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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES 15 a 17 de Maio de 2013 Universidade do Estado da Bahia Campus I Salvador - BA 1 O DISPOSITIVO DE GÊNERO EM QUINCAS BERRO DÁGUA Carlos Artur Conceição 1 O presente trabalho embasa-se nas reflexões sobre a mulher desenvolvidas por Simone de Beauvoir (1970) para discutir como o sujeito sociológico ativa relações de gênero na novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua de Jorge Amado (1961). Nesse sentido, o objetivo desse estudo é questionar até que ponto, nesta ficção amadiana, é possível dizer que o gênero se constitui enquanto dispositivo de controle da mulher e quais são as estratégias diferenciadas desse dispositivo. Que hierarquizações inventam? Para tratar dessas questões, nos reportamos à noção de identidade cultural de Stuart Hall (2005), ao conceito de dispositivo discutido por Agamben (2009) e nos estudos sobre a localização da mulher em Jorge Amado desenvolvidos por Rosana Ribeiro Patricio (1999). Tomando como base as leituras destacadas, percebemos que a novela em questão mantém os três tipos básicos de mulher recorrente na obra de Jorge Amado, a saber, a dona de casa, a solteirona e a mulher à margem da família. Essas três identidades femininas trazem a marca do controle masculino, ou seja, nas relações de gênero a liberdade do homem é festejada enquanto que à mulher cabe o papel de guardar a honra da família ou ser lançada para uma terceira margem. Palavras-chave: Gênero; Dispositivo; Controle. Obra escrita em 1959 e publicada em 1961 por Jorge Amado, A morte e a morte de Quincas Berro Dágua, é uma narrativa cujo personagem principal aparece morto, sua família ao saber do fato tenta fazer um velório às escondidas, eles tentam abafar aquilo que os ridicularizavam, a escolha do ex-Joaquim Soares da Cunha ter saído de casa, abandonando uma vida regrada para ter uma vida festiva e errante entre o populacho. A mudança de não se restringe ao espaço, ele ganha fama de cachaceiro mor, transformara-se em Quincas Berro Dágua, um campeão em mortes; morrera para a família ao sair de casa, morre numa "semi casa", mas, depois disso, vive uma noite de carraspana até decidir por sua morte no mar. No meio da confusão Ouve-se Quincas dizer: "- Me enterro como entender Na hora que resolver. Podem guardar seu caixão Pra melhor ocasião Não vou deixar me prender Em cova rasa no chão." E foi impossível saber o resto de sua oração 2 . 1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural- UNEB, Bolsista FAPESB, orientado pelo Prof. Pós-Dr. Carlos Magno Santos Gomes. [email protected].

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III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES

15 a 17 de Maio de 2013 Universidade do Estado da Bahia – Campus I

Salvador - BA

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O DISPOSITIVO DE GÊNERO EM QUINCAS BERRO DÁGUA

Carlos Artur Conceição1

O presente trabalho embasa-se nas reflexões sobre a mulher desenvolvidas por Simone de Beauvoir

(1970) para discutir como o sujeito sociológico ativa relações de gênero na novela A morte e a

morte de Quincas Berro Dágua de Jorge Amado (1961). Nesse sentido, o objetivo desse estudo é

questionar até que ponto, nesta ficção amadiana, é possível dizer que o gênero se constitui enquanto

dispositivo de controle da mulher e quais são as estratégias diferenciadas desse dispositivo. Que

hierarquizações inventam? Para tratar dessas questões, nos reportamos à noção de identidade

cultural de Stuart Hall (2005), ao conceito de dispositivo discutido por Agamben (2009) e nos

estudos sobre a localização da mulher em Jorge Amado desenvolvidos por Rosana Ribeiro Patricio

(1999). Tomando como base as leituras destacadas, percebemos que a novela em questão mantém

os três tipos básicos de mulher recorrente na obra de Jorge Amado, a saber, a dona de casa, a

solteirona e a mulher à margem da família. Essas três identidades femininas trazem a marca do

controle masculino, ou seja, nas relações de gênero a liberdade do homem é festejada enquanto que

à mulher cabe o papel de guardar a honra da família ou ser lançada para uma terceira margem.

Palavras-chave: Gênero; Dispositivo; Controle.

Obra escrita em 1959 e publicada em 1961 por Jorge Amado, A morte e a morte de Quincas

Berro Dágua, é uma narrativa cujo personagem principal aparece morto, sua família ao saber do

fato tenta fazer um velório às escondidas, eles tentam abafar aquilo que os ridicularizavam, a

escolha do ex-Joaquim Soares da Cunha ter saído de casa, abandonando uma vida regrada para ter

uma vida festiva e errante entre o populacho. A mudança de não se restringe ao espaço, ele ganha

fama de cachaceiro mor, transformara-se em Quincas Berro Dágua, um campeão em mortes;

morrera para a família ao sair de casa, morre numa "semi casa", mas, depois disso, vive uma noite

de carraspana até decidir por sua morte no mar.

No meio da confusão

Ouve-se Quincas dizer:

"- Me enterro como entender

Na hora que resolver.

Podem guardar seu caixão

Pra melhor ocasião

Não vou deixar me prender

Em cova rasa no chão."

E foi impossível saber o resto de sua oração2.

1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Crítica Cultural- UNEB, Bolsista FAPESB, orientado pelo Prof.

Pós-Dr. Carlos Magno Santos Gomes. [email protected].

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Como boa parte da obra amadiana, A morte e a morte de Quincas Berro Dágua (1961)

ganhou adaptações para o teatro, para o cinema, e para um programa de televisão. Vale pontuar,

também, que pelo fato de ser uma leitura prática e instigante, a novela tem sido bastante respeitada

por escritores. Vejamos o que o escritor Milton Hatoum (2006, p. 02) escreveu em seu artigo

intitulado "Uma novela exemplar", na revista Entre Livros:

Aos que nunca leram um livro de Amado, sugiro começar por uma novela: A

morte e a morte de Quincas Berro Dágua. Nesse breve relato, além de ter

encontrado o tom e o tamanho apropriados ao gênero, não há o desenho irregular

de alguns romances excessivamente longos. A novela, mais próxima da concisão e

da intensidade do conto, evita digressões, descrições e diálogos excessivos.

Também nesse aspecto, A morte e a morte de Quincas Berro Dágua é uma

narrativa bem realizada. Como diz o título, a novela refere-se a duas mortes do

mesmo personagem. Há ainda uma terceira, que é a morte moral da família depois

que o protagonista abandona o lar. Antes de ser o “cachaceiro-mor de Salvador”, o

“rei dos vagabundos da Bahia”, jogador, marinheiro e farrista, Quincas foi Joaquim

Soares da Cunha: o pacato e correto pai de família e funcionário público3.

Se, para Hatoum, Quincas... é a novela que deve ser a porta de entrada para se entender

características e peculiaridades do conjunto da obra de Jorge Amado. A palavra novela, segundo

Massaud Moisés, tem origem italiana (novella) e significa relato, narrativa, suas traduções seriam:

novus, latim; nouvelle, francês; novelle ou erzählung, alemão; e short-story no inglês (MOISÉS,

2004, p. 320). Ao dizer sobre a estrutura da novela, esse autor embase-se nos estudos do teórico da

literatura Jean Suberville, para quem a novela se situa, em extensão, entre o romance e o conto, ou

seja, ela não é nem tão longa como um romance e nem tão curta quanto um conto (MOISÉS, 2004,

p.320). Massaud Moisés argumenta que:

A linguagem da novela caracteriza-se, antes de tudo, pela simplicidade: a

metáfora, quando presente, há de ser despojada, de imediata apreensão. O narrador

se esmera em dirigir-se ao leitor dum modo direto, sem retoricismos, ou com o

mínimo de sofisticação: entre a chamada linguagem figurada e a linguagem

própria, decide-se pela segunda. Como o seu intuito é prender o leitor na teia do

enredo, apura-se na expressão com aparência de unívoca, ou de baixa ou

nula ambigüidade, consciente de que enfadaria o interlocutor se

coalhasse o estilo de metáforas, notadamente as complexas4 (MOISÉS, 2001,

p.120).

2 AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. 93 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006, p. 95-96.

3Hatoum, Milton. Uma novela exemplar. Disponível em

http://www2.uol.com.br/entrelivros/artigos/uma_novela_exemplar.html, 2006. Acesso em 13 de março de 2013, p.2. 4 MOISÉS, Massaud. A criação literária I: Formas em prosa, o conto a novela o romance. 18 ed. São Paulo: Cultrix,

2001.

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Mas de que maneira é possível discutir as representações das subjetividades femininas na

novela em estudo? Que arquétipos de mulher existem nela? Para responder a essas questões, como

havíamos colocado anteriormente, é preciso destacar o minucioso trabalho de Simone de Beauvoir

(1970). Em O segundo sexo: fatos e mitos, a autora faz uma genealogia sobre como se construiu a

subjetividade feminina. Nessa perspectiva, ela analisa como a mulher é inventada sob os pontos de

vista da biologia, da psicanálise, do materialismo histórico e da literatura. Para a autora, a

construção discursiva da mulher no universo patriarcal, perpassa por um viés bastante perigoso e

nocivo à mulher, uma vez que ela é notadamente moldada em função do masculino, ou seja, a

vantagem da invenção das identidades femininas "sempre pertenceu aos machos" (BEUVOIR,

1970, p. 81).

Por questões teórico-metodológicas, pontuarei como a visão de Beauvoir nos fornece bases

para discutir a invenção da mulher na literatura, uma vez que a autora faz uma reflexão muito

importante sobre o assunto, de modo que, ao problematizar a construção da mulher, ela faz um

recorte de algumas obras de Montherlant, D. H. Lawrence, Claudel, Breton, Stendhal. Desse modo,

Beauvoir coloca em questão os modos pelos quais aqueles autores representam a mulher:

Para Montherlant a mãe é que é primeiramente a grande inimiga; em uma peça

de moridade,L'Exil, êle focaliza uma mãe que impede o filho de se engajar; em Les

Olympiques o adolescente que gostaria de se dedicar aos esportes é "barrado" pelo

egoísmo medroso da mãe; em Les Célibataires e em Les jeunes Filles a mãe é

descrita de maneira odiosa. Seu crime é querer conservar o filho encerrado para

sempre nas trevas do ventre; ela o mutila a fim de poder açambarcá-lo e encher

assim o vazio estéril de seu ser; é a mais lamentável das educadoras; corta as asas

ao filho, retém-nos longe das alturas a que êle aspira, imbeciliza-o e avilta-o5.

Além da "mãe entrave", “Aos olhos de Montherlant, a mulher amante também aparece como

um tipo de personagem causador de empecilhos, ela impede o homem de ressuscitar o deus dentro

de si” (BEAUVOIR, 19970, p. 244). Nota-se que, naquela escrita masculina, a representação da

mulher ganha um relevo menor, seus posicionamentos são demarcados como se elas fossem

barreiras, impedimento etc. No entanto, não são apenas os arquétipos esboçados por Montherlant

que constituem imagens rezadas da mulher: ao discutir sobre outros autores, faz uma crítica política

muito sagaz sobre o tema, pois para ela:

5 BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo: Fatos e mitos. 4 ed.Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Européia do

Livro, 1970, p. 246-244.

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Para cada um deles, a mulher ideal será a que encarnar mais exatamente o

Outro capaz de o revelar a si mesmo. Montherlant, espírito solar, busca nela a

animalidade pura; Lawrence, o fálico, pede-lhe que resuma o sexo feminino em sua

generalidade; Claudel define-a como uma alma irmã; Breton adora Mélusine

arraigada na Natureza e põe sua esperança na mulher-criança: Stendhal deseja uma

amante inteligente, culta, livre de espírito e de costumes: uma igual. Mas para a

igual, a mulher-criança, a alma-irmã, a mulher-sexo, o animal feminino, o único

destino terrestre que se lhes reserva é sempre o homem. Qualquer que seja o ego

que se procura através dela, esse ego só pode ser atingido se ela consente em lhe

servir de cadinho6.

Na literatura daqueles escritores, a construção do gênero feminino é articulada com políticas

que inferioriza a mulher, colocando-a a margem, fundando mitos de representação, seja na

construção da mãe obstáculo, da amante atrapalhadora, enfim, com Montherlant, D. H. Lawrence,

Claudel, Breton, Stendhal, para Beauvoir, se configuram imagens rezadas da mulher. Desse modo, a

leitura de Beauvoir nos instiga a questionar como aquelas imagens rezadas da mulher aparecem em

A morte e a morte de Quincas Berro Dágua? Entendendo-se que, como denunciado por Beauvoir, a

representação da mulher na literatura pode acontecer de maneira problemática, penso ser necessário

discutir como, na modernidade, se dá a construção identitária do sujeito, articulando a isso a noção

de dispositivo, para depois percebermos como acontece a relação entre subjetividade, mecanismos

de opressão da mulher e a obra em estudo.

Neste sentido, Alain Touraine (2002, p. 41) coloca que "O pensamento modernista afirma

que os seres humanos pertence a um mundo governado por leis naturais que a razão descobre e às

quais ela própria está sujeita". Para este mesmo autor, o sujeito moderno teria que se libertar de

formas organizacionais irracionais, ou seja, o pensamento moderno surge para fazer frente aos

modos de vida anteriores, cuja principal característica fora a ligação da igreja com o poder político,

o que articulava violências arquitetadas, nuances da Idade Média.

Vale salientar aqui que, de acordo com Zigmunt Bauman (1998, p.21), "Walter Benjamin

disse, da modernidade, que ela nasceu sob o signo do suicídio; Sigmund Freud sugeriu que ela foi

dirigida por Tânatos - o instinto da morte". Bauman acrescenta também que:

Como demonstrou Michel Foucault, o estado moderno clássico, firmemente

encarregado dos esforços diários de estabelecimento da ordem, coletivizou e

"demografizou" suas incumbências. O estabelecimento da ordem era, acima de

6 BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo: Fatos e mitos. 4 ed.Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Européia do

Livro, 1970, p. 297.

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tudo, a tarefa de generalizar, classificar definir e separar categorias. Dessa

perspectiva, a contra-ordem poderia surgir apenas como outra classificação oposta

e como inversão da hierarquia das categorias7.

Acreditamos que aquela coletivização da ordem perpassa pela constituição sociológica do

sujeito. Em A identidade cultural na pós-modernidade (2005), Stuart Hall, faz um mapeamento de

três tipos de sujeito, a saber: o sujeito do iluminismo, cuja principal marca era ter uma identidade

centrada em si e era descrito sempre como o sujeito masculino, a mulher era categoria apagada; o

segundo sujeito, o sociológico é definido a partir de relações sociais, para Hall,

Este modelo sociológico interativo, com sua reciprocidade estável entre o

"interior" e o "exterior", é em grande parte, um produto da primeira metade do

século XX, quando as ciências sociais assumem sua forma disciplinar atual.

Entretanto, exatamente no mesmo período, um quadro mais perturbado e

perturbador do sujeito e da identidade estava começando a emergir dos

movimentos estéticos e intelectuais associados com o surgimento do modernismo8.

A terceira concepção de sujeito apontada por Hall é o sujeito pós-moderno, cuja principal

caracterização é o fato de suas identidades serem fragmentadas, ou seja, este autor é partidário da

compreensão de que as velhas identidades outrora consideradas sólidas, vivenciam um processo de

fragmentação (HALL, 2005, p. 12). No entanto, cabe aqui, determos na segunda noção de sujeito.

Desse modo, baseando-se nos interacionistas G. H. Mead e C. H. Cooley, Hall diz que "A

identidade, nessa concepção sociológica, preenche o espaço entre o 'interior' e o 'exterior', entre o

mundo pessoal e o mundo público" (HALL, 2005, p. 11). Esta forma de construção identitária

articula-se com uma preocupação de Suely Aldir Messeder (2009), pois, ao problematizar relações

identitária, sua inquietação tem sido "[...] o processo de fabricação do Outro, bem como este sujeito

com um corpo encarnado é interpelado pela sua representação" Essa subjetivação, em que o sujeito

construído na interação sociológica, com base na alteridade também é uma preocupação da

Beauvoir e é bastante importante na representação das feminilidades:

Como as representações coletivas e, entre outros, os tipos sociais definem-se

geralmente por pares de termos opostos, a ambivalência parecerá uma propriedade

intrínseca do Eterno Feminino. A mãe santa tem como correlativo a madrasta cruel;

7 BAUMAN, Zigmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Trad. Mauro Gama e Cláudia Mertinelli Gama. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998, p. 53. 8 HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. 10ª

ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005, p. 32.

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a moça angélica, a virgem perversa: por isso ora se dirá que a Mãe é igual à Vida,

ora que é igual à Morte, que toda virgem é puro espírito ou carne votada ao diabo9.

Além dos binarismos, uma das políticas de subjetividade, na construção identitária da

mulher, é a hierarquização de lugares discursivos. Em A ordem do discurso, Michel Foucault diz

que em toda sociedade a produção de discurso é moldada e controlada (FOUCAULT, 2004, p. 8-9).

A perspectiva foucaultiana coloca no centro as instituições oficiais como lugar de dispositivo de

controle, assim, a escola, as prisões etc. são os lugares onde o poder exerce sua dinâmica. No

entanto, no capítulo intitulado 'O que é dispositivo?' do livro O que é contemporâneo? e outros

ensaios (2009), Giorgio Agamben aponta como a noção de positividade é descrita por Hyppolite

(1907-1968), que por seu turno embasa-se em Hegel (1770-1831) para quem tal conceito consiste

em regras impostas ao indivíduos por forças externas, mas que naturalizam-se em crenças e

sentimentos. Dessa forma, o autor argumenta que Foucault, contrariamente ao posicionamento de

Hegel, não está interessado numa convergência ou numa conciliação entre o sujeito e a positividade,

conceito que segundo Agamben, empregar-se-á nos trabalhos do próprio Foucault com outro nome,

a saber, dispositivo.

Agamben não apenas analisa a noção de dispositivo como também ativa uma ampliação

desse conceito, para ele, o dispositivo não é apenas o poder disciplinar que se articula nas

instituições oficiais. Sendo ele defensor da biopolítica, para além daquilo, sua perspectiva afirma

que o dispositivo está em todos os lugares onde existem viventes, é qualquer coisa que tenta

esquadrinhar, controlar, determinar, interceptar, moldar gestos, ações, discursos, um dispositivo

pode ser, um cigarro, a literatura, o telefone, a linguagem etc. (AGAMBEN, 2009, p. 40-41). Dessa

forma, a noção de dispositivo pode ser ativada nas relações de gênero, ou seja, nas maneiras de

controle, na criação de arquétipos rezados das mulheres, na configuração de discurso

subalternizante das feminilidades.

Mas, como tais noções de gênero e dispositivo podem ser aplicadas às relações na literatura?

Além da própria Beauvoir ter enfatizado a relação entre a formação de mitos na construção

identitária da mulher pelo viés da literatura, cabe aqui acrescentar a rentabilidade na relação entre a

filosofia, a sociologia etc. com a literatura. Dessa forma, no que diz respeito ao aparelhamento dos

estudos da Literatura Comparada, ao seu posicionamento político-metodológico, Eneida de Souza

(1991, p. 35) nos aponta que:

9 BEAUVOIR, Simone. O Segundo Sexo: Fatos e mitos. 4 ed.Trad. Sérgio Milliet. São Paulo: Difusão Européia do

Livro, 1970, p. 300).

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A Literatura Comparada, dentre os vários objetivos a que se propõe, incide na

relação entre culturas, reacendendo a polêmica da dependência cultural como

forma de se repensar a própria identidade, encarada numa perspectiva que envolve

a literatura e outros discursos a ela relacionados. Ao sujeito que se expõe como ator

na cena enunciativa se justapõe o conceito de identidade cultural construído

simultaneamente à encenação conjunta da realidade histórico-social e literária10

.

Utilizando o dialogo entre as disciplinas, filosofia, sociologia, literatura focalizamos a

novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua (1961), de modo que, pretendemos relacionar

agora como os conceitos de dispositivo e sujeito sociológico podem ser aplicados nas relações de

gênero na literatura, dessa forma, o que nos importa é problematizar quais são os arquétipos rezados

da mulher encontrados na obra. Para tanto, analisemos os modos de vida em casa e na rua, uma vez

que uma das peculiaridades, da obra em estudo, é a saída de Joaquim Soares da Cunha de casa e sua

transformação em Quincas Berro Dágua, homem livre/errante. Que relação esta mudança tem com

as políticas de subjetivação da mulher? É uma questão que nos inquieta.

De acordo com Roberto DaMatta, em casa, as individualidades dão lugar ao desejo de

manutenção da família enquanto unidade coesa, os papéis são desenhados de maneira que os

sujeitos se sintam seguros, protegidos das incertezas da rua (1997, p.239); é preciso negar-se, abafar

as vontades em prol do grupo para manter a segurança. Contra essa segurança, Joaquim Soares da

Cunha rebela-se, com um sinal de cansaço e desejo de mudança, ele sai de casa:

Era curioso: não se recordava de muitos pormenores ligados ao pai. Como se

ele não participasse ativamente da vida da casa. Poderia passar horas a lembrar-se

de Otacília, cenas, fatos, frases, acontecimentos onde a mãe estava presente. A

verdade é que Joaquim só começa a contar em suas vidas quando, naquele dia

absurdo, depois de ter tachado Leonardo de "bestalhão", fitou a ela e a Otacília e

soltou-lhe na cara, inesperadamente: - Jararacas! E com a maior tranqüilidade, como se tivesse a realizar o menor e mais banal dos

atos, foi-se embora e não voltou11

.

Neste trecho da obra percebe-se a revolta de Joaquim e sua rejeição ao espaço doméstico,

para ele sua vontade deve ser feita sem se limitar aos modelos impostos pela sociedade, no entanto,

ao assumir seu desejo de sair de sua casa, ele também nomeia as mulheres de sua casa: "Jararaca.

Essa nomeação jocosa ocorre paralelamente àquele rejeição do espaço doméstico, se por um lado

10

SOUZA, Eneida M. de. Sujeito e identidade cultural. 1991 Disponível em:

<http://pt.scribd.com/doc/61087097/Revista-Brasileira-de-Literatura-Comparada-01>. Consultado em 04 de setembro

de 2012. 11

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. 93 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006, p. 34-35.

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ele diz não às regra que o matem controlado, ele inferioriza sua mulher e filha com aquele

chingamento (AMADO, 2006).

O dizer não às regras, é característica não apenas de Quincas, é um traço de parte da obra de

Jorge Amado “Assim prática com Gabriela, o mesmo com A morte e a morte de Quincas Berro

d'Água, em que se pões à deriva o imperativo hamletiano do ser ou não ser livre para decretar a

própria forma de morrer e enterrar-se.” (ARAUJO, 2003, p. 153). Seria essa a forma de dizer não às

regras sufocantes em um único dialogo entre Gabriela e Quincas? Supomos que não. Em um estudo

reflexivo sobre as personagens femininas em Gabriela... Rosana Ribeiro Patricio (1999) faz uma

descrição bastante interessante sobre os arquétipos de mulheres encontrados naquele romance. A

autora sinaliza que existem mulheres de casa (a mãe e filha perfeitas), a solteirona (guardiã da

moral) e as mulheres da rua (a rapariga e a prostituta). Em Quincas... também encontramos quase

todos esses modelos de mulheres, com exceção da rapariga. Cada um desses arquétipos assume uma

postura importante na sociedade patriarcal. Analisemos essas imagens em Quincas... iniciando pelas

mulheres de casa. Dessa maneira, observemos a guardiã da moral e a solteirona. Segundo Patricio,

As mulheres "de família" que não alcançam o objetivo maior que lhes reserva

a sociedade, o casamento, compõem um grupo bem delimitado na estrutura social

representada do romance. Estas mulheres não conseguem inserir-se na lógica da

comunidade da família, o que representa uma forma de estigmatização e descensão

social. As formas de referência a elas são notadamente pejorativas. São as

"solteironas"12

.

Em Quincas... acreditamos que a tia Marocas seja esse tipo de mulher, irmã do personagem

central ela aparece muito rapidamente e como coloca Massaud Moisés, isso ocorre pelo fato de a

novela trazer em si o mínimo de profundidade e o máximo de anestésico (MOISÉS, 2001, p.112).

No entanto, mesmo sem muito aprofundamento na personagem "solteirona", observa-se a maneira

jocosa com a qual esta figura é tratada, vejamos o seguinte trecho da obra:

Ampliou-se o sorriso canalha de Quincas ao enxergar o vulto monumental da

irmã. Vanda quis tapar os ouvidos, sabia, por experiência anterior com que

palavras ele amava definir Marocas, mas que adiantam mãos sobre orelhas para

conter voz de morto? Ouviu:

-Saco de peidos13

!

Para além de ser taxada "solteirona", como acontece com as personagens traçadas da mesma

maneira em Gabriela Cravo e Canela (1958), Marocas é tratada com outro apelido jocoso, "saco de

12 PATRICIO, Rosana Ribeiro. Imagem da mulher em Gabriela de Jorge Amado. Salvador: FCJA, 1999, p.26. 13

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. 93 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006, p. 38-39.

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peidos". Ao refletir sobre essa obra, M. Claurênia A. A Silveira (1999, p. 107) coloca que esse jogo

de palavras jocosas acontece paralelamente àquele em que Quincas xinga Vanda, sua filha.

Percebemos aqui a representação da solteirona que "Destituídas da atribuição de cuidar de maridos

e filhos, as 'solteironas' do romance de Amado inserem-se na ordem assumindo o papel de

mantenedora da 'moral' e dos 'bons costumes'" (PATRICIO, 1999, p. 27). Nesse caso, Marocas

representa o duplo do dispositivo, ou seja, ela tenta capturar, esquadrinhar, moldar comportamentos,

ao passo que é reduzida, capturada, nomeada, "saco de peidos".

Vanda, outra personagem feminina interessante na novela, compartilha com Marocas o

controle reservado às mulheres da casa, existem espaços como a ladeira do Tabuão, em que elas não

podem ser vistas à noite (Amado, 2006, p 29-30), já que devem ter uma boa conduta, elas

"Enquanto solteiras, devem obediência ao pai e irmãos; quando casadas, passam a dever obediência

e obrigações ao marido" (PATRICIO, 1999, p.23), não podem andar onde mulheres de má fama

andam, além do mais, a nomeação jocosa, também funciona como modo de produzir uma

identidade má Vanda, várias vezes Quincas a chama de jararaca.

O afastamento da mulher dona de casa das tentações mundanas dar-se pela maternidade.

"Cuidar de filhos é uma das formas de reter a mulher em casa, na vida doméstica, mantendo-a

ocupada e livre de tentações" (PATRICIO, 1999, p.25). Essa evidência é demarcada pelo fato de

Vanda lembrar-se muito mais de Otacília, sua mãe, que de Joaquim Soares da Cunha, seu pai,

"Como se ele não participasse ativamente da vida da casa" (AMADO, 2006, p. 34-35). O gênero é,

assim, um dispositivo de controle que vai conspirar o lugar da mulher, dizer das suas funções em

casa e como "bônus" atribuir-lhe dois nomes desagradáveis, "saco de peidos" e "jararacas".

Para manter aqueles dispositivos funcionando, Quincas necessita de uma válvula de escape:

é preciso encontrar outra mulher completamente diferenciada daquelas de casa. "O segundo

ambiente é a luta pela liberdade, descontrole, exageros e malandragem nos locais públicos, a

manifestação dos desejos reprimidos em casa, entre eles a embriaguez e a prostituição (descontrole

e exageros)" (GARRAFINI, 2010, p.14). A convivência com as mulheres da rua é a maneira

encontrada, por Quincas para fazer com que o gênero funcione como dispositivo de controle da

mulher, e essa estratégia é tão bem elaborada na novela que,

Também naquelas casas pobres das mulheres mais baratas, onde vagabundos e

malandros, pequenos contrabandistas e marinheiro desembarcados encontram um

lar, família e o amor nas horas perdidas da noite, após o mercado triste do sexo,

quando as fatigadas mulheres ansiavam por um pouco de ternura, a notícia da

morte de Quincas Berro Dágua foi a desolação e fez correr as lágrimas mais tristes.

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As mulheres choravam como se houvessem pedido parente próximo e sentiam-se

de súbito desamparadas em sua miséria14

.

Muito embora o núcleo de mulheres da casa de Quincas enoje-se, ou melhor, acreditem ser

horrível ele se misturar com aquelas mulheres de "má fama", é preciso compreender que tanto a

"dona de casa exemplar" como a prostituta fazem parte de uma máquina de dispositivo

perfeitamente arregimentada. Dessa maneira, a mulher da casa,

Na alegria ou na dor, [...] deve sempre considera-se ser secundário, portanto,

viver como sombra do pai, do marido ou dos filhos.Trata-se, enfim, da mulher que

compreende seu lugar na sociedade e nada reivindica. De outro lado, situa-se a

mulher sensual, a mulher sentidos, a mulher prazer. Ainda que produto da mesma

ideologia, este tipo de mulher constitui a marginália, coloca-se fora dos limites da

família, no lugar do prazer15

(PATRICIO, 1999, 33).

Dessa forma as prostitutas, são lançadas na terceira margem, seu lugar é somente o prazer,

ou seja, se, "[...] as mulheres manifestam-se sob aspectos diversos; mas cada um dos mitos

edificados a propósito da mulher pretende resumi-la inteiramente (BEUVOIR, p.300)". Mas que

posição se coloca o personagem central da novela? Enquanto se configuram as identidades rezadas

das mulheres, acontece um movimento de extrema alegria e festa, "Pelo jeito, aquela ia ser a noite

memorável, inesquecível. Quincas Berro Dágua estava num dos seus melhores dias" (AMADO,

2006, p. 83). Isso reforça a perspectiva de Beauvoir, na sociedade patriarcal toda construção das

feminilidades favorecem, deveras, ao macho.

Considerações finais

A noção de feminino trabalhada por Simone de Beauvoir (1970) nos fez compreender que,

na construção de personagens femininas, as vezes, são criadas imagens rezadas da mulher. Essa

maneira de construir identidades marginalizadas faz com que o gênero feminino seja capturado por

dispositivos que esquadrinham, controlam, reduzem, nomeiam de maneira jocosa, ou seja, na

novela, em estudo, cabe a mulher o lugar de saco de peidos, jararaca ou quando extrapola as

barreiras da casa, constituem-se como a terceira margem, fator recorrente na obra amadiana

14

AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. 93 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006, p.46. 15

PATRICIO, Rosana Ribeiro. Imagem da mulher em Gabriela de Jorge Amado. Salvador: FCJA, 1999, 9.33.

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(PATRICIO, 1999), essa maquinaria de dispositivo, no caso específico, favorece a Quincas, que

festeja tudo, mesmo morto vive o melhor dia.

Deste modo, Quincas consegue quebrar padrões sociais, livra-se de regras, mas mantém uma

assimétrica que coloca o gênero feminino em desvantagem, ele subverte e ao mesmo tempo

contribui com padrões de dispositivo. Se assim não fosse, não nomearia uma mulher como saco de

peidos, quiçá jararaca.

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