O Conteúdo de Sistemática e Filogenética Em Livros Didáticos Do Ensino Médio

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Ensino de evolução, sistemática e filogenética

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  • O CONTEDO DE SISTEMTICA E FILOGENTICAEM LIVROS DIDTICOS DO ENSINO MDIO

    Marciel Elio Rodrigues*Lourdes Aparecida Della Justina**Fernanda Aparecida Meglhioratti***

    RESUMO: fundamental identificar as transformaes nas populaes deorganismos ao longo do tempo e situar as linhagens com os seus repre-sentantes atuais, facilitando uma aprendizagem coerente com o conheci-mento biolgico atual. Por essas razes, nesse trabalho realizamos umaanlise qualitativa sobre o contedo Sistemtica e Filogentica em cincolivros didticos recomendados pelo Programa Nacional do Livro para oEnsino Mdio. Verificou-se que entre os livros analisados nenhum utilizaa filogenia como eixo integrador do ensino. Acredita-se que a filogenia,como eixo integrador, permita uma abordagem comparativa da vida, faci-litando os estudos de Zoologia e Botnica e fornecendo subsdios para acompreenso da diversidade biolgica voltada para uma abordagem evo-lutiva.Palavras-chave: Ensino de Biologia; Filogenia; Livro Didtico.

    THE CONTENTS OF SYSTEMATIC AND PHYLOGENETICIN HIGH SCHOOL TEXTBOOKSABSTRACT: It is essential to identify changes in populations of organismsover time and locate the lineages according to their contemporary repre-sentatives, facilitating learning consistent with current biological knowl-edge. Therefore, in this work we carry out a qualitative analysis on theSystematic and Phylogenetic content in five books recommended by thePrograma Nacional do Livro para o Ensino Mdio (National Book Programfor High School). And it was found that amongst the books reviewed,none uses the phylogeny as an axis integrator of education. It is believedthat the phylogeny as axis integrator allows a comparative approach of lifeby facilitating studies in zoology and botany and providing subsidies forthe understanding of biological diversity targeted towards an evolutionaryapproach.Keywords: Biology Teaching; Phylogeny; Textbook.

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    *Mestrado em Entomologiae Conservao daBiodiversidade

    pela Universidade Federalda Grande Dourados (UFGD).

    E-mail:[email protected]

    **Doutoranda em Educaopara a Cincia pela

    Universidade EstadualPaulista (UNESP).

    Docente do Centro deCincias Biolgicas e daSade da Universidade

    Estadual do Oeste do Paran(UNIOESTE).

    Email:[email protected]***Doutora em Educao

    para a Cincia pelo Programade Ps-Graduao em

    Educao para a Cincia daUniversidade Estadual

    Paulista Julio de MesquitaFilho. Professora Adjunta doCentro de Cincias Biolgicase da Sade da UniversidadeEstadual do Oeste do Paran

    (UNIOESTE).Professora do Programa dePs-Graduao em Educaoda Universidade Estadual doOeste do Paran (UNIOESTE).

    E-mail:[email protected]

  • 1. INTRODUO

    O presente artigo resultado de uma pesquisa realizada por um grupode pesquisadores em Epistemologia da Biologia e se insere numa investigaomais ampla que envolve o estudo de conceitos biolgicos e sua abordagem emdiferentes contextos do ensino de Biologia. Neste artigo, buscamos contribuirpara uma reflexo sobre o contedo biolgico em livros didticos do EnsinoMdio em relao sistemtica filogentica.

    No contexto de aulas de Biologia do Ensino Mdio, muitas vezes, huma abordagem fragmentada do ensino de Biologia, na qual no se articulam osaspectos evolutivos com o estudo das estruturas e processos biolgicos, o quepode estar associado negligncia do ensino de Zoologia e Botnica (AMORIMet al; 2001; KRASILCHIK, 2005). Atribui-se este fato ao carter estritamentememorstico que acompanha estas reas de conhecimento em livros didticos ena concepo de professores e estudantes. Essa uma realidade que deve sercombatida, pois os estudos de Zoologia e Botnica permitem evidenciar a diver-sidade dos seres vivos, sendo a sistemtica1 a base para compreender a diversida-de e a organizao biolgica (MALLET; WILMOTT, 2003).

    Na delimitao do recorte do contedo biolgico para investigao,partimos da afirmao de Moore (2003) de que a ordenao sistemtica dos seresvivos pode ser feita de vrias formas. Porm, a mais conveniente aquela quetem como objetivo produzir uma classificao natural, isto , uma filogenia2

    que revele a histria evolutiva. Nesse sentido, a sistemtica filogentica permiteaos estudantes visualizarem as relaes entre os organismos e identificarem ascaractersticas que unem seres vivos em determinado grupo, ou seja, possibilitaidentificar as caractersticas que fazem com que um grupo seja vlido luz dateoria evolutiva, sendo um grupo monofiltico3 (GUIMARES, 2004).

    Pesquisas na rea de ensino de Cincias com enfoque no livro didti-co se justificam, conforme Freitas e Martins (2008), devido sua penetraojunto a um pblico leitor jovem, sendo que o livro constitui material de refern-cia, informao e consulta sobre diversos temas para muitos alunos. Emboramuitas investigaes tenham focalizado a anlise de livros didticos de Cinciase Biologia nos ltimos anos na temtica sistemtica filogentica, acredita-seque a abordagem deste assunto merea reflexes que apontem suas limitaes epossveis alternativas para adequao aos indicativos da pesquisa em ensino deBiologia, bem como dos avanos do conhecimento biolgico.

    Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar uma anlise qualitativa sobreo contedo de sistemtica e filogentica presente em livros didticos recomenda-dos pelo Ministrio da Educao e Cultura (MEC) por meio do ProgramaNacional do Livro para o Ensino Mdio PNLEM e disponibilizados para seremutilizados por alunos do Ensino Mdio em escolas pblicas brasileiras.

    No presente artigo, inicialmente, abordamos uma histria da sistem-tica e filogentica, de modo breve. Em seguida, so apresentados alguns aponta-

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  • mentos da rea de ensino da Biologia voltados ao livro didtico e sistemticafilogentica. Aps essa etapa so elencados e discutidos os resultados da anlisede cinco livros didticos de Biologia.

    2. BREVE HISTRIA DA SISTEMTICA FILOGENTICA

    Nas Cincias Biolgicas, o naturalista sueco Carl Von Linne Lineu(1707-1778) considerado como o estudioso que deu origem formal siste-mtica, por meio do seu sistema binominal de nomenclatura. Este sistema declassificao foi publicado nas primeiras edies de Species plantarum (1753) e nadcima edio de Systema naturae (1758). O sistema de Lineu se tornou muitodifundido e aceito na comunidade cientfica da poca e, at hoje, vem sendo uti-lizado em materiais de divulgao cientfica, como o caso dos livros didticos.Para Lineu, o zologo poderia reconhecer todas as espcies de animais. Isso por-que, conforme ele, no existiriam mais que alguns milhares de espcies queforam colocadas na Terra pelo Criador e, alm disso, eram imutveis.(DUPR, 2002). As categorias taxonmicas de Lineu so insuficientes paracomportar toda a diversidade conhecida e, ao longo da histria da Biologia, ostaxonomistas modernos tm proposto novas categorias para poder organizar abiodiversidade.

    Aps a publicao de A origem das espcies4 muitos sistematas passarama estudar filogenias. A rvore da vida de Haeckel, de 1866, um timo exemplodos resultados desse interesse. Porm, todo esse conhecimento era construdocom base na experincia e observao do especialista. No havia um mtodopara inferir filogenias. Alm disso, a maioria dos bilogos estava preocupadacom problemas de espcie, especiao e variaes geogrficas e o estudo de filo-genia ficou relegado ao segundo plano. Foi o botnico alemo WalterZimmerman que, na primeira metade do sculo XX, apresentou uma discussoclara sobre filogenia e defendeu fortemente as classificaes filogenticas.(DONOGHUE & KADEREIT, 1992). Na dcada de 1950, mesmo fazendomuitos elogios ao estudo de filogenias, muitos taxonomistas vegetais eram cti-cos a respeito dos sistematas serem realmente capazes de reconstruir filogenias.Estas eram ainda produzidas por uma autoridade em um dado grupo de seresvivos, sem a utilizao de nenhum mtodo explcito. Assim, poucos sistemataslevavam esses esforos a srio.

    Nas dcadas de 1950 e 1960, dois grupos de pesquisa surgiram e cadaum tratou da falta de rigor nos estudos filogenticos, mas de modo diferente.Ambos os grupos procuravam trazer metodologias explcitas e objetivas para asistemtica. No grupo dos taxonomistas numricos afirmava-se que seria impos-svel reconhecer as filogenias e utilizava-se a similaridade geral como critrio declassificao. O primeiro livro deste grupo foi o princpio da taxonomia numri-ca (The principles of numerical taxonomy), escrito por Robert R. Sokal e Peter H. A.

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  • Sneath, em 1950. O outro grupo de pesquisa seguiu as linhas que WalterZimmerman e outros filogeneticistas tinham comeado a desenvolver. Esteautor defendia que a filogenia deveria ser o princpio organizador central em sis-temtica e ao buscar metodologias objetivas e confiveis poder-se-ia inferir filo-genias. Um dos autores mais influentes a desenvolver tais metodologias foi WilliHennig, em 1950. Seu livro foi escrito em alemo e traduzido para o ingls em1966, por isso suas ideias demoraram a ser difundidas pelo mundo (HULL,2001). Pessoas que concordavam com Hennig, que a filogenia deveria ser centralpara a sistemtica, que filogenias poderiam ser construdas a partir de compara-o com espcies existentes e que as classificaes deveriam ser baseadas direta-mente na filogenia foram chamadas por Mayr (1998) de Cladistas (clados = ramo).Da mesma forma, os taxonomistas numricos foram chamados por Mayr (1998)de feneticistas (fenos = aparncia), por se preocuparem com similaridades geraisentre as espcies.

    Outro grupo de sistematas tambm apareceu na dcada de 1960.Bilogos moleculares, que nunca estiveram envolvidos diretamente nos debatessobre filosofia sistemtica, se interessaram em inferir filogenias utilizando seusdados moleculares. Para eles, a filogenia era a chave para entender no somentea histria evolutiva dos txons, mas tambm os detalhes da evoluo dos genes.Era bvio, portanto, que tcnicas quantitativas e inferncia filogentica eram par-tes crticas da sistemtica, embora muitos sistematas moleculares tivessem poucointeresse na conexo entre filogenia e classificao ou apreciassem o desenvolvi-mento de uma teoria da sistemtica. (HULL, 1988).

    Na dcada de 1980, embora as batalhas continuassem a ser disputadasentre os vrios grupos de pesquisa ou seus remanescentes, os velhos rtuloscomearam a ficar sem sentido. Se, por cladista, tinha-se em vista um sistemataque considerava a inferncia da filogenia como de grande importncia, acredita-va-se que classificaes deveriam ser baseadas diretamente nas filogenias inferi-das e adotava-se pelo menos alguma terminologia cladstica, assim a vasta maio-ria dos sistematas era cladista. Por outro lado, praticamente todos os sistematasna dcada de 1980 julgavam o uso de computadores e tcnicas quantitativasessenciais para seu trabalho. Nesse sentido, taxonomistas numricos tiveramsucesso. Se forem usadas definies mais restritivas, tais como requerer quesomente a metodologia original de Hennig seja usada para ser chamado um cla-dista, ou, que classificaes sejam baseadas estritamente em similaridades,paraser chamado feneticista, ento, os dois grupos mudaram muito nas ltimas dca-das. (HULL, 1988).

    Todos os sistematas atuais usam ferramentas filogenticas. J existeum nmero significativo de obras especficas sobre cladismo, uma das quais pro-duzida no Brasil: Fundamentos de sistemtica filogentica, de Dalton S. Amorim(2005). Livros-texto universitrios novos e reedies de obras consagradas inse-rem conceitos cladsticos no seu contedo. Muito recentemente, alguns livros-texto de Ensino Mdio e fundamental passaram a apresentar essa metodologia,

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  • muito embora, de modo pouco convincente, porque os autores insistem emmanter a sequncia do desenvolvimento do contedo segundo a sistemtica tra-dicional. Acredita-se que, uma mudana, no sentido de incluso da abordagemcladstica seja imprescindvel para a melhoria do ensino de Biologia que devecomear pelos livros universitrios e chegar aos livros didticos da EducaoBsica nos prximos anos.

    3. O LIVRO DIDTICO E A SISTEMTICA FILOGENTICA NO ENSINO MDIO

    No Brasil, algumas tentativas de introduzir o ensino de SistemticaFilogentica na Educao Bsica tm ocorrido no Ensino Mdio (AMORIM,2005; AMORIM et al, 2001; LOPES; FERREIRA & STEVAUX, 2007) e funda-mental (SCHUCH & SOARES, 2003) com timas perspectivas de ensino, quan-do utilizadas como eixo centralizador da discusso da biodiversidade. Tambmh uma grande preocupao em divulgar a sistemtica filogentica em cursos degraduao.

    A introduo da sistemtica filogentica no Ensino Mdio contribuidiretamente para o ensino dos seres vivos, como Zoologia e Botnica. Porm,outros tpicos poderiam ser abordados, tais como a evoluo do comportamen-to e a evoluo dos sistemas do corpo relacionada ao meio. A vantagem do usoda sistemtica filogentica seria, em princpio, a de permitir uma abordagemcomparativa da vida e diminuir a distncia entre os grupos de seres vivos.(GUIMARES, 2005).

    A sistemtica filogentica poderia facilitar os estudos de Zoologia eBotnica fornecendo subsdios para a compreenso da diversidade biolgica(AMORIM, 1997) e permitindo, mediante o conhecimento do aparecimento dedeterminados caracteres na evoluo biolgica, a compreenso de grupos deseres vivos que compartilham as mesmas caractersticas. Dessa forma, a estrat-gia de ensinar sobre os seres vivos por meio de aspectos filogenticos evita amemorizao dos caracteres dos grupos, facilitando a integrao entre os con-ceitos biolgicos.

    Quando o aluno memoriza caracteres, sem uma relao evolutiva,caracteriza-se por um pensamento essencialista, sendo este, em parte, respons-vel pelo carter enfadonho do ensino de Zoologia e Botnica, como apontadopor Amorim et al (2001). Alis, era ideia de Lineu que os estudiosos da fauna eda flora deveriam ser capazes de memorizar todos os caracteres de todos os gru-pos (ERESHEFSKY, 1997), o que impossvel, reconhecida a biodiversidadeatual. Em um contexto essencialista, o que se busca so os caracteres, ou essn-cias, que permitem diferenciar os grupos. A sistemtica filogentica, por outrolado, procura os caracteres compartilhados devido a uma ancestralidade comum.Isso permite mostrar aos estudantes que existe uma continuidade na vida. Osseres vivos no se apresentam na natureza como esto nos livros didticos, de

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  • forma linear, ou seja, somente como uma forma de ordenar os seres vivos, semqualquer conotao evolutiva.

    Com os trabalhos de Hennig (1966; 1975), os seres vivos deixam deser vistos de forma isolada e os caracteres deixaram de ser vistos como sendoexclusivos de cada grupo. Como ressalta Guimares (2005), falta agora permitirque esta viso atinja a Educao Bsica para que a revoluo vista na Biologiacomo Cincia tambm seja vista na Biologia como disciplina escolar.

    Essa mudana deve perpassar o livro didtico utilizado pelo professorem determinado momento do contexto escolar para contemplar certos objetivoseducacionais. Tambm o livro didtico pode ser utilizado como material deapoio ao aluno para realizao de trabalhos e atividades. No entanto, algumaspesquisas realizadas nas ltimas duas dcadas tm apontado que o livro didticotem, muitas vezes, funcionado como um guia para o trabalho a ser desenvolvi-do, destituindo o papel do professor na seleo e organizao dos contedos aserem trabalhados. (GIANNOTTI, 2002; MOREIRA & ATX, 1991). Conformefoi crescendo a popularidade dos livros didticos, cresceu tambm a preocupa-o com sua qualidade, uma vez que j era apontado por Francalanza, Amaral eGouveia (1986), como um dos recursos mais utilizados no ensino.

    Hoje, o livro didtico possui uma presena marcante em salas de aulae isto se deve ao fato de ser um dos principais materiais impressos a que os alu-nos e professores de escolas brasileiras tm acesso. Este processo reforadopelos Governos dos Estados que tm adquirido e distribudo este material emmassa. Desta forma, para muitos professores e alunos, o livro didtico torna-seum modelo de ensino e sua qualidade e mesmo a sua colocao nesta funo no questionada. (BATISTETI et al, 2007). O professor deve analisar o livro a seradotado no s para verificar a existncia de erros, mas tambm para verificar seos objetivos do autor e os seus objetivos so os mesmos. (ALVARES, 1991).Tambm cabe considerar que o professor deve refletir sobre como os textos eas atividades do livro didtico podem ser utilizadas para abordar os contedos eobjetivos que esto em seu plano de ensino e no ao contrrio, utilizando o livrocomo um roteiro para selecionar contedos e objetivos de ensino.

    Segundo o Programa Nacional do Livro para o Ensino Mdio PNLEM (2009), o livro destinado ao Ensino Mdio tem mltiplos papis, entreos quais se destacam: (i) favorecer a ampliao dos conhecimentos adquiridos aolongo do Ensino Fundamental; (ii) oferecer informaes capazes de contribuirpara a insero dos alunos no mercado de trabalho, o que implica a capacidadede buscar novos conhecimentos de forma autnoma e reflexiva e (iii) oferecerinformaes atualizadas, de forma a apoiar a formao continuada dos profes-sores. Por essas razes, a escolha do livro deve ser criteriosa e afinada com ascaractersticas da escola, dos alunos e com o contexto educacional em que estoinseridos.

    Nos Parmetros Curriculares Nacionais PCNs, os currculos para oensino de Cincias Naturais esto atrelados ao sistema lineano de classificao

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  • biolgica (BRASIL, 2002). O sistema criado por Lineu, em 1758, est baseadoem ideias criacionistas. Nessa perspectiva, as unidades biolgicas (espcies) soentidades independentes e imutveis. um mtodo catalogrfico obsoleto eincoerente com as bases evolucionistas adotadas pelo atual sistema educacional.(LOPES et al, 2004).

    Concordando com Lopes, Ferreira e Stevaux (2007), para promoverum ensino/aprendizado coerente em Biologia, em especial na rea da sistemti-ca e taxonomia, necessrio entender a dinmica da vida orientada pelo proces-so evolutivo. fundamental identificar as transformaes em populaes deorganismos ao longo do tempo e situar as linhagens com representantes atuais,reconhecendo diferenas entre os seres vivos e as semelhanas que oferecemidentidade e unidade aos sistemas biolgicos.

    Na pesquisa em ensino de Biologia h o reconhecimento de que olivro didtico um dos principais recursos utilizados tanto por professores comopor alunos como fonte de informaes sobre o conhecimento biolgico noEnsino Mdio. Tambm, considerando a importncia do tema em questo parao ensino de Biologia, na sequncia descrito o percurso da investigao de con-tedo acerca de sistemtica e filogentica em livros da disciplina de Biologia doEnsino Mdio.

    4. METODOLOGIA DA PESQUISA

    Este trabalho visou anlise qualitativa de livros didticos utilizadosna rede pblica de ensino. Para isso, foram escolhidos cinco livros que estoaprovados pelo Programa Nacional do Livro do Ensino Mdio PNLEM.

    O desenvolvimento da pesquisa de cunho qualitativo ocorreu combase no mtodo de anlise de contedo. Segundo Bardin (2000), este mtodoenvolve um conjunto de tcnicas de anlise das comunicaes entre os homens,dentre elas, a da linguagem escrita, por que estas so mais estveis e constituemum material objetivo o qual podemos consultar quantas vezes forem necessrias.A anlise de contedo se constituiu em: pr-anlise e separao dos livros aserem analisados; explorao do material selecionado e tratamento dos resulta-dos; e, inferncia e interpretao.

    Os livros escolhidos para realizao do trabalho so apresentados noQuadro 1.

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  • Quadro 1 Livros didticos utilizados para elaborao do trabalho e como os mesmossero abordados no decorrer do texto.

    Todos os livros analisados constituam-se em volume nico, portanto,utilizados para as trs series do Ensino Mdio. A anlise dos contedos relacio-nados sistemtica e filogentica presentes nos livros didticos foi realizadamediante uma ficha de avaliao de livros didticos (Quadro 2) adaptada dos tra-balhos de Lima (1984) e Silva, Alves e Gianotti (2006) e da avaliao utilizada noPNLEM (2009).

    Como parmetro na anlise de contedos dos livros didticos, utiliza-mos o livro-texto Fundamentos de sistemtica filogentica, de Dalton S. Amorim,publicado em 2005. Os procedimentos de anlise constituram-se primeiramen-te em uma leitura minuciosa dos captulos referentes ao assunto, no qual foiinvestigado o conjunto de captulos referente aos Seres vivos, por se trataremde captulos que abordam o assunto de sistemtica e filogentica.

    Quadro 2 Ficha de avaliao com os critrios utilizados para elaborao do trabalho.

    Para a anlise do contedo terico, o primeiro aspecto evidenciado foia presena de informaes a respeito do tema. Quando essa informao estavapresente, buscamos responder as seguintes questes: a informao est condi-zente com o conhecimento cientfico atual? Como o contedo est sendo abor-dado no decorrer do texto? So definidos os termos utilizados no decorrer dotexto?

    Na anlise da abordagem do contedo, verificamos como ele desen-volvido, se existe contextualizao e/ou problematizao no texto do livro did-tico, pois so esses fatores que contribuem para a construo do conhecimento

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    Ttulo

    Autores

    AnoEdio

    Representao

    Fundamentos daBiologia ModernaJos Mariano Amabis& Gilberto Rodrigues

    Martho20064 edioLivro A

    Biologia -volume nicoJ. Laurence

    20051 edioLivro B

    Biologia -volume nicoSnia Lopes &Sergio Rosso

    20051 edioLivro C

    Biologia -volume nicoSrgio Linhares &

    FernandoGewandsznajder

    20051 edioLivro D

    Biologia -volume nico

    Jos Arnaldo Favaretto& Clarinda Mercadante

    20051 edioLivro E

    1. Contedo terico

    2. Abordagem do contedo

    3. Atividades propostas

    4. Uso de imagens

    5. Abordagem da Histria da Cincia

    Presena de informaesDefinies apresentadas no textoPresena de contextualizaoPresena de problematizaoDisposio das atividades propostas ao longo do captulo e/ou unidadeQuais habilidades cognitivas as atividades possibilitam que o aluno desenvolvaDisposio das imagens ao longo do captulo e/ou unidadePresena de legenda nas imagensRelao da imagem com o contedo abordado no textoPossibilidade de distores conceituais pelo uso de imagensPresena da Histria e Filosofia da Cincia

  • do estudante. Nas atividades propostas, buscamos verificar se os livros sugerematividades complementares, como projetos, pesquisas, jogos, entre outros.Tambm, se fornecem subsdios para a correo das atividades e exerccios pro-postos aos alunos. Verificamos a presena de imagens e figuras nos textos, comoesto disponibilizadas e se permitem um maior entendimento do contedo abor-dado e tambm a utilizao de legendas nas tabelas e figuras. Analisamos tam-bm a abordagem histrica do assunto em questo. De acordo com Martins(1990), a histria da Cincia, muitas vezes ignorada ou distorcida nos livrosdidticos.

    5. RESULTADOS E DISCUSSO

    Em cada livro foram analisados os captulos correspondentes aos seresvivos. Como podemos observar, em geral, no incio de cada unidade h um cap-tulo introdutrio aos sistemas de classificao. Neste, os autores enfatizam dire-tamente a sistemtica e filogentica, no levando, muitas vezes, a discusso paraos outros captulos da unidade. Desse modo, no sustentam na discusso sobreos seres vivos, a filogenia como um eixo centralizador, conforme Amorim(1997), o que forneceria melhores subsdios para a compreenso da diversidadebiolgica.

    5.1. Contedo terico

    No livro A foi analisada a terceira unidade Classificao biolgica eos seres mais simples. Quanto anlise do contedo terico, a unidade analisa-da apresenta um captulo denominado de Sistemtica e classificao biolgica,no qual aborda o assunto de forma clara, com textos, figuras e explicaes sobrecada conceito, mostrando a sistemtica tradicional e a filogentica. Por exemplo,aborda os conceitos de sistemtica, rvores filogenticas e cladstica explicandocada um deles de forma coerente, quando comparados com as definies dadaspor Amorim (2005). Salienta-se que essa abordagem e discusso esto restritasao captulo introdutrio do livro analisado.

    Em anlise do livro B, percebe-se que a quarta unidade corresponde temtica intitulada Os seres vivos, abordando o assunto no captulo Os seresvivos e os vrus. O enfoque superficial dando maior nfase na sistemtica tra-dicional, no levando em conta a sistemtica moderna, apresentando somenteuma pgina com o tema de forma bem discreta.

    O livro C, no captulo Introduo aos estudos dos seres vivos, apre-senta aos leitores a importncia da sistemtica e filogentica para o ensino, expli-citando de forma clara, contedos tais como: noes de sistemtica, sistemticaevolutiva e filogentica, construes de cladograma e modificaes constantesna rea da sistemtica.

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    O contedo de Sistemtica e Filogentica em livros didticos do Ensino Mdio

  • Ao analisar o livro D, verificamos que a quarta unidade denominadaA diversidade da vida traz o tema abordado. Os autores fazem uma apresenta-o num captulo introdutrio sobre os sistemas de classificao citando nomesde autores importantes que contriburam para os sistemas de classificaes comoLineu e Charles Darwin, situando as ideias sobre a taxonomia proposta porLineu e a filogenia de Darwin pela evoluo.

    Quanto ao livro E, a segunda unidade intitulada Bases biolgicas daclassificao aborda, em quase toda sua extenso, a sistemtica taxonmica dosseres vivos de uma forma explcita com vrios esquemas e figuras autoexplicati-vas, mas no cita em nenhum momento a classificao filogentica dos organis-mos.

    Como podemos notar, todos os livros apresentam um captulo sobreos sistemas de classificao biolgica, mas somente os livros A, C e D abordamo contedo de sistemtica e filogentica de forma clara, com informaes e defi-nies no decorrer do texto, demonstrando a importncia da abordagem e dis-cusso da temtica em sala de aula, com um enfoque maior nos captulos intro-dutrios.

    5.2. Abordagem do contedo

    Retratando a abordagem do contedo, o livro A apresenta uma formaclara de expor os assuntos seguindo uma diviso de ttulos e subttulos, colocan-do as palavras principais em cores distintas, com os seus significados, com figu-ras para representar as escritas, recorre histria quando necessrio e colocaexemplos que chamam a ateno do aluno para o contedo. A sistemtica filo-gentica abordada de forma dinmica e que facilita a leitura, contextualizandoe problematizando o assunto no decorrer do captulo introdutrio. J o livro Bno chama a ateno do aluno com exemplos. Os textos so descontextualiza-dos, abordando somente o sistema de classificao tradicional.

    O livro C aborda a temtica no decorrer do texto, dividido com subt-tulos, focando a diversidade dos seres vivos e mostrando o porqu e a importn-cia da classificao dos seres vivos. Tambm so enfocadas noes de sistemti-ca e sistemtica evolutiva e filogentica. As palavras-chave esto em negrito nodecorrer do texto e a sua definio est de acordo com o apresentado porAmorim (2005). Por exemplo: [...] so chamados monofilticos os grupos queincluem um ancestral e todos seus descendentes (mono= um, nico). (LOPES& ROSSO, 2005, p. 183). O livro apresenta, ainda, os passos para a construode cladogramas.

    Com base no estudo comparado, a sistemtica filogentica procura definir para cadacarter qual a condio primitiva, que ocorre em um ancestral, e qual a condio deriva-da, que surge a partir da primitiva. (LOPES; ROSSO, 2005, p. 183)

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  • Nos cladogramas, a base de onde partem os ramos chamada raiz, e os grupos deseres vivos so colocados no pice, compondo os terminais. Os pontos de onde par-tem as ramificaes so chamados de ns e representam ancestrais comuns [...].(LOPES & ROSSO, 2005, p. 183)

    No livro D, as palavras de cunho cientfico no decorrer do texto sodesmembradas e so conceituadas entre parnteses para que os alunos possamentender o que est colocado. A abordagem do contedo feita tentando cha-mar a ateno do aluno para o grande nmero de espcies existentes no planetae do porqu dessa diversidade, com enfoque evolutivo:

    As relaes filogenticas entre os grupos de seres vivos so apresentadas na forma dervores filogenticas ou cladogramas (do grego, clados = ramo). Na rvore, as bifurcaes(chamadas ns) indicam espcies ancestrais [...]. (LINHARES & GEWANDSZNAJDER,2005, p. 141).

    O livro E no apresenta uma discusso sobre sistemtica e filogenti-ca, enfatizando somente a classificao tradicional. Como j verificamos no subi-tem anterior, os livros B e E se eximem de abordar a temtica, o que no impe-diu de encontrarmos no decorrer dos captulos algumas atividades e figurassobre a sistemtica filogentica.

    5.3. Atividades propostas

    O livro A apresenta atividades diversas que remetem sistemtica filo-gentica. Ao final e no decorrer dos outros captulos so apresentadas questesobjetivas e dissertativas que levam o aluno a ter a oportunidade de investigaoe associao do contedo estudado, como no caso da Figura 1.

    Figura 1 Atividade com abordagem da filogenia (AMABIS & MARTHO, 2006, p. 324).

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    O contedo de Sistemtica e Filogentica em livros didticos do Ensino Mdio

    O esquema abaixo representa a aquisio de estruturas naevoluo das plantas. Os ramos correspondem a grupos deplantas representados, respectivamente, por musgos,samambaias, pinheiros e gramneas. Os nmeros I, II e IIIindicam a aquisio de uma caracterstica: lendo-se de baixopara cima, os ramos anteriores a um nmero correspondema plantas que no possuem essa caracterstica e os ramosposteriores correspondem a plantas que a possuem.

    As caractersticas correspondentes a cada nmero estocorretamente indicadas em:

    Ipresena de vasoscondutores de seivapresena de vasoscondutores de seivaformao de sementes

    formao de sementes

    produo de frutos

    IIformao de sementes

    produo de frutos

    produo de frutos

    presena de vasoscondutores de seivaformao de sementes

    IIIproduo de frutos

    formao de sementes

    presena de vasoscondutores de seivaproduo de frutos

    presena de vasoscondutores de seiva

    a)

    b)

    c)

    d)

    e)

    2

    pinheiro2

    samambaias2

    musgos

    2

    gramneas

    I

    II

    III

  • Apesar de, no livro B, quase no abordar o assunto, ele contm ativi-dades, na seo voltada ao vestibular, abordando relaes evolutivas de plantas eanimais (Figura 2). Essas atividades podem instigar o aluno a buscar mais infor-maes junto ao professor e/ou em outros materiais.

    Figura 2 Atividade com abordagem da filogenia (LAURENCE, 2005, p. 387).

    O livro C prope atividades ao final do captulo 12, e em outros cap-tulos, mostrando a importncia da compreenso da temtica e fornecendo sub-sdios para que os alunos consigam voltar ao texto e responder os exerccios pro-postos, sendo alguns desses exerccios de vestibulares como podemos observarna Figura 3. O livro D aborda no texto a temtica e no apresenta atividade rela-cionada filogentica. O livro E no aborda a discusso da filogenia e, no decor-rer dos captulos, apresenta algumas atividades relacionadas como, por exemplo,um cladograma da evoluo das plantas, sendo, portanto muito pouco explora-do no decorrer do livro a temtica de sistemtica filogentica (Figura 4).

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    O diagrama anterior representa as relaes filogenticas entre as algas e os principais gruposde plantas atuais. Cada crculo numerado indica uma evoluo aquisio evolutiva compartilhada apenas pelos

    grupos representados nos ramos acima desse crculo. Por exemplo, o crculo 1 representaembrio dependente do organismo genitor, caractersitica comum a todos os grupos, exceto ao das algas.

    Os crculos de nmeros 2, 3 e 4 representam, respectivamente:

    a) alternncia de geraes, fruto, semente.b) alternncia de geraes, tecidos condutores, fruto.c) tecidos condutores, fruto, flor.d) tecidos condutores, semente, fruto.e) semente, flor, tecidos condutores.

    Alga Brifita Pteridfita Gimnosperma Angiosperma

    1

    2

    3

    4

  • Figura 3 Atividade com abordagem da filogenia (LOPES; ROSSO, 2005, p. 250).

    Figura 4 Atividade com abordagem da filogenia. (FAVARETO; MERCADANTE, 2005, p. 326).

    As atividades propostas pelos livros didticos, quando bem elaboradas,so importantes, pois possibilitam ao aluno refletir sobre os contedos aborda-dos em sala, podendo ser utilizadas pelo professor de acordo com os seus obje-tivos educacionais.

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    O contedo de Sistemtica e Filogentica em livros didticos do Ensino Mdio

    Voc deve ter percebido, na questo anterior, que o passo 3 do diagrama poderia fazer referncia a uma caractersticaexclusiva dos nematelmintos, j que eles estavam como o ramo mais derivado do cladograma.

    Considere agora novos passos do cladograma - 4, 5 e 6 - que representam caractersticas exclusivas, que surgiramna evoluo de apenas um dos filos. Que caractersticas poderiam substituir corretamente 4, 5 e 6?

    Porferos Cnidrios Platelmintos Nematelmintos

    ancestral comumn

    4 5 63

    2

    1

    Considere o seguinte esquema, que representa critrios de classificao dicotmica de alguns grupos de seres vivos:

    Analise as informaes:I. O lquen exemplo de brifita.II. A presena de vasos condutores de seiva permitiu que pteridfitas alcanassem maior crescimento e complexidade estrutural.III. As gimnospermas so plantas cujas sementes no esto envolvidas por frutos.

    Identifique a alternativa correta:a) Apenas a afirmao I verdadeira.b) Apenas a afirmao II verdadeira.c) Apenas as afirmaes II e III so verdadeiras.d) Apenas a afirmao III verdadeira.e) As afirmaes I, II e III so verdadeiras.

    I

    II

    IV

    III

    V

    Alga

    Brifita

    Fungo

    Pteridfita

    Gimnosperma

    Angiosperma

  • 5.4. Uso de imagens

    O livro A apresenta figuras de cladogramas com imagens coloridas ebem distintas. H legendas explicativas em todas as imagens. H referncias simagens no decorrer do texto como exemplos explicativos, por exemplo, aFigura 5.

    Figura 5 Relao de parentesco entre alguns grupos de mamferos (AMABIS; MARTHO, 2006, p. 240).

    O livro B no apresenta nenhuma imagem acompanhando os textos,somente nas atividades alguns clados, em preto e branco, sendo pouco chamati-vos. O livro C apresenta imagens e cladogramas no decorrer do texto de umaforma que auxilia no entendimento e na compreenso do tema abordado, comlegendas e imagens coloridas. Os autores, em vrios captulos, voltam a utilizarcladogramas para exemplificar alguns assuntos, tais como: Propostas das rela-es filogenticas dos fungos (Figura 6), diviso das plantas, o filo dos artrpo-des e dos cordados com a provvel relao com os equinodermos, tambm adiviso dos vertebrados e a relao dos rpteis com as aves. Trazendo, portantoaos alunos uma viso ampla da sistemtica e filogenia.

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    CLASS

    EORD

    EMFAMLIA

    GN

    ERO

    ESPCIE

    E. asinus

    (asno)E. caballus

    (cavalo)E. zebra

    (zebra)T. terrestris

    (anta)T. indicus

    (tapir malaio)R. unicornis

    (rinoceronte de 1 chifre)D. bicornis

    (rinoceronte de 2 chifres)

    Equs Tapirus Rhinocerus Dicerous

    Equidae Tapidae Rinocerotidae

    (girafas, porcos, hipoptamos etc.)

    Artiodaclyla

    Mammalia

    Perissodactyla

  • Figura 6 Cladograma mostrando uma das propostas de relaes filogenticas dos fungos(LOPES; ROSSO, 2005, p. 250).

    O livro D traz somente duas figuras relacionadas nossa discusso,um cladograma exposto de uma forma simples com uma legenda e um quadrocom a classificao tradicional o que considerado pouco em relao comple-xidade do tema. O livro E tambm apresenta poucas figuras relacionadas filo-genia. Um dos exemplos a classificao dos animais segundo sua estrutura eorganizao corporal (Figura 7).

    Figura 7 Representao esquemtica (sem escala) da classificao animal segundo a estruturae a organizao corporal (FAVARETO; MERCADANTE, 2005, p. 210).

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    Chytridiomycota Zygomycota Ascomycota Basidiomycota

    sem tecidosdiferenciados

    pluricelulares

    dibsticos

    sem cavidadecorporal

    (acelomados)

    tribsticos

    Porferos Cnidrios Platelmintos Nematdeos Moluscos Aneldeos Artrpodes Equinodermos Cordados

    com cavidade corporal

    pseudocelomados celomados

    protestmios deuterostmios

    com tecidosdiferenciados

    segmentadosno-segmentados

    patas articuladasnotocorda

  • Como podemos perceber os livros B, D e E quase no possuem ima-gens sobre a temtica abordada, segundo Freitas e Bruzzo (1999), as imagens somuito significativas para o aprendizado dos conhecimentos biolgicos, pois,alm de no serem apenas detalhes, as imagens permanecem na memria visual,muitas vezes substituindo o texto, que foi esquecido. Belmiro (2000) aindasalienta que, alm de ilustrar, nomear e descrever, as imagens atuam como cata-lisadores, permitindo-se fazer destacar a razo interna, facilitando, assim, aaprendizagem. Para a autora, a importncia das imagens no processo de ensinoe aprendizagem ressaltada tambm nos critrios de avaliao dos livros didti-cos propostos pelo MEC para o Ensino Fundamental.

    5.5. Abordagem da histria da Cincia

    Quanto abordagem da histria da Cincia para o acontecimento dosfatos, o livro A, sempre que possvel, a menciona. Tanto como curiosidade quan-to para auxiliar no entendimento do contedo, colocando-o de forma clara. Nomesmo livro a histria retomada em trs momentos, de forma simples paracomplementar ou exemplificar o texto. o caso de: Em seu livro Systema natu-rae, publicado em 1735, Lineu apresentou um sistema eficiente para dar nomeaos seres vivos, isto , uma nomenclatura biolgica, que foi amplamente aceitapelos cientistas [...]. (AMABIS; MARTHO, 2006, p. 238).

    No livro B s encontramos duas linhas que faz meno a um nicotrecho da histria, deixando explcito como se fosse o nico: A proposta danomenclatura binomial partiu do sueco Carolus Linnaeus (1707-1778) e athoje a forma adotada. (LAURENCE, 2005, p. 223).

    No final do captulo, o livro C traz um texto para discusso, retratan-do a histria dos estudos acerca dos grupos de seres vivos de forma dinmica einteressante com figuras e cladogramas para retratar, desde o incio at os diasde hoje, como era e como a classificao dos seres vivos e como os pesquisa-dores chegaram aos grupos atuais. Verifica-se isso em:

    Comeou a mudar em 1858 quando dois pesquisadores ingleses, Charles Darwin(1809-1882) e Alfred Russel Wallace (1823-1913), atuando de forma independente,revolucionaram a Biologia com a divulgao de ideias sobre evoluo por seleonatural [...]. (LOPES; ROSSO, 2005, p. 180)

    Desde os tempos de Aristteles e posteriormente de Lineu at meados do sculo XX,costumava-se classificar os seres vivos em dois reinos: o Reino Plantae (Reino Vegetalou reino das plantas) e o Reino Animalia (Reino Animal). (LOPES; ROSSO, 2005, p.186). (incio do texto para discusso no final do captulo)

    No livro D a abordagem histrica tambm foi utilizada de formabreve, somente citando dois momentos histricos, retratando a vida e o contex-to cientfico dos trabalhos de Lineu e Darwin, em:

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  • O fundador da taxonomia foi o mdico sueco Carl Von Linn (1707-1778) [...] acei-tava a teoria fixista, isto acreditava que as espcies no evoluam. A ideia da evo-luo somente seria divulgada e aceita no sculo XIX, cerca de cem anos depois,com o trabalho de Charles Darwin (naturalista ingls, 1809-1882). (LINHARES;GEWANDSZNAJDER, 2005, p. 139)

    O livro E no faz meno, em qualquer dos captulos, a fatos histricos.Embora o pouco espao destinado incluso de episdios histricos

    nos livros analisados, salienta-se que, mediante a abordagem da histria daCincia, conforme Martins (1998), pode se oportunizar a desmistificao doconhecimento cientfico, mostrando a dinmica da construo cientfica.

    6. CONSIDERAES FINAIS

    Ao analisarmos a amostra de livros selecionados para esta investiga-o, verificamos que o assunto sistemtica e filogentica nos livros A e C atendeaos critrios utilizados, apresentando uma preocupao em introduzir a sistem-tica e filogentica no ensino. Percebemos nesses livros que os autores procuramcolocar definies e explicaes de cada assunto abordado, utilizando imagens erecuperando momentos histricos para um melhor entendimento do assunto.Os termos e definies utilizadas pelos autores, quando comparadas ao livrotexto base, tambm estavam corretos, os exerccios de vestibular possibilitavamaos alunos a contextualizao de seus conhecimentos, assim como textos com-plementares e algumas inferncias sobre filogenias em alguns contedos, tam-bm essenciais para o melhor desenvolvimento desse tema para o ensino. Noentanto, notamos a ausncia de uma ligao filogentica entre os grupos, que sotratados de maneira separada como se fossem independentes um do outro, ouseja, os filos so abordados de maneira isolada como se no mantivessem nenhu-ma relao com os demais.

    Em todos os livros analisados cada filo ou diviso foi enfocado demodo tradicional, quando se refere filogenia a mesma tratada brevemente nomeio do captulo e sem ligao, o que foge dos indicativos propostos porAmorim (1997) e Guimares (2005). A vantagem do uso da sistemtica filogen-tica seria, em princpio, permitir uma abordagem comparativa da vida e diminuira distncia entre os seres vivos, fornecendo subsdios para a compreenso dadiversidade biolgica. Assim, bastaria saber quando determinados caracteres sur-giram, ao invs de memorizar todos os caracteres de todos os grupos, como seno houvesse qualquer ligao entre eles.

    Nos demais livros analisados B, D e E o assunto sistemtica e filoge-ntica no abordado de forma sistemtica, nem mesmo dentro de um captu-lo introdutrio, fazendo com que o professor ao utilizar esse material tenha quecontextualizar a temtica, para possibilitar uma abordagem evolutiva dos conte-dos biolgicos. Para Lobato et al (2009), mesmo no sendo possvel tratar os

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    O contedo de Sistemtica e Filogentica em livros didticos do Ensino Mdio

  • temas de maneira muito aprofundada no Ensino Mdio, tambm no se deveriasimplific-lo tanto, como vem sendo feito em alguns livros didticos desse nvelde ensino. Essa viso crtica sobre o material didtico que ser utilizado no ensi-no deve ser cada vez mais acentuada. O livro didtico possui uma presena mar-cante nas salas de aula e isto se deve ao fato de que um dos principais mate-riais impressos que os alunos de escolas brasileiras tm acesso. Portanto, ao ado-tar um livro o professor deve analis-lo previamente, no s para verificar a exis-tncia de erros, mas tambm para certificar-se acerca dos objetivos do autor e seos seus objetivos so os mesmos. (ALVARES, 1991).

    Cabe ao professor selecionar os aspectos que julgar mais adequados aoseu programa de ensino e trat-los de forma integrada. (BATISTETI; ARAUJO;CALUZI, 2010). Atualizaes e reparos devem ser constantes nos livros didticos,pois grandes e valiosas ferramentas esto disponveis, bastando para isso um maiorcomprometimento para essa empreitada, por parte de autores e professores.

    No entanto, mais estudos devem ser realizados para verificar o quan-to significativo e importante para os alunos aprenderem Zoologia e Botnicacom a sistemtica filogentica como eixo integrador desses contedos. Defende-se que essa abordagem metodolgica permite ao aluno estudar os grupos deseres vivos como algo relacionado, permitindo-lhes uma melhor compreensoda biodiversidade e dos processos evolutivos.

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  • NOTAS1 Sistemtica o estudo da diversidade de organismo e das relaes entre eles, incluindo a taxono-mia que o estudo da classificao dos seres vivos.2 A Filogenia trata da histria evolutiva de um grupo, incluindo as relaes de parentesco entresuas espcies ancestrais, e as espcies descendentes.3 Como monofiltico considera-se o grupo de seres vivos que rene uma espcie ancestral e todosseus descendentes.4 A Origem das Espcies (em ingls: On the Origin of Species), publicado em 1859, pelo naturalistabritnico Charles Darwin, um livro importante na histria da Cincia, apresentando a Teoria daEvoluo, base de toda Biologia Moderna.

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    Data de recebimento: 22/11/2010Data de aprovao: 13/01/2011

    Data da verso final: 16/02/2011

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