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O RECADO DA TERRA 13 Em tempo Vale do Sol produz mel ecológico Página 10 Páginas centrais Promovendo o futuro Canjerana, guajubi, guabirobeira.... Mas que “bicho” é esse? São nomes de árvores nativas, aprenderam as crianças do culto infantil das comunidades evangélicas de Erexim, de Barra do Sarandi e de Aratiba (ligadas à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB). A atividade foi organizada pelo Capa, na Comunidade Luterana de Barra do Sarandi, próxima ao lago da barragem de Ita. As crianças, junto com seus pais, plantaram 70 mudas de árvores nativas. Ano XIV, número 30, dezembro de 2006 O tema trabalhado foi “A árvore é o sinônimo da vida”. As crianças plantaram mudas de angico-vermelho, canjerana, cedro, goiabeira, guabiju, guabirobeira, louro-pardo, paineira, pitangueira, quebra- machado, sibipiruna, uvaia, entre outras. As mudas de espécies nativas do Alto Uruguai foram fornecidas gratuitamente pelo Horto Botânico da Usina Hidrelétrica Itá. Agricultores confraternizam em Verê Página 4 Aumenta o uso de agrotóxico no RS Página 11 O campo que gera vida e renda Fotos Capa O campo que gera vida e renda

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O RECADO DA TERRA 13

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Vale do Sol

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Canjerana, guajubi, guabirobeira....

Mas que “bicho” é esse? São

nomes de árvores nativas,

aprenderam as crianças do culto

infantil das comunidades

evangélicas de Erexim, de Barra

do Sarandi e de Aratiba (ligadas à

Igreja Evangélica de Confissão

Luterana no Brasil – IECLB). A

atividade foi organizada pelo Capa,

na Comunidade Luterana de Barra

do Sarandi, próxima ao lago da

barragem de Ita. As crianças, junto

com seus pais, plantaram 70

mudas de árvores nativas.

Ano XIV, número 30, dezembro de 2006

O tema trabalhado foi “A árvoreé o sinônimo da vida”. Ascrianças plantaram mudas deangico-vermelho, canjerana,cedro, goiabeira, guabiju,guabirobeira, louro-pardo,paineira, pitangueira, quebra-machado, sibipiruna, uvaia,entre outras. As mudas deespécies nativas do Alto Uruguaiforam fornecidas gratuitamentepelo Horto Botânico da UsinaHidrelétrica Itá.

Agricultores

confraternizam

em Verê

Página 4

Aumenta o uso

de agrotóxico

no RS

Página 11

O campo

que gera

vida e renda

Fotos Capa

O campo

que gera

vida e renda

O RECADO DA TERRA 3Editorial

Neste número do Recado da Ter-ra estamos trazendo notícias sobreoportunidades de trabalho e rendano campo. Exemplos de grupos quelutaram muito pela construção decooperativas e de agroindústrias eque estão, devagarinho, começandoa colher frutos.

Por exemplo, algumas agroindús-trias estão finalizando o pagamentodos empréstimos e começam a re-munerar seus sócios. Também estãocriando novos empregos e terceiri-zando trabalho, onde antes não ha-via nenhuma possibilidade. A únicasaída sempre foi buscar alternativasna cidade. Mas está claro que podeexistir outro caminho, se houverunião e força dos grupos.

No entanto, ainda há muito o quefazer, especialmente no que se refe-re à burocracia. Assim como as inici-ativas comunitárias de geração derenda que atuam na área urbana, asorganizações no campo enfrentamas mesmas dificuldades, principal-mente nas questões de formato jurí-dico, comercialização e fiscalizaçãode higiene e saúde (na área de ali-mentação). É preciso adequar a le-gislação – para atender o tamanho eformato desses empreendimentos.

Criandopossibilidades

O Recado da Terra é uma publicação do Centro de Apoio

ao Pequeno Agricultor – Capa, que está ligado à Igreja

Evangélica de Confissão Luterana no Brasil.

Núcleos e coordenações

Núcleo Erexim/RS – Ingrid Giesel

[email protected]

Núcleo Marechal Cândido Rondon/PR – Vilmar Saar

[email protected]

Núcleo Santa Cruz do Sul/RS – Jaime Weber

[email protected]

Núcleo Pelotas/RS – Rita Surita

[email protected]

Núcleo Verê/PR – Rome Schneider

capa-verê@capa.org.br

Editora: Susanne Buchweitz (Reg. prof. 5788)

Jornalistas: Daniel Hammes e Batista Weber

Projeto gráfico e editoração: Cristina Pozzobon

Fotografias: Paulino Menezes, arquivo Capa, Fernanda

Finkler/Folha do Vale do Sol

O Recado da Terra circula duas vezes ao ano. Esta edição

foi impressa em dezembro de 2006. Para mais informa-

ções, acesse www.capa.org.br

Instituições parceiras do Capa

Fundação Luterana de Diaconia – FLD e Serviço das Igrejas

Evangélicas na Alemanha para o Desenvolvimento/

Evangelischer Entwicklungsdienst – EED

Adquirir alimentos emfeiras ecológicas, direta-mente do produtor, temvárias vantagens – inclusivesociais. Além de permitiruma dieta saudável, comprodutos ecológicos semagrotóxicos, você estaráfomentando a economialocal e estimulando a per-manência de pessoas nomeio rural. Em outras pala-vras: alimentar-se correta-mente e com produtosecológicos, além de fortale-cer o corpo, revitalizatambém a prática da cida-dania da qual estamos tãofamintos.

Fenômenos típicos dos pro-cessos de industrialização e ur-banização, bem como o ritmoalucinante em que o ser huma-no vive, estão levando a umaalimentação baseada em gran-des quantidades de alimentosindustrializados.

O conceito de qualidade naalimentação sofreu muitas trans-formações no decorrer dos anos.Inicialmente, características comoa aparência e o paladar bastavampara associar qualidade a um ali-mento. Com o refinamento,como ocorreu com a farinha detrigo, com o açúcar, o conceitode “pureza” e qualidade era as-sociado a todo alimento proces-sado industrialmente.

Hoje, a alimentação moder-na está gerando sérias conse-qüências, como baixa qualida-de dos produtos alimentícioscom relação à sua toxicidade,refletida no grande número deaditivos químicos sintéticos, re-síduos de agrotóxicos, proces-sos de refinamento, processa-mento, entre outros, bem comouma superalimentação protéicoanimal, excesso de calorias, con-sumo excessivo de sal, açúcar,gordura. A conseqüência é o au-mento de doenças crônico-degenerativas como diabetes,hipertensão, arteriosclerose,obesidade, entre outras. E, ain-da, uma insuficiência de fontesde vitaminas, sais minerais e defibras na nossa alimentação,

sendo necessária a comple-mentação com medicamentos,onde esta está ficando sempremais cara e sintética.

Uma alimentação saudávelnão se limita a “encher” o es-tômago. Além de responder àsnecessidades nutricionais,deve potencializar todas assuas funções biológicas vitais,bem como promover um bem-estar nos planos físico, men-tal e espiritual. E podemosbuscar isso através de uma ali-mentação mais saudável, na-tural e integral. Não basta ape-nas cultivarmos o propósito de“não morrermos pela boca” –podemos também obter qua-lidade de vida através do queingerimos.

Enquanto falamos de fome edesnutrição, poucos sabem quenos países ricos a alimentaçãoindustrializada está provocandodoenças crônicas gravíssimas,muito mais difíceis de solucionardo que os problemas relaciona-dos com a desnutrição.

Nossa alimentação é calcula-da apenas pela medição de ca-lorias ou pela ingestão adequa-da de nutrientes. Porém, denada adianta consumir mineraise vitaminas provenientes de umalimento contaminado comagrotóxicos ou com um de-sequilíbrio na proporção de seusnutrientes, o que torna esse ali-

Boa alimentação – umaprática de cidadania

mento incapaz de promover avitalização e de estimular o or-ganismo como um todo.

Sabemos o quanto os siste-mas de produção influenciam anossa alimentação. Precisamos,nós consumidores, conscien-tizar-nos da importância de umaalimentação livre de aditivos,tóxicos, alimentos geneticamen-te modificados e produzidos porsistemas de exploração do serhumano.

Uma dica prática é o con-sumidor buscar, na regiãoonde mora, feiras de produto-res ou associações de produ-tores ecológicos. Desta forma,o consumo de uma dieta equi-librada com produtos ecológi-cos na esfera regional contri-bui para estimular a perma-nência de pessoas no meio ru-ral e para fomentar a econo-mia local, bem como propici-ar, além de uma alimentaçãonatural e saudável, um alimen-to gerado de um processomais justo e solidário. Em ou-tras palavras: alimentar-se cor-retamente e com produtosecológicos, além de vitalizar ocorpo, revitaliza também aprática da cidadania da qualestamos tão famintos.

Valdete Jantsch, economistadoméstico, Capa Erexim

O bom alimento garante uma vida melhor

Foto Paulino Menezes/Capa Em

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Festa ecológicaNo dia 10 de setembro rea-

lizou-se, na localidade deCerrito, em Cachoeira do Sul –RS, o 7º Encontro de Agricul-tores Familiares Ecologistas. OGrupo Terra Viva recepcionouagricultores dos Vales do RioPardo e Taquari.

O evento teve como um dosdestaques o momento cultural.O Grupo Terra Viva apresentouem sua mística, de forma poé-tica, alguns elementos da na-tureza. A equipe técnica doCapa mostrou, de forma atra-tiva, em que consiste o cultivoagroecológico e o por que devalorizar esta “opção de vida.”

O evento reuniu aproxima-damente 150 agricultores fami-liares ecologistas. Este encon-tro, entre outros objetivos, visaa reunir as famílias, confrater-nizar, estimular a participaçãoe possibilitar momentos de en-tretenimento e bem estar, quetambém fazem parte dos prin-cípios da Agroecologia.

Outro

desenvolvimentoOs projetos e o trabalho do

Capa foram apresentados na ci-dade de Bagé – RS, no mês denovembro, dentro do seminário“Bagé, atual e futura”, que dis-cutiu alternativas de modelos dedesenvolvimento. O engenheiroagrônomo Ernesto ÁlvaroMartinez falou sobre a estruturado Capa, dividida em cinco nú-cleos, apresentando um pano-rama geral do trabalho que vemsendo realizado há 28 anos.

Parceria

com UERGSRepresentantes de alunos e

professores do curso deHorticultura da UniversidadeEstadual do Rio Grande do Sul– UERGS estiveram na sede doCapa Santa Cruz para discutiruma proposta de parceria. Comisso os estudantes, poderiamrealizar atividades acadêmicasde forma prática, além de es-tágios curriculares.

“A idéia é interessante e nosagrada”, confirmou o coorde-nador Jaime Weber. “É uma de-monstração de que a Universi-dade Estadual reconhece o nos-so trabalho e, por outro lado, éuma oportunidade concreta deaproximar e propor a interaçãoentre os acadêmicos e o traba-lho prático com os agricultores”.

Mudança de hábitosEm Saltinho – SC, as mulheres da

Ordem Auxiliadora de SenhorasEvangélicas – Oase – grupo muitoatuante da Igreja Evangélica de Con-fissão Luterana no Brasil – IECLB,resolveram experimentar uma mu-dança no seu tradicional café colo-nial. Assim, junto com a usualpolenta frita, costeletas fritas, quei-jo, pão, Cleci Koch – por solicitaçãodo Capa – discutiu e planejou comas mulheres da Oase a inserção deoutros itens mais naturais e maissaudáveis no cardápio.

Cucas, pães e tortas integrais,bolachas de girassol e pastéis inte-grais assados foram oferecidos paraas cerca de 200 pessoas que partici-param do café colonial. O retornofoi extremamente positivo. “Foi umpúblico interessante e uma boaoportunidade de conhecer a diferen-ça entre um alimento e outro, alémde despertar o gosto pelos produ-tos naturais e integrais”, confirmouValdete Jantsch, do Capa Erexim,que participou da proposta.

Plantar para colherEste foi o nome escolhido pelas

crianças da Creche Municipal BemMe Quer, em Santa Cruz do Sul –RS, para a horta ecológica desenvol-vida na instituição escolar e inaugu-rada no dia 2 de agosto. A inaugu-ração contou com a presença dosecretário municipal de Educação eCultura, Nasário Eliseu Bohnen, pro-fessores, pais, integrantes do Capae crianças da creche.

O projeto foi desenvolvido no in-tuito de fornecer uma alimentaçãomais sadia e ensinar o valor de seproduzir e consumir alimentos eco-lógicos, livres de adubos químicos,agrotóxicos e transgênicos. O “Plan-tar para Colher”, criado pelos profes-sores e pelos alunos (de 4 e 5 anos),vai beneficiar aproximadamente 200crianças atendidas pela creche.

Segundo a idealizadora Verônicade Fátima Queiroz, entre os principaisobjetivos estão o de “trabalhar com aagroecologia e mostrar para as crian-ças, bem como para toda a comuni-dade escolar, seus benefícios para amelhoria da qualidade de vida”.

Já o secretário Bohnen destacoua importância da iniciativa e a par-ceria entre a creche municipal e oCapa. “Trabalhos como este ten-dem a mudar a mentalidade e tra-zer resultados muito positivos emrelação ao futuro de nossas crian-ças,” confirmou.

Promoção internacionalO trabalho do Capa, que ficou entre os primeiros lugares do prê-

mio da Caixa Econômica Federal “Melhores práticas de gestão em2005”, também se destacou na premiação internacional – PrêmioInternacional Dubai 2006, promovido pela ONU/Habitat. De 703 pro-jetos de todo o mundo, 126 foram selecionados como melhores prá-ticas e passarão a integrar o banco de dados do Best Practices andLocal Leadership Programme (Melhores práticas e programas locaisde liderança, em português) – entre os quais cinco brasileiros: a Redede Cooperação e Comercialização Solidária, Capa – Rio Grande doSul; Desenvolvimento Sustentável da Região Sisaleira – Bahia;Cooperativismo Familiar – Produção de Alimentos Saudáveis, Uso deEnergia Renovável e Conservação da Mata Atlântica por Famílias As-sentadas de Reforma Agrária, Bahia; Projeto Integrado Mudando paraMelhor Buriti, Mato Grosso do Sul; e Projeto Ribeira Azul, Bahia.

Em correspondência encaminhada pela Superintendência Regio-nal, a CEF cumprimenta a direção do Capa, dizendo estar “satisfeitacom a classificação obtida pelo Projeto Rede Solidária no concursointernacional”. Assinada pelo superintendente regional, MauroRoberto Bom, pelo gerente regional – Governo e Judiciário, EvaldirMichielin, e pela gerente regional de Marketing e Comunicação, Flá-via Kuhn, o texto reafirma “a parceria com o Capa, desejando muitosucesso em todos os projetos desenvolvidos. Parabéns!”.

Gosto bom no ConcílioO Concílio Geral, órgão máximo da Igreja Evangélica de Confissão

Luterana no Brasil – IECLB –, promoveu seu encontro em Panambi –RS, entre os dias 12 a 15 de outubro, quando reconduziu o pastorWalter Altmann ao cargo de pastor presidente..

O encontro, que acontece de dois em dois anos, contou com umestande do Capa, junto com a Fundação Luterana de Diaconia e oConselho de Missão entre Índios – Comin. A representante da coor-denação do Capa, engenheira agrônoma Ingrid Giesel, de Erexim,falou na plenária, agradecendo ao apoio que a IECLB tem dado àquestão dos agricultores familiares e à produção ecológica.

Os presentes também puderam provar da erva para chimarrãosem agrotóxicos e se deliciaram com as rapaduras e salgadinhos eco-lógicos distribuídos nos momentos de intervalo. “É uma pequenaprova – mas muito significativa – do esforço dos agricultores ecoló-gicos e do belo trabalho que realizam”, disseram muitos conciliares.

Ingrid Giesel e o filho Vinícius no estande em Panambi

Foto Jorev Luterano

O RECADO DA TERRA 5

Em Verê, os agricultores foramhomenageados no dia 21 de se-tembro, data que marca o Dia daÁrvore. “Comemoramos pela pri-meira vez no ano passado, na pro-priedade da família Lang, e foi umsucesso”, contou Rome Schneider,coordenadora do Capa Verê.“Nosso objetivo foi sair um pou-co do tradicional 25 de julho,quando acontecem muitas ativi-dades em muitos lugares”, confir-mou ela.

A iniciativa deu tão certo queestá virando data tradicional nocalendário do Capa, aproveitandopara reunir os grupos assessora-dos para uma grande confrater-nização. Este ano, a propriedadeescolhida para sediar o evento foia da família Gaio, em São JorgeD’Oeste. Cerca de 80 agricultoresestiveram presentes.

A programação teve iníciocom uma meditação sobre otema “sementes”. A seguir, hou-ve fala das lideranças presentes edo prefeito anfitrião AdairCecatto. “Tivemos também umapalestra sobre “Sementes” com oengenheiro agrônomo IvoMacagnan, do Capa ExtensãoSaltinho”, disse Rome.

Depois do almoço, veio a par-

Confraternização noDia da Árvore Ainda sobre o tema tratado no últi-

mo Recado da Terra (estiagem e seca),os agricultores Francisco Carniel e NelciPasa, de Verê, no Paraná, dão o seu de-poimento:

Como o senhor sentiu a falta dachuva?

Francisco Carniel – Muito ruim, fi-camos sem água para pastagem, poucaágua para irrigação de hortaliças.

É possível sentir uma diferença en-tre hoje e anos anteriores?

Carniel – Não tinha problema de esti-agem, tinha sempre mais chuva do queestes anos. Não se sentia a falta de chuva.

Sua propriedade está sofrendocom este período mais longo de esti-agem?

Carniel – Sim. Com todas as cultu-ras, só tem para o consumo de casa.

Quando foi a última vez que o se-nhor presenciou período longo de es-tiagem?

Carniel – No ano de 2005. Teve umano que ficamos seis meses sem chuva,acho que foi 1978. No ano de 1994/95no verão teve falta de água de chuva eágua de fonte.

Como estão resolvendo ou pen-sando para o futuro em caso de con-tinuar este longo período de seca?

Carniel – Reflorestar ao redor do açu-de, onde tem nascente, pois não temárvores. Onde tem água para beber eirrigar está bem protegido.

Dona Nelci, como a senhora viu afalta de chuva na propriedade e naregião?

Nelci Pasa – Tivemos muita dificul-dade, a falta de chuva dificultou e dimi-nuiu a produção de tudo. Mesmo ten-do irrigação, a planta não responde bem.“Toda a região sofre, está em crise”, atéa água para as pessoas está faltando.

Quando foi a última vez que suapropriedade/comunidade sofreu coma falta de chuva?

Nelci – 2004/2005. Mas antigamen-te as secas não eram tão seguidas e maissuaves, não tão severas.

Dê sua opinião sobre o por queda estiagem?

Nelci – Desmatamentos, descasocom o lixo nos rios, descuido com o meioambiente em geral.

Como vocês pensam, em termosde propriedade, para resolver a difi-culdade da escassez da chuva?Comose prevenir para o futuro?

Nelci – Água da propriedade vem dopoço artesiano, mas cuido para evitardesperdício. No mais ajudo no plantiode mudas nativas no reserva legal, aquina Vila Rural de Sede Progresso e a pre-servar o rio que passa na vila.

Na sua opinião de quem é a “cul-pa” pelo longo período deestiagem?E quem é responsável pormudar a situação.

Nelci – Todos nós.

te da diversão. Os presentes sedivertiram com várias brincadei-ras e uma gincana muito anima-da. A programação encerrou-seno final da tarde, com uma avali-ação positiva dos participantes.“A avaliação dos participantes foianimadora, eles consideram oevento simples e com o seu jeitode ser. Para o ano que vem, cadaum se comprometeu a trazer maisum agricultor, para que mais pes-soas possam compartilhar da tro-ca de experiência e de momen-tos de descontração”, contou a

coordenadora. O encontro fazsentido pois todos presentes têmos mesmos ideais de vida.

Já para a equipe, foi mais umdesafio. “Todos colaboraram comsuas habilidades na organizaçãoe preparamos o evento pensan-do em cada família assessoradapor nós”, avaliou Rome. “É maisuma forma de dizer – estamospresentes – para o nosso públi-co. No ano passado, tivemos cer-ca de 60 participantes, este anoo grupo aumentou, então isso ébastante significativo”.

No dia 20 de julho realizou-se em Brasília –DF o Seminário Internacional Diálogo entre Or-ganizações Não Governamentais – ONGs e Go-vernos para a implementação das Convençõesde Estocolmo (COP) e Rotterdam (PIC) no ConeSul. O Capa, através do coordenador Jaime Weberde Santa Cruz do Sul – RS é a organização coor-denadora da Rede de Ação em Praguicidas e suasAlternativas para a América Latina (RAP-AL) noBrasil, que esteve encarregada da realização doencontro este ano.

Os seminários acontecem anualmente, desde2001. Seu objetivo é estabelecer vias de partici-pação e fortalecer a comunicação entre os gru-pos de interesse da sociedade civil e ONGs comas autoridades nacionais e/ou representantes dosgovernos dos países do Cone Sul. O evento tratade temas relacionados com ambiente, substân-cias químicas perigosas e também de questõeslocais relacionadas com produtos químicos, comoagrotóxicos, resíduos industriais e outros.

Segundo Jaime Weber, “as apresentações dasONGs e dos países representados demonstramuma séria preocupação com os inúmeros pro-blemas ambientais causados pelos contami-nantes químicos, principalmente da agricultura

e da indústria. Existe um consenso de que paradiminuir estes impactos devem ser realizadas açõesem parceria entre governos e sociedade civil, trans-pondo fronteiras entre estados e países, porquese tratam de contaminações que afetam todo oplaneta.”

O evento, que reúne representantes do poderpúblico e de ONGs dos países membros da região doCone Sul – Chile Brasil, Paraguai,Uruguai e Argenti-na –, corresponde a uma iniciativa da RAP-AL, centroregional de Pesticide Action Network – PAN Interna-cional e membro da Rede Internacional de Elimina-ção de Contaminantes Orgânicos Persistentes – Ipen.

Capa organiza seminário em Brasília

Adultos e crianças se divertiram no encontro

Foto Capa

Hom

enagem A febre da terra

Tema mobilizou importantes parceiros

As oportunidades no campoEntre os princípios de

trabalho do Capa, lê-se que– “a união de todos: aorganização é a base. Ocaminho para a agriculturafamiliar é juntar forças. OCapa auxilia na formaçãode grupos, associações ecooperativas”. Assim, atra-vés da organização deagricultores, existem hoje12 cooperativas formadas,mais de 100 associações egrupos, 33 feiras ecológi-cas, duas feiras de peixes,cinco lojas de comercializa-ção de produtos ecológicos,17 agroindústrias e umacooperativa de consumido-res ecológicos.

Há poucos meses, Lauro eDelci Schneider decidiram: estãode volta à terra. No entanto, 13anos atrás, venderam sua pro-priedade e mudaram para a ci-dade de Concórdia – SC, buscan-do melhores condições para afilha Patrícia, portadora de defi-ciência auditiva (o casal tem maisduas filhas, Julima e Cristiane).Até ali, plantavam fumo e milhonos seis hectares localizados nointerior de Rancho Grande – SC.

Em Concórdia, Patrícia tevea possibilidade de freqüentaraulas especiais. Lauro e Delci

venderam as terras e ele passou atrabalhar como motorista. “Depoisde um tempo, compramos nossopróprio caminhão”, contou Lauro.“Tínhamos uma pequena empresa,que acabamos fechando, pois nãoconseguimos competir com os mai-ores”, disse dona Delci.

Hoje, a filha Patrícia tem 15 anose os Schneider retornaram à vida daagricultura familiar. “O outro únicoemprego que eu poderia ter na cida-

de seria o de pedreiro”, avaliou seuLauro. “Nunca abandonamos com-pletamente a terra. Mesmo enquan-to morávamos na cidade, tínhamosuma horta no sítio do meu pai”, con-firmam. “Estamos satisfeitos com adecisão.”Além de fazer o frete dosprodutos para a Feira Agroecológicade Concórdia, promovida pela Asso-ciação de Pequenos Agricultores deRancho Grande – Aparg, eles já es-tão plantando hortaliças, têm gali-

nhas, três vacas e “logo logo va-mos ter alguns porquinhos.”

O caminho inverso ao êxodo ru-ral – a volta da cidade para o cam-po – ainda é pouco freqüentado,mas indícios mostram que algumasoportunidades estão surgindo e sefortalecendo. Estas mesmas oportu-nidades, que devagarinho atraemalguns de volta, ao mesmo tempogarantem a permanência de mui-tos. No entanto, os “nós” existem,e uma das grandes dificuldades ain-da é a comercialização. Por isso,cresce a importância das feiras bemorganizadas, das associações comum bom planejamento, da implan-tação das agroindústrias locais etambém das cooperativas.

Um bom exemplo é o daagroindústria Figueira do Prado, cri-ada no ano de 2000, no interior deSão Lourenço do Sul – RS. “Nossogrupo nasceu a partir de uma pro-posta de comercializar mel, mas aca-bamos criando uma agroindústriade sucos, pois algumas mulheres jáproduziam suco de maracujá”, con-tou Mirian Britto da Costa (veja fotoda capa). “Tínhamos muita dificul-dade de colocar a produção. Com aagroindústria, as frutas – pêssego,butiá, ananás, morango, ameixa,araçá, pitanga – têm mercado cer-to”, confirmou. A maior dificulda-de é a burocracia. “O caminho paraa legalização da indústria é longo ecansativo”.

Burocracia atrapalhaÉ opinião unânime entre todos

os parceiros apoiados pelo Capa – aburocracia não favorece a criação depequenas agroindústrias e negóci-os, que muitas vezes precisam aten-der regras nos níveis municipal, es-tadual e nacional. As exigências sãopensadas para os grandes e deveri-am ser flexibilizadas, de acordo como tamanho do empreendimento.

É uma questão de políticas pú-blicas”, analisou a economistaAngelique van Zeeland, da Funda-ção Luterana de Diaconia. “As inici-ativas comunitárias de geração derenda que atuam na área urbana,como padarias comunitárias e coo-perativas de costureiras, enfrentamas mesmas dificuldades, princi-palmente nas questões de forma-to jurídico, comercialização e fisca-lização de higiene e saúde para osempreendimentos na área dealimentação. Os empreendimentosda economia solidária através dosfóruns e conselhos de EconomiaPopular Solidária estão estudandoe propondo mudanças na legislaçãopara atender ao tamanho e forma-to destes empreendimentos.”

Depois de anos na cidade, os Schneider voltam a trabalhar com agricultura

Foto Capa

A agroindústria Figueira do Prado produz sucos e geléias

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O Capa Pelotas está inseri-do em uma realidade querepresenta o público diversifi-cado que compõe o conceitoatual de agricultura sustentá-vel, e entre eles estão ospescadores artesanais. Ahistória da Cooperativa LagoaViva – de pescadores profissio-nais artesanais da Colônia Z3 –é exemplar. Localizada nacidade de Pelotas – RS, junto àLagoa dos Patos, foi criada emjunho de 2004, com 31 sócios.Hoje, tem 10 vezes mais – são310 associados, que dispõemde uma fábrica de gelo, decombustível subsidiado,comercializam para o mercadoinstitucional e estão exportan-do para a Coréia do Norte epara os Estados Unidos.

Tudo começou com as feiraslivres, apoiadas pelo Capa, reali-zadas com cinco famílias de pes-cadores, duas vezes ao mês, nocentro de Pelotas. De cinco ban-cas, as feiras aumentaram para10 e logo em seguida, para 15bancas. “A partir daí, começamosa conversar sobre a criação deuma cooperativa”, conta o pre-sidente da Lagoa Viva, EveraldoPeres Motta.

A conquista seguinte à criaçãoda Lagoa Viva foi a instalação deuma fábrica de gelo, ainda em2004 – a partir do programaApoio à Cadeia Produtiva do Pes-cado Proveniente da PescaArtesanal da Secretaria Especialde Aqüicultura e Pesca da Presi-dência da República – Seap/PR. “Oprojeto foi executado em parce-ria com a Prefeitura Municipal dePelotas”, relatou Everaldo.

Conforme argumentação daSeap em favor do programa, apesca artesanal é responsável poruma parcela significativa do pes-cado consumido internamente nopaís. Um dos grandes obstáculosna consolidação econômica dapesca artesanal é a falta deestruturação da cadeia produti-va, sem unidades debeneficiamento, armazenamentoe comercialização. A falta de geloe câmaras frias que possibilitema conservação do pescado obri-

A força da uniãoga os pescadores a vendê-lo a pre-ços aviltantes, bem abaixo dos va-lores de mercado. A instalação defábricas de gelo nas comunidadespesqueiras, localizadas em regiõesdistantes dos principais centros decomercialização do pescado permi-te um ganho econômico real paraos pescadores.

Realmente, com a fábrica de gelo,os pescadores da Lagoa Viva se viramlivres da dependência da fábrica lo-cal. “Para as feiras, o mínimo que ofornecedor nos vendia era uma tone-lada de gelo – mesmo que só preci-sássemos de 100 quilos.” Além disso,se o pescador precisasse de gelo emhorário fora de produção da antigafábrica, perdia o pescado. “Hoje, nos-sa fábrica funciona durante 24 horas,sem parar”, confirmou Everaldo. Aprodução diária é de 11 mil quilos degelo e os preços são diferenciados –para não-associados, associados quevendem seu produto fora da coope-rativa e para associados que vendematravés da cooperativa.

Outra vantagem é a recente insta-lação de um posto de combustível,que vende óleo diesel subsidiado aospescadores associados. A tecnologiaé moderna – o pescador usa um car-tão eletrônico para comprar o óleo, eo valor é descontado mais tarde, nahora do acerto de contas.

Também por meio do Capa, a La-goa Viva participou da Rede de Co-operação e Comercialização Solidá-ria, junto com cooperativas de agri-cultores familiares e grupos infor-mais. “No primeiro projeto, entre2004 e 2005, comercializamos den-tro do Programa Fome Zero 24 milquilos de peixe processado (para osassociados, isso significou 45 milquilos de peixe em natura). “Naque-la época ainda não tínhamos a fá-brica de gelo, tudo foi muito difícil.Mas enfrentamos as dificuldades evaleu. Fizemos novo contrato comFome Zero e Conab em 2005 e 2006,que agora está finalizando. Nesta se-gunda etapa, vendemos 120 milquilos de peixe processado”

Mercado internacional

O que era “rejeito” virou mais umafonte de renda para a Lagoa Viva.“Nosso pescador não tinha o hábitode aproveitar o siri azul que ficava pre-so na rede”, lembra Everaldo. Casual-

mente, ele conheceu, em Rio Grande(cidade que fica ao lado de Pelotas),uma empresa que exporta o siri. Ago-ra, a cooperativa entrega o produto eeste é exportado para a Coréia e paraos Estados Unidos. Antes, o pescadorconseguia de R$ 0,30 a R$ 0,40 porquilo. Hoje, o valor obtido é o dobro:R$ 0,80 por quilo – destes, R$ 0,15ficam na cooperativa. “Em 2005,comercializamos 24 mil quilos de siriazul; no primeiro trimestre de 2006,a quantidade comercializada já é de79 mil quilos.”

A Colônia de Pescadores Z3 fica a24 quilômetros do centro da cidade de

O Brasil possui uma costa ma-rítima com cerca de 8,5 mil km deextensão e uma Zona EconômicaExclusiva (ZEE) de aproximada-mente 3,5 milhões de km2, quecorresponde a quase metade deseu território. Além dafavorabilidade de seu clima, pos-sui cerca de 12% do total da re-serva de água doce disponível doplaneta e mais de 2 milhões dehectares de terras alagadas, reser-vatórios e estuários, o que o colo-ca como a última grande frontei-ra da aqüicultura no mundo. Osrecursos pesqueiros de suas águasmarinha e doce, embora aindanão levantados em toda sua ex-tensão, constituem importantefonte protéica e um potencial con-siderável para a produção de ali-mentos, havendo tambémpotencialidade de desenvolvimen-to da pesca brasileira em águasinternacionais.

A expansão das aqüiculturasmarinha e de água doce, que cres-ceram em média 25,2% ao ano noperíodo 1997-2002, é o exemplomais significativo das possibilida-des de aproveitamento racional esustentável de sua potencialidadepesqueira. A aqüicultura, respon-sável em 1994 por 4,3% do totalde pescado, contribuiu em 2002com 26,4%, o que permitiu aoBrasil passar do 35º (1999) parao 26º lugar no ranking internaci-onal estabelecido pela Organiza-ção da Nações Unidas para Agri-cultura e Alimentação (FAO).

Durante o ano de 2003, aSeap, em seu papel indutor eimpulsionador do desenvolvi-mento da aqüicultura e pesca na-cional, consolidou o processo deconstrução do Plano Estratégicode Desenvolvimento Sustentávelde Aqüicultura e Pesca.

Este processo foi iniciado coma realização de 27 conferênciasem todos os estados e no DistritoFederal e teve como ápice a 1ªConferência Nacional de Aqüicul-tura e Pesca, em 2003, na qual953 delegados e delegadas, deum universo de 1.056 eleitos, dis-cutiram e aprovaram os subsídiospara a construção de uma políti-ca de desenvolvimento sustentá-vel da aqüicultura e pesca que res-peita as particularidades regionaise a pluralidade de opiniões.

O papel do estado, por meio daSeap/PR, será fomentador, investin-do na modernização da cadeia pro-dutiva da aqüicultura e pesca, esti-mulando parcerias com os estadose municípios e incentivando ocooperativismo e o associativismo.Terá como meta dotar os setores daaqüicultura e pesca de infra-estru-tura de suporte das atividades quecontemplem não só o incentivo àcriação de indústrias modernas debeneficiamento do pescado, cons-trução de entrepostos e frigoríficos,ampliação, renovação e moderni-zação da frota pesqueira, comotambém o apoio à exportação e co-mercialização interna.

Para o sucesso de uma política

com tal envergadura são necessá-rios investimentos significativosem pesquisa para impulsionar odesenvolvimento tecnológico,uma revisão da legislação e umaação mais ativa do Estado, permi-tindo o controle da atividade e aagilidade no estabelecimento depolíticas desenvolvimentistas, ga-rantindo, desta forma, suasustentabilidade.

A partir da criação da Secreta-ria Especial de Aqüicultura e Pes-ca resgatou-se a dívida do paíscom a pesca brasileira, que duran-te os últimos anos esteve relegadaaos escalões inferiores da políticae da economia, sendo responsá-vel hoje por 834 mil empregosdiretos, 2,5 milhões de indiretose por uma renda anual de 4 bi-lhões de reais.

Além disso, os setores passama ser incentivados por políticas dedesenvolvimento sustentável que,segundo projeções modestas, po-dem elevar a produção brasileirade pescados, até o final de 2006,de 985 mil t/ano para 1,5 milhãode t/ano e criar mais de 150 mil em-pregos diretos e 400 mil indiretos,podendo dobrar a renda gerada.

Com o conjunto de instrumen-tos apresentados a seguir, o go-verno terá condições de imprimirum ritmo de crescimento próximoa 20% ao ano na produção deaqüicultura e pesca, transforman-do-a em parte substancial do es-forço de desenvolvimento econô-mico e social do país.

O papel da Secretaria Especialde Aqüicultura e Pesca

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ale

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Fotos Paulino Menezes/Capa

Pelotas. Não existem fábricas à volta,que possam eventualmente absorvertrabalhadores. “Sem o peixe, não te-mos como sobreviver”, confirmouEveraldo. Por isso, além de todo obom trabalho de gestão da coopera-tiva, também cresce a preocupaçãocom o meio ambiente entre os pes-cadores profissionais artesanais.“Estamos planejando uma série deações de formação na área ecológi-ca, para os meses quando temos queficar parados – entre junho a setem-bro”, contou.

Sobre o rápido crescimento daCooperativa Lagoa Viva – o próximo

sonho é a formação de uma rede decooperativas de pesca, para ampliaro mercado, a primeira reunião acon-teceu no dia 25 de novembro desteano – Everaldo avaliou que a criaçãoda Secretaria Especial de Aqüiculturae Pesca da Presidência da República –Seap/PR e, com ela, o surgimento deuma série de políticas públicas e pos-sibilidades de investimento, fez todaa diferença. Ainda, Everaldo elogiouo bom trabalho que vem sendo de-senvolvido pela Conab. Quanto aoCapa – “tudo o que eu estiver falan-do, tu sabes que o Capa está junto. Éum grande parceiro”.

As feiras livres foram o ponto de partida para a organização dos pescadores

O RECADO DA TERRA 9

O engenheiro agrônomoSighard Hermany foi homenagea-do, junto com outros importantesnomes, durante comemoração dacriação do município Vale do Sol –RS. Nascido na localidade de For-mosa (em Vale do Sol), formou-seem Agronomia pela UniversidadeFederal de Pelotas em 1977. Con-victo sobre a idéia da agroecologia– “é muito mais do que produzirsem agrotóxicos ou de forma or-gânica e ecológica. É uma propos-ta de desenvolvimento e junto estáa promoção de justiça social, a pre-servação do meio ambiente, o de-senvolvimento sustentável” – bus-cou trabalhar onde pudesse porsuas idéias em prática.

Depois de formado, trabalhou naPioneer, entre os índios na reservaGuarita – a maior do Estado –, noCapa em Arroio do Tigre e depoisem Três de Maio. Em 1992 saiu des-sa entidade e voltou para Formosa.“Aí, já tinha ocorrido a emancipa-ção e havia a campanha para a pri-meira eleição. Me engajei na cam-panha política e na criação do Par-tido dos Trabalhadores”, relembra.

Naquela administração (1993 a1996) Hermany foi nomeado o pri-meiro secretário da Agricultura, In-dústria e Comércio do novo muni-cípio. Ele recorda que sempre seprocurou reforçar o trabalho doCapa, tanto que Vale do Sol foi umdos primeiros no Rio Grande do Sula assumir, em forma de convênio,um trabalho voltado para aagroecologia.

“Nessa época já se falava emagroecologia, mas uma administra-

Hermany: Longo trabalho com o município Vale do Sol

Hom

enagem

ção que colocou dentro das suas pri-oridades e seu plano de trabalho oapoio concreto a esse sistema, inclu-sive com convênio formalizado, foiVale do Sol”, revela.

Quanto à continuidade dessaparceria, o agrônomo destacacomo algo muito positivo. “Inde-

O Núcleo Oeste-PR da RedeEcovida existe há três anos e con-ta com 159 famílias de agriculto-res ecológicos cadastrados, orga-nizados em grupos e associações,em 14 municípios da região.

O Capa vem acompanhando eassessorando os grupos nos trêssub-núcleos da Rede na região.Entre as atividades desenvolvidasestá o encontro anual do núcleo,reuniões da coordenação e doconselho de ética e as visitas decertificação participativa.

As visitas de certificação, como

é praxe na rede, vem ocorrendode forma participativa proporcio-nando ricos momentos de trocasde experiências e intercâmbiosentre os próprios agricultores,entre estes e os técnicos do Capae das associações.

Segundo Vilmar Saar, coor-denador do Capa MarechalRondon, “este trabalho temcontribuído para o fortaleci-mento da agroecologia e dopapel do Capa, uma vez queatuamos em parceria com vári-as entidade na região”.

Rede Ecovida

pendente de trocas partidárias,nunca se deixou de apostar naprodução ecológica. Essa é outracaracterística importante no mu-nicípio e que deve ser preserva-da”, analisa. Em 1988, Hermanyvoltou a atuar no Capa, desta vezem Santa Cruz do Sul. Um dos ei-

xos principais do seu trabalho éassessorar a Cooperativa Regionalde Agricultores Familiares Ecolo-gistas – Ecovale.

Sobre o papel do municípiodentro da Ecovale, Hermany falaser algo de extrema importância.“A Ecovale tem forte raiz em Valedo Sol. Dos oito grupos, quatrosão daqui. Também há um grupoem Santa Cruz, em Vera Cruz e emVenâncio Aires”. E acrescenta:“Posso dizer que tenho um sonho:que Vale do Sol se torne um mu-nicípio referência em agroe-cologia. O potencial existe, a co-meçar pelo nome”.

Para o agrônomo, isso pode seralcançado com a continuidade emaior ênfase do apoio da admi-nistração municipal nesse mode-lo de produção; a partir das inici-ativas dos agricultores e aceitaçãodo que é proposto pela agro-ecologia e pelo cooperativismo.“Acho que é a proposta de desen-volvimento que hoje é sustentá-vel. A proposição da agriculturaquímica, ela se esgota, pois de-pende de muito insumo externoe, ao mesmo tempo, ela tem umimpacto ambiental muito forte.Também o alimento resultantedesse tipo de produção é alta-mente questionável do ponto devista da saúde. Cada vez mais, aspessoas que têm um certo graude informação se preocupam coma saúde. Então, a preocupaçãocom a qualidade do alimento queestá sendo ingerido também cres-ce”, finaliza. (Fernanda Finkler/Fo-lha de Vale do Sol)

Cert

ific

ação

Fernanda Finkler/Folha de Vale do Sol

Certificação participativa permite troca de experiências

As idéias e os ideais por meioda ecologia

Agricultores ecológicos formamcooperativa no Paraná

Depois de várias reuniões, encon-tros e seminários debatendo e ava-liando os princípios e objetivos docooperativismo, 40 lideranças, re-presentantes de 11 associaçõesmunicipais de agricultores familia-res ecológicos do Oeste do Paraná,aprovaram a formação da Coope-rativa Agroecológica e da IndústriaFamiliar – Coperfam. A assembléiade fundação aconteceu no dia 16de setembro, na cidade de MarechalCândido Rondon e durante todo oprocesso de estudo e estruturação,a cooperativa contou com assesso-ria Capa Rondon e da Emater/PR.

O coordenador do CapaRondon, Vilmar Saar, considerouque “a constituição da cooperati-va vem consolidar o trabalho de-senvolvido, em parceria, há mais de10 anos na região”. Segundo ele“a proposta, aprovada nas oficinasmunicipais e reafirmada em assem-bléia geral, é de que a cooperativaatue como o elo maior da produ-ção ecológica regional, fortalecen-do a interação e a solidariedadeentre as famílias filiadas às diver-sas associações municipais”.

A primeira associação constituída,voltada para a produção sustentável,foi a Associação Central dos Produ-

Tra

balh

o e

renda

Primeira diretoria e conselho fiscal da recém criada cooperativa

Foto Capa

A Cooperativa Regional deAgricultores Familiares Ecologistas– Ecovale é formada por agricul-tores e agricultoras dedicadas aagroecologia. Com sede em San-ta Cruz do Sul – RS, a cooperativanasceu com a finalidade de supriruma lacuna, neste setor, e de darabrigo jurídico a grupos organiza-dos de agricultores interessadosem produzir e comercializar pro-dutos ecológicos.

Os produtos comercializadosnas lojas e nas feiras pela coo-perativa são produzidos sem autilização de adubos químicos,agrotóxicos e sementes trans-gênicas. Por trás disso estão pro-postas de organização (produ-ção e venda) e da construção deuma sociedade mais justa, sau-dável e solidária.

A Ecovale se constitui numaorganização extremamente im-portante para os agricultores fa-

miliares ecologistas do Vale do RioPardo, no momento que está emdebate a diversificação da produ-ção agrícola e econômica da re-gião – que tem uma forte tradiçãode produtora de fumo. Associadaà idéia de diversificação, a Ecovaletraz consigo a preocupação comà preservação ambiental e a quali-dade biológica e nutricional dosalimentos.

A Cooperativa Ecovale possuiduas lojas em Santa Cruz do Sul(Thomás Flores, 805 e Av. João Pes-soa, 947) e outro ponto de vendaem Teutônia (Av.1-Norte, 10, Bair-ro Centro Administrativo).

Diversificação“Nossa história começou em

2000, com a criação do NúcleoEcoflorestal Sintonizado”, lembrou oagricultor Irineu Wagner, durante ainauguração da Agroindústria Ecoló-gica de Derivados de Cana-de-Açúcar,

em Linha Floresta, município deVera Cruz – RS, em 1º de julho des-te ano.Cinco famílias do grupo –Flávio Loebens, Clara Teresinha eIrineu Wagner, Rosane Maria eVanderlei da Silva, Clair Vitória eRemígio Wagner, Érika e EgídioAstor Helfer – optaram por investirno plantio e beneficiamento dacana de açúcar ecológica, além dashortaliças.

“A inauguração desta agroin-dústria é um exemplo de que épossível construir a pluralidade,respeitando opiniões divergen-tes,” disse o prefeito de Vera Cruz,Guido Hoff. “É preciso diversifi-car a agricultura familiar na nos-sa região (conhecida nacional-mente como produtora de fumo)e criar opções diferenciadas derenda”, confirmou.

A nova agroindústria integraa rede da Ecovale, que tem sedeem Santa Cruz do Sul.

Ecovale completa seis anos de atividade

tores Rurais Ecológicos – Acempre –que está completando 14 anos. Masfoi com a estruturação do núcleo lo-cal do Capa, em 1997, junto com ogradativo envolvimento de diversosórgãos e entidades, que o número de

famílias e associações voltadas paraa produção ecológica cresceu.

Participaram da assembléia defundação da novíssima cooperativacerca de 40 lideranças. A expectati-va é de que, depois de formalizada,

em um ano já se tenha em torno de80 a 100 famílias associadas. “Te-mos esse número em mente pois noraio prioritário de atuação da coo-perativa, que é de 70 km a partir dasede em Rondon, e que abrange 14municípios, já existem cerca de 180famílias no sistema de produçãoecológica”, disse Saar.

Primeira diretoria

A primeira diretoria da Coperfamficou assim constituída: presidente,Egon Bredlau; secretário, HerbertBier; tesoureiro, Voltaire Baldan daSilva, tendo como vices: HerbertoLamb, Valmir Anderle e Pedro Stein.Para o conselho fiscal foram eleitos:Anderson Bender, Erci Sonntag eErvino Mittanck, como membros ti-tulares, e Ari Luckmann, BertiloRerkziegel e Semilda Lenz, comomembros suplentes.

Segundo o presidente, EgonBredlau, “inicialmente, a cooperati-va terá uma estrutura simples, semfuncionários, realizando a represen-tação e viabilizando a comercializa-ção, em conjunto com as associa-ções”. “A nossa expectativa é de que,até início de 2007, estejamos com acooperativa legalizada e pronta paranegociar a safra de grãos orgânicosdos associados”, concluiu Bredlau.(Capa Marechal Rondon)

O RECADO DA TERRA 11

Art

igo Furo: uso de agrotóxicos

cresce onde devia cairPor Luiz Weis* A data de 3 de dezembro

marca o Dia Internacional doNão ao Uso de Praguicidas como objetivo de fazer um chama-do e uma tomada de consciên-cia da população mundialsobre um grave problemasocial e ambiental gerado pelouso de praguicidas.

Para refletir sobre o assun-to, o Recado da Terra traz oartigo a seguir:

Com menos destaque do queo assunto merece e um título vago– “Sinais de resistência transgênicaa herbicida” – o jornal Valor trazhoje (16/11/2006) os primeiros ealarmantes números sobre os efei-tos do plantio da soja genetica-mente modificada sobre o consu-mo de agrotóxicos no Brasil.

Um dos argumentos mais usa-dos pelos defensores da agricul-tura transgênica é que ela contri-bui para deter a degradaçãoambiental. A soja GM, por exem-plo, por ter sido criada para dar àplanta maior resistência a pragas,dispensaria o uso de agrotóxicosna escala exigida pela variedadeconvencional.

No entanto, apurou o repórterMauro Zanatta, citando dados doIbama, o emprego dos 15 princi-pais agrotóxicos aumentou tantoou mais do que a área ocupadapela soja transgênica. No RioGrande do Sul, a aplicação doagrotóxico glifosato cresceu162%, quatro vezes mais do quea área plantada.

Aparentemente, a culpa é dosprodutores. Segundo especialis-tas, eles usam o glifosato “deforma excessiva e incorreta”.Seja como for, o resultado é amaior resistência das ervas da-ninhas, o que leva o sojicultor ausar mais herbicidas, no clássi-co círculo vicioso.

Não se trata de demonizar ouso da biotecnologia, na agricul-tura ou na produção de medi-camentos. Graças à insulina cri-ada pela engenharia genética,por exemplo, a crescente popu-lação mundial de diabéticos nãocorre perigo de ficar sem o re-

médio. O algodão transgênico éoutra história de sucesso. Que odigam os chineses.

Mas, do mesmo modo comonoticia esses fatos incontroversos,a mídia precisa estar atenta parao “outro lado” do problema,como fez o Valor. Pela sua impor-tância, eis a matéria na íntegra:

“A introdução da soja geneti-camente modificada elevou a apli-cação de agrotóxicos no país. Oaumento derivou do maior uso deherbicidas à base de glifosato, umprincípio ativo recomendado paraa soja transgênica Roundup Ready,da multinacional Monsanto.

De 2000 a 2004, o consumode glifosato cresceu 95% no Bra-sil, enquanto a área plantada desoja avançou 71%, segundo da-dos do Instituto Brasileiro do MeioAmbiente (Ibama). No Rio Gran-de do Sul, principal pólo nacionalde soja transgênica, o consumode glifosato cresceu 162% e aárea total, 38%.

“O Rio Grande do Sul é umexemplo do que vai acontecer nopaís com esse uso de trans-gênicos”, diz o geneticista RubensNodari, gerente de Recursos Ge-néticos do Ministério do MeioAmbiente. De acordo com os da-dos do Ibama, em Mato Grosso,maior produtor nacional de soja,

a utilização dos 15 principaisherbicidas usados no grão cres-ceu 67% no período – para 15 miltoneladas – e a de glifosato, 93%.Nos quatro anos, a área plantadaregistrou salto de 95%, para 6,1milhões de hectares.

O levantamento do Ibama indi-ca que os produtores gaúchos desoja incrementaram em 106% oconsumo dos principais herbicidas.O volume saltou de 9,8 mil para20,2 mil toneladas no período. Oconsumo de glifosato no Estadoteve uma elevação de 162%, para19,3 mil toneladas. No mesmo pe-ríodo, a área plantada de soja noRio Grande cresceu 38% e atingiu4,1 milhões de hectares. “Essa áreafoi ocupada pela soja transgênica,o que elevou o consumo total deherbicidas”, diz Nodari.

Estudo concluído por especi-alistas da Embrapa Trigo, Univer-sidade de Passo Fundo (RS) eFundação Centro de Experimen-tação e Pesquisa Fecotrigo(Fundacep) corrobora os dadosdo Ibama ao mostrar a relaçãoentre o aumento da resistênciade espécies de ervas daninhasinvasoras em decorrência do usocontínuo de glifosato nas lavou-ras gaúchas de soja transgênica.“Aumentou o volume deglifosato porque ele tomou es-

paço de outros herbicidas”, dizLeandro Vargas, pesquisador daEmbrapa Trigo, de Passo Fundo.

Os especialistas argumentam,porém, que os produtores têmusado o glifosato de forma exces-siva e incorreta. “Eles usam nadessecação para fazer o plantiodireto e ainda duas vezes na pós-emergência da planta”, relataVargas. “Isso é terrível. Não podeusar mais que duas vezes na mes-ma área. Do contrário, cria-semais ervas daninhas com resistên-cia cada vez maior”. Segundo ele,o produtor pode usar qualqueroutro produto na pós-emergên-cia da soja transgênica. “Não éapenas o glifosato”. (Fonte: Ob-servatório da Imprensa, publica-do em 21/11/2006; http://obser-vatorio.ultimosegundo.ig.com.br/index.asp)

* Luis Weis é jornalista, pós-graduado emCiências Sociais pela USP, onde lecionouSociologia da Comunicação. Escreve no

Observatório da Imprensa e no jornal “OEstado de S.Paulo”. É autor, com Maria

Hermínia Tavares de Almeida, de “Carro-zeroe pau-de-arara: o cotidiano da oposição de

classe média ao regime militar, in “História daVida Privada no Brasil”, Lilia Moritz Schwarcz

(org.), 1998, e do perfil político de VladimirHerzog (sem título), in “Vlado — Retrato da

morte de um homem e de uma época, PauloMarkun (org.), 1985. Recebeu o Prêmio Esso

de Jornalismo Científico, em 1990.

A data de 3 de dezembro marca o Dia Internacio-nal do Não Uso de Praguicidas, chamando para areflexão e tomada de consciência da população mun-dial sobre um grave problema social e ambiental gera-do pelo uso de praguicidas. Esta data foi estabelecidapelas 400 organizações membros da Rede de Ação emPraguicidas, Pan Internacional (Pesticide ActionsNetwork), em 60 países.

A Rede de Ação em Praguicidas – RAP-AL se vinculaa um chamado pela Soberania Alimentar dos Povos,ratificando seu compromisso, reafirmando seu apoioe solidariedade com as organizações de agricultores eagricultoras familiares e comunidades rurais.

O programa de segurança epidemiológica dos Mi-nistérios da Saúde e a Organização Panamericana daSaúde, em sete países da América Central, acenam quea cada ano 400 mil pessoas se intoxicam porpraguicidas. Somente no Brasil, se estima que ocor-ram em torno de 300 mil casos ao ano. A intoxicaçãopor praguicidas representa um grave problema de saú-

de pública, qualificado pela Organização Mundial daSaúde – OMS como endêmico. As intoxicações crôni-cas podem provocar graves enfermidades – como cân-cer e malformação congênita – e alterações no sistemaimunológico, neurológico e reprodutivo.

Mesmo assim, o mercado dos praguicidas na Amé-rica Latina segue crescendo. No ano de 2002, as ven-das alcançaram US$ 4.351 bilhões. Entre os anos de2003 e 2004, o mercado cresceu em 30%, com vendasde US$ 5.4 bilhões, e as estimativas para o ano de 2009é que as vendas alcancem a cifra de US$ 7.5 bilhões.

O Brasil concentra 63% das vendas e é o maiormercado da região. É preciso que os governos pro-íbam o registro e o uso de praguicidas altamenteperigosos (1ªy 1b, segundo a OMS) e com efeitoscrônicos.

Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor – CAPA eRede de Ação em Praguicidas e suas Alternativas paraa América Latina – RAP-AL

Por um ambiente limpo e uma alimentação saudável

Jovens dão o exemploNo Vale do Rio Pardo – RS,

dois grupos de jovens estãodando uma lição de comocuidar da saúde, promoverqualidade de vida e cuidardo meio ambiente. Receben-do assessoria técnica doCapa Santa Cruz os núcleosAssociação de Jovens Ecolo-gistas São Martinho –Ajesma e Associação de Jo-vens Agricultores Ecologistas– Ajae estão engajados ededicados às questões depreservação através da pro-dução ecológica.

O Núcleo Ajesma, de SãoMartinho, interior de SantaCruz do Sul, está atualmentecomposto por oito famílias.O grupo tem como atividadeprincipal a produção ecológi-ca de hortifrutigranjeiros.Além disso, estes jovens tam-bém se destacam na produ-ção, através de beneficia-mento, de geléias, vinhos,sucos e outros. Estes produ-tos, derivados da agriculturafamiliar ecológica, podem serencontrados nas Feiras Eco-lógicas e nas lojas da Coope-rativa Regional de Agriculto-res Familiares Ecologistas –Ecovale em Santa Cruz do Sul.

O Núcleo Ajae, de Passo daAreia, interior de Rio Pardo,vem trabalhando com produ-ção ecológica mais recente-

Adote um novo estilo de vida, cui-dando da sua alimentação. Se-guem aqui algumas receitas orga-nizadas por Valdete Jantsch, eco-nomista domést ico, do CapaErexim.

CUCA INTEGRALIngredientes:1 ovo1 prato de pão de farinha de trigobranca1 prato de pão de farinha integral1 xícara de açúcar mascavo2 colheres de sopa de mel3 colheres de sopa de leite2 colheres de manteiga rasa1 colher de chá de sal2 colheres de fermento p/ pão1 e ½ xícara de água mornaRaspa de laranja

Modo de preparar: misturar a farinha,o açúcar, o fermento, a gordura, o ovo,aos poucos a raspa e o suco de 1 la-ranja e a água morna. Sove bem atéformar uma massa lisa. Abra a massa,recheie as cucas e enrole, coloque emuma forma e deixe crescer. Quando es-tiver crescido, passar 1 ovo batido e afarofa. Asse em forno de 250 ºC pormais ou menos 45 minutos.Rendimento: 2 cucasRecheio: opcional

Receitas de SucosTodos os sucos são acrescentadoságua a gosto.

SUCO ANTIESTRESSEIngredientes:1 maçã550g de cenoura

100g de brócolis50g de salsinhaModo de preparo:Corte as cenouras e as maçãs com cas-ca e sem sementes em pedaços peque-nos e bata na centrífuga ou liquidi-ficador com os demais ingredientes.Dica: Alto teor de vitaminas A,C, E. Tam-bém funciona como anticancerígeno eé indicado para displasia mamária. Aju-da a relaxar

SUCO ALEGRIAIngredientes:1 abacaxi bem maduro5g de hortelã5g de gengibreModo de preparo:Descasque o abacaxi e corte em pe-daços, retirando o miolo. Bata os de-mais ingredientes na centrífuga ou

liquidificador.Dica: Suco enzimático, rico em po-tássio, indicado para hipertensão, res-friados e problemas respiratórios. Dáenergia.

SUCO CORAGEMIngredientes:1/2 pimentão vermelho1 maçã155g de beterraba350g de cenouraModo de preparo:Corte as cenouras, as beterrabas, asmaçãs com casca e sem sementes e opimentão sem sementes em pedaçospequenos e bata na centrífuga ouliquidificador.Dica: Rico em ferro, bioflavonóides evitamina C. Indicado para anemia epessoas que não se alimentam bem.

Conscie

ntiza

ção

Saúde

O Capa Santa Cruz assessora na re-gião serrana do Município de Vale doSol 18 famílias que estão envolvidas naprodução ecológica de mel. Esta ma-neira de produzir, de forma conscientee não totalmente extrativista, além devisar a preservação do meio ambiente,busca também cuidar da saúde dequem produz e consome, através detécnicas adequadas de manejo.

Atualmente as famílias chegam acomercializar 2 mil quilos de mel porano. Segundo o engenheiro agrôno-mo Rogério Boemeke, além de ser co-mercializado nas lojas da Cooperati-va Ecovale (com sede em Santa Cruzdo Sul – RS), o produto já foi vendi-do para o estado de São Paulo medi-ante aprovação da sua qualidade. Em

mente. Está com 10 famíliase destaca-se nas atividadesapícolas – não essencialmen-te extrativistas, produção demorango, melão, melancia.Seis jovens do grupo, a par-tir dos resultados obtidos,sem a utilização de adubosquímico solúveis, agrotó-xicos e sementes trans-gênicas, estão, através doPrograma Crédito Fundiário,do Ministério do Desenvol-vimento Agrário – MDA, en-caminhando um projetopara a aquisição de uma áreaque será voltada totalmentepara a produção ecológicacomunitária. Este grupotambém está se associandoa Cooperativa Ecovale.

Segundo o engenheiroagrônomo Jair Staub “o in-teressante é que o grupo seformou a partir das idéias dospróprios jovens. A partir doexemplo através das ativida-des que os jovens vêm desen-volvendo, em suas comuni-dades, outras famílias tam-bém estão se engajando.”Estas atividades familiaresestão tornando a alimenta-ção familiar mais rica e levan-do estes produtos ao alcan-ce da comunidade. Aliado aestes benefícios relativos àsaúde, ainda conseguemmelhorar a renda familiar.

Vale do Sol estão em desenvolvimen-to duas casas do mel, enfocando oseu beneficiamento e agregação devalor. As instalações estão em fasebastante avançadas, de acabamentoe de legalização.

MelPrincipio ativo: magnésio, lítio,

cloro, antibiótico, vitaminas. Estessão alguns.

Propriedades terapêuticas:antianêmico, fortificante, depurativo,antibiótico, restaurador do organis-mo, ajuda na longevidade, sedativo,auxilia no sono, gripes e resfriados.Tônico do cérebro, cardiopatia, aju-da o intestino preguiçoso, alivia ocansaço e a fadiga.

Produção de mel ecológico

Engenheiro agrônomo Rogério durante trabalho com o mel

Foto Capa