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O casarão de madame Sofia

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O casarão de madame Sofia | 1

O casarão de madame Sofia

2 | Lia Márcia Machado

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Edição e distribuição

Editora EMECaixa Postal 1820 – CEP 13360 ‑000 – Capivari – SP

Telefones: (19) 3491 ‑7000/3491 ‑[email protected] – www.editoraeme.com.br

Capivari‑SP— 2013 —

Lia Márcia MachadoEspírito Marcellus

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Ficha catalográfica elaborada na editora

Marcellus (espírito). O casarão de madame Sofia / pelo espírito Marcellus; [psicografado por] Lia Márcia Baruffi – 1a ed. maio 2013 – Capivari, SP : Editora EME. 328 p.

ISBN 978‑85‑66805‑00‑0

1 – Literatura espírita. Romance mediúnico.2 – Lei de causa e efeito. Amor ao próximo. Amor a Deus.

CDD 133.9

© 2013 Lia Márcia Machado

Os direitos autorais desta obra são de exclusividade da autora.

A Editora EME mantém o Centro Espírita “Mensagem de Esperan‑ça”, colabora na manutenção da Comunidade Psicossomática Nova Consciência (clínica espírita masculina para tratamento da depen‑dência química), e patrocina, junto com outras empresas, a Cen‑tral de Educação e Atendimento da Criança (Casa da Criança), em Capivari-SP.

CAPA | André StenicoDIAGRAMAÇÃO E PREPARAÇÃO DO tExtO | Matheus Rodrigues de CamargoREvISÃO | Maria Izabel Braghero de Camargo

1ª edição – maio/2013 – 10.000 exemplares

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Sumário

Considerações iniciais ........................................................................... 91 ‑ Tensão na Fazenda ......................................................................... 112 ‑ Lembranças de Antunes ................................................................ 173 – Josefina e seu passado ................................................................... 214 - Dura decisão .................................................................................... 295 ‑ Em busca de um grande amor ...................................................... 356 ‑ Iniciação de Miriam ........................................................................ 417 ‑ Carmeliano Torres .......................................................................... 518 – Na pista certa .................................................................................. 559 – Acaso ou destino? .......................................................................... 6110 – O negócio com o barão ................................................................ 6711‑ Isabel Cristina ................................................................................. 7512 ‑ Um passeio no campo .................................................................. 7913 ‑ Crime perfeito? .............................................................................. 8514 ‑ Miriam e seu destino .................................................................... 8915 ‑ Interesses escusos ......................................................................... 9516 ‑ Casamento sem festa .................................................................... 9917 - Sinhá Josefina torres .................................................................. 10318 ‑ Isabel desperta ............................................................................. 11119 - vitória ........................................................................................... 113

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20 ‑ Socorro a Antunes....................................................................... 11721 - visões de Josefina ....................................................................... 12122 - Reencontro de almas .................................................................. 12323 ‑ Ficar ou partir? ............................................................................ 129 24 – Aguardente e despeito .............................................................. 13325 ‑ Perto dos olhos e do coração ..................................................... 13926 ‑ Sintonia e mediunidade ............................................................. 14527 – Espaço aberto .............................................................................. 15128 ‑ Negócios à parte.......................................................................... 15729 ‑ Encontros furtivos ...................................................................... 16330 ‑ Obsessores ................................................................................... 17131 ‑ Olhos na mata.............................................................................. 17932 ‑ Plano de vingança ....................................................................... 18533 ‑ Noite de horror............................................................................ 19334 - Fuga de Josefina e vitória .......................................................... 19935 ‑ Trégua e paz ................................................................................ 20736 ‑ Ataque ao algoz .......................................................................... 21337 ‑ À espreita ..................................................................................... 21938 ‑ Padre Sebastião ........................................................................... 22539 - Desdobramento pelo sono ......................................................... 22940 ‑ Primeira derrota do barão ......................................................... 23541 ‑ Momentos de liberdade ............................................................. 241 42 ‑ Ação e reação ............................................................................... 24943 - vitória e Alberto.......................................................................... 25544 – Um corpo à mercê ...................................................................... 26145 ‑ Casamento na roça ...................................................................... 26546 ‑ O resgate de Isabel ...................................................................... 27147 ‑ Preparando a desforra ................................................................ 277

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48 – Semeando a discórdia ................................................................ 28349 ‑ Nada permanece oculto ............................................................. 28750 ‑ Intuições do Alto ......................................................................... 29551 ‑ Hostilidades ................................................................................. 30352 ‑ O tiroteio ...................................................................................... 30953 ‑ Os frutos ....................................................................................... 319

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Considerações iniciais

A empolgAnte históriA que se desenrola nesta obra baseou‑se em fatos ocorridos em meados do século 19, quando a cultura cafeeira assumia importante papel econômico no país, favorecida pelas boas condições do solo e clima, mas também pelo emprego da mão de obra escrava.

Resguardamo-nos de indicar datas e locais específicos, ou de identificar os personagens históricos que participaram desta emo‑cionante trama, mas salientamos que alguns deles se tornaram he‑róis anônimos, contribuindo para a evolução espiritual de muitos. Afinal, o foco central desta obra, que recebemos sob a forma intui‑tiva no ano de 2005, é levar o leitor a refletir com maior clareza e imparcialidade sobre os objetivos espirituais que nos trazem à exis‑tência terrena. Estes, muitas vezes, passam despercebidos em meio à rotina de nossos dias e às aflições que vivemos ao longo da vida material.

Por meio do estudo e da compreensão da doutrina espírita, vemos, na reencarnação neste campo de provas que é a Terra, a oportunidade de evoluir a cada tribulação, superando os embates da vida.

Sem compreender, no entanto, a extensão desta abrangente e expressiva palavra tantas vezes lida e relida por nós nos textos dos mensageiros de luz – “reencarnação” –, recorremos a infindáveis

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queixas e pedidos para que sejam abreviadas nossas dores. São lamentações e revoltas em relação aos caminhos terrenos,

com as quais nossos irmãos questionam o Inquestionável Ser de Justiça, Amor e Sabedoria Suprema.

Alegrar‑se, emocionar‑se e até mesmo compadecer‑se ante o exposto nas páginas desta obra é colocar o coração empaticamente ao lado de cada personagem nela descrita. Mas questionar a ação amorosa do Pai em cada sorriso ou lágrima derramada, isso nunca!

No silêncio da leitura que se seguirá, faz‑se necessária uma re‑flexão, a fim de que nós, espíritos ainda frágeis, não venhamos a cometer os mesmos erros diante das vicissitudes da vida.

Ademais, as seduções do passado estão presentes nos tempos atuais, com grande similaridade. As mesmas paixões e fraquezas que dominavam o homem daqueles longínquos anos – como desmandos do poder, arbitrariedades, desajustes emocionais – continuam cau‑sando muitos tropeços e quedas ao homem da atualidade.

Paz a todos!tijucas do Sul, Paraná, 5 de maio de 2011.

A autora

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1 | Tensão na fazenda

o vento, que zuniA por entre as árvores anunciando a chegada de uma tempestade, sacudia os cabelos de Alberto, deixando‑os ainda mais revoltos.

O galopar veloz de seu alazão balançava freneticamente seu corpo, fazendo com que apertasse mais e mais as rédeas entre as mãos.

Ao longe, os portões da fazenda já podiam ser avistados, mui‑to embora a poeira que levantava do chão a cada golpe de vento a fizesse desaparecer vez por outra, misturando‑se à densa mata que circundava a fazenda de Antunes Meirelles Maia.

De minuto em minuto, Alberto lançava seu olhar agitado para trás à procura de seus perseguidores.

Um filete de sangue escorria de sua fronte, misturando‑se ao frio suor de seu rosto.

Com um preciso solavanco, a imensa porteira se abriu, escan‑carando‑lhe a passagem, que, empurrada pelo vento, novamente se fechou, enquanto Alberto desaparecia na tortuosa estrada que o conduziria à casa principal.

Ante sua passagem, alguns trabalhadores negros que reco‑lhiam apressados os animais no pasto viraram‑se, assustados, com a pressa do cavaleiro.

Um relâmpago cortou o céu no exato momento em que Alberto apeou em frente à casa‑grande, fazendo com que o cavalo, assus‑tando-se, empinasse suas patas para o alto.

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– Uoooouuu! – gritou o cavaleiro, acalmando o animal.Um jovem negro correu ao seu encontro na tentativa de auxi‑

liá‑lo e, percebendo o ferimento do homem, levou as mãos à cabeça franzindo a testa e os olhos, como se também estivesse sentindo dor.

– Coloque‑o na estrebaria, rapaz! – disse, desfazendo‑se rapi‑damente das rédeas.

Com dois ou três largos passos, Alberto ganhou a escadaria e adentrou a casa, agitado.

– Alberto! – exclamou Josefina, assustada. – O que houve com você?

Levando as mãos à testa, só então o jovem percebeu a extensão do ferimento. Mas não deu importância para o fato, encaminhando‑‑se até a biblioteca onde Antunes, seu concunhado, com toda a cer‑teza estaria naquele momento.

Atônita, Josefina ficou plantada na sala sem resposta.Alberto virou a maçaneta da porta, dizendo apressadamente:– Eles vêm aí! Precisamos nos preparar para o confronto! – gri‑

tou, enquanto procurava as armas no enorme armário de carvalho colocado atrás da poltrona em que Antunes estava sentado.

– Que me diz?! – espantou‑se o homem, levantando‑se de um só pulo. – Ousarão mesmo nos atacar?

– Norberto e alguns homens me seguiram até quase a entrada da porteira! voltarão com reforços, esteja certo! – continuou o ra‑paz, ainda ofegante.

virando-se para Josefina, que estacara na porta para ouvir o que o cunhado diria, Antunes gritou:

– Faça com que os homens toquem o sino de alarme, Josefina! vamos ser atacados a qualquer momento e precisamos nos organi‑zar para o confronto o mais rápido possível! – ordenou, enquanto apanhava um punhado de balas num baú de cobre.

Josefina levou as mãos ao peito parecendo desfalecer.

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– Corra, Josefina! Não temos tempo para tolices agora! – insis‑tiu o homem, ao vê-la ainda parada ali, lívida.

O som insistente do badalar do sino fez com que os homens que trabalhavam para ele, quase todos negros alforriados pelo pró‑prio Antunes, largassem suas ferramentas no chão e corressem em direção à casa principal em tumultuoso burburinho.

A tormenta se iniciara e, mesmo debaixo de chuva torrencial, os homens continuaram reunidos, perfilados ao pé da imensa esca‑daria de pedras da casa principal, à espera das ordens do patrão.

Minutos depois, Antunes Meirelles Maia surgiu, trazendo a seu lado a abatida Josefina, seguidos de vitória, Maria de Fátima (ainda um bebê de colo) e Alberto. Atrás destes, as criadas da casa, que limpavam as lágrimas nos aventais.

Houve então um expressivo silêncio, até que Antunes come‑çasse a lhes falar.

– Seremos atacados a qualquer instante pelos homens de Car‑meliano Torres – disse, o que provocou um zum‑zum‑zum entre os que o ouviam.

– Pelo que sabemos, estão fortemente armados. Não estão para conversa! – falou em tom sério, do alto da varanda. – Aviem-se, homens! Apanhem suas armas e coloquem‑se nos locais estratégi‑cos! Precisamos defender nossa fazenda e as mulheres e crianças que aqui vivem! Nossas vidas de nada valerão se a covardia nos guiar neste momento crucial... Defenderemos nossas vidas e nossos ideais de justiça sem trégua agora! – bradou, inspirando coragem aos seus homens.

Alberto, ao seu lado, olhou para o rosto da multidão que ouvia, e percebeu que eles estavam, sim, dispostos a lutar até a morte por aquele homem a quem tanto respeitavam.

Um uníssono de vozes e gritos de ordem se ergueu após Antu‑nes exortá-los à luta.

Um novo ribombar de trovões estalou nos céus, estremecendo

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toda a terra, como se também Ele estivesse se unindo àquela gente na luta que se seguiria.

– Deus! – exclamou Josefina ao entrar de novo na sala. – O que será de nós agora, meu esposo? – murmurou lacrimejante. – Nunca pensei que Carmeliano Torres fosse capaz de chegar a isso, nunca pensei! – desabafou, soluçando, nos braços do marido.

Antunes abraçou‑a com ternura como se o estivesse fazendo pela última vez:

– Não se aflija por isso, Josefina. Lutaremos em defesa de nossa família e haveremos de vencer! Deus estará ao nosso lado, como sempre esteve. Não é verdade? – indagou, tentando acalmá-la.

O olhar decidido do esposo pareceu transmitir‑lhe um pouco mais de calma, embora soubesse o quanto Carmeliano Torres era capaz.

Alberto aproximou-se de vitória e da pequenina aninhada em seus braços.

– vitória, leve-a para o porão com os empregados da casa – disse baixinho em seu ouvido. – Lá todos ficarão mais seguros. Não quero vê‑la expondo‑se sem necessidade, está bem?

vitória olhou nos olhos do esposo e deixou que as lágrimas viessem à tona, abraçando-se ao seu corpo ereto.

– Não quero deixá-lo só aqui... Preciso ficar, entende? – disse ela, quase que implorando a permissão do esposo. – Se devemos morrer, que morramos juntos! Alberto, por favor, me deixe ficar ao seu lado! – implorou ela, agarrando-se a seu peito.

Alberto sentiu ímpeto de tirá‑la dali, de levá‑la para bem longe de tudo aquilo. Mas era tarde demais. Carmeliano torres adentra‑ria os portões da fazenda em poucos minutos. E, então, só Deus saberia o que poderia acontecer a todos eles.

– Não, vitória... Deve descer agora mesmo com nossa filha! Mulheres aqui só iriam atrapalhar! – retornou o homem, desvenci‑lhando-se dos braços da esposa.

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E, dirigindo‑se a uma das amas, ordenou:– Acompanhe vitória e a criança até o porão. Zele para que não

lhes falte nada! Providenciem comida, água e cobertores suficientes para que não sintam frio durante a noite, que poderá ser longa! – orientou Alberto, enquanto apanhava um candelabro de cima da mesa e entregava à empregada.

– Precisarão de velas também! Providencie que sejam em nú‑mero mais que suficiente!

virando-se para a esposa, disse: – Estaremos aqui, vitória. Não há por que se preocupar. E, de‑

pois, não acredito que essa pendenga dure por muito tempo! Os homens estão decididos a expulsar Carmeliano Torres tão logo ele adentre a fazenda. Esse danado terá o que merece! – arrematou, batendo com os punhos sobre o tampo da mesa.

Algum tempo depois, quando a casa já estava envolvida em silêncio, Antunes Meirelles Maia, acendendo um cigarro, aproxi‑mou‑se vagarosamente do concunhado, que se postara junto a uma das janelas a fim de melhor visualizar a chegada dos homens de Carmeliano torres.

Praticamente sussurrando em seu ouvido, tomando cuidado para que não fosse ouvido por mais ninguém, disse:

– Sempre soube que esse confronto era inevitável, Alberto. Du‑rante todo esse tempo aguardei este momento...

Soltou uma baforada que, aos poucos, dissipou‑se no ar, em meio a seus pensamentos.

Alberto não se voltou para olhá‑lo, mas sabia que o olhar do outro se encontrava perdido no passado longínquo de sua existên‑cia.

Antunes Meirelles Maia viu‑se novamente jovem, em suas lem‑branças mais caras, dando margem a que as recordações lhe tomas‑sem o coração.