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1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Farmácia Trabalho de Conclusão de Curso O CUIDADO FARMACÊUTICO NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS Autor: Júlia Carneiro Taulois Orientadora: MSc. Eloá Fátima Ferreira deMedeiros Brasília - DF 2011

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Pró-Reitoria de Graduação

Curso de Farmácia

Trabalho de Conclusão de Curso

O CUIDADO FARMACÊUTICO NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS

Autor: Júlia Carneiro Taulois

Orientadora: MSc. Eloá Fátima Ferreira deMedeiros

Brasília - DF

2011

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JULIA CARNEIRO TAULOIS

O CUIDADO FARMACÊUTICO NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS

Monografia apresentada ao curso de graduação em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do título de Farmacêutica.

Orientadora: MSc. Eloá Fátima Ferreira de Medeiros

Brasília 2011

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Monografia de autoria de Júlia Carneiro Taulois, intitulada O cuidado farmacêutico no tratamento do Diabetes Mellitus, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia da Universidade Católica de Brasília, em 08 de Junho de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. MSc. Eloá Fátima Ferreira de Medeiros Orientadora

Farmácia – UCB

Professora Dr. Dayde Lane Mendonça da Silva

Curso de Farmácia – UNB

Professor Sérgio Augusto Coelho Diniz Nogueira Júnior

Curso de Farmácia - UCB

Brasília 2011

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Dedico este trabalho a Deus e a pessoas muito especiais na minha vida, Papai, Mamãe e ao meu amor Rone, que não medem esforços nem sacrifícios para permitir a realização dos meus sonhos, fazendo deles os seus.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por seu amor e sua misericódia infinita, pelos presentes diários, os desafios e as todas as conquistas. Nada posso sem Aquele que me fortalece! Tudo é Graça e Dom de Deus!

A minha querida mamãe Rosana e ao meu querido papai Pedro por todo o

amor, confiança e exemplo de vida. Obrigada por sempre acreditarem em mim! Ao grande amor da minha vida, Rone, obrigada por tanto incentivo, paciência

e compreensão. Eu te amo. As minhas irmãs Mariana e Isabel, e ao meu tesouro Paulo Henrique. As minhas amigas Lu, Mariana, Lívia. Christiane e Rafaela, ao amigo William

e a todos os meus colegas que compartilharam de tanta luta durante o período que estivemos juntos.

A minha querida orientadora e amiga Eloá por todo o trabalho, paciência,

carinho e incentivo. A todos os bons professores que já tive, com os quais muito aprendi a amar

minha profissão e que continuo a aprender por toda a minha vida profissional. A todos os que sempre estiveram ao meu lado me incentivando e que

permitiram que este sonho fosse realizado.

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“O Altíssimo deu-lhes a ciência da medicina para ser honrado em suas maravilhas; e dela se serve para acalmar as dores e curá-las; o farmacêutico faz misturas agradáveis, compõe ungüentos úteis à saúde, e seu trabalho não terminará, até que a paz divina se estenda sobre a face da terra”. Eclesiástico 38, 6-8

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RESUMO

Referência: TAULOIS, Júlia Carneiro. O cuidado farmacêutico no tratamento do Diabetes Mellitus. 2011. 60p. Trabalho de Conclusão de Curso (Farmácia) – Universidade Católica de Brasília, Taguatinga, 2011.

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que está associada a altos índices de morbidade e mortalidade, sendo caracterizada por um aumento da concentração de glicose na corrente sanguínea devido a uma deficiência na secreção e/ou ação da insulina. Associados ao paciente diabético estão os elevados custos com medicamentos, aumento nas despesas médicas e no número de hospitalizações, perda na produtividade e mortes prematuras. O DM é uma doença que deve ser tratada, a fim de evitar complicações agudas e crônicas. Apesar do arsenal terapêutico, do longo período de tratamento medicamentoso e das medidas que exigem mudança no estilo de vida, o paciente diabético requer a orientação e cuidados de vários profissionais da saúde. A Atenção Farmacêutica (AF) é uma prática recente, inerente a profissão farmacêutica, que tem como foco o paciente. Com isso, o profissional farmacêutico passa a intervir de forma direta com o usuário do medicamento, priorizando orientações educativas em saúde, além do acompanhamento farmacoterapêutico, assumindo a responsabilidade de garantir uma farmacoterapia adequada e auxiliando na melhora deste paciente.

Palavras-chave: Diabetes Mellitus. Atenção Farmacêutica. Atenção Farmacêutica no paciente diabético. Intervenções farmacêuticas.

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ABSTRACT

Diabetes Mellitus (DM) is a chronic disease that is associated with high rates of morbidity and mortality and is characterized by an increased concentration of glucose in the bloodstream due to a deficiency in the secretion and / or insulin action. Diabetic patients are associated with high medication costs, increase in medical expenses and an increase in the number of hospitalizations, loss in productivity and premature deaths. DM is a disease that must be treated in order to prevent acute and chronic complications. Despite the therapeutic arsenal, the long period of medication treatment and measures that require changes in lifestyle, the diabetic patient requires the guidance and care of various health professionals. The Pharmaceutical Care (PC) is a recent practice, inherent in the pharmaceutical profession, which focuses on the patient. Thus, the pharmacist shall intervene directly with the user of the product, focusing health education guidelines, and monitoring drug use, taking responsibility to ensure an adequate pharmacotherapy and assisting in the improvement of this patient.

Keywords: Diabetes Mellitus. Pharmaceutical Care. Pharmaceutical Care in diabetic patients. Pharmaceutical interventions.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 10

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 122

2.1 GERAL............................................................................................................................ 12

2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................................ 12

3 METODOLOGIA ...................................................................................................... 133

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 144

4.1 DIABETES MELLITUS .................................................................................................. 14

4.1.1 Formas de diagnóstico do Diabetes Mellitus ......................................................................... 16

4.2 O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS NO MUNDO E NO BRASIL ................................................................................................................................. 19

4.3 MORBIDADE E MORTALIDADE ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS ........... 20

4.4 CUSTOS ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS .................................................. 21

4.5 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NO PACIENTE DIABÉTICO ................................. 23

4.5.1 Prevenção ........................................................................................................................................ 23

4.5.2 Tratamento....................................................................................................................................... 25

4.6 PROBLEMAS DA TERAPÊUTICA DO DIABETES MELLITUS .................................. 32

4.6.1 Reações adversas ......................................................................................................................... 33

4.6.2 Adesão .............................................................................................................................................. 34

4.6.3 Acesso .............................................................................................................................................. 38

4.7 ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO AO PACIENTE .............................. 40

4.7.1 Atenção Farmacêutica .................................................................................................................. 41

4.7.2 Problemas Relacionados ao Medicamento (PRMs) .............................................................. 45

4.7.3 Estudos que avaliam a atenção farmacêutica no paciente diabético .............................. 48

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 54

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1 INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM), entre as doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT), se destaca como importante causa de morbidade e mortalidade, sendo um

grande problema de saúde pública no contexto mundial e brasileiro (FRANCISCO et

al, 2010).

O paciente diabético necessita de, no mínimo, 2 a 3 vezes mais recursos para

o cuidado com a saúde do que os não-diabéticos (TOSCANO, 2004), gerando um

grande impacto econômico. Em 2007, só os Estados Unidos tiveram um gasto

calculado em $174 bilhões entre custos diretos e indiretos com esta doença,

enquanto que no Brasil R$7,5 bilhões/ano são gastos com todas as doenças

crônicas não-transmissíveis (DCNT). Além desses custos, o DM gera custos

intangíveis, que refletem na redução da qualidade de vida, na dor e sofrimento dos

pacientes e dos seus familiares (ADA, 2008; MS, 2006).

Os altos custos gerados pelos pacientes diabético estão diretamente

relacionados com a freqüência em que ocorrem as complicações agudas e crônicas,

tendo como conseqüências elevados índices de hospitalização, maiores

necessidades dos recursos de saúde e medicamentos, além de gerar perdas de

produtividade no trabalho, aposentadoria precoce e mortes prematuras (CAROLINO

et al, 2008).

Para diminuir esses custos gerados, principalmente pelo não tratamento ou

pelo mau controle do DM, é importante que ocorram mudanças nos hábitos de vida

e que se faça um controle glicêmico rígido por meio do tratamento farmacológico

(GUIDONE, 2009a).

Outro problema está relacionado com a baixa adesão ao tratamento proposto

o que leva ao abandono e ao descontrole da doença. Os baixos índices de adesão à

terapêutica, em pacientes com doenças crônicas, estão diretamente relacionados

aos efeitos adversos, custo dos medicamentos, compreensão do paciente a respeito

do seu tratamento, complexidade do tratamento, entre outros (RUBIN, 2005).

Segundo a OMS, em média, 50% dos pacientes com tratamento a longo prazo, em

países desenvolvidos, não aderem ao tratamento. Já em países em

desenvolvimento, estima-se que o tamanho e o impacto da não-adesão sejam mais

elevados devido as dificuldades de acesso aos cuidados de saúde (OMS, 2003b).

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A Atenção Farmacêutica (AF) é uma área de atuação do farmacêutico, que

tem como foco o paciente, constituindo um importante e fundamental elo na

comunicação médico-farmacêutico-paciente. Na atenção farmacêutica o

farmacêutico é responsável por prevenir, identificar e resolver os possíveis

Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRMs), promovendo a melhora dos

resultados terapêuticos e assim contribuindo para uma melhor qualidade de vida do

paciente. O farmacêutico também pode atuar na prevenção de doenças e promoção

da saúde, desenvolvendo atividades de educação em saúde, principalmente quando

este trabalho ocorre com uma equipe interdisciplinar (AMARAL, 2008; FREITAS et

al, 2006; REIS, 2010).

Diante do exposto é percebido que o farmacêutico tem o um papel importante

no cuidado do paciente diabético, sendo assim, o objetivo deste trabalho é descrever

a importância das ações do farmacêutico como profissional da saúde no cuidado ao

paciente diabético.

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2 OBJETIVOS

2.1 GERAL

Descrever a importância das ações do farmacêutico como profissional da saúde no cuidado ao paciente diabético.

2.2 ESPECÍFICOS

Classificar os tipos de DM conforme as alterações fisiopatológicas.

Descrever o perfil mundial e nacional de acometimento de DM.

Descrever os custos (diretos e indiretos) associados ao DM.

Apresentar as formas de tratamento para os diferentes tipos de DM.

Abordar os principais problemas relacionados à terapêutica do DM.

Demonstrar o papel do farmacêutico no cuidado do paciente por meio de estudos relacionados à Atenção Farmacêutica no cuidado ao paciente diabético.

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3 METODOLOGIA

A revisão bibliográfica foi realizada nas bases de dados do MEDLINE, Literatura

Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS),

Biblioteca virtual em saúde (BVS) e Scielo (Scientific Eletronic Library Online) com

as palavras-chave em inglês e português: “pharmacist”, “diabetes mellitus”, “diabetes

mellitus type 1”, “diabetes mellitus type 2”, “pharmaceutical”, “pharmaceutical care”,

“medication”, “Insulin”, “atenção farmacêutica”, “cuidado farmacêutico”,

“Pharmaceutical interventions”, “Prevention of type 2 diabetes”, “Adherence”,

“Assessment of adherence”. Os artigos analisados foram publicados no período de

2000 a 2011, sendo incluídos na pesquisa artigos em inglês, português e espanhol.

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4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 DIABETES MELLITUS

O Diabetes Mellitus (DM) constitui um grande problema saúde pública e

destaca-se pelos altos índices de morbidade e mortalidade. O DM é caracterizado

por um aumento da concentração de glicose na corrente sanguínea devido a uma

deficiência na secreção e/ou ação da insulina, hormônio secretado pelo pâncreas.

Por ser uma síndrome metabólica crônica, o quadro hiperglicêmico crônico do DM

pode gerar a disfunção em diversos órgãos como: coração, nervos, olhos e rins. A

poliúria, polidipsia, perda de peso, visão turva e diminuição da acuidade visual são

sinais e sintomas do quadro hiperglicêmico decorrentes da insulinopenia ou déficit

na ação da insulina (ADA, 2006; OMS, 2003a). Outros sintomas, como fadiga,

fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções de repetição

levantam a suspeita clínica (MS, 2006).

Por muito tempo, o DM foi classificado de acordo com o tipo de tratamento,

sendo assim adotados os termos Diabetes Mellitus insulinodependente e Diabetes

Mellitus insulinoindependente. Atualmente a classificação baseia-se na etiologia da

doença, sendo então divida em: Diabetes Mellitus tipo 1, Diabetes Mellitus tipo 2,

outros tipos específicos de Diabetes Mellitus e Diabetes Mellitus gestacional (SBD,

2007).

O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é resultado da destruição das células β-

pancreáticas que podem ser de natureza auto imune ou idiopática, resultando em

uma deficiência na produção do hormônio insulina. Sendo assim, faz-se necessário

a administração da insulina devido ao risco de cetoacidose diabética. Devido a

natureza auto-imune, os auto-anticorpos são utilizados como marcadores:

antiinsulina, antidescarboxilase do ácido glutâmico (GAD 65) e antitirosina-

fosfatases (IA2 e IA2B). Os genes do sistema antígeno leucocitário humano (HLA)

podem ter alguma relação com a predisposição ou proteção no desenvolvimento da

doença. Já no de natureza idiopática, os pacientes também estão predispostos a

desenvolver cetoacidose e a apresentam graus variáveis de deficiência de insulina,

não apresentam auto-anticorpos e não associa-se com haplótipos do sistema HLA

(ADA, 2006; SBD, 2007).

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O Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) é mais freqüente que DM1, correspondendo

a aproximadamente 90-95% dos casos. No pacientes com DM2, a resistência

insulínica está associada à disfunção das células β pancreáticas e as alterações são

funcionais e quantitativas, resultando em uma elevação dos níveis glicêmicos. A

etiologia deste tipo de DM ainda não foi definida, mas os mecanismos que podem

estar envolvidos nessa disfunção são o estresse oxidativo, a disfunção mitocondrial,

o estresse do retículo endoplasmático rugoso, inflamação local ou mecanismos

associados à predisposição genética. A hiperglicemia e o aumento da concentração

dos ácidos graxos livres também contribuem para o declínio das células β

pancreáticas. É importante ressaltar que o risco ao desenvolvimento da doença é

aumentado com a idade, obesidade, sedentarismo, e está associado a outras

enfermidades como, por exemplo, hipertensão e dislipidemia (ADA, 2006; LEAL;

VOLTARELLI, 2010; OMS, 2003a).

O Diabetes Mellitus gestacional (DMG) afeta 3-8% das mulheres grávidas e

representa 90% de todas as formas de manifestação do DM na gestação. Segundo

a Sociedade Brasileira de Diabetes (2007, p.12), “Diabetes Mellitus gestacional é

qualquer intolerância a glicose, de magnitude variável, tendo início ou diagnóstico

durante a gestação”. Após o parto, a paciente pode apresentar ou não glicemia de

jejum alterada, tolerância a glicose diminuída ou DM. O quadro de hiperglicemia

gera risco elevado tanto para mãe quanto para o feto podendo causar

anormalidades congênitas, abortamentos espontâneos, icterícia neonatal,

hipoglicemia neonatal, entre outras complicações. Estudos comprovam a

importância da terapia nutricional e do exercício físico no tratamento para o

adequado do controle glicêmico em gestantes com DMG (LEE et al, 2007; LIRA;

DIMENSTEIN, 2010; SBD, 2007).

Os outros tipos específicos do Diabetes Mellitus estão exemplificados na

tabela 1.

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Tabela 1 - Outros tipos específicos do Diabetes Mellitus

Outros tipos específicos de DM

Defeitos genéticos da função da célula β (MODY, DNA mitocondrial)

Defeitos genéticos na ação da insulina (Resistência à insulina do tipo

A)

Doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, hemocromatose,

neoplasias)

Endocrinopatias (acromegalia, síndrome de Cushing,

Feocromocitoma)

Induzido por medicamentos ou agentes químicos (glicocorticóides,

tiazídicos, Hormônio tireoidiano)

Infecções (citomegalovírus, rubéola congênita)

Formas incomuns de DM auto-imune (Anticorpos antirreceptores de

insulina)

Outras síndromes genéticas por vezes associadas a DM (síndrome de

Down, síndrome de Turner, síndrome de Prader Willi)

Fonte: SBD (2009) - Adaptado

4.1.1 Formas de diagnóstico do Diabetes Mellitus

A hiperglicemia intermediária ou pré-diabetes referem-se a um estado

intermediário entre a homeostase normal da glicose e o DM. Neste caso, o paciente

apresenta uma alteração na glicemia de jejum e um quadro de tolerância à glicose

diminuída e alteração na hemoglobina glicada (ADA, 2010). Sendo assim, o paciente

apresenta uma alteração dos níveis glicêmicos que gera um grande risco ao

desenvolvimento do DM e riscos para doenças cardiovasculares (MS, 2006). A

tabela 2 resume as categorias de aumento do risco do DM.

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Tabela 2: Categorias de risco aumentado para DM

Glicemia de jejum 100–125 mg/dl

Tolerância à glicose diminuída Glicemia de 2h no TOTG-75g estiver entre 140-

199 mg/dL

Hemoglobina Glicada (A1C) 5.7–6.4%

Fonte: ADA (2010) – Adaptado

Os valores da glicose plasmática para o diagnóstico do Diabetes Mellitus

estão exemplificados na tabela 3.

Tabela 3: Valores de glicose plasmática (em mg/dl) para diagnóstico de

Diabetes Mellitus e seus estágios pré-clinicos.

Categoria Jejum*

2h após 75g de

glicose

Casual**

Glicemia normal < 100 < 140

Tolerância à glicose

diminuída

> 100 a <126 ≥140 a <200

Diabetes Mellitus ≥126 ≥ 200 ≥ 200 (com sintomas

clássicos)

* O jejum é definido como a falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas; ** glicemia plasmática

casual é aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se observar o intervalo desde a última

refeição; *** os sintomas clássicos de DM incluem poliúria, polidipsia e perda não explicada de peso.

Nota: O diagnóstico de DM deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em outro dia, a

menos que haja hiper-glicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas

óbvios de DM.

Fonte: SBD (2007)

A dosagem da hemoglobina glicosilada ou hemoglobina glicada, mais

especificamente a fração A1C (HbA1C) reflete na média da glicemia dos últimos dois

a quatro meses. Atualmente, a A1C é utilizada no diagnóstico e acompanhamento

do tratamento do paciente diabético. A Associação Americana de Diabetes (ADA)

adota um limiar ≥ 6,5 que corresponde a 140 mg/dL dos níveis médios de glicemia

dos últimos dois a quatro meses, os pacientes com dosagens de A1C de 5,7-6,4%

são indicativos de alto risco para desenvolvimento de DM futura ou pré-diabético

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(ADA, 2010). A A1C também pode ser utilizada em complementaridade com os

outros testes de glicemia, sendo assim, a hemoglobina glicada é utilizada na

avaliação do controle glicêmico e na avaliação da eficácia do tratamento. (SBD,

2007; SBD, 2008).

Os níveis de A1C demoram de 8 a 10 semanas, aproximadamente, para

retomarem ao normal após a normalização dos níveis da glicose no sangue. Para

uma avaliação da eficácia do tratamento, faz-se necessário uma avaliação dos

níveis de A1C somente um a dois meses após o início ou modificação da terapia. Já

a avaliação dos níveis de glicose sanguínea reage mais rapidamente ao início ou à

alteração da terapia (NETTO et al, 2009).

A tabela 4 reúne os atuais critérios utilizados pela Associação Americana de

Diabetes (ADA) no diagnóstico do DM.

Tabela 4 – Critérios para o diagnóstico do DM

1. A1C≥ 6,5%. A prova deve ser executada num laboratório usando um método certificado

pelo NGSP e padronizado pelo ensaio de DCCT.*

OU

2. Glicose plasmática em jejum Glicose plasmática de jejum ≥126 mg/dl (7,0 mmol/l). O

jejum é definido como nenhuma ingestão calórica por no mínimo 8 h.*

OU

3. Glicemia plasmática ≥ 200 mg/dL (11.1 mmol/l) depois de 2 horas durante TOTG. O

teste ser executado como descrito pela Organização mundial de saúde, usando uma

carga de glicose contendo o equivalente de 75 glicose dissolvido em água.*

OU

4. Em paciente com sintomas clássicos de hiperglicemia ou crise hiperglicêmica, com

glicose plasmática casual ≥200 mg/dl (11,1 mmol/l).

* Na ausência de hiperglicemia inequívoca, critérios 1–3 devem ser confirmados com repetição da

prova.

Nota: NGSP - National Glycohemoglobin Standardization Program

DCCT- Diabetes Control and Complications Trial

Fonte: ADA (2010)

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4.2 O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO DIABETES MELLITUS NO MUNDO E NO

BRASIL

O mundo vem passando por um envelhecimento populacional, fator conhecido

como transição demográfica, e por uma modificação na qualidade de vida com

aumento dos índices de sedentarismo, má alimentação e tabagismo. Toda esta

mudança contribui de forma significativa para um aumento da incidência das

doenças crônicas não-transmissíveis (DNCT), que representam a principal causa

mundial de mortalidade e incapacidade funcional. O DM é uma DNCT e se tornou

um importante problema de saúde pública no Brasil e em vários outros países

(OPAS, 2003; TOSCANO, 2004).

A prevalência mundial do DM em adultos foi estimada em 4,0% em 1995 e pode

aumentar para 5,4% até o ano 2025, o que equivalerá a aproximadamente 300

milhões de diabéticos (KING, 1998). Segundo Wild e colaboradores (2004) o Brasil

em 2000 ocupou o 8° lugar com 4,6 milhões de pessoas diagnosticadas com DM,

estando entre os dez países com maior número de casos de DM, podendo este

número chegar a 11,3 milhões em 2030 ocupando a sexta posição (WILD et al,

2004).

Em 2005, a estimativa foi de que 11,0% da população brasileira com idade igual

ou superior a 40 anos apresentariam DM, o que representa cerca de 5 milhões de

indivíduos, devendo alcançar 10 milhões de pessoas em 2010 (MS, 2006; e

FERREIRA, 2008).

Em 2006, foi realizado um estudo em Ribeirão Preto e determinou-se uma

prevalência do DM de 15,02% da população estudada. Segundo o autor, estes

resultados podem ser referentes ao envelhecimento populacional observado em

Ribeirão Preto (MORAES et al, 2010). Já em um estudo sobre a prevalência de

Diabetes Mellitus auto-referido em idosos com 60 anos de idade ou mais,

demonstrou uma prevalência de 15,4%. Os resultados foram semelhantes a uma

pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) em diversas cidades do

Brasil, que obteve uma prevalência auto-referida em torno de 15% (FRANCISCO et

al, 2010).

Nos Estados Unidos, a prevalência do DM continua crescendo, alcançando em

2007, 17,5 milhões de pessoas (ADA, 2008).

20

Atualmente, estima-se uma prevalência mundial em torno de 4,0% e, no Brasil,

de aproximadamente 7,6%. Até 2030, espera-se que o número de casos de DM no

mundo possa chegar a 367 milhões (WILD et al, 2004).

4.3 MORBIDADE E MORTALIDADE ASSOCIADAS AO DIABETES MELLITUS

Associados ao DM estão os altos índices de morbidade e mortalidade, com uma

perda expressiva da qualidade de vida, diminuindo a capacidade de trabalho e a

expectativa de vida. Quando o DM não é tratado adequadamente ou o controle

glicêmico não é ideal, complicações agudas e crônicas podem ocorrer (Tabela 5). As

comorbidades associadas ao DM são obesidade, hipertensão e dislipidemia

(TOSCANO, 2004). É importante ressaltar que tais complicações podem ser

retardadas ou prevenidas quando o paciente possui controle e cuidados adequados

(GUIDONE, 2009a).

Tabela 5 - Complicações agudas e crônicas do DM

Complicações agudas Complicações crônicas

ü Cetoacidose diabética

ü Hipoglicemia

ü Acidose lática

ü Estado hiperosmolar hiperglicêmico

Microvasculares

ü Retinopatia

ü Nefropatia

ü Neuropatia

Macrovasculares

ü Amputações

ü Disfunção sexual

ü Doenças cardiovasculares

ü Doenças vasculares periféricas

ü Doenças cerebrovasculares

Fonte: GUIDONE (2009a); TOSCANO (2004)

Em um estudo multicêntrico realizado com pacientes com DM2, em cidades

brasileiras, observou uma prevalência de sobrepeso (42,1%) e de obesidade

(32,9%). Segundo os autores, estes dados indicam que o sobrepeso e a obesidade

já atingem um percentual de pacientes com DM2 no Brasil semelhante ao relatado

21

em estudos europeus, mas ainda menor do que o observado nos EUA (GOMES,

2006).

A hipertensão afeta de 20 a 60% dos pacientes diabéticos e constitui uma

importante comorbidade do DM (ADA, 2004). No Brasil, o DM junto com a

hipertensão arterial, é responsável pela principal causa de mortalidade, de

hospitalizações e de amputações de membros inferiores (MS, 2006).

Anualmente, segundo dados da OPAS, pouco mais de 800 mil mortes são

atribuídas ao DM, sendo que a maioria das vezes o DM é causa de morte

secundária como, por exemplo, doenças cardiovasculares. Já o Ministério da Saúde

estima que 4 milhões de mortes por ano são relativas ao DM e suas complicações

(com muitas ocorrências prematuras), o que representa 9% da mortalidade mundial

total (MS, 2006; OPAS, 2003). Os 73% das mortes atribuídas ao DM ocorrem entre

os idosos com 70 anos ou mais (ADA, 2008).

4.4 CUSTOS ASSOCIADOS AO DIABETES MELLITUS

Atualmente, verifica-se um aumento nos custos do tratamento do paciente

diabético, fatores como prevalência da doença, novos casos diagnosticados,

aumento na utilização de serviços médicos, desenvolvimento de novas tecnologias

para o tratamento, aumento no número e na gravidade das complicações ao longo

do tempo contribuem para este aumento (GUIDONE, 2009a). Muitas vezes os

custos do DM são subestimados, pois não consideram as comorbidades associadas

à doença (BARCELÓ, 2003).

Grandes perdas sociais e econômicas estão relacionados ao DM causando um

considerável impacto em virtude da demanda financeira gerada por esta síndrome e

suas complicações. Estes custos, indiretos e diretos, estão associados às inúmeras

complicações que geram altos gastos em hospitalizações, perdas na produtividade,

aposentadoria precoce e mortes prematuras (BARCELÓ, 2001).

Os custos indiretos muitas vezes não são possíveis mensurar, pois refletem na

redução da qualidade de vida, na dor, ansiedade, sofrimento dos pacientes e seus

familiares, principalmente quando não controlada (GUIDONE, 2009b). Alguns dos

custos indiretos associados ao DM são: ausência no trabalho devido a fatores

22

relacionados à saúde, redução do desempenho no trabalho, produtividade reduzida

no trabalho, incapacidade de desenvolvimento permanente das atividades no

trabalho e perda da produtividade por morte prematura. Nos EUA, o custo nacional

por perda de produtividade associada ao DM em 2007 foi estimado em 58,2 bilhões

dólares (ADA, 2008). O Brasil não dispõe de estudos que quantificam os gastos

gerados pelos custos indiretos (MS, 2005)

Os custos diretos são relacionados a gastos com medicamentos, internações,

consultas médicas, consulta a outros profissionais de saúde, cirurgias, atendimentos

de urgência e emergência (ADA, 2008).

Mundialmente, os custos diretos para o atendimento aos portadores do DM

variam de 2,5% a 15% dos investimentos nacionais em saúde, dependendo da

prevalência local e da complexidade do tratamento disponível (GUIDONE, 2009a).

No Brasil, os pacientes diabéticos contribuem para os elevados custos gerados

pelas doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT). Estima-se que R$7,5

bilhões/ano, que representam 69,1% do total de gastos ambulatoriais e hospitalares,

são gastos com DCNT (MS, 2005, MS, 2006).

Nos EUA, em 2007, foi estimado um gasto de 174 bilhões de dólares em DM, em

que 66% correspondem a excesso de despesas médicas e 34% corresponde à

perda na produtividade. Os pacientes com diagnóstico de DM têm despesas

médicas aproximadamente 2,3 vezes maiores do que seriam na ausência da doença

(ADA, 2008).

Em 2000, estudos na América Latina e no Caribe estimaram que o custo direto

anual do DM seja de 10,7 bilhões de dólares ou 701 dólares por pessoa (BARCELÓ,

2003). Caporale e colaboradores (2006) realizaram um estudo na Argentina e

concluiram que o custo anual total dos pacientes portadores de DM hospitalizados

foi de seis a sete vezes superiores quando comparados aos portadores não

hospitalizados. Estes autores também sugerem a importância de intervenções

médicas mais eficazes, para que se obtenha uma redução dos custos do

atendimento e uma melhora na qualidade de vida do paciente pela redução no

número de internações (CAPORALE et al, 2006).

23

4.5 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NO PACIENTE DIABÉTICO

O tratamento do paciente diabético envolve diversos fatores e é de grande

importância que as abordagens dos profissionais de saúde tenham como focos os

seguintes pontos (ADA, 2010):

Controle glicêmico rígido por meio da dieta, da mudança do estilo de vida,

do exercício físico e do tratamento medicamentoso.

Tratamento de distúrbios associados, tais como dislipidemia, hipertensão,

obesidade, coronariopatia, entre outros.

Pesquisa e tratamento das complicações da enfermidade, tais como

retinopatia, doença cardiovascular, nefropatia, neuropatia ou outras

complicações

Medidas preventivas em pacientes com risco de desenvolver Diabetes

Mellitus ou pacientes já diagnosticados auxiliam na redução dos agravos

relacionados à doença. Estas medidas têm um papel importante, pois reduzem

significativamente a morbimortalidade e podem gerar maior qualidade de vida. Já o

tratamento adequado é responsável por uma melhor qualidade de vida do paciente

diabético, sendo assim, os profissionais de saúde devem priorizar um cuidado

integral e adequado à estes pacientes (CASSEB, 2005; FERREIRA, 2008; MS,

2004;).

4.5.1 Prevenção

A prevenção tem seu foco na promoção da saúde e não exclusivamente no

controle da doença. O desafio dos países, atualmente, é definir e implementar

estratégias efetivas para a prevenção e controle de várias doenças (MS, 2004).

A prevenção do DM e de suas complicações é hoje prioridade de órgãos

fomentadores de políticas públicas, pois é possível reduzir os índices de

mortalidade, melhorar o prognóstico e qualidade de vida dos doentes, apresentando

24

uma relação custo / benefício muito favorável (MS, 2004). Por isso, o

desenvolvimento de programas eficazes e viáveis aos serviços públicos de saúde

para a prevenção do DM é necessário para que se obtenha um controle da

incidência e prevenção de suas complicações metabólicas (SARTORELLI, 2006). Os

resultados que podem ser obtidos com a implementação de medidas preventivas

são: melhoria na qualidade de vida, redução dos custos do controle da doença,

redução dos custos dos tratamentos de suas complicações, podendo até reduzir os

índices de mortalidade (FERREIRA et al, 2005).

A portaria n° 95, de 26 de janeiro de 2001 do Ministério da Saúde estabelece

a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS 01/2001) que tem como

objetivo definir as responsabilidades e ações estratégicas mínimas da atenção

básica a várias doenças, entre elas, ao DM. Sendo assim, as responsabilidades e

atividades da atenção básica ao DM incluem: diagnóstico de casos, pela

investigação de usuários com fatores de risco; cadastramento dos portadores;

busca ativa de casos; tratamento dos casos, pelo acompanhamento ambulatorial e

domiciliar e na educação terapêutica; do fornecimento de medicamentos e

curativos; monitoramento dos níveis de glicose dos pacientes; diagnóstico precoce

de complicações; primeiro atendimento de urgência; encaminhamento de casos

graves para outros níveis de complexidade; medidas preventivas e de promoção da

saúde através de ações educativas sobre condições de risco (obesidade,vida

sedentária), ações educativas para prevenção de complicações (cuidados com os

pés, orientação nutricional, cessação do tabagismo e alcoolismo; controle da PA e

das dislipidemias) e ações educativas para auto-aplicação de insulina (BRASIL,

2001). Essas ações são atividades em que o profissional farmacêutico, com seus

conhecimentos técnico-científcos, poderiam atuar pelo seguimento

farmacoterapêutico.

A tabela 6 apresenta os tipos de prevenção do DM e de suas complicações

na atenção básica.

25

Tabela 6 - Tipos de prevenção do DM e de suas complicações na atenção

básica

TIPO DE PREVENÇÃO

CARACTERÍSTICAS

PREVENÇÃO PRIMÁRIA

Prevenção de fatores de risco para DM como

sedentarismo, obesidade e hábitos alimentares

não saudáveis.

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA

Diagnóstico precoce de vários tipos de DM.

Prevenção das complicações metabólicas do

DM.

PREVENÇÃO TERCIÁRIA

Tratamento dos indivíduos já afetados pela

doença.

Intensificação do controle de pacientes já

diagnosticados visando prevenir complicações

agudas e crônicas.

Fonte: MS (2006); FERREIRA (2008).

4.5.2 Tratamento

Quando trata-se de intervenção terapêutica no paciente diabético,

recomenda-se utilizar o tratamento não medicamentoso e o tratamento

medicamentoso (SBD, 2007). O objetivo do tratamento é manter os níveis de glicose

dentro de valores que não promovam danos a órgãos importantes ao organismo,

reduzindo desta forma a incidência e a severidade das complicações (FLORES,

2005). É importante lembrar que o esquema terapêutico no tratamento do DM deve

levar em consideração a presença de fatores de risco como a hipertensão,

obesidade, dislipidemia, entre outras comorbidades que podem estar associadas ao

DM (FERREIRA, 2008).

Inicialmente, recomenda-se como terapia de primeira escolha, em qualquer

tipo de DM, o tratamento não medicamentoso que engloba medidas educativas,

mudanças dos hábitos de vida como a prática de exercícios físicos frequentes,

alimentação adequada e balanceada, redução ou abandono de vícios como o

tabagismo e da ingestão de bebidas alcoólicas (ADA, 2011; INZUCCHI, 2002). Estas

26

medidas favorecem um melhor controle dos níveis glicêmicos, do metabolismo e do

peso corporal (GUIDONE, 2009a; INZUCCHI, 2002).

No momento em que o paciente passa a não responder ao tratamento não

medicamentoso ou deixa de fazê-lo, torna-se necessário associar o tratamento

medicamentoso utilizando um ou mais dos possíveis antidiabéticos orais (ADOs)

e/ou insulina para se obter o controle glicêmico e promover a diminuição dos níveis

da hemoglobina glicada (SBD, 2007).

No tratamento do DM1, utiliza-se a insulina exógena em consequência à

diminuição patológica desse hormônio (SBD, 2007). A insulinoterapia é a opção

terapêutica no tratamento do DM tipo 1 e deve-se ser administrada no intuito de

mimetizar o padrão fisiológico de insulina. Ela pode ser administrada de três ou mais

doses de insulina basal e prandial por dia (NPH e regular); ou administração dos

análogos de insulina (lispro e asparte) que são insulinas obtidas por técnicas de

DNA recombinante. O tratamento também permite fazer uma contagem de

carboidratos e administrar quantidades insulina prandial correspondentes a

quantidade de carboidratos que serão ingeridos na refeição. Sendo assim é possível

alterar a dose da insulina em função da quantidade de carboidratos. As medidas não

medicamentosas também são necessárias no controle metabólico do DM 1, mas

como neste tipo do DM há uma deficiência de insulina, o tratamento medicamentoso

é considerado primeira escolha (ADA, 2011).

A tabela 7 resume as principais características dos perfis de ação das

preparações insulínicas disponíveis.

Tabela 7 – PERFIS DE AÇÃO DAS INSULINAS HUMANAS E DOS ANÁLOGOS

DE INSULINA HUMANA

Insulinas

Humanas

Tipo de insulina Início Pico de ação Duração da

ação

Ultra-rápida

Análogos de

Insulina de ação

ultra-rápida

Glulisina

< 5 - 15 minutos

1 hora

4 horas

Lispro

< 15 minutos 0,5-1,5 horas 2-4 horas

Asparte 5-10 minutos 1-3 horas 3-5 horas

Rápida Regular 30-60 minutos 2-3 horas 3-6 horas

27

Intermediária NPH 2-4 horas 4-10 horas 10-16 horas

Longa

Análogos de

insulina de

longa

duração

Glargina

1-2 horas

Não tem

Até 24 horas

Detemir

1-2 horas

Não tem

Até 24 horas

Fonte: SBD (2009b)

A figura 1 e figura 2, apresentam o perfil de ação das insulinas e um exemplo

de esquema de insulinoterapia intensa, respectivamente.

Figura 1 - Perfil de ação das insulinas (SBD, 2010)

Figura 2 – Esquema de insulinoterapia intensa (SBD, 2010)

28

O tratamento do DM2, quando não responsivo ao tratamento não

medicamentoso, faz necessário a administração dos antidiabético orais (ADO) que

podem ser prescritos isoladamente ou em associações. Para a escolha do ADO

deve-se observar os níveis plasmáticos de glicose em jejum e pós-prandial, valores

da hemoglobina glicada, custo, mecanismos de ação, estágio da doença, segurança

e eficácia do medicamento, e também fatores relacionados ao paciente como peso,

idade, doenças associadas, uso de medicamentos e possíveis interações

medicamentosas (MS, 2002; NATHAN et al, 2006; SBD, 2007).

Fazem parte dos antidiabéticos orais os agentes que incrementam a

secreção pancreática de insulina (sulfonilureias e glinidas); os que reduzem a

velocidade de absorção de glicídios (inibidores das alfaglicosidases); os que

diminuem a produção hepática de glicose (biguanidas); os que aumentam a

utilização periférica de glicose (glitazonas), análogos e os agonistas do GLP-1

(Incretinomiméticos) e/ou agentes que aumentam a secreção de insulina glicose-

dependente e diminuem a secreção de glucagon (inibidores da DDP-IV ou gliptinas),

(SBD, 2009a). A tabela 8 apresenta as opções farmacológicas para o tratamento do

Diabetes Mellitus.

O tratameto do DM2 pode ser iniciado muitas vezes com a monoterapia, mas

as associações podem ser necessárias devido a característica progressiva da

doença. A metformina é recomendada como terapêutica inicial e em geral, tem

poucos efeitos adversos, custo relativamente baixo e boa aceitação. Ao atingir a

dose máxima da metformina e ocorrer falha com o tratamento, recomenda-se

acrescentar outro medicamento, sendo que a escolha do medicamento vai depender

de características específicas do paciente e do seu quadro clínico (NATHAN et al,

2006; SBD, 2007). É importante ressaltar que cada paciente necessitará de um

tratamento distinto, considerando sempre o estágio que a doença se encontra e

outros fatores, citados acima, que são importantes na escolha do ADO. A SBD

recomenda o fluxograma a seguir (Tabela 9) que é um algoritmo que pode auxiliar

no manejo do tratamento.

29

Tabela 8 – Opções farmacológicas para o tratamento do

Diabetes Mellitus

CLASSES FÁRMACOS PERFIL E MECANISMO DE AÇÃO

Inibidores

da alfaglicosidase

Acarbose

Retarda a absorção intestinal de glicose. Baixo potencial de

redução da A1C (0,5 – 0,8%).

Intolerância gastrintestinal.

Biguanidas

Metformina

Reduz primariamente a produção hepática de glicose e

combate a resistência à insulina. Alto potencial de redução da

A1C (2%). Intolerância gastrintestinal. Não causa hipoglicemia.

Pode promover discreta perda de peso. Contra-indicada na

disfunção renal.

Glitazonas

Rosiglitazona

Pioglitazona

Combate primariamente a resistência à insulina e reduz a

produção hepática de glicose. Aumentam a sensibilidade do

músculo, tecido gorduroso e fígado à insulina. Potencial

intermediário de redução de A1C (0,5 – 1,4%). Promovem

retenção hídrica e ganho de peso, aumentando o risco de

insuficiência cardíaca. Também aumentam o risco de fraturas.

Sulfoniluréias

Clorpropamida

Glibenclamida

Glipizida

Gliclazida

Gliclazida MR

Glimepirida

Estimulam a produção endógena de insulina pelas células beta

do pâncreas, com duração de ação de média a prolongada (8-

24 horas). Úteis para o controle da glicemia de jejum e da

glicemia de 24 horas. Alto potencial de redução de A1C (2%).

Podem causar hipoglicemia. Clorpropamida e glibenclamida

apresentam maior risco de hipoglicemia. Uma alegada ação

deletéria em células beta humanas ainda não está

estabelecida.

Glinidas

Repaglinida

Nateglinida

Estimulam a produção endógena de insulina pelas células beta

do pâncreas, com duração rápida de ação (1-3 horas). Úteis

para o controle da hiperglicemia pós-prandial. Potencial

intermediário de redução de A1C (1,0 – 1,5%). Podem

promover aumento de peso e hipoglicemia. A repaglinida é

mais potente que a nateglinida.

Incretinomiméticos

e

Inibidores da DPP-4

Exenatida

Vildagliptina

Sitagliptina

Esta é uma nova classe terapêutica para o tratamento do DM,

cujo mecanismo inclui o estímulo das células beta para

aumentar a síntese de insulina e a ação nas células alfa do

pâncreas reduzindo a produção de glucagon. O glucagon tem

efeito de aumentar a glicemia. Potencial médio de redução da

A1C (0,5 – 0,8%, dependendo do valor basal de A1C). Não

causam hipoglicemia. Intolerância gastrointestinal e ocorrência

de pancreatite (exenatida).

Fonte: SBD (2009a) - Adaptada

30

Tabela 9 – ALGORITMO PARA O TRATAMENTO DO DIABETES TIPO 2

– ATUALIZAÇÃO 2009 –

ETAPA 1: CONDUTA INICIAL CONFORME A CONDIÇÃO CLÍNICA ATUAL

Manifestações leves

Manifestações moderadas

Manifestações severas

Hospitalização se glicemia >300

mg/dL

•Glicemia <200 mg/dL

+

•Sintomas leves ou

ausentes

+

•Ausência de outras

doenças agudas

concomitantes

• Qualquer glicemia

entre

200 e 300 mg/dL

+

• Ausência de

critérios para

manifestação

leve ou grave

• Qualquer glicemia

acima

de 300 mg/dL

= Ou =

• Perda significante de

peso

= Ou =

• Sintomas graves

e significantes

= Ou =

• Presença de

cetonúria

Nas seguintes

condições:

• Cetoacidose

diabética e estado

hipereosmolar

= Ou =

• Doença grave

intercorrente ou

comorbidade

Metformina (500

mg/dia,

intensificando até

2.000 mg/dia) +

modificações de

estilo de vida.

Se não atingir

A1C<7% em 4 a 6

semanas.

Nota: Em caso de

intolerância à

metformina, as

formulações de ação

prolongada podem

ser úteis. Persistindo

o problema, escolha

uma das opções da

Etapa 2

Metformina (500

mg/dia, intensificando

até

2.000 mg/dia) +

modificações de

estilo de vida +

outros antidiabéticos

orais

CRITÉRIOS PARA

INCLUSÃO DE

SEGUNDO ADO.

Iniciar

insulinoterapia

imediatamente.

Iniciar a terapia de

acordo com as

recomendações do

algoritmo e conforme o

controle glicêmico

obtido após a alta.

31

ETAPA 2: ADICIONAR OU MODIFICAR SEGUNDO AGENTE CONFORME NÍVEL DE A1C.

7- 8% 8-10% >10%

• Sulfoniluréia

• iDPP-4

• Glitazona

• Glinidas (predomínio de

hiperglicemia pós-prandial)

• Acarbose (predomínio de

hiperglicemia pós-prandial)

• Exenatida (sobrepeso ou

obesidade)

• Sulfoniluréia

• iDPP-4

• Glitazona

• Insulina basal ao deitar

• Exenatida (sobrepeso

ou obesidade)

Insulinoterapia

• Insulina basal

+ insulina

prandial

Com ou sem:

• Metformina

• Sulfoniluréia

• iDPP-4 (estudos em

andamento)

MONITORAÇÃO E AJUSTES NO TRATAMENTO APÓS 2-3 MESES COM

DOSES MÁXIMAS EFETIVAS PARA ATINGIR AS METAS: A1C<7%, GLICEMIA

DE JEJUM <130 mg/dL OU GLICEMIA PÓS-PRANDIAL (2 HORAS) <160 mg/dL

ETAPA 3: ADICIONAR UM TERCEIRO AGENTE ORAL OU INTENSIFICAR O

TRATAMENTO INSULÍNICO.

Adicionar um terceiro ADO com diferente

mecanismo de ação. Se em 2 ou 3 meses não

atingir as metas de A1C<7%, glicemia de

jejum <130 mg/dL ou glicemia pós-prandial (2

horas) <160 mg/dL, iniciar insulinização.

Intensificar a insulinização até atingir as metas

de A1C<7%, glicemia de jejum <130 mg/dL ou

glicemia pós-prandial (2 horas) <160 mg/dL.

Abreviações: A1C = hemoglobina glicada; iDPP-4 = inibidores da dipeptidil peptidase-4; ADO

= antidiabéticos orais.

Fonte: SBD (2009b)

No tratamento da Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) recomenda-se iniciar

com controle dietético para manter controle metabólico adequado, nutrição materno-

fetal e ganho ponderal recomendado, com refeições balanceada, com menor

volume, intervalos regulares (5-6 refeições por dia). A prática de atividades físicas

pode ser recomendado desde que não se tenha nenhuma contra-indicação

obstétrica e que evite exercícios de alto impacto ou que predisponham à perda de

equilíbrio. Quando o controle glicêmico não é atingido com estas medidas, inicia-se

a insulinoterapia (PADILHA et al, 2010). A metformina pode ser uma opção

32

terapêutica no tratamento do DMG, mas poucos são os ensaios clinicos que avaliam

a segurança e eficácia de seu uso (ROWAN et al, 2008).

A utilização de terapias com células-tronco (CT) pluri ou multipotentes no

tratamento do Diabetes Mellitus já estão sendo estudados. Os estudos em animais

são muitos, já em humanos são raros relatos que verificaram o efeito de tratamento

com CT sobre o controle glicêmico no DM devido a várias dificuldades. Os desafios

para a utilização da terapia regenerativa são muitos e inúmeras são as

necessidades de novas estratégias no tratamento do DM (LEAL; VOLTARELLI,

2010).

A cirurgia bariátrica, que surgiu como um tratamento para obesidade mórbida,

hoje é considerada uma opção terapêutica no tratamento do DM2 e pode levar à

melhoria ou resolução do DM. Ainda não existem dados sobre o impacto da cirurgia

nas complicações crônicas micro e macrovasculares do DM (SPECTOR; SHIKORA,

2010). A meta-análise e revisão da literatura realizada por Bushwald e

colaboradores (2004) mostraram que de todos os tipos de cirurgias bariátricas a

resolução das manifestações clínicas do DM ocorreu em 76,8% dos pacientes,

enquanto o controle do DM melhorou em 86% dos casos. Atualmente, muitos

aspectos sobre o tratamento cirúrgico do DM2 ainda são questionáveis e

inexplicáveis, ainda não está claro qual o aspecto do procedimento cirúrgico é

responsável pelo aumento observado na sensibilidade a insulina, sabe-se que a

perda de peso é importante, mas acredita-se que outros mecanismos também

estejam envolvidos, e vários são os estudos que estão sendo realizados para

tentarem explicar tais efeitos (MINGRONE; CASTAGNETO-GISSEY, 2009).

4.6 PROBLEMAS DA TERAPÊUTICA DO DIABETES MELLITUS

Alguns problemas podem estar associados à terapêutica do Diabetes Mellitus,

a seguir os mesmos serão abordados mais detalhadamente.

33

4.6.1 Reações adversas

A Reação Adversa a Medicamento (RAM) é definida como “uma resposta a

um medicamento que é nociva e não-intencional e que ocorre nas doses

normalmente usadas em seres humanos” (OPAS; OMS, 2005a). As RAMs são

responsáveis por causas significativas de hospitalizações, aumento de tempo de

permanência hospitalar, causas de óbitos, afetam a qualidade de vida do paciente,

aumentam os custos e influenciam na adesão ao tratamento (MENON et al., 2005;

RUBIN, 2005).

É importante ressaltar que reação adversa é diferente de efeito colateral.

Sendo assim define-se efeito colateral como sendo “qualquer efeito não-intencional

de um produto farmacêutico, que ocorre em doses normalmente utilizadas por um

paciente, relacionadas às propriedades farmacológicas do medicamento” (OPAS;

OMS, 2005a).

A metformina é um antidiabético oral (ADO) muito utilizado no tratamento do

DM, o efeito adverso mais significativos são os distúrbios gastrointestinais, incluindo

náuseas, vômitos, anorexia e diarréias. Estes efeitos ocorrem particularmente

durante o início do tratamento e quando o escalonamento da dose é muito rápida.

Tais efeitos adversos podem prejudicar na adesão ao tratamento, mas os mesmos

dissipam ao longo do tratamento. Doses baixas no início do tratamento e o uso de

formulações de liberação prolongada ajudam a reduzir tais reações adversas

(FOWLER, 2007; PETRIE et al, 2011)

A grande problema da insulinoterpia é a falta de adesão ao tratamento devido

ao alto índice de hipoglicemia gerada por estes medicamentos. A hipoglicemia

acomete 90% da pessoas tratadas com a insulina, mas esse risco pode ser

diminuido pela insulinização adequada e com um monitoramento diário dos níveis de

glicose no sangue por meio do teste de glicemia capilar. Os sintomas da

hipoglicemia podem ser classifcados em duas categorias: os neurogênicos ou

autonômicos e os neuroglicopênicos (NERY, 2008). A tabela 10 exemplifica alguns

dos sinais e sintomas da hipogligemia.

34

Tabela 10 - Sinais e sintomas da hipogligemia

Sintomas neuroautonômicos (causados

pela resposta

autonômica)

Sintomas neuroglicopênicos (causados pela

concentração

reduzida de glicose no SNC)

Falta de estabilidade, tremor

Ansiedade

Nervosismo

Palpitações

Sudorese

Pele pegajosa

Boca seca

Fome

Palidez

Dilatação da pupila

Sensações estranhas (calor, formigamentos)

Irritabilidade

Confusão mental

Difculdade de raciocínio

Difculdade de fala

Visão borrada

Ataxia

Parestesias

Dor de cabeça

Confusão mental

Convulsão

Coma

Morte

Fonte: NERY (2008)

4.6.2 Adesão

O conceito de adesão varia entre vários autores, segundo LEITE &

VASCONCELLOS (2003, p. 777), a adesão “é compreendida como a utilização dos

medicamentos prescritos ou outros procedimentos em pelo menos 80% de seu total,

observando horários, doses, tempo de tratamento.” O Projeto Adesão da

Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua a adesão como a participação

voluntária e ativa do paciente no seu tratamento, em que seus comportamentos

representados pela ingestão de medicamentos, seguimento da dieta, mudanças no

estilo de vida correspondem e concordam com as recomendações de um médico ou

outro profissional de saúde dividindo assim as responsabilidades (OMS, 2003b).

Na adesão, o paciente participa ativamente e diretamente no tratamento, no

que diz respeito a freqüência das consultas, modificações dos hábitos e

comportamentos que contribuem efetivamente para um bom tratamento (COUTO,

2010).

35

Pacientes diabéticos requerem mudanças de vidas e na maioria das vezes,

uma grande quantidade de medicamentos, porém os benefícios do tratamento

adequado podem ser limitados devido à falta de adesão ao tratamento (RUBIN,

2005).

A falta de acesso ao medicamento, de conhecimento acerca da doença e dos

medicamentos, presença de reações adversas, polifarmácia, entre outros,

contribuem para não adesão a farmacoterapia. Para investigação da adesão, fatores

relacionados ao paciente, sociais, à relação profissional-paciente, ao esquema

terapêutico e à doença podem ser utilizados (Figura 3). É evidente em vários

estudos que quando o paciente confia na prescrição e na equipe de saúde, e

entende a forma como vem sendo conduzido seu tratamento e a sua importância, a

adesão é verificada e o profissional de saúde influencia na promoção da adesão

(GIMENES et al, 2009; LEITE; RUBIN, 2005; VASCONCELLOS, 2003).

Figura 3 – Fatores que influenciam na adesão (MACHADO, 2008).

Sistema de saúde /

Equipes de saúde Fatores

socioeconômicos

Fatores

relacionados à terapêutica

Fatores relacionados ao

paciente

Fatores relacionados

à doença

36

Um importante problema no tratamento das doenças crônicas está nos baixos

índices de adesão ao tratamento. Vários aspectos no tratamento do DM contribuem

para a baixa adesão, são eles: mudança do estilo de vida, esquemas terapêuticos

complexos, desconfortos, necessidade de monitoramento e vigilância, e ter como

meta a prevenção ou controle dos sintomas e não a cura da doença (COELHO et al.,

2008). Os três elementos do tratamento e da própria doença têm sido associados

com a adesão: a complexidade do tratamento, a duração da doença e prestação de

cuidados que são necessários (OMS, 2003b)

A não adesão a tratamentos é comum e contribui para aumento do número de

mortes, agravos das doenças e aumento dos custos no cuidado a saúde. Nos

Estados Unidos, de todas as internações hospitalares relacionadas com a

medicação, 33-69% são devidos à má adesão à farmacoterapia, com um custo

resultante de aproximadamente $ 100 bilhões por ano (OSTERBERG; BLASCHKE,

2005).

Em estudo que monitorou a adesão a prescrição de sulfoniluréias por

pacientes com DM tipo 2, utilizando o método MEMS (Medication Event Monitoring

System), obteve-se 93% de adesão ao tratamento com antidiabéticos orais, neste

mesmo estudo, quando utilizou-se a contagem de comprimidos, obteve-se adesão

de 87% para o tratamento com 2 ou 3 comprimidos por dia (WINKLER et al, 2002).

Segundo os resultados publicados pelo estudo DAWN (Diabetes Attitudes, Wishes

and Needs Study), a adesão ao tratamento medicamentoso do DM1 e DM2 foi de

83% e 78%, respectivamente. Já a adesão a dieta e exercício físico foi de,

aproximadamente, 72% e 36%, respectivamente (PEYROT et al, 2005).

Outro estudo realizado em um centro de pesquisa e extensão universitária do

interior paulista, no Programa de Educação em Diabetes, em 2007, os autores

observaram uma adesão ao tratamento de 78,3%. O estudo avaliou também a

prevalência da adesão em outros fatores que podem influenciar neste

comportamento do paciente ao tratamento. Em relação aos fatores referentes à

relação profissional-paciente, a adesão ao tratamento medicamentoso foi maior nos

pacientes que referiram ter recebido informações acerca da doença (84,6%) e

informações específicas em relação ao medicamento prescrito (86,7%). Dos

pacientes que referiram efeitos colaterais relacionados ao medicamento, a

37

prevalência de adesão foi 70%. Já os que não referiram efeitos colaterais foram

93,8% (GIMENES et al., 2009, FARIA, 2008).

Outro desafio dos profissionais da saúde está na adesão do paciente

diabético ao tratamento não-medicamentoso, tais como: atividade física, mudanças

dos hábitos alimentares, uso do álcool e tabaco. Em estudo realizado por Couto

(2010), 78,1% dos diabéticos referiram não seguir regularmente a dieta

recomendada e 87,5% referiram não praticar nenhuma atividade física.

Vários métodos podem ser utilizados para melhorar a adesão ao tratamento.

A tabela 11 apresenta algumas intervenções que podem facilitar a adesão do

paciente ao tratamento.

Tabela 11 - Intervenções para facilitar a adesão ao tratamento

Objetivo/Meta Intervenção

Recorde e melhore a compreensão do

tratamento

Reforças os benefícios percebidos do

tratamento

Minimizar os efeitos adversos

Minimizar os custos

Minimizar a complexidade do tratamento

Facilitar o bem-estar emocional

Verificar a compreensão do paciente

durante a consulta

Utilize auxílios visuais

Esclarecer o alívio dos sintomas

limitados

Encontrar benefícios a longo prazo

Discutir e monitorar

Fazer ajustes necessários

Discutir e monitorar

Alterar o tratamento quando adequado

Monitorar

Alterar o esquema quando necessário

Verificar sintomas de depressão

Tratar pacientes deprimidos

Considerar sofrimentos relacionados ao

diabetes

Promover a educação em DM

Fonte: RUBIN (2005) – Adaptado

São poucos os relatos e as informações na literatura a respeito da adesão do

paciente diabético. Sendo assim, fazem-se necessárias outras investigações a

38

respeito da adesão ao tratamento medicamentoso em DM (GIMENES et al, 2009;

RUBIN, 2005).

4.6.3 Acesso

O falta de acesso a medicamentos, principalmente os de uso contínuo, pode

levar ao agravamento do quadro clínico do paciente, aumentar os gastos com a

atenção secundária e terciária e interferir na adesão farmacoterapêutica. Muitos

pacientes não têm acesso ao medicamento por não terem condições financeiras

para aquisição ou por muitas vezes não encontrar na rede pública devido a baixa

disponibilidade e descontinuidade da oferta destes produtos (PANIZ et al, 2008).

Segundo a Lei nº 8.080/90, o acesso universal e gratuito a serviços públicos e

a medicamentos essenciais padronizados pelo SUS são garantidos pela

Constituição. A OMS define medicamentos essenciais:

São aqueles que servem para satisfazer às necessidades de atenção à saúde da maioria da população. São selecionados de acordo com a sua relevância na saúde pública, evidência sobre a eficácia e a segurança e os estudos comparativos de custo efetividade. Devem estar disponíveis em todo momento, nas quantidades adequadas, nas formas farmacêuticas requeridas e a preços que os indivíduos e a comunidade possam pagar. (OMS, 2004)

No Brasil, a Relação Nacional de Medicamentos é a RENAME, e a adoção da

RENAME faz parte das diretrizes da Política Nacional de Medicamentos. A lista de

medicamentos essenciais abrange medicamentos destinados a assistência primária

na atenção básica e a assistência à saúde de média e alta complexidade (MS,

2001).

As relações de medicamentos essenciais no Brasil são utilizadas no âmbito

do SUS, mas a disponibilização de medicamentos no serviço público não está

restrita aos medicamentos constantes na Rename. Além dos medicamentos da

Rename, existem outras listas de medicamentos que contemplam o tratamento em

vários programas de saúde, como por exemplo: medicamentos de alto custo e

medicamentos excepcionais; medicamentos para o Programa da Saúde da Família,

medicamentos da Farmácia Popular (Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus);

39

medicamentos para Saúde Mental; medicamentos que atendem a programas

nacionais como DST/Aids (Anti-Retrovirais), Tuberculose, Hanseníase, entre vários

outros (OPAS; OMS, 2005b).

A situação mundial do acesso a medicamentos essenciais é ainda

considerada crítica. A OMS estima que cerca de dois bilhões de pessoas (1/3 da

população mundial) não têm acesso regular a medicamentos essenciais e que

apenas 15% da população mundial consomem mais de 90% da produção mundial

de medicamentos (OPAS; OMS, 2005b).

A visão da OMS na estratégia de Medicamentos 2004-2007, no que diz

respeito aos medicamentos, prevê “que em todas as partes, as pessoas tenham

acesso aos medicamentos essenciais que necessitam; que os medicamentos sejam

seguros, efetivos e de boa qualidade; e que os medicamentos sejam prescritos e

utilizados racionalmente”. Os quatro objetivos principais dessas estratégias são: (a)

melhorar o acesso a medicamentos essenciais; (b) fortalecer as políticas nacionais

de medicamentos; (c) melhorar a qualidade e segurança dos medicamentos; e (d)

promover seu uso racional (OMS, 2004).

O Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) é uma iniciativa do Governo

Federal para reduzir os preços e aumentar o acesso aos medicamentos, onde o

Ministério da Saúde (MS), por meio das redes próprias ou estabelecimentos

farmacêuticos privados conveniados com o programa, disponibilizam a venda para a

população, medicamentos e/ou correlatos a preços inferiores aos comercializados

nas drogarias particulares não aderentes a este programa. O PFPB tem como

objetivo oferecer medicamentos essenciais a um baixo custo à população,

melhorando o acesso e beneficiando uma maior quantidade de pessoas. Em uma

medida recente do Governo Federal pela Portaria n.° 184, de 3 de fevereiro de 2011,

foi definido que os medicamentos estabelecidos pelo programa para o tratamento da

hipertensão arterial e/ou Diabetes Mellitus, tornam-se gratuitos aos usuários,

mesmo aqueles disponibilizados em drogarias privadas (BRASIL, 2011). Não são

todos os medicamentos utilizados pelos pacientes diabéticos que estão

disponibilizados no PFPB, apenas os medicamentos conforme tabela 12.

40

Tabela 12 - Medicamentos gratuitos do programa aqui tem

farmácia popular para o tratamento Diabetes Mellitus

Glibenclamida 5 mg, comprimido

Cloridrato de metformina 500 mg, comprimido

Cloridrato de metformina 850 mg, comprimido

Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, frasco-ampola 10

ml

Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, frasco-ampola 5

ml

Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, refil 3ml (carpule)

Insulina Humana NPH 100 UI/ml - suspensão injetável, refil 1,5ml

(carpule)

Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola 10

ml

Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola 5

ml

Insulina Humana Regular 100UI/ml, solução injetável, refil 3ml

(carpules)

Insulina Humana Regular 100UI/ml, solução injetável, refil 1,5ml

(carpules)

Fonte: BRASIL (2011)

4.7 ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO AO PACIENTE

Após o fenômeno industrial, o farmacêutico perdeu um pouco sua identidade

e passou cada vez mais a ser visto pela sociedade como um mero dispensador de

medicamentos, perdendo sua característica de profissional da saúde. Com o

advento dos medicamentos industrializados e com a grande variedade de produtos

farmacêuticos surge a necessidade do profissional farmacêutico como responsável

pela farmacoterapia do paciente. A automedicação, o uso desnecessário de

medicamentos e a utilização de fármacos em situações contra-indicadas é uma

prática muito comum e expõe os pacientes aos riscos de ocorrência de reações

41

adversas, mascaramento de condições clínicas mais graves e/ou evolutivas,

interações medicamentosas e intoxicações, constituindo-se assim uma importante

causa de morbidade e mortalidade A farmácia clínica e atenção farmacêutica (AF)

permitem que o farmacêutico se apresente como um profissional da saúde e não

apenas como um profissional do medicamento (FREITAS et al, 2006; MENEZES,

2000).

Como profissional de saúde e último elo entre a prescrição e a administração

do medicamento, o farmacêutico atuando na atenção farmacêutica e em conjunto

com outros profissionais da saúde podem significativamente contribuir para uma

melhor farmacoterapia e obter bons resultados clínicos, humanísticos e econômicos,

tais como, Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM) evitados e resolvidos,

melhor qualidade de vida, redução do número de hospitalizações e consultas de

médicas, redução nos custos e no número de medicamentos utilizados, redução no

absenteísmo no trabalho (CARVALHO, 2007).

Para a Organização Mundial de Saúde, há Uso Racional de Medicamentos

(URM) quando o paciente em uma condição clínica recebe medicamento seguro,

eficaz e apropriado, na dose e forma farmacêutica correta, por um período

adequado, que esteja disponível ao menor custo. É considerado uso irracional uso

inapropriado de antimicrobianos, polimedicação, automedicação feita de forma

inapropriada, prescrições inadequadas, entre outras práticas (OPAS, 2007)

4.7.1 Atenção Farmacêutica

A Atenção farmacêutica está inserida no contexto da Assistência

Farmacêutica no momento da dispensação e utilização dos medicamentos. A

primeira tem como foco o paciente, já a segunda o medicamento, mas ambas

buscam promover o Uso Racional de Medicamentos (URM). Na atenção

farmacêutica o farmacêutico assume a responsabilidade de garantir uma

farmacoterapia que seja a mais indicada, eficaz e segura (CARVALHO, 2007;

PERREIRA; FREITAS, 2008; SILVA; PRANDO, 2004).

42

Na década de 90, Hepler & Strand propõe o conceito da atenção

farmacêutica com o objetivo de diminuir os índices de mortalidade e morbilidade que

podem estar associados aos medicamentos. Segundo Hepler e Strand (1999, p.43),

o conceito clássico de atenção farmacêutica é “a provisão responsável da

farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados definidos que melhorem a

qualidade de vida dos pacientes”. No Brasil, foi preparado um relatório que propôs

um conceito de Atenção farmacêutica de acordo com a realidade brasileira. Após a

avaliação de diversos modelos executados no exterior a atenção farmacêutica foi

definida:

É um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades bio-psico-sociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde (OPAS, 2002).

Além do conceito de Atenção Farmacêutica, foram definidos nesse mesmo

encontro os macro-componentes da prática profissional para o exercício da Atenção

Farmacêutica, são eles: educação em saúde (promoção do uso racional de

medicamentos), orientação farmacêutica, dispensação de medicamentos,

atendimento farmacêutico, acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico e

registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resultados. (OPAS,

2002).

A tabela 16 aborda os conceitos de cada um dos macro-componentes da

atenção farmacêutica.

A orientação do farmacêutico por meio da atenção farmacêutica permite

enumerar várias vantagens, tais como: diminuir a necessidade de assistência

médica, diminuição dos custos do sistema público e privado de saúde com

medicamentos e atendimentos médicos, resolução de problemas relacionados aos

medicamentos (PRMs), permite ao usuário do medicamento maior segurança,

melhor adesão ao tratamento, manutenção de objetivos terapêuticos e melhor

43

autocuidado, facilita na detecção de reações adversas e está continuamente

promovendo o uso racional de medicamentos (MENEZES, 2000).

Tabela 16 - Conceitos dos macro-componentes da Atenção Farmacêutica

MACRO-COMPONENTES CONCEITOS

Problema relacionado com

medicamento (PRM)

“É um problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar

relacionado à farmacoterapia, que interfere nos resultados

terapêuticos e na qualidade de vida do usuário.”

Acompanhamento/seguimento

farmacoterapêutico

“É um componente da Atenção Farmacêutica e configura um

processo no qual o farmacêutico se responsabiliza pelas

necessidades do usuário relacionadas ao medicamento, por

meio da detecção, prevenção e resolução de Problemas

Relacionados aos Medicamentos (PRM), de forma sistemática,

contínua e documentada, com o objetivo de alcançar

resultados definidos, buscando a melhoria da qualidade de

vida do usuário.”

Atendimento Farmacêutico

“É o ato em que o farmacêutico, fundamentado em sua praxis,

interage e responde às demandas dos usuários do sistema de

saúde, buscando a resolução de problemas de saúde, que

envolvam ou não o uso de medicamentos. Este processo pode

compreender escuta ativa, identificação de necessidades,

análise da situação, tomada de decisões, definição de

condutas, documentação e avaliação, entre outros.”

Intervenção Farmacêutica

“É um ato planejado, documentado e realizado junto ao usuário

e profissionais de saúde, que visa resolver ou prevenir

problemas que interferem ou podem interferir na

farmacoterapia, sendo parte integrante do processo de

acompanhamento/seguimento farmacoterapêutico.”

FONTE: OPAS (2002)

Strand et al (2004) avaliaram o impacto sobre os profissionais, impacto clínico

e econômico da atenção farmacêutica. Inicialmente, os profissionais participaram de

um programa de treinamento onde aprenderam a respeito da filosofia da atenção

farmacêutica, de como identificar, resolver e evitar problemas relacionados a

medicamentos e a documentação das ações. A atenção farmacêutica aconteceu no

44

período entre janeiro de 2000 e dezembro de 2003 e contou com a participação de

2.985 pacientes adultos. No início do estudo, 61% desses pacientes tinham um ou

mais PRMs identificados e resolvidos. Ao final, ocorreu uma melhora no estado

clínico ou manutenção de um estado estável em 83% dos pacientes. Dos 863

pacientes com DM tipo II, 51% apresentaram melhora clínica ao receber atenção

farmacêutica. Com relação ao impacto econômico, o estudo demonstrou uma

redução de custos no valor de US$ 1.134.162,00.

Lyra Júnior (2005) realizou um estudo com idosos no Brasil e constatou que

intervenções educativas foram capazes de otimizar a utilização de medicamentos,

resultando na resolução e prevenção de aproximadamente 70% dos PRMs

identificados e um aumento de 35% na adesão a farmacoterapia. Os resultados

humanísticos também foram satisfatórios, pois os idosos demonstraram melhoras

significativas em seus índices de qualidade de vida após o programa.

Nos EUA, em uma análise farmacoeconômica, revelou que a revisão dos

regimes terapêuticos melhora em 43% os resultados finais do tratamento e gera uma

economia de US$3,6 billões de dólares, por ano, relacionada à prevenção de

problemas relacionados a medicamentos ou complicações oriundos da

farmacoterapia, pois quando farmacêuticos não revisam as prescrições, os gastos

com problemas ou complicações são da ordem de US$7,6 billhões, por ano, contra

um gasto de US$4 bilhões, por ano, quando esta revisão é efetuada (ARAÙJO,

2001).

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, faz-se necessário buscar uma

assistência farmacêutica de qualidade que garanta o acesso aos medicamentos da

atenção primária para que seja possível a implantação e implementação de uma

Atenção Farmacêutica com solidez. Alguns fatores dificultam a implantação dos

serviços de atenção farmacêutica no Brasil, sendo eles: a falta de reconhecimento

da sociedade da importância do farmacêutico como um profissional da saúde, pouca

inserção do profissional nas equipes multiprofissionais de saúde, escassez de

oportunidades da educação continuada na área clínica, falta de estruturação dos

serviços de saúde, dificuldade de acesso ao medicamento por parte dos usuários do

Sistema Único de Saúde (SUS) e ausência de documentação científica que

possibilite demonstrar aos gestores do sistema público e privado que a

implementação da Atenção Farmacêutica representa um investimento e não custo

(PERREIRA; FREITAS, 2008; SILVA; PRANDO, 2004).

45

Segundo a pesquisa realizada em Curitiba por Oliveira et al. (2005), os

obstáculos enfrentados para a implantação da Atenção Farmacêutica nas Farmácias

Comunitárias incluem desmotivação devido ao excesso de atividades no

gerenciamento das farmácia e a falta de tempo no atendimento ao paciente, falta de

liberdade por parte dos farmacêuticos e de interesse por parte dos proprietários em

realizar tal programa, dificuldade de relacionamento com os atendentes da farmácia

e necessidade de atualizações na parte clínica. Sendo assim é necessário um

estimulo na atuação do farmacêutico dentro da atenção farmacêutica para que a

partir daí ocorra um reconhecimento da sociedade a respeito da importância do

farmacêutico como profissional de saúde (OLIVEIRA et al, 2005).

4.7.2 Problemas Relacionados ao Medicamento (PRMs)

A morbimortalidade relacionada aos medicamentos é um problema para o

sistema de saúde, sendo que as principais causas são: prescrições inadequadas;

não adesão ao tratamento; reações adversas aos medicamentos; superdosagem ou

subdosagem; erros de medicação; falta da farmacoterapia necessária (CARVALHO,

2007; MORRIS et al, 2002). A atenção farmacêutica objetiva identificar os possíveis

problemas relacionados ao medicamento e com isso solucionar por uma intervenção

farmacêutica (OLIVEIRA et al, 2005; PERREIRA; FREITAS, 2008). As circunstâncias

clínicas que podem gerar um PRM podem estar relacionadas ao próprio

medicamento, paciente, prescritor, farmacêutico ou ao sistema de atenção em saúde

(CORRER et al, 2007).

Em 2002, na Espanha, o segundo consenso de Granada definiu o conceito de

Problema Relacionado ao Medicamento (PRM) como “problema de saúde,

entendido como resultados clínicos negativos derivados da farmacoterapia que são

produzidos por diversas causas e tem como conseqüência o não alcance do objetivo

terapêutico ou o aparecimento de efeitos indesejáveis” (GRUPO DE

INVESTIGACIÓN EN ATENCIÓN FARMACÉUTICA et al, 2002). No mesmo ano no

Brasil, o consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica definiu PRM como “um

problema de saúde, relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia,

46

que interfere nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário” (OPAS,

2002).

A tabela 14 descreve a classificação dos PRMs estabelecida pelo segundo

consenso de Granada.

Tabela 14 – Classificação dos PRMs

NECESSIDADE

PRM 1: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de não utilizar o

medicamento de que necessitam.

PRM 2: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de utilizar o

medicamento de que não necessitam.

EFETIVIDADE

PRM 3: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia à ineficácia não

quantitativa da medicação.

PRM 4: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia a uma ineficácia

quantitativa da medicação.

SEGURANÇA

PRM 5: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de uma insegurança

não quantitativa de um medicamento.

PRM 6: O paciente apresenta um problema de saúde em consequencia de uma insegurança

quantitativa de um medicamento.

FONTE: GRUPO DE INVESTIGACIÓN EN ATENCIÓN FARMACÉUTICA et

al (2002)

Devido à necessidade de termos mais técnicos e apropriados na definição de

PRM, o terceiro consenso de Granada propõe novas definições e inseriu o conceito

de Resultados Negativos associados à Medicamentos (RNM). Sendo assim, PRM

passa a ser definido como: “aquelas situações que o processo do uso de

medicamentos causam ou podem causar a aparição de um Resultado Negativo

associado ao Medicamento (RNM)” e a definição de RNM estabelecida é “resultados

na saúde do paciente não adequado ao objetivo da farmacoterapia e associados ao

uso ou não uso de medicamentos”. Considerando a nova definição de PRM, são

47

exemplos de PRMs: administração incorreta de medicamentos, armazenamento

inadequado, contra-indicação, erros de dispensação, interações medicamentosas,

não cumprimento da terapia, doses inadequadas, outros problemas de saúde que

afetam o tratamento, entre outros (GRUPO DE INVESTIGACION EM ATENCION

FARMACEUTICA et al, 2007).

Já a classificação do RNMs foi proposta considerando os requisitos principais

que devem ser os medicamentos para serem utilizados, são eles: necessidade,

efetividade e segurança (Tabela 15) (GRUPO DE INVESTIGACION EM ATENCION

FARMACEUTICA et al, 2007).

Tabela 15 – Classificação dos Resultados Negativos associado ao

Medicamento (RNMs)

NECESSIDADE

Problema de saúde não tratado: o paciente tem um problema de saúde por não receber um

medicamento que necessita.

Problema de saúde por medicamento desnecessário: o paciente tem um problema por utilizar um

medicamento que não necessita.

EFETIVIDADE

Ineficácia não quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma ineficácia não

quantitativa do medicamento.

Ineficácia quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma ineficácia quantitativa

do medicamento.

SEGURANÇA

Insegurança não quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma insegurança

não quantitativa do medicamento.

Insegurança quantitativa: o paciente tem um problema de saúde devido a uma insegurança

quantitativa do medicamento.

FONTE: GRUPO DE INVESTIGACIÓN EN ATENCIÓN FARMACÉUTICA et

al (2007).

48

Considerando as novas definições para termos PRM e RNM, no seguimento

farmacoterapêutico, o farmacêutico é responsável por detectar os PRMs de modo a

prevenir e/ou resolver os RNMs. Todo este processo deve ser realizado de forma

contínua, sistemática e documentada, em conjunto com o paciente e outros

profissionais da saúde, a fim de alcançar resultados que melhorem a qualidade de

vida dos pacientes (GRUPO DE INVESTIGACION EM ATENCION FARMACEUTICA

et al, 2007).

Correr et al (2009), realizou seguimento terapêutico (SFT) em pacientes com

Diabetes Mellitus tipo 2 em farmácias comunitárias. Foram documentadas 119

intervenções farmacêuticas no grupo intervenção ao longo do período de estudo,

com uma média de 2,3 intervenções por paciente. Em 52,9% dos casos foi

necessário encaminhamento do paciente ao médico. As intervenções farmacêuticas

foram aceitas, em média, em 76,5% dos casos. Para os pacientes encaminhados ao

médico, em 68% dos casos, as condutas médicas coincidiram com as sugestões

feitas pelos farmacêuticos ao paciente, por escrito ou verbalmente. No mesmo

estudo, 92% dos pacientes apresentaram no mínimo um PRM. A maior parte dos

problemas encontrados esteve ligada a não efetividade da estratégia terapêutica

(68,1%), seguida pelos problemas ligados à insegurança farmacoterapêutica

(16,8%) e à necessidade de farmacoterapia ou ao uso de medicamentos

desnecessários (15,1%). As causas mais frequentes de PRM foram a não adesão

ao tratamento (27,7%) e o uso de doses inferiores às necessárias para produzir o

efeito desejado (15,1%). Após 12 meses, foi observada uma maior redução na HbA1

e na glicemia em jejum no grupo intervenção. Os custos anuais por paciente do

grupo SFT relacionados à redução de 1% nos valores da HbA1 foram de R$ 78,83.

4.7.3 Estudos que avaliam a atenção farmacêutica no paciente diabético

Alguns estudos foram desenvolvidos com o intuito de avaliar os benefícios

dos cuidados farmacêuticos pela atenção farmacêutica no paciente diabético.

Flores (2005) avaliou o serviço de acompanhamento farmacoterapêutico

como ferramenta no controle glicêmico do paciente diabético tipo II no Município de

49

Ponta Grossa – Paraná. Neste estudo, foram acompanhados 59 pacientes por um

período de 6 meses onde foram realizadas orientações farmacêuticas individuais,

palestras educativas com diversos profissionais da área da saúde, exames

glicêmicos mensais e dosagem da hemoglobina glicada no início e ao final do

acompanhamento. O grupo que sofreu a intervenção (acompanhamento)

farmacêutico apresentou uma redução das taxas glicêmicas em aproximadamente

50mg/dl e da hemoglobina glicada de 8,8% ± 2,4 para 6,2% ± 1,8.

Mehuys et al (2010) realizou um estudo randomizado e controlado em 66

farmácias por um período de 6 meses. O grupo controle recebeu as intervenções

farmacêuticas habituais e o grupo intervenção recebeu intervenções farmacêuticas

pré definidas por um protocolo que abordava ações educativas sobre o DM tipo 2 e

suas complicações, educação sobre uso correto dos medicamentos, adesão ao

tratamento, estímulo para um estilo de vida saudável pela prática de exercícios

físicos, dieta, cessação do tabagismo e também cuidado com os olhos e pés. Os

farmacêuticos responsáveis pelo grupo intervenção também receberam uma

formação a respeito da fisiopatologia do DM e seu manejo no tratamento não

farmacológico e farmacológico. Os resultados do estudo mostraram que o grupo

intervenção obteve uma redução de HbA1c em 0,6%, uma melhora significativa nos

conhecimentos a respeito do DM, um aumento na prática de exercícios fisicos e

dieta, e maior cuidado com os pés Os pacientes cujas medicações foram alteradas

no grupo intervenção obteve uma maior redução da glicemia de jejum (-32Æ1mg ⁄

dL) e na HbA1c (-1,05%) (MEHUYS et al., 2010)

Obreli-Neto e colaboradores (2011) realizou um programa de atenção

farmacêutica durante 36 meses em que avaliou a adesão a farmacoterapia em

idosos diabéticos e hipertensos. O estudo foi realizado com 200 pessoas divididas

em 2 grupos: um grupo controle que continuou recebendo o tratamento habitual e

um grupo intervenção que recebeu a intervenção da atenção farmacêutica, além dos

cuidados habituais oferecidos.

Os pacientes do grupo intervenção foram acompanhados individualmente por

um farmacêutico previamente capacitado e participaram de atividades educativas

em grupo. Intervenções destinadas a garantir a adesão foram realizadas, nas quais

os pacientes foram concientizados a respeito do papel do medicamento no seu

estado de saúde e receberam orientações relacionadas a admistração dos

medicamentos. Os médicos também receberam novas sugestões de medicamentos

50

para uma adequação ao tratamento e tinham acesso ao prontuário do paciente

documentados pelo farmacêutico garantindo assim uma abordagem multidisciplinar.

Também foram realizadas, a cada 6 meses, atividades educativas em grupo, sob

supervisão do farmacêutico, onde temas como a adesão, perigos da automedicação

e correto armazenamento dos medicamentos foram discutidos (OBRELI-NETO et al,

2011). Os resultados do estudo estão resumidos na tabela 17.

Tabela 17 – Resultados do programa de atenção farmacêutica de 36 meses

Grupo intervenção

Grupo Controle

Início (%) Após 36

meses

(%)

Início (%) Após 36

meses

(%)

Adesão (%) 50,5 % 83,5 % 48,5 % 44,3 %

Pressão sangínea < 140/90 ou

130/80 (mmHg)

26,8 % 86,6 % 26,8 % 30,9 %

Glicemia de jejum < 6.1

(mmol/L)

29,9 % 70,1 % 30,9 % 27,8 %

HbA1C < 7,0% 3,3 % 63,3 % 3,3 % 3,3 %

Triglicerídeos < 1,7 (mmol/L) 47,4 % 74,2 % 46,4 % 50,5 %

Colesterol total < 5,2 (mmol/L) 59,8 % 80,4 % 63,9 % 63,9 %

FONTE: OBRELI-NETO et al (2011)

Ao analisar os resultados (Tabela 13), verifica-se uma maior adesão e uma

melhora significativa dos desfechos clínicos do grupo de pacientes que recebeu

cuidados farmacêuticos nos 36 meses de estudo, considerando o grupo controle,

nenhuma mudança significativa foi verificada. Esses resultados indicam a eficácia da

atenção farmacêutica na melhoria da adesão a farmacoterapia com efeitos positivos

nos resultados clínicos do grupo intervenção.

Machado-Alba e colaboradores (2011) realizaram intervenções

farmacoterapêuticas por 19 meses com objetivo de avaliar a efetividade do

seguimento farmacoterapêutico no controle dos pacientes com DM tipo 2.

Inicialmente, foi realizada uma entrevista e uma revisão da história clínica do

51

paciente utilizando o método Dáder. O estudo teve uma amostra de 143 pacientes

(64 grupo intervenção e 79 grupo controle). A HbA1c inicial foi de 7,7% (grupo

intervenção) e 7,8% (grupo controle), sem melhora significativa até o final do estudo

7,4% (grupo intervenção) 7,8% (grupo controle). No que diz respeito a glicemia de

jejum, o grupo controle obteve uma redução (22 mg/ dl), mas ao final do estudo, a

mesma permaneceu elevada (124 mg/dl). As comorbidades mais prevalentes no

grupo foi a hipertensão arterial (81,1%) e dislipidemia (62,9%). Cerca de 50,4%

RNMs identificados estavam relacionados a eficácia e 31,3% à necessidade. De

acordo com as análises dos custos, os autores estimaram que o custo médio do

paciente do grupo controle foi 1,4 vezes maior do que o paciente do grupo

intervenção. Em semelhança aos resultados obtidos por Obreli-Neto e colaboradores

(2011), não apresentaram melhora clínica significativa os pacientes que receberam

cuidados farmacoterapêuticos, mas verificaram uma redução nos custos de saúde.

52

5 CONCLUSÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma doença crônica que atualmente constitui um

grande problema saúde pública e destaca-se pelos altos índices de morbidade e

mortalidade. O tratamento adequado requer do paciente diabético mudança dos

hábitos de vida, tais como a prática de exercícios físicos, mudanças dos hábitos

alimentares, utilização de uma grande quantidade de medicamentos e

comportamentos que contribuem efetivamente para um bom tratamento. O que

muito se observa são fatores que contribuem para não-adesão que podem estar

relacionado com a falta conhecimento acerca da doença e dos medicamentos, a

duração da doença, a presença de reações adversas, a necessidade de

monitoramento e vigilância, entre outros.

O paciente diabético necessita dos cuidados de vários profissionais da saúde.

Por meio do atendimento farmacêutico, o farmacêutico tem um maior contato com

paciente, sendo responsáveis por identificar os problemas relacionados aos

medicamentos e muitas vezes são capazes de resolver problemas de saúde que

podem ou não estar relacionados ao uso de medicamentos. Por meio de medidas

educativas e do acompanhamento terapêutico, o farmacêutico pode contribuir para

uma melhor adesão do paciente, mas o trabalho do farmacêutico é limitado, pois o

mesmo apresenta as ferramentas de cuidado e o paciente que é responsável por

colocá-las em prática.

Por ser o paciente uma variável importante, muitas vezes os resultados não

são muito satisfatórios, mas percebe-se a necessidade de mais estudos e da

aplicação da prática da atenção farmacêutica, para que o trabalho do farmacêutico

seja difundido e para que ocorra uma mudança de mentalidade relacionada à

importância do farmacêutico como profissional da saúde, pois no momento em que o

usuário do medicamento perceber a importância do atendimento farmacêutico, o

farmacêutico será valorizado e suas ações contribuirão para uma melhor qualidade

de vida do paciente.

Diante das dificuldades e dos desafios encontrados, e considerando os

benefícios a curto e longo prazo, faz-se necessário a implantação da atenção

farmacêutica no sistema de saúde público e privado como instrumento capaz de

53

promover melhoras clínicas e humanísticas, promovendo assim uma racionalização

no uso do medicamento.

54

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