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XVII SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS
BRASILIA
AGOSTO 1987
APROVEITAMENTO HIDREL1TRICO DE ROSANA - ASPECTOS HIDRAULICOS DO
DESVTn DE SEGUNDA PAST:
COMUNICAC'((l
En!^° AQuin a ldo Ricoy de Oliveira (*)
Eng9 I.ui 7 .Jose nreto Rodrigues (*)
(*) Comnanhia EnerQetica de Sao
Paul o - CESP
1. - DADOS PRINCIPAIS DO EMPREENDIMENTO
0 Aproveitamento Hidreletrico de Rosana lo
caliza-se no rio Paranapanema, a cerca de 28 km a montante
de sua foz, no rio Parana, num trecho do rio que consti
tui a divisa entre os Estados do Parana e Sao Paulo.
Faz parte, juntamente com as usinas de
Porto Primavera, no rio Parana, e Taquarucu, no rio Para
napanema, do complexo de obras do Pontal do Paranapanema,
em fase de execucao pela CESP - Companhia Eneraetica de
Sao Paulo.
As principais caracteristicas do empreendi
mento, sao:
Reservatorio:
. area de drenagem da bacia .......... 99.000 km2
. vazao media mensal de lonjo termo .. 1.120 m3/s
vazao maxima observada ............. 13.300 m3/s
volume total do reservatorio ....... 1920 x 106 m3
. area de inundagao .................. 220 x 106m2
nivel d' agua maximo normal ......... 258,00 m . s.n.m.
nivel d'agua minimo normal ......... 256,00 m.s.n.m.
nivel d'aaua maximo maximorum ...... 258,10 m.s.n.m.
. nivel d' agua maximo normal a jusante 240,00 m.s.n.m.
Barragem:
tipo ............................... aterro compactado
comprimento da crista .............. 2.340 m
cota da crista ..................... 262,00 m
altura maxima ...................... 30 m
Vertedouro:
numero de comportas ................ 8
tipo de comportas .................. segmento
largura das comportas .............. 14,20 m
altura das comportas ............... 20,10 m
capacidade de descarga ............. 20.000 m3/s
dissipacao de energia .............. ressalto hidraulico
525
Usina:
. potencia instalada ................. 320 MW
• numero de unidades ................. 4
• tipo de turbinas ................... KAPLAN
• potencia nominal ................... 82 MW
. vazao nominal por unidade .......... 528 m3/s.
2. - 0 ESQUEMA DE DESVIO DA 2a ETAPA E AS MODIFICACOES
INTRODUZIDAS.
Aspectos Hidrologicos
0 regime de vaz6es do rio Paranapanema
no local do aproveitamento, e irregular e complexo, em de
correncia de variacoes climaticas das sub-bacias. Assim,
desde as suas cabeceiras ate receber o rio Itarare pela
margem esquerda, o rio tem regime caracteristico da regiao
sudeste, com cheias no periodo de dezembro a marco. A par
tir dai, apos receber os afluentes da margem esquerda,prin
cipalmente os rios Cinzas e Tibagi, o regime fluvial pas
sa a ser variavel, apresentando mais de uma estacao umida
por ano.
Para ilustrar esse fato, apresenta-se, na
tabela a seguir, os valores e os meses de ocorrencia, das
miximas vazoes diarias registradas em Rosana nos ultimos
seis anos.
A N 0 VAZAO3MAXIMA( m /s)
M E S
1980 4.950 margo
1981 4.580 janeiro
1982 7.210 dezembro
1983 13.300 junho
1984 2.230 janeiro
1985 3.270 maio
526
6
Dessa forma, o planejamento das obras de
desvio teve que levar em conta essas condicionantes, assu
mindo-se riscos em algumas etapas, conforme e comentado
mais a frente.
Esquema de Desvio
Para a execucao da obra, foi adotado o es
quema tradicional de desvio. Na primeira fase, foi escava
do um canal de desvio na margem direita, e construfda uma
ensecadeira na margem esquerda, abrangendo cerca de 70 por
cento do leito do rio, possibilitando, assim, a construrao
do conjunto vertedouro-bacia de dissipacao , tomada d'agua
e casa de forma, nessa margem. (Fig. 2).
Para permitir a construcao da barragem de
terra do canal, o rio foi desviado atraves do vertedouro,
contando- se Para isso com algumas soleiras rebaixadas
(Fig. 3).
Apos a conclusao da barragem no leito do
rio o fluxo foi interromnido utilizando- se as comportas
segmento do vertedouro. Primeiramente foi fechada a compor
to do vao rebaixado e com auxflio de comportas ensecadei
ras a montante e a jusante foi executada a complementagao
da soleira (Fig. 4).
As ensecadeiras para protegao da constru
gao da barragem no leito do rio (2a fase), foram dimensio
nadas para suportar vazoes de 6.500 m3/s correspondente ao
perfodo de retorno de 25 anos, considerando o amortecimen
to da cheia no lago da usina de Capivara, localizada ime
diatamente a montante.
Como foi salientado, essa vazao pode ocor
rer praticamente com a mesma probabilidade em qualquer epo
ca do ano. Merece registro o fato que, em junho de 1.983,
a vazao maxima atingiu o valor de 13.300 m3/s, exigindo o
alteamento , em regime de emergencia , da ensecadeira de 1a
fase, a qual tinha sido, oricjinalmente, projetada para a
vazao de 8.500 m3/s.
527
Modificacoes Introduzidas
Foram realizadas modificacoes importantes
no desvio de 2a fase, tendo em vista a decisao tomada de
acelerar o ritmo das obras, visando antecipar de 14 meses,
em relagao ao programa original, a entrada em operacao da
primeira maquina. Tal fato exigiu que o enchimento do re
servatorio fosse iniciado na primeira semana de novembro
de 1.986. Para viabilizacao desse cronograma, foram intro
duzidas alteracoes pronunciadas no esquema previsto. 0 pro
grama original previa a concretagem das soleiras rebaixa
das, utilizando-se um jogo de comportas-ensecadeiras que
seria colocado sequencialmente em quatro vaos do vertedor;
considerando o periodo de dois meses para a concretagem de
cada vao, o termino necessario para a conclusao dessa eta
pa, seria de oito meses, aproximadamente. Esse prazo, en
tretanto, nao era compativel com a meta de geracao em feve
reiro de 1.987, uma vez que a concretagem das soleiras so
mente poderia ser iniciada em setembro de 86.
Para superar esse empecilho foi, entao, es
tudada a possibilidade de se efetuar o desvio com apenas
duas soleiras rebaixadas, com os restantes seis vaos do
vertedouro ja tot:7lmente concretados.
Os ensaios realizados em modelo reduzido
mostraram que tal solucao s6 poderia ser executada desde
que as vaz6es, na epoca do fechamento do rio, fossem infe
riores a 1.000 m3/s pois, para vazoes superiores, os desni
veis e velocidades nas frentes de lancamento das pre-ense
cadeiras atingiriam valores incompativeis com o tamanho
dos blocos de rocha disponiveis na obra.
0 quadro a seguir mostra as restrigoes
existentes no esquema de desvio proposto:
528
PERTODO - 1.986 VAZAO MAXIMA ESTAGIO DE
(m3/s) CONSTRUcAO
MARgO E ABRIL 3.200 Remocao da ensecadeir
de la etapa e inici
de lancamento das pre
ensecadeiras de fecha-
mento.
ABRIL (5 dias) 1.000 Fechamento do rio.
MA1O A JVLiI9 i4ZOO Alt@amento da ensem-deira e execugao da
barragem.
AGOSTO A NOVEMBRO 6.500 Execugao da barragem,
e concretagem das so
leiras rebaixadas.
Em condigoes naturais, os riscos de ocor
rencia de vazoes superiores a 3.200 m3/s sao bastante al
tos no periodo de margo a julho. Note-se, por exemplo que,
nos ultimos seis anos de observagao ( 1.980 a 1.985) somen
to nos anos de 1.981 e 1.984 no ocorreram vazoes superio
res a essa no periodo citado.
A vazao de 1.000 m3/ s, maxima permissivel
para o fechamento do rio, ainda que por um periodo curto,
constituiu-se numa situagao mais critica, pois mesmo numa
hipotese extrema, considerando nenhuma defluencia do reser
vatorio de Capivara, a contribuigao da bacia intermediaria
poderia provocar vazoes superiores a 1.000 m3/s. 0 quadro
a seguir, apresenta a frequencia de vaz6es maximas no tre
cho entre Capivara e Rosana , no periodo citado:
529
i
PERIODO M S
DE
RETORNO MARCO ABRIL MAIO JUNHO JULHO
10 ANOS 844 662 723 895 761
25 ANOS 1.156 919 1.040 1.291 1.072
50 ANOS 1.416 1.138 1.267 1.634 1.337
A decisao final de efetuar o desvio nessas
condicoes somente foi tomada gracas a possibilidade de se
controlar as vaz6es atraves da operacao adequada do reser
vatorio de Capivara. Contribuiu para isso, o fato que o ci
tado reservatorio no final de 1.985, encontrava-se com cer
ca de 24% do seu volume util, valor bastante baixo, compa
rativamente com anos anteriores. Alem disso, adotou-se,
tambem um esquema de monitoramento das afluencias na bacia
intermediaria, com pronta resposta do canteiro de obras nu
ma possivel situagao de emergencia.
3. - ACOMPANHAMENTO DO FECHAMENTO
Ensaios realizados em modelo
Os ensaios em modelo reduzido foram reali
zados sempre com a vazao limite de fechamento, ou seja,
1.000 m3/s. Foram simuladas diversas alternativas de fecha
mento, sempre procurando otimizar o material de langamen
to. A melhor alternativa mostrou ser a de langamento alter
nado em duas frentes, com fechamento final pela pre-enseca
deira de montante.
O desnivel maximo total no fechamento, nas
condig6es mais criticas, atingiu 2,80 m, com velocidades,
na extremidade da pre-ensecadeira, da ordem de 6,00 m/s.
O material utilizado na fase critica do fe
chamento, denominado em laboratorio "G3", possui as seguin
tes caracteristicas:
530
MATERIAL DIkMETRO MMDIO PESO M DIO %
B2 0,24 m 20 kgf 20
B5 0,55 m 270 kgf 10
B8 1,00 in 1.600 kgf 70
As fotos 1, 2 e 3 mostram algumas vistas
dos ensaios efetuados.
Acompanhamento no campo
0 grafico da figura 5 apresenta as vaz6es
defluentes de Capivara e afluentes a Rosana, bem como a
situacao do reservatorio de Capivara no periodo de janeiro
a maio de 1.986. Nota-se pela variacao de volume do reser
vatorio, no periodo citado, que sua operagao adequada foi
fundamental para atender as restrigoes do desvio.
O fechamento do rio obedeceu a sequencia
ensaiada em modelo, ou seja, avanco com duas frentes, com
fechamento final pela pre-ensecadeira de montante, com al
gumas adaptacoes durante a execugao. No final do fechamen
to, ocorreram desniveis da ordem de 1,70 m, sendo necessa
rio utilizar blocos de grandes dimensoes como pode ser
observado nas fotos 4, 5 e 6. A brecha final foi fechada
no dia 22/05/86, por volta das 18 horas, quando a vazao
afluente era de 850 m3/s, aproximadamente.
Comparacao entre modelo e prot6tipo
No dia 22/05/86, as 09h30, foi realizada
no campo, uma medicao de niveis e velocidades, com as pre-
ensecadeiras de fechamento, na seguinte situacao:
531
a vazao ................................. 820 m3/s
o pre-ensecadeira de montante ........... estaca 108+00 m
o espera da margem esquerda ............. estaca 109+06 m
o brecha de montante .................... 26 metros
o pre-ensecadeira de jusante ............ estaca 109+14 m
o espera de margem esquerda ............. estaca 108+03 m
o brecha de jusante ..................... 31 metros
Tal situacao foi posteriormente reproduzi
da em modelo reduzido . A comparagao entre modelo e prototi
po esta apresentada na tabela abaixo:
G R A N D E Z A MODELO PROTOTIPO
a Niveis d'agua:
pre de montante (ex- 238,30 m.s.n.m. 237,90 m.s.n.m.terno).
pre de montante (in- 236,60 m.s.n.m. 236,41 m.s.n.m.terno).
pre de jusante (in- 236,60 m.s.n.m. 236,41 m.s.n.m.terno).
pre de jusante (ex- 236,30 m.s.n.m. 236,20 m.s.n.m.terno).
Desnivel montante 1,70 m 1,49 m
m Desnivel jusante 0,30 m 0,12 m
o Desnivel total 2,00 m 1,61 m
o Velocidade junto
pre de montante, a
1,00 m de profundidade 4,89 m/s 4,33 m/s
o Velocidade junto a
pre-jusante a 1,50 m
de profundidade 3,73 m/s no medido
De maneira geral, obteve-se boa correspon
dencia entre os valores simulados e medidos. Observa-se
que, apesar do desnivel ser baixo na pry-ensecadeira de ju
sante, as velocidades medidas junto a mesma sao elevadas.
Tal fato explica-se pela relativa proximidade entre as
532
duas ensecadeiras, nao havendo espaco suficiente para que
a energia cinetica resultante da aceleracao da brecha de
montante seja efetivamente recuperada.
Nota-se, tambem, que sistematicamente, os
desniveis e velocidades sao maiores no modelo que no proto
tipo. &^atribui para isso a nao representacao, no modelo,
da percolagao atraves dos cordoes de enrocamento, que ocor
re mais intensamente no prototipo, dadas as dimens6es do
material lancado. Nessas condicoes, a vazao escoada pela
brecha no prototipo, deve ter sido inferior aquela que es
coou no modelo , o que provocou valores menores de velocida
des e desniveis.
RESUMO
Com a realizagao do desvio de segunda fa
se, concluido em 22/05/1.986, o Aproveitamento Hidreletri-
co de Rosana cumpriu uma das etapas mais importantes de
seu cronograma de obras.
Tendo a CESP decidido pela antecipacao, em
quatorze meses, da entrada em operagao da primeira unida
de, o projeto de desvio de segunda fase exigiu uma signifi
cativa revisao para permitir a consecugao dessa meta. Devi
do a uma situagao particular dos reservatorios existentes
a montante da obra , as vazoes de seguranga para definigao
das obras de desvio foram reduzidas para valores que, em
principio no poderiam ser assumidos , em fungao dos riscos
usualmente adotados em projetos semelhantes.
Assim , o numero de soleiras rebaixadas do
vertedouro , originalmente em numero de quatro , ficou redu
zido para dois. Como consequencia , a vazao permissivel pa
ra se executar o fechamento com exito , antes prevista em
2.500 m3 /s foi tambem reduzida para 1 . 000 m3/s.
Apesar dessa diminuigao de vazao, os des
niveis e velocidades observados em modelo e comprovados na
obra, tornaram-se bastante elevados , exigindo utilizacao
de blocos de pedras de grandes dimensoes na fase final de
fechamento.
533
Para o sucesso dessa operacao, foi de fun
damental importancia o perfeito inter-relacionamento entre
projeto, obra e operacao do sistema, contando-se ainda com
o modelo reduzido para detalhar as modificacoes de projeto
e otimizar as condicoes executivas.
534
1.50
140
1.30
12
1.10
100
90
80
VANES MEDIASDI4RIAS EM ROSANA
KVv I Vv^VAZ6ES MEDIAS DI RIASDEFLUENTES DE CAPIVA-RA
100
75
00
PP^VARA
JP^^Py
N4'
00 _
p`O
JAN/86 FEV/86 MAR/86 ABR/86 MAI/86
FIGURA -5- VAZOES MEDIAS DIARIAS EM ROSANAE CONDIcOES DO RESERVATORIO DECAPIVARA NO PERIODO JAN/86 A MAI/86
539
Foto 2 - Modelo reduzido-
Detalhamento da
sequencia de
avancos das pre-
ensecadeiras de
2a fase.
i
Foto 1 - Modelo reduzido -
Remocao da enseca
deira de la fase
e inicio de lanca
mento das pres dea
2. fase.
Foto 3 - Modelo reduzido -
Fechamento final
pela pre- enseca
deira de montante.
540
Foto 5 - Vista da opera
cao de fecha
mento.
541
Foto 4 - Vista de jusante
do lancamento das
pre-ensecadeiras.
Foto 6 - Vista do fechamen
to final.