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O CINEMA NA AULA DE HISTÓRIA
Autora: Maria Aparecida Lemes1
Orientadora: Marisa Noda2
Este artigo tem como objetivo analisar e demonstrar a grande importância da
utilização do cinema na aprendizagem dos alunos. Para o desenvolvimento da
proposta utilizou-se o filme “Olga”, bem como os conteúdos “Regimes totalitários e a
“Era Vargas” e sua relação com o capitalismo. A dificuldade didática encontrada em
aulas expositivo-descritivas de conteúdo histórico pode ser superada com a
utilização deste recurso, onde o aumento da participação discente, consequência do
interesse e prazer em assistir filmes que retratam momentos históricos, permite a
efetiva aprendizagem, por meio de debates e análises críticas do conteúdo
apresentado. Isso tudo sem deixar de lado os demais materiais utilizados na
aprendizagem dos respectivos conteúdos.
Palavra chave: Cinema. Totalitarismo. Aprendizagem
ABSTRACT
This article aims to analyze and demonstrate the use of film in student learning. In
developing the proposal used the film "Olga" and content "Totalitarian regimes and
the" Vargas "and its relationship with capitalism. The difficulty found in teaching
classes, expository descriptive historical content can be overcome with the use of
water, where the increase in student participation, a result of interest and pleasure in
watching movies that depict historical moments, allows for effective learning through
discussions and critical analyzes of the content presented. All this without forgetting
the other materials used in the learning of their content.
Keyword: Cinema. Totalitarianism. Learning.
1 LEMES, Maria Aparecida. Licenciada em História pela FAFIJA, atual UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná), atua como professora no Colégio Estadual Hermínia Lupion, Ensino Fundamental, Médio e Normal, no Município de Ribeirão do Pinhal.
2 NODA, Marisa. Professora assistente da Universidade Estadual do Norte do Paraná – Colegiado de História. Aluna do curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Maringá.
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INTRODUÇÃO
Diante da grande oferta de recursos audiovisuais (que podem ser utilizados
na tarefa de docência), dos quais se destacam o cinema, televisão, internet, entre
outros, cabe ao professor de História dentro das condições de trabalho que se
oferecem hoje em nossas escolas adquirir conhecimentos adequados para a
utilização e melhor aproveitamento desses recursos e ainda incorporar ao conjunto
de suas práticas pedagógicas o uso de “novas linguagens”, particularmente a
linguagens midiáticas do cinema e da televisão.
Na década de 1990 o filme, no Brasil, passa a ser bastante lucrativo e a
indústria cinematográfica é impulsionada pela busca de grandes bilheterias e
elevados lucros. Neste sentido as produções brasileiras procuraram atender públicos
diversificados. Comédias, dramas, política e filme de caráter policial são produzidos
no Brasil. Com políticas de incentivo e empresas patrocinadoras, inicia-se a
produção de filmes que mobilizam uma grande quantidade de espectadores.
Atualmente, o cinema possui um grande potencial didático a ser explorado no
ensino. Portanto, faz-se necessário pesquisar uma metodologia especifica para o
uso dessa linguagem em aulas de História, visto que a aceleração das mudanças
criou a necessidade da constante atualização e revisão do conhecimento
tecnológico, visando atender as constantes solicitações e demandas educacionais
dos novos tempos.
A função didática da relação cinema-história se consubstancia na utilização de um novo método aplicado ao ensino: o uso da linguagem cinematográfica como instrumento auxiliar de formação histórica, com a finalidade de integrar, orientar e estimular a capacidade de análise dos estudantes. Do ponto de vista didático, trata-se de utilizar películas já existentes como fontes para a discussão de temas históricos, de analisar o cinema como agente da história e como documento e,mais ainda, de preparar estudantes para pesquisa (NÓVOA,1995, p.7).
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Entretanto, é preciso que a utilização desses novos recursos seja feita de
maneira correta pelos professores. Não podemos esquecer a função social, ou seja,
a responsabilidade de sermos formadores de cidadãos, ajudando os alunos a
desenvolver um senso crítico, visando uma melhor compreensão ao analisar os
processos históricos que contribuem para a formação e o desenvolvimento de sua
personalidade individual e sua identidade como cidadão no convívio coletivo. Em
razão disso, cabe-nos realizar uma seleção criteriosa dos conteúdos históricos,
métodos e recursos que proporcionem uma aprendizagem significativa, e o cinema,
como uma forma de interpretação do passado sendo, portanto, uma fonte histórica,
possibilita inúmeras formas de aprendizagem, além de contribuir para a formação de
uma consciência histórica.
Todo estudo histórico, portanto, implica uma seleção, uma seleção minúscula de algumas coisas da infinidade de atividades humanas do passado, e daquilo que afetou essas atividades. Mas não há nenhum critério geral aceito para se fazer tal seleção. (HOBSBAWM, 1998. p. 71).
Numa pesquisa de campo realizada no ano de 2010, com 30 professores do
Estado do Paraná sobre a utilização de filmes durante as aulas, pode-se constatar
que a atividade com filmes didáticos, documentários e ficção conquistou espaço
importante no dia a dia da escola e do professor e por isso vale aprofundar sua
prática e refletir sobre seus conteúdos e formas.
Todavia o excesso e o mau uso do trabalho com filmes podem torná-los
prejudiciais à compreensão da história, principalmente quando assumem o papel de
meras substituições tecnológicas do professor ou do livro didático, como ilustrações
gratuitas das aulas, ou ainda como representação verossímil do passado.
Morram (apud Napolitano, 2010) aponta formas consideradas adequadas
para a utilização de vídeos em sala de aula:
• Vídeo como sensibilização: é do meu ponto de vista, o uso mais importante
na escola. Um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo
assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas. Isso
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facilitará o desejo de pesquisa nos alunos para aprofundar o assunto do vídeo
e da matéria.
• Vídeo para ilustração: o vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala
em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos.
• Vídeo como conteúdo de ensino: vídeo que mostra determinado assunto de
forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre um tema
específico orientando a sua interpretação. De forma indireta, quando mostra
um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares.
• Vídeo como avaliação: dos alunos, do professor e do processo.
• Vídeo como integração/ suporte de outras mídias:
a) Vídeo como suporte da televisão e do cinema. Gravar em vídeos programas
importantes de televisão em aula. Alugar ou comprar filmes longa-metragem
e documentários para ampliar o conhecimento de cinema; iniciar alunos na
linguagem audiovisual.
b) Vídeo interagindo com outras mídias, como o computador, CD-ROM,
videogames, internet (NAPOLITANO, 2010, p. 34, 35 e 36).
Para os anos finais do Ensino Fundamental, as Diretrizes Curriculares
Estaduais do Estado do Paraná propõem que os conteúdos temáticos priorizem as
histórias locais e nacionais, estabelecendo relações e comparações com a História
Mundial (p. 68). Tais fatores justificam a escolha do filme “Olga”, bem como o
conteúdo “Regimes Totalitários” e “A Era Vargas e sua relação com o Capitalismo”
como unidade de trabalho, na oitava série/ nono ano, do Ensino Fundamental, visto
que através dos mesmos, o aluno poderá comparar períodos históricos e construir
conhecimento sobre rupturas e permanências de práticas e valores na sociedade
atual.
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Por apresentar diversas fases da história mundial, o filme Olga (2004) de
Jaime Monjardim, baseado na obra do escritor Fernando Morais, pode ser o ponto
de partida para a discussão dos conteúdos citados e ainda contribuir para a
realização de um debate sobre ética, respeito aos direitos humanos e preconceitos
raciais.
Pretendeu-se com a proposta apresentar e discutir alguns procedimentos
metodológicos de como usar o cinema nas aulas de História e os acontecimentos
que marcaram a primeira metade do século XX, especialmente na década de 1930,
período em que, segundo Hobsbawm, houve uma aliança temporária e bizarra entre
capitalismo liberal e comunismo contra o fascismo.
MUDANÇAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
As décadas de 1980 e 1990 foram extremamente férteis em relação a
estudos, pesquisas, produções, didáticas, paradidáticas e elaboração de propostas
curriculares oficiais de ensino de história, voltados ao Ensino Fundamental e Médio.
Essas produções tiveram um objetivo mais ou menos comum, particularmente na
década de 1980: combater o ensino de história tradicional, factual, linear e acrítico,
implicitamente calcado numa concepção positivista de ciências sociais, de forte
presença na tradição educacional brasileira. Paralelamente, ocorria o processo de
democratização política e mobilização social, que gradativamente derrotou a
ditadura militar. Nesse contexto, o ensino tradicional de história refletia os propósitos
políticos do regime militar e do conservadorismo, e, por conseguinte, tinha que ser
mudado e democratizado.
No entanto, grande parcela da produção didática daquelas décadas – que
investiu em conteúdos e formas inovadoras de ensino de história – acabou apenas
substituindo as divisões tradicionais pelos modos de produção. Basicamente trocou-
se um modelo explicativo positivista por um modelo marxista fechado e antidialético.
Substitui-se a história biográfica e política pela econômica. Criticaram-se os grandes
eventos históricos, mas manteve-se a linearidade cronológica dos conteúdos.
Contrapondo-se a essa concepção, uma parte da produção historiográfica avançava
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na crítica, tanto do positivismo quanto ao marxismo mecanicista, principalmente com
a Escola Inglesa de Thompson e Hobsbawm, entre outros (Diretrizes Curriculares
Estaduais, Paraná, 2008, p. 54,55).
Os historiadores da nova Esquerda Inglesa consideram a subjetividade das relações entre as classes e a cultura. Defendem, ainda, que a consciência de classe se constrói nas experiências cotidianas comuns, a partir das quais são tratados os comportamentos, valores, condutas, costumes e culturas. Entende-se que a consciência histórica seja uma condição de existência do pensamento humano, pois sob essa perspectiva os sujeitos se constituem a partir de suas relações sociais, em qualquer período e local do processo histórico, ou seja, a consciência histórica é inerente a condição humana em sua diversidade (D.C.E PARANÁ, 2008, p. 56).
Nessa concepção, somente uma educação escolar voltada para a construção
da cidadania e para o conhecimento possibilita o enfrentamento e a superação dos
graves problemas sociais que afetam, de forma dramática, grande parcela da
população brasileira.
Nas últimas décadas o ensino de História sofreu constantes mudanças. A
partir de análise diagnóstica, feita junto aos professores da Rede Pública do Estado
do Paraná foram realizados muitos estudos e pesquisas com o objetivo de apontar
novos referenciais teóricos para fundamentar o ensino de História no Estado.
Estes referenciais teóricos estão contidos nas Diretrizes Curriculares de
História e sustentado pela pedagogia histórico crítica é o referencial do presente
projeto.
O trabalho pedagógico com os Conteúdos Estruturantes básicos e específicos
tem como finalidade a formação do pensamento histórico do estudante. Isso se dá
quando professor e alunos utilizam em sala de aula e nas pesquisas escolares, os
métodos de investigação histórica articulados pelas narrativas históricas desses
sujeitos. Assim os alunos perceberão que a História está narrada em diferentes
fontes (livros, cinema, canções, palestras, relatos de memória, entre outros), sendo
que os historiadores podem fazer uso destas fontes para construírem suas
narrativas históricas.
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Nesse sentido, o trabalho pedagógico com os conteúdos históricos deve ser fundamentado em vários autores e suas respectivas interpretações, seja por meio dos manuais didáticos disponíveis, ou por meio de textos historiográficos para que o aluno entenda que não existe uma verdade histórica única, e sim que verdades são produzidas através de evidências que organizam diferentes problematizações, fundamentadas em fontes diversas, promovendo a consciência da necessidade de uma contextualização social, política e cultural em cada momento histórico (DCE, 2008, p. 68).
Dessa maneira cabe ao professor de História selecionar os conteúdos a ser
apresentado aos alunos, o que implica escolhas temáticas e a adoção de
determinada versão dos acontecimentos, e ainda empenhar-se para que os alunos
desenvolvam uma reflexão crítica em relação aos conteúdos estudados, e, com
base nisso, construam seu próprio saber.
É na ação educadora entre professores e alunos que surgem as questões, os
problemas, as formas mais adequadas para lidar com o material de estudo e as
iniciativas de trabalho. Recursos audiovisuais podem ser trabalhados em História de
diversas maneiras e em muitos conteúdos.
Segundo Circe Maria Bittencour, Serrano, desde 1912, incentivava seus
colegas ao uso de filmes de ficção e documentários para facilitar a aprendizagem.
Ao fazer uso dessa metodologia, os professores teriam condições de abandonar o
tradicional método da memorização, mediante o qual os alunos se limitavam a
decorar páginas de insuportáveis sequências de eventos. A utilização do filme pode-
se tornar uma estratégia metodológica eficaz, além de atrair a atenção dos alunos,
acaba despertando o interesse dos mesmos, caso o professor faça colocações
instigantes sobre o filme. Segundo Carr (2002, p. 58) os fatos da história nunca
chegam até nós “puros”, desde que eles não existem nem podem existir numa forma
pura: eles são sempre retratados através da mente do registrador. Daí a
necessidade da intervenção do professor incentivando o aluno a pesquisar sobre o
fato para que o aluno alcance autonomia intelectual e para refletir sobre os fatos
históricos narrados no filme.
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A linguagem dos filmes está, como afirma Marc Ferro, vinculado ao pensamento e à mentalidade das pessoas do século XX, uma vez que sua técnica e estética foram plenamente desenvolvidas nesse século. Isso significa que os filmes – documentário ou ficção - com pretensões históricas, sempre irão refletir o imaginário dos que conceberam e realizaram, podendo nos ajudar a compreender não apenas o passado e a obra, mas também a realidade contemporânea que apresentam. Assim como qualquer documento ou obra historiográfica, o filme traz em si uma construção a ser trabalhado, pensada, questionada, selecionada e criticada (MORAIS, 2005, p 15).
O uso de filmes e documentários enriquece a aula de História. Eles podem
não só ilustrar os conteúdos, mas provocar discussões, estimular análises, além de
permitir que os alunos expressem suas opiniões e sentimentos. O filme escolhido
deve ser adequado à faixa etária à qual se destina, bem como também ser vistos
previamente pelo professor, que deve destacar os pontos principais a serem
analisados pelos alunos.
O filme apresenta múltiplas visões da realidade, apresentando inúmeras
possibilidades de interpretações, assim, abrindo possibilidades para identificar
alternativas para situações problemas tornando um desafio aos alunos na busca de
soluções, que os tornará autônomos e críticos na aprendizagem.
O filme ajuda assim na constituição de uma contra-história, não oficial, liberada, parcialmente desses arquivos escritos que muito amiúde nada contém além da memória conservada por nossas instituições. Desempenhando assim um papel ativo, em contraponto com a História oficial, o filme se torna um agente de História, pelo fato de contribuir para uma conscientização. (FERRO, 2010, p. 11)
O uso de filmes e programas televisivos não deve ser usado simplesmente
como ilustração daquilo que se pretende, ou para reforçar aquilo que já se ensinou.
Esse encaminhamento dá ao recurso status de veículo de confirmação da unidade.
É necessário ter um olhar crítico, sem desqualificar e perceber a intencionalidade
das coisas como ocorrem. Devem ser usados como ponto de partida para
investigação.
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O MUNDO NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX E A ERA VARGAS
Historicamente, o período que se estende do fim da Primeira Guerra Mundial,
em 11 de novembro de 1918, até o início da Segunda Guerra Mundial, em 01 de
setembro de 1939, é conhecido como entre - guerras. Eric Hobsbawm, historiador
inglês, o denomina como “A era das catástrofes” e vai, de acordo com ele, de 1914 a
1945, podendo ser visto como uma única guerra de 30 anos. O período foi marcado
pela Grande Depressão, que tendo ao seu lado graves tensões políticas,
culminaram com a ascensão de regimes totalitários em alguns países europeus,
como na Alemanha e na Itália, onde respectivamente, ganharam força surgiram o
nazismo e o fascismo.
Segundo Hobsbawm, a guerra é o pior flagelo que pode açoitar a
humanidade, e o século XX não ficou isento desse flagelo, sendo considerado, o
mais sangrento da história. Considera a crise internacional do capitalismo, no início
do século, como o acontecimento mais importante do período, e sem ela, o
comunismo e o fascismo jamais teriam a mesma importância que tiveram, e nem
mesmo a Primeira Guerra Mundial ou a Guerra Fria teriam acontecido. Este fato
para ele teria alterado a história e o mundo como nós o conhecemos hoje. Afirma em
seus estudos que o regime totalitário é uma resposta aos momentos de crise. No
contexto histórico específico do fascismo, acrescenta-se o avanço das ideias
socialistas como um fator explicativo importante. Para o autor, a ascensão da direita
totalitária foi uma espécie de resposta ao crescimento do poder operário,
evidenciado na Revolução de Outubro, na Rússia. Hobsbawm diz que a direita
radical já fazia parte do cenário político europeu desde o fim do século XIX, mas
eram mantidos sob controle. O "perigo" socialista viria mudar este contexto.
Ainda neste aspecto econômico, diz-se que o fascismo surge como solução
para os conflitos entre capital e trabalho. A burguesia, temerosa de perder o seu
poderio neste conflito, alia-se então aos regimes totalitários de direita. Procurou
compreender a História Contemporânea através de momentos chaves, assinalados
por tensões e conflitos sociais e que resultaram em revoluções e guerras.
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A primeira metade do século foi marcada pela Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), seguida pela Revolução Russa (1917), passando pelo momento mais crítico
do capitalismo mundial, a quebra da bolsa de Nova Iorque (1929), culminando na
Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, conflito que envolveu diretamente a
quase totalidade dos países. Um dos mais importantes motivos foi o surgimento, na
década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas
e expansionistas. Na Alemanha fortaleceu-se o nazismo, liderado por Hitler e que
pretendia expandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes,
inclusive reconquistando territórios perdidos na Primeira Guerra.
Na Itália estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini,
que se tornou o Duce da Itália, com poderes sem limites. Tanto a Itália quanto a
Alemanha passavam por uma grave crise econômica, com milhões de cidadãos sem
emprego. Uma das soluções tomadas pelos governos fascistas destes países foi a
industrialização, principalmente na criação de armamentos e equipamentos bélicos
(aviões de guerra, navios, tanques etc.). Na Ásia, o Japão também possuía fortes
desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Estes
três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo
com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em
comum acordo.
Este conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha
e Itália. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte
ataque dos Estados Unidos, que despejou bombas atômicas sobre as cidades de
Hiroshima e Nagazaki. Uma ação desnecessária que provocou a morte de milhares
de cidadãos japoneses inocentes, deixando um rastro de destruição nestas cidades.
Os prejuízos foram enormes, principalmente para os países derrotados.
Foram milhões de mortos e feridos, cidades destruídas, indústrias e zonas rurais
arrasadas e dívidas incalculáveis. O racismo esteve presente e deixou uma ferida
grave, principalmente na Alemanha, onde os nazistas mandaram para campos de
concentração e mataram aproximadamente seis milhões de judeus. No Brasil, além
do surgimento de um movimento de inspirações semelhantes ao fascismo, o
integralismo, houve a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, instaurando o Estado
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Novo. Esse período entre-guerras pôs fim à hegemonia do capitalismo, e o
socialismo foi colocado em prática na Rússia, na República Democrática Alemã,
República Popular da China, Coréia do Norte, entre outros, (HOBSBAWM, 1995,p.
384 e 385).
A Era Vargas é indiscutivelmente um dos período de grande destaque da
história recente do Brasil, e também uma das mais polêmicas. Quando Getúlio
Vargas chega ao Poder em 1930, ele se transforma num personagem centralizador
e autoritário. Habilmente soube atrair para si o apoio de vários grupos sociais.
Em razão do autoritarismo, houve um verdadeiro confronto entre Getúlio e
tenentes que finalizou com a incorporação de parte dos integrantes ao governo, e
com os opositores presos e silenciados. Além disso, o caso mais grave ocorreu entre
o Governo Central e as elites paulistas, que haviam perdido o controle do poder
político que desfrutavam durante a República Oligárquica, os cafeicultores
pretendiam recuperar sua antiga posição. A tensão entre paulistas e o Governo
Federal resultou, em 1932, na geração de um movimento armado conhecido como
Revolução Constitucionalista, porque além de querer o fim do centralismo, exigiam a
convocação de uma Assembléia Constituinte, bem como a implantação do regime
democrático. Os Constitucionalistas foram derrotados, mas obtiveram uma conquista
política (FAUSTO, 2006, p. 191 e 192).
Vargas adotou uma atitude conciliatória e garantiu então, a realização de
eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar uma
nova Constituição para o país, a qual foi promulgada em junho de 1934. Do ponto de
vista político, o mais importante foi o voto secreto e o direito das mulheres ao voto.
Por meio de uma ampla reforma trabalhista, Vargas pode contar com o apoio
do operariado, e com as relações de trabalho reguladas pelo Estado. Legalizou e
controlou os sindicatos, além de criar um conjunto de leis que agradavam os
trabalhadores. Usando práticas populistas a paternalistas o presidente forjou uma
imagem positiva junto a população (VICENTINO, 2009, p. 127).
Nesse período ganharam destaque na vida pública do país dois grupos
políticos com ideias bastante diferentes: os integralistas que pregavam o
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nacionalismo extremado eram adversários dos liberais democratas e acreditavam
num regime de partido único; os aliancistas, de extrema esquerda, liderados pelo
Partido Comunista. A organização pregava a reforma agrária, a nacionalização de
empresas estrangeiras e a garantia das liberdades individuais.
Assustado com o crescimento da Aliança Nacional Libertadora (A.N.L),
Getúlio, apoiado pelos grupos políticos conservadores, declarou-a ilegal com base
na Lei de Segurança Nacional e ordenou a prisão de seus líderes.
Diante da repressão, os comunistas liderados por Luís Carlos Prestes,
planejaram uma revolta militar contra o governo, que ficou conhecida como
Intentona Comunista.
Em 1936, Olga Benário, judia, mulher do comunista e líder do movimento tenentista, Luís Carlos Prestes, foi presa pela polícia getulista de Filinto Muller, acusada de participar da Intentona Comunista. Mesmo grávida, Olga foi entregue aos nazistas pelas autoridades brasileiras. Deportada para a Alemanha, morreu em um campo de concentração. A deportação de Olga Benário é um exemplo de como o governo do Brasil nutria simpatias pelo Governo Nazista. Entretanto, quando o país entrou na guerra, foi para lutar contra o eixo. (VICENTINO, Projeto Radix, 9º ano, p.152)
A consequência mais importante foi o pretexto dado para a instalação do
Estado Novo, iniciou uma repressão e preparou o caminho para se instalar um
regime totalitário sem nenhuma resistência. Foram suprimidas a liberdade de
expressão, eleições e partidos políticos. Getúlio tornou-se o chefe supremo da
nação.
Durante o Estado Novo houve uma ampla utilização do cinema, do teatro,
jornal e do rádio para enaltecer as façanhas de Getúlio e do Estado Novo.
O governo brasileiro, apesar de mostrar clara simpatia pelos regimes
fascistas, teve que se definir e em janeiro de 1942, por pressões norte-americanas,
rompeu relações com os países do Eixo, e, aos poucos, começaram os planos para
o envio de soldados aos campos de batalha ao lado das potências aliadas.
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A participação do Brasil na luta contra os regimes ditatoriais criou uma
contradição que acabou por enfraquecer o Estado Novo.
O PERÍODO ENTRE GUERRAS: OS NACIONALISMOS TOTALITÁRIOS
A situação criada após a Primeira Guerra Mundial nos países derrotados,
especialmente na Alemanha e Itália favoreceu a escalada de regimes militaristas
expansionistas que lutaram contra o capitalismo liberal e contra o comunismo.
Os alemães insatisfeitos com o Tratado de Versalhes (1919), que impôs um
conjunto de decisões consideradas por eles, extremamente duras e humilhantes
que tomava como base a versão dos vencedores que atribuía a responsabilidade da
guerra exclusivamente à Alemanha.
Além disso, os gastos com a guerra, desemprego, inflação, e perdas
humanas, uma grave crise econômica atingiu esses países da Europa, principal
cenário das batalhas travadas na Primeira Guerra Mundial.
Na Itália, liderado por Benito Mussolini, fortaleceu-se o fascismo (1919) que
segundo alguns autores é uma doutrina totalitária de extrema direita, contrariando o
liberalismo, o socialismo e governos democráticos, ganha forças no período “entre
guerras” (1918 a 1939) e abriu caminho para o surgimento de vários movimentos de
extrema direita.
Ao término da Primeira Guerra Mundial ficou nítida a desorganização das
economias nacionais dos países europeus, tanto dos derrotados quanto dos
vitoriosos.
Distante das frentes de batalha, a economia estadunidense foi a grande
beneficiada, tornando-se ao término da guerra o centro das finanças mundiais. A
partir daí, os investimentos norte-americanos possibilitaram a recuperação dos
países europeus envolvidos na guerra e a retomada do desenvolvimento industrial.
Depois disso os europeus reduziram as importações norte-americanas.
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Ao mesmo tempo nos Estados Unidos o consumo não acompanhou o
crescimento da produtividade agrícola e industrial. A superprodução e a facilidade de
crédito prenunciaram a crise.
O rápido crescimento econômico, gerou um clima de especulação no
mercado de ações. Com o delinear da crise, desencadeou-se uma corrida para
vender ações, culminando a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em
outubro de 1929.
Com a depressão econômica ocasionada, muitos países adotaram medidas
protecionistas. As taxas alfandegárias elevadas estimulavam o nacionalismo político
militar.
Com a descrença no capitalismo liberal o fascismo se fortalece em resposta
ao “perigo vermelho” comunista estimulado pela União Soviética. Alguns países da
Europa e América Latina viram o fascismo como uma solução alternativa para a
crise. Fortaleceram seus Estados e adotaram regimes inspirados no fascismo. Em
Portugal, por exemplo, o Estado Novo de Antonio de Oliveira Salazar, a partir de
1933, tornou-se uma ditadura anticomunista e antiliberal. A Espanha vítima da crise
internacional do período entre guerras e após uma sangrenta Guerra Civil que
culminou com a vitória do General Franco, adotou um governo de inspiração
fascista. Franco contou com o apoio militar da Alemanha e da Itália. A Guerra Civil
Espanhola foi o laboratório de ensaio de armas que foram utilizadas depois na
Segunda Guerra Mundial.
Na Argentina, no período de 1945 a 1955, Juan Domingues Perón, inspirado
no fascismo e com apoio popular realizou um governo de intenso nacionalismo e
aproximação com os trabalhadores organizados.
Por meio do controle dos meios de comunicação, Perón e sua esposa Evita
estabeleceram-se como mitos de longa permanência no imaginário da sociedade
argentina. Por suas ações voltadas aos menos favorecidos, Evita ficou conhecida
como “mãe dos pobres”.
Mussolini aproveitou-se do clima de instabilidade provocado pela crise
econômica para fundar o Partido Nacional Fascista na Itália, com uma proposta
considerada por muitos empresários capaz de solucionar a crise, acabar com as
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greves operárias e com as agitações socialistas. Utilizando-se de métodos violentos
contra seus adversários, conquistou o poder em 1922. Em seguida reuniu poder
suficiente para a implantação da ditadura fascista.
Em 1932 no Brasil a Ação Integralista Brasileira (AIB) reuniu uma grande
quantidade de adeptos, conhecidos como “camisas verdes” comandados pelo
escritor Plínio Salgado. O integralismo foi uma espécie de fascismo que explorou o
sentimento nacional e defendeu uma rígida e vertical organização corporativista e
autoritária contra o comunismo.
O presidente Getúlio Vargas, segundo Boris Fausto, desde que assumiu o
poder em 1930, se transformou num personagem centralizador e autoritário. Um
exemplo desse autoritarismo ocorreu em 1936, quando Vargas desrespeitou a
Constituição Brasileira de 1934, que garantia a Olga Benário, o direito de
permanecer no Brasil por estar grávida do brasileiro Luís Carlos Prestes. Olga,
acusada de participar da Intentona Comunista de 1935, foi deportada para a
Alemanha e entregue aos nazistas pelas autoridades brasileiras.
No entanto foi a partir de 1937 que impôs o fechamento do Legislativo e
outorgou uma nova Constituição para o país. Iniciava-se desse modo, um governo
ditatorial, muito próximo ao fascismo, que ficou conhecido como Estado Novo.
Durante esse período foi instaurado no país o estado de emergência. As
pessoas eram julgadas sumariamente, o governo decretou o fim do federalismo, os
partidos políticos foram extintos. Cidadãos eram perseguidos, torturados e mortos
pela polícia política de Filinto Müller.
No campo ideológico, a censura e a propaganda foram importantes para o
governo construir e divulgar um relacionamento harmonioso entre os governantes e
o povo. Assim por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) criado
em 1939, o governo Vargas controlava e censurava os meios de comunicação
social.
O DIP foi responsável pela produção do programa de rádio obrigatório Hora
do Brasil que segundo Hélio Silva refletia e repercutia a novidade totalitária, o culto
da personalidade, as excelências de um regime forte, apresentado como a única
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forma de evitar o caos administrativo, a desordem política e a infiltração comunista
(SILVA, 2004, p.136).
Além do uso da violência e da propaganda ideológica o Estado controlava
também a sociedade por meio do controle das organizações da classe operária,
fosse através de alianças com essas organizações, pois muitas demandas
trabalhistas atendidas pelo Estado Novo faziam parte das reivindicações dos
trabalhadores. Desse modo a maioria dos sindicatos passou a ser controlado e
dirigido por pessoas aliadas ao governo.
Todas as conquistas e lutas foram transformadas em benefícios concedidas
pelo Estado, entre elas a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Com sua
política populista Getúlio conquistou o apoio das massas passando a ser chamado
de “pai dos pobres”.
Entre os países que adotaram regimes fascistas destacou-se a Alemanha
com um conjunto de ideias autoritárias e pseudocientíficas. Entre elas a
superioridade da raça ariana, o antissemitismo, o total fortalecimento do Estado e o
expansionismo.
A ascensão do fascismo e comunismo ocorreu após a Primeira Guerra
Mundial. Historiadores do período entre guerras, tais como Carr e Hobsbawm,
afirmam que o liberalismo estava ameaçado neste período e que pareceu na altura
uma filosofia condenada. O sucesso da Revolução Russa de 1917 resultou numa
onda revolucionária por toda a Europa. Movimentos fascistas e comunistas
proliferaram e opunham-se ferrenhamente um ao outro.
Com o Fascismo se estabelecendo pela Europa, o Nacionalismo acabou por
estimular o expansionismo territorial, principalmente por parte da Alemanha, que via
a ampliação e conquista de territórios como condições necessárias à implementação
do “pangermanismo”.
As ambições imperialistas da Alemanha, da Itália e do Japão contribuíram
para que se iniciasse a Segunda Guerra Mundial.
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IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
O projeto Cinema na aula de História foi implementado no 9º ano, turma B do
período matutino do Colégio Estadual Hermínia Lupion, Ensino Fundamental, Médio
e Normal, localizado na rua Antonio Rosa, nº1228, no município de Ribeirão do
Pinhal, Estado do Paraná, sob supervisão da diretora do colégio: Elza do Carmo
Hansen.
Conforme orientação da coordenadora do Programa de Desenvolvimento da
Educação (PDE), foi feito uma apresentação do projeto na escola no dia 20 /07/2011
para a Direção, Equipe Pedagógica, corpo Docente e Funcionários. A apresentação
foi realizada por meio de projeção de slide, utilizando- se uma atividade que consta
na produção Didático-Pedagógica intitulada: uma reflexão para o uso do cinema.
No primeiro contato com os alunos do 9º ano, série B, foi apresentado o
projeto, as razões de privilegiar a linguagem cinematográfica e a solicitação para
que escrevessem um pequeno texto sobre o que pensavam sobre o uso do cinema
nas aulas de História. Entre os vários textos apresentados destacou-se o seguinte:
“Podemos considerar o cinema como uma ótima opção de entretenimento,
além de ser um enriquecimento cultural fantástico, pois quando assistimos a um
filme, seja ele de comédia, ação ou terror adquirimos um vocabulário mais rico,
diversas informações e em muitos casos, leitura de mundo, que é essencial para
uma boa dissertação. Levando em consideração todos esses itens, a escola seria
um excelente local para se reproduzir filmes adequados a cada matéria que se
estudou, que está estudando, ou irá estudar. Sou aluno, e por experiência própria
posso concluir que um bom filme relacionado ao assunto que se estuda pode auxiliar
e muito nas atividades, nas provas, e no entendimento deste, incluindo o fato de que
é uma alternativa para não tornar a aula muito cansativa (SIC)”.G.L.F.9º ano, turma
B, 2011.
O aluno demonstra por meio de seu relato, saber da importância do cinema
na aprendizagem, identificando vários elementos veiculados pelo filme, como a
linguagem diferente do seu falar cotidiano, fatos que passam despercebidos nas
aulas, informações que contribuem para a construção do conhecimento, etc..
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Realmente, o cinema é mais uma fonte e, como toda fonte deve ser
questionada e interpretada. Não podemos correr o risco de achar que só porque o
filme foi realizado em forma de documentário ou histórico está relatando a verdade.
Por tudo isso é necessário que se faça uma análise criteriosa sobre o
conteúdo do filme antes de exibi-lo para os alunos.
Para o desenvolvimento dessa metodologia de ensino-aprendizagem, com a
utilização de filmes, foram empregados também textos do livro didático, informações
adquiridas por meio de pesquisa e a Produção Didático–Pedagógica produzida para
o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).
Num segundo momento decidimos quais seriam os dias em que eles
deveriam comparecer no contra turno e agendamos os dias e as atividades que
seriam desenvolvidas para que todos tivessem conhecimento das ações de
implementação
Os conteúdos utilizados na implementação foram:
Conteúdo estruturante: Relações de poder
Conteúdo básico : O estado e as relações de poder
Conteúdo específico: Totalitarismo.
Questão problematizadora; Até que ponto um governo autoritário com práticas
repressivas e discriminatórias pode existir sem o apoio da maioria da população de
um Estado?
No decorrer do trabalho procurou-se identificar o contexto da crise de 1929 e
seus desdobramentos mundiais; analisar o fortalecimento e difusão dos regimes
totalitários no contexto da crise econômica social europeia; compreender o processo
de consolidação do fascismo na Itália e do nazismo na Alemanha; caracterizar a
expansão das doutrinas totalitárias de inspiração fascistas na Espanha, em Portugal
e no Brasil; estimular atitudes contrárias ao racismo, ao preconceito e a qualquer
forma de discriminação; analisar imagens, documentos e filmes, relacionando- os ao
conteúdo específico.
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Na investigação sobre as ideias que possuíam sobre regimes totalitários
constatou-se a grande dificuldade dos alunos de se expressarem perante os colegas
e professor, além de lembrarem, de forma fragmentada o conteúdo: “Hitler melhorou
muito a Alemanha , mas atacou muitos países”(M.P.M.9º ano 2011), “mataram Hitler
porque ele matou muitos judeus”(C.B.9º ano 2011),”que tinha visto um quadro sobre
o assunto na aula de Arte mas havia esquecido o nome (L.A.A. 9ºano, 2011).
Apenas um aluno disse que “Hitler perseguia os judeus” ( L. S.9º ano,2011).
Após a exposição do tema verificou-se a grande dificuldade dos alunos em
assimilar determinados conceitos, por exemplo: socialismo, capitalismo liberal,
totalitarismo, liberalismo e nacionalismo. Conceitos fundamentais para a efetivação
da aprendizagem do conteúdo específico. Com o objetivo de superar essas
dificuldades confeccionamos um joguinho de dominó. Nessa atividade os alunos
interagiram com vários colegas da turma.
Nos dias que se seguiram foram realizadas todas as atividades que constam
no Projeto de Intervenção Pedagógica, na produção didático-Pedagógica e outras
que foram colocadas no cronograma de implementação: exibição de vídeos, leitura,
interpretação de textos, cenas de filmes e uso da internet,
Quando as atividades eram realizadas no contraturno faltavam muitos
alunos pelo fato de terem outros compromissos escolares no mesmo período. Para
sanar essa dificuldade. Passei a ocupar os horários vagos devido a ausência de
professores no estabelecimento.
Como a linguagem escolhida para a implementação do projeto foi o uso do
cinema, os filmes Olga e O Menino do Pijama Listrado foram exibidos na Casa da
Cultura do município de Ribeirão do Pinhal, em especial para os alunos do 9º ano da
turma B. A pedido da diretora do Colégio, todas as turmas do 9º ano foram
convidadas e o comparecimento foi de aproximadamente 100%. Em uma das
exibições estiveram presentes a representante do PDE e sua equipe. Na sala de
aula, os alunos do 9º B, assistiram cenas do filme “O Pianista” e um vídeo sobre a
“Era Vargas”.
. Durante o desenvolvimento desse trabalho, verificou-se que um bom
planejamento faz a diferença. Ocorreram mudanças significativas em relação a
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participação dos alunos nas aulas e pode se constatar que grande parte dos
objetivos foram alcançados.
As atividades realizadas pelos alunos, entre elas, interpretações e análise dos
textos: Política de extermínio (Radix, 9ºano, p.149), trecho da carta que finaliza o
livro Olga e Carta enviada a Fillinto Müller em 1936, pela esposa de um prisioneiro,
leitura e análise reflexiva de imagens e testes abordando Regimes totalitários e Era
Vargas foram corrigidas, discutidas, considerou-se o ritmo e processo de diferentes
aprendizagem mantido pelos alunos, observando-se as dificuldades e possibilidades
de intervenção pedagógica. Constatou-se que a atividade diferenciada despertou o
interesse do aluno e o auxiliou na aprendizagem.
O Projeto de intervenção Pedagógica, a Produção Didático Pedagógica e as
ações de implementação foram disponibilizadas para análise e discussões em
fóruns pelo programa Grupo de Trabalho em Rede - GTR.
Nos fóruns, discutiu-se a importância do uso da linguagem cinematográfica
em aulas de História e a viabilidade do material complementar utilizado na aplicação
do projeto.
Os participantes analisaram as possibilidades e a importância do uso do
cinema na aula de História, contribuíram para o aprimoramento sugerindo outros
filmes que também podem ser relacionados com o tema tratado. Demonstraram
compreender a importância das várias linguagens como recursos pedagógicos
necessários para a melhoria da qualidade do ensino nas escolas. Questão que tem
sido a preocupação de todos os envolvidos. Concluíram que devemos aproveitar a
simpatia que o aluno tem para com o cinema e aproximá-lo dos assuntos do dia a
dia e também dos conteúdos disciplinares.
Afirmaram ainda que o material didático apresentado poderá ser usado em
outras escolas paranaenses por seguir o conteúdo e as metodologias norteadas nas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná, e que sua
implementação na escola poderá ser realizada dentro das aulas de História sem
prejuízo aos alunos.
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Esse período de implementação forneceu suporte necessário para refletir
sobre a prática pedagógica. Já as pesquisas e leituras serviram para um
redirecionamento do trabalho em sala de aula principalmente em relação ao uso das
novas tecnologias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Ao inserirmos o cinema em nossas aulas, permitimos aos alunos a ampliação
do seu potencial de análise. Os filmes exploram uma complexidade de informações
que facilmente podemos relacionar com algum conteúdo de História. As diferentes
linguagens, cenários e temporalidades permitem que o aluno crie elos de conexão
entre a realidade e a ficção. A sensibilidade e a percepção para analisar, decodificar
e interpretar informações existente em um filme ressaltam a importância de tal
produção cultural na formação intelectual dos sujeitos.
Segundo Napolitano (2010) só o cinema não é suficiente para dar conta de
todas as relações de ensino-aprendizagem, ou então a escola seria desnecessária.
Por isso, o papel do professor é fundamental na mediação entre o filme e o conteúdo
escolar ou em outra atividade educativa. Ao associarmos o cinema com os
conteúdos programáticos, permitimos aos alunos o desenvolvimento de pontes entre
a razão e a emoção, leituras mais ambiciosas e ainda a oportunidade de tornarem
expectadores exigentes e críticos.
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I) REFERÊNCIAS:
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes, Fundamentos e Métodos. São Paulo: Cortez, 2004. CARR, Edward Hallet. O que é História? Rio de Janeiro, Paz e Terra, 3- ed. 1982 COTRIN, Gilberto. Saber a Fazer História, 9º ano, São Paulo: Saraiva 2010. FARIA Cleide e outros. Fundamentos da educação. Ponta Grossa: 2008. FAUSTO Boris. História – Ministério da Educação: Secretaria de Educação a Distância, Manaus, 2002 FAUSTO Boris, História Concisa do Brasil, Rio de Janeiro: Edusp,2006.. FERRO,Marc, Cinema e História.São Paulo:Paz e Terra :2010. HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX – 1914-1991. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. -------------------------- Sobre História: São Paulo: Companhia de Letras, 1998. MORAIS Fernando. Olga. São Paulo: Alfa-Omega: 1986. MORAIS, José Geraldo Vinci de, História: Geral e do Brasil, São Paulo: Atual, 2005. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2010. NÓVOA Jorge, Apologia da Relação cinema-história IN: Olho da História: Revista de História Contemporânea. nº. 1. 1995. PARANÁ. Diretrizes Curriculares de História para os anos finais do Ensino Fundamental e para o Ensino Médio. Curitiba: SEED, 2008. SHIMIDT, Maria Auxiliadora. CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004. SILVA, Hélio. O Estado Novo, São Paulo: Brasil 21, 2004. VICENTINO Cláudio. Projeto Radix: história. 9º ano. São Paulo: Scipione, 2009. www.suapesquisa.com/musicacultura/cinema_brasileiro.htm acesso em 01/03/2011 às 08h47min.