O dia de Trabalho

2
O dia de trabalho. Sexta-feira dia 31 de Outubro - 5:30 da manhã. O despertador toca, mais um dia está para ressurgir em meio à escura e calada madrugada. Ao abrir a janela, vejo a neblina densa encobrindo o céu. É hora de levantar para ir trabalhar. A água fria do chuveiro castiga meu corpo. O céu acinzentado, uma manhã triste e fria se inicia. Poucas pessoas andam pela rua. Havia algo de estranho naquela manhã, era como se as pessoas estivessem com medo de sair na rua e as que lá estavam tinham medo de permanecer. Eu, estranhamente e sem motivo, também sentia medo. O sol parecia mais distante que o habitual e as nuvens mais negras. Não ouvia o canto de nenhum pássaro naquela manhã. Saio correndo em direção ao ônibus e começa mais uma jornada. O ônibus fretado chega à entrada do prédio onde trabalho, agora é só subir dezoito andares e estarei no trabalho. Passo pela recepção e todo o pessoal que estava no ônibus começa a formar uma fila em direção ao relógio de Ponto. A cena me lembra o filme “The Wall” do Pink Floyd. Na época que assisti esse filme fiquei totalmente alucinado. Batido o cartão de ponto, caminho em direção da cozinha. A tiazinha da limpeza não tinha feito o café, então resolvo descer até a cafeteria do prédio. Peço um croissant e um pingado. Após quinze minutos, volto para a Empresa e assumo o posto em minha baia. Literalmente começa o dia de trabalho. Sexta-feira dia 31 de Outubro - 10:30 da manhã. Começo sentir uma sensação estranha pelo corpo. Meu coração começa a bater acelerado, assustado, e não sei por que. Sou tomado por uma forte dor abdominal. Uma cólica despontou e percorre todo o corpo. Saio correndo em direção ao banheiro. O estado deplorável que me encontrava parecia uma eternidade. A cabeça rodava e a impressão que o mal estar não passaria, me assolava. Após algum tempo, que não sei precisar o quanto, começo sentir uma leve melhora, porém, a sensação de ter tomado uma garrafa de Whiskie sozinho me acompanhava. Abro a porta do banheiro e caminho em direção a minha cadeira. Olho em volta e o setor que trabalho se encontrava completamente vazio. No Marketing da empresa também nenhuma alma viva, aliás, não tem ninguém em lugar algum. A sensação de terror apoderou-se do meu corpo. Levantei e saí em disparada na direção do setor de Vendas e para minha surpresa também estava vazio, todo mundo tinha sumido. O pânico que senti naquele momento me encaminhou diretamente para a saída como uma flecha. Ao chegar à porta de saída para minha surpresa ao empurrá-la, estava trancada. Estava preso dentro da recepção. Minhas pernas ficaram tremulas, pensei que não agüentaria o desespero de estar sozinho naquele lugar. Um grito de socorro. Começo andar em direção a sala de meu chefe. A passos largos e ligeiros chego na entrada da sala, olho para dentro e percebo uma movimentação não corriqueira. A recepcionista estava atrás da mesa da sala e do outro lado, três colegas do trabalho com os braços esticados tentavam pegá-la. Ao abrir a porta um cheiro funesto de decomposição toma conta das minhas narinas. - O que está acontecendo? Pergunto. Nesse momento os três colegas voltaram em minha direção. Seus semblantes não pareciam dos melhores. Olhos brancos sem vida e pele pálida, davam impressão que morreram e esqueceram de enterrar.

description

Um conto de Terror

Transcript of O dia de Trabalho

Page 1: O dia de Trabalho

O dia de trabalho.

Sexta-feira dia 31 de Outubro - 5:30 da manhã.

O despertador toca, mais um dia está para ressurgir em meio à escura e calada madrugada. Ao abrir a

janela, vejo a neblina densa encobrindo o céu. É hora de levantar para ir trabalhar.

A água fria do chuveiro castiga meu corpo. O céu acinzentado, uma manhã triste e fria se inicia. Poucas pessoas andam pela rua. Havia algo de estranho naquela manhã, era como se as pessoas estivessem com medo

de sair na rua e as que lá estavam tinham medo de permanecer. Eu, estranhamente e sem motivo, também

sentia medo. O sol parecia mais distante que o habitual e as nuvens mais negras. Não ouvia o canto de nenhum pássaro naquela manhã. Saio correndo em direção ao ônibus e começa mais uma jornada. O ônibus fretado

chega à entrada do prédio onde trabalho, agora é só subir dezoito andares e estarei no trabalho.

Passo pela recepção e todo o pessoal que estava no ônibus começa a formar uma fila em direção ao relógio de Ponto. A cena me lembra o filme “The Wall” do Pink Floyd. Na época que assisti esse filme fiquei

totalmente alucinado.

Batido o cartão de ponto, caminho em direção da cozinha. A tiazinha da limpeza não tinha feito o café,

então resolvo descer até a cafeteria do prédio. Peço um croissant e um pingado.

Após quinze minutos, volto para a Empresa e assumo o posto em minha baia. Literalmente começa o dia

de trabalho.

Sexta-feira dia 31 de Outubro - 10:30 da manhã.

Começo sentir uma sensação estranha pelo corpo. Meu coração começa a bater acelerado, assustado, e

não sei por que. Sou tomado por uma forte dor abdominal. Uma cólica despontou e percorre todo o corpo. Saio correndo em direção ao banheiro.

O estado deplorável que me encontrava parecia uma eternidade. A cabeça rodava e a impressão que o

mal estar não passaria, me assolava.

Após algum tempo, que não sei precisar o quanto, começo sentir uma leve melhora, porém, a sensação

de ter tomado uma garrafa de Whiskie sozinho me acompanhava.

Abro a porta do banheiro e caminho em direção a minha cadeira. Olho em volta e o setor que trabalho se encontrava completamente vazio. No Marketing da empresa também nenhuma alma viva, aliás, não tem ninguém

em lugar algum. A sensação de terror apoderou-se do meu corpo. Levantei e saí em disparada na direção do

setor de Vendas e para minha surpresa também estava vazio, todo mundo tinha sumido.

O pânico que senti naquele momento me encaminhou diretamente para a saída como uma flecha. Ao chegar à porta de saída para minha surpresa ao empurrá-la, estava trancada. Estava preso dentro da recepção.

Minhas pernas ficaram tremulas, pensei que não agüentaria o desespero de estar sozinho naquele lugar.

Um grito de socorro. Começo andar em direção a sala de meu chefe. A passos largos e ligeiros chego na

entrada da sala, olho para dentro e percebo uma movimentação não corriqueira. A recepcionista estava atrás da mesa da sala e do outro lado, três colegas do trabalho com os braços esticados tentavam pegá-la. Ao abrir a

porta um cheiro funesto de decomposição toma conta das minhas narinas.

- O que está acontecendo? Pergunto.

Nesse momento os três colegas voltaram em minha direção. Seus semblantes não pareciam dos

melhores. Olhos brancos sem vida e pele pálida, davam impressão que morreram e esqueceram de enterrar.

Page 2: O dia de Trabalho

Começaram a caminhar em minha direção e para minha surpresa suas peles pareciam decompostas, eles

haviam virado ZUMBIS. Com um movimento rápido e capcioso, a recepcionista saiu de traz da mesa e com um salto de dar inveja

a Maurren Maggi passou pela porta.

Um frio maior que o do dia percorreu minha espinha. Com um supetão fechei a porta que com uma força

descomunal bate no peito de um dos ZUMBIS atirando-o ao chão.

Saímos em disparada ao setor de administrativo e entramos na sala do presidente. Fecho a porta e pergunto para a menina em pânico o que estava acontecendo.

Após alguns segundos de silencio, a resposta.

- Não sei, o pessoal começou a passar pela recepção e sem falar nada foram embora. Todos foram passando e nem percebiam que eu estava ali.

- Mas você ficou olhando e nem quis perguntar o que estava acontecendo? - Não. Mas, foi ai que aconteceu uma coisa muito estranha.

- Mas o que foi?

- O Marcelo entrou na recepção, fechou a porta, olhou para mim e falou: “ESTOU COM FOME DE CÉREBRO”. Saí correndo e entrei na sala do chefe, as três criaturas fúnebres correram e entraram na sala e foi quando você

me salvou.

Nesse momento olho para o corredor e todos os funcionários da Empresa caminhavam em nossa direção, mas todos eram ZUMBIS. O murmúrio de FOME, CÉREBRO e DOR nos apavorava. Estávamos encurralados, não

tínhamos para onde fugir. Em momento de desespero, minha única ação foi de abaixar as persianas da sala,

ajoelhar no chão e começar a rezar.

Tremíamos muito e ainda por cima começamos a chorar de pavor. Cada vez mais se aproximavam de nós. Fechei os olhos, engoli seco e a sensação que estavam chegando mais perto percorreu meu corpo. Que

angustia. Não tem o que fazer em uma situação dessas. Batidas e mais batidas na porta, agora mais forte. Vão

derrubar a porta.

Abro os olhos e para minha surpresa me encontro no banheiro.

- Teria tido algum tipo de alucinação? - Perguntei-me.

Com cautela abro a porta e olho, a cena se repete. O setor totalmente vazio. Novamente o pavor tomou

conta de mim. Bem devagar fui saindo e agachado me dirijo para a saída, foi quando me deparei com todos os funcionários da Empresa olhando para um telão no centro da sala. O diretor do Marketing falava de uma nova

promoção para vendas.

Como que um passe de mágica todos os sintomas que sentia sumiram. Respirei fundo e soltei, que alivio,

era somente um sonho.

O diretor acabou o discurso e começou a caminhar em minha direção.

- E ai amigão, você está bem? - Parece um pouco pálido.

- Agora está tudo muito bem, graças a Deus. - Respondo.

Ao passar por mim, parou, ficou estático como uma estátua. Fiquei olhando para ele e nenhum movimento nem de espasmo se observava, de repente virou-se em minha direção e para minha surpresa falou:

- ESTOU COM FOME, QUERO CÉREBRO!!!!!

Olhei em direção ao departamento e todos os funcionários com os olhos arregalados me encaravam, foi quando percebi o que estava acontecendo. Todos tinham virado ZUMBIS. Meu Deus começou tudo de novo.......