Universidade do Estado de Santa Catarina Centro de Educação Superior do Alto Vale do Itajaí

O CENÁRIO DO TRABALHO REMOTO NA ÁREA DE TECNOLOGIA EM SANTA CATARINA

Carlos Antonio da Silva, Carlos Alberto Barth Pós-Graduação em Engenharia de Software - PGES

Centro de Educação Superior do Alto Vale do Itajaí - CEAVI Universidade do Estado de Santa Catarina

carlosantoniodasilva@gmail.com, carlos.barth@udesc.br

Resumo Este artigo apresenta um estudo sobre o cenário geral do trabalho remoto em Santa Catarina, através de uma pesquisa aplicada com o auxílio de um formulário online, com 30 profissionais de diferentes regiões do estado sobre sua visão e experiência acerca do assunto. Os resultados indicam que os trabalhadores remotos se sentem mais satisfeitos e produtivos com esse formato. Porém, o sentimento de isolamento social é maior se comparado às suas experiências não remotas, além de requerer maior disciplina e organização pessoal. Identifica-se também que a tecnologia atual parece suprir as principais necessidades do profissional remoto, contudo a infraestrutura de internet no Brasil deixa bastante a desejar na opinião dos pesquisados. Ainda com base na análise dos resultados, conclui-se que o trabalho remoto está presente no estado de Santa Catarina há algum tempo, mas existem barreiras culturais e de confiança das empresas de que o trabalho está realmente sendo executado, para que se tenha uma maior adoção. Por fim, os profissionais precisam estar cientes dos problemas que podem existir na vida de um trabalhador remoto, como maior isolamento social e dificuldade para separar a vida pessoal do trabalho, e agir ativamente para mitigar esses problemas, permitindo que usufruam completamente dos benefícios, como maior flexibilidade e produtividade.

Palavras-chave: Trabalho Remoto, Comunicação, Santa Catarina, Cenário, Pesquisa.

THE REMOTE WORK SCENARIO ON THE TECHNOLOGY AREA IN SANTA CATARINA

Abstract This article presents a study about the general scenario of the remote work in Santa Catarina, through a research applied with the help of an online form, with 30 professionals from different regions of the state, about their vision and experience on the subject. The results indicate that the remote workers feel more satisfied and productive with this format. However, the feeling of social isolation is increased if compared to their non-remote experiences, besides requiring more discipline and personal organization. It also identifies that the current technology seems to be enough for the main needs of remote professionals, although Brazil’s internet infrastructure falls short in the opinion of the respondents. Still based on the analysis of the results, the conclusion shows that remote work is present in the state of Santa Catarina for some time already, but there are cultural and trust barriers from companies that the work is really being done, so that it can have more adoption. Finally, professionals need to be aware about the problems that might exist in the life of a remote worker, like increased social isolation and difficulty to separate personal from work life, and act actively to mitigate these problems, allowing them to completely enjoy the benefits, like more flexibility and productivity.

Keywords: Remote Work, Communication, Santa Catarina, Scenario, Research.

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1. Introdução

Com a evolução dos processos de software, tem-se percebido que muitas das práticas tradicionais de desenvolvimento acabam não se adequando à diferentes tipos de projeto e empresas. Uma dessas práticas é o trabalho remoto, que tem crescido consideravelmente no Brasil e no mundo. Uma pesquisa efetuada pela consultoria de recrutamento Robert Half1 em 2012, onde 1.876 diretores de Recursos Humanos de diversos países foram questionados, apontou que, dentre os entrevistados no Brasil, o país teve um crescimento em trabalho remoto de 47% referente aos 3 anos anteriores, e outros 37% afirmaram não ter identificado mudanças no cenário (CAMPUS, 2012).

A interação remota entre empregado e empresa tende a crescer e uma das principais razões é o crescimento explosivo da internet. Assim que algumas questões de segurança das informações forem resolvidas, o teletrabalho crescerá além das restrições da telecomunicação, podemos até dizer que de forma irreversível. (GOULART, 2009)

Em fevereiro de 2013 o Yahoo! anunciou que seus funcionários não poderiam mais trabalhar 1

de casa . Fried (2013, tradução livre) comenta o seguinte a respeito: 2

Em fevereiro de 2013, Marissa Mayer, a nova CEO do Yahoo!, iniciou uma controvérsia não-insignificante quando anunciou que os funcionários não seriam mais autorizados a trabalhar de casa. Nós achamos que ela cometeu um grande erro. Porque trabalho não acontece no trabalho. Se você perguntar às pessoas onde elas vão quando elas realmente querem trabalhar, pouquíssimas responderão “o escritório”. Se elas disserem o escritório, incluirão um qualificador como “super-cedo de manhã antes de outros chegarem”, ou “eu fico até mais tarde depois que todos saíram”, ou “eu entro de mansinho no final de semana”. O que eles estão tentando te dizer é que eles não conseguem realmente trabalhar no trabalho.

Para Paradela (2013), trabalhar de forma remota traz algumas vantagens como economia de tempo e custo de deslocamento, além de maior flexibilidade e autonomia; porém uma das principais desvantagens que fica evidente quando se fala em trabalho remoto é a diminuição de laços sociais e o aumento de complexidade na comunicação.

O objetivo do presente artigo é entender melhor o cenário do trabalho remoto na área de tecnologia dentro do estado de Santa Catarina, procurando analisar se essas vantagens são realmente vividas por todos que trabalham remotamente, bem como quais os problemas que afetam os profissionais no dia-a-dia, e se eles estão sendo mitigados de alguma forma. Também busca-se compreender se existem lacunas que possam ser preenchidas com relação à infraestrutura e ferramental utilizado por trabalhadores remotos.

Este artigo está dividido nas seguintes seções: a primeira descreve como foi efetuada a pesquisa com os profissionais da área de tecnologia de Santa Catarina; a seguinte seção comenta os resultados dessa pesquisa, efetuando uma análise de cada questão individualmente; e por fim a última seção contempla as considerações finais.

https://www.yahoo.com/1

http://www.forbes.com/sites/jennagoudreau/2013/02/25/back-to-the-stone-age-new-yahoo-ceo-marissa-2

mayer-bans-working-from-home/

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2. A pesquisa

A pesquisa constituiu-se de um questionário contendo 28 perguntas, desenvolvidas pelo autor deste com base em:

• Um estudo de caso apresentado por Júnior (2000) sobre um projeto feito pela AT&T : “em 3

1990, a AT&T e o estado do Arizona envolveram, em um projeto piloto, 134 telecommuters e 70 supervisores. Durante a tentativa, os telecommuters trabalharam um dia por semana em casa”. • Os resultados de uma pesquisa sobre trabalho remoto nos Estados Unidos, feita pela Microsoft (2010). O questionário foi disponibilizado para preenchimento online através do aplicativo Google

Forms , para facilitar o processo de coleta e análise das informações. As redes sociais Twitter e 4 5

Facebook , bem como a lista de email do Grupo de Usuários Ruby de Santa Catarina (Guru-6

SC) , foram utilizadas como meio de divulgação, solicitando aos profissionais da área de 7

tecnologia do estado de Santa Catarina que participassem da pesquisa, respondendo ao questionário com base em suas experiências e visões sobre o trabalho remoto. O formulário ficou disponível desde as 13:30h do dia 15 de Maio de 2015, até as 08:00h de 18 de Maio de 2015, obtendo um total de 30 respondentes.

Nem todas as perguntas foram respondidas por todos os pesquisados, pois algumas eram condicionais à pergunta inicial sobre trabalhar ou não remotamente, como veremos no capítulo seguinte.

3. Resultados

Após a coleta dos questionários, procedeu-se a análise dos dados, questão por questão, procurando entender melhor o cenário do trabalho remoto na visão dos profissionais.

a. Questão 01: Com relação ao trabalho remoto, você:

A primeira questão procura identificar a experiência dos participantes com relação ao trabalho remoto: se trabalham atualmente, trabalharam no passado, ou não trabalham.

! Figura 1 - Questão 01: Relação com o trabalho remoto (Acervo do Autor)

American Telephone and Telegraph - companhia americana de telecomunicações: http://www.att.com/3

https://www.google.com/forms/about/4

https://twitter.com/cantoniodasilva/status/5992513411611361285

https://www.facebook.com/carlosantoniodasilva/posts/11177220182379586

https://groups.google.com/forum/#!topic/guru-sc/GJ_PoZParRc7

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Através da Figura 1 identifica-se que 23 dos 30 participantes trabalham remotamente no momento, enquanto outros 7 trabalham de forma não remota. Nenhum dos participantes teve a experiência de trabalho remota no passado e deixou de trabalhar neste formato.

b. Para quem trabalha remoto

As perguntas deste grupo foram aplicadas apenas para quem respondeu estar trabalhando remoto atualmente, ou seja, 23 participantes.

i. Questão 02: Você tem interesse em deixar de trabalhar remotamente?

O objetivo desta pergunta é ter uma ideia inicial se a experiência do trabalho remoto tem sido satisfatória ou não, analisando se os participantes demonstram interesse em voltar a trabalhar dentro das empresas.

! Figura 2 - Questão 02: Interesse em deixar de trabalhar remotamente (Acervo do Autor)

Podemos ver pela Figura 2 que a grande maioria dos respondentes não tem intenções de deixar o formato de trabalho remoto - 91,3%, o que nos leva inicialmente a acreditar que a satisfação desses profissionais com esse formato é bastante elevada.

ii. Questão 03: Se sua empresa decidisse parar com o trabalho remoto, qual seria sua posição?

A seguir a pesquisa procura identificar qual a reação dos participantes caso a empresa que trabalham atualmente demonstra-se o desejo de parar com o trabalho remoto. As respostas podem ser vistas na Figura 3:

! Figura 3 - Questão 03: Posição caso a empresa decidisse parar com o trabalho remoto (Acervo do Autor)

Mais de 50% dos participantes diz que sua primeira reação caso a empresa decidisse parar com o trabalho remoto seria procurar outra empresa, enquanto que 34.8% tentaria argumentar com a empresa para continuar neste formato. Um dos participantes marcou outro e sua resposta poderia ser também caracterizada como argumentar com a empresa. Os resultados indicam que

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boa parte dos profissionais estão fortemente ligados ao trabalho remoto, muitas vezes mais ao formato do que a empresa para o qual prestam serviço.

c. Para quem trabalhou remoto

Há apenas uma pergunta neste grupo, focada especificamente em quem trabalhou remotamente no passado, e hoje não está mais.

i. Questão 04: Você tem interesse em voltar a trabalhar remotamente?

Como nenhum dos profissionais participantes se encaixou nesse perfil, não houveram respostas.

d. Para quem não trabalha remoto

Uma pergunta específica também foi direcionada à quem não trabalha remoto atualmente, sendo apresentada para 7 dos 30 participantes.

i. Questão 05: Você tem interesse em trabalhar remotamente no futuro?

A intenção desta pergunta é medir o interesse dos profissionais em ter uma experiência de trabalho remoto.

! Figura 4 - Questão 05: Interesse em trabalhar remotamente no futuro (Acervo do Autor)

O resultado exibido na Figura 4 demonstra que a maior parte dos questionados têm sim interesse em trabalhar remotamente, sendo que apenas 1 dos 7 diz não ter esse interesse.

e. Para quem trabalha / trabalhou remoto

Neste grupo de perguntas a pesquisa foca-se em quem trabalha atualmente ou já trabalhou remotamente no passado. Como não houveram participantes que trabalharam remotamente no passado e hoje não mais, os 23 respondentes que hoje trabalham remoto foram apresentados as perguntas seguintes.

i. Questão 06: Há quanto tempo você trabalha/trabalhou remotamente?

Com esta pergunta o foco é ter uma ideia da experiência que esses profissionais têm com o trabalho remoto. Os resultados podem ser vistos na Figura 5.

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! Figura 5 - Questão 06: Tempo de trabalho remoto (Acervo do Autor)

É possível observar que uma grande fatia dos entrevistados tem uma experiência considerável em trabalho remoto: 34.8% entre 3 e 4 anos, 8.7% entre 4 e 5 anos, e outros 21.7% acima de 5 anos, totalizando 65.21% dos questionados. Isso demonstra que o formato de trabalho remoto já existe há algum tempo em nossa região.

ii. Questão 07: Quantas empresas diferentes você já trabalhou remotamente?

Procura-se agora identificar a quantidade de empresas diferentes que esses profissionais já trabalharam remotamente, para se ter uma ideia da rotatividade nesse formato.

! Figura 6 - Questão 07: Quantidade de empresas diferentes trabalhando remotamente (Acervo do Autor)

Como é possível ver na Figura 6, a concentração maior fica entre 1 e 3 empresas diferentes, totalizando 21 dos 23 entrevistados - ou 91.30%. Com isso acredita-se que a rotatividade de profissionais que trabalham remoto não seja muito grande, ainda levando em consideração os resultados da questão anterior, que demonstra que boa parte dos entrevistados têm mais de 3 anos de experiência trabalhando remotamente.

iii.Questão 08: Qual a localização da empresa para a qual você trabalha/trabalhou:

Esta questão procura contextualizar onde se encontram as empresas que empregam os trabalhadores remotos participantes da pesquisa. Pediu-se aos participantes que considerassem apenas a atual/última empresa, caso tivessem trabalhado para mais de uma.

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! Figura 7 - Questão 08: Localização da empresa remota (Acervo do Autor)

A Figura 7 demonstra que 4 dos 23 respondentes trabalham remotamente para empresas dentro do próprio estado de Santa Catarina, enquanto outros 10 trabalham para empresas dos Estados Unidos, um número bastante considerável dentro dessa amostra. Outras 2 pessoas responderam outros, sendo eles “Rio Grande do Sul” e “Rio de Janeiro”, ou seja, podem ser considerados na categoria “outros estados do Brasil”. Estes resultados exibem que as empresas dos Estados Unidos estão bastante abertas à este formato de trabalho, possivelmente mais até do que as empresas brasileiras.

iv. Questão 09: Com que frequência você costuma/costumava se reunir com seus colegas de trabalho?

Assim como a questão anterior, esta é somente relacionada a atual/última empresa dos participantes, e tem como objetivo entender melhor as interações em pessoa que acontecem entre os trabalhadores remotos e seus respectivos times.

! Figura 8 - Questão 09: Frequência de reunião com os colegas de trabalho (Acervo do Autor)

A Figura 8 demonstra que boa parte dos respondentes encontra-se com seu time apenas 1 vez por ano - 34.8%. Se levarmos em consideração a questão anterior, que levantou 10 profissionais trabalhando para empresas dos Estados Unidos, é possível que exista uma relação entre as duas, onde a maior parte desses profissionais encontraria-se apenas anualmente por motivos de distância e custos, por exemplo. Um dado interessante a ser ressaltado também é que 4 pessoas disseram não se reunirem com os colegas de trabalho pessoalmente nenhuma vez. Uma pessoa respondeu “semanalmente” no campo “outros”.

v. Questão 10: Quais reuniões você participa/participava remotamente com o time?

Outra pergunta focada na atual/última empresa, esta busca entender melhor que tipos de reuniões são mais comuns no dia-a-dia dos trabalhadores remotos. A Figura 9 mostra as respostas obtidas:

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! Figura 9 - Questão 10: Participação em reuniões remotas com o time (Acervo do Autor)

A maior parte das reuniões são focadas em planejamento e acompanhamento do trabalho, feitas diariamente (dailies) e semanalmente (weeklies). Nem todos participam de reuniões de entrega, revisão, e retrospectivas do trabalho já efetuado/entregue - entre 20 e 30% dos respondentes apenas. Isso indica que um acompanhamento frequente do trabalho sendo realizado acontece fortemente durante o trabalho remoto, para que ninguém perca o foco das atividades sendo desenvolvidas, já que o time não está no mesmo ambiente.

vi. Questão 11: Sobre o número de reuniões que você participa/participava

Além de entender quais reuniões os pesquisados participam, busca-se indagar como os profissionais avaliam essas reuniões com relação ao trabalho que estão realizando, com os resultados podendo ser vistos na Figura abaixo.

! Figura 10 - Questão 11: Suficiência do número de reuniões remotas com o time (Acervo do Autor)

Os respondentes parecem bem contentes com a quantidade e frequência das reuniões que estão tendo atualmente, dizendo que são suficientes para balancear a produtividade e organização do trabalho. Apenas 2 dos 23 comentaram que as reuniões parecem não ser suficientes para planejar o que precisa ser feito, e ninguém disse haver reuniões demais. É possível perceber que com o trabalho remoto as reuniões parecem ser bem focadas nas atividades que devem ser realizadas, e a quantidade delas é mantida no mínimo necessário para satisfazer essas atividades.

vii. Questão 12: Onde você costuma/costumava trabalhar mais remotamente?

Esta questão e a seguinte procuram entender um pouco melhor sobre o ambiente de trabalho dos pesquisados. Aqui o objetivo é saber se eles utilizam sua própria casa como local de trabalho, ou se procuram ambientes diferenciados como coworkings (ambientes/escritórios de trabalho compartilhados).

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! Figura 11 - Questão 12: Local de trabalho mais comum (Acervo do Autor)

Como pode ser observado na Figura 11, a grande maioria (21) dos respondentes utilizam sua própria casa como local de trabalho. Apenas 2 respondentes utilizam espaços de coworking para trabalhar, e ninguém acaba fazendo uso de lugares públicos, talvez pela não existência de lugares adequados em muitas cidades.

viii. Questão 13: Você possui/possuía um ambiente de trabalho separado em sua casa (como um pequeno escritório)?

Além de entender onde os profissionais costumam trabalhar, também indagou-se sobre a existência de um ambiente de trabalho separado dentro de casa.

! Figura 12 - Questão 13: Possui ambiente de trabalho separado em casa (Acervo do Autor)

16 dos 23 participantes possuem sim um ambiente de trabalho separado, como um pequeno escritório, dentro da própria casa, como mostra a Figura 12. Entende-se que ter um ambiente separado é melhor para quem está remoto e utiliza sua própria casa como local de trabalho, possivelmente para evitar distrações dentro de casa e/ou conseguir maior concentração.

ix. Questão 14: Como você classificaria o seu grau de satisfação com o trabalho remoto?

As perguntas seguintes procuram entender como os respondentes efetivamente se sentem com relação ao trabalho remoto, em comparação às suas experiências não remotas, sendo esta primeira específica sobre sua satisfação.

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! Figura 13 - Questão 14: Grau de satisfação com o trabalho remoto (Acervo do Autor)

Fica aparente na Figura 13 que os profissionais estão bastante satisfeitos com o trabalho remoto (87%), sendo que não houve nenhuma resposta informando estar menos satisfeito com esse formato. Apenas 1 pessoa não soube dizer se estava mais satisfeito ou não.

x. Questão 15: Como você classificaria o seu grau de produtividade com o trabalho remoto?

Esta questão busca compreender se os profissionais estavam se sentindo mais produtivos enquanto trabalhando remotamente. Através da Figura 14 é possível observar que a maior parte - 65.2% - disse ter sentido um aumento em termos de produtividade, enquanto que os demais não sentiram mudanças.

! Figura 14 - Questão 15: Grau de produtividade com o trabalho remoto (Acervo do Autor)

É importante ressaltar que não houve nenhuma resposta dizendo que houve redução de produtividade, indicando que estar trabalhando remotamente não parece impactar os profissionais negativamente em relação ao trabalho que está sendo realizado.

xi. Questão 16: Como você classificaria o seu grau de isolamento com o trabalho remoto?

Além de entender o grau de satisfação e produtividade dos respondentes, a pesquisa também solicitou que eles analisassem se estavam se sentindo mais ou menos isolados trabalhando remotamente. Os resultados podem ser conferidos na Figura 15.

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! Figura 15 - Questão 16: Grau de isolamento com o trabalho remoto (Acervo do Autor)

De fato trabalhar remotamente parece isolar mais as pessoas de forma geral: 18 dos 23 respondentes disseram sentir-se mais isoladas com o trabalho remoto. Muitas vezes esse isolamento pode estar diretamente relacionado ao pequeno número de encontros feitos entre os colegas de trabalho (como visto na Figura 8), ou também a ligação forte que existe entre trabalhar remotamente e utilizar principalmente a própria casa como ambiente de trabalho, como muitos fazem (visualizado na Figura 11).

xii. Questão 17: Você recomendaria o formato de trabalho remoto para um colega?

A última pergunta específica para quem trabalha remotamente procura capturar se esses profissionais recomendariam à seus colegas essa experiência, o que também ajuda a indicar sua satisfação com esse formato. As respostas podem ser conferidas na Figura abaixo:

! Figura 16 - Questão 17: Recomendaria o trabalho remoto para um colega (Acervo do Autor)

A recomendação para que os colegas tivessem alguma experiência de trabalho remoto foi unânime entre os pesquisados. Isso indica que, apesar de muitos sentirem-se mais isolados, os sentimentos de satisfação com esse formato são mais fortes.

f. Vantagens e desvantagens, complexidade de comunicação e outros problemas

As próximas questões foram aplicadas para todos os 30 participantes, indiferente se trabalham ou não remotamente, e focam-se nas vantagens e desvantagens que eles percebem com esse formato, bem como no aumento da complexidade de comunicação e outros possíveis problemas, e formas de mitigá-los.

i. Questão 18: Quais as principais vantagens que você vê no trabalho remoto?

Inicialmente a pesquisa procura identificar as principais vantagens, e os resultados podem ser vistos na Figura 17.

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! Figura 17 - Questão 18: Principais vantagens do trabalho remoto (Acervo do Autor)

3 vantagens se sobressaem das demais: economia de tempo/custo no deslocamento (86.7%), flexibilidade para trabalhar quando se sentir mais produtivo (80%), e possibilidade de buscar empregos diferenciados em outras regiões / países (76.7%). Uma pessoa respondeu outro e disse “Poder trabalhar de qualquer lugar do mundo”. Com isso identifica-se que as pessoas estão realmente utilizando o trabalho remoto como forma de evitar o tempo gasto se deslocando para o escritório, tempo este que pode ser utilizado para o próprio trabalho, e portanto ajuda na questão de sentir-se mais produtivo. Além disso, por mais que existam trabalhos remotos onde se deve seguir os mesmos horários da empresa, a flexibilidade de trabalhar em horários diferenciados ainda é bastante relevante para os pesquisados. Por fim, como vimos na Figura 7, vários respondentes trabalham para empresas de outros estados / países, portanto essa possibilidade também é considerada uma grande vantagem para o trabalho remoto, pois é possível morar próximo as famílias, em cidades com custos de vida menores e/ou maior qualidade de vida em geral, ou até mesmo estar em diferentes lugares, enquanto se trabalha remotamente.

ii. Questão 19: Quais as principais desvantagens que você vê no trabalho remoto?

Além das vantagens, a pesquisa também pede aos pesquisados que identificassem as principais desvantagens relacionadas ao trabalho remoto, vistos na Figura abaixo:

! Figura 18 - Questão 19: Principais desvantagens do trabalho remoto (Acervo do Autor)

Os 3 pontos mais votados foram: isolamento social (76.7%), separar a vida pessoal do trabalho (56.7%), e distrações dentro de casa (46.7%). Essas desvantagens podem estar diretamente conectadas entre si e relacionadas a ligação forte que existe entre trabalhar

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remotamente e trabalhar de casa: problemas para separar a vida pessoal e o trabalho podem levar ao maior isolamento, por exemplo. Outro ponto a ser levantado é que 43.3% dos pesquisados comentou também que trabalhar mais horas do que o necessário é uma desvantagem para eles, o que pode indicar que muitos desses profissionais acabam deixando de lado o tempo que deveria ser utilizado para sua vida pessoal - sair com a família, os amigos, ler um livro, etc - em prol do trabalho, já que ele está próximo o tempo todo. As distrações existentes em casa - tv, video games, família, etc - também podem fazer com que se trabalhe mais horas ou em horários que deveriam ser separados para a vida pessoal, para “compensar” o tempo gasto com a distração.

iii.Questão 20: Por favor tente descrever um pouco como você imagina que seria possível mitigar estas desvantagens.

Essa questão constrói em cima da anterior, tentando esclarecer um pouco melhor as desvantagens elencadas e como elas poderiam ser mitigadas, sendo portanto uma questão aberta.

O principal ponto levantado pelas respostas foi “sair de casa com maior frequência, criando relações fora do trabalho”, o que demonstra claramente que esses profissionais tendem a se sentir mais isolados por não estarem cultivando relações em sua vida pessoal.

Outros pontos importantes identificados foram “disciplina, ter um espaço de trabalho separado em casa” e “ter um horário de trabalho específico, uma hora para começar e parar - criar uma rotina”. Isso mostra que as pessoas têm dificuldade para criar uma rotina de trabalho que as permita trabalhar um número de horas suficiente e ainda ter tempo para sua vida pessoal - como muitas vezes acontece quando se trabalha em um escritório, onde normalmente existe um horário determinado para começar e parar. Ou seja, as pessoas demonstram ter problemas para organizar-se enquanto trabalhando remotamente, para que possam tirar maior proveito disso.

Por fim, também foi comentado que “trabalhar de lugares públicos - coworkings, cafeterias, etc” seria uma boa maneira para mitigar o isolamento social, contudo “várias cidades menores da região não possuem lugares favoráveis para isso”.

iv. Questão 21: Quais são as principais barreiras na sua opinião para que o trabalho remoto possa ter maior adoção?

Além de procurar entender as principais vantagens e desvantagens, a pesquisa também busca conhecer as principais barreiras para que o trabalho remoto seja adotado por mais empresas. Os resultados podem ser conferidos na Figura 19:

! Figura 19 - Questão 21: Principais barreiras para maior adoção do trabalho remoto (Acervo do Autor)

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Mudar a cultura organizacional é certamente a principal barreira na opinião desses profissionais (86.7%), seguido de confiança da gerência/empresas de que o trabalho está sendo feito (73.3%). Isso indica que as empresas parecem não estar preparadas para o trabalho remoto, pois não confiam que as pessoas estão realizando o trabalho que são responsáveis por fazer. Acredita-se que muitos profissionais que atuam como parte da gerência em empresas que não possuem a cultura remota ainda sentem que precisam ver as pessoas trabalhando de perto, para garantir que estão realmente trabalhando. Estes mesmos profissionais não acreditam que remotamente as pessoas estariam produzindo seu trabalho, pois o pensamento de “se estiverem trabalhando de casa, vão preferir assistir tv a fazer o seu trabalho” parece ser bastante forte.

v. Questão 22: A comunicação é normalmente considerada muito mais complexa para quem trabalha remotamente do que para pessoas trabalhando no mesmo ambiente. Você acha que a tecnologia existente hoje é suficiente para diminuir esse problema a níveis aceitáveis para trabalhar remotamente?

Essa questão procura medir se a tecnologia existente atualmente resolve o aumento de complexidade na comunicação quando se trabalha remotamente.

! Figura 20 - Questão 22: Complexidade de comunicação remota e a tecnologia existente (Acervo do Autor)

Através do gráfico exibido na Figura 20, vemos que 28 dos 30 respondentes acham que a tecnologia atual supre essa complexidade adicional para a comunicação remota. Isto não quer dizer que o que existe atualmente em termos de tecnologia não pode melhorar, e isso pode ser visto através da questão seguinte.

vi. Questão 23: Quais os pontos de comunicação que você acha que a tecnologia atual não atende ou tem bastante espaço para melhorar com relação ao trabalho remoto?

Complementando a questão anterior, por mais que a tecnologia atual permite se trabalhar remotamente com uma qualidade de comunicação aceitável, procura-se aqui entender onde existe maior dificuldade, o que também pode indicar onde há espaço para inovar e melhorar os meios de comunicação existentes.

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! Figura 21 - Questão 23: Onde a tecnologia pode melhorar para a comunicação remota (Acervo do Autor)

Através da Figura 21 fica claro que as ferramentas de comunicação via áudio/vídeo parecem ainda não atender completamente as necessidades do trabalho remoto - 36.7% dos respondentes, bem como ferramentas para compartilhar a tela (26.7%) e as funções do computador (33.3%). Contudo, 7 pessoas marcaram outro e descreveram que seus maiores problemas são na realidade relacionados a internet: velocidade, qualidade e estabilidade da conexão parecem ser um grande problema para eles. Isso fica mais evidente na questão seguinte.

vii.Questão 24: Por favor tente descrever um pouco as dificuldades que você vê referente aos pontos elencados acima e como você poderia mitigar essas dificuldades.

Para entender ainda melhor como a comunicação afeta os trabalhadores remotos, a questão aberta pede que os respondentes descrevam melhor as dificuldades e possíveis formas de mitigá-las.

Apesar de algumas pessoas comentarem não termos limitações tecnológicas / ferramentais, o maior problema elencado é com certeza a "qualidade e velocidade da conexão, que tem mais relação com a infraestrutura da rede no país”. Também relacionado a isso, houveram comentários sobre a “falta de opção no serviço de internet em cidades menores, onde as opções existentes são geralmente ruins e caras”.

Outro ponto elencado foi sobre “conversas / discussões com um grande número de pessoas”, onde as ferramentas atuais não atendem muito bem. Além disso, “discussões sobre novas funcionalidades ou arquitetura/design de software, são mais complicadas utilizando apenas texto/áudio/vídeo, sendo mais fácil em um ambiente presencial com um whiteboard (quadro branco) e alguns rabiscos, por exemplo”.

viii. Questão 25: Você identifica algum problema que ainda não foi solucionado para que o trabalho remoto possa atingir um maior número de pessoas/empresas? Por favor descreva.

Esta questão aberta indaga sobre possíveis problemas que os respondentes vêem como ainda não solucionados, com o objetivo de obter ainda mais informações sobre as dificuldades com o trabalho remoto.

Grande parte das respostas foram variações das informações já previamente coletadas, como por exemplo “cultura das empresas”, “confiança de que os funcionários estão realmente trabalhando”, “comunicação mais limitada, porém a tecnologia atual resolve bastante”, “qualidade da internet”. Contudo, alguns novos e importantes pontos foram levantados: “leis

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brasileiras acabam freando esse formato de trabalho”, onde por exemplo a CLT não distingue o trabalho remoto do trabalho realizado no escritório (conforme Artigo 6º da CLT e seu parágrafo único); e “segurança no trabalho é muito relevante: como garantir que o trabalhador está em condições adequadas de trabalho (iluminação, acomodação, ruído, etc)”, onde agora fica a cargo do trabalhador remoto garantir que possui boas condições de trabalho.

ix. Questão 26: Se você pudesse melhorar uma única coisa para tornar o dia-a-dia de um trabalhador remoto mais fácil e/ou melhor, o que seria?

Continuando com o foco de identificar problemas e possíveis melhorias, esta pergunta também aberta solicita aos respondentes que falem sobre um ponto específico que melhorariam para tornar o dia-a-dia remoto melhor.

Novamente um ponto bastante comentado foi a “internet no Brasil”, esse parece ser o que mais afeta os profissionais. Algumas pessoas falam sobre a necessidade de “um espaço de coworking”, o que poderia ajudar a eliminar o problema do isolamento social; enquanto outros comentam sobre “uma ferramenta para gerenciamento, discussões de mais alto nível, programação em par, que funcione de forma mais integrada”.

Um ponto levantado por uma pessoa que não trabalha remotamente e que chama a atenção é “acabar com as reuniões, diárias, semanais, etc”. Se levarmos em consideração que a grande maioria dos que trabalham remoto está contente com as reuniões que participam hoje, como visto nas Figuras 9 e 10, poderíamos avaliar que o contexto de trabalho desse respondente talvez contenha mais reuniões do que o necessário.

Outro ponto bastante interessante levantado é que “o trabalho deve ser assíncrono. Não precisamos estar online (disponíveis) o tempo todo, o trabalho deve ser realizado de forma independente por cada funcionário e sincronizado (através de reunião ou outra comunicação efetiva) com uma certa frequência (diária, a cada dois dias, semanal, etc)”. Muitos casos de trabalho remoto não permitem essa assincronidade, pois os funcionários muitas vezes precisam seguir um determinado horário definido pela empresa (mesmo estando trabalhando em um ambiente remoto), porém para aqueles que desejam ter flexibilidade para trabalhar quando se sentem mais produtivos, é um ponto bem importante.

x. Questão 27: Em qual região de Santa Catarina você mora?

Para entender um pouco melhor onde os participantes estão localizados dentro do estado de Santa Catarina, solicitou-se que indicassem em que região eles moram. A Figura 22 exibe o mapa de Santa Catarina com suas respectivas regiões: 1) Grande Florianópolis; 2) Norte; 3) Oeste; 4) Serrana; 5) Sul; 6) Vale do Itajaí.

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! Figura 22 - Mapa da regiões do estado (Lista de mesorregiões de Santa Catarina - Wikipedia)

A Figura 23 demonstra que mais de 50% dos respondentes estão concentrados entre o Vale do Itajaí (11, 36.7%) e Norte (7, 23.3%) do estado.

! Figura 23 - Questão 27: Localização dos participantes (Acervo do Autor)

3 participantes responderam não serem de Santa Catarina, apesar da pesquisa ser focada em profissionais do estado, e a divulgação ter solicitado que apenas profissionais que morassem no estado participassem. Não ficou claro se estes profissionais trabalham com empresas de Santa Catarina, ou talvez se não moram mais oficialmente no estado (temporária ou permanentemente), ou se são realmente pessoas de fora do estado que acabaram participando da pesquisa.

xi. Questão 28: Se tiver interesse em receber informações sobre o resultado da pesquisa, por favor deixe seu email de contato.

Por último, foi solicitado para quem tivesse interesse em receber informações ao final do trabalho, que deixasse seu email de contato. 20 dos 30 respondentes demonstraram interesse, e receberão uma cópia deste trabalho após finalizado. Esse número é bastante representativo, indicando que muitas pessoas têm interesse em conhecer como outros profissionais trabalham remotamente, e como eles vêem os problemas existentes com esse formato e como mitigar e/ou melhorar esses problemas.

4. Análise

A pesquisa realizada com 30 profissionais demonstrou resultados bastante interessantes sobre o trabalho remoto no estado de Santa Catarina. Dos 23 que trabalham remoto (identificados na questão 01), 65% já estão nesse formato por 3 ou mais anos (questão 06), indicando que já existe uma boa experiência com o trabalho remoto na região. 70% trabalharam para apenas 1 ou 2

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empresas, como visto na questão 07, o que demonstra que a rotatividade destes profissionais parece ser baixa, indicando possivelmente maior satisfação.

Além disso, através da questão 08 é possível ver que 43% trabalham atualmente para empresas nos Estados Unidos. Isso demonstra que os profissionais estão usando o trabalho remoto como forma de encontrar outros trabalhos com desafios e/ou retorno financeiro diferenciado fora da região onde residem. Somente o fato de comunicar-se todo o tempo em outro idioma, neste caso o inglês, já pode ser considerado um grande desafio para a maioria dos profissionais. Também é possível que as empresas nos EUA estejam mais abertas à esse formato de trabalho do que aqui no Brasil.

Conforme pode ser evidenciado nas respostas às questões 10 e 11, os profissionais remotos demonstram-se contentes com as reuniões para organização do trabalho. Em geral as reuniões são concentradas no acompanhamento do dia-a-dia, e a cada semana ou duas semanas para um planejamento do trabalho e acompanhamento a curto / médio prazo. Outros tipos de reuniões entre o time, como retrospectivas ou apresentações técnicas, são bem menos frequentes. Com a maior complexidade da comunicação, como comentado na questão 22, o número de reuniões tende a cair e as reuniões existentes a serem mais focadas para utilizar o menor tempo possível de todos os envolvidos, já que é bastante cansativo ficar horas em uma reunião através do computador - muitas vezes utilizando fones de ouvido.

As questões 12 e 13 demonstram que a grande maioria dos profissionais remotos trabalham em casa, e muitos possuem um ambiente separado, como um pequeno escritório, para utilizar enquanto trabalham. Isso auxilia na separação da vida pessoal e do trabalho, um dos principais pontos levantados como desvantagem na questão 19, pois tanto o profissional quanto sua família saberão distinguir melhor quando se está trabalhando, apenas por estar dentro deste ambiente separado. Também ajuda a evitar pequenas distrações (outra desvantagem elencada na questão 19), como a TV ou barulhos dentro de casa, por exemplo alguém efetuando a limpeza da sala ou preparando uma refeição, que podem atrapalhar a concentração ou até mesmo interferir durante reuniões. Com base nisso, pode-se recomendar para que todos os trabalhadores remotos - ou para quem tiver interesse em trabalhar nesse formato no futuro - que procurem criar um local separado para realizar seu trabalho.

A tecnologia atual parece atender bem as necessidades do trabalho remoto, porém há bastante espaço para melhorias, conforme é possível identificar através das questões 22, 23 e 24: boa comunicação de áudio/vídeo e compartilhamento de tela/funções do computador, principalmente quando mais pessoas estão envolvidas, ainda parece ser bastante problemático. Considerando a experiência do autor deste, realmente há problemas nessa área. Existem boas ferramentas como o Microsoft Skype e o Google Hangouts , porém, quando há bastante pessoas envolvidas, essas 8 9

ferramentas deixam a desejar. O Skype, por exemplo, perde bastante a qualidade com mais pessoas. Já o Hangouts mantém boa qualidade, porém possui um limite de 15 pessoas para contas empresariais.

Contudo, as questões 24, 25 e 26 demonstram claramente que o grande vilão em termos de tecnologia é com certeza a infraestrutura de internet no Brasil: a qualidade do serviço deixa a desejar, as opções são poucas, e o custo é alto. Se existisse uma infraestrutura melhor nessa área no país, talvez problemas como a comunicação via áudio/vídeo e compartilhamento de tela nem fossem elencados por tantos profissionais.

http://www.skype.com/en/8

http://www.google.com/+/learnmore/hangouts/9

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Uma possível inovação interessante levantada na pesquisa através da questão 25 seria a criação de uma espécie de whiteboard virtual, que pudesse substituir a interação entre pessoas na frente de um quadro branco interagindo durante discussões. A dificuldade encontrada é principalmente com relação a discussões de arquitetura e design de software, bem como interface e usabilidade. Como são assuntos de mais alto nível, muitas vezes é complicado ter discussões mais profundas sem a ajuda de alguma ferramenta visual para apoio e demonstração das ideias, e um whiteboard é bastante útil nesses casos.

Fica evidente através das questões 14, 15 e 17 que a maioria dos profissionais sentem-se bastante satisfeitos e mais produtivos com o trabalho remoto. A economia de tempo e custo com o deslocamento é um das principais fatores, conforme levantado na questão 18, pois permite que os profissionais utilizem esse tempo de outra forma, seja focado no trabalho ou até mesmo em alguma atividade pessoal. Também há a questão de trabalhar em horários mais flexíveis, apesar de nem todos os remotos terem essa possibilidade, pois precisam seguir determinados horários da empresa, para os que conseguem o sentimento de produtividade pode ser ainda maior.

Apesar deste sentimento de satisfação e produtividade aumentados, está claro também que os problemas existem e são reais, como demonstram as respostas das questões 16, 19 e 20. O isolamento social precisa ser aliviada com outros tipos de interação - família, amigos, espaços de trabalho compartilhados, etc - ou pode vir a se tornar um problema mais sério no futuro, incluindo doenças como a depressão. Cidades menores poderiam investir em locais públicos com boa conexão de internet, que permitisse à profissionais remotos trabalharem, como cafeterias e coworkings. Estes lugares poderiam ser utilizados também por outras pessoas da comunidade. Até mesmo as universidades poderiam ceder espaços para esse tipo de trabalho, promovendo alguma interação com os alunos, trocando experiências com esses profissionais.

Parece existir também uma grande dificuldade com relação a organização pessoal, e a criação de uma rotina de trabalho com horários para começar e parar - o que normalmente não é um problema quando se trabalha em um escritório. É necessário que estes profissionais aprendam a ter disciplina para não trabalhar horas a mais frequentemente, conseguindo assim mais tempo para a vida pessoal. Deve existir um balanço entre ser produtivo com o trabalho remoto, e ter tempo para cultivar uma vida fora dele, ou o sentimento de isolamento social pode se agravar ainda mais. Cada indivíduo precisa encontrar a melhor maneira de otimizar isso dentro do seu dia-a-dia, e se isso for um problema recorrente, talvez a conclusão seja que o formato de trabalho remoto não seja o ideal para essa pessoa.

Mesmo considerando estas desvantagens reais, parece estar claro que os profissionais têm bastante interesse em continuar trabalhando remotamente, ou terem essa experiência no futuro, como evidenciado nas questões 02, 03, 05, 17, e 28. Infelizmente existem grandes barreiras culturais nas empresas para uma maior adoção do trabalho remoto, e uma aparente falta de confiança de que o trabalho está realmente sendo feito, como exibido nas questões 21 e 25. A mentalidade das pessoas precisa mudar, o trabalho precisa ser medido através de resultados e não mais do microgerenciamento e da necessidade de olhar as pessoas executando seu trabalho.

5. Considerações Finais

Essa questão de trabalhar horas a mais frequentemente parece ser um problema bastante sério, e nos leva a questionar se o sentimento de maior produtividade não pode estar diretamente ligado ao número maior de horas trabalhadas por muitos destes profissionais? Infelizmente não é possível obter essa resposta através da pesquisa efetuada, porém é um indicativo de que o

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questionário poderia ser reavaliado e melhorado para uma nova pesquisa, focando em entender ainda mais esses sentimentos positivos e negativos.

Como indicação de trabalho futuro, poderia-se pensar em ampliar o foco para uma pesquisa nacional, procurando traçar o cenário do trabalho remoto dentro do Brasil. Para isso seria necessária uma revisão do questionário, possivelmente incluindo novas questões voltadas a um entendimento mais profundo dos motivos por trás da satisfação e produtividade aumentadas, e dos problemas encontrados. Também poderia ser interessante incluir um estudo demográfico das regiões onde os trabalhadores se encontram no país, versus as empresas para qual estão prestando serviços remotamente.

Concluindo, o trabalho remoto possui vantagens visíveis, porém também desvantagens preocupantes, e acredita-se que nem todos têm o perfil remoto. Existem pessoas que possuem maior necessidade de interação no dia-a-dia, e nesses casos é provável que estar remotamente possa aumentar muito o problema de isolamento social, o que pode trazer consigo ainda outros problemas. Seria ótimo se todos tivessem a oportunidade de experimentar esse formato por algum tempo, sempre procurando diminuir os efeitos negativos, para que possam tirar completo proveito, e descobrir por eles mesmos se o trabalho remoto funciona para eles - ou não.

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