O cinema e a realidade virtual 29.07.08

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O cinema, a realidade O cinema, a realidade virtual e a memória do virtual e a memória do futuro futuro Cláudio Cardoso de Paiva Cláudio Cardoso de Paiva Universidade Federal da Paraíba Universidade Federal da Paraíba 2008 2008

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O cinema desde cedo contém o DNA do ciberespaço: Fritz Lang, Stanley, Kubrick,

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O cinema, a realidade O cinema, a realidade virtual e a memória do virtual e a memória do

futurofuturo

Cláudio Cardoso de PaivaCláudio Cardoso de PaivaUniversidade Federal da ParaíbaUniversidade Federal da Paraíba

20082008

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O cinema como observatórioO cinema como observatório da realidade virtual da realidade virtual

A realidade virtual, gerada pelos computadores e pela A realidade virtual, gerada pelos computadores e pela internet, é antecipada no universo ficcional do cinema, internet, é antecipada no universo ficcional do cinema,

MetrópolisMetrópolis (1927) (1927) 2001, uma odisséia no espaço2001, uma odisséia no espaço (1968) (1968) Blade RunnerBlade Runner (1982) (1982) O exterminador do futuroO exterminador do futuro (1984) (1984) MatrixMatrix (1999) (1999) A conexão do ser humano e a máquina numa simbiose A conexão do ser humano e a máquina numa simbiose

sem precedentes. sem precedentes. A ficção do cinema contêm o DNA da cibercultura, A ficção do cinema contêm o DNA da cibercultura,

visão do futuro presente no “breve século XX”.visão do futuro presente no “breve século XX”.

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Interfaces da mídia, Interfaces da mídia, cultura e tecnologia cultura e tecnologia

Propomos uma exploração das relações Propomos uma exploração das relações entre o cinema, o homem e a máquina, a entre o cinema, o homem e a máquina, a ficção e a realidade, o real e o virtual. ficção e a realidade, o real e o virtual.

Uma sondagem da representação do Uma sondagem da representação do cinema que antecipou a modernidade cinema que antecipou a modernidade tecnológica, hoje presente no imaginário tecnológica, hoje presente no imaginário coletivo. coletivo.

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A ficção do cinema A ficção do cinema e os universos paralelose os universos paralelos

Aos filósofos das artes audiovisuais, estetas, Aos filósofos das artes audiovisuais, estetas, midiólogos e semioticistas cabe decifrar o midiólogos e semioticistas cabe decifrar o significado das narrativas ficcionais, que têm significado das narrativas ficcionais, que têm forjado um universo paralelo, cuja irradiação forjado um universo paralelo, cuja irradiação atravessa a própria realidade. atravessa a própria realidade.

O desafio que se impõe é explorar o sentido O desafio que se impõe é explorar o sentido dessa modernidade antecipada na literatura e dessa modernidade antecipada na literatura e na ficção do cinema, e hoje realizada, em na ficção do cinema, e hoje realizada, em grande parte, no atual cenário da vida cotidiana.grande parte, no atual cenário da vida cotidiana.

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Narrativa literária e Narrativa literária e ficção cinematográfica ficção cinematográfica

Um projeto estético e ideológico de Um projeto estético e ideológico de contemplação da vida no futuro contemplação da vida no futuro

um ambiente onde convivem os seres um ambiente onde convivem os seres e as máquinas, o natural o artificial, e as máquinas, o natural o artificial, o orgânico e o tecnológico.o orgânico e o tecnológico.

As chaves para um entendimento das As chaves para um entendimento das relações entre os seres humanos e os relações entre os seres humanos e os seus duplos, clones, extensões e seus duplos, clones, extensões e alteridades. alteridades.

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O cinema e as origens O cinema e as origens da vida digitalda vida digital

Desde o filme Desde o filme Viagem à luaViagem à lua (Méliès, (Méliès, 1902), até o recente1902), até o recente Aeon Flux Aeon Flux (Karyn (Karyn Kusama, 2005), informado pela estética Kusama, 2005), informado pela estética dos quadrinhos, desenhos e animaçõesdos quadrinhos, desenhos e animações

o campo de visibilidade do cinema traduz o campo de visibilidade do cinema traduz o meio ambiente inteiramente irradiado o meio ambiente inteiramente irradiado pelas tecnologias. pelas tecnologias.

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Ética e estética Ética e estética do cinema de ficçãodo cinema de ficção

Valor de culto : ícones importantes no imaginário Valor de culto : ícones importantes no imaginário ocidental, tem valor afetivo, pois são imagens ocidental, tem valor afetivo, pois são imagens obsedantes, imagens amadas obsedantes, imagens amadas

Valor de troca: arrecada milhões nas bilheterias Valor de troca: arrecada milhões nas bilheterias mundiais. O cinema tem o poder de entreter, alertar e mundiais. O cinema tem o poder de entreter, alertar e instigar, face à hiperrealidade forjada pelas tecnologias. instigar, face à hiperrealidade forjada pelas tecnologias.

Revigora as identidades dos indivíduos, espectadores, Revigora as identidades dos indivíduos, espectadores, cidadãos imersos na cultura das redescidadãos imersos na cultura das redes

Um vetor de inteligência e sensorialidade que gera Um vetor de inteligência e sensorialidade que gera vigorosas modalidades de percepção, cognição e vigorosas modalidades de percepção, cognição e contemplação do mundo.contemplação do mundo.

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O poder mitológico O poder mitológico do cinemado cinema

Star TrekStar Trek (Robert Wise, 1979) e (Robert Wise, 1979) e Perdidos no Perdidos no espaçoespaço (Stephen Hopkins, 1998), ícones do (Stephen Hopkins, 1998), ícones do imaginário pop ocidental, imaginário pop ocidental, cultcult movies exibidos movies exibidos na televisão, gravados em videos e DVDs, na televisão, gravados em videos e DVDs, e disponíveis nos e disponíveis nos sitessites da internet. da internet.

Sedimentam uma camada importante da Sedimentam uma camada importante da imaginação mitológica, como as mitologias imaginação mitológica, como as mitologias antigas para os nossos ancestrais; antigas para os nossos ancestrais;

São clichês, mas a sua elaboração se nutre dos São clichês, mas a sua elaboração se nutre dos arquétiposarquétipos primordiais que vêm orientando os primordiais que vêm orientando os humanos desde a origem dos tempos.humanos desde a origem dos tempos.

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A modernidade construída pelas A modernidade construída pelas imagens futuristas do cinemaimagens futuristas do cinema

Os clássicos, como Os clássicos, como MetrópolisMetrópolis (1927), (1927), Farenheit 451Farenheit 451 (1966), (1966), 2001, uma odisséia no espaço2001, uma odisséia no espaço (1968), (1968), O O exterminador do futuroexterminador do futuro (James Cameron, 1984), (James Cameron, 1984), RobocopRobocop (Paul Verhoeven, 1987) e (Paul Verhoeven, 1987) e A.I.inteligência A.I.inteligência artificialartificial (Spielberg, 2001); (Spielberg, 2001);

Uma idéia de modernidade projetada no futuro, hoje Uma idéia de modernidade projetada no futuro, hoje acessível aos pesquisadores, colecionadores e acessível aos pesquisadores, colecionadores e aficcionados. aficcionados.

Impressões e visibilidades sobre um tempo futuro, que Impressões e visibilidades sobre um tempo futuro, que em grande parte já se tornou presente no imaginário e em grande parte já se tornou presente no imaginário e na vida social no século XXI na vida social no século XXI

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Redes e telas midiáticasRedes e telas midiáticas Produção de uma “memória do futuro”, em que a Produção de uma “memória do futuro”, em que a

tecnologia constitui uma espécie de “ossatura tecnologia constitui uma espécie de “ossatura simbólica”. simbólica”.

O futuro atravessado pela tecnologia, em que as O futuro atravessado pela tecnologia, em que as máquinas, os andróides, os cyborgs, os clones são máquinas, os andróides, os cyborgs, os clones são cópias, cúmplices e rivais dos humanos. cópias, cúmplices e rivais dos humanos.

O gênero de ficção, seja visionário, crítico, conformista, O gênero de ficção, seja visionário, crítico, conformista, apocalíptico ou extasiado face à tecnologia, não deixa apocalíptico ou extasiado face à tecnologia, não deixa de instigar uma reflexão aguda sobre o enigma do de instigar uma reflexão aguda sobre o enigma do mundo contemporâneo, em que o virtual se tornou atual, mundo contemporâneo, em que o virtual se tornou atual, em que o mundo imaginário se tornou real, em que o ser em que o mundo imaginário se tornou real, em que o ser humano convive com o “pós-humano”.humano convive com o “pós-humano”.

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Máquinas de visão e Máquinas de visão e i luminações do pensamentoiluminações do pensamento

A ficção científica não nos projeta para o A ficção científica não nos projeta para o futuro, ela nos relata estórias sobre o futuro, ela nos relata estórias sobre o nosso presente e mais importante, sobre nosso presente e mais importante, sobre o passado que gerou o presente. o passado que gerou o presente.

Contra-intuitivamente, a ficção científica é Contra-intuitivamente, a ficção científica é um modo historiográfico, um meio de um modo historiográfico, um meio de escrever simbolicamente sobre história. escrever simbolicamente sobre história.

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As luzes e sombras da ficçãoAs luzes e sombras da ficção O mundo utópico de Júlio Verne adquiriu substância O mundo utópico de Júlio Verne adquiriu substância

histórica e se tornou verdadeiro. histórica e se tornou verdadeiro. Nas adaptações cinematográficas dos livros de Asimov Nas adaptações cinematográficas dos livros de Asimov

((O homem bicentenárioO homem bicentenário), Philip K. Dick (), Philip K. Dick (O caçador de O caçador de AndróidesAndróides) e William Gibson () e William Gibson (Neuromancer-MatrixNeuromancer-Matrix), a ), a realidade virtual (fruto da cultura digital) é prenunciada realidade virtual (fruto da cultura digital) é prenunciada pela ficção científica (produto da cultura literária e pela ficção científica (produto da cultura literária e audiovisual). Diante do mundo ficcional do cinema, audiovisual). Diante do mundo ficcional do cinema, somos convocados a refletir sobre o significado da somos convocados a refletir sobre o significado da cultura da “virtualidade real” (CASTELLS, 1999), o cultura da “virtualidade real” (CASTELLS, 1999), o sentido do universo paralelo, “outra forma de vida” que sentido do universo paralelo, “outra forma de vida” que nos intriga e ao mesmo tempo nos deixa fascinados. nos intriga e ao mesmo tempo nos deixa fascinados.

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O universo paralelo do século O universo paralelo do século XXIXXI

Quinhentos anos atrás o mundo se Quinhentos anos atrás o mundo se revolucionava porque a Europa havia revolucionava porque a Europa havia descoberto o Novo Mundo, território estranho, descoberto o Novo Mundo, território estranho, diferente, misterioso, exótico, que derrubou a diferente, misterioso, exótico, que derrubou a ordem estabelecida do Velho Mundo. ordem estabelecida do Velho Mundo.

Hoje, no limiar do novo milênio, o Hoje, no limiar do novo milênio, o desenvolvimento tecnológico abriu-se para outro desenvolvimento tecnológico abriu-se para outro novo mundo, desta vez o mundo paralelo da novo mundo, desta vez o mundo paralelo da virtualidade. E é neste mundo que viveremos o virtualidade. E é neste mundo que viveremos o século 21século 21. (MARCONDES FILHO, 1996).. (MARCONDES FILHO, 1996).

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O cinema pensaO cinema pensa As influências da cultura tecnológica, sobre as As influências da cultura tecnológica, sobre as

formas de pensar, falar e agir dos humanos. formas de pensar, falar e agir dos humanos. Uma história dos usos (e abusos) da tecnologia Uma história dos usos (e abusos) da tecnologia O cinema pensa. De maneira similar às obras O cinema pensa. De maneira similar às obras

de Platão, Aristóteles, Nietzsche e McLuhan, os de Platão, Aristóteles, Nietzsche e McLuhan, os filmes de Fritz Lang, Riddley Scott, Spielberg, filmes de Fritz Lang, Riddley Scott, Spielberg, Kubrick, desvelam uma história da relação entre Kubrick, desvelam uma história da relação entre os seres humanos e os dispositivos os seres humanos e os dispositivos tecnológicostecnológicos

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Deleuze e o cinemaDeleuze e o cinema Cumpre destacar a presença do cinema na filosofiaCumpre destacar a presença do cinema na filosofia Cinema, imagem-movimentoCinema, imagem-movimento (1985) e (1985) e Cinema, imagem-tempoCinema, imagem-tempo (2005), de Gilles Deleuze (2005), de Gilles Deleuze A arte do cinema como motor de uma filosofia do A arte do cinema como motor de uma filosofia do

movimento e da ação, e como criador de uma duração, movimento e da ação, e como criador de uma duração, de uma temporalidade autônoma.de uma temporalidade autônoma.

Para Deleuze, os simulacros gerados pela arte Para Deleuze, os simulacros gerados pela arte tecnológica do cinema permitem-nos entender o tecnológica do cinema permitem-nos entender o imaginário pós-humano, atravessado simultaneamente imaginário pós-humano, atravessado simultaneamente pelas “imagens ótico-sonoras”, “imagens-lembrança”, pelas “imagens ótico-sonoras”, “imagens-lembrança”, “imagens sensório-motoras”, e imagens virtuais.“imagens sensório-motoras”, e imagens virtuais.

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Filmes cult Filmes cult & filmes pensantes& filmes pensantes

Há os filmes bonitos e insólitos como Há os filmes bonitos e insólitos como Quero ser Quero ser John MalkovichJohn Malkovich (1999), (1999), Vanilla SkyVanilla Sky (2001), (2001), Brilho eterno de uma mente sem lembrançasBrilho eterno de uma mente sem lembranças (2004); (2004); O show de TrumanO show de Truman (1998): (1998):

Instigam o pensamento acerca dos pequenos e Instigam o pensamento acerca dos pequenos e grandes enigmas da vida, e fundamentalmente grandes enigmas da vida, e fundamentalmente

Miram fundo nas conexões entre o mundo real e Miram fundo nas conexões entre o mundo real e o mundo fabricado pela tecnologiao mundo fabricado pela tecnologia

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A civilização A civilização místico-tecnológicamístico-tecnológica

A civilização que vem chegando aposta no A civilização que vem chegando aposta no superhomem e na superhumanidade. Teremos superhomem e na superhumanidade. Teremos supercorpos geneticamente perfeitos, supercorpos geneticamente perfeitos, informaticamente equipados com sensores e informaticamente equipados com sensores e próteses, superambientes isolados dos vírus e próteses, superambientes isolados dos vírus e das pestes, supersociedades computadorizadas das pestes, supersociedades computadorizadas em que tudo é administrado, corrigido, perfeito. em que tudo é administrado, corrigido, perfeito. A utopia eleva o místico à estatura do factível. A utopia eleva o místico à estatura do factível. Superciber é a fantasia do futuro, projeto Superciber é a fantasia do futuro, projeto utópico e universal para o homem. Mas - como utópico e universal para o homem. Mas - como todas as ideologias - não prevê o furo, o todas as ideologias - não prevê o furo, o impensável, o assalto do aleatório, do estranho, impensável, o assalto do aleatório, do estranho, do “mal”. (MARCONDES FILHO, 1997)do “mal”. (MARCONDES FILHO, 1997)

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Sexo, afeto e Sexo, afeto e arte tecnológicaarte tecnológica

Um exemplo bem radical da experiência Um exemplo bem radical da experiência entre os seres e as tecnologias se verifica entre os seres e as tecnologias se verifica no campo dos afetos e da sexualidade, no campo dos afetos e da sexualidade, em versão cibernética. em versão cibernética.

Uma evidência gritante no mundo dos Uma evidência gritante no mundo dos chatschats, das , das salas de bate paposalas de bate papo, em que se , em que se realizam o amor realizam o amor on lineon line, as interações, os , as interações, os afetos e as sexualidades virtuais. afetos e as sexualidades virtuais.

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O amor na era digitalO amor na era digital Concorrem para uma elucidação destas Concorrem para uma elucidação destas

experiências, o livro experiências, o livro Love on lineLove on line, do filósofo , do filósofo inglês Aaron Ben-Ze'ev (2004), exaustiva inglês Aaron Ben-Ze'ev (2004), exaustiva pesquisa sobre os amores em rede;pesquisa sobre os amores em rede;

Rachel Paiva (2000) um olhar mais clínico, Rachel Paiva (2000) um olhar mais clínico, psicanalítico, contempla a experiência da psicanalítico, contempla a experiência da sexualidade digital pelo prisma conceitual da sexualidade digital pelo prisma conceitual da “histeria”; “histeria”;

Sérgio Porto (1999), filosófico, hermeneuta, é Sérgio Porto (1999), filosófico, hermeneuta, é mais compreensivo e generoso, no exame dos mais compreensivo e generoso, no exame dos afetos e sexualidades virtuais. afetos e sexualidades virtuais.

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A vida afetiva e sexual A vida afetiva e sexual na era tecnológica.na era tecnológica.

BarbarellaBarbarella (1968), ícone pop dos anos 60, a (1968), ícone pop dos anos 60, a superheroína goza e faz explodir uma máquina sexual; superheroína goza e faz explodir uma máquina sexual;

Farenheit 451Farenheit 451 (1966), o amor é subversivo, como, aliás, (1966), o amor é subversivo, como, aliás, também o é na adaptação do livro de George Orwell, também o é na adaptação do livro de George Orwell, 19841984, , GattacaGattaca (1997); (1997);

Blade RunnerBlade Runner e e Inteligência ArtificialInteligência Artificial, os andróides , os andróides sexualizados, que sofrem e gozam como os humanos; sexualizados, que sofrem e gozam como os humanos;

O Show de TrumanO Show de Truman (Weir, 1998), não só o amor, mas a (Weir, 1998), não só o amor, mas a própria vida do protagonista é forjada por uma própria vida do protagonista é forjada por uma gigantesca e organização tecnomidiática;gigantesca e organização tecnomidiática;

Medo ponto comMedo ponto com (William Malone, 2002), um assassino (William Malone, 2002), um assassino serial aterroriza as suas vítimas por meio de um serial aterroriza as suas vítimas por meio de um sitesite na na internet.internet.

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Sobre-vivências TecnológicasSobre-vivências Tecnológicas

VideodromeVideodrome e e eXistenZeXistenZ (Croenberg) (Croenberg)Na era dos seres de proveta, cyborgs, Na era dos seres de proveta, cyborgs,

clones, pele artificial, proteína animal clones, pele artificial, proteína animal aplicada em chips e da realidade virtual, o aplicada em chips e da realidade virtual, o cinema de Cronenberg dramatiza um cinema de Cronenberg dramatiza um espaço de acomodação para a nova espaço de acomodação para a nova existência tecnológica.existência tecnológica.

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Identidades da Identidades da Modernidade LíquidaModernidade Líquida

O cinema nos habituou às estranhezas mais O cinema nos habituou às estranhezas mais intimistas da nossa “modernidade líquida”, em intimistas da nossa “modernidade líquida”, em que as identidades não cessam de se que as identidades não cessam de se multiplicar, se desmanchar, se reconstituir. multiplicar, se desmanchar, se reconstituir.

As experiências de construção, desconstrução e As experiências de construção, desconstrução e reconstrução das identidades, no contexto das reconstrução das identidades, no contexto das mídias e das sociedades (pós)industriais e mídias e das sociedades (pós)industriais e tecnológicas, já prognosticadas por Walter tecnológicas, já prognosticadas por Walter Benjamin, têm sido revisitadas - em diferentes Benjamin, têm sido revisitadas - em diferentes registros - por autores como Baumann (1998), registros - por autores como Baumann (1998), Hall (2002), Giddens (2002). Hall (2002), Giddens (2002).

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Imagens belas, insólitas, Imagens belas, insólitas, transcendentaistranscendentais

Brilho eterno de uma mente sem lembrançasBrilho eterno de uma mente sem lembranças (2004): um (2004): um casal utiliza dispositivos tecnológicos para modificar as casal utiliza dispositivos tecnológicos para modificar as suas memórias afetivas e sexuais, fazendo com que suas memórias afetivas e sexuais, fazendo com que cada um se esquecesse das mágoas e decepções cada um se esquecesse das mágoas e decepções recíprocas.recíprocas.

Preso na escuridãoPreso na escuridão (Alejandro Amenábar, 1997): o (Alejandro Amenábar, 1997): o poder das máquinas de virtualidade, da inteligência poder das máquinas de virtualidade, da inteligência artificial atuando sobre a vida dos humanos , remake artificial atuando sobre a vida dos humanos , remake com Tom Cruise (com Tom Cruise (Vanilla SkyVanilla Sky, 2001): a engenharia , 2001): a engenharia genética torna possível o ser humano usar a tecnologia genética torna possível o ser humano usar a tecnologia para interferir nos processos de longevidade, para interferir nos processos de longevidade, prolongando o tempo de vida, forjando a própria prolongando o tempo de vida, forjando a própria imortalidade. imortalidade.

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O ethos midiatizadoO ethos midiatizado Os filmes que já eram futuristas, desde as origens do Os filmes que já eram futuristas, desde as origens do

cinema de ficção, são simulacros fundamentais para cinema de ficção, são simulacros fundamentais para discutirmos as formas do discutirmos as formas do ethosethos, ética, educação, , ética, educação, habitushabitus, consciência, os modos da percepção e dos , consciência, os modos da percepção e dos afetos vigentes hoje, na época da cibercultura. afetos vigentes hoje, na época da cibercultura.

A formação do “ethos midiatizado” (SODRÉ, 2002), um A formação do “ethos midiatizado” (SODRÉ, 2002), um ethosethos tecnológico, norteador da ética, do estilo de tecnológico, norteador da ética, do estilo de conduta diante de si, do outro, do meio ambiente, conduta diante de si, do outro, do meio ambiente, constitui um novo dispositivo sóciotecnológico que constitui um novo dispositivo sóciotecnológico que impõe desafios para os filósofos, estetas, antropólogos e impõe desafios para os filósofos, estetas, antropólogos e comunicólogos contemporâneos.comunicólogos contemporâneos.

O show de Truman é a sua expressão mais acabadaO show de Truman é a sua expressão mais acabada

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Formações culturais Formações culturais híbridashíbridas

Referências do pensamento estético, Referências do pensamento estético, social e comunicacional que têm social e comunicacional que têm procurado se aproximar dessa cultura procurado se aproximar dessa cultura ainda em processo: Barbéro & Rey ainda em processo: Barbéro & Rey (2001), Machado (2002), Santaella (2001), Machado (2002), Santaella (2004), (2004),

um esclarecimento acerca da hibridação um esclarecimento acerca da hibridação em que se mesclam a cultura de massa, a em que se mesclam a cultura de massa, a cultura midiática e a cibercultura.cultura midiática e a cibercultura.

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O cinema e a O cinema e a antecipação do realantecipação do real

As obras de ficção antecipam novas realidades As obras de ficção antecipam novas realidades pouco compreensíveis fora do âmbito da arte e pouco compreensíveis fora do âmbito da arte e da comunicação audiovisual. da comunicação audiovisual.

Hackers, piratas de computadorHackers, piratas de computador (1995), (1995), Johnny Mnemonic, o cyborg do futuroJohnny Mnemonic, o cyborg do futuro (1995), (1995), A redeA rede (1995), (1995), Gattaca, experiência genética Gattaca, experiência genética (1997), (1997), O homem bicentenárioO homem bicentenário (1999), (1999), A nova leiA nova lei - - Minority ReportMinority Report (2002). (2002).

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Visões Perigosas Visões Perigosas (Adriana Amaral)(Adriana Amaral)

Buscando explorar as interfaces do cinema, a realidade Buscando explorar as interfaces do cinema, a realidade ficcional, a cibercultura e o mundo virtual, encontramos ficcional, a cibercultura e o mundo virtual, encontramos o interessante livro-tese de Adriana Amaral, o interessante livro-tese de Adriana Amaral, Visões Visões Perigosas, uma arque-genealogia do cyberpunk. Perigosas, uma arque-genealogia do cyberpunk. Comunicação e ciberculturaComunicação e cibercultura (2006) (2006)

uma análise culturalista e estética da ficção cyberpunk uma análise culturalista e estética da ficção cyberpunk em suas relações com determinadas tendências da em suas relações com determinadas tendências da tecnocultura contemporânea. tecnocultura contemporânea.

Em Em Visões PerigosasVisões Perigosas, penetramos em territórios , penetramos em territórios nebulosos, estranhos e inquietantes, e, sedutores. nebulosos, estranhos e inquietantes, e, sedutores.

Paisagens paradisíacas e utópicas, dantescas e Paisagens paradisíacas e utópicas, dantescas e apocalípticas dos novos territórios tecnocientíficos.apocalípticas dos novos territórios tecnocientíficos.

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Para concluirPara concluir

Muito mais que imaginação de um futuro Muito mais que imaginação de um futuro possível, a narrativa de ficção científica possível, a narrativa de ficção científica tem se apresentado como uma ferramenta tem se apresentado como uma ferramenta valiosa para entender o nosso presente, valiosa para entender o nosso presente, inevitavelmente tecnológico e inevitavelmente tecnológico e possivelmente pós-humano. possivelmente pós-humano.

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concluindoconcluindo Encontramos aqui um pretexto para repensar a Encontramos aqui um pretexto para repensar a

imaginação do futuro realizada no cinema, imaginação do futuro realizada no cinema, entendendo que este manifesta tanto as formas entendendo que este manifesta tanto as formas da ideologia, quanto da utopia, e os cineastas, da ideologia, quanto da utopia, e os cineastas, como os poetas e os filósofos, são também como os poetas e os filósofos, são também profetas e visionários. Isto se mostra em filmes profetas e visionários. Isto se mostra em filmes de horror de horror kitschkitsch, como o repelente , como o repelente AlienAlien (Ridley (Ridley Scott, 1979) e o doce e quase inocente Scott, 1979) e o doce e quase inocente E.T., o E.T., o extra-terrestre extra-terrestre (Spielberg, 1982). O cinema é (Spielberg, 1982). O cinema é singular ao exercer o seu poder de criar a singular ao exercer o seu poder de criar a sensação de liberdade, dar evasão à vontade sensação de liberdade, dar evasão à vontade de sonhar e de despertar, ao construir de sonhar e de despertar, ao construir magníficos paraísos artificiais. magníficos paraísos artificiais.

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conclusãoconclusão O instante eterno do cinema cintila triunfante O instante eterno do cinema cintila triunfante

nos filmes inesquecíveis de Stanley Kubrick, nos filmes inesquecíveis de Stanley Kubrick, Riddley Scott e os irmãos Wachowski; todos Riddley Scott e os irmãos Wachowski; todos estes indicam o que há de mais vivo na “cultura estes indicam o que há de mais vivo na “cultura da virtualidade real”. da virtualidade real”.

Para além do princípio da ficcionalidade, o Para além do princípio da ficcionalidade, o cinema de ficção escancara uma enorme cinema de ficção escancara uma enorme visibilidade das coisas amadas, sonhadas e visibilidade das coisas amadas, sonhadas e realizadas. realizadas.

O cinema tem o poder extraordinário de traduzir O cinema tem o poder extraordinário de traduzir o grande enigma humano, o mistério da luz e a o grande enigma humano, o mistério da luz e a vontade de transcendência.vontade de transcendência.