O Corpo é de plástico? -...

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CIA BONITA coletivo de dança O Corpo é de plástico? Projeto apresentado ao Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura ProAC ICMS Área: Dança Proponente: Daniel Santos Costa CPF: 326.825.638-48

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CIA BONITA – coletivo de dança

O Corpo é de plástico?

Projeto apresentado ao Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura – ProAC ICMS

Área: Dança

Proponente: Daniel Santos Costa

CPF: 326.825.638-48

CIA BONITA – coletivo de dança

Resumo:

A única finalidade do saber adulto é permitir que a criança que mora em nós, continue a brincar.

(Rubem Alves)

A presente proposta apresenta um projeto de pesquisa, investigação

e criação de espetáculo de dança. Pensando numa proposta de hibridismo de

linguagens entre a dança, o teatro, a produção audiovisual, a literatura e cultura

popular, o espetáculo que será criado, através de material coletado e

sistematizado em pesquisas com pessoas idosas e de manifestações

populares do Brasil, apresentará uma resultante coreográfica com estética da

dança e cultura popular brasileira. O espetáculo será voltado pra todas as

faixas etárias possibilitando a difusão de trabalhos de dança e atividades de

difusão da cultura popular brasileira, memória e dança com a colaboração de

um site desenvolvido especificamente para esse fim – um espaço para difusão,

promoção, desenvolvimento de atividades, publicação de textos, sons, vídeos e

imagens e estabelecimentos de parcerias virtuais para consecução dos

objetivos deste projeto durante seu desenvolvimento e já prevendo novos

desdobramentos do mesmo.

CIA BONITA – coletivo de dança

Descrição:

“O corpo é de plástico?” é um projeto que resulta de diversas

experiências no campo da cultura popular e criação em dança. Inserido no

universo da cultura popular brasileira, mais especificamente nas manifestações

de Folia de Reis e com a sistematização de espetáculos de dança com esta

abordagem, esta proposta consolida a criação artística fundamentada em

experiências incrustadas no corpo e em materiais compilados – artigos, livros,

criação artística, palestras, cursos, oficinas, workshops, etc. Desse modo, o

projeto, trata-se de continuidade dessas atividades desenvolvida em anos

anteriores.

Com a atual proposta pretende-se que alunos e professores de

escolas municipais da cidade de Campinas entrem em contato com a obra, e

que esta possa atuar como atividade de formação de público. Além disso, as

atividades de contrapartida serão oferecidas como oficinas práticas para alunos

e workshop de formação para os professores.

Através da sistematização dos materiais já colhidos e da pesquisa

durante os dois primeiros meses do projeto será desenvolvida a dramaturgia

do espetáculo de dança. Os textos serão adaptados para a linguagem cênica e

coreográfica. Todo material coletado em campo também será editado para

postagem no site que será desenvolvido especialmente para acolher esses

materiais. A proposta é de difundir os materiais que darão origem ao

espetáculo de dança, além de possibilitar o acompanhamento do processo de

criação. Dessa forma, o site vinculará materiais em rede, tais como:

Vídeos editados com pessoas idosas e manifestantes de

folias de reis.

Imagens de pesquisas de campo;

Imagens do processo do espetáculo;

Ideias em desenvolvimento para o processo criativo;

CIA BONITA – coletivo de dança

Croquis, esboços e rascunhos de ideias, figurinos, cenários,

trilha sonora.

Agenda de eventos e do processo do trabalho;

Espaço de notícias para divulgação de eventos com a

temática: cultura popular, memória e dança.

A construção de uma plataforma virtual também possibilita a criação

de laços virtuais com outras instituições para a continuidade de pesquisas e

produções artistas vinculadas ao tema. A proposta desse espaço virtual

ganhará desdobramento através das parcerias e garantirá espaço de difusão

da arte e da cultura popular brasileira – produção e divulgação de textos,

estabelecimento de rede de contatos, produção de vídeos, documentários,

divulgação de materiais com a temática, postagem de vídeos de espetáculos

de dança que verse a temática; memória e cultura popular.

Com a construção da plataforma virtual, provisoriamente intitulada;

“memórias em rede”, o processo criativo do espetáculo será registrado e em

partes, divulgados ao acesso global através da internet possibilitando um

contato direto com o público e divulgando as ações futuras do projeto.

A temática Cultura Popular, Memória e Dança já é temática

bastante difundida pelo artista e pesquisador Daniel Costa em suas produções.

Este novo projeto é uma tentativa de escavar mais a fundo a memória

incrustadas no corpo, deflagrada através do contato com histórias orais

coletadas com pessoas idosas. Diante da deflagração dessas memórias, a

temática abordada será sobre os “brinquedos e brincadeiras”. Na tentativa

de elucidar a importância das brincadeiras corporais em detrimento dos

brinquedos eletrônicos e de plástico na sociedade atual, o espetáculo

construirá a dramaturgia do espetáculo de dança rememorando histórias

compartilhadas por mestres e pessoas idosas que vivenciaram outros modos

de brincar, que através da oralidade ganham força e presença.

Revivendo fatos como a lembranças da própria infância no cerrado

brasileiro, onde o corpo estava presente nas brincadeiras, como o jogo de

tacos, as cirandinhas, o pique-pega, o esconde-esconde, o balança caixão e

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tantas outras brincadeiras, além de vincular importância aos clássicos da

literatura brasileira como “Meu pé de laranja lima”, de José Mauro Vasconcelos

e Menino de Engenho, de José Lins do Rego, o proponente munido de sua

bagagem vivenciada e pesquisa criará juntamente com a competente equipe

proposta neste projeto um espetáculo com temática que possa tocar todo tipo

de público e que leve a reflexões sobre as memórias que estão incrustadas no

corpo e que possam vir à tona no contato com a obra coreográfica ou no

contato com os matérias que serão disponibilizados em rede.

Paralelamente á elaboração do espetáculo de dança será

sistematizada uma cartilha (descrição completa em orçamento da editora

Komedi em anexo) que será distribuída como programa de espetáculo e

conterá informações sobre o processo da pesquisa e criação artística,

divulgação da plataforma virtual, textos pertinentes ao tema e texto do

espetáculo;

As atividades de contrapartidas serão realizadas visando parcerias

com instituições públicas de educação, seja na apreciação estética do

espetáculo ou na vivencia prática de oficinas e workshops para professores.

CIA BONITA – coletivo de dança

Objetivos:

A criação de espetáculo de dança voltado para a diversidade de

público e com temática na cultura popular brasileira;

Apresentação do espetáculo para alunos da rede municipal de

ensino em espaços culturais da cidade de Campinas – Centro Cultural Casarão

do Barão, Casa de Cultura Fazenda Roseiras e Universidade Estadual de

Campinas.

Divulgação em espaço virtual e criado especificamente para este

fim, materiais coletados em manifestações populares denominado –

“Memórias em rede” – espaço para difusão de trabalhos com temáticas na

cultura popular, memória e dança.

Realização de atividades de formação para alunos e professores;

Elaboração de material em formato de cartilha/livreto – que

apresentará fotos do processo de elaboração e criação do espetáculo, histórias

coletadas em campo, releases, descrições e demais informações pertinentes

ao projeto.

CIA BONITA – coletivo de dança

Justificativa:

As manifestações populares brasileiras, presentes na cultura popular, são consideradas como uma forma de consciência, através dos saberes e da experiência das pessoas que a vivem. Desta forma, estas manifestações encontram sua representação no homem do povo que a vive e transmite, através de suas experiências de vida acumuladas e da herança cultural de seus antepassados. (MELCHERT, 2007)

O amplo contato com os mestres e foliões da cultura popular

evidenciou em suas atividades rituais e cotidianas, o corpo como lugar onde as

experiências e saberes são incrustados e tornam-se conhecimento. É através

dos corpos íntegros e expressivos, que na cultura popular e tradicional

acontecem a transmissão dos saberes e continuidade da manifestação. Diante

disso, o tema dessa pesquisa faz um paralelo com a história dos brinquedos e

brincadeiras diante da evolução da indústria do plástico.

De forma lúdica e coreográfica o espetáculo será construído com

equipe de profissionais que contribuam significativamente para elucidação da

temática. O corpo de plástico é uma alusão ao corpo contemporâneo

“artificialmente” construído em experiências legitimadas e massificantes. Ao

passo que, os brinquedos de plástico ganharam lugar no mercado consumidor,

as brincadeiras corporais são deixadas de lado. A proposta do espetáculo, que

pretende ser bastante interativo, promoverá a importância das brincadeiras

corporais e coletivas contribuindo para formação do corpo íntegro e expressivo

desde a infância. Através da prática corporal podemos vivenciar experiências

significativas, que gerarão autoconhecimento e poderão ser estímulos para

novas possibilidades de interatividade e desenvolvimento corporal.

O Filósofo Ghiraldelli Jr (2007) 1em seu livro O corpo – filosofia e

educação, evidencia que o corpo ganha uma dimensão visual na sociedade

contemporânea, onde o cuidado está intrinsecamente relacionado a

deflagração de um corpo vazio. É nesse sentido que Jacques Gleiser (2007)

1 GHIRALDELLI JR., Paulo. O corpo: filosofia e educação. São Paulo: Editora Ática, 2007.

CIA BONITA – coletivo de dança

2discursa sobre a capacidade do ser humano fabricar seu próprio corpo,

através das extensões das ferramentas manuais, transferindo para objetos

técnicos as funções do cérebro. Diante desse ponto de vista a estrutura

corporal estaria cada vez mais privada das experiências corpóreas/sensíveis

do movimento, de sua propriocepção, que seria “o conjunto dos

comportamentos perceptivos que concorrem para este sexto sentido que hoje

recebe o nome de sentido do movimento ou cinestesia” (SUQUET, 2009, p

515-516).3

É também no início do século XX que a dança experimenta a

eclosão da propriocepção, onde suas faculdades perceptivas estão afloradas

em paisagens que se deflagram no âmbito da modernização. É resultado do

corpo em convulsão com a sociedade. Conforme afirma Soares (2000), é a

partir dos percussores da dança moderna que surge a necessidade de colocar

o corpo como experiência e processo, tirando-o da condição de mero

instrumento. A dança contemporânea vem arraigada, então, num pensamento

onde o corpo é o próprio processo. Katz (2005)4, por exemplo, define a dança

como “o pensamento do corpo”. Em Greiner (2005),5 nos é apresentado um

compendio sobre as principais teorias do corpo, reforçando a ideia da

possibilidade do corpo como campo de estudos. Entendemos aqui que os

corpos, no contexto da dança na cultura popular, estão à margem de alguns

dos imperativos sociais na sociedade urbana e, por conta disso, desenvolvem

modos particulares de expressão; estes, por sua vez, se tornam indícios de um

esforço de integridade que acompanha esses corpos tanto no momento da

expressão – atividades rituais – quanto nas atividades cotidianas. Diante disso,

lançaremos olhares para a questão da emergência do corpo na

contemporaneidade, através do próprio corpo que dança, em confluência com

os corpos dos mestres populares. A criação do espetáculo dar-se-á através

2 GLEISER, Jacques. A carne e o verbo. In: SOARES, Carmem (org.). Pesquisas sobre o

corpo. Campinas: Autores Associados, 2006. 3 SUQUET, Annie. O corpo dançante: um laboratório da percepção. In: CORBIN, Alain et al.

História do corpo: as mutações do olhar. Vol. 3. Petrópolis: Vozes, 2009. 4 KATZ, Helena. Um, dois, três: a dança é o pensamento do corpo. Belo Horizonte. FID, 2005

5 GREINER, Christine. O corpo: pistas para estudos indisciplinares. São Paulo: Annablume,

2005.

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desse encontro e da hibridização de linguagens como o teatro, a produção

audiovisual e a literatura.

Adentrar a criação nesse tema é pertinente ao diálogo e

possibilidade de discutir a importância das brincadeiras corporais para o

desenvolvimento da criação. Prova disso são nossas memórias mais remotas

vinculas a essas práticas.

Se tomarmos como exemplo, a boneca é um brinquedo milenar, e

credita-se o seu aparecimento aos primórdios da existência humana. Ela

sobreviveu ao tempo e ainda hoje encanta meninas e meninos que disfarçam o

interesse por elas nos brinquedos com heróis de plástico estimulados pela

indústria cultural que vende a imagem da força e poder nas aventuras dos

desenhos animados.

Na ampulheta do tempo vamos encontrá-las por aí, bonecas

anônimas, frutos dos materiais próprios de cada lugar, feitas de barro, panos,

casca de árvores, madeira macia, louça, sabugo- de- milho e hoje em sua

ascensão, produto da mídia no mercado, do plástico ao silicone numa profusão

de formas e aspirações refletindo desejos de consumo e sucesso.

Hoje o quintal se transforma em quarto, garagem, pátio ou

parquinhos, que tal estender essas possibilidades de brincar com a dança, ou

dançar de brincar? São possibilidades múltiplas de retomar esses tempos

partidos ou de criar possibilidades não mais presentes no cotidiano da

infância. Uma possibilidade que agrega envolvimento de crianças, jovens e

adultos.

O brinquedo e a brincadeira permitem fazer uma releitura do real e

do imaginário da criança, cujos símbolos e significações podem ser entendidos

como suporte de uma representação.

Hoje em dia a cirandinha já não atrai; no entanto, bem pouco tempo

atrás, era uma atividade espontânea, vistas nas ruas e praças, pátios e festas

de casa. Havia um tempo para cada coisa: de empinar pipa, de jogar pião e

biloca (bola de gude), o das cirandinhas...

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O avanço tecnológico e seus frutos, como por exemplo, os meios de

comunicação de massa, determinam e modificam o uso do espaço e do tempo.

Nessa modificação de espaço e tempo a internet possibilita inúmeras

possibilidades de parcerias. Com isso não nega-se a importância do

desenvolvimento tecnológico, mas o unimos na tentativa de cuidar do

enriquecimento da imaginação, de novas processualidades e possibilidades

criativas.

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Cia Bonita – coletivo de dança

A “Cia Bonita” é um coletivo de dança fundada em 2007, com o objetivo

de reunir e confluir ideias, práticas, saberes e experiências entre seus membros, e

entre integrantes colaboradores. Mais do que uma companhia que atue na somente

na produção de espetáculo queremos apoiar e propagar novas ideias, concepções,

projetos, criações, intervenções...

O coletivo é integrado por: Camila Cois, Daniel Costa, Karine Coldibelli,

Thais Goes, e conta com colaboração de diversos artistas – Igor Martins, Tiago

Bassani e Tatiana Benone, Viviane Palandi, Rosana Baptistella, entre outros.

Realizações recentes:

O corpo masculino na dança: relações entre arte gênero e homoerotismo.

Projeto premiado pelo ProAC 2010/2011 - Programa de Ação Cultural do

Estado de São Paulo.

1º Encontro de Cultura Popular, Memória e Dança – com apresentação de

Folia de Reis, Lançamento do Livro: “Histórias e Memórias de Folias de Reis”

(Daniel Costa) e apresentações dos espetáculos de dança : Onde os Ventos se

encontram...” (Camila Cois, Tatiana Benone e Thais Goes).

Giros e Chegadas 2009/2010 – com a coordenação de Daniel Costa, este

projeto envolveu realização de diversas atividades no universo da cultura

popular, da memória e da dança contemporânea. O projeto foi apoiado pela

Secretaria do Estado de São Paulo através do Programa de Ação Cultural

2009.

Jornada Teatral Itinerante – projeto de intercâmbio cultural entre o Grupo Já

de Teatro (Jaguariúna/SP) e o Teatro Vianinha/Ponto de Cultura Arte

Educando (Ituiutaba/MG) aprovado pelo edital Areté – apoio a eventos culturais

em rede (2010) sob a coordenação de Daniel Costa e Juliana Freitas.

Oficina de Dança Brasileira e Preparação Corporal de Atores, ministrada

por Daniel Costa – Realizada no Espaço Cultural do Grupo Já, Jaguariúna/SP

CIA BONITA – coletivo de dança

com apoio do Programa de Intercâmbio e Difusão Cultural do Ministério da

Cultura (2010).

1ª Mostra de Dança da Casa do Teatro (Amparo) – a Cia Bonita, em parceria

com a Casa do Teatro de Amparo e a Cia Arteatrando realizou a mostra de

dança contemporânea com apresentação de seu repertório coreográfico e

artistas convidados.

Fragmentos Coreográficos – desde 2007, o coletivo Cia Bonita vem

apresentando diversos fragmentos coreográficos e distintos espaços de cultura:

Apresentação de dança na Casa do Teatro (Amparo/SP)

Apresentação no Espaço Semente (Campinas/SP)

Apresentação no Prédio Básico da Unicamp (Campinas/SP)

Apresentação durante a reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o

progresso da ciência)

Apresentação durante o Festival Arte Viva (Águas de Lindóia/SP)

Apresentação no projeto Arte no Intervalo na ONG Patrulheiros (Campinas/SP)

Fotos de produções recentes:

CIA BONITA – coletivo de dança

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Contatos: [email protected]

Blog: http://cia-bonita.blogspot.com