O Carro Hiperconectado - Economia em Rede

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A Internet mudou a forma como compramos carros, enquanto a tecnologia móvel está mudando o que esperamos que ela faça. Para a indústria automotiva, a verdadeira complexidade surgirá quando estas duas tendências convergirem A indústria automotiva funcionou com um modelo relativamente estável durante a maior parte dos últimos 100 anos. Os fabricantes de carros desenhavam, construíam e comercializavam seus produtos, que eram depois vendidos através de uma rede de concessionárias e sua manutenção era realizada por mecânicos locais e independentes. A hiperconectividade – a crescente interligação das pessoas, locais e coisas - está colocando muita pressão sobre esse modelo, com a tecnologia digital permeando não somente o processo de escolha e compra de um carro, mas também a própria experiência de condução. Os especialistas afirmam que o setor está se adaptando, impulsionado pela forte demanda dos clientes por produtos e serviços hiperconectados. Mas seu impacto é tão profundo que ainda será necessária muita mais adaptação. O senso comum na indústria automotiva indica que um cliente típico visita uma concessionária de automóveis cinco ou mais vezes durante o processo de compra de um carro. Pode ocorrer uma visita com a família, outra para um test drive, e outra ainda se o modelo desejado não existir em estoque em uma ocasião anterior. © The Economist Intelligence Unit Limited 2014 PATROCINADO PELA O CARRO HIPERCONECTADO Escrito pela The Economist Intelligence Unit

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AInternet mudou a forma como compramos carros, enquanto a tecnologia móvel está mudando o que esperamos que ela faça. Para a indústria automotiva, a verdadeira

complexidade surgirá quando estas duas tendências convergirem

A indústria automotiva funcionou com um modelo relativamente estável durante a maior parte dos últimos 100 anos. Os fabricantes de carros desenhavam, construíam e comercializavam seus produtos, que eram depois vendidos através de uma rede de concessionárias e sua manutenção era realizada por mecânicos locais e independentes.

A hiperconectividade – a crescente interligação das pessoas, locais e coisas - está colocando muita pressão sobre esse modelo, com a tecnologia digital permeando não somente o processo de escolha e compra de um carro, mas também a própria experiência de condução.

Os especialistas afirmam que o setor está se adaptando, impulsionado pela forte demanda dos clientes por produtos e serviços hiperconectados. Mas seu impacto é tão profundo que ainda será necessária muita mais adaptação.

O senso comum na indústria automotiva indica que um cliente típico visita uma concessionária de automóveis cinco ou mais vezes durante o processo de compra de um carro. Pode ocorrer uma visita com a família, outra para um test drive, e outra ainda se o modelo desejado não existir em estoque em uma ocasião anterior.

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O CARRO HIPERCONECTADO

Escrito pela The Economist Intelligence Unit

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A quantidade de informação que os clientes podem agora acessar on-line significa que o número médio de visitas à concessionária está diminuindo. Segundo uma pesquisa global realizada pela empresa de consultoria Accenture, 37% dos proprietários de carros acreditam que provavelmente comprariam um carro através apenas de canais on-line (em comparação com apenas 13% na Índia).

Contudo, os clientes ainda acreditam que os fabricantes de automóveis podem fazer mais. Na mesma pesquisa, 82% dos entrevistados afirmaram que os fabricantes precisam melhorar seu marketing on-line.

Christina Raab, chefe digital global da Accenture para o setor de componentes eletrônicos para automóveis, espera que o setor se encaminhe para a realização de algumas exposições de grande impacto realizadas em localizações centrais, investindo fortemente no contato on-line com os clientes.

Isso modificará a dinâmica do setor, beneficiando os recém-chegados ao mercado. No passado, o custo de instalar uma rede de concessionárias em vários continentes era o bastante para dissuadir as marcas menores de uma expansão global. A prevalência dos canais de vendas on-line reduz as barreiras à entrada.

Mas o impacto do comércio eletrônico na indústria automobilística é somente a ponta do iceberg. Atualmente, os próprios carros estão se tornando produtos digitais.

Esta mudança está sendo orientada pela demanda dos clientes. A pesquisa da Accenture concluiu que, para 66% dos entrevistados, a tecnologia integrada ao automóvel é uma influência mais importante em sua decisão de compra de um carro do que o desempenho do veículo na estrada.

Christina Raab afirma que todos os clientes já estão “habituados a uma vida digital”. Isso significa que esperam estar conectados à Internet por meio de vários produtos digitais, sendo que seu carro é somente mais um desses produtos.

Portanto, o setor está tentando fornecer para seus clientes o mesmo nível de conectividade digital que eles já possuem em seus smartphones, e carros modernos equipados com sistemas de navegação ainda mais sofisticados e centros de entretenimento digital.

Enquanto isso, os componentes mecânicos do próprio carro contêm cada vez mais funcionalidade digital. “Nos carros premium, 50% do valor está nos componentes eletrônicos, não apenas no sistema de gerenciamento do motor, mas no software que fornece informações em tempo real,” afirma o Professor David Bailey da Aston Business School em Birmingham, Inglaterra, que estuda a indústria automotiva. Ele se refere a seu próprio Nissan Leaf, um carro elétrico com ligação permanente com a Internet, como exemplo da forma como a relação dos condutores com seus veículos está se transformando.

O carro hiperconectado tem grandes ramificações para os processos de produção da indústria automotiva – não menos importante devido ao aumento da complexidade do próprio produto. Um sedan típico inclui até 30 dispositivos de computação, que precisam ser incorporados na fábrica da empresa.

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Contudo, isso é compensado pela capacidade de os fabricantes de carros utilizarem a conectividade digital para gerenciarem suas cadeias de suprimentos com maior eficácia. “Os carros estão se tornando mais complexos e conectados, mas os fabricantes estão cooperando com novos fornecedores à medida que a própria Internet distribui os custos de transação,” explica o Professor Bailey.

A empresa holandesa de semicondutores NXP, um dos maiores fabricantes de chips da Europa, lançou recentemente uma joint venture com a Datang Telecom da China, diretamente dirigida à demanda da indústria automobilística chinesa por componentes conectados.

Drue Freeman, um vice-presidente sênior deste fabricante de chips, destaca que, ainda que a NXP tenha fornecido para a indústria automobilística durante 27 anos, seu setor é historicamente muito diferente da fabricação de motores. “A indústria de automóveis muda muito lentamente em comparação com o setor da eletrônica, se trata de uma cadeia de valor muito hierárquica,” afirma. “Mas o carro conectado está aproximando os dois setores.”

XHEAD: Carros personalizados

O próximo nível de complexidade surgirá quando a digitalização do processo de vendas for combinado com a crescente sofisticação do processo de produção. O Professor Bailey acredita que a próxima fronteira serão os carros altamente personalizados, projetados pelos próprios clientes através de vitrines on-line. Construir um carro por encomenda desta forma permitiria que os fabricantes de carros pedissem preços mais elevados por seus produtos. “A web permitirá que a personalização de cada carro seja muito extensa,” afirma.

A produção altamente personalizada de carros se beneficiará, ela própria, da hiperconectividade: adotando equipamentos de produção com sensores mais sofisticados e interfaces de usuário mais ágeis, e analisando mais detalhadamente os dados assim produzidos, os fabricantes esperam poder executar ciclos de produção mais curtos com custos cada vez menores.

Contudo, como consta no relatório da Economist Intelligence Unit sobre A Economia Hiperconectada , ainda que existam muitos motivos para adotar a chamada “manufatura inteligente”, os desafios técnicos são consideráveis e algumas empresas têm dificuldades em efetuar a mudança. A indústria automobilística não é uma exceção. “O grande desafio consiste em dividir estes novos processos em segmentos gerenciáveis,” afirma Christina Raab.

Portanto, não é surpreendente que a exigência de competências dos fabricantes de automóveis esteja mudando. “É cada vez maior a procura de negócios relacionados com TI e existem muitas contratações de setores de alta tecnologia,” explica Raab.

Contudo, nesse aspecto a indústria automotiva terá que entrar na fila. A hiperconectividade está afetando todos os setores, e a elevada demanda por competências digitais é um problema universal.

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