aconse-lhou as mulheres a estarematentas a sinais que indiciemo surgimento do cancro damama.

“Diante de um espelhocom braços ao longo do cor-

po, as mulheres devemcomparar as mamas, verifi-cando modificações de con-torno e forma, repetindo amesma observação com osbraços levantados e as mãosatrás da cabeça”, explicou.

Frisou que o autoexamemensal constitui o métodomais eficaz de luta contra ocancro e que deve ser feitocom especial realce, caso te-nha antecedentes familiaresdirectos com algum tipo decancro.

Incentivou as mulheres aaderirem às consultas derastreio do cancro da mamae do útero, uma das causasde mortalidade materna nafase reprodutiva.

Esclareceu a necessidadedo autoexame mensal damama, no oitavo dia após ociclo menstrual, ou a esco-lha de um dia certo em casode ausência da menstrua-ção, para as mulheres commais de 18 anos.

Apontou como factoresconcorrentes ao cancro damama o não ter filhos, ou ter

a primeira gravidez depoisdos 30 anos de idade, ter aprimeira menstruação antesdos 12 anos, menopausa tar-dia e uso prolongado de an-ticoncepcionais hormonais.

Salientou que o cancro damama é o tipo de cancromais comum entre as mu-lheres e corresponde à se-gunda causa de morte no se-xo feminino. Durante oevento, foram ainda dados

esclarecimentos sobre ou-tros tipos de doenças cance-rígenas com destaque paraas da pele, do útero e dapróstata.

A palestra que decorreuno anfiteatro da Escola deFormação de Técnicos deSaúde Arminda Faria, emNdalatando, contou com aparticipação de estudantesdeste estabelecimento deensino e dos cursos de saúde

pública e análises clínicas doInstituto Superior Politécni-co do Cuanza Norte.

O programa da 3ª ediçãoda “Volta às Terras do Café”em bicicleta tem como des-taque uma corrida em bici-cleta, com a participação de26 ciclistas, que passará pe-las províncias do CuanzaNorte, Uíge, Bengo e Luan-da, numa iniciativa daquelainstituição, em parceria como Sport Luanda e Benfica.

A província do CuanzaNorte acolhe três das oitoetapas da prova, nomeada-mente, a primeira, do Don-do a Ndalatando, num per-curso de 75 quilómetros, asegunda, que arranca a 15de Maio, domingo, de Nda-latando à Camabatela, numpercurso de 181 quilómetrose a terceira de Camabatela(Ambaca) ao Negaje (Uíge),com 54 quilómetros.

A corrida que decorre sobo lema “Pedalando contra ocancro da pele” vai percorrer870 quilómetros, em novedias.

Diniz Simão

Uma palestra sobre o can-

cro da mama realizou-se es-

te mês, em Ndalatando, pro-

víncia do Cuanza Norte, in-

serida no programa de

actividades da 3ª edição da

"Volta às Terras do Café" em

bicicleta, em apoio à luta

contra o cancro.

A glicemia é a concentração de glicose nosangue ou, mais precisamente, no plasma.A glicose é um monossacarídeo (açúcarsimples) usado pelo organismo comoprincipal fonte de energia para o corpo. Éobtido através dos alimentos, onde existeem forma de moléculas mais complexas.O nível normal de glicose é abaixo de 110mg/dl. Quando o seu nível de glicemia estáalto (hiperglicemia) poderá sentir qual-quer um destes sintomas: boca seca, sede,urinar frequentemente, cansaço e visãoturva. Se sentir qualquer um destes sinto-mas, confirme imediatamente os seus va-lores de glicemia. A manutenção da glice-mia em valores fora do padrão normal,tanto para mais quanto para menos, acar-reta em uma série de complicações à saú-de, além da diabetes.

O hospital municipal de Amba-

ca, Cuanza Norte, realizou este

mês, no centro da vila de Cama-

batela, uma campanha de ras-

treio da glicemia, no âmbito do

acesso aos cuidados primários

de saúde.

A campanha foi liderada por umaequipa médica constituída por quatrotécnicos, coordenada por um espe-cialista em clínica geral que, para alémdo rastreio de glicemia, efectuou tam-bém testagem voluntária de VIH/Sida,bem como a medição da tensão arte-rial, um problema que, nos últimostempos, tem vindo a preocupar as au-toridades sanitárias locais.

Sem precisar números, João Alber-to, coordenador da campanha, mani-festou-se satisfeito com a adesão dapopulação, facto que demonstra a suapreocupação em saber do seu estadode saúde, visando prevenir e evitardoenças.

O também administrador do hos-pital de Ambaca disse que quando asdoenças são descobertas precoce-

mente, o seu tratamento é mais fácile menos oneroso. Por isso, as consul-tas de rotina são fundamentais paraevitar a evolução silenciosa de doen-ças, como a hipertensão e diabetes.

Fez saber que a unidade vê naaproximação dos serviços de saúde,

por via de campanhas nas comunida-des, como forma de levar as pessoasque não acorrem ao hospital, por nãosentirem dores, realizarem testes esaber do seu estado de saúde, acres-centando que, em caso de diagnosti-car um problema, o hospital está

pronto para efectuar o devido acom-panhamento.

Foram ainda distribuídos cerca demil preservativos e panfletos sobre aimportância de medir a tensão arte-rial, a glicemia e efectuar a testagemvoluntária do VIH/Sida.

Hospital de Ambaca realiza campanha de rastreio de glicemia

O que é a glicemia?

Quando as doenças são descobertas precocemente, o seu tratamento é mais fácil e menos oneroso. Por isso, as

consultas de rotina são fundamentais para evitar a evolução silenciosa de doenças, como a hipertensão e diabetes

Diante de um espelho, com braços ao longo do corpo, as mulhe-

res devem comparar as mamas, verificando modificações de

contorno e forma, repetindo a mesma observação com os bra-

ços levantados e as mãos atrás da cabeça

Estudantes são esclarecidos sobre o cancro da mama

23MALÁRIAJSA Abril 2016

Porque é que os mosquitos picam algumas pessoas e não outras?

nNão é o único. Estima-seque os mosquitos conside-rem 20 por cento da popula-ção particularmente delicio-sa, pelo que esta percenta-gem de pessoas é picada deforma mais frequente e con-sistente. Apesar de a ciênciaainda não ter encontradouma cura para o problema,para além da prevençãoatravés do uso de repelente(ao qual, segundo foi recen-temente revelado, algunsmosquitos podem tornar-seimunes), já desvendou al-guns factores que poderãodeterminar a probabilidadede certas pessoas seremmais picadas do que outras.São eles:

Tipo de sangueNão surpreendentemente,já que, afinal de contas, osmosquitos picam-nos com oobjectivo de obter as proteí-nas no nosso sangue, as in-vestigações indicam quecertos tipos de sangue sãomais apelativos do que ou-tros. Um dos estudos obser-vou que, num ambientecontrolado, os mosquitospousaram em pessoas comsangue do tipo O quase duasvezes mais do que em pes-soas com sangue do tipo A.As pessoas com sangue dotipo B ficaram algures nomeio deste espectro. Ade-mais, cerca de 85 por centoda população possui umapredisposição genética paraproduzir uma secreção, atra-

vés da pele, que sinaliza oseu tipo de sangue, o quenão acontece nos restantes15 por cento. Os mosquitossentem-se mais atraídos pe-las pessoas que produzemeste tipo de secreções do quepelas que não produzem, in-dependentemente do seu ti-po de sangue.

Dióxido de carbonoUma das principais técnicasque os mosquitos usam paradefinir os seus alvos consti-tui cheirar o dióxido de car-bono emitido pela expira-ção, através de um órgão de-nominado palpo maxilar,podendo detectá-lo a atéquase cinquenta metros dedistância. Como resultado,as pessoas que, no mesmoespaço de tempo, expirammaiores quantidades de dió-xido de carbono – geralmen-te, as pessoas de maior porte– atraem mais mosquitos doque outras.

Exercício físico e metabolismoPara além de detectarem odióxido de carbono, a curtadistância, os mosquitos en-contram as suas vítimas pelocheiro do ácido láctico, áci-do úrico e amoníaco, entreoutras substâncias expelidasatravés da transpiração, sen-do também mais atraídospor pessoas com temperatu-ras corporais mais altas. Jáque o exercício físico intensoaumenta a acumulação deácido láctico e a temperaturado corpo, é provável quecontribua para que se tornemais apelativo para estes in-sectos. Enquanto isso, facto-res genéticos influenciam aquantidade de ácido úrico,entre outras substâncias na-turalmente emitidas, produ-zida por cada um, fazendocom que certas pessoas se-jam mais facilmente encon-tráveis pelos mosquitos.

Bactérias na peleOutras pesquisas sugeremque os tipos e volume debactérias encontradas natu-ralmente na pele humana

afectam o quão atractivossomos para os mosquitos.Segundo um estudo realiza-do em 2011, uma maiorquantidade de bactérias napele torna-a mais apelativa.No entanto, surpreendente-mente, uma grande quanti-dade de bactérias de umagrande diversidade de espé-cies parece tornar a pele me-nos atractiva. Pode ser porisso que os mosquitos ten-dem a picar mais frequente-mente tornozelos e pés, poisestes albergam colónias debactérias naturalmente maisrobustas.

Consumo de cervejaBasta consumir uma cervejapequena, de cerca de 34 cen-tilitros, para que se tornemais apelativo para estes in-sectos, segundo indica umestudo realizado pela Toya-ma Medical and Pharma-ceutical University, no Ja-pão. Suspeitava-se que istose devesse ao facto de o con-sumo de álcool aumentar a

quantidade de etanol expe-lida através da transpiração,ou de este aumentar a tem-peratura corporal. No entan-to, não foi encontrada ne-nhuma correlação funda-mentada entre estes factorese o número de picadas demosquitos, pelo que a suaafinidade pelos consumido-res de álcool permanece ummistério.

GravidezDiversas pesquisas concluí-ram que mulheres grávidasatraem aproximadamente odobro dos mosquitos. Pen-sa-se que tal suceda devidoà infeliz confluência de doisfactores: as grávidas expiramcerca de 21 por cento maisde dióxido de carbono e asua temperatura corporal é,em média, mais elevada.

Cor do vestuárioEmbora possa parecer ab-surdo, para além do olfacto,os mosquitos guiam-se pelavisão para encontrar os seus

alvos, pelo que usar coresque se destacam (preto, azulescuro ou vermelho) podetorna-los mais fáceis de en-contrar, segundo afirmou oentomologista James Day,da Universidade da Flórida,num comentário que fez pa-ra a rede de televisão NBC.

GenéticaEstima-se que a predisposi-ção genética constitua, aotodo, 85 por cento da varia-bilidade entre as pessoas noseu apelo aos mosquitos –independentemente de estaser expressa através do tipode sangue, metabolismo ououtros factores. Infelizmen-te, não foi (ainda!) encontra-da uma forma de alterar es-tes genes. No entanto...

Repelentes naturaisAlguns pesquisadores já co-meçaram a explorar as ra-zões pelas quais uma mino-ria da população parece nãoatrair praticamente mosqui-tos nenhuns, na esperança

de desenvolver a próximageração de repelentes de in-sectos. Através da utilizaçãoda cromatografia, para isolaros produtos químicos emiti-dos por estas pessoas, oscientistas do laboratório depesquisa Rothamsted, noReino Unido, determinaramque estas segregam certassubstâncias que os mosqui-tos não consideram apelati-vas. A potencial incorpora-ção destas moléculas na fór-mula de um avançadorepelente poderá permitiraté a uma grávida com tipode sangue O e vestida de pre-to afastar os mosquitos devez.

Autor do texto original: Jo-seph StrombergPublicado em: Smithso-nian.comhttp://www.smithsonian-m a g . c o m / s c i e n c e -n a t u r e / w h y - d o -mosquitoes-bite-some-people-more-than-others-10255934/?no-ist

Tradução e adaptação:

Madalena Moreira de Sá

Chega a casa, depois de

uma caminhada ao fim da

tarde, coberto de picadas

de mosquito que causam

uma comichão insuportá-

vel, enquanto os seus ami-

gos declaram inocentemen-

te que não foram picados de

todo? Acorda de manhã

com os tornozelos e pulsos

inflamados de tantas mordi-

das, ao lado do seu intocado

companheiro?

Tipo de sangue, metabolismo, exercício físico, cor do vestuário e até o consumo de cerveja são alguns dos factores que tornam as pessoas particularmente apelativas para os mosquitos.

Para além de detecta-rem o dióxido de carbo-no, a curta distância, osmosquitos encontram assuas vítimas pelo cheirodo ácido láctico, ácidoúrico e amoníaco, entreoutras substâncias expe-lidas através da transpi-ração, sendo tambémmais atraídos por pes-soas com temperaturascorporais mais altas

24 HIPERTENSÃO Abril 2016 JSA