O CORPO IDEAL É O SEU - Hospital Alemão Oswaldo Cruz · a vontade de entrar em forma a qualquer...

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REVISTA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ + O TRABALHO QUE EU QUERO HOME OFFICE, COWORKING, ECONOMIA COLABORATIVA E CRIATIVA: OS NOVOS CAMINHOS DA VIDA PROFISSIONAL L E V E ED. 9 DEZ 2018/JAN 2019 REVISTA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ DEZ 2018/FEV 2019 A VONTADE DE ENTRAR EM FORMA A QUALQUER CUSTO PODE REPRESENTAR RISCOS SÉRIOS PARA A SAÚDE – INCLUSIVE A MENTAL. EM TEMPOS DE CULTO AO CORPO, ESPECIALISTAS ALERTAM PARA OS EXCESSOS E ENSINAM: A MELHOR FORMA FÍSICA É A QUE NOS FAZ BEM O CORPO IDEAL É O SEU RECOMEÇO ELES FIZERAM TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E DESCOBRIRAM NOVAS FORMAS DE OLHAR A VIDA ESCREVER PARA O OUTRO A JORNALISTA E ESCRITORA ANA HOLANDA FALA SOBRE A ESCRITA AFETUOSA, QUE ACOLHE E PROMOVE O ENCONTRO

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REVISTA DO HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ

+O TRABALHO QUE EU QUEROHOME OFFICE, COWORKING, ECONOMIA COLABORATIVA E CRIATIVA: OS NOVOS CAMINHOS DA VIDA PROFISSIONAL

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A VONTADE DE ENTRAR EM FORMA A QUALQUER CUSTO PODE REPRESENTAR RISCOS SÉRIOS PARA A SAÚDE – INCLUSIVE A MENTAL.

EM TEMPOS DE CULTO AO CORPO, ESPECIALISTAS ALERTAM PARA OS EXCESSOS E ENSINAM: A MELHOR FORMA FÍSICA

É A QUE NOS FAZ BEM

O CORPO IDEAL

É O SEURECOMEÇO

ELES FIZERAM TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS E DESCOBRIRAM NOVAS

FORMAS DE OLHAR A VIDA

ESCREVER PARA O OUTROA JORNALISTA E ESCRITORA ANA HOLANDA FALA SOBRE

A ESCRITA AFETUOSA, QUE ACOLHE E PROMOVE O ENCONTRO

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uando você olha no espelho, o que vê? Está satisfeito com o que ele reflete? Se sua res-posta for não, vamos a uma nova pergunta: por que você não está feliz com seu corpo?

Apesar de termos citado o espelho, pes-quisas indicam que é outro o reflexo que, cada vez mais, aumenta nossa frustração: o das telas de smartphones. Segundo um estu-do da Universidade de Bristol, na Inglaterra, imagens expostas nas mídias sociais influen-ciam a obsessão pelo corpo e fazem com que as pessoas – principalmente as mulheres,

vale dizer – se sintam mal consigo mesmas. Tema da nossa matéria de capa, a jornada pela forma física

perfeita pode acarretar consequências sérias e de longo prazo para a saúde do corpo e da mente. Conversamos com pessoas que já viveram extremos e encontraram seu ponto de equilíbrio e trouxemos especialistas para debaterem o assunto – não só do ponto de vista da saúde, mas também do da autoestima e do au-toconhecimento, afinal, conectar-se consigo mesmo é o primeiro passo para se aceitar.

E, falando em conexões, trazemos nesta edição uma conversa especial com a jornalista Ana Holanda sobre a escrita afetiva. Ela, que dá cursos em todo o Brasil, compartilha com a LEVE seus pro-cessos e adianta: escrever é um ato de coragem e de humanidade. Adjetivos estes que, inclusive, descrevem as histórias de Christia-ne, Luis, Arlindo e Pedro, que passaram por transplante de órgão e, hoje, encaram a vida de outra forma.

Ainda nestas páginas, homenageamos em dobro o aniversário de São Paulo: indicamos passeios próximos à natureza para quem quer desbravar o verde (sim, ele existe!) da capital e, com a ajuda do chef Alexandre Ribeiro, fizemos uma versão mais saudável de uma receita bem paulistana: o virado à paulista. Para completar a comemoração em grande estilo, o chef foi selecionar os ingredien-tes no Mercado Municipal de São Paulo, o famoso Mercadão.

Leia também nesta LEVE sobre câncer de pele, os benefícios da dança para a saúde do corpo e da alma e os novos caminhos pro-fissionais, viaje para os berços da humanidade e para a intrigante capital da Mongólia. Entre no novo ano com o escritor Marcelino Freire, que nos brinda com uma bela crônica sobre começos.

Boa leitura!

Um abraço,Equipe da revista LEVE

QEditorial

2 LEVE 09 . DEZ 2018/FEV 2019

CEO Douglas Monteiro Editora-Chefe Alana Della Nina Editor Marcos Diego Nogueira Diretora de Arte Flavia Hashimoto Produção Paula Barradas Produção Gráfica Sérgio Almeida Projeto Editorial Alana Della Nina Projeto Gráfico Danilo Costabile

Colaboram nesta edição: Texto Ana Luiza Silveira, Débora Rubin, Fabiana Albanesi, Henrique Farias, Luisa Alcantara e Silva, Marcelino Freire, Pedro Pinhel, Peu Araújo, Rodrigo Cardoso e Túlio Custódio Foto Claus Lehman, Gustavo Scatena e Marcos PachecoIlustração Erika Onodera, Marquetto e Raquel BotelhoRevisão Kiel PimentaTiragem 10.000 exemplaresContato: [email protected]

Apoio Editorial Rafael Peciauskas, Rafaela Rosas e Sílvio César Carvalho

CONSELHO DELIBERATIVO

Presidente do Conselho DeliberativoJulio Muñoz KampffVice-Presidente do Conselho DeliberativoMarcelo Lacerda Soares Neto

ConselheirosBernardo WolfsonEdgar Garbade Lidia GoldensteinMário ProbstMark Albrecht EssleRonald Schaffer Ronaldo Lemos

CONSELHO FISCALPresidente do Conselho FiscalMichael LehmannVice-Presidente do Conselho FiscalErnesto Niemeyer ConselheirosWeber PortoBeate Chrisitne Boltz Kurt HupperichCharles Krieck

CEOPaulo Vasconcellos BastianSuperintendente de Desenvolvimento HumanoCleusa RamosSuperintendente AssistencialFátima Silvana Furtado GerolinSuperintendente MédicoDr. Antonio da Silva Bastos NetoDiretor ClínicoDr. Marcelo Oliveira SantosVice-Diretor ClínicoDr. Gilberto Turcato Junior Superintendente de Inovação, Pesquisa e Educação Kenneth Nunes Tavares de Almeida Superintendente de Responsabilidade SocialAna Paula Pinho

COMITÊ EDITORIALCleusa RamosFátima Silvana Furtado GerolinDr. Antonio da Silva Bastos Neto

GERÊNCIA DE MARKETING E COMUNICAÇÃO Melina Beatriz Gubser

Coordenação Editorial Michelle Barreto

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Sumário

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6 ColunasEstar Bem Túlio Custódio filosofa sobre as razões por trás das nossas metas e resoluções

Comer BemA nutricionista Fabiana Albanesi fala sobre os benefícios dos sucos e dá dicas de como consumi-los

8 Por AíComemore o aniversário de São Paulo no meio do mato: selecionamos cinco redutos verdes na cidade e nos arredores

11 InovaçãoUma pulseira de papel que indica o momento de sair do sol, um espelho inteligente que gera relatórios sobre a pele e uma caneca que deixa a bebida sempre na temperatura ideal

12 CuradoriaO premiado quadrinista Marcelo D’Salete nos inspira com suas dicas culturais

14 CapaQuais os limites da chamada corpolatria – o culto ao corpo perfeito? Especialistas e pessoas que já passaram por situações diversas em busca da boa forma debatem o tema

22 HorizontesBelos e misteriosos, esses impressionantes sítios arqueológicos contam muito sobre as origens da nossa civilização

26 ConversaA jornalista e escritora Ana Holanda fala sobre a escrita afetuosa – uma maneira de se comunicar que estimula a escuta e o acolhimento

32 Em MovimentoDançar para o corpo e para a alma: descubra os benefícios dos diferentes tipos de dança para a saúde física e mental

36 Na Cozinha O chef Alexandre Ribeiro foi ao Mercado Municipal de São Paulo – o Mercadão – escolher ingredientes fresquinhos para fazer a releitura saudável de uma receita paulistana típica: o virado à paulista

40 Especial SaúdePrevenir o câncer de pele é simples – e vai além de usar o protetor solar. Saiba mais sobre esse tipo de câncer, seus sintomas e a importância da prevenção e do diagnóstico precoce

46 DescobertasVida profissional: o que o futuro reserva para nós? Mapeamos as diferentes formas de trabalho em um mercado em constante evolução

52 DestinosExótica, colorida e contrastante, Ulaanbaatar, capital da Mongólia, mistura templos e monumentos milenares a uma natureza exuberante e a um centro urbano em acelerado desenvolvimento

56 Mentes CuriosasO corpo sente e fala: conheça os sintomas físicos que as diferentes emoções provocam

58 Experiências que TransformamChristiane, Luis, Arlindo e Pedro contam como o transplante mudou suas vidas

62 Por Dentro do HospitalAs novidades do Hospital Alemão Oswaldo Cruz

66 CrônicaO escritor Marcelino Freire dá boas-vindas ao novo ano com uma reflexão poética sobre começos e recomeços

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8NO DIGITALEste ícone indica que a matéria que você está lendo também tem vídeo na LEVE digital. Baixe já! O aplicativo gratuito está disponível para iOS e Android.

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Comer Bem

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AFrequentemente, nós tentamos resolver as coisas perguntando sobre

seus COMOS e O QUÊS, mas muito pouco sobre seus POR QUÊS. Precisa-mos lembrar que a razão pela qual realizamos algo diz não apenas sobre nós, mas sobre o sentido dessa proposta no mundo. Hoje, fala-se muito de propósito de maneira individual, mas o ponto é: propósito é sempre sobre o que está em torno de nós. Propósito é sobre o outro, sobre o mundo que nos cerca. Responder o POR QUÊ de uma ideia é exatamente explicar seu sentido como legado para os outros.

Minha trajetória tem sido responder a essa pergunta, sempre usando o conhecimento como base. Seja como sociólogo, curador, na Escola Comum ou em meus textos e palestras: compartilhar conhecimento com as pes-soas, lembrando sempre POR QUE faço, atuo e crio iniciativas.

Gosto de resgatar a palavra ubuntu, de origem africana, pois seu sentido nos ensina o seguinte: “Sou porque nós somos”. Ou seja, a construção é coletiva. Portanto, um mundo de novas ideias e iniciativas bem aplicadas – tiradas, enfim, do papel – é um mundo onde essas mesmas ideias conseguem responder POR QUE e, ainda, POR QUEM elas vieram.

São ricos em vitaminas e minerais, ajudam a desintoxicar o organis-mo, protegem o sistema imunológico, melhoram a saúde do intestino – e, consequentemente, a pele e o humor –, dão mais disposição e auxiliam no controle do peso.

Incorporar à rotina o hábito de consumir sucos, especialmente no ve-rão, ainda contribui para a hidratação do organismo, já que eles contêm bastante água. O ideal é variar as preparações também na forma de smoo-thie – mais concentrado que o suco e que pode levar em sua composição, além de frutas variadas, iogurtes, sementes, folhas e outros alimentos saudáveis. Alterne sempre os ingredientes, dando preferência aos alimen-tos frescos e típicos da estação, o que garante o potencial nutritivo deles.

Com tantos benefícios, não há razão para que os sucos fiquem de fora da nossa alimentação, mas vale ressaltar algumas dicas para consumi-los de forma adequada: não adoçá-los, não coá-los – assim, as fibras presentes ajudam na saciedade, melhoram o trânsito intestinal e ajudam a controlar a absorção de açúcar no organismo – e consumi-los logo após o preparo – dessa forma, não perdem nutrientes e vitaminas. E lembre-se: mesmo su-pernutritivos, os sucos não substituem a refeição. Eles são complementa-res e devem ser introduzidos em uma dieta saudável, podendo ser consu-midos sozinhos, entre as refeições ou dentro de uma estratégia nutricional adequada, respeitando a individualidade de cada um.

SSA É A PERGUNTA DE 1 MILHÃO DE REAIS, EM UM MUNDO QUE VALORIZA DUAS COISAS: IDEIAS E DINHEIRO. MAS QUAL A IMPORTÂNCIA DESSA PERGUNTA, AFINAL? EU RESPONDERIA COM OUTRA: QUAL A IMPORTÂNCIA DE ESSA IDEIA SAIR DO PAPEL?

LÉM DE SABOROSOS E REFRESCANTES, OS SUCOS NATURAIS SÃO IMPORTANTES ALIADOS PARA QUEM BUSCA UMA VIDA MAIS SAUDÁVEL E, ATÉ MESMO, PARA A PREVENÇÃO DE ALGUMAS DOENÇAS.

TÚLIO CUSTÓDIOSociólogo, curador de conhecimento na Inesplorato e cofundador da Escola Comum

FABIANA ALBANESIGraduada em nutrição pela Universidade

Metodista de Piracicaba, é especialista em Obesidade e Emagrecimento,

pós-graduada em Prescrição de Fitoterápicos e Suplementação Nutricional Clínica e Esportiva

ECOMO TIRAR UMA IDEIA DO PAPEL? SUCO PARA A SAÚDE

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Por Aí

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• Bons programas para aproveitar o melhor de São Paulo

O verde da capitalPouca gente sabe, mas São Paulo preserva alguns trechos preciosos de Mata Atlântica. No mês do aniversário da cidade, recomendamos alguns

lugares onde dá para respirar um ar mais puro sem ir muito longe

POR PEDRO PINHEL

Horto FlorestalO Parque Estadual Alberto Löfgren – mais conhecido como Horto Florestal – é a principal referência de área verde da Zona Norte de São Paulo. Localizado ao pé da Serra da Cantareira, possui 187 hectares de área, sendo 35 destinados ao público. Além de uma rica representatividade de Mata Atlântica, o parque abriga uma grande área de lazer, lagos, bicas e uma incrível fauna, com destaque para tucanos, maritacas e esquilos.Rua do Horto, 931, Horto Florestal.Entrada gratuita.ambiente.sp.gov.br/hortoflorestal

Jardim BotânicoLocalizado no bairro da Água Funda, na Zona Sul da capital, o Jardim Botânico tem uma área de 360 mil metros quadrados ocupada por fauna e flora exuberantes: estufas, lagos, belos jardins, como o Jardim de Lineu e o Jardim dos Sentidos, e animais raros, como o macaco bugio, espécie ameaçada de extinção, e diversas espécies de aves. Outros programas a se fazer por lá são a Trilha da Nascente do Riacho do Ipiranga, piquenique no Jardim das Esculturas e o Museu Botânico, que conta com um catálogo de mais de 6.500 espécies de plantas. Av. Miguel Estéfano, 3.031, Vila Água Funda.Ingressos: R$ 5 (estudantes) a R$ 10 (público geral)jardimbotanico.sp.gov.br

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Pico do JaraguáDo alto de seus 1.135 metros, é o ponto mais alto da cidade. A vista é impressionante: são mais de 50 quilômetros de visibilidade, dependendo das condições meteorológicas, que podem ser admirados do mirante no topo do pico. Para acessá-lo, é preciso caminhar por cerca de 2 quilômetros pela estrada turística do parque. A subida pode ser feita de carro também, mas o passeio a pé é mais interessante. O Pico do Jaraguá fica dentro do Parque Estadual do Jaraguá, na Zona Oeste da cidade.Rua Antônio Cardoso Nogueira, 539, Vila Chica Luisa. Entrada gratuita.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/parques-e-reservas-naturais/parque-estadual-do-jaragua

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Inovação

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• Novidades que tornam a vida mais prática e saudávelPor Aí

Parque Ecológico do GuarapirangaMais novo dos roteiros, o Parque Ecológico do Guarapiranga foi inaugurado em 1999 na Zona Sul da cidade, com o objetivo de preservar a fauna e a flora da região, além de instigar o interesse pela natureza nas mais de 370 mil pessoas que o visitam anualmente. Ao longo de 250 hectares, é possível percorrer trilhas e explorar o Museu do Lixo e o Núcleo de Educação Ambiental, que disponibiliza oficinas relacionadas ao tema.Estrada do Riviera, 3.286. Entrada gratuita.parqueguarapiranga.sp.gov.br

A Vila de Paranapiacaba tem sua origem em 1860, com a construção da estrada de ferro São Paulo Railway, que

ligava São Paulo ao porto de Santos. Muito próxima à cidade, escondida no alto da Serra do Mar, a vila é um

verdadeiro tesouro de arquitetura inglesa. Uma clássica estação de trem é o ponto central do passeio, que pode

ser feito em uma bem conservada maria-fumaça. Há ainda opções de camping e trilhas com guia pela Mata Atlântica.

Informações sobre o passeio de maria-fumaça:cptm.sp.gov.br/sua-viagem/ExpressoTuristico

Vila de Paranapiacaba

Imagine um café que não esfria nunca? Com a caneca inteligente Ember, é possível deixar sua bebida preferida sempre na temperatura ideal. Pelo smartphone ou manualmente, você pode controlar o medidor e programar suas bebidas favoritas. Portátil e fácil de manusear, a caneca vem com bateria com duas horas de duração e carregador. US$ 150,00. ember.com

Sempre no pontoImagine se, todos os dias, seu espelho pudesse fornecer avaliações sobre a sua pele? Essa é a ideia do HiMirror Plus, o espelho inteligente com câmera de alta resolução que tira fotos do rosto e analisa as características e os tipos de pele. Além de enviar um relato com as considerações, o gadget também sugere soluções de cuidados de acordo com a avaliação – poros, manchas, ressecamento, oleosidade etc. O HiMirror Plus ainda ajuda na aplicação de maquiagem para diferentes ocasiões, já que é dotado de iluminação de LED que simula cinco diferentes cenários: pôr do sol, dia ensolarado, escritório iluminado, local de festa e supermercado. US$ 278,95. himirror.com

Espelho mágico

Bateria com duas horas de duração

Basta girar o disco na parte inferior da caneca para ajustar

a temperatura

Tampa à prova de vazamentos

Possui conexão sem fio à internet, dispensando cabos

Tem capacidade de armazenamento de

14 mil imagens

Luzes de LED simulam diferentes cenários de iluminação

Estar atento ao nível de exposição solar ao longo dia é fundamental, mas nem sempre uma tarefa fácil, já que, em geral, só lembramos que exageramos ao sentir a pele arder. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade RMIT, na Austrália, desenvolveram uma pulseira de papel que indica quando é hora de ir para a sombra. Foi a luta pessoal contra a deficiência de vitamina D que levou o professor Vipul Bansal, que liderou o estudo, a desenvolver os sensores de mudança de cor que vêm em seis variações – cada um representando um tom diferente da pele humana. O funcionamento das pulseiras é supersimples e didático: elas têm quatro emojis que mudam de cor quando são expostos à radiação ultravioleta. Quando o quarto emoji “aparece”, é hora de sair do sol. rmit.edu.au/news/all-news/2018/sep/wearable-uv-sensors

De olho no solSensores adaptáveis às necessidades

específicas de cada pessoa

Amigável para crianças, facilitando a conscientização sobre

a exposição adequada ao sol

Design de baixo custo permite a produção em massa dos sensores

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SÉRIES

Memórias de um quadrinista

O QUADRINISTA, ILUSTRADOR E PROFESSOR MARCELO D’SALETE teve muito o que comemorar em 2018: a edição norte-americana de sua história em quadrinhos Cumbe (traduzida para o inglês como Run for It) levou o Eisner Awards na categoria melhor edi-ção americana de material estrangeiro. Foi a primeira vez que um brasileiro foi reconhecido com esse prê-mio, que é considerado o Oscar dos quadrinhos.

Na obra, D’Salete apresenta um retrato particular da luta dos negros contra a escravidão em um Brasil colonial. Além do Eisner, Cumbe – também publicado em Portugal, França, Áustria e Itália – foi indicado ao HQMIX 2015, ao prêmio Rudolph Dirks Awards 2017, na Alemanha, e selecionado pelo Plano Ler+, programa de incentivo à leitura em escolas de Portugal.

Para a LEVE, ele dá suas indicações culturais de li-vro, séries, filmes e música, além de sua grande espe-cialidade, os quadrinhos. Confira a seguir.

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FILMES

QUADRINHOSGRIGRIS“O diretor Mahamat-Saleh Haroun, do Chade, obteve imagens especiais de cada um de seus personagens em uma narrativa ímpar. Vale conhecer toda a sua obra, em geral ambientada no Chade.”

JOGADOR Nº 1Steven Spielberg investe em um tipo de visual completamente novo para contar a realidade do ano de 2044, quando a humanidade prefere viver a realidade virtual ao mundo real.

OITO MULHERES E UM SEGREDOA trilogia de ação e humor sobre um grupo de ladrões ganha uma vertente feminina: agora, a equipe é formada só por mulheres, entre elas Cate Blanchett, Sandra Bullock e Rihanna.

MÚSICA

WORLD’S STRONGEST MANGAZ COOMBESO ex-líder do grupo inglês Supergrass já não é mais o jovem que nos anos 1990 ficou conhecido pelo hit “Alright”. Mais maduro e longe das amarras de gravadoras, Coombes chega ao seu terceiro disco solo.

SONGS FOR JUDYNEIL YOUNGGravado durante a turnê do cantor pelos Estados Unidos em 1976, o disco traz performances acústicas de clássicos como “Heart of gold”, “Harvest” e “After the gold rush”.

A AMIGA GENIALA adaptação do primeiro livro, de mesmo nome, da famosa tetralogia da italiana Elena Ferrante, conta a saga de duas amigas em Nápoles. O processo de seleção de elenco envolveu mais de 500 adultos e 9 mil crianças, incluindo atores não profissionais e estudantes da região. Disponível no HBO Go.

THE GOOD DOCTORA série que desbancou The Big Bang Theory como a mais vista nos Estados Unidos chega à sua segunda temporada dando sequência à história de Shaun Murphy, um jovem cirurgião com autismo que vai trabalhar no prestigiado hospital St. Bonaventure.Disponível na Globoplay.

ATLANTA“A série trata de um rapper em busca de sucesso, seu produtor e um amigo obcecado por cães. Não espere nada convencional, cada episódio é uma experiência narrativa singular.”Disponível na Netflix

UNIVERSO PRETO PARALELOBA KIMBUTA“As músicas do Ba Kimbuta abordam periferia, negritude e resistência de um modo vigoroso e extremo.”

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Vencedor do Eisner Awards com a obra Cumbe, Marcelo D’Salete compartilha suas dicas culturaisPOR MARCOS DIEGO NOGUEIRA

LIVROS

JAZZTONI MORRISON“Toni Morrison é uma escritora contagiante. Sua narrativa é dinâmica e envolvente. Jazz foi meu primeiro contato com ela. É uma leitura que até hoje reverbera.” Ed. Best Seller

VIRA-LATA DE RAÇANEY MATOGROSSOUm dos artistas de maior sucesso no Brasil, o cantor recorda momentos marcantes de sua vida pessoal e profissional, partindo dos anos 1970 – quando apareceu com a banda Secos & Molhados –, passando pela relação com Cazuza, até os dias de hoje. Ed. Tordesilhas

DICADO

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POEMAST. S. ELIOTCom organização, tradução e posfácio de Caetano W. Galindo, o volume une as obras do escritor cerebral e erudito da sua primeira fase de produção – iniciada em 1917 – e o trabalho amadurecido de um autor cada vez mais divertido, que ganhou o Prêmio Nobel em 1948.Ed. Companhia das Letras

OS ÚLTIMOS DIAS DO XERIFETHIAGO OSSOSTORTOSO ilustrador paulista, autor de Tiras Ossostortos e Kombi 95, chega à sua primeira produção independente, apoiada pela plataforma Catarse. A HQ autobiográfica revive histórias em família e homenageia a nem sempre fácil relação com o pai, falecido em 2017.

OS HOLANDESESANDRÉ TORAL“Uma oportunidade incrível de observar o Brasil do século XVII, e a trajetória de judeus, portugueses, holandeses, negros africanos e indígenas no país.”

ANGOLA JANGA: UMA HISTÓRIA DE PALMARESMARCELO D’SALETEObra premiada com o Jabuti, Angola Janga conta e ilustra a história da “pequena Angola”, mais conhecida como Palmares, quilombo formado no fim do século XVI em Pernambuco e liderado por Zumbi. Tornou-se alvo dos colonizadores e símbolo de liberdade para os escravos. Ed. Veneta

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CORPOEm busca do

NA ERA DOS PERFIS FITNESS NAS MÍDIAS SOCIAIS, DAS SOLUÇÕES DE EMAGRECIMENTO MASSIFICADAS E DO CORPO PERFEITO COMO META DE VIDA, A INTENSA JORNADA PELA BOA FORMA PODE LEVAR A COMPORTAMENTOS EXTREMOS E POUCO SAUDÁVEIS. ESPECIALISTAS DEFENDEM QUE O CORPO IDEAL É AQUELE QUE ESTÁ AO NOSSO ALCANCE

POR DÉBORA RUBIN FOTOS MARCOS PACHECOPOSSÍVEL

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cada verão, a história se repe-te: a vontade de entrar em for-ma faz com que os brasileiros tentem, no último minuto, re-verter os maus hábitos de um ano inteiro. Dietas extremas, exercícios em dobro, suplemen-

tos e pílulas mágicas de emagrecimento entram na pauta do dia – e anúncios com essas soluções mi-lagrosas aparecem em todas as mídias. Quando o inverno chega, o plano de um ano da academia é deixado de lado e os quilos extras voltam. Muitos jogam a toalha. Para uma minoria, o gostinho da vida saudável torna-se um bom hábito. Para ou-tros, pode se transformar em uma busca incessan-te e perigosa para a saúde.

A jornalista e empreendedora Carolina Salgado, 37 anos, sabe o que é passar desse ponto e as con-sequências que a chamada corpolatria – nome dado ao culto exagerado ao corpo – pode trazer para toda a vida. Aos 19 anos, ela entrou em um ciclo obsessivo: queria ser magra e ter um corpo malha-do. Passou, então, a tomar remédio para acelerar o metabolismo e a malhar todos os dias – inclusive aos domingos – de duas a cinco horas por dia. Esse padrão de vida durou quase quatro anos. Do uso do estimulante, para dar energia e inibir o apetite, Ca-rolina herdou crises de pânico. Do excesso de exer-cício, uma luxação na patela que a incomoda até hoje, 15 anos mais tarde. “Logo depois engravidei e fiquei muito tempo sem fazer exercício físico”, con-ta. “Voltei a treinar só após um longo período, mas tive que escolher atividades de menor impacto por causa do joelho.”

Olhando para o passado com a devida distân-cia, Carolina entende hoje que a obsessão com o corpo escondia diversas outras questões. Depois de viver com a mãe por toda a vida, ela tinha ido morar com pai, que era ausente. Para a jornalista,

a solidão e a responsabilidade por si própria con-tribuíram para essa escolha. Naquele tempo, em que sua dieta era à base de barra de proteína e vi-tamina com leite desnatado, quando os resultados começaram a aparecer, ela continuava insatisfeita e seguia na malhação pesada. “Parecia que eu ti-nha sido abduzida”, recorda.

ESPELHOS DIGITAISCarolina viveu a paranoia em um tempo em que ainda não existiam as redes sociais. A TV e as re-vistas, no entanto, já cumpriam esse papel de ma-nual do que as pessoas – em especial as mulheres – deveriam (ou ao menos deveriam querer) ser. Mas a situação piorou. “A internet democratizou a pressão pela busca do corpo perfeito”, diz a psicó-loga Joana de Vilhena Novaes. Há mais de 20 anos pesquisando o tema, a professora da PUC-Rio, onde é coordenadora do Núcleo de Doenças da Bele-za, explica que, com o Facebook e o Instagram, as pessoas passaram do papel de observadoras e admiradoras de celebridades para protagonis-tas. “Não se cobra mais que você siga a dieta da estrela da TV que saiu na capa da revista. Agora você tem que ser a estrela da sua rede e postar suas fotos fitness.”

A massificação da exposição acirrou a neces-sidade de ser belo. O corpo, mais que nunca, tor-nou-se um capital, conceito usado por Joana. “A mensagem que fica é: só é feio quem quer ou você só é gordo porque não gerencia bem seu próprio corpo”, diz. “O que é bem perverso porque os cor-pos são muito diferentes entre si e, no caso da obe-sidade, por exemplo, os profissionais de saúde sa-bem que ela é multifatorial.” Quanto mais se cobra um corpo perfeito, mais a obesidade se torna uma epidemia – um dos paradoxos dos tempos atuais. “Mais de 50% da população está com sobrepeso”, destaca a Dra. Tarissa Petry, endocrinologista do

Voltei a treinar só após um longo período. Até hoje,

sigo buscando um caminho mais

equilibrado”Carolina Salgado,

jornalista e empreendedora

QUANDO O EXCESSO DE SAÚDE VIRA DOENÇAA obsessão por só se alimentar de forma saudável o tempo todo tem nome: ortorexia. E pode virar uma doença quando começa a comprometer a vida social e, principalmente, a saúde: a pessoa prefere não comer a consumir algo que não considera saudável. Isso pode levar a uma deficiência de nutrientes e, em consequência, à anemia e a doenças mais graves.

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Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A médica tem um hábito curioso: entrar em anúncios de remédios milagrosos – e suspeitos – nas redes sociais para ver quantas pessoas cur-tem e comentam. “É espantoso, vejo um monte de gente marcando outras pessoas”, conta. No dia a dia, em seu consultório, ela conta que rece-be pacientes que também buscam soluções rápi-das para emagrecer. A psicóloga Graça Maria de Carvalho Câmara, também do Hospital, sabe bem do que a Dra. Tarissa está falando. São anos lidan-do com pacientes que já tentaram de tudo e estão cansados da eterna pressão do verão: dietas da moda, remédios sem credibilidade, entre outros. “Fora o clássico: estou sem comer faz três dias e não emagreço”, diz a psicóloga. A busca pelo cor-po perfeito, nas mãos de profissionais como Taris-sa e Graça, vira a busca pelo corpo possível, com direito a escuta, acolhimento e ajuda no caminho do autoconhecimento. E vale anotar: a dobradinha clássica alimentação saudável e atividade física se-gue sendo imbatível.

BELEZA NA PONTA DA FACAO Brasil é conhecido como o segundo país que mais faz intervenções cirúrgicas estéticas no cor-po, perdendo apenas para os Estados Unidos. Um levantamento divulgado pela Sociedade Brasilei-ra de Cirurgia Plástica (SBCP), em 2018, aponta um crescimento de 8% em cirurgias estéticas e de 390% em técnicas menos invasivas, como aplicação de toxina botulínica – o famoso botox – e preenchimentos de modo geral. Esses últimos representam quase a metade dos procedimentos. As mulheres são a maioria desse público.

Viviane Angélica Mol, 31 anos, analista de segu-ros, é uma das brasileiras que optaram por, usando o jargão popular, entrar na faca. Frustrada por não conseguir perder a barriga, fruto de duas gestações, com dieta e academia, decidiu encarar a abdomino-plastia e sonhava, em seguida, com uma lipoaspira-ção. Com 1,58 metro e 62 quilos, ela não tinha com o que se preocupar – o IMC (índice de massa corporal) estava dentro do considerado saudável e não havia outros problemas de saúde como colesterol alto ou

diabetes. Era uma questão puramente estética, mas mexia com a autoestima e Viviane achou que era hora de encarar a cirurgia. “O médico acabou me convencendo a fazer ‘dois em um’ e mexer também no seio por um bom preço”, conta ela.

O resultado agradou, mas trouxe outras ques-tões. “Tenho sentimentos conflitantes: por um lado, fiquei feliz de me ver livre da barriga, por ou-tro, olho para a cicatriz e sinto que tirei uma parte da minha história, da pós-gravidez”, diz. Isso sem contar os efeitos colaterais: ela ganhou um incha-ço incômodo que ainda está sendo investigado e o peso, ao contrário de baixar, subiu mais três nú-meros no ponteiro da balança. Viviane ia fazer a lipoaspiração, mas desistiu. Segue na reeducação alimentar e na academia todos os dias.

“A cirurgia plástica não é algo simples, deve ser pensada com calma e muito conversada com o pro-fissional que fará o procedimento”, recomenda o Dr. Carlos Alberto Komatsu, cirurgião plástico que atende no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Todo o cuidado se justifica: o paciente precisa estar ciente dos riscos e da real necessidade da cirurgia – ain-da que seja para elevar a autoestima, o que não é pouca coisa. “Se algo está incomodando e impe-dindo a pessoa de viver sua plenitude, a cirurgia pode ser simples, mas causa um efeito enorme na vida dela”, defende o Dr. Komatsu.

FELIZ CORPO NOVOCada corpo é único, e é esse o olhar da Dra. Taris-sa e da psicóloga Graça no Centro Especializado em Obesidade e Diabetes. Mas alguns balizadores são fundamentais na análise médica. “Sobrepeso, colesterol e diabetes são indícios que precisam ser avaliados com muita atenção”, diz a endo-crinologista. “No entanto, há muita gente com sobrepeso que está com a saúde boa. Nesses ca-sos, vale olhar como a gordura está distribuída pelo corpo porque é a visceral, a do abdômen, a que mais preocupa.” A maior parte dos pacientes atendidos no Centro tem entre 35 e 60 anos, mas um público crescente desperta a atenção das pro-fissionais: os adolescentes. Com o corpo ainda em formação, correm mais riscos quando tomam pí-lulas com substâncias desconhecidas, hormônios,

Por um lado, fiquei feliz de me ver livre da barriga, por outro, olho para a cicatriz e sinto que tirei uma parte da minha história”Viviane Mol, analista de seguros

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Capa

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e fazem treinos forçados. “Hormônios podem fa-zer o eixo hormonal parar de funcionar, e o corpo entende que não é preciso mais fabricá-los. No caso dos homens, por exemplo, pode acontecer de parar de produzir testosterona e passar a fa-bricar estrogênio, desenvolvendo mamas”, expli-ca a Dra. Tarissa.

Para Graça, é muito importante, ao longo do processo terapêutico, entender o momento de aceitação de si próprio e os limites que cada um tem. Para isso, ela trabalha com etapas, tarefas, mudanças gradativas e muita paciência. “Não fa-lamos em quilos, mas em montagem de prato, em escolhas, no prazer da atividade física e nas pe-quenas mudanças de hábito.” É um processo de desconstrução de que o corpo magro é o único saudável, e que a perda de peso gradual já pode promover muito mais qualidade de vida.

Emagrecer traz bem-estar, energia e ajuda a reduzir as doenças associadas. Não há nada de errado em tentar ser uma pessoa mais saudá-vel, o problema é quando saúde vira sinônimo de beleza. “Ao fundir os dois conceitos, temos uma série de problemas, entre eles o fato de que os próprios indicadores do que é saudável mudam. Quarenta anos atrás, uma pessoa com hábitos muito obsessivos poderia ser diagnosticada com algum tipo de transtorno de ordem psíquica. Hoje, ela é considerada um modelo a ser seguido”, ex-plica a psicóloga Joana, da PUC-Rio.

Toda essa pressão pesa muitas toneladas a mais nas costas das mulheres – são elas as prin-cipais consumidoras de dietas milagrosas, de re-

vistas com dicas fitness e das cirurgias. Isso por-que, segundo Joana, a beleza faz parte da questão identitária social da mulher: ser bela é um atributo.

Claro, os homens não estão livres dos julga-mentos sociais e muitos sobem na esteira – li-teralmente – da eterna busca pelo corpão. Mas, sem dúvida, a cobrança que eles sofrem é bem menor. O consultor de TI Pedro Bressan, 30 anos, conta que sua vontade de ter uma vida mais saudável – e se livrar de uma incômoda barriguinha – veio de dentro, e não da pressão externa para ser magro e forte. “Não cheguei a ficar gordo, mas senti que estava barrigudo e sem energia para jogar bola”, diz ele, que criou uma rotina de atividade física e dieta balancea-da aos 20 e poucos anos quando percebeu que estava se deixando levar pela sedentária e ba-ladeira vida universitária.

Praticante de crossfit, tênis, pilates e escaladas eventuais nos fins de semana, Pedro fez de tudo um pouco até achar os exercícios ideais. No início da transformação, consultou uma nutricionista que realizou o sonho de toda a vida de sua mãe: ensi-nou-o a comer salada. Hoje, ele leva marmita para o trabalho, reduziu o consumo de álcool, mas não abre mão da vida social. “Deixo para fazer um al-moço ou jantar mais exagerado quando vou sair, encontrar amigos.” Foi fácil? “Não, em especial a parte da alimentação, mas, quando vira hábito, é difícil mudar”, diz ele, que não almeja virar o ma-rombeiro da academia, mas também não quer mais ser o primeiro a se cansar na pelada com os amigos. Nada como seguir o caminho do equilíbrio.

As regras do corpo saudável• Ter uma alimentação balanceada a maior parte do

tempo, ou seja, a que inclui um equilíbrio de proteína, carboidrato e todos os nutrientes necessários

• Dizer não ao sedentarismo: não passar muitas horas sentado e praticar atividade física são fundamentais para manter o peso dentro do ideal e a energia em dia

• Conhecer bem o próprio corpo: entender que os biotipos são diferentes e que nem todo mundo vai ser magro ou forte é importante para evitar

frustrações com dietas e exercícios• Conhecer bem a si mesmo: às vezes não é o corpo

que é o problema, mas outras questões psicológicas que foram negligenciadas

• Cultivar uma rotina equilibrada: dormir bem, ter atividades de lazer e não se martirizar quando quebrar a dieta ou faltar à academia

• Beber muita água, principalmente no verão• Estar com os exames médicos em dia

Não foi fácil a adaptação, em especial a parte da alimentação, mas, quando vira hábito, é difícil mudar”Pedro Bressan, consultor de TI

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Erguida no auge do Império Khmer, em meio à densa floresta tropical do Camboja, o assentamento de Angkor é um dos sítios arqueológicos mais importantes do Sudeste Asiático. Ao longo de seus 400 quilômetros quadrados de extensão, espalham-se ruínas das diferentes capitais de Khmer, construídas entre os séculos 9 e 15. Entre as

mais famosas, destaca-se o templo de Angkor Wat, na cidade de Siem Reap, com suas esculturas luxuosas, padrões artísticos e arquitetônicos muito sofisticados, além da riqueza dos detalhes esculpidos nas pedras.

Considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Angkor Wat é o maior monumento de Angkor e um dos mais importantes do mundo, superando até mesmo a imponência das grandes pirâmides egípcias.

ONDE FICAR:No coração de Siem Reap, o Hyatt Hotel oferece luxuosas instalações e uma experiência gastronômica peculiar. Dali, é possível contratar um tuk-tuk ou alugar uma bicicleta para chegar ao templo. hyatt.com

ANGKOR WATCamboja

IMPRESSIONANTES SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS CERCADOS POR MITOS E HISTÓRIAS SEM EXPLICAÇÃO, MAS QUE NOS CONTAM MUITO SOBRE A EXISTÊNCIA HUMANA E SEU MODO DE EVOLUÇÃOPOR HENRIQUE DA COSTA

Horizontes

BERÇOS DA HUMANIDADE

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Situado na costa ocidental da Turquia contemporânea e com uma história que reconta os primórdios das civilizações – há mais de 3 mil anos a.C. –, Éfeso pode ser considerada a mais antiga cidade fundada pelos

gregos. Repleta de lendas – uma delas conta que a cidade foi fundada pelas amazonas –, carrega também fortes traços re-ligiosos, já que foi dominada por diversos povos ao longo da história, como persas, egípcios e romanos.

Local de nascimento do grande filósofo Heráclito e de outros importantes artistas, pintores e escultores, Éfeso foi um dos berços da cultura cristã, sendo inúmeras vezes citada na Bíblia e sede de uma das sete igrejas do Apocalipse. Por lá, é possível visitar a casa onde supostamente morou Maria, mãe de Jesus. Éfeso também abrigou uma das sete maravilhas do mundo antigo: o esplendoroso Templo de Ártemis, deusa da caça e da vida selvagem, considerado o mais significativo feito da civilização grega e do helenismo – do qual restaram apenas uma coluna intacta e ruínas.

ONDE FICAR:A cerca de 2 quilômetros das ruínas, em Selçuk, o Cella Bou-tique Hotel & Spa destaca-se por suas instalações moder-nas, que contrastam com os prédios históricos da cidade. turkce.cellahotel.com

ÉfesoTurquia

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Horizontes

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PersépolisIrã

Nas florestas tropicais da Guatemala, desconhecidas por sécu-los pelas civilizações modernas, encontram-se as famosas ruí-nas maias de Tikal. Diferentemente dos astecas e dos incas, os maias não possuíam capitais e, sim, cidades independentes que

se aliavam de acordo com a conveniência. Tikal foi a mais representati-va delas, tornando-se o centro populacional e cultural maia, tendo seu apogeu a partir do século 2 d.C.

Ocupando cerca de 576 quilômetros quadrados, o sítio arqueológico preserva centenas de construções antigas, incluindo seis grandes pirâ-mides que sustentam templos em seus topos. O mais famoso é o Templo de Ah Cacao (Templo I), que abriga a tumba do rei Jasaw Chan K’awil. Logo em frente, está o Templo das Máscaras (Templo II), dedicado à es-posa do rei, Kalajuun Une’ Mo, cuja tumba nunca foi encontrada.

Além dos grandes templos, ruínas, palácios e monumentos esculpidos em rochas e estádios, um enorme complexo de terraplanagem foi desco-

berto nas redondezas do Templo I, revelando traços sofisticados de uma das mais antigas civilizações que já povoaram a Terra.

ONDE FICAR:O Jungle Lodge Tikal possui confortáveis instalações e está

dentro do Parque Nacional de Tikal. junglelodgetikal.com

TikalGuatemala

Fundada pelo rei Dário I, em 518 a.C., Persépolis foi umas das mais imponentes capitais da Dinastia Aquemênida. Suas ruínas repousam no sopé de Kuh-e Rahmat, a Montanha da Misericórdia, no sudoeste do Irã. Lá eram realizadas as grandes celebrações religiosas, como o Nowruz, o Ano-Novo Zoroastra. Eleita pela Unesco um dos Patrimônios da

Humanidade, Persépolis foi símbolo de poder do Império Persa: construída em um imenso terraço – metade natural e meta-de artificial –, é até hoje uma das obras arquitetônicas mais ambiciosas já projetadas por uma civilização humana, levando mais de um século e meio para ser concluída. Edifícios palacianos e gigantescas estátuas de touros alados espalham-se pelo terraço principal, por pátios e salões imperiais. Cobertas de gravuras esculpidas à mão, enormes muralhas protegem o complexo de 13 hectares.

ONDE FICAR:No cinco-estrelas Zandiyeh, em Shiraz, a 70 quilômetros de Persépolis. De lá, a melhor opção é alugar um carro ou pegar um táxi até as ruínas. zandiyehhotel.com

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cheiro do feijão que invade a sala durante a entre-vista com a jornalista Ana Holanda, 46 anos, leva longe: aos contos que ela narra no livro Minha mãe fazia, lançado em 2017. A obra é resultado de um punhado de posts da página no Facebook de mesmo nome em que ela conta histórias pessoais mescla-das a receitas – sempre com uma linguagem leve,

que aproxima o leitor. E, como o livro, outros projetos em sua vida acabaram nascendo assim, quase sem querer. Editora da revista Vida Simples há 11 anos, Ana lota salas Brasil afora com seu curso sobre escrita afetuosa. As aulas surgiram de forma orgânica – depois de se apresentar em um festival onde falou sobre sua forma de escrever, um ouvinte passou a insistir para que ela criasse uma aula sobre o tema – e a levaram a novos lugares inesperados. Ana tornou-se em-baixadora e professora da The School of Life e fez 10 mil pessoas chorarem com suas palavras no TEDx São Paulo, em 2017. Recente-mente, lançou seu segundo livro, Como se encontrar na escrita – O caminho para despertar a escrita afetuosa em você. Nele, Ana fala sobre se entregar ao texto em um “momento em que as pessoas es-tão conversando, mas não estão ouvindo”, como costuma dizer. Em tempos em que a maior parte da comunicação entre as pessoa se dá pela escrita – seja via redes sociais ou WhatsApp, seja pelo quase ob-soleto e-mail – e que temos cada vez mais dificuldade em conseguir falar e também escutar, Ana defende que precisamos olhar para o outro ao escrever.

À LEVE, a jornalista fala sobre a escrita como forma de entrega e encontro. Confira a seguir.

OA JORNALISTA ANA HOLANDA ENSINA, EM AULAS PELO BRASIL, A ARTE DA ESCRITA AFETUOSA – UMA MANEIRA SIMPLES E VERDADEIRA DE SE COMUNICAR, QUE, COMO ELA DIZ, SE PERPETUA EM QUEM LÊ, TRAZ CONHECIMENTO E PROMOVE O ENCONTRO, TÃO EM FALTA NOS DIAS DE HOJE

POR LUISA ALCANTARA E SILVA FOTOS CLAUS LEHMAN

SOBREO OUTRO

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Como surgiu sua relação com a escrita?Nunca fui de falar muito quando criança, e a es-crita veio na adolescência como uma forma de expressão. Mais até que escrever, sempre fui de observar. Na época de prestar vestibular, escolhi medicina, porque admirava meu pai, médico. Não passei e fui fazer cursinho, onde tomei contato com uma forma de ensinar diferente. Comecei a me encantar por matérias de humanas. Prestei Direito, mas, já no início do curso, não me vi como advogada. Estava entendendo que meu grande barato era conversar, essa coisa da observação ligada à escrita.

Qual foi o momento em que você sentiu o im-pulso para trabalhar com a escrita?Tive um professor de direito que, sem saber, foi um divisor de águas. Ele me deu nota 5 em uma prova em que eu sabia tudo e fui questioná-lo. Ele disse que, sim, acertei tudo, mas não tinha usado a lin-guagem jurídica. Ali pensei: ‘Não quero fazer algo em que vou ter que me expressar de um jeito que as pessoas não entendem’. Voltei ao cursinho, fui fazer jornalismo, e me encontrei. Era um monte de gente

interessada por gente, que gostava de escrever, de falar. Só que a faculdade também pode ser limitado-ra para quem é apaixonado pela escrita, porque ela começa a impor regras, a dizer que o incrível está no extraordinário, e não no cotidiano. Mas, ao mes-mo tempo, foi uma porta de entrada para o merca-do, e comecei a trabalhar durante o curso.

Nesses primeiros anos de trabalho, você já es-crevia dessa maneira afetiva?Isso sempre foi uma característica minha. Tive chefes que consideravam uma qualidade, enquan-to, para outros, era um demérito. ‘Você é muito sensível’, diziam. Mas sempre achei que, quando a gente conversa com as pessoas, tem que saber perceber além do que elas falam.

E como exercer esse tipo de escrita?O primeiro passo é ser bom observador. Isso tam-bém te ajuda a ir mais longe na conversa, porque, às vezes, a porta de entrada para você quebrar aquela barreira com a pessoa está nas nuances, nos detalhes do outro. Está em você se interes-sar pelo outro. A gente vive um momento em que as pessoas estão conversando, mas não estão ouvindo. Faço um exercício na minha aula que é, em duplas, um aluno pergunta e o outro respon-de. Quem pergunta não pode comentar, porque, quando começamos a comentar, voltamos o foco para nós mesmos.

De onde veio esse olhar?Lembro até hoje que, quando comecei a escrever reportagens em estilo de depoimento, uma edi-tora me fez uma pergunta que foi um diferencial na minha vida. Estava fazendo uma matéria e ela me perguntou: ‘O que a entrevistada sentiu diante de tudo isso?’. Naquele momento, vi que eu não havia perguntado o essencial. E isso foi um marco para mim. Não necessariamente preci-so perguntar: ‘O que você está sentindo?’, mas o bom observador percebe a linha fina das coisas. Onde aquilo dói no outro? É na mesa que antes tinha dois pratos e agora tem um? É aí que a gen-te traduz o que é esse sentimento. Quando passo isso para o texto, começo a perceber que é nesse

“Às vezes, a porta de entrada para você quebrar aquela barreira com a pessoa está nas nuances, nos detalhes do outro”

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lugar do cotidiano – que eu chamo de ordinário – que a gente se encontra.

Como você percebeu que tinha talento para es-crever com afeto?Quando comecei a trabalhar na Vida Simples, as pessoas diziam que eu conversava com elas pelo texto. Então, comecei a tentar entender o que era um texto que conversava, e cada vez mais fui entendendo muitos elementos presentes ali. São textos que marcam o outro.

E como escrever assim nessa época de exces-so de informação?Sempre falo isso: a gente nunca produziu tanto conteúdo como hoje, mas nunca produziu tanto conteúdo descartável. Ele nasce e morre no mes-mo instante. O que é algo que você produz e que se perpetua no outro? O texto segue vivendo no outro quando ele carrega vida.

Há espaço para esse tipo de texto em qualquer meio de comunicação?Em qualquer veículo e em qualquer editoria, inde-pendentemente se é um texto técnico, sobre um assunto difícil.

Como nasceu o projeto Escrita Afetuosa?Há quatro anos fui convidada para falar no Fes-tival Path como editora da Vida Simples. Eu po-deria falar sobre qualquer tema, e decidi abor-dar algo que estava me inquietando: a escrita. Em seguida, me pediram que eu desse um título e criei o nome escrita afetuosa. Mas o que era para ser uma palestra se transformou em algo muito maior e entendi que aquilo que fazia mui-to sentido para mim, mas eu não compartilhava com receio de que parecesse ser algo bobo, tam-bém fazia sentido para o outro. Uma pessoa que me viu no Path me pediu para criar um curso so-bre a escrita afetuosa. Achei loucura, mas topei.

No dia a dia, qual é o papel da escrita?A gente não é acostumado a enxergar a escrita

por um olhar emocional, como um processo da vida. Eu tiro a escrita desse lugar da ferramenta. Porque ela é uma relação que você desenvolve com você mesmo, com o outro e com o mundo. Entendo cada vez mais que preciso compartilhar esse olhar. É uma missão porque a escrita trans-forma o outro e, a partir do momento em que a gente passa a se expressar dessa maneira, come-ça a transformar quem está ao redor.

Como ela transforma?Na conversa. Em geral, ela encontra o outro naqui-lo que a pessoa sente, mas guarda. Quando alguém lê um texto e se identifica, pensa: ‘Nossa, é isso o que eu sinto’. E aquilo passa a conversar com a pessoa e é como se ela saísse do automatismo em que vive e começasse a refletir. Não nos damos conta do quanto não estamos mais refletindo.

Por que isso está acontecendo?Porque estamos sempre com pressa. Trato disso nas aulas e no meu livro. Volte a sentir o cheiro das coisas, a andar a pé, sem celular. As pessoas me dizem que querem escrever um livro porque acabaram de fazer o caminho de Santiago de Compostela. Falo que você pode escrever sobre isso, mas a escrita começa todo dia. Quando você vai escovar os dentes, garan-to que o jeito como você guarda sua escova dá dez caminhos de história. Sobre relação, pro-crastinação… Quantas escovas tem ali? Uma de adulto, uma de criança? A escova está velha? Você pode começar a falar sobre o amor sem teorizar sobre ele, pode começar a falar sobre o amor a partir do dia a dia, de algo que está na vida do outro também. O outro começa aí.

Quais são os elementos da escrita?O texto é um exercício de coragem. As pessoas têm muito medo dessa escrita que nos mostra vulneráveis. E é também um exercício de amor e de humanidade. Porque o texto que é um encon-tro nasce em mim para continuar em você. E isso é troca, é amor, é humanidade.

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“O texto é um exercício de coragem. E é também um exercício de amor ede humanidade”

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isso está ao alcance de qualquer pessoa. “Se você não pode dançar em pé, pode dançar sentado; se tem restrições de movimento nos braços, pode mexer as pernas. Sempre há um jeito de dançar”, comenta a professora de jazz Flavia Lucato.

Além de fortalecer músculos, ossos e articula-ções, tornear o corpo, liberar as tensões e queimar calorias, a dança tem funções que, provavelmen-te, você não imagina. Uma delas é a melhora da memória, do equilíbrio e das funções cerebrais. Um estudo do Centro Alemão para Doenças Dege-nerativas de Magdeburgo, publicado no periódico

Frontiers in Human Neuroscience no ano passado, mostrou que dançar pode ajudar a reverter sinais de envelhecimento no cérebro.

Em idosos, a atividade pode contribuir no trata-mento e prevenção do Alzheimer. “Indivíduos em estágios iniciais da doença podem sentir melhora em atividades rotineiras, como se vestir, tomar banho ou comer sozinhos, porque a dança pro-move um acréscimo do autoconhecimento e da percepção corporal”, destaca o Dr. Omar Jaluul, geriatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. E não só o Alzheimer. Segundo o médico, doenças como pressão alta, diabetes, osteoporose e depressão podem apresentar melhoras com a atividade.

Para quem se dedica a aprender uma dança, cada aula é uma nova descoberta. “É quase uma meditação, pois você precisa se concentrar em seu corpo, em seus movimentos. Uma forma de estar presente no aqui e no agora”, comenta Luis Ribeiro, professor de balé clássico. “Tam-bém é um processo muito bonito, pois permite conhecer melhor o corpo, ganhar domínio dos movimentos, praticar a resiliência e descobrir novas sensações.”

Na dança, segundo ele, você pode ser quem realmente é. “Nunca vai haver dois corpos iguais. Cada pessoa se conecta com o espaço e se ex-pressa à sua própria maneira.” E esse processo é pessoal e intransferível, diz o professor. “Dançar é algo que ninguém pode fazer por você.”

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VEMBAILARMAIS DO QUE UMA FORMA DE SE DIVERTIR E MEXER O CORPO, A DANÇA TAMBÉM É UMA ALIADA NA PREVENÇÃO DE DOENÇAS E NA MANUTENÇÃO DO BEM-ESTAR E DA SAÚDE MENTALPOR ANA LUIZA SILVEIRA

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as antigas danças indígenas aos passos sincronizados dos desfiles de Carnaval; dos movimentos rí-gidos do balé clássico à liberdade da zumba; da coreografia intensa das danças de salão às improvi-sações nas pistas de baladas, a

dança sempre encontra uma forma de se mani-festar. Todas essas opções, sem exceção, têm seus benefícios – que vão muito além da pura di-versão. Corpo, mente e alma são favorecidos, e

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“Comecei a estudar balé aos 16 anos e, para mim, é quase uma ciência. Nas aulas, você passa por um processo de descoberta de si e de suas próprias capacidades, atinge outro patamar de domínio do corpo. Embora muita gente pense que as aulas são iguais, elas são sempre diferentes. Você descobre algo novo toda vez. Ganha resiliência, confiança de

que vai superar os desafios. Conecta-se com seu corpo e com o momento presente. É um momento de entrega, inteiramente seu.”

LUIS RIBEIRO, professor de balé clássico do Estúdio Anacã

“Meu sonho sempre foi ser bailarina. Quando criança, minha mãe me tirou do balé e colocou na natação. Só aos 26 anos reencontrei a dança. Embora seja uma técnica difícil, cheia

de detalhes, o balé é algo que faço com muito prazer. É lindo ver o corpo se desenhando e saber do que ele é capaz. E, quanto mais você se gosta, mais tem vontade de fazer coisas boas por si mesma.”

ANA CAROLINA DEL NERO, psicóloga

“Nadei por 14 anos antes de descobrir o jazz. Vinha de uma vida de atleta, em que é necessária certa rigidez do corpo, e estava em busca de uma atividade que me ajudasse

a liberar a mente. Vi que a dança poderia ser uma solução. Para mim, o jazz é uma terapia. Fico 100% concentrada em mim e no que estou fazendo e, com isso, deixo para trás as preocupações. Nos dias em que não consigo dançar, sinto falta, porque sempre saio das aulas me sentindo leve e livre.”

ANNA CAROLINA NEGRI, fotojornalista

“Danço desde criança. É algo que sempre fez parte da minha vida, então foi natural começar a trabalhar com isso. A dança é um processo muito rico, porque te faz olhar para dentro. E você se expõe muito. Trabalha sua segurança, sua vulnerabilidade, sua coragem de bancar uma coreografia na frente de outras pessoas. Para mim, a dança é muito generosa. Mostra suas verdades, mas também te acolhe.”

FLAVIA LUCATO, professora de jazz do Estúdio Anacã

Palavra de quem dançaDANÇARINOS INICIANTES, INICIADOS E PROFISSIONAIS FALAM SOBRE O QUE A DANÇA REPRESENTA PARA ELES

Brasil que dançaA RIQUEZA DE SONS E RITMOS EM NOSSO PAÍS VAI DAS DANÇAS FOLCLÓRICAS TRADICIONAIS AO FUNK. VEJA ONDE ESTÃO PRESENTES ALGUNS DELES

BALÉ CLÁSSICOExige força, concentração, disciplina e controle mental. Os movimentos trabalham consciência corporal, alongamento e flexibilidade, e os resul-tados se revelam em um corpo tonificado, ótima postura e um grande estado de relaxamento – fí-sico e mental.

FORRÓMelhora a coordenação motora, fortalece as per-nas, ajuda a perder peso, aperfeiçoa o equilíbrio e ainda manda embora o estresse, as tensões e a tristeza, devido à produção de serotonina, o hor-mônio do bem-estar.

JAZZA técnica usa os princípios do balé clássico, pas-sando pelo balé moderno, mas a criação dos movi-mentos coreografados é livre. Nas aulas, o físico é trabalhado intensamente, com alongamento, pos-tura e força muscular.

STREET DANCEEssa dança urbana exige passos rápidos, movimen-tos intensos e excelente coordenação motora. Pro-move, ainda, aumento do condicionamento físico, melhorando a capacidade cardiorrespiratória.

TANGOFortalece a musculatura, aperfeiçoa a coordena-ção motora e melhora a capacidade cardiovascu-lar. A prática também estimula o cérebro por meio da música, aumenta a concentração, a criativida-de e a autoconfiança.

ZUMBAUne ritmos de dança latinos, como salsa, meren-gue, mambo, reggaeton e também elementos de samba, axé e funk. Intensas, as coreografias aju-dam a perder peso, fortalecem glúteos, coxas e pernas e podem proporcionar uma queima de até mil calorias por aula.

Muito além do “dois pra lá, dois pra cá”CONHEÇA OS BENEFÍCIOS PROPORCIONADOS POR ALGUMAS MODALIDADES

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MARANHÃOTambor de crioula, tambor de mina, tambor de taboca, tambor de caroço

PERNAMBUCOXaxado, frevo, maracatu, baião

BAHIAAxé, forró, xote, xaxado, coco

RIO DE JANEIROFunk, samba, samba de gafieira, chorinho, maxixe

SÃO PAULOChorinho, sertanejo universitário, samba-rock, forró, maxixe

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Na Cozinha

PAULICEIA NO PRATO

EM HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO, O CHEF ALEXANDRE RIBEIRO FOI AO MERCADÃO BUSCAR INGREDIENTES PARA FAZER

UMA RELEITURA SAUDÁVEL DO FAMOSO VIRADO À PAULISTA

POR RODRIGO CARDOSOFOTOS GUSTAVO SCATENA esde o século XVI, o encontro

de culturas – principalmente in-dígenas e europeias – foi tecen-do na então capitania de São Paulo um jeito próprio de se alimentar. As farinhas de milho, trigo e mandioca eram os prin-cipais insumos naquela época. Durante as expedições pelo in-terior de São Paulo, região mar-

cante na formação da culinária paulista, os tropei-ros carregavam consigo carne de sol, carne-seca, farinha de milho, de mandioca e feijão cozido. Foi a partir dessa mistura que nasceu o virado à pau-lista, assim batizado porque os ingredientes eram revirados com o chacoalhar das montarias. A igua-ria, que recebeu com o passar dos anos influências como a cocção do arroz e a introdução da banana em pratos salgados – tradições de povos africanos –, é, hoje, um dos pratos de maior identidade com São Paulo, tombado como patrimônio imaterial do estado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Tu-rístico), em fevereiro de 2018.

No mês de aniversário da cidade, Alexandre Ri-beiro, chef do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, foi ao Mercado Municipal de São Paulo – o Mercadão – para

garimpar ingredientes para uma releitura mais sau-dável desse prato ícone da gastronomia paulista. “Crio receitas olhando e analisando ingredientes e produtos. E no Mercadão eles estão expostos e che-gam de praticamente todas as partes do mundo”, afirma ele, que bate ponto no local pelo menos uma vez por semana. Um marco arquitetônico da cidade inaugurado em 1933, ele abriga hoje, só para citar três tipos de comércio, empórios, peixarias e quitan-das dispostos em cerca de 300 boxes espalhados em 12.600 m2 de área construída, atraindo cerca de 50 mil pessoas por semana. É nesse espaço que tam-bém se encontram outras duas iguarias típicas de São Paulo e marcas registradas do local: o sanduíche de mortadela e o pastel de bacalhau.

Foi caminhando pelos corredores do Mercadão, dias antes de preparar o prato, que o chef do Hos-pital se inspirou nos ingredientes que tornariam a receita tradicional mais saudável. “Eu já havia decidido usar banana-da-terra e ovo poché, mas, ao olhar os boxes, tive a ideia de usar uma peça de filé-mignon suíno para fazer a linguiça artesanal, já que a processada possui uma enorme quanti-dade de sódio”, conta. Com as modificações feitas no famoso prato, essa versão mais saudável apre-senta entre 35% e 45% menos calorias do que a receita original.

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Na Cozinha

VIRADO À PAULISTA (5 pessoas)Acompanhamentos5 peças de bisteca de porco fritas5 linguiças toscanas fritas600 g de couve refogada

5 ovos fritos100 g de torresmo frito5 bananas à milanesa grelhadas500 g de arroz branco cozido

TUTU DE FEIJÃOIngredientes45 g de farinha de milho15 g de farinha de mandioca400 g de feijão cozido80 g de bacon em cubos140 g de calabresa defumada e picada3 dentes de alho picados1 cebola picada2 pimentas dedo-de-moça picadas4 ovos cozidos e picados6 g de salsinha12 g de cebolinha picada

Modo de preparodo tutuEm uma panela, doure o bacon e a calabresa. Adicione a cebola e o alho, refogue por cerca de 2 minutos e adicione o feijão. Coloque as farinhas aos poucos, mexendo bem. Finalize o processo com o ovo, a pimenta, a salsinha e a cebolinha, e sirva quente com os acompanhamentos.

BENEFÍCIOS DAS SUBSTITUIÇÕES SUGERIDAS PELO CHEF ALEXANDRE ARROZ VERMELHO X ARROZ BRANCOO arroz vermelho tem maior quantidade de proteínas e fibras em comparação ao arroz branco polido. Além desses nutrientes, o arroz vermelho também é rico em compostos fenólicos, como a proantocianidina, que têm alta capacidade antioxidante. OVO POCHÉ X OVO FRITOO ovo é um alimento rico em diversos nutrientes, entre eles cálcio e vitaminas A, D e E. Prepará-lo poché é uma das formas mais recomendáveis, com 40% menos calorias que a versão frita. FILÉ-MIGNON SUÍNO X BISTECA A bisteca suína frita tem cerca de duas vezes mais calorias do que o filé-mignon suíno grelhado. Mais ainda: possui o triplo de gorduras saturadas e quase quatro vezes mais gorduras totais. LINGUIÇA ARTESANAL X LINGUIÇA INDUSTRIALIZADAAlém de ter menos calorias e gorduras em comparação à industrializada, a linguiça artesanal é livre de realçadores de sabor, reguladores de acidez, aromatizantes e conservantes. Também não possui nitratos e nitritos, cada vez mais associados ao desenvolvimento de doenças, como alguns tipos de câncer.

VIRADO À PAULISTA – RELEITURA DO ALEXANDRE (5 pessoas)Acompanhamentos400 g de filé-mignon suíno grelhado600 g de couve refogada5 ovos poché100 g de panceta5 bananas-da-terra80 g de arroz vermelho cozido

TUTU DE FEIJÃOIngredientes45 g de farinha de milho15 g de farinha de mandioca400 g de feijão cozido80 g de panceta em cubos140 g de calabresa defumada e picada3 dentes de alho picados1 cebola picada2 pimentas dedo-de-moça picadas6 g de salsinha12 g de cebolinha picada

Modo de preparoEm uma panela, doure a panceta suína e a calabresa. Adicione a cebola e o alho, refogue por cerca de 2 minutos e adicione o feijão. Coloque as farinhas aos poucos e mexa bem. Finalize o processo com a salsinha e a cebolinha. Sirva quente com os acompanhamentos.

LINGUIÇA ARTESANALIngredientes350 g de paleta suína moída150 g de barriga suína moída1 metro de tripa suína salgada2 g de salsinha2 g de cebolinha Pimenta-do-reino em póSalMarinado de ervas a gosto

Modo de preparoTemperar a paleta e a barriga com o marinado de ervas, pimenta-do-reino, salsinha, cebolinha e sal.Misturar bem e manter em banho-maria de gelo por cerca de 30 minutos.Lavar bem a tripa e mantê-la em água por 30 minutos.Acoplar o canhão no moedor de carne, introduzir a tripa e ir colocando a massa de carne para encher a tripa. Enrolar cada parte com cerca de 10 cm.Pendurar e deixar descansar por, no mínimo, uma hora antes de grelhar.

MARINADO DE ERVAS

Ingredientes1/4 de cebola1 dente de alho1 ramo de tomilho2 ramos de alecrim6 ramos de manjericão1 ramo de sálvia100 ml de azeite de oliva

Modo de preparoHigienizar todas as ervas, separar as folhas e processar com o alho, a cebola e o azeite.

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PROTETOR SOLARPARA PREVENIR O CÂNCER DE PELE, UM FILTRO ADEQUADO NÃO É O ÚNICO ALIADO: É PRECISO ADOTAR COMPORTAMENTOS QUE REDUZEM O RISCO

POR ANA LUIZA SILVEIRA INFOGRÁFICOS ERIKA ONODERA

Achegada do verão sempre nos lembra de um cuidado importante com a saúde: o uso de filtro solar. Afinal, a intensidade dos raios ultravioleta cresce na estação mais quente do ano, aumen-tando as chances de queimaduras e lesões na pele. Mas esse é um hábito esquecido por muita gente nas outras estações – e é um dos passos mais importantes na prevenção do câncer de

pele, o tipo de câncer mais frequente no Brasil. A estimativa para este ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é de 6.260 novos casos.

A alta incidência da doença está relacionada, principalmente, à falta de cuidados preventivos. Apesar de importante, no entanto, o uso de filtro solar não é a única arma no combate à doença. “Até re-centemente, muitos médicos acreditavam que o uso dos protetores eram a principal precaução. Mas é apenas uma entre muitas”, co-menta o Dr. Luiz Guilherme Castro, dermato-oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que

Muito além do

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conta com uma equipe multidisciplinar especiali-zada em oncologia cutânea, formada por onco-logistas, dermatologistas e cirurgiões. Segundo o especialista, as “regras” para evitar a doença não devem ser generalizadas. “As pessoas não são iguais. Cada uma tem suas particularidades, características físicas e costumes, e isso deve ser levado em consideração.”

Entre as ações preventivas, de acordo com o Dr. Luiz Guilherme, estão o uso de roupas com filtro solar incorporado ao tecido, óculos escuros para proteger os olhos – que também são afeta-dos pela radiação solar – e chapéu. Isso é ainda mais recomendado para quem fica muito tempo exposto aos raios solares. Realizar algumas adap-tações na rotina também pode fazer grande dife-rença. “Se você sai para correr às 9 horas da ma-nhã, por exemplo, pode trocar para as 8 ou outro horário com menor incidência de raios ultraviole-ta”, recomenda o Dr. Luiz Guilherme.

Realizar o autoexame da pele regularmente, em busca de sinais suspeitos, é também um efi-ciente método preventivo: pode acender o alarme para que o diagnóstico seja feito precocemente, aumentando as chances de sucesso do tratamen-to. Esse autoexame precisa ser minucioso e não deve se limitar apenas às regiões mais expostas ao sol. Mãos, dedos, pés, couro cabeludo e geni-tais também podem ser afetados.

SINAIS DE ALERTAMuitas vezes, as lesões provocadas pelo câncer de pele passam despercebidas, pois podem ser confundidas com uma espinha ou um machucado. E há quem não dê atenção especial a feridas que sangram, não cicatrizam ou pintas que mudam de aparência repentinamente – estas últimas são si-nais evidentes de que há algo errado com a pele.

Em geral, os indícios da doença são mudanças Fo

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PRINCIPAIS FATORES DE RISCOÉ BOM FICAR ATENTO SE VOCÊ:• Tem grande quantidade de pintas• Tem pele, cabelos e olhos claros• Tomou muito sol ao longo da vida• Possui familiares diretos que já tiveram

câncer de pele• Já passou por transplante de órgãos ou usa

medicamentos imunossupressores• Fica frequentemente exposto ao sol ou a outras

fontes de raios UV

E MAIS:Se você possui mais de um desses fatores de risco, o cuidado deve ser redobrado. Consulte o dermatologista pelo menos uma vez por ano para checagem da pele e para receber orientações adequadas.

O QUE É O CÂNCER DE PELE?É o crescimento desordenado das células da pele. Tem origem nos queratinócitos, que são as células que fabricam a queratina ou nos melanócitos, células que produzem a melanina, substância que determina a cor da pele. Pode aparecer em qualquer parte do corpo, na forma de manchas, pintas ou sinais ou feridas que sangram facilmente e não cicatrizam.

A doença corresponde a aproximada-mente 25% dos diagnósticos de câncer no Brasil.

O melanoma, tipo mais grave e agressivo, foi responsável por 1.794 mortes de brasileiros em 2015.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca)

Melanoma

Epiderme

Derme

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na coloração e no formato de pintas já existentes ou o surgimento de novas pintas ou manchas com aparência diferente da habitual (veja como identifi-cá-las no infográfico ao lado). Ao detectar a presen-ça desses sinais, é preciso buscar imediatamente um dermatologista para fazer uma avaliação.

A suspeita surge por meio do exame clínico. Em alguns casos, o especialista realiza a derma-toscopia, exame no qual utiliza um aparelho que ajuda a visualizar camadas da pele que não po-dem ser vistas a olho nu. Quando há alguma le-são suspeita, é feita uma biópsia, ou seja, a retira-da de uma amostra do tecido para investigação.

PROTETOR SOLAR, AINDA O MELHOR AMIGOVale ressaltar que não é a exposição solar inten-sa e ocasional que provoca o câncer, e sim a acu-mulada durante a vida. Em outras palavras: cada minuto sob o sol conta.

Por isso, dentro do contexto preventivo, o uso do protetor solar é tão importante quanto nossos outros hábitos cotidianos, como escovar os den-tes. O fator mínimo recomendado, seja qual for a estação do ano, é 30 e é necessário aplicá-lo com pelo menos 20 minutos de antecedência à expo-sição solar. Em caso de suor, transpiração exces-siva ou contato com água do mar ou da piscina, o produto deve ser reaplicado – mesmo aqueles que, segundo o fabricante, não saem na água. E lembre-se: lábios, orelha, careca e nuca também são afetados e devem receber atenção especial.

TRATAMENTOS CADA VEZ MAIS AVANÇADOSEm casos menos agressivos da doença, não é mais necessária a cirurgia para retirada da lesão. Medicamentos tópicos, que podem ser aplicados diretamente na pele, e terapia fotodinâmica são alternativas eficientes, que também evitam as cicatrizes causadas pelos procedimentos cirúrgi-cos mais invasivos.

Já no caso do melanoma, um dos tipos mais graves e agressivos, que pode levar à morte, a cirurgia ainda é a opção mais indicada. “Medi-camentos biológicos também vêm apresentan-do grande sucesso no tratamento do melanoma avançado”, comenta o Dr. Luiz Guilherme, que reforça que, quanto mais cedo for feito o diag-nóstico, mais eficiente será o tratamento.

TIPOS DE CÂNCER DE PELE

NÃO MELANOMAOs dois principais tipos são:

CARCINOMA ESPINOCELULAR

• Pequenas feridas que sangram facilmente e não cicatrizam, ou formação de crostas na pele.

• A lesão pode crescer rapidamente e apresentar problemas para cicatrizar.

• Surge em áreas como rosto, dorso da mão, antebraços, ombros e lábio inferior.

• Em homens calvos, na careca e nas orelhas.

MELANOMA• Ocorrequandoascélulasqueproduzemo

pigmentodapelesetornamcancerígenas.• Ossintomasincluemmudançaemuma

pintaexistenteouaparecimentodeumnódulonapele.

• Podemaparecercoceira,sangramentoeproblemasdecicatrização.

• Éumdostiposmaisgraves,poispodeprovocarmetástase(disseminaçãodadoença)emoutraspartesdocorpo.

• Aindaassim,éraroerepresentaapenas

3%doscasos.

Fonte: Instituto Nacional do Câncer (Inca)

CARCINOMA BASOCELULAR

• Surge como um nódulo de aparência perolada sobre a pele, que pode crescer com o tempo.

• Podem ocorrer descamação, formação de crostas, sangramento e dificuldade de cicatrização.

• Em geral, aparece em áreas que estão sempre expostas ao sol, como rosto e pescoço.

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OS SINAIS QUE O CORPO DÁCom o autoexame regular da pele, você pode descobrir rapidamente a presença de possíveis lesões. Confira as

características mais comuns das pintas suspeitas:

ASSIMETRIAUma metade da pinta é diferente da outra

BORDAS

IRREGULARESBordas não regulares,

arredondadas

CORES

DIFERENTESA mesma lesão apre-senta várias tonalida-des de diferentes cores (azul, vermelha, casta-nha, preta ou branca)

DIÂMETROO sinal tem mais de 6 milímetros

EVOLUÇÃO Mudança de aparência: cor, formato ou tamanho

Fontes: Instituto Nacional do Câncer (Inca) e American Cancer Society.

NORMAL MALIGNA

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Descobertas

HOME OFFICE, COWORKING, ECONOMIA COLABORATIVA, ECONOMIA CRIATIVA E GLOBALIZAÇÃO NO MERCADO SÃO OS TERMOS EM PAUTA QUANDO FALAMOS EM CARREIRA. MAS O QUE TANTAS TRANSFORMAÇÕES REPRESENTAM PARA NOSSA VIDA PROFISSIONAL?POR PEU ARAÚJO

OS NOVOSTRABALHADORES

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e, por gerações, “subir na vida” era sinônimo de chegar ao ponto mais alto da carreira – geralmen-te representado por um cargo executivo dentro de uma gran-de empresa –, hoje, o cenário profissional vê conceitos como esse dando lugar a novos parâ-metros de sucesso e realização:

o crescimento é horizontal e compartilhado e o pa-drão “horário comercial” está sendo substituído por fórmulas alternativas, regidas por produtividade, e não por horas trabalhadas. Cada vez mais gente – de autônomos a funcionários de empresas – adota o home office (escritório em casa), empreendedo-res e pequenas empresas apostam em coworkings – ambientes que reúnem mais de uma empresa no mesmo espaço –, multinacionais gerenciam simulta-neamente escritórios em diferentes fusos horários, incentivando a globalização profissional, e outras tantas empresas tentam trazer um clima mais re-sidencial ao escritório, oferecendo ainda horários flexíveis e a possibilidade de trabalhar remotamen-te. “É uma mudança inevitável. As pessoas estão trabalhando com outras pessoas pelo mundo e as relações de trabalho saíram do escritório”, diz Amu-re Pinho, presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). “Antes, era necessário pegar um avião ou um ônibus para resolver um negócio, ou seja, estar presencialmente em reuniões e en-contros. Hoje, com a tecnologia, resolve-se tudo de qualquer lugar”, completa, pontuando ainda que, por causa disso, o ritmo de trabalho está mais inten-so e quem não acompanha esse movimento perde competitividade.

Pinho aponta as partes mais positivas desse ce-nário profissional. “As pessoas têm mais qualidade de vida, podem trabalhar de onde quiserem e conse-guem conciliar melhor vida pessoal e profissional.” Por outro lado, segundo ele, há a desvantagem de perdermos as relações com outras pessoas. “Você diminui a sensação de time, das conexões do dia a dia que, em alguns casos, são interessantes.”

Na balança, home office evita as muitas horas perdidas no trânsito, flexibiliza os horários e ofere-ce mais autonomia. O problema é que as jornadas têm se tornado mais longas e, dependendo do ne-gócio, é preciso trabalhar em tempo real com outro

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“O trabalho de um profissional autônomo costuma ser bem misturado com sua vida pessoal, então deixo o ambiente vivo e tranquilo”FLORA MIGUEL, produtora cultural e assessora de imprensa

profissional que pode estar na Europa ou na Ásia ou entregar projetos em um prazo que obedece o fuso horário de outro país. Essa nova rotina – mais informal e sem hora para acabar – pode trazer riscos à saúde. Para Danilo Faleiros, psicólogo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o gráfico ideal seria definir e equilibrar as horas de trabalho com as de sono e as de lazer, sem deixar que, por exemplo, o trabalho interfira no momento de lazer. “O traba-lho acaba consumindo o tempo de sono e de lazer, principalmente nas grandes metrópoles”, diz ele, que alerta ainda para uma consequência cada vez mais comum desse problema nos tempos atuais: a síndrome de Burnout, cujos principais sintomas são ansiedade, irritabilidade e esgotamento emocional, que traz a sensação de falta de energia.

DE LÁ PARA CÁA produtora cultural e assessora de imprensa Flo-ra Miguel, 30 anos, que já viveu diferentes cotidia-nos profissionais – trabalhou em coworking e hoje atua em casa –, dá seu parecer sobre as diferentes situações. “Em uma empresa ou coworking, você tem ao lado profissionais de outras áreas, discu-tindo ideias, produzindo coisas. Há muito mais tro-ca”, comenta. “Em casa é outro esquema, mais so-litário. Por isso, fui criando estratégias para ter a melhora exponencial do home office, já que, hoje, somos duas pessoas trabalhando todos os dias dentro de casa”, conta ela, que criou um espaço específico para o trabalho, onde recebe parceiros e clientes. “O trabalho de um profissional autôno-mo costuma ser bem misturado com sua vida pes-soal, então deixo o ambiente vivo e tranquilo para estar onde quero estar.”

A nutricionista e empreendedora Priscila Sabará, 34 anos, utiliza coworkings desde 2012 com sua em-presa, a Foodpass, plataforma que faz a ponte entre o mercado gastronômico, especialistas e consumido-res. “O coworking é a melhor opção, já que a equipe é pequena e não temos tempo nem recursos para ge-renciar um escritório. Também precisamos dessa fle-xibilidade de espaços, pois a equipe cresce em escala. Os coworkings oferecem ainda diferentes ambientes para fazermos reuniões, eventos e encontros descon-traídos.” Priscila aponta também as desvantagens. “A organização, pois nem sempre as pessoas respeitam o coletivo, e o barulho, que às vezes incomoda.”

“O coworking é a melhor opção, já que a equipe é pequena e não temos tempo nem recursos para gerenciar um escritório”PRISCILA SABARÁ, nutricionista e empreendedora

O novo mercado de trabalhoEntre setembro e outubro de 2017, o Portal TC, em parceria com Trello, Rock Content e Opinion Box, divulgou a pesquisa “O futuro do trabalho” com 740 profissionais de micros, pe-quenas, médias e grandes empresas em todas as regiões do país. Eis os resultados mais relevantes:

Olhando para os coworkings, o quadro também é de evolu-ção. Em 2013, o Brasil contabilizava 238 espaços de trabalho com essas características. Em cinco anos, o número subiu para 1.194 – 465 só no estado de São Paulo. Em 2017, foram movimentados R$ 127 milhões e 214 mil pessoas circularam em coworkings.Fo

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34,4% das empresas brasileiras incentivariam o home office

57,6% dos entrevistados estavam o tempo todo conectados ao trabalho

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“Eu nunca tinha parado pra pensar em quanto o meu trabalho era distante de mim”ROBSON GONÇALVES, marceneiro

“As mídias digitais são a ponte fundamental

entre meus saberes e quem busca por eles”

CLARICE MORAES, designer e empreendedora

NOVAS MANEIRAS DE GANHAR DINHEIROA mistura da vida profissional com a pessoal e as tecnologias cada vez mais integradas à nossa reali-dade nos levam a outros cenários, como o da econo-mia colaborativa, em que as pessoas alugam quar-tos ociosos de sua casa, o carro que está parado na garagem ou até uma roupa de festa que foi poucas vezes usada – hoje, há cada vez mais aplicativos vol-tados para troca, aluguel e empréstimo de bens en-tre pessoas físicas. Segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2016 o Airbnb, plataforma de compartilhamento de casas e quartos, movimentou a economia no Brasil três ve-zes mais que os hotéis.

Outra característica dos tempos atuais é a economia criativa. Nela, o capital intelectual e o cultural são usados para a geração de renda, va-lorizando a produção independente de artistas, artesãos e outros profissionais de áreas criativas. Hoje, cada vez mais eventos – como a Feira Plana, maior feira de publicações independentes da cida-de de São Paulo – dão espaço para o trabalho de produtores autônomos, movimentando mais uma roda da economia.

A reinvenção profissionalAssim como o terno com ombreiras, diversas profissões es-tão caindo em desuso. Algumas vêm sendo substituídas pela tecnologia e outras exigem um conhecimento digital cada vez mais profundo. Em um cenário que não para de mudar, como se reinventar profissionalmente? Clarice Moraes, 30 anos, é formada em pedagogia, atuava como produtora cultural e conciliava a carreira com os trabalhos manuais. Hoje, ela se dedica integralmente à sua marca, Cacarecos Craft, de cro-chê e outras técnicas manuais. Como empreendedora, Clari-ce conta que a tecnologia é indispensável para seu negócio. “As mídias digitais são a ponte fundamental entre meus sa-beres e quem busca por eles. Ali ocorrem trocas riquíssimas com pessoas reais do mundo todo, me possibilitando ampliar meu repertório como criadora de conteúdo”, defende.

Em busca de felicidade profissional, Robson Gonçalves, 35 anos, abandonou o escritório em 2013, depois de passar mais de uma década trabalhando no departamento pessoal de quase uma dezena de empresas, para virar marceneiro. “Eu nunca tinha parado pra pensar em quanto o meu traba-lho era distante de mim. Tinha que usar uma roupa de que eu não gostava, fazer algo com o que não me identificava”, ele conta. E define a mudança do escritório para a fábrica de forma simples: “Estou feliz”.

De olho na posturaO home office e os ambientes mais informais de trabalho po-dem se tornar vilões para a saúde do seu corpo e, por isso, é importante ficar atento à sua postura e em quantas horas por dia você passa na mesma posição. Quem faz o alerta é o Dr. Marcelo Risso, ortopedista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, que faz questão de frisar a influência do celular – uma inter-face muito comum nas profissões atuais. “Ele pode provocar dor em toda a coluna, principalmente na cervical.” O médico ressalta ainda que nem sempre o lugar mais confortável – como o sofá – é o melhor e que não há um único jeito correto de trabalhar. “Nenhuma postura é ideal por muito tempo. É importante variar.”

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NÃO SÓ DE TRADIÇÕES ORIENTAIS MILENARES É FEITA ULÃ BATOR. A CAPITAL DA MONGÓLIA DESTACA-SE TAMBÉM POR UMA INTENSA VIDA COSMOPOLITA E UMA NATUREZA EXUBERANTEPOR PEDRO PINHEL

UMA CAPITAL DECONTRASTES

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o contrário do que as bucóli-cas paisagens da Mongólia po-dem indicar, a capital do país e sua maior cidade, Ulã Bator (ou, Ulaanbaatar, em mongol), é bas-tante vibrante, moderna e em de-senvolvimento acelerado. Conhe-

cida como a capital mais fria do mundo, a cidade, que abriga cerca de metade de toda a população mongol, ganha vida durante o verão e ao longo das temporadas de clima favorável, e o que se vê pelas ruas é um rico contraste: executivos engravata-dos, nômades, punks de moicano e monges budis-tas convivendo em diversos cenários diferentes. O trânsito caótico, os comércios a céu aberto, os ar-ranha-céus que não param de subir, a intensa vida noturna, a rica culinária e os movimentos de con-tracultura misturam-se a belos monastérios budis-tas, exuberantes monumentos, museus e palácios seculares que contam a história deste país sur-preendente, além de sua forte tradição nômade, representada pelas icônicas gers – tendas de lona que abrigam famílias andarilhas da Ásia Central desde tempos remotos. O caldeirão cultural ainda é temperado pelas influências russas e chinesas, nações vizinhas à Mongólia. A seguir, conheça al-guns destaques de Ulã Bator.

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Templo-museu Choijin Lama,

monastério budista

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A principal praça de Ulã Bator foi construída em homenagem a Damdin Sükhbaatar, que, em 1921, declarou o país independente da China e passou a ser conhecido por seu povo como “o herói da revolução”. Sua estátua de bronze, montado em um cavalo, é o monumento central da praça, que também abriga a estátua do famoso imperador mongol Gengis Khan. O local já foi palco de manifestações e hoje é muito utilizado para festivais e cerimônias em geral.

Praça Sükhbaatar

Gandan KhiidPrincipal monastério budista da capital mongol, o mosteiro Gandan (abreviação de Gandantegchinlen, que pode ser traduzido para “o grande lugar da felicidade completa”), foi fundado no início do século 20, quando Ulã Bator contava com mais de cem templos. Com as depurações religiosas que dominaram o país nos anos 1930, o budismo praticamente desapareceu por lá e, apenas na década de 1990, o povo mongol voltou a praticá-lo. Hoje, o Gandan Khiid conta com mais de 600 monges.

Naran Tuul MarketTambém conhecido como Black Market, é o maior mercado a céu aberto do país, com uma infinidade de barracas que vendem de tudo um pouco – roupas, sapatos, brinquedos, trajes típicos e até joias. É lá que famílias nômades e sacoleiros de países vizinhos, como Rússia e China, comercializam seus produtos.

Memorial ZaisanUm dos principais monumentos da cidade, o Memorial Zaisan foi construído pelos russos para celebrar os “heróis e soldados desconhecidos” soviéticos que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Construído em estilo e arquitetura russos, o memorial fica em uma colina ao sul da cidade e tem uma das mais bonitas vistas de Ulã Bator.

Museu Nacional da MongóliaMaior e mais completo museu do país, está entre as principais atrações turísticas de Ulã Bator. Sua arquitetura rica e característica revela um espaço em que toda a história da Mongólia e a cultura de seu povo são retratadas, desde o período Neolítico. Um dos grandes destaques é a exposição das vestimentas tradicionais, que, inclusive, inspiraram os figurinos da saga Star Wars.

Construído na virada do século 20, foi a residência do oitavo buda da capital mongol e seu último rei, Jebtzun Damba Hutagt VIII, também conhecido como Bogd Khan. Poupado pelos russos durante as invasões, o palácio tornou-se um importante museu que abriga, em seus diversos andares, obras de arte budistas, como esculturas e thangkas (pinturas tibetanas) da época.

Palácio de Inverno do Bogd Khan

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Os sinais que a mente dá no corpo do apai-xonado são tão clássicos que viraram até lu-gar-comum de desenho animado. Sudorese, redução de apetite, frio na barriga, batimen-tos cardíacos acelerados são alguns dos sin-tomas que indicam que o amor chegou.

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Mentes Curiosas

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A ligação entre mente e corpo e como um afeta o outro é um tema que gera bastante curiosidade no meio médico. Nas últimas décadas, inten-sificaram-se os estudos e as pesqui-

sas sobre como as emoções e os sentimentos influenciam o corpo com manifestações físicas e até mesmo doenças. Há pouco mais de cinco anos, pesquisadores da Universidade de Aalto, na Finlândia, conduziram um estudo com 700 pes-soas que mostrou que as emoções mais comuns dos seres humanos – como raiva, medo, felicidade e ansiedade – desencadeiam sensações intensas em diversas partes do corpo. E o mais interessan-te: os relatos dos sintomas e suas localizações eram muito similares, provando que, independen-temente de gênero, cultura e hábitos de vida, to-dos nós reagimos fisicamente de forma parecida.

Para Danilo Faleiros, psicólogo do Hospital Ale-mão Oswaldo Cruz, a psicossomatização – termo que expressa a concepção de que sintomas físicos têm origem na mente e vice-versa – é um contra-ponto para a visão de que só a parte biológica e os hábitos afetam a saúde do indivíduo. Hoje, estu-da-se como as emoções podem influenciar tanto na definição de comportamentos de riscos (nossos hábitos de vida) como também diretamente (por

mecanismos neuroendócrinos), em doenças como o câncer e o diabetes, além de problemas gastroin-testinais, respiratórios e cardiovasculares.

E há mais elementos que interferem nessa equa-ção. “Hoje, com a tecnologia, vemos que somos muito mais do que um corpo que funciona de for-ma programada e independente”, explica Danilo. “Somos seres multidimensionais e em constante transformação. Não se trata apenas de aspectos físicos ou psicológicos. Essas dimensões associa-das às questões sociais e espirituais são capazes de influenciar inclusive no funcionamento dos nos-sos genes, do nosso DNA – as chamadas alterações epigenéticas.” O estudo contemporâneo da psicos-somatização mostra que problemas de ordem psí-quica podem se aliar a outros aspectos sociais para compor um diagnóstico. Faleiros exemplifica: uma pessoa que deixa de se alimentar adequadamente ou se queixa de dor de estômago pode ser genetica-mente mais suscetível a exacerbar preocupações, o que pode influenciar diretamente no funcionamen-to do estômago. “E o problema se retroalimenta: a preocupação causa a dor de estômago que, por sua vez, gera ainda mais estresse”, explica o psicólogo. Em ambientes de muita pressão, como os grandes centros urbanos, esses sintomas se intensificam ainda mais, contribuindo para o quadro.

ANSIEDADEFrio na barriga ou até dor de estômago são sintomas bem comuns para os ansiosos. Essa emoção pode causar também taqui-cardia, redução do apetite, boca seca, respi-ração ofegante, falta de ar e náusea.

Quando as coisas não vão bem, o corpo também se manifesta – desta vez, sem a intensidade do cora-ção acelerado e da respiração ofegante, mas, nem por isso, com sintomas mais amenos. Mudanças no apetite e no peso, fadiga, dores na cabeça e no cor-po, tensão na nuca e nos ombros e até imunidade baixa podem fazer parte do quadro de tristeza.

O famoso “frio na espinha” de quem está com medo ou em estado de alerta não é à toa: arrepios e calafrios fazem parte da resposta do corpo a situações potencialmente de risco. Sudorese exa-cerbada, palpitações, aceleração no ritmo cardía-co e até dormência e formigamento nas mãos, nos pés e no rosto também compõem o quadro físico.

FELICIDADEVem acompanhada por uma série de hormô-nios, como a dopamina e a endorfina. Como a maioria das emoções, também altera os ba-timentos, mas com uma sensação de euforia que “esquenta” o corpo todo.

RAIVAA ira gera uma descarga intensa de sen-sações – não é para menos, já que o cor-po entende que precisa se preparar para uma batalha. Um ataque de fúria pode durar pouco, mas provoca uma verdadei-ra revolução: coração disparado, suor, fluxo intenso de sangue para a cabeça e para as mãos e mandíbula cerrada. Em casos mais intensos, pode ocorrer até perda de visão periférica.

POR REDAÇÃO ILUSTRAÇÃO MARQUETTO

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SINTOMAS FÍSICOS CAUSADOS PELOS DIFERENTES ESTADOS EMOCIONAIS

O MAPA DAS

EMOÇÕES

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Experiências que Transformam

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Mensagem positivaLuis Lucio Froes Izzo, 50 anos

O administrador paulistano nasceu com uma doença congênita e, aos 25 anos, precisou ir até os Estados Unidos para fazer um transplante de fígado. A operação, que hoje pode ser feita no Brasil logo após o nascimento, fez com que ele se tornasse mais solidário

“Nasci com atresia das vias biliares, doença que atinge

o sistema hepático, e, na época, era praticamente impossível fazer um transplante de fígado no Brasil. Até os 25 anos, convivi com dor, fraqueza, falta de apetite e outros problemas, até que minha família me levou a Los Angeles para tentar a operação. Após quatro meses de espera, consegui um doador e, no dia 9 de março de 1993, passei pelo transplante. Hoje, comemoro a data como meu segundo aniversário, é um marco na minha vida. Depois dessa experiência, passei a ser mais solidário. Hoje, a cirurgia é feita ainda na infância, e sempre converso com mães e pais que precisam de um novo fígado para seus filhos. Passo mensagens de incentivo, porque eu sou a prova de que a segunda chance existe. Em 2019, inclusive, quero competir de novo no Transplant Games, torneio de jogos nos Estados Unidos apenas com pessoas transplantadas. Acho que é importante se informar, tanto se você ou alguém próximo precisa de um órgão como se você pode ser um doador.”

APÓS PASSAREM POR UM TRANSPLANTE DE ÓRGÃO, CHRISTIANE,

LUIS, ARLINDO E PEDRO MUDARAM SUAS VIDAS

E, ASSIM, ESPERAM TRANSFORMAR A DE

OUTRAS PESSOAS, INCENTIVANDO

A DOAÇÃOPOR LUISA ALCANTARA

FOTOS MARCOS PACHECO

CHANCESEGUNDA

Após curtir férias no Chile, a administradora de São Paulo foi diagnosticada com leucemia e descobriu que teria que fazer um transplante de medula. Em seis meses, fez quimioterapia e recebeu a doação de seu irmão

Corpo e menteChristiane Berruezo Paneque, 41 anos

“Depois de voltar de uma viagem para o Chile, achei que eu estava com gripe. Comecei a sentir

falta de ar e fui ao pronto-socorro. Era fim de março. Só saí do hospital no começo de junho. E essa foi apenas a primeira internação, quando descobriram que eu estava com leucemia mieloide aguda. Fiz algumas sessões de quimioterapia e já havia conseguido um doador, meu irmão.Voltei para casa enquanto esperava meu corpo se recuperar do tratamento para, então, receber o órgão. Fui internada para a cirurgia um mês depois, mas

ali veio a segunda bomba: a doença tinha voltado com tudo e precisei fazer novas sessões de químio. No fim, fui transplantada em agosto e só tive alta em outubro. Nesse vaivém de internações, meu marido me pediu em casamento, lá no hospital mesmo. Foi maravilhoso. Momentos assim me fizeram entender como é importante valorizar a vida e não deixar que pequenas coisas atrapalhem. E perceber isso, junto com a fé que sempre tive, foi fundamental nesse processo. Como meu médico falou, metade do tratamento vem da nossa cabeça.”

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RenascimentoArlindo Souza Trindade, 65 anos

Ele já tinha passado por um transplante de rim, mas, anos depois, teve que voltar para a hemodiálise e foi operado novamente. Recebeu não só um rim, mas também um coração. Hoje, o padre e psicólogo paranaense leva um vida normal e quer estudar para ajudar outros pacientes

“Fiz transplante pela primeira vez em 1998, com um rim

doado pela minha irmã. Já tinha sido avisado que o órgão falharia em algum momento, mas fiquei bem durante 13 anos. Em 2011, tive que voltar a fazer hemodiálise e, após três anos de tratamento, comecei a ter problema no coração. O órgão começou a ficar sobrecarregado e estava dilatando. Foi então que, em 2016, passei por um transplante duplo, de coração e rim. Foram cerca de 12 horas de cirurgia. Não preciso dizer que renasci. Todo dia agradeço a Deus, ao meu doador, e rezo pela família dele. Meu caso foi complicado, a recuperação foi lenta e até hoje tomo alguns cuidados especiais – com a alimentação, por exemplo –, mas posso dizer que levo uma vida normal. Pretendo agora fazer um curso de psicologia hospitalar para trabalhar com pacientes em fase terminal.”

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Arte pela vidaPedro Frazão, 39 anos

Ainda na adolescência, ele soube que, mais velho, teria que fazer um transplante de rim. Quando estava chegando a hora, o paulistano começou a se dedicar ao que chama de ‘artivismo’, o ativismo por meio da arte, com o qual incentiva doações de órgãos

“Minha mãe descobriu, nos anos 1980, que tinha rins policísticos. E os três

filhos ‘herdaram’ a doença. Então, desde a adolescência eu sabia que, um dia, meu rim iria parar. Fiz acompanhamento anual e, aos 35 anos, minha função renal começou a despencar. A hemodiálise entrou na minha vida e passei por um período difícil, em que aproveitei para repensar meus valores. Larguei o mercado publicitário por não me identificar mais com aquele universo e, no final de 2017, entrei na fila por um rim. Também nesse período comecei a campanha ‘Quem doa vive mais’. Saía grafitando essa frase em tapumes de São Paulo, para incentivar doações de qualquer tipo, de dinheiro a órgãos. Menos de seis meses depois, recebi uma ligação dizendo que haviam achado um doador. Operei em abril do ano passado, tive uma recuperação ótima e estou para ser liberado a voltar a praticar esportes. A campanha para que cada vez mais gente se informe e doe mais continua – e cada vez mais forte. Acabo de lançar o site quemdoavivemais.com, cuja arrecadação é voltada para ONGs. Meu objetivo é que as pessoas entendam que doar é simples. E salva vidas.”

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Por Dentro do Hospital

O Hospital Alemão Oswaldo Cruz é acreditado pela quarta vez pela JCI, principal selo de qualidade e segurança em saúde

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Pela quarta vez, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz foi acreditado pela Joint Commission Interna-tional (JCI), a mais importante e tradicional ins-

tituição global dedicada à melhoria das condições de qualidade e segurança das empresas que atuam na área da saúde. A nova Unidade Referenciada Oswal-do Cruz Vergueiro foi incluída no escopo da acredi-tação, evidenciando assim a excelência e qualidade do cuidado ali oferecido. Disruptiva e inovadora, foi a primeira instituição hospitalar a adotar um modelo de negócios com previsibilidade de preços.

“A segurança é um dos valores da Instituição que, desde a sua origem, busca permanentemente aprimorar os seus processos, práticas médica-as-sistencial e infraestrutura para ofertar a melhor experiência e resultado em saúde, no menor tem-po possível, para todos os pacientes e seus fami-liares. Essa conquista reflete o comprometimento do Hospital com a ética e com os altos padrões de qualidade, comparáveis aos melhores centros hospitalares do mundo”, diz o CEO do Hospital,

Paulo Vasconcellos Bastian.O sistema de medição da organização america-

na avalia a qualidade dos processos e das práticas voltadas para a redução de risco, além da elabo-ração de programas que visem o aprimoramento da segurança dos serviços prestados ao paciente. As instituições de saúde passam voluntariamente por um extenso processo de avaliação com apro-ximadamente 1.200 itens. Além disso, auditores da JCI percorrem, durante uma semana, as orga-nizações para conhecer e analisar as práticas de cuidado e gestão adotadas.

Para o superintendente médico do Hospital, Dr. Antonio da Silva Bastos Neto, o investimento contínuo e a priorização das ações para garantir a segurança do paciente foram decisivos para o excelente resultado alcançado. “Qualidade e se-gurança do paciente fazem parte dos valores ins-titucionais e estão presentes em todas as nossas atividades. Fazer sempre o melhor para o pacien-te é compromisso assumido por todos”, afirma.

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Portas abertasPara aprofundar o entendimento sobre as ne-cessidades e desejos de quem utiliza os ser-viços e frequenta o Hospital Alemão Oswal-do Cruz, foi criado o Conselho Consultivo de Pacientes e Familiares. Ele possibilita que pacientes e familiares interajam com os cola-boradores – médicos, enfermeiros, equipe de suporte, gestores, líderes e superintendentes – para que sejam detectadas as necessidades dos usuários e pensadas melhorias nas diver-sas áreas do Hospital.

Nutrição em focoEm 13 de março, a Instituição sediará o VII Simpósio de Nutri-ção Contemporânea do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O evento trará discussões sobre o futu-ro do setor de Nutrição, como inovação em terapias nutricio-nais, assistência nutricional ao paciente grave, cuidado inter-disciplinar, entre outros. Ainda durante o Simpósio, será lan-çado o novo curso de pós-gra-duação lato sensu em Biologia Molecular e Genômica Nutricio-nal: Teoria Aplicada, oferecido pela Faculdade de Educação em Ciências da Saúde (FECS) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.Acesse e saiba mais infor-mações: www.fecs.org.br/pos-graduacao/biologia-mole-cular-e-genomica-nutricional--teoria-aplicada

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É assim, um mestre quando aporta pela primeira vez em nossas vidas, tamanha cumplicidade.

O mesmo quando a gente conhece uma grande poesia. Um poeta que vem e escancara os versos, inversos, por nós inaugurados. Uma flecha no acaso.

Um verdadeiro alumbramento. Nossos olhos correndo as linhas de um livro, lendo em voz alta a palavra febre. E beleza.

Alguém quando chega para dizer aquilo que a gente não sabe. Quem es-creve faz isso. Mostra o outro lado, dobra todas as esquinas. A nossa rua vem morar na lua. É sempre um som que ressoa. Não estamos sozinhos.

O sol que bate em nosso quintal é o mesmo que bateu nos olhos de Pes-soa. De Coralina, Solano Trindade, Adélia Prado, Bandeira.

A paixão quando faz morada em nossa alma, de surpresa. É também essa sensação.

De repente, distraidamente, fisgamos um coração querendo entrar em nosso coração. Um amor que não diz a data em que se aproxima. E se ins-taura para uma vida inteira.

Cada ano novo é feito disso. Explico: uma professora. Uma poesia, uma porta aberta. Todo dia, a toda hora, uma janela, uma resposta, alguém que vem para ficar.

O resto, a vida me ensinou.É só se deixar levar.

EU OLHAR DE CRIANÇA DE OLHO NA PORTA, ESPERANDO A PROFESSORA CHEGAR. QUEM SERIA? QUANDO ENTRAVA NA SALA, A SALA LUZIA. EU SABIA: SERIA A LUZ DE UMA LONGA AMIZADE.

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MARCELINO FREIREÉ escritor. Autor, entre outros, do romance Nossos ossos e de Contos negreiros, ambos publicados pela Editora Record

O ANO QUE VEM PARA FICAR

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