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NILSON UBIRAJARA ALMEIDA O CONTROLE DO RUÍDO AMBIENTAL EM EMPRESAS DA CIDADE INDUSTRIAL DE CURITIBA Curitiba 2008

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  • NILSON UBIRAJARA ALMEIDA

    O CONTROLE DO RUDO AMBIENTAL EM EMPRESAS DA CIDADE

    INDUSTRIAL DE CURITIBA

    Curitiba

    2008

  • NILSON UBIRAJARA ALMEIDA

    O CONTROLE DO RUDO AMBIENTAL EM EMPRESAS DA CIDADE

    INDUSTRIAL DE CURITIBA

    Dissertao de Mestrado apresentada como requisito para obter o ttulo de Mestre em Engenharia Mecnica do curso de mestrado em Engenharia Mecnica da Universidade Federal do Paran, na rea de concentrao em Mecnica.

    Orientador: Prof. Dr. Jair Mendes Marques

    CURITIBA

    2008

  • TERMO DE APROVAO

    NILSON UBIRAJARA ALMEIDA

    O CONTROLE DO RUDO AMBIENTAL EM EMPRESAS DA CIDADE

    INDUSTRIAL DE CURITIBA

    Dissertao aprovada como requisito parcial obteno de grau de mestre em Engenharia Mecnica, rea de Acstica, no Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mecnica, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paran.

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Alosio Leoni Schmid Prof. Dr. Arcanjo Lenzi

    UFPR UFSC

    Prof. Dr. Ramn S. Corts Paredes Prof. Dr. Jair Mendes Marques UFPR UTP

    Presidente

    Curitiba, 01 de outubro de 2008.

  • DEDICATRIA

    A Deus, pela sabedoria e

    perseverana, aos meus

    pais, Ana e Joserino (in

    memoriam) que me deram a

    vida e o esprito de luta e

    minha irm Delourdes (in

    memoriam), pelo exemplo e

    dedicao. Aos meus filhos

    em Deus: Alisson, Bruna,

    Priscila, Leandro, Jefferson,

    Rafael, Carlos Alberto,

    Indianara, Mnica e

    Ronaldo. Enfim para minha

    famlia e meus amigos.

  • AGRADECIMENTOS

    A presente pesquisa foi elaborada no programa de Ps-Graduao de

    Engenharia Mecnica da Universidade Federal do Paran. O interesse no

    desenvolvimento do tema surgiu pelo fato do autor atuar em percias previdencirias,

    como Engenheiro de Segurana do Trabalho, na comprovao das condies

    ambientais de trabalho, para fins de concesso de aposentadoria por tempo de

    contribuio em atividade especial. Em cinco anos de experincia nesta atividade,

    verificou-se que em cerca de 85% das percias tcnicas realizadas existia

    incompatibilidade entre os dados do rudo ambiental apresentados nos processos

    com os obtidos no levantamento pericial.

    A carncia de estudos de casos reais dos impactos sociais e dos custos

    econmicos pelo no controle do rudo industrial na fonte poder estar relacionada

    com a no-observncia das Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e

    do Emprego, pela falta de uma fiscalizao dos rgos atinentes e tambm pela

    inexistncia de uma cultura nacional dos sistemas de gesto da segurana e sade

    do trabalhador.

    Como objetivo inicial buscou-se o desenvolvimento de uma metodologia de

    anlise econmica do impacto do rudo industrial na produtividade laboral e na

    sade do trabalhador e sua conseqncia na Previdncia Social. Entendeu-se que o

    melhor meio para a persecuo do referido objetivo passaria pelo desenvolvimento

    da anlise em contexto real.

    Para isto conduziu-se a seleo de um estudo particular que abrangesse

    alguns segmentos especficos da indstria, tais como alimentao, automotivo e

    manufatura, alm da necessidade de avaliar a existncia de registros do controle do

    rudo industrial, os laudos de avaliaes do rudo industrial das empresas

    pesquisadas e os processos para concesso de aposentadorias por exposio ao

    agente fsico rudo.

  • Para tanto, um perodo mnimo de anlise dos ltimos dez anos dos

    Programas de Preveno de Riscos Ambientais das empresas estudadas e os

    processos contra o Instituto Nacional do Seguro Social para a concesso de

    aposentadorias junto a Vara nica Previdenciria de Curitiba (JFPR) foram

    analisados.

    Alm dos resultados apresentados ao longo desta pesquisa, salientamos o

    enriquecimento pessoal proporcionado pelo contato direto em contexto real com

    trabalhadores, quadros tcnicos e gestores da segurana do trabalho na linha de

    produo, e pelos contatos com rgos governamentais responsveis pela

    concesso de benefcios sociais, mais precisamente previdencirios e judicirios,

    que este estudo proporcionou.

    Os objetivos propostos de uma forma geral foram alcanados, em que

    pesem alguns contratempos e dificuldades inerentes ao desenvolvimento do

    trabalho de investigao em contexto real.

    Assim, passo a agradecer a todos aqueles que me ajudaram a ultrapassar

    as vrias dificuldades que encontrei ao longo deste trabalho de pesquisa e

    investigao, nomeadamente:

    Eng. Silvana Stumm, pela amizade, encorajamento, apoio demonstrado e

    pela inspirao;

    Dra. Paula Virginia Michelon Toledo, minha mdica, que me encorajou nos

    momentos de maior fragilidade;

    minha amiga Edeliz Klaumann que com sua capacidade em design e

    normas editoriais me auxiliou e me instruiu em muito, na editorao desta

    pesquisa;

  • Ao meu amigo Dr. Andr Passos que com seu engajamento nas minhas

    atividades acadmicas, me deu apoio e suporte tcnico para a persecuo do

    curso de mestrado;

    Ao Eng. Luciano Borges Nogueira, meu amigo que tenho como um irmo e

    lder maior da comunidade, que me apoiou nos momentos mais difceis para

    persecuo do curso de mestrado;

    Ao Eng. Mozart Azevedo da Silveira, meu amigo de profisso, e que tambm

    me auxiliou e dirimiu dvidas;

    Dra. Karenine Popp, Advogada do Direito Previdencirio, pela colaborao

    prestada;

    Ao Dr. Marcus Vinicius Dudeque, do Instituto Nacional de Previdncia Social,

    pela disponibilidade demonstrada e auxlio em fornecimentos de dados

    previdencirios;

    Ao Dr. Ricardo Tadao Ynoue, pela ateno e pelo alto grau de

    profissionalismo demonstrado;

    Ao Dr. Ivan Jos Silveira que tornou realidade esta pesquisa luz dos fatos e

    restabelecendo a ordem legal;

    Dra. Luciane Merlin Clve Kravetz, Juza Titular da Vara Previdenciria de

    Curitiba, pela confiana e crdito ao meu trabalho;

    Aos funcionrios dos departamentos de recursos humanos, jurdico,

    engenharia e servio de medicina do trabalho das empresas pesquisadas,

    pela colaborao na coleta de dados das avaliaes diversas;

  • s direes e gerncias das entidades envolvidas, empresas que foram alvo

    de estudo, pelo apoio e abertura ao desenvolvimento deste trabalho de

    investigao;

    Sra. Laura Cristina Cretella, Administradora do servio de atendimento do

    INSS, Gerncia Executiva em Curitiba, por disponibilizar as informaes a

    respeito dos pagamentos dos benefcios previdencirios em Curitiba;

    Ao Sr. Heron Furquin, tcnico do seguro social, do servio de atendimento do

    INSS, Gerncia Executiva em Curitiba, por compilar e disponibilizar os dados

    de pagamentos dos benefcios previdencirios;

    Ao Sr. Allens Edison Campos, diretor do ncleo de planejamento, oramento

    e finanas da Justia Federal do Paran, por compilar e disponibilizar os

    dados de pagamentos para realizao de percias previdencirias, em

    processos ajuizados na JFPR.

    Finalmente, a todos que de uma forma mais direta colaboraram na execuo

    desta dissertao, e que de alguma forma a tornaram possvel. Agradeo de forma

    particular ao meu orientador cientfico, Professor Dr. Jair Marques, pelo apoio e

    confiana. Agradeo tambm a minha co-orientadora Professora Dra. Angela Ribas,

    pela dedicao e pronto atendimento nas minhas horas de dvidas e angstias,

    alm do auxlio constante e pela amizade. Fico grato pela colaborao e, sobretudo

    amizade do Prof. Dr. Wiliam Barbosa. Meus agradecimentos, tambm, quelas

    pessoas que me auxiliaram no desenvolvimento desta dissertao e empenharam a

    confiana e crdito para que esta se tornasse realidade, desde a etapa de

    planejamento, coleta de dados at a concluso. As quais algumas delas aqui

    referencio pela inteligncia, dedicao e competncia.

    Curitiba, outubro de 2008.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 1

    2 O SOM E O RUDO 5

    2.1 PROPRIEDADES DO SOM 5

    2.2 GRANDEZAS E UNIDADES 8

    2.2.1 A intensidade do nvel acstico 9

    2.2.2 O nvel da potncia sonora (Lw) 11

    2.2.3 O nvel da presso sonora (NPS) 13

    2.2.4 Adio de nveis de rudo 13

    2.2.5 Subtrao de nveis sonoros do rudo de fundo ou rudos ambiental 16

    2.3. A INTENSIDADE ACSTICA EM FUNO DA DISTNCIA DE

    PROPAGAO 18

    2.4 ATENUAO DO RUDO PARA UMA FONTE SEMI-ESFRICA 22

    2.5 NVEL SONORO EQUIVALENTE DE RUDO ( eqL ) 23

    2.5.1 Nvel sonoro equivalente de Rudo contnuo ( AeqL ) 23

    2.6 EMISSO E IMISSO SONORA 24

    2.6.1 Emisso 24

    2.6.2 Imisso 24

    3 O RUDO INDUSTRIAL 25

    3.1 A NATUREZA DO RUDO INDUSTRIAL 25

    3.1.1 O componente fsico do rudo 26

    3.1.2 O componente subjetivo do rudo 27

    3.2 AS FONTES DO RUDO INDUSTRIAL 29

    3.2.1 Causas do rudo industrial na fonte 30

    3.3 OUTROS FATORES DETERMINANTES QUE INFLUENCIAM NAS CAUSAS

    DO RUDO EM AMBIENTE FECHADO 33

    3.4 MEDIDAS PARA CONTROLE DO RUDO INDUSTRIAL 33

    3.4.1 Medidas para controle do rudo gerado na fonte. 34

    3.4.2 Medidas para controlar o rudo na propagao entre a fonte e o

    receptor. 35

  • 3.5 O PLANEJAMENTO DO CONTROLE DO RUDO NA FONTE 36

    3.6 CONTROLE DO RUDO NO RECEPTOR 36

    3.6.1 Medidas coletivas de controle 37

    3.6.2 Medidas individuais de controle 38

    3.7 MEDIDAS ADICIONAIS PARA O CONTROLE DA EXPOSIO AO RUDO 39

    3.7.1. Participao dos trabalhadores 39

    3.7.2. Monitorao regular dos riscos 40

    4 O SISTEMA AUDITIVO 41

    4.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO HUMANO 41

    4.1.1 Orelha externa 42

    4.1.2 Orelha mdia 43

    4.1.3 Orelha interna 44

    4.2 A SENSAO SONORA 47

    4.2.1 Limiar da audio 47

    4.2.2 Tom (pitch) sonoro 48

    4.2.3 Nveis sonoros 50

    4.3 PERDAS AUDITIVAS 51

    4.3.1 A Perda Auditiva Induzida por Rudo 53

    4.3.2 Outras conseqncias do rudo 55

    5 NORMAS E LEGISLAES 57

    5.1. A NORMA REGULAMENTADORA N 9 (NR-9) 57

    5.2. A NORMA REGULAMENTADORA N 15 (NR-15) 62

    5.3 NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL (NHO 01) 64

    5.4 O INSTITUTO NACIONAL PARA SEGURANA E SADE OCUPACIONAL

    (NIOSH) E ADMINISTRAO DE SEGURANA E SADE OCUPACIONAL

    (OSHA) 66

    5.5 NORMA INTERNACIONAL - ISO 1999, ACSTICA DETERMINAO DA

    EXPOSIO AO RUDO OCUPACIONAL E AVALIAO DA PERDA

    AUDITIVA PELO RUDO INDUZIDO. 70

    5.6 A ORGANIZAO MUNDIAL DE SADE (OMS) 70

    5.7 ENQUADRAMENTO DA EVOLUO DO LIMITE DE TOLERNCIA PARA

    EXPOSIO AO RUDO, NO PLANO LEGISLATIVO BRASILEIRO. 71

    5.8 EQUIPAMENTOS PARA AVALIAO DO RUDO INDUSTRIAL 72

  • 5.9 DOCUMENTOS OFICIAIS 74

    5.9.1 Formulrio: Atividades com Exposio a Agentes Agressivos -

    Aposentadoria Especial - modelo DSS-8030 74

    5.9.2 Perfil Profissiogrfico Previdencirio (PPP) 76

    6 MTODO DA PESQUISA 79

    6.1 CASUSTICA 80

    6.1.1 A Cidade Industrial de Curitiba CIC 80

    6.2 MATERIAL E MTODO 85

    7. RESULTADOS E DISCUSSO 88

    7.1 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO 1 89

    7.2 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO 2 112

    7.3 ESTUDO DE CASO 3 120

    7.4 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO 4 129

    7.5 CONSIDERAES FINAIS 135

    CONCLUSO 140

    REFERNCIAS 143

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Relao entre a presso sonora acstica em Pa e o nvel de presso sonora em dB. 10

    Figura 2 - Diagrama para somar nveis de intensidade sonora. 16

    Figura 3 - Diagrama para determinar o nvel real de uma fonte sonora em um ambiente ruidoso. 18

    Figura 4 - Ondas esfricas irradiadas por uma fonte pontual. 19

    Figura 5 - Fonte sonora pontual de potncia acstica W em campo livre. 20

    Figura 6 - Curvas de igual nvel sonoro. 28

    Figura 7 - Diagrama de correlao de causa e geradores de rudo industrial. 29

    Figura 8 - Corte esquemtico do aparelho auditivo. 42

    Figura 9 Orelha interna. 45

    Figura 11- Grfico da variao da presso sonora no ouvido com a freqncia. 48

    Figura 12 - Grfico que mostra a diferena de freqncia perceptvel em funo de uma determina intensidade. 49

    Figura 13 Grficos com as curvas em fons, para nveis iguais de rudo em incidncia de rudo em campo livre frontal: a) rudo tonal; b) rudo da faixa de oitava de freqncia. MAF o campo mnimo audvel. 51

    Figura 14 - Medidor do nvel de presso sonora MINIPA, modelo MSL-1352C / DIGITAL. 87

    Figura 15 - LAeq obtido na atividade com furadeira, Requerente 1. 93

    Figura16 - LAeq obtido na atividade com torno mecnico, Requerente 1. 94

    Figura 17 - LAeq obtido na atividade com fresa, Requerente 1. 94

    Figura 18 - LAeq obtido na atividade de limpeza de peas com ar comprimido, Requerente 1. 95

    Figura 19 - LAeq obtido na atividade de transporte de peas, Requerente 2. 97

    Figura 20 - LAeq obtido nas atividades entre as prateleiras do almoxarifado, Requerente 2. 98

  • Figura 21 - LAeq obtido nas atividades no corredor do almoxarifado, Requerente 2. 98

    Figura 22 - LAeq obtido nas atividades no almoxarifado central, Requerente 2. 99

    Figura 23 - LAeq obtido nas atividades em Usinagem dura,do Requerente 3. 100

    Figura 24 - LAeq obtido nas atividades em Usinagem dh, do Requerente 3. 101

    Figura 25 - LAeq obtido nas atividade s em Galvanizao, do Requerente 3. 101

    Figura 26 - LAeq obtido nas atividades de Operador de produo, qualidade e multifuncional, Requerente 4. 103

    Figura 27 - LAeq obtido nas atividades de Operador de tratamento trmico, Requerente 5. 104

    Figura 29 - LAeq obtido nas atividades de Operador multifuncional, Requerente 6. 106

    Figura 30 - LAeq obtido nas atividades de Operador multifuncional, do Requerente 7. 108

    Figura 31 - LAeq obtido nas atividades de Auxiliar de produo e Operador de produo III, do Requerente 7. 108

    Figura 32 - LAeq obtido nas atividades de Operador de produo I e III, do Requerente 8. 110

    Figura 33 - LAeq obtido nas atividades de Operador Especializado e Multifuncional I e II, do Requerente 8. 110

    Figura 34 - LAeq obtido nas atividades de Operador galvnica I e II, do Requerente 8. 111

    Figura 35 - LAeq obtido nas atividades de Montador de Produo, Requerente 1. 116

    Figura 36 - LAeq obtido nas atividades de Montador Universal, Requerente 1. 116

    Figura 37 - LAeq obtido nas atividades de Controlador de Material, Requerente 1. 117

    Figura 38 - LAeq obtido nas atividades de Carpinteiro, Requerente 2. 118

    Figura 39 - LAeq obtido nas atividades de Controlador de Material, Requerente 2. 119

    Figura 40 - LAeq obtido nas atividades de Mecnico Industrial, Requerente 1. 124

    Figura 41 - LAeq obtido nas atividades de Encarregado de Produo do Requerente 2. 126

  • Figura 42 - LAeq obtido nas atividades de Auxiliar de Produo de biscoitos, Requerente 3. 127

    Figura 43 - LAeq obtido nas atividades de Auxiliar de Produo de torrefao de caf, Requerente 3. 128

    Figura 44 - LAeq obtido nas atividades de Servente, Requerente. 133

    Figura 45 - LAeq obtido nas atividades de Serralheiro do Requerente. 133

    Figura 46 - LAeq obtido nas atividades de Encarregado de Produo do Requerente 1. 134

  • LISTA DE TABELAS

    TABELA 1 - NVEL DE POTNCIA MDIA DE VRIOS TIPOS DE FONTES SONORAS 12

    TABELA 2 - LIMITES DE TOLERNCIA PARA RUDO CONTNUO OU INTERMITENTE 64

    FONTE: NR-15 (2007) 64

    TABELA 3 - LIMITE DE NVEIS DE EXPOSIO AO RUDO OCUPACIONAL 67

    FONTE: OSHA (1970) 67

    TABELA 4 - EVOLUO DA LEGISLAO BRASILEIRA NO PERODO DE 1964 AT 2003 72

    TABELA 6 - VALORES DO NVEL DE PRESSO SONORA,CONFORME REGISTRADO NOS DOCUMENTOS DSS8030 E PPP DISPONIBILIZADOS AOS REQUERENTES DO CASO 1 92

    TABELA 7 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, REQUERENTE 1 DO CASO 1 95

    TABELA 8 AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTINUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), NA FUNO DE ALMOXARIFE DO REQUERENTE 2 DO CASO 1, PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS 99

    TABELA 9 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 3 DO CASO 1 102

    TABELA 10 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA A JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 4 DO CASO 1 103

    TABELA 11 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 5 DO CASO 1 105

    Figura 28 - LAeq obtido nas atividades de Operador de produo/especializado, Requerente 6. FONTE: O Autor. 106

    TABELA 12 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 6 DO CASO 1 107

  • TABELA 13 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 7 DO CASO 1. 109

    TABELA 14 - A AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 8 DO CASO 1 111

    TABELA 15: DIMENSIONAMENTO DO SESMT DA EMPRESA DO CASO 2 112

    TABELA 16 - VALORES DO NVEL DE PRESSO SONORA REGISTRADOS NOS DOCUMENTOS DSS8030 DISPONIBILIZADOS AOS REQUERENTES DO CASO 2 115

    TABELA 17 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, REQUERENTE 1 DO CASO 2 117

    TABELA 18 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 2 DO CASO 2 119

    TABELA 19 - DIMENSIONAMENTO DO SESMT DA EMPRESA DO CASO 3. 120

    TABELA 20: VALORES DO NVEL DE PRESSO SONORA REGISTRADOS NOS DOCUMENTOS DSS8030 E PPP DISPONIBILIZADOS AOS REQUERENTES DO CASO 3 123

    TABELA 21 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 1 DO CASO 3 124

    TABELA 22 AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 2 DO CASO 3 126

    TABELA 23 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 3 DO CASO 3 128

    TABELA 25 - VALOR DO NVEL DE PRESSO SONORA REGISTRADO NOS DOCUMENTOS DSS8030 DISPONIBILIZADOS AO REQUERENTE DO CASO 4 132

    TABELA 26 - AVALIAO DA EXPOSIO LABORAL AO RUDO CONTNUO, PARA O LIMITE DE TOLERNCIA DE 85 dB(A), PARA UMA JORNADA DE TRABALHO DE 8 HORAS, DO REQUERENTE 1 DO CASO 4 134

  • RESUMO

    O rudo ambiental nas indstrias, na sua essncia, causado por mquinas, equipamentos e processos fabris, alm disto, a concentrao excessiva de equipamentos ruidosos em um mesmo local e ou com organizao deficiente nos espaos da fbrica podem contribuir ainda mais para a poluio sonora industrial. Medidas preventivas devem ser adotadas no ambiente fabril, pois os danos potenciais sade humana podem ser atenuados ou eliminados evitando-se que o rudo seja emitido ou que atinja os trabalhadores de forma insalubre, isto , acima dos limites de tolerncia especificados pelas Normas e Legislao vigentes. Para isto, deve-se atuar sobre a fonte de rudo, tornando-a mais silenciosa nos locais de trabalho, isolando as mais ruidosas das restantes, adequando espaos e o prprio trabalhador, protegendo o seu aparelho auditivo com o uso de equipamentos de proteo individual adequados. O respeito legislao vigente e a aplicao correta das Normas que estabelecem critrios e parmetros para avaliao do rudo laboral so fatores fundamentais para eliminar ou atenuar os riscos sade humana e tambm evitar os custos acarretados pelo no controle do rudo industrial. O objetivo principal deste trabalho foi verificar de que maneira a inobservncia e aplicao incorreta das Normas e Legislao podem acarretar em custos para o Estado e Sociedade em geral. Para alcan-lo, esta pesquisa teve como essncia avaliar os procedimentos e critrios utilizados pelas empresas no controle do rudo ambiental em diferentes segmentos da indstria e compar-los com o disposto nas Normas e Legislao vigentes. Para atingir os objetivos propostos foram estudados quatro casos em Indstrias de grande, mdio e pequeno porte da Cidade Industrial de Curitiba. O enfoque estabelecido foi em nvel da Engenharia de Segurana do Trabalho, isto , no respeito tcnica e aos limites de tolerncia para a exposio ao rudo laboral estabelecidos em Lei. Os resultados mostraram que as empresas no atendem adequadamente ao estabelecido nas Normas e Leis vigentes, o que resulta em custos para o Estado e Sociedade em geral, em funo de demandas oriundas dos trabalhadores, para obteno de benefcios previdencirios pela exposio ao rudo laboral de diferentes origens e natureza.

    Palavra chave: Rudo Ambiental. Controle do Rudo Industrial. Legislao. Avaliao

    Sonora.

  • ABSTRACT

    The environmental noise in the industries, in its essence, is caused by machines; equipment and manufacturing processes. In addition that, the extreme noisy equipment concentration in the same place and or with deficient plant layout may contribute even further to the industrial noise problem. Preventive measures must be adopted in the manufacturing environment so that the potential damages can be attenuated or eliminated preventing the noise from being emitted or reaching the workers in an unhealthy way, that means it is above the limits of tolerance specified by the current laws and regulations. To prevent these damages, action must be taken on the noise source, getting quieter workstations, isolating the noisiest of the remaining, adjusting the workspaces and the worker himself and protecting the human hearing system with the proper equipment for individual protection. The respect to the current law and the correct application of the regulations that establish criteria and parameters for evaluation of the exposure to noise at work are basic factors to eliminate or to attenuate the risks to the human health and also to prevent the costs caused for not controlling the industrial noise. The main objective of this work was to verify how the non-observance and incorrect application of the regulations and legislations may incur into additional costs to the state and the society in general. To accomplish this, the objective of this research was to evaluate the procedures and criteria used by the companies to control the environmental noise in different segments of industry and to compare with the regulations and legislation. To reach the preset objectives, four cases were considered and studied in large, medium and small size industries located in the industrial district in Curitiba. The established approach was set as defined by the Occupational Safety Engineering, by focusing on the technique and the limits of tolerance for established exposition to the labor noise according to the law. The results have shown that the companies do not properly follow the rules and regulations established by the current laws, what results in surplus costs to the state and society due the lawsuits initiated by the workers in order to obtain the proper social benefits based on their exposition to the labor noise of different sources and nature.

    Keywords: Environmental Noise. Control of the Industrial Noise. Legislation. Sonorous Evaluation. .

  • RESUMEN

    El ruido ambiental en las industrias, esencialmente, es causado por las mquinas, equipamientos y los procesos de fabricacin, ms all de se la concentracin ruidosa extrema del equipo en el mismo lugar y o con la disposicin de planta deficiente pueden contribuir incluso ms lejos a la contaminacin sonora industrial. Las medidas preventivas se deben adoptar en el ambiente de fabricacin, as para que los daos potenciales se pueden atenuar o eliminarse es evitando que el ruido sea emitido o alcance a los trabajadores de una manera malsana, es decir, arriba de los lmites de tolerancia especificados por las leyes y las regulaciones actuales. Para hacer as pues, la accin es actuarse en la fuente del ruido, consiguiendo sitios de trabajo ms reservados, aislando el ms ruidoso del restos, ajustando los espacios de trabajo y al trabajador en s mismo protegiendo su odos con equipo apropiado para la proteccin individual. El respecto a la ley actual y el uso correcto de las regulaciones que establecen los criterios y los parmetros para la evaluacin del ruido ambiental en el trabajo son factores bsicos para eliminar o para atenuar los riesgos a la salud humana y tambin para prevenir los costos causados para no controlar el ruido industrial. El objetivo principal de este trabajo fue verificar cmo el incumplimiento y el uso incorrecto de las reglamentos y de las legislaciones pueden incurrir en en costos adicionales al estado y a la sociedad en general. Para lograr esto, la esencia de esta investigacin fue evaluar los procedimientos y los criterios utilizados por las compaas em el control del ruido ambiental en distintos segmentos de la industria y comparar com las reglamentos y la legislacin. Para alcanzar los objetivos de la precolocacin, cuatro casos fueran considerados y estudiados en industrias grandes, medias y de pequeo porte del distrito industrial en Curitiba. El acercamiento establecido fue fijado segn lo definido por la ingeniera de la seguridad del trabajo centrndose en la tcnica y los lmites de tolerancia para la exposicin establecida al ruido de trabajo segn la ley. Los resultados han demostrado que las compaas no siguen correctamente las reglas y las reglamentos establecidas por las leyes actuales, qu resultan en costos al estado y a la sociedad debidos los pleitos requerido por los trabajadores para obtener los beneficios sociales apropiados basados en su exposicin al ruido de trabajo de diversas fuentes y naturaleza.

    Palabras claves: Ruido Ambiental. Control del Ruido Industrial. Legislacin. Evaluacin Sonora.

  • 1

    1 INTRODUO

    O rudo ambiental nas indstrias, em sua essncia, causado por mquinas,

    equipamentos e processos fabris ruidosos. A concentrao excessiva de

    equipamentos ruidosos num mesmo local ou com organizao deficiente nos

    espaos da fbrica pode contribuir ainda mais na poluio sonora industrial. Os

    efeitos do rudo sobre os trabalhadores fazem-se sentir ao nvel do aparelho

    auditivo, que pode afetar no somente a audio, mas tambm alterar vrias

    funes fisiolgicas, o sono, a comunicao oral, causar estresse e desconforto que

    interferem na realizao da atividade laboral. Conseqentemente afetam a

    produtividade dos trabalhadores e o resultado da empresa. Medidas preventivas

    devem ser adotadas no ambiente fabril, pois os danos potenciais sade humana

    podem ser atenuados ou eliminados evitando que o rudo seja emitido ou que atinja

    os trabalhadores na execuo de suas tarefas dentro dos limites tolerveis sade

    humana. Assim, pode atuar-se sobre a fonte de rudo, tornando-a mais silenciosa,

    isolando as mais ruidosas das restantes, adequando espaos e o prprio

    trabalhador, protegendo o seu aparelho auditivo com o uso de equipamentos de

    proteo individual adequados. Especificamente no caso brasileiro, deve-se aplicar e

    observar a norma que fixa os nveis mximos de rudo permitidos para um

    determinado perodo: NORMA REGULAMENTADORA 15 (NR-15), ANEXO N 1 e

    ANEXO N 2, aprovada pela Lei n 6.514 de 22 de dezembro de 1977 e

    regulamentada pela Portaria n 3.214 de 8 de junho de 1978. Para atender a NR-15

    as empresas so obrigadas a cumprir tambm a NORMA REGULAMENTADORA

    9 (NR-9) PROGRAMA DE PREVENO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA), que

    estabelece a obrigatoriedade da avaliao ambiental para verificar a existncia ou

    no de agentes insalubres, e a partir deste programa tomar medidas de controle ao

    agente insalubre, se existente.

    Existem segmentos da indstria que funcionam com processos fabris muito

    ruidosos. Muitas vezes possvel modific-los de modo a torn-los mais silenciosos,

    principalmente quando as fontes principais so mquinas e equipamentos,

  • 2

    particularmente se no esto em boas condies de funcionamento (peas soltas ou

    gastas, por exemplo). O ideal seria instalar na fbrica mquinas que produzissem

    um mnimo de rudo. No entanto, por vezes isto no vivel, em funo do prprio

    processo fabril ou porque todos os modelos comercializados so excessivamente

    ruidosos e ainda porque os mais silenciosos so demasiadamente caros. Nestes

    casos, h que se isolar as partes mais ruidosas da mquina, revestir as superfcies

    vibrantes com materiais absorventes, substituir peas metlicas por outras de

    plstico e borracha, por exemplo, e manter o equipamento nas melhores condies

    de funcionamento. Quando no for possvel reduzir o rudo na fonte, deve-se atuar

    na via de transmisso sobre os locais de trabalho: isolar parcialmente as reas mais

    ruidosas, cobrindo pavimentos, tetos e paredes ou pendurando painis absorventes

    de rudo acima das mquinas; optar por reas de trabalho de grandes dimenses e

    instalar menos mquinas em cada espao; alternar reas de rudo com reas

    silenciosas.

    Para Wells Astete (1991), s aps terem-se esgotado as medidas de

    proteo coletiva mencionadas, e no se ter verificado a diminuio desejada do

    rudo, deve-se avanar para as medidas de proteo individual, ou seja, o uso de

    protetores auriculares. Os equipamentos de proteo individual consistem em

    tampes auriculares que podem ser do tipo de insero no canal auditivo ou do tipo

    "concha", que cobrem toda a orelha.

    Esta pesquisa teve como essncia analisar e avaliar o rudo industrial

    existente em diferentes segmentos da indstria e verificar se as normas esto sendo

    cumpridas na avaliao do rudo ambiental. Com o propsito de que este estudo

    torne-se um documento capaz de auxiliar as diferentes iniciativas pblica e privadas,

    na aplicao das normas e Leis, pois um problema latente, e a precariedade na

    observncia e o no cumprimento das normas e legislao em vigor resultam em

    acidentes de trabalho, diminuio da produtividade na linha de produo e muitas

    vezes em demandas trabalhistas de diferentes origens e natureza, oriundas das

    classes trabalhadoras, tendo como conseqncia o aumento dos custos de

    produo para os empresrios e da economia para o Estado. Em suma, esta

    pesquisa tem como objetivo geral estudar e demonstrar de que maneira o no

  • 3

    controle do rudo ambiental industrial resulta em custos para o Estado e sociedade

    em geral.

    Como objetivos especficos estabelecemos:

    Avaliar o rudo industrial de algumas empresas nos segmentos da indstria de

    manufatura, alimentcia, e de transformao na Cidade Industrial de Curitiba.

    Avaliar os custos que incidem sobre a sociedade como um todo, a partir da

    anlise dos processos previdencirios dos trabalhadores, na comprovao

    das condies ambientais de trabalho, para fins de concesso de

    aposentadoria por tempo de contribuio em atividade especial.

    A partir da avaliao dos impactos causados propor medidas mitigadoras

    adequadas para evitar os custos.

    Para alcanarmos os objetivos propostos, no decorrer deste trabalho

    apresentada a princpio, uma reviso bibliogrfica (Captulos 2 e 3) abordando-se

    vrios aspectos do som e do rudo ambiental tais como: o rudo industrial e a

    poluio sonora, os diferentes tipos e classificao de fontes sonoras (rudo), a

    propagao sonora em ambientes fechados. Abordam-se, tambm, conceitos de

    acstica, normas e legislao, alm dos mtodos para controlar a propagao do

    rudo industrial.

    No Captulo 4 abordado o sistema auditivo, sua anatomia e seus

    mecanismos, alm dos efeitos do rudo no organismo humano.

    No Captulo 5 so abordadas as normas e legislaes dentro do contexto

    das especificaes dos critrios, os parmetros e o Limite de Tolerncia para

    avaliao do rudo ambiental na exposio laboral.

    No Captulo 6 abordada a metodologia da pesquisa. Apresenta-se o

    enquadramento dos ambientes em anlise, alm de serem descritos os mtodos e

  • 4

    os materiais utilizados para o desenvolvimento do trabalho e alcance do objetivo

    principal estabelecido.

    No Captulo 7, so apresentados e discutidos os resultados referentes aos

    levantamentos dos ambientes sonoros na linha de produo aps as avaliaes

    acsticas, e comparados os resultados com aqueles contidos nos processos

    previdencirios analisados.

    Por fim, na concluso apontamos os aspectos essenciais registrados ao

    longo da execuo deste trabalho e sugerimos novos estudos que podero sanar as

    dvidas aqui levantadas.

  • 5

    2 O SOM E O RUDO

    A Organizao Mundial de Sade (OMS, 1980) define que fisicamente o som

    um distrbio mecnico que se propaga pelo movimento de ondas no ar e outros

    meios elsticos e mecnicos, tais como a gua e o ao. Fisiologicamente o som

    uma sensao auditiva provocada por meio destes fenmenos fsicos, embora nem

    todas as ondas sonoras provoquem uma sensao auditiva. Por exemplo, o ultra-

    som tem uma freqncia to elevada que no estimula a sensao de audio no

    ser humano. Segundo Harris (2002) e Kinsler et al. (1982), os sons so flutuaes

    de presso que se propagam em um meio elstico, seja ele slido, lquido ou

    gasoso. Tais flutuaes de presso so caracterizadas por movimentos de

    compresso e expanso de partculas que se propagam em forma de ondas, a partir

    do ponto de origem do som.

    A propagao das ondas sonoras pode ocorrer de forma harmoniosa,

    gerando neste caso um som, ou incmoda, gerando neste caso um rudo,

    dependendo da subjetividade de cada indivduo (OMS, 1980), isto , quando esses

    diversos movimentos oscilatrios se combinam e produzem um movimento

    resultante, cujas oscilaes so desarmnicas (HARRIS, 2002; KINSLER et al.,

    1982).

    2.1 PROPRIEDADES DO SOM

    A propagao das ondas sonoras provoca certos fenmenos diretamente

    influenciados pelas caractersticas da onda e do meio material onde ela se propaga,

    sendo esta a principal diferena entre as ondas sonoras e as ondas eltricas ou

    ainda as luminosas. Portanto, o som exige um meio material para se propagar, isto

    foi verificado por Boyle no sc. XVIII, depois de Kircher ter demonstrado que o som

    no se propaga no vcuo, em 1605 (NEPOMUCENO, 1968). Estes fenmenos so:

    absoro, reflexo, difrao, transmisso, refrao, tempo de reverberao e efeito

    Doppler.

  • 6

    Estes fenmenos tm grande impacto na propagao do som em ambientes

    fechados, objeto desta pesquisa.

    absoro: a parte da energia sonora incidente em um meio material que

    absorvida ou atenuada pela superfcie ou pelo meio. A frao do som

    incidente que absorvida denominada coeficiente de absoro e

    representada pela letra grega alfa ();

    reflexo: quando a energia sonora incide em uma superfcie tal como

    paredes e tetos, parte desta energia retorna ao meio de origem, parte

    absorvida pela superfcie como calor, e outra parte transmitida atravs dos

    elementos da superfcie. A frao da energia total emitida no meio que

    refletida denominada coeficiente de reflexo e representado pela letra

    grega r (). Desta forma o coeficiente de reflexo dado por:

    incidentesonoraEnergia

    refletidasonoraEnergia=

    transmisso: a frao da energia sonora incidente sobre uma superfcie

    material que separa dois meios que transmitida atravs deste elemento.

    Esta frao denominado coeficiente de transmisso e representada pela

    letra grega tau ( );

    difrao: a capacidade das ondas sonoras de desviar obstculos. O grau

    de difrao do som ao redor de um obstculo depende do comprimento de

    onda do som (). Sons com freqncias baixas (com comprimento de onda

    longo) tm maior grau de difrao que os sons com freqncias altas (com

    comprimento de onda curto).

    De acordo com Mehta (1999), a soma da energia sonora refletida, absorvida

    e transmitida deve ser igual soma da energia incidente, portanto a relao na

    equao 1 abaixo verdadeira:

  • 7

    0,1=++ (1)

    refrao: um fenmeno que ocorre quando a onda sonora passa de um

    meio material para outro e varia a sua velocidade de propagao e o seu

    comprimento de onda, porm a sua freqncia se mantm constante.

    tempo de reverberao: o tempo em que a intensidade sonora em um

    ambiente leva para cair 60 dB do valor existente, desde o momento da

    extino da excitao da fonte sonora.

    efeito Doppler: a variao entre a freqncia percebida e a freqncia real

    do som em funo da distncia em que se encontra o observador da fonte

    sonora, pelo movimento (de afastamento ou aproximao) relativo entre a

    fonte e o observador.

    Com relao ao rudo, a Organizao Mundial da Sade (OMS, 1980),

    considera-o como qualquer som indesejvel que pode afetar desfavoravelmente a

    sade e o bem estar humano de indivduos ou populao.

    De acordo com Alexandry (1978) e Bies e Hansen (2003), o rudo se

    classifica como rudo contnuo, rudo de impacto e rudo impulsivo.

    Para Patricio (2005), h outro tipo de som, o de percusso, que se propaga

    por ondas elsticas a todos os elementos da estrutura de uma edificao, e que por

    ser um som indesejvel denominaremos aqui de rudo de percusso.

    rudo contnuo: diz-se que o rudo continuo quando em todo tempo de

    observao ocorre uma variao de dB3 . Isto significa que sua intensidade

    sonora no varia em proporo diferente de 100 %.

    rudo de impacto: diz-se que o rudo de impacto quando o seu tempo de

    durao for menor que um segundo e se repete em intervalos maiores que

    um segundo. O rudo de impacto normalmente produzido por meios no

  • 8

    explosivos, tais como impacto entre metal com metal em processos

    industriais.

    rudo impulsivo: diz-se que o rudo impulsivo quando o seu tempo de

    durao for menor que um segundo e se repete em intervalos maiores que

    um segundo. O rudo impulsivo normalmente produzido pela liberao

    repentina de energia; por exemplo, detonao de explosivos, tiros com armas

    de fogo e detonao de fogos de artifcios.

    rudo de percusso: diz-se que o rudo de percusso quando resultado

    da excitao direta de um elemento divisrio ou componente da estrutura de

    uma edificao, e podem, devido rigidez das ligaes existentes ao longo

    da estrutura predial, propagar-se com grande facilidade atravs de toda a

    malha limtrofe do espao predial utilizado, estabelecendo assim, campos

    sonoros eventualmente de grande intensidade em compartimentos

    razoavelmente distante do local de origem da excitao. O rudo de

    percusso pode ser produzido pelas passadas de pessoas no piso superior

    de um prdio, pela queda de um objeto no piso ou batidas nas paredes

    divisrias entre os ambientes e tambm pela vibrao causada pelo

    funcionamento de uma mquina industrial instalada diretamente sobre um

    piso superior ou nas paredes divisrias de um ambiente.

    Para efeito da exposio laboral a Norma Regulamentadora - 15 (NR-15),

    aprovada pela Lei n 6.514, de 22 de dezembro de 1977 e regulamentada pela

    Portaria n 3.214, de 8 de junho de 1978, no faz diferenciao entre o rudo

    impulsivo e o rudo de impacto.

    2.2 GRANDEZAS E UNIDADES

    A quantidade fsica associada com o rudo sonoro a intensidade, a qual

    definida como a quantidade de potncia em uma determinada unidade de rea.

    Como a unidade de potncia o Watt, a unidade da intensidade de som dada por

  • 9

    Watts por metro quadrado ( 2/ mW ). A intensidade do som audvel pelo ser humano

    chamada de limite de audibilidade, cujo valor de 212 /10 mW , e a intensidade

    sonora que corresponde sensao de dor para o ouvido humano de 10 2/ mW , a

    qual foi determinada experimentalmente. Desta forma, o ouvido humano responde a

    uma vasta faixa de intensidades desde o mais elevado som que corresponde a

    10.000.000.000.000 ( 1310 vezes) maior que o mais fraco som perceptvel. Portanto, a

    faixa de intensidade audvel varia desde 1210 a 10 2/ mW (BIES e HANSEN 2003;

    LPEZ, 1999; MEHTA,1999).

    2.2.1 A intensidade do nvel acstico

    De acordo com Bies e Hansen (2003) e Gerges (1992), como a variao da

    percepo da intensidade do som pelo ouvido humano elevada, h dificuldade em

    expressar em nmeros de ordem de grandeza to diferente numa mesma escala

    linear, portanto utiliza-se a escala logartmica (figura 1). Outra razo para se utilizar a

    escala logartmica que o ouvido humano tem uma resposta do tipo logartmica e

    no linear, e necessitaria 1310 unidades de diviso para cobrir todas as faixas

    experimentadas da audio humana (BIES e HANSEN, 2003; LPEZ, 1999).

  • 10

    Figura 1 Relao entre a presso sonora acstica em Pa e o nvel de presso sonora em dB.

    FONTE: Brel & Kjaer (2000).

    Conforme dizem Bies e Hansen (2003), a escala logartmica dispe uma

    maneira conveniente de comparar a presso sonora de um som com outro e para

    evitar uma escala muito comprimida, um fator de 10 utilizado, originando o decibel.

    O nvel de intensidade acstica denominado de IL igual a 10 vezes o

    logaritmo entre a intensidade acstica I e a intensidade acstica de referncia oI

    cujo valor de referencia de 212 /10 mW , ou seja, conforme a equao 2 abaixo:

    )(log10 10 dBI

    IL

    o

    I

    = (2)

  • 11

    Substituindo o valor da intensidade acstica de referncia oI , cujo valor

    212 /10 mW , obtemos a equao 3 abaixo:

    )(10

    log101210

    dBI

    L I

    =

    )(120log10 10 dBILI += (3)

    2.2.2 O nvel da potncia sonora (Lw)

    De acordo com Bies e Hansen (2003), Lpez, (1999) e Nepomuceno (1968),

    a potncia sonora definida em uma escala logartmica empregando o nvel de

    potncia sonora em dB e que dada por:

    )(log10 10 dBrefernciadepotncia

    sonorapotnciaL w =

    onde:

    wL = o nvel de potncia sonora;

    Potncia sonora (W )= potncia da fonte expressa em Watt;

    Potncia de referencia ( oW )= o valor normatizado de 1 pico Watt.

    Ento obtemos a equao 4:

    )(log10 10 dBW

    WL

    o

    w = (4)

    Levando o valor de referncia na equao 4, temos:

    )(10

    log101210

    dBW

    L w = , resultando na equao 5 abaixo:

    )(120log10 10 dBWLw += (5)

  • 12

    Ainda de acordo com Lpez (1999), no se deve confundir em nenhuma

    hiptese o nvel de potncia acstica com o nvel de presso sonora, uma vez que a

    primeira uma medida de potncia emitida pela fonte, enquanto que a segunda no

    s depende da fonte, assim como tambm da distncia da fonte e das

    caractersticas do espao que rodeia a fonte. Na tabela 1, encontram-se os valores

    da potncia acstica de distintas fontes tpicas de rudo em dB.

    TABELA 1 - NVEL DE POTNCIA MDIA DE VRIOS TIPOS DE FONTES SONORAS

    FONTE: LPEZ (1999)

  • 13

    2.2.3 O nvel da presso sonora (NPS)

    O nvel de presso sonora ( NPS ) expresso em decibels (dB), maior ou

    menor que a referncia da presso sonora ref

    P , de acordo com a expresso da

    equao 6 abaixo:

    )(log20log20log10 10102

    2

    10 dBPPP

    PNPS ref

    ref

    == (6)

    Onde:

    NPS = nvel de presso sonora [dB].

    P = presso sonora medida [N/m].

    ref

    P = presso de referncia, tomada como nvel zero.

    Para Bies e Hansen (2003), Lpez (1999), Gerges (1992) e Nepomuceno

    (1968), o valor da presso de referncia de Pax 5102 , substituindo este valor na

    equao 6, resulta na equao 7 abaixo:

    )(102log20log20 51010 dBxPNPS= )(10log1006log20 1010 dBPNPS +=

    ))((94log20 10 AdBPNPS += (7)

    2.2.4 Adio de nveis de rudo

    Para se somar mais de dois nveis de intensidade ou de presso sonora,

    sejam eles sons puros ou no, pode-se utilizar a forma analtica ou o processo

    grfico (BIES e HANSEN, 2003, LPEZ, 1999, GERGES, 1992).

  • 14

    2.2.4.1 Adio atravs do processo analtico

    A soma analtica encontrada utilizando a partir das equaes 8 e 9 abaixo.

    Quando so dados dois nveis de intensidade sonora, sejam 11L e 12L o nvel total

    TL1 obtido conforme os procedimentos seguintes:

    )(log10 1101 dBI

    IL

    o

    I

    = (8)

    )(log10 2102 dBI

    IL

    o

    I

    = (9)

    Aplicando a forma inversa do logaritmo nas expresses acima obtemos:

    11,0

    1 10IL

    oII = e 21,0

    2 10IL

    oII =

    onde :

    ( ) )(1010 21 1,01,021 dBIIII II LLoT +=+=

    A intensidade sonora total obtida atravs da equao 10 abaixo:

    )(log10 10 dBI

    IL

    o

    T

    IT

    = (10)

    Substituindo o valor das duas ltimas equaes, temos a expresso para o

    clculo da intensidade total de rudo, conforme a equao 11, abaixo:

    ( ) )(1010log10 21 1,01,010 dBL II LLIT += (11)

    A equao 11 vlida para n diferentes fontes de intensidade sonora.

  • 15

    2.2.4.2 Adio atravs do processo grfico

    A determinao do valor total da intensidade sonora pode ser simplificada a

    partir da utilizao do grfico da figura 2, para isto deve seguir o seguinte

    procedimento:

    1 ) calcular a diferena entre os nveis 11L e 12L ;

    2 ) O valor obtido se leva ao eixo das abscissas e sobe at encontrar a

    interseco com a curva da figura, em seguida traa-se uma linha

    horizontal at o eixo das ordenadas;

    3 ) O valor encontrado no eixo vertical, se soma ao maior valor dos nveis

    de intensidade sonora. Se for em somente dois nveis este ser o

    resultado total da somatria dos nveis de intensidade sonora;

    4 ) Caso haja outros valores de presso sonora adotar os procedimentos

    descritos nos itens 1 a 3.

    Este processo se repetir at se obter a soma de todos os nveis.

    Normalmente necessrio combinar nveis de sinais, por exemplo, o nvel que

    resulta de uma combinao de vrias fontes sonoras. Assim como, freqentemente

    necessrio determinar qual o nvel sonoro de uma determinada fonte mais o rudo

    de fundo do ambiente, assim como para calcular o nvel de presso sonora total em

    nveis de banda de oitava,como por exemplo (LPEZ, 1999, BREL & KJAER,

    2000).

    Na figura 2 tambm pode-se observar que para a subtrao de nveis de

    rudo com a mesma intensidade, obtm-se o valor 3 dB, haja vista que o resultado

    da diferena entre os nveis ser zero. Portanto, sempre que tivermos duas fontes

    sonoras com a mesma intensidade de nvel de rudo o valor total ser acrescido em

    3 dB, de uma delas.

  • 16

    Figura 2 - Diagrama para somar nveis de intensidade sonora. FONTE: Lpez (1999).

    2.2.5 Subtrao de nveis sonoros do rudo de fundo ou rudos ambiental

    Muitas vezes necessrio subtrair um rudo de outro. Esta situao

    bastante comum, por exemplo, em ambiente industrial quando h necessidade de

    subtrair o rudo de fundo, isto , o rudo ambiental gerado por outras fontes que no

    seja objeto da avaliao. Para se obter o rudo produzido por uma nica e

    determinada mquina, o rudo de fundo ou ambiental no deve mascarar o sinal de

    interesse. O mtodo utilizado para se determinar o valor de uma nica fonte similar

    ao descrito para se obter a adio de nveis de rudo distintos demonstrado no item

    2.2.4. H um mtodo analtico e um mtodo grfico, conforme demonstrado a

    seguir.

    2.2.5.1 Subtrao pelo mtodo analtico

    De acordo com Bies e Hansen (2003), Gerges (1992) e Lpez (1999), a

    forma analtica obtida pela expresso da equao 12 abaixo.

    ( ) )(1010log10 1,01,010 dBL nns LLm = + (12)

  • 17

    onde:

    mL = Rudo de uma nica mquina ou fonte sonora.

    nsL + = Rudo total do ambiente.

    nL = Rudo de fundo ou rudo ambiental.

    2.2.5.2 Subtrao pelo mtodo grfico.

    A determinao da intensidade sonora a partir do processo do grfico da

    figura 3 mais simples, prtico e rpido. De acordo com Lpez (1999) e Brel Kjaer

    (2000), para determinar o verdadeiro nvel de uma fonte sonora sL em um ambiente

    ruidoso com um rudo total do ambiente nsL + , deve seguir o procedimento abaixo:

    1 ) O nvel total nsL + .

    2 ) O rudo de fundo ou ambiental nL .

    3 ) Se encontra a diferena entre os dois nveis nsL + - nL . Se a diferena

    menor que 3 dB, no se pode conhecer com preciso o nvel de rudo

    da fonte, uma vez que o rudo ambiental muito elevado. Se o valor

    est compreendido entre 3 e 10 dB dever ser feito uma correo. Se a

    diferena for maior que 10 dB nenhuma correo ser necessria no

    ambiente, o rudo de fundo desprezvel, portanto pode ser ignorado.

    4 ) Caso haja necessidade de se fazer uma correo na diferena nsL + -

    nL , leva-se o valor obtido no eixo das abscissas e sobe at encontrar a

    curva de referncia, em seguida traa-se uma horizontal at encontrar

    o eixo das ordenadas.

    5 ) O Valor L obtido subtrai do nvel total nsL + , sendo este novo valor o

    nvel real da fonte sonora.

    Na figura 3 temos o grfico utilizado neste procedimento para se obter o

    nvel real da fonte sonora, conforme descrito acima.

  • 18

    Figura 3 - Diagrama para determinar o nvel real de uma fonte sonora em um ambiente ruidoso.

    FONTE: Lpez (1999).

    2.3. A INTENSIDADE ACSTICA EM FUNO DA DISTNCIA DE

    PROPAGAO

    Conforme visto anteriormente, a propagao das ondas sonoras provoca

    certos fenmenos diretamente influenciados pelas caractersticas da onda e do meio

    material onde ela se propaga. Porm, para se ter uma idia mais simples da

    propagao de uma onda sonora, do ponto de vista terico, a maneira mais simples

    de demonstrar partir de uma fonte sonora esfrica, conforme a figura 4. Uma fonte

    deste tipo irradia ondas esfricas harmnicas no meio que a cerca, supondo este

    fenmeno homogneo e istropo, ainda que este tipo de fonte geralmente no se

    emprega na prtica, porm justifica estudar algumas de suas propriedades, no s

    porque proporciona uma introduo simples s fontes mais prticas, seno tambm

    porque muitas fontes acsticas em uma primeira aproximao podem ser

    consideradas esfricas pulsantes se suas dimenses so pequenas comparadas

    com a longitude de onda do som irradiado.

  • 19

    Figura 4 - Ondas esfricas irradiadas por uma fonte pontual.

    FONTE: Lpez (1999).

    Levando isto em conta, se considerarmos uma fonte sonora pontual e em

    espao livre, podemos considerar muitas fontes acsticas como esfricas. Em uma

    fonte deste tipo o som se irradia igualmente em todas as direes, a partir de um

    centro aparente a certa distncia r da fonte (figura 5) e se distribui sobre uma

    superfcie esfrica de raio r, e em um ponto determinado desta superfcie a

    intensidade sonora definida pela equao 13 abaixo:

    )/(4

    2

    2mW

    r

    W

    S

    WI

    == (13)

    onde:

    W= a potncia sonora.

    S= rea da superfcie esfrica.

  • 20

    Figura 5 - Fonte sonora pontual de potncia acstica W em campo livre.

    FONTE: , (2008).

    De acordo com Gerges (1992), se empregarmos a relao entre a potncia

    sonora, o nvel de presso sonora e a presso sonora da equao 13 e tomarmos os

    logaritmos decimais, obtemos a relao esfrica do nvel de presso sonora que

    expressa conforme a equao 14 abaixo, para uma fonte irradiando uniformemente

    em todas as direes.

    4log10log10)/(4

    1log10 22

    2=+= rWNPSmW

    rWNPS

    )(,11log20 dBrWNPS = (14)

    Esta equao representa uma fonte irradiando em todas as direes em um

    campo livre (campo sonoro sem reflexes). O termo rlog20 da equao o fator

    determinante para predizer que a cada dobro de distncia da fonte tem-se 6 dB de

    atenuao. De acordo com Lpez (1999) este resultado conhecido como lei da

    divergncia ou lei do inverso ao quadrado da distncia.

    Porm, ainda de acordo com Gerges (1992), deve-se considerar o

    coeficiente de diretividade da fonte, em funo de que uma fonte real dificilmente

    irradia de forma igual em todas as direes. Conforme Bies e Hansen (2003), este

    coeficiente assume os valores de 1 para fonte esfrica, de 2 para fonte semi-

  • 21

    esfrica, de 4 para fonte onidirecional posicionada na aresta de duas superfcies e

    de 8 no caso de fonte no vrtice, isto , na interseco de trs superfcies rgidas e

    infinitas. O coeficiente de diretividade dado pela equao 15 abaixo:

    QDI log10)( =

    onde:

    Q = fator de diretividade.

    I

    IQ

    )( = (15)

    onde:

    )(I = a intensidade na direo e distncia r da fonte.

    Para a fonte esfrica o coeficiente de diretividade Q igual a 1, temos a

    equao 16 abaixo:

    )(,11log20log10 dBrQWNPS += (16)

    Como o logaritmo de 1 igual a zero, este coeficiente no altera a equao.

    A relao entre o nvel de presso sonora 1NPS , em uma distncia 1r e o

    nvel de presso sonora 2NPS em uma distncia 2r dada pela equao 17 abaixo:

    11log2011log20 2121 ++= rWrWNPSNPS

    )(,log20log20log201

    22121 dB

    r

    rrrNPSNPS += (17)

  • 22

    2.4 ATENUAO DO RUDO PARA UMA FONTE SEMI-ESFRICA

    A fonte de rudo semi-esfrica aquela cuja fonte sonora est fixa no cho.

    Logo, o efeito da irradiao da energia sonora se refletir num espao semi-infinito,

    porque as ondas so semi-esfricas, e a energia descrever uma rea 2/S que

    corresponde a 22 r . Para este tipo de fonte o fator de diretividade igual a 2.

    Considerando a rea semi-esfrica e o coeficiente igual a 2 e substituindo na

    expresso abaixo do nvel de presso sonora, obtemos a equao 18 abaixo:

    22

    2log102log10)(log10)/(

    2

    1log10)(log10 rDIWNPSmW

    rDIWNPS +=++=

    )(,8log20)(log10 dBrDIWNPS += (18)

  • 23

    2.5 NVEL SONORO EQUIVALENTE DE RUDO ( eqL )

    O nvel sonoro equivalente um nvel constante mdio que equivale em

    termos de energia acstica, e definido em termos do tempo de variao do nvel da

    presso sonora, expresso em decibel (dB) pela equao 19 (SCHULTZ, 1972):

    ( )dBdtP

    tPT

    o

    =

    0

    2

    2

    eq)(

    T

    1 log 10 L (19)

    Onde:

    T = tempo total de integrao.

    P(t) = presso sonora instantnea.

    Po = presso sonora de referncia ( 25 /102 mWx ).

    Segundo Gerges (1992), o grau de danos que um certo rudo pode provocar

    audio depende tanto de seu nvel, como tambm do seu tempo de durao.

    Sendo assim, a exposio a um nvel elevado de rudo como 100 dB(A) durante um

    pequeno perodo, como um minuto, pode no ser prejudicial como a exposio 90

    dB(A) durante uma hora. Portanto, a integrao do tempo de exposio a esta

    variao de rudo obtida atravs de um nico nvel equivalente (Leq), conforme a

    equao 19.

    2.5.1 Nvel sonoro equivalente de Rudo contnuo ( AeqL )

    De acordo com Bies e Hansen (2003), o nvel equivalente de rudo contnuo

    tem uma definio similar ao eqL , exceto que este representa o nvel de presso

    sonora antes de fazer uma mdia de todos os nveis de presso sonora existente em

    um ambiente. Portanto, o AeqL usado para precisar o rudo ocupacional e

    ambiental dentro de um perodo de tempo T , e pode ser expresso conforme a

    equao 20 abaixo:

  • 24

    ))((,10T

    1 log 10 L

    0

    10/)(

    Aeq AdBdt

    T

    tLA

    = (20)

    Para exposio ao rudo ocupacional a mais comum identificao 8h Aeq,L ,

    que implica na normatizao da exposio a um perodo de 8 horas, mesmo que a

    exposio intensidade de rudo seja maior ou menor que o perodo de 8 horas.

    Desta forma a equao seguinte representa a exposio para o perodo desejado,

    conforme a equao 21:

    ))((,108

    1 log 10 L

    0

    10/)(

    Aeq,8h AdBdt

    T

    tLA

    = (21)

    2.6 EMISSO E IMISSO SONORA

    2.6.1 Emisso

    De acordo com Aberle et al., (1978) emisso sonora a radiao de uma

    fonte individual de som que efetivamente emitida. Neste caso os motores,

    engrenagens das mquinas e equipamentos industriais.

    2.6.2 Imisso

    De acordo com Aberle et al., (1978) imisso sonora refere-se a recepo do

    som a partir de uma ou mais fontes sonoras no ponto de observao, isto , a

    presso sonora que efetivamente recebida pelo sistema auditivo do receptor,

    sendo ento uma variao entre o nvel de presso sonora emitido por uma fonte

    menos as perdas na transmisso entre a fonte e o receptor.

  • 25

    3 O RUDO INDUSTRIAL

    De acordo com a OMS (OMS, 1980), a indstria mecanizada gera os mais

    srios dos vastos problemas causados pelo rudo industrial, submetendo uma

    significativa frao da populao de trabalhadores a potenciais nveis de perigo a

    este agente. Este rudo devido s mquinas de todos os tipos, e freqentemente

    aumenta com a potncia dos equipamentos. Alm de que, a caracterstica do rudo

    industrial varia consideravelmente dependendo de equipamentos especficos.

    Mquinas rotativas e de impactos geram sons que so dominados por componentes

    transitrios, tais como fluxos de ar de equipamentos, os quais tendem a gerar faixas

    de sons aleatrios em uma banda larga de freqncias que influenciam na poluio

    sonora causada pelo rudo industrial. Os maiores nveis de rudo so normalmente

    causados pelo fluxo de gases que se movem em alta velocidade (ex.: ventiladores e

    vlvulas de liberao de presso de vapores) ou por operaes envolvendo

    impactos (ex.: estamparia, rebitagem e britagem). Nas reas industriais, o rudo

    normalmente provm de uma larga variedade de fontes, muitas das quais so de

    natureza complexa. O mecanismo de gerao do rudo das mquinas

    razoavelmente bem compreendido e as exigncias tcnicas para uma emisso de

    baixo nvel de rudo em novas maquinarias normalmente podem ser especificadas. A

    dificuldade est em se reduzir a poluio sonora a partir de equipamentos j

    existentes na linha de produo, portanto um srio obstculo na melhoria do

    ambiente laboral e este foco principal desta pesquisa.

    3.1 A NATUREZA DO RUDO INDUSTRIAL

    De acordo com Rajadel et al. (2006), o rudo um dos poluentes mais

    subestimados apesar de onipresente e ter um efeito negativo e acumulativo na

    sade. Na indstria quase inevitvel a emisso de elevados nveis de rudo,

    apesar de que muitos deles podem ser evitados. Existe um nmero no desprezvel

    de situaes que promovem a gerao de rudos evitveis, por exemplo, sadas de

    vapores, desgastes e desajustes mecnicos, peas soltas e em geral defeitos

  • 26

    mecnicos que provoquem vibraes excessivas. Todas estas situaes tendero a

    incrementar o nvel de rudo gerado numa planta industrial ou equipamento.

    Alexandry (1982) analisa o rudo industrial quanto sua natureza fsica e

    subjetiva, e a partir desta anlise estabelece o embasamento para justificar

    claramente as necessidades de seu controle na fonte, uma vez que o rudo uma

    conseqncia natural da atividade industrial. Alm de que, o rudo perde tanto fsica

    e subjetivamente as caractersticas de seus elementos geradores, e que se

    comporta como um todo nico, e ainda, que seus efeitos dependem da natureza

    unvoca deste conjunto.

    3.1.1 O componente fsico do rudo

    Quanto natureza fsica, o rudo definido como um fenmeno acstico no

    peridico sem componentes harmnicos definidos. Para a sua anlise necessrio

    avaliar o conjunto de tons simples, tanto empiricamente, por meio de filtros, como

    teoricamente ou por anlise de Fourier. Esta anlise consiste na decomposio do

    rudo em grupos de tons que o geram e pertencentes a um entorno de freqncias

    pr-determinado, o qual denominado faixa de freqncias. Alm de que, h

    variao da amplitude do rudo em funo da sua freqncia, e esta variao

    denominada espectro. Considera-se, ento, que os parmetros do rudo so a

    amplitude da freqncia mdia e a largura da faixa de freqncia (ALEXANDRY,

    1978). E tambm considera-se que o tom de maior amplitude est no centro da

    faixa de freqncia, mas como a distribuio logartmica em relao s

    freqncias, a freqncia central a mdia geomtrica, e dada pela equao 22

    abaixo:

    )(,1

    21 Hz

    f

    fff = (22)

    onde :

    =f a freqncia central.

  • 27

    =1f a freqncia do limite inferior.

    =2f a freqncia do limite superior.

    importante destacar que a quantidade de energia de uma onda sonora no

    determinada pela freqncia central, mas pela envolvente integral de todo o

    espectro de freqncia, isto , depende no s da amplitude mxima, mas tambm

    da largura da faixa de freqncia. Este fator muito importante porque determina o

    ponto central de discusso para determinar como o rudo afeta o ouvido humano e

    que ser abordado no captulo 3 desta pesquisa.

    De acordo com Brel Kjaer (2000), os tons incmodos de um rudo podem

    ser gerados por duas maneiras diferentes: freqentemente por mquinas com partes

    rotativas, tais como motor, caixa de cmbio, ventiladores e bombas, e por

    desequilbrios ou impactos que causam vibraes e so transmitidas atravs das

    superfcies ao meio areo, e podem ser ouvidos como tons. Tambm podem ser

    geradores de tons os fluxos pulsantes de lquidos ou gases que so produzidos por

    processos de combusto ou restries de fluxo.

    3.1.2 O componente subjetivo do rudo

    A subjetividade da percepo do rudo est intrinsecamente relacionada com

    a percepo sensorial do ser humano, cuja reao produzida no sistema nervoso e

    est relacionada entre o estmulo e sensao. A partir deste princpio estabeleceu-se

    a Lei de Weber-Fecher: Para que se verifique um aumento na sensao,

    necessria que a intensidade do estmulo cresa na mesma proporo

    (ALEXANDRY, 1978).

    Conforme Lpez (1999), a intensidade subjetiva do som definida de uma

    forma relativa, comparando a sensao originada por este som com a de outro som

    de referncia. Se os dois produzem a mesma sensao de intensidade possvel

    dizer que ambos tm a mesma intensidade subjetiva. Na prtica se empregam

    referncias: 1) os sons puros de 1.000 Hz de freqncia e nvel de presso sonora

  • 28

    ajustvel, e 2) as bandas de rudo branco centralizadas em 1.000 Hz, com uma

    largura de faixa de 100 Hz e um nvel de presso ajustvel. Quando um som

    comparado com a primeira das referncias sua intensidade subjetiva se chama

    sonoridade. Se comparada com a segunda, a intensidade subjetiva se chama

    ruidosidade. Se a sonoridade de um som duplicada, se duplica a sensao de

    intensidade experimentada.

    A figura 6 apresenta os nveis sonoros senoidais de freqncia f, para

    produzir a mesma sensao auditiva que um som senoidal de 1000 Hz de freqncia

    a um dado nvel de intensidade de presso sonora. A relao existente entre o nvel

    de presso sonora, o nvel sonoro e a freqncia foram deduzidos e

    experimentalmente por Fletcher e Munson, com jovens na faixa etria de 18 anos,

    com audio normal.

    Figura 6 - Curvas de igual nvel sonoro.

    FONTE: (ISO R 226) apud Lpes (1999).

    Na figura 6 pode-se notar que a faixa de baixa freqncia onde a audio

    humana menos sensvel em relao ao nvel de presso sonora. A faixa de maior

    sensibilidade encontra-se entre 1.000 e 2.000 Hz e que na faixa das altas

  • 29

    freqncias a sensibilidade auditiva diminui em relao s freqncias

    intermedirias.

    3.2 AS FONTES DO RUDO INDUSTRIAL

    De acordo com Alexandry (1978), com relao ao rudo industrial uma fonte

    um elemento esttico, a qual produz o rudo por vibrao interna e que o transmite

    ao meio ambiente exterior por radiao ao ar ou indiretamente atravs de vibraes

    a todos os elementos que a rodeia. Portanto, devem ser consideradas as formas

    pela qual se gera o rudo e as partes da fonte causadora do rudo. Conceitua-se que

    a forma pela qual se gera o rudo denominada gerador e a parte da fonte

    causadora a causa. Estes conceitos so importantes para se determinar a

    natureza do controle do rudo industrial, isto , atuando-se primeiramente nas

    causas do rudo na fonte geradora. Somente uma forma de controle envolve os

    geradores, e esta consiste na substituio da fonte geradora, o que pode ser

    impossvel em funo de que pode-se comprometer tecnicamente a atividade

    industrial ou em funo dos custos serem to elevados que podem comprometer o

    resultado econmico da empresa. A figura 7 mostra o diagrama em blocos com a

    correlao de causas e geradores de rudo na atividade industrial.

    Figura 7 - Diagrama de correlao de causa e geradores de rudo industrial.

    FONTE: Alexandry (1978).

    Bies e Hansen (2003) relacionam e abordam os meios para o controle nas

    principais fontes geradoras de rudo na indstria, tais como: ventiladores,

    compressores, torres de resfriamento, bombas, fluxos de fluidos, vlvulas de

    controles, fluxos de fluidos em tubulaes, caldeiras, turbinas, combusto interna de

    ATIVIDADE INDUSTRIAL

    RUDO

    CAUSAS

    GERADORES

  • 30

    motores, fornos, motores eltricos, geradores, transformadores, engrenagens e

    veculos de transportes. A predio do nvel da potncia sonora gerada por

    equipamentos e mquinas industriais geralmente muito difcil, primeiramente

    porque as possibilidades de mecanismos gerarem rudos so extraordinariamente

    muitas elevadas e variveis, desde os mais simples equipamentos at os mais

    complexos, alm de que, a grandeza do rudo gerado no meio depende tambm do

    ambiente onde a fonte est instalada. A partir destas evidncias possvel estimar o

    nvel de rudo radiado por algumas fontes de rudo aerodinmicas, em termos de um

    fator de eficincia acstica, como uma frao da potncia total. De qualquer forma,

    este mtodo no pode ser aplicado de maneira genrica para outros processos e

    mecanismos que produzem o rudo. Alm disso, no possvel fazer alguma

    hiptese simplificada e abrangente em princpios termodinmicos, porque a potncia

    radiada como som geralmente somente uma pequena parte do saldo da potncia

    de operao de uma mquina. Em suma, maior eficincia no necessariamente

    significa menor nvel de rudo.

    3.2.1 Causas do rudo industrial na fonte

    Para se traar uma estratgia e adotar medidas para o controle do rudo

    industrial, importante conhecer as diversas causas do rudo industrial nas fontes

    geradoras. Alexandry (1972) objetivamente relaciona e descreve as principais

    causas do rudo nos equipamentos e mquinas utilizadas na indstria, as quais

    podem ser em funo das partes mecnicas, pneumticas, exploses e imploses,

    hidrulicas e magnticas.

    3.2.1.1 Causas mecnicas

    O rudo resultado da causa mecnica oriundo da excitao cintica das

    diversas partes de uma mquina em funo do movimento das peas, quer seja de

    translao ou rotao ou a combinao destes movimentos, com a interao direta

    no mnimo entre duas peas. A causa a transformao da energia cintica em

    energia sonora ou energia potencial em energia sonora, e podem causar rudo

  • 31

    mecanicamente ao levar outras peas vibrao. As causas podem ser de dois

    tipos: de impacto ou de frico.

    a) Causa mecnica de impacto

    A causa mecnica de impacto a aplicao ou o desaparecimento brusco

    de uma fora sobre uma pea, causando nesta um esforo de deformao. Estas

    duas possibilidades so opostas, do ponto de vista fsico, pois a aplicao brusca de

    uma fora implica na quantidade de movimento com que a referida fora atua, em

    funo da velocidade da aplicao, enquanto que o desaparecimento brusco da

    fora aplicada faz surgir a fora elstica que atuar na recuperao da pea,

    fazendo com que esta entre em vibrao. O impacto pode ser dinmico ou esttico.

    Impacto dinmico: o produzido pelo choque, o qual requer que a pea

    tenha um curso (uma folga onde a pea pode se mover livremente); e que sua

    trajetria forme um ngulo no nulo com a pea que a golpeia; que a pea

    tenha uma massa definida capaz de produzir uma deformao elstica ou que

    a fora de deslocamento seja suficientemente grande para acelerar a pea,

    causando uma quantidade de movimento suficientemente grande para

    produzir deformao.

    Impacto esttico: produzido pela sbita paralisao de uma fora de

    deformao e requer que a fora aplicada seja retirada a uma velocidade

    superior a velocidade da recuperao elstica.

    Segundo Alexandry (1972), se estas duas condies de impacto no

    coexistirem o impacto no tem importncia para fins de gerao de rudo. Alm de

    que, o impacto de uma mquina pode ser voluntrio ou involuntrio, o primeiro deve

    ser observado, para fins de controle do rudo, que o impacto seja controlvel em si,

    tanto nas peas de contato como nos elementos que o causam, enquanto que o

    segundo pode ser em funo do defeito causado pelo mal funcionamento da

    mquina em funo de desgaste de peas.

  • 32

    b) Causa mecnica de frico

    A frico a fora que se ope ao movimento relativo de dois corpos, e

    depende da fora e da rea das superfcies em contato. O rudo mecnico por

    frico aumenta pelo grau de rugosidade das superfcies e diminui pela lubrificao.

    Portanto, o rudo oriundo da frico pode ser em funo da falta de lubrificao.

    3.2.1.2 Causas pneumticas

    resultado da vazo de uma coluna de ar dentro de um duto e pode causar

    rudos devido s turbulncias do ar no duto. Estas turbulncias dependem da

    velocidade e presso da coluna e tambm da forma fsica e da rugosidade do duto.

    Alm de que, a geometria dos dutos so fatores determinantes tambm, tais como

    cotovelos, dobras, bifurcaes, aumento e diminuio da geometria dos dutos so

    determinantes na produo de rudos.

    3.2.1.3 Causas exploses e imploses

    As exploses e imploses so resultantes da mudana sbita da presso de

    gs contido numa cmara, causando uma transformao de energia potencial em

    energia cintica. Diz-se que exploso quando a presso original superior final;

    caso contrrio chama-se imploso.

    3.2.1.4 Causas hidrulicas

    resultado da vazo de uma coluna de gua dentro de um duto e que

    podem causar rudos devido a turbulncias desta coluna no duto em funo de

    moverem-se em regimes turbulentos pela presena de uma grande quantidade de

    bolhas de ar, que sofrem compresses. Estas bolhas, por sua vez, produzem

    desequilbrios elsticos, que causam variaes no movimento interno de suas

  • 33

    partculas. Este fenmeno obedece a uma perturbao dos extremos da coluna de

    gua que causa vibraes gerando o rudo.

    3.2.1.5 Causas magnticas

    A induo magntica devido passagem da corrente eltrica no

    enrolamento de um motor produz uma vibrao no enrolamento que constitui a

    bobina eltrica. A vibrao proporcional intensidade da corrente eltrica.

    3.3 OUTROS FATORES DETERMINANTES QUE INFLUENCIAM NAS

    CAUSAS DO RUDO EM AMBIENTE FECHADO

    Gerges (1992) e Bies e Hansen (2003) citam que alm das causas do rudo

    devem ser consideradas outras variveis presentes em ambientes fechados, que

    influenciam na propagao sonora, como no ambiente industrial, as quais assumem

    comportamento de anlises complexas na propagao sonora no ambiente, tais

    como: a forma geomtrica do ambiente, a absoro acstica, reflexes e difraes

    das vrias paredes, tetos e elementos internos, fontes sonoras, seus espectros e

    diretividade, posio das fontes, efeitos das aberturas nos ambientes, etc.

    3.4 MEDIDAS PARA CONTROLE DO RUDO INDUSTRIAL

    De acordo com a OMS (1980), os nveis de rudo industrial podem ser

    reduzidos ou limitados pelo controle da emisso. A ao mais eficiente contra o

    rudo excessivo reduzir o rudo na fonte. A indstria dispe de tecnologia para

    controlar o rudo e solucionar muito dos problemas tpicos que crescem com o uso

    de maquinrios. Geralmente a ao mais eficaz reprojetar ou substituir

    equipamentos ruidosos, porm se isto no for possvel, uma reduo significativa

    dos nveis de rudo pode ser obtida pela modificao estrutural e mecnica das

  • 34

    mquinas, ou pela utilizao de abafadores, isoladores de vibraes e

    enclausuramento da mquina, Beranek (1971) e Mags (1978) apud OMS (1980).

    Saliba (2001) especifica que as medidas para controlar a emisso do rudo

    so basicamente de trs maneiras distintas: na fonte, na trajetria e no homem. Por

    hierarquia as medidas de controle na fonte e na trajetria devero ser prioritrias

    quando viveis tcnica e economicamente.

    3.4.1 Medidas para controle do rudo gerado na fonte.

    Conforme afirmam Bies e Hansen (1999), Gerges (1992), Saliba (2001) e

    Maia (2002), devem-se ser adotadas medidas de controle sempre na fonte,

    utilizando mquinas e equipamentos silenciosos. Porm, por razes tcnicas,

    econmicas e de processos, nem sempre possvel. Em funo disto, para se

    atenuar existem medidas que podem ser adotadas, principalmente aquelas que

    visam o controle do rudo gerado por causas mecnicas, em funo de montagens

    incorretas das mquinas e equipamentos no local onde esto instalados. Abaixo

    esto discriminadas algumas destas medidas que podem ser adotadas na linha de

    produo:

    Isoladores de vibrao: esta medida adotada para isolar as vibraes da

    fonte que so transmitidas atravs das superfcies das edificaes onde esto

    instalados. recomendada a utilizao de isoladores, blocos de inrcia e

    materiais de amortecimento como borracha. Estas medidas alm de

    atenderem ao controle do rudo, tambm contribuem para um funcionamento

    mais adequado do equipamento, em funo de evitar desgastes mecnicos

    pela vibrao das peas e engrenagem.

    Enclausuramento: a medida comumente utilizada para atenuar o rudo

    gerado por equipamentos, tais como: motores, compressores, ventiladores,

    pressurizadores de gs ou vapores. Os dispositivos de enclausuramento

    podem atuar como supressor, atenuador ou como desvio do rudo,

  • 35

    redirecionando-o para locais distantes de reas a serem protegidas do rudo.

    Na utilizao desta medida deve ser levada em conta a ventilao do

    equipamento para no ocorrer o superaquecimento, evitando assim que

    aquele venha a ser danificado.

    Cmaras atenuadoras: so utilizadas para atenuar as turbulncias do ar

    dentro do duto e vibraes da tubulao. Estes rudos so causados por

    variaes da seco do duto ou por sua rugosidade superficial interna. O

    maior rudo causado por fontes pneumticas reside no escape do gs sob

    presso. A turbulncia decresce pela diminuio da seo dos dutos.

    Lubrificao das mquinas e equipamentos: os lubrificantes so utilizados

    para atenuar o rudo de frico entre as partes mecnicas dos equipamentos.

    Portanto, a manuteno preventiva e peridica deve ser uma rotina na

    indstria, alm de se evitar os custos com reparos nas manutenes

    corretivas dos equipamentos e custos com a parada da produo.

    3.4.2 Medidas para controlar o rudo na propagao entre a fonte e o receptor.

    Em muitas situaes, quando as medidas de controle do rudo na fonte no

    so eficazes, em funo das caractersticas das fontes geradoras do rudo, a

    soluo modificar o caminho da transmisso do rudo ou modificar o caminho entre

    a fonte de rudo e o receptor. Para isto, a primeira medida a ser adotada

    determinar os trajetos de transmisso e classific-los em grau de importncia relativa

    ao incmodo, a partir desta classificao devemos passar a considerar medidas que

    visem controlar o rudo na sua trajetria de propagao, as quais so descriminadas

    a seguir (BIES e HANSEN, 1999):

    Barreiras acsticas: as barreias devem ser colocadas para separar a

    mquina do meio que a rodeia, evitando que o som se propague diretamente

    at o receptor. Estas barreiras quando tratadas apropriadamente com material

    absorvente podem atenuar os nveis do campo de reverberao do rudo,

  • 36

    aumentando ainda mais a absoro total do rudo no local onde esto

    instaladas. As barreiras so ditas como uma forma de enclausuramento

    parcial, por reduzir o som irradiado em uma nica direo.

    Paredes duplas: esta medida deve ser adotada quando se deseja obter

    grande perda de transmisso de rudo. Na construo de paredes duplas as

    paredes devem ser mecnica e acusticamente isoladas uma da outra tanto

    quanto possvel. A isolao mecnica pode ser feita pela montagem das

    paredes em separado e desconectada uma da outra. Enquanto que a

    separao acstica normalmente feita pelo distanciamento entre uma

    parede da outra, to distante quanto possvel. O intervalo entre as paredes

    deve ser preenchido com material absorvente, assegurando-se que estes

    materiais no formem uma ponte mecnica entre as paredes. Para melhores

    resultados os painis devero ser isotrpicos.

    3.5 O PLANEJAMENTO DO CONTROLE DO RUDO NA FONTE

    De acordo com Saliba (2001), a fase mais apropriada para o controle do

    rudo na fonte no planejamento das instalaes industriais, pois possvel

    escolher os equipamentos com menores nveis de emisso de rudo e planejar e

    dimensionar o laioute mais adequado. Porm, a adoo destas medidas dever ser

    cuidadosamente estudada e planejada para que no sejam alterados princpios de

    funcionamento de mquinas e equipamentos.

    3.6 CONTROLE DO RUDO NO RECEPTOR

    Quando as medidas de controle do rudo na fonte ou trajetria no sejam

    possveis, por dificuldades tcnicas e de processos, momentneas ou permanentes,

    deve-se adotar medidas de proteo para reduzir a exposio do trabalhador. Estas

    medidas podem ser de carter coletivo ou individual. As medidas de carter

  • 37

    individual devem ser adotadas em caso extremo e nunca como primeira ou nica

    medida.

    3.6.1 Medidas coletivas de controle

    Segundo Alexandry (1978), aps terem sido esgotadas sem sucesso as

    aes para o controle do rudo na fonte, deve-se avanar para uma etapa adicional

    buscando limitar a exposio coletiva dos trabalhadores no local onde o nvel de

    rudo elevado. As medidas de controle coletivas so mais amplas do que as

    medidas precedentes para controlar o rudo na fonte. Estas envolvem o local de

    trabalho, medidas da organizao para reduzir o nmero dos trabalhadores

    expostos, o tempo de exposio dos trabalhadores e a avaliao dos meios pela

    qual a exposio ocorre. Somente aps esta anlise as medidas seguintes podem

    ser adotadas:

    Local de trabalho: Revestir o teto com material absorvente, restringir a

    entrada de trabalhadores que no desempenham tarefas naquele local.

    Organizao do trabalho: Utilizar mtodos de trabalho que requeiram menos

    exposio ao rudo, limitar o tempo de jornada de trabalho nos ambientes

    ruidosos e limitar o acesso s reas de trabalho ruidosas.

    Equipamento de trabalho: Avaliar como o equipamento de trabalho est

    instalado e onde se encontra, pode fazer uma grande diferena exposio

    de rudo dos trabalhadores. Qualquer medida de controle do rudo deve ser

    considerada. Quando as medidas para o controle do rudo criam dificuldades

    para que os trabalhadores realizem suas tarefas, as medidas podem ser

    modificadas ou removidas, por se mostrarem ineficazes.

  • 38

    3.6.2 Medidas individuais de controle

    Alexandry (1982) enftico em considerar que somente quando todas as

    medidas para controle e reduo do rudo na fonte tenham sido executadas e ainda

    assim tenham se mostradas ineficazes, deve se lanar mo dos equipamentos de

    proteo individual, isto , o protetor auricular (tipo plug ou abafador). O protetor

    auricular pode ser muito eficaz, mas difcil de selecionar o tipo correto de proteo

    auditiva para determinados locais de trabalho e a sua utilizao correta por longos

    perodos de tempo, de modo que o trabalhador o mantenha e trabalhe eficazmente.

    Alm de que, a utilizao do equipamento proteo individual pode se tornar

    incmoda. Portanto, alguns pontos devem ser examinados nos trabalhadores ao

    utilizar a proteo auricular:

    assegurar-se que a proteo auricular escolhida adequada para a faixa de

    freqncia e durao do rudo. Ser compatvel com outros tipos de

    equipamentos de proteo utilizados.

    os empregados devem ter uma participao ativa na escolha da proteo

    auditiva apropriada de modo que possam selecionar a soluo mais

    confortvel.

    muitos trabalhadores, tais como operadores de empilhadeiras e operadores

    de cmara, que utilizam proteo auditiva do tipo abafador necessitam

    freqentemente de uma comunicao com cancelamento ativo do rudo, para

    assegurar uma comunicao desobstruda e para minimizar riscos do

    acidente.

    o protetor auricular dever ser corretamente armazenado e mantido.

    deve ser dado treinamento ao trabalhador sobre o porqu da necessidade da

    utilizao do protetor auricular, como deve ser usado, e como armazenar e

    mant-lo.

    .

  • 39

    3.7 MEDIDAS ADICIONAIS PARA O CONTROLE DA EXPOSIO AO

    RUDO

    3.7.1. Participao dos trabalhadores

    Tregenza (2005) dispe que alm das medidas para o controle do rudo, os

    trabalhadores devem receber a informao e treinamento para ajudar-lhes a

    compreender e tratar dos riscos de rudo relacionados exposio laboral. Isto deve

    cobrir:

    os riscos enfrentados, assim como as medidas tomadas para elimin-los ou

    reduzi-los.

    os resultados da avaliao de risco e medies de rudo, incluindo uma

    explicao de seu significado.

    medidas de controle de rudo e de protetores auriculares.

    porque e como detectar e relatar sinais de danos na audio.

    os trabalhadores quando nomeados como vigilantes da sade devem saber a

    finalidade de suas tarefas no ambiente laboral.

    Consultar as entidades de classe uma exigncia legal, e ajuda a assegurar

    que os trabalhadores esto comprometidos com os procedimentos de segurana e

    sade e suas melhorias. Com ajuda dos seus conhecimentos asseguram que

    eventuais riscos e perigos so corretamente reconhecidos e solues viveis so

    executadas. Os representantes dos trabalhadores tm um papel importante neste

    processo. Os empregados devem ser consultados em medidas de sade e de

    segurana antes da introduo da tecnologia nova ou dos produtos.

  • 40

    3.7.2. Monitorao regular dos riscos

    As empresas devem verificar regularmente se as medidas de controle

    adotadas para atenuar ou neutralizar o rudo atendem as normas e so eficazes.

    Dependendo do grau de exposio ao rudo, os trabalhadores tm direito

    assegurados por legislao trabalhista que regulamenta a segurana e medicina do

    trabalho. Onde isto ocorre, os registros individuais da sade devem ser mantidos e

    as informaes devem ser disponibilizadas aos trabalhadores. O ganho com o

    conhecimento da vigilncia de segurana do trabalho deve ser usado para rever os

    riscos do rudo e as medidas de controle do rudo. Finalmente, necessrio impor

    verificaes externas para determinar que as medidas executadas para controlar o

    rudo no local de trabalho esto realmente funcionando. O tipo e a freqncia desta

    monitorao e reviso dependero do local de trabalho e da natureza exata dos

    riscos enfrentados, e a legislao de cada pas pode ter as exigncias especficas a

    respeito da vigilncia da sade. No caso brasileiro estes critrios so especificados

    pela NR-9 PPRA, aprovada pela Lei n 6.514 de 22 de dezembro de 1977 e

    regulamentada pela Portaria n 3.214 de 8 de junho de 1978 do Ministrio do

    Trabalho e Emprego, que estabelece que a monitorao deve ocorrer uma vez ao

    ano ou se caso ocorra uma modificao nas condies de trabalho. A fiscalizao

    aleatria e realizada pela Delegacia Regional do Trabalho.

  • 41

    4 O SISTEMA AUDITIVO

    O sistema auditivo humano altamente sensvel e suscetvel a diversos

    fatores, alm do rudo, que podem causar danos de modo irreversvel. Dentro deste

    contexto, neste captulo buscou-se analisar o funcionamento deste rgo, com uma

    abordagem fsica mostrando sua anatomia delicada e a maneira como ele atua como

    um transdutor capaz de captar as ondas sonoras e transform-las em um sinal

    eltrico, alm de mostrar outros fatores que podem contribuir na perda auditiva,

    como o processo natural de envelhecimento do ser humano. Como o enfoque

    estabelecido nesta pesquisa se d em nvel da Engenharia de Segurana do

    Trabalho, isto , no respeito tcnica e aos limites de tolerncia para a exposio ao

    rudo laboral estabelecidos em Lei, os aspectos fisiolgicos aqui abordados so

    ilustrativos, sem a pretenso de adentrar rea mdica ou fonoaudiolgica. A

    relevncia deste captulo para orientar a Engenharia existncia de outros fatores

    que podem contribuir na perda auditiva, independentemente da exposio ao rudo

    de modo insalubre, mas tambm, que ao interagir com este, potencializar os seus

    efeitos sobre a audio. Desta forma o diagnstico dos danos auditivos tem

    relevncia somente com a avaliao da Medicina do Trabalho.

    4.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO OUVIDO HUMANO

    O ouvido humano um rgo altamente sensvel que atua como um

    transdutor, capaz de captar ondas sonoras e transform-las em sinal eltrico, que

    atravs do nervo acstico gera no crebro a sensao sonora. De acordo com

    Bonaldi (2004), o aparelho auditivo constitudo por trs partes distintas: orelha

    externa, orelha mdia e orelha interna, como podemos observar na figura 8, cada

    uma delas tem uma funo especfica.

  • 42

    Figura 8 - Corte esquemtico do aparelho auditi