O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA-CCEN PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA- PPGG O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE RIACHO DAS ALMAS-PE MARIA REJANE DA SILVA João Pessoa 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA-CCEN

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA- PPGG

O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS

CATEGORIAS GEOGRÁFICAS NAS SÉRIES INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE RIACHO DAS ALMAS-PE

MARIA REJANE DA SILVA

João Pessoa

2010

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MARIA REJANE DA SILVA

O ENSINO-APRENDIZAGEM DAS

CATEGORIAS GEOGRÁFICAS NAS SÉRIES INICIAIS

DO ENSINO FUNDAMENTAL NO MUNICÍPIO DE RIACHO DAS ALMAS-PE

Dissertação apresentada ao programa

de Pós-Graduação em Geografia da

Universidade Federal da Paraíba como

requisito parcial para obtenção do

título de mestre em Geografia.

Orientador: Profº Dr. Sérgio Fernandes

Alonso

Co-Orientador: Profº Dr. Carlos

Augusto de Amorim Cardoso

João Pessoa

2010

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Catalogação na publicação Universidade Federal da Paraíba

Biblioteca Setorial do CCEN

S586e Silva, Maria Rejane da O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries iniciais do ensino.../ João Pessoa, 2010. 121 p.: il.

Dissertação (Mestrado em Geografia) – UFPB/CCEN. Orientador: Profº Drº Sérgio Fernandes Alonso Inclui referências. 1. Educação geográfica 2. Ensino geográfico I. Título

BS/CCEN CDU: 37:911(043)

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“O Ensino-Aprendizagem das Categorias Geográficas nas Séries Iniciais

do Ensino Fundamental no Município de Riacho das Almas - PE”

por

Maria Rejane da Silva

Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação

em Geografia do CCEN-UFPB, como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Geografia.

Área de Concentração: Território, Trabalho e Ambiente

Aprovada por:

_______________________________________________

Profº Dr. Sergio Fernandes Alonso

Orientador

_______________________________________________

Profº Dr. Carlos Augusto de Amorim Cardoso

Examinador interno

________________________________________________

Profº Dr. Eduardo Pazera Júnior

Examinador externo

________________________________________________

Núria Hanglei Cacete

Suplente

Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Exatas e da Natureza

Programa de Pós-Graduação em Geografia

Curso de Mestrado em Geografia

Novembro de 2010

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Aos meus amores: Paulo Henrique, meu

filho, Araã, meu esposo, e Rita, minha

mãe. E em especial ao meu pai, Pedro, in

memorian, que em sua simplicidade

soube proporcionar a mim e a meus

irmãos uma formação acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Ao longo destes dois anos de estudos e pesquisas nos deparamos com

pessoas que de uma forma ou de outra contribuem para que nossos ideais

prossigam firmes e nossos objetivos possam ser atingidos. São elas:

Minha irmã Edijane, que me apoiou em todos os momentos.

Minha irmã de coração, Kyara, que me apóia em tudo a que me proponho

realizar

A equipe gestora, professores e alunos da Escola Mário da Mota Limeira, que

no ano de 2008, souberam na minha ausência da direção da escola, desempenhar

suas funções de forma louvável.

A equipe gestora, professores e alunos da Escola Manoel Bacelar, por

estarem durante todo este tempo de curso, torcendo pelo meu sucesso e esperando

meu regresso ao seu convívio.

A Secretaria Municipal de Educação que nos momentos que se fizeram

necessários, abriu mão do exercício de minhas funções me possibilitando a

dedicação exigida à conclusão do trabalho.

Aos parentes e amigos que com certeza estão felizes com esta minha

conquista.

Aos professores e funcionários do PPGG que se mostraram solidários e

receptivos as nossas necessidades, especialmente:

- Sonia Nascimento, Secretária do PPGG, que com sua simplicidade e

disponibilidade, me ajudou inúmeras vezes respondendo aos meus emails e

solicitações.

- Profº Sergio Alonso que sempre me incentivou a prosseguir mesmo quando eu

achava que não seria capaz.

- Profº Carlos Augusto que no momento decisivo do trabalho se disponibilizou a

colaborar com a orientação, dando contribuições valiosas no direcionamento da

pesquisa e indicação de bibliografias.

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―Estudar Geografia é basicamente ler o

mundo e construir a cidadania‖.

Helena Copetti Callai

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RESUMO

O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries iniciais do

ensino fundamental no município de Riacho das Almas – PE.

A presente dissertação tem como objetivo verificar o ensino-aprendizagem das

categorias geográficas nas séries iniciais, tomando como área de estudo as escolas

municipais de Riacho das Almas - PE. Para desenvolver a pesquisa utilizou-se a

aplicação de questionários a alunos e professores, sendo considerados os seguintes

aspectos: metodologia utilizada em cada turma e o tipo de classe: multisseriadas ou

regular, com o objetivo de se comparar os desempenhos das turmas. Buscou-se

identificar as formas de abordagem das categorias geográficas em documentos

oficias como PCNs, Proposta Curricular e Plano de Trabalho do Professor, fazendo

uma correlação com a aprendizagem destas categorias por estes alunos. O estudo

realizado trata também das teorias de ensino-aprendizagem aplicadas à Geografia e

a evolução do pensamento geográfico associada aos pressupostos metodológicos

das categorias geográficas.

Palavras chave: categorias geográficas, ensino de Geografia, educação geográfica.

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ABSTRACT

Evaluation of teaching and learning of geographic categories in the early grades of

elementary school in Riacho das Almas – PE

This thesis aims to determine the teaching and learning of geographic categories in

the initial series, taking as the study area public schools of Riacho das Almas – PE.

To develop the research used the questionnaires to students and teachers being

considered the following aspects: methodology used in each class and class type:

multigrade or regular, with the objective of to compare the performances of the

classes. We tried to see how the geographical categories are discussed in official

documents as PCNs, curriculum and teacher's work plan, making a correlation with

the learning of these students in these categories. The study also examines the

theories of teaching and learning applied to geography and the evolution of

geographic thought associated with the methodological assumptions of geographic

categories.

Keywords: geographic categories, teaching of geography, geographical education.

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ILUSTRAÇÕES

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Avanços dos PCN segundo alguns autores 47

Quadro 2- Retrocessos dos PCN segundo alguns autores 48

Quadro 3- Saberes da disciplina de Geografia segundo Proposta Curricular

de Riacho das Almas - PE: Ensino Fundamental

51

Quadro 4- Síntese das categorias geográficas nos documentos oficiais 53

Quadro 5- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da

1ª série.

70

Quadro 6- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da

2ª série.

71

Quadro 7- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da

3ª série.

72

Quadro 8- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da

4ª série.

73

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Educação Infantil

55

Gráfico 2- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Ensino Fundamental

56

Gráfico 3- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Ensino Médio

56

Gráfico 4- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Educação Básica

57

Gráfico 5- Abordagem das categorias geográficas nas séries iniciais do

município de Riacho das Almas - PE

68

Gráfico 6- Carga horária por série 76

Gráfico 7- Função da Geografia 76

Gráfico 8- Procedimentos utilizados nas aulas de Geografia nas 77

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metodologias trabalhadas no município de Riacho das Almas - PE

Gráfico 9- Aprendizagens sobre rua 79

Gráfico 10- Aprendizagens sobre bairro 80

Gráfico 11- Aprendizagens sobre município 81

Gráfico 12- Compreensão dos elementos dos espaços rurais e urbanos 82

Gráfico 13- Aprendizagens sobre novas tecnologias 83

Gráfico 14- Aprendizagens sobre paisagem 84

Gráfico 15- Compreensão do conceito de território 85

Gráfico 16- Utilização de mapas 87

Gráfico 17- Utilização de gráficos 87

LISTAS DE SIGLAS

PCNs Parâmetros Curriculares nacionais 14

PEADS Programa de Educação ambiental e Desenvolvimento sustentável 61

SERTA Serviço de Tecnologia Alternativa 61

DC Desempenho construído 75

DEC Desempenho em construção 75

DNC Desempenho não construído 75

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 13

CAPÍTULO 1: ENSINO-APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA 16

1.1 O processo de ensino-aprendizagem: algumas considerações 16

1.2 Teorias da aprendizagem aplicadas ao ensino e a tradição pedagógica

brasileira

17

1.2.1 Pedagogia tradicional 18

1.2.2 Pedagogia renovada 19

1.2.3 Tecnicismo educacional 20

1.2.4 Tendências pedagógicas críticas 21

1.2.4.1 O Construtivismo e a Geografia 23

CAPÍTULO 2: CATEGORIAS GEOGRÁFICAS E EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA 25

2.1 Categorias geográficas e suas abordagens metodológicas 33

2.1.1 O ensino de Geografia e as categorias geográficas segundo os PCNs 37

2.1.1.1 A inserção das categorias geográficas em cada série segundo os

PCNs

43

2.1.1.2 PCNs de Geografia: discussões sobre sua proposta teórico-

metodológica

46

2.1.2 O ensino de Geografia e as categorias geográficas segundo a proposta

curricular do município de Riacho das Almas – PE

49

2.1.3 O ensino de Geografia e as categorias geográficas segundo o

planejamento de ensino dos professores

50

CAPÍTULO 3: CONTEXTUALIZAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE

RIACHO DAS ALMAS - PE

54

3.1 Escola Ativa 58

3.2 Proposta de Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável 59

3.3 Os PCNs no município de Riacho das Almas - PE 61

CAPÍTULO 4: ENSINO APRENDIZAGEM DAS CATEGORIAS

GEOGRÁFICAS NAS SÉRIES INICIAIS DAS ESCOLAS DA REDE

MUNICIPAL DE RIACHO DAS ALMAS – PE

66

4.1 A aprendizagem das categorias geográficas na 1ª série do ensino

fundamental

78

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4.2 A aprendizagem das categorias geográficas na 2ª série do ensino

fundamental

79

4.3 A aprendizagem das categorias geográficas na 3ª série do ensino

fundamental

82

4.4 A aprendizagem das categorias geográficas na 4ª série do ensino

fundamental

85

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES 88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 92

APÊNDICES QUESTIONÁRIOS E QUADROS DE ANÁLISE 95

APÊNDICE A Questões gerais sobre o ensino de Geografia 95

APÊNDICE B Questões específicas da área de Geografia para a 1ª série 96

APÊNDICE C Questões específicas da área de Geografia para a 2ª série 99

APÊNDICE D Questões específicas da área de Geografia da 3ª série 102

APÊNDICE E Questões específicas da área de Geografia para 4ª série 105

APÊNDICE F Questionário do professor

APÊNDICE G Escolas Pesquisadas

108

APÊNDICE H Quadro de análise sobre o ensino de Geografia 112

APÊNDICE I Quadro de análise sobre a área específica – 1ª série 113

APÊNDICE J Quadro de análise sobre a área específica – 2ª série 116

APÊNDICE K Quadro de análise sobre a área específica – 3ª série 117

APÊNDICE L Quadro de análise sobre a área específica – 4ª série 117

APÊNDICE M Quadro de análise do questionário do professor 118

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INTRODUÇÃO

O ato de ensinar Geografia coloca-nos em contato imediato com a realidade,

cujo espaço é dinâmico e sofre alterações em função da ação do homem, sendo

este um sujeito e agente que é parte do processo histórico. Essa consideração

aponta-nos a direção da articulação entre o conteúdo específico e o processo de

ensino-aprendizagem: a concepção que temos de Geografia deve estar relacionada

à concepção de Educação.

A educação geográfica proporciona ao estudante a compreensão de mundo tendo-se como escala uma perspectiva global, mas também representa uma possibilidade de compreender o seu entorno, o seu local de moradia, as relações que se estabelecem entre o global e o local e vice-versa. (ARAÚJO, 2009, p 10.)

Desde as primeiras etapas da escolaridade, o ensino da Geografia pode e

deve ter como objetivo mostrar ao aluno que cidadania é também o sentimento de

pertencer a uma realidade na qual as relações entre a sociedade e a natureza

formam um todo integrado, constantemente em transformação, do qual ele faz parte

e, portanto, precisa conhecer e sentir-se como membro participante, afetivamente

ligado, responsável e comprometido historicamente.

A Geografia é uma ciência social, que ao ser estudada, tem de considerar o aluno e a sociedade em que vive. Não pode ser uma coisa alheia, distante, desligada da realidade. Não pode ser um amontoado de assuntos, ou lugares (parte do espaço), onde os temas são soltos, sempre defasados ou de difícil (e muitas vezes inacessível) compreensão pelos alunos. Não pode ser feita apenas de descrições de lugares distantes ou fragmentos do espaço. [...] ―a Geografia que o aluno estuda deve permitir que ele se perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens que estão inseridos num processo de desenvolvimento. (CALLAI, 2005, p.247)

Mas de que forma isto pode ocorrer? Quais conteúdos deveriam ser

abordados para facilitar esta interação dos conhecimentos geográficos com a

realidade do aluno? O que ensinar e em que momento?

Neste trabalho far-se-á uma discussão das dimensões do processo de

ensino-aprendizagem e a contribuição da Geografia neste contexto, sendo, portanto

necessário enfocar as teorias de aprendizagem de forma a refletir sobre qual melhor

se aplica ao campo de estudo da Geografia. Será este enfoque, portanto o ponto de

partida deste trabalho.

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Segundo Rigonato (2007) é necessário apropriar-se do conhecimento relativo

à forma de aprender dos alunos, relacionando este conhecimento ao estudo do

pensamento geográfico, para que se possa promover a interação do ensino da

Geografia com a realidade do aluno.

Em síntese, o ensino de Geografia nas séries iniciais precisa no mínimo (re)dimensionar as competências e as habilidade conforme os níveis cognitivos dos educandos para a formação de conceitos e, sobretudo, para a vida. Para isso faz-se necessário tanto conhecer as linhas pedagógicas como o pensamento geográfico. (RIGONATO, 2007, p. 4)

Neste sentido o conhecimento das várias correntes do pensamento

geográfico e das atuais abordagens do conhecimento geográfico brasileiro é

necessário, para que os professores possam coerentemente fazer sua opção

teórico-metodológica ao trabalhar a educação geográfica com seus alunos. Assim, a

evolução das correntes geográficas será abordada neste estudo.

Quanto às categorias geográficas, Cavalcanti (1998) destaca-as como

fundamentais para o raciocínio espacial e são citadas como as mais elementares

para o estudo da Geografia. Discutir a aprendizagem destas categorias é, portanto,

verificar se há diferenças de abordagens e de níveis de aprendizagens destas

categorias em cada metodologia ou programa vivenciado nas escolas. Qual contribui

mais? Há diferenças de abordagens entre os professores? Os resultados são os

mesmos? A Geografia consegue fazer seu papel de favorecer a compreensão da

realidade, e nela intervir de maneira mais consciente e propositiva?

Para tal far-se-á uma análise das propostas metodológicas adotadas nos

documentos oficiais como PCNs, Propostas Pedagógicas e Planejamento Escolar.

Concluindo com a verificação de como se dá o processo de ensino-aprendizagem

das categorias geográficas pelos escolares das escolas públicas municipais de

Riacho das Almas – PE.

Dessa forma, tomou-se como campo de pesquisa para realização deste

trabalho, nove escolas das séries iniciais do Ensino Fundamental do município de

Riacho das Almas - PE.

Como procedimento metodológico, se fez primeiramente, um levantamento

bibliográfico interdisciplinar, cuja leitura no campo da Educação e, sobretudo, da

Geografia contribuiu de maneira significativa para a contextualização desse

levantamento.

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Como instrumentos de pesquisa foram aplicados questionários a professores

e alunos, a fim de dar-se o tratamento adequado às informações, ou seja, análise e

levantamento de dados, na busca de obter-se subsídios necessários à elaboração

das conclusões as quais serão norteadas pelos objetivos seguintes:

- Identificar nos Parâmetros Curriculares Nacionais, Propostas Curriculares,

Projetos Políticos Pedagógicos e Planejamento de Professores das escolas

pesquisadas, as abordagens teórico-metodológicas apresentadas das categorias

geográficas nas séries iniciais do ensino fundamental.

- Identificar os recursos pedagógicos e os procedimentos metodológicos

utilizados pelos professores das séries iniciais na abordagem destas categorias;

-Verificar a compreensão das categorias geográficas pelos escolares das

séries iniciais das escolas municipais de Riacho das Almas – PE;

Considera-se que esta pesquisa poderá contribuir para reflexões dos

docentes, sobre como se dá o processo de ensino-aprendizagem das categorias

geográficas nas séries iniciais do ensino fundamental no município. Que

metodologia é mais adequada e que recursos pedagógicos se apresentam mais

eficientes no favorecimento da compreensão destas categorias.

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CAPÍTULO 1: ENSINO-APRENDIZAGEM E EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA

Inicialmente, discute-se o conceito de ensino-aprendizagem. Para tal faz-se

necessário enfocar-se algumas teorias ou referenciais explicativos que mais têm

sido utilizados na educação brasileira e na Geografia escolar nos últimos tempos.

Referenciais estes, que tratam de dar suporte pedagógico ao tratamento de noções

e conceitos considerados fundamentais ao estudo da Geografia, considerando que

conceitos geográficos como paisagem, região, lugar, espaço e território são pré-

requisitos para a compreensão dos elementos que caracterizam a organização

espacial e, fundamentais para a formação de um raciocínio geográfico articulado,

cumulativo e crítico.

1.1 O processo de ensino-aprendizagem: algumas considerações

Tem sido a aprendizagem alvo dos estudos de grande número de

pesquisadores nas últimas décadas e todos eles são unânimes em considerá-la

como o comportamento mais importante dos animais superiores. Por ser um campo

tão complexo e controverso, obviamente não se pretende resumi-lo, e sim abordar

alguns conceitos mais significativos e adequados aos fins que se propõe atingir.

Segundo Fonseca (1995, p. 127):

A aprendizagem constitui uma mudança de comportamento resultante da experiência. Trata-se de uma mudança de comportamento ou de conduta que assume várias características. É uma resposta modificada, estável e durável, interiorizada e consolidada no próprio cérebro do indivíduo.

Dar conta de explicar como este processo se concretiza tem sido o desafio de

muitos estudiosos, que muito têm contribuído com seus conhecimentos, para que,

cada vez mais, se avance em busca de ampliar a compreensão sobre como a

aprendizagem se processa no indivíduo.

É importante compreender o modo como as pessoas aprendem e as

condições necessárias para a aprendizagem, bem como, identificar o papel de um

professor, por exemplo, nesse processo. Muitas teorias são propostas e elas são

importantes porque possibilitam ao professor adquirir conhecimentos, atitudes e

habilidades que lhe permitirão alcançar melhor os objetivos do ensino.

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1.2 Teorias da aprendizagem aplicadas ao ensino e a tradição pedagógica brasileira

Na aprendizagem escolar existem os seguintes elementos centrais para que o

desenvolvimento escolar ocorra com sucesso: o aluno, o professor e a situação de

aprendizagem.

As teorias da aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos

atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do

homem, e tentam explicar a relação entre conhecimento pré-existente e o novo

conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de

conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da

interação entre as pessoas.

Quando um professor se diz adepto desta ou daquela teoria, está mesmo

inconscientemente, fazendo opção por uma concepção de ensino e aprendizagem

que determinará a compreensão dos papéis do professor e do aluno, da

metodologia, da função social da escola e dos conteúdos a serem trabalhados. A

discussão dessas questões é importante para que se explicitem os pressupostos

pedagógicos que subjazem à atividade de ensino, na busca de coerência entre a

prática e a dita teoria.

Não se pode negar que tais práticas se constituem a partir das concepções

educativas e metodológicas que permearam a formação educacional e o percurso

profissional do professor, aí incluídas suas próprias experiências escolares, suas

experiências de vida, a ideologia compartilhada com seu grupo social e as

tendências pedagógicas atuantes.

No Brasil as tendências pedagógicas que se firmam nas escolas públicas e

privadas não são totalmente puras, mas sim, mescladas por aspectos de mais de

uma linha pedagógica. (BRASIL, 1997a p. 39)

Segundo Moreira (1985), de um modo geral, pode-se distinguir três grandes

enfoques teóricos ao processo ensino-aprendizagem: o comportamentalista, o

cognitivista e o humanístico.

Para melhor compreender como os estudos sobre o processo de ensino-

aprendizagem evoluiu no Brasil apresenta-se a seguir um enfoque teórico destes

processos e sua relação com a tradição pedagógica brasileira ao longo do tempo.

Segundo os PCNs, em seu documento de Introdução do Ensino Fundamental:

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São quatro as tendências identificadas na tradição pedagógica brasileira considerando-se a influência de movimentos internacionais e as especificidades da nossa história política, social e cultural: tradicional, renovada, tecnicista e as marcadas por preocupações políticas e sociais (pedagogia libertadora e pedagogia crítico-social dos conteúdos). (BRASIL, 1997a, p. 41)

1.2.1 Pedagogia tradicional

Ainda segundo os PCNs a pedagogia tradicional baseia-se na exposição oral

dos conteúdos, numa seqüência predeterminada e fixa independentemente do

contexto escolar.

È uma proposta de educação centrada no professor, cuja função se define como a de vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria. A função da escola neste modelo de educação é transmitir conhecimentos disciplinares para a formação geral do aluno, formação esta que o levará, ao inserir-se futuramente na sociedade, a optar por uma profissão valorizada. (Brasil, 1997a p. 39)

Portanto, este modelo reflete uma postura conservadora onde se enfatiza a

memorização dos conteúdos, através de exercícios repetitivos e destituídos de

significados para o aluno, já que não estabelece relação entre os conteúdos que se

ensina e os interesses dos alunos, tampouco entre esses e os problemas reais que

afetam a sociedade.

Compreende-se que esta tendência está fundamentada na corrente

comportamentalista que considera a aprendizagem uma ação decorrente de uma

resposta a estímulos do ambiente externo. ―Não leva em consideração o que ocorre

dentro da mente do indivíduo durante o processo de aprendizagem, pois tem como

premissa que o estudo do comportamento não depende de conclusões sobre o que

se passa dentro do indivíduo‖ (MOREIRA, 1985, p. 6). A teoria de Skinner é,

provavelmente, a que melhor representa esta corrente.

Segundo Moreira, Skinner afirma em seus estudos que em escolas, o

comportamento de alunos pode ser modificado pela apresentação de materiais em

cuidadosa seqüência e pelo oferecimento de recompensas ou reforços apropriados.

Para ele, o que interessa é o comportamento observável e não o que ocorre dentro

da mente. Sua orientação comportamentalista considera o homem como um

organismo passivo governado por estímulos externos ambientais (MOREIRA, 1985,

p. 19).

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1.2.2 Pedagogia renovada

Concepção que no Brasil inclui várias correntes ligadas ao movimento da

Escola Nova ou Escola Ativa. A pedagogia renovada traz como princípio norteador o

individuo como um ser livre, ativo e social. Baseada na corrente cognitivista ocupa-

se dos processos mentais. A aprendizagem se dá à medida que o indivíduo

estabelece relações de significação, atribui significados à realidade em que se

encontra.

O professor é visto como facilitador no processo de busca do conhecimento

que deve partir do aluno. O centro das atividades é o aluno e não o professor. O

mais importante é a aprendizagem e não o ensino. Entretanto, a idéia de um ensino

guiado pelo interesse dos alunos não deve desconsiderar a necessidade de um

trabalho planejado que não perca de vista o que deve ser ensinado e aprendido.

Piaget e Ausubel são adeptos desta corrente.

A Epistemologia Genética de Piaget tem enfoque na estrutura cognitiva do

sujeito. Segundo esta teoria, as estruturas cognitivas mudam através dos processos

de adaptação que são a assimilação e a acomodação. A assimilação envolve a

interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto

que a acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o

meio. Há diferentes níveis de desenvolvimento cognitivo.

Piaget distingue quatro períodos gerais de desenvolvimento cognitivo:

sensório-motor, pré-operacional, operacional concreto, operacional-formal.

Segundo Moreira (1985) Piaget descreve estes estágios:

Para entender o mecanismo desse desenvolvimento,..., distinguiremos quatro períodos principais em seqüência aquele que é caracterizado pela constituição da inteligência sensório-motora. A partir do aparecimento da linguagem, ou mais precisamente, da função simbólica que torna possível sua aquisição (1 a 2 anos), começa um período que se estende até perto de quatro anos e vê desenvolver-se um pensamento simbólico e pré-conceptual. De 4 a 7 ou 8 anos, aproximadamente, constitui-se, em continuidade íntima com o precedente, um pensamento intuitivo cujas articulações progressivas conduzem ao limiar da operação. De 7 ou 8 até 11 ou 12 anos de idade, organizam-se as operações concretas, isto é, os grupamentos operatórios do pensamento recaindo sobre objetos manipuláveis ou suscetíveis de serem intuídos.

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A partir dos 11 a 12 anos e durante a adolescência, elabora-se por fim o pensamento formal, cujos grupamentos caracterizam a inteligência reflexiva

acabada. (PIAGET, 1977, p. 127 apud MOREIRA 1985, p. 52)

Assim, segundo Piaget (1977 apud MOREIRA 1985), para que ocorra a

aprendizagem é preciso provocar o desequilíbrio na mente da criança, para que ela

busque se reestruturar cognitivamente e aprenda. Naturalmente, os níveis de

desenvolvimento da criança devem ser respeitados pelo professor, que deve ser tão

ativo quanto à criança. As crianças devem ter oportunidades de agir (prática) e estas

ações devem sempre estar articuladas ao discurso do professor.

Vale ressaltar que segundo Azenha (2003), a teoria de Piaget não é uma

teoria de aprendizagem e sim do desenvolvimento mental, cujos pressupostos são

utilizados no contexto educacional no que concerne ao processo de ensino-

aprendizagem.

Ausubel é outro representante do cognitivismo e, como tal, propõe uma

explicação teórica do processo de aprendizagem segundo o ponto de vista

cognitivista. O fator mais importante da aprendizagem é o que o aluno já sabe. Para

ocorrer à aprendizagem, conceitos relevantes e inclusivos devem estar claros e

disponíveis na estrutura cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre quando uma

nova informação ancora-se em conceitos ou proposições relevantes preexistentes.

Na teoria de Ausubel ocorre uma aprendizagem significativa quando novas

informações são processadas a partir das informações que os indivíduos já

possuem. Ou seja, para aprender o indivíduo deve ser possuidor de conhecimentos

preexistentes que subsidiariam a nova aprendizagem.

A essência da aprendizagem significativa reside em que as idéias expressadas simbolicamente são relacionadas de modo não-arbitrário, mas substancial, com o que o aluno já sabe. O material que aprende é potencialmente significativo para ele. (AUSUBEL, 1976, p. 57, apud SACRISTÁN, 2000, p. 37)

1.2.3- Tecnicismo educacional

Inspirada nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem

sistêmica do ensino, o tecnicismo proliferou no Brasil na década de 1970. O que é

valorizado não é o professor, mas a tecnologia; o professor passa a ser um mero

especialista na aplicação de manuais e sua criatividade fica restrita aos limites

Page 22: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

22

possíveis e estreitos da técnica utilizada. Define a atividade pedagógica como

altamente controlada e dirigida pelo professor, com atividades mecânicas inseridas

numa proposta educacional rígida e passível de ser totalmente programada em

detalhes. Portanto, não considera o processo particular de cada aluno quanto à

aprendizagem sendo assim fundamentada na corrente comportamentalista.

1.2.4-Tendências pedagógicas críticas

A partir de 1980 com a abertura política decorrente do final do regime militar

firmam-se no meio educacional, tendências pedagógicas de cunho mais crítico. São

elas: a pedagogia libertadora e a pedagogia crítico-social dos conteúdos.

A pedagogia libertadora pauta-se em discussões de temas sociais e políticos

e em ações sobre a realidade social imediata. O professor é um coordenador de

atividades que organiza e atua conjuntamente com os alunos.

A pedagogia crítico-social dos conteúdos se põe como uma reação de alguns

educadores que não aceitam a pouca relevância que a pedagogia libertadora dá ao

aprendizado do chamado saber elaborado, historicamente acumulado, que constitui

parte do acervo cultural da humanidade.

Esta concepção assegura a função social e política da escola mediante o

trabalho com conhecimentos sistemáticos, a fim de colocar as classes populares em

condições de uma efetiva participação nas lutas sociais. Entende que não basta ter

como conteúdo escolar as questões sociais atuais, mas que é necessário que se

detenha domínio de conhecimentos, habilidades e capacidades mais amplas para

que os alunos possam interpretar suas experiências de vida e defender seus

interesses de classe. (BRASIL, 1997a, p. 42)

Estas tendências pedagógicas marcaram a tradição educacional brasileira, e

trouxeram contribuições para uma proposta atual que busque integrar as

abordagens psicológicas, sociais e políticas, necessárias a uma adequação

pedagógica que caracteriza um aluno que pensa, um professor que sabe e

conteúdos permeados de valores sociais e formativos. Esta proposta enfoca o

caráter social do processo de ensino aprendizagem e é influenciada pela psicologia

genética sendo, portanto, adepta da corrente cognitivista. Pode-se, entretanto,

caracterizar esta proposta com humanística, pois destaca a auto-realização sendo o

homem colocado como sujeito. A linha humanística não limita a aprendizagem ao

Page 23: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

23

aumento de conhecimentos, ela é penetrante e influi nas escolhas e atitudes do

aprendiz. O ensino deve facilitar este tipo de aprendizagem. Roger representa esta

corrente. De acordo com Moreira, para Roger, o ensino deve ser centrado no aluno,

a atmosfera da sala de aula deve ter o estudante como centro.

Implica em confiar na potencialidade do aluno para aprender, em criar condições favoráveis para o crescimento e auto-realização do aluno, em deixá-lo livre para aprender, manifestar seus sentimentos, escolher suas direções, formular seus próprios problemas, decidir sobre seu próprio curso de ação, viver as conseqüências de suas escolhas. O professor passa a ser um facilitador cuja autenticidade e capacidade de aceitar o aluno como pessoa, e de colocar-se no lugar do aluno, são mais relevantes, para criar condições para que o aluno aprenda, do que sua erudição, suas habilidades e o uso que faz de recursos instrucionais. (MOREIRA, 1985, p. 81)

De acordo com os PCNs, a psicologia genética, que como se citou

anteriormente, enquadra-se na proposta que enfoca o caráter social do processo de

ensino-aprendizagem, corrobora para o aprofundamento da compreensão deste

processo.

Compreender os mecanismos pelos quais as crianças constroem representações internas de conhecimentos construídos socialmente, em uma perspectiva psicogenética, traz uma contribuição para além das descrições dos grandes estágios de desenvolvimento. (BRASIL, 1997a, p. 43)

A pesquisa sobre psicogênese da língua escrita chegou ao Brasil em meados

dos anos de1980 e causou grande impacto, revolucionando o ensino da língua nas

séries iniciais e, ao mesmo tempo, provocando uma revisão do tratamento dado ao

ensino e a aprendizagem em outras áreas do conhecimento. Essa investigação

evidencia a atividade construtiva do aluno sobre a língua escrita, objeto de

conhecimento reconhecidamente escolar, mostrando a importância dos

conhecimentos específicos sobre a escrita, que a criança já tem, os quais, embora

não coincidam com os dos adultos, faz sentido para ela. (BRASIL, 1997a, p. 43)

A metodologia utilizada pela psicogênese foi muitas vezes interpretada como

uma proposta de pedagogia construtivista para alfabetização. O que expressa um

duplo equívoco: redução do construtivismo a uma teoria psicogenética de aquisição

da língua escrita e transformação de uma investigação acadêmica em método de

ensino. Com esses equívocos, difundiram-se sobre o rótulo de pedagogia

construtivista, as idéias de que não se devem corrigir erros e de que as crianças

Page 24: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

24

aprendem fazendo ―do seu jeito‖. Essa pedagogia, dita construtivista, trouxe sérios

problemas ao processo de ensino-aprendizagem, pois desconsidera a função

primordial da escola que a é de ensinar, intervindo para que os alunos aprendam o

que, sozinhos, não têm condições de aprender. (BRASIL, 1997a, p. 43)

Entretanto, para a Geografia, a pedagogia construtivista trouxe suas

contribuições e segundo alguns pensadores pode ser uma tendência que muito tem

a contribuir no processo de ensino-aprendizagem desta área.

1.2.4.1- O Construtivismo e a Geografia

No dizer de Castellar (2005, p. 38) nesta corrente, o conhecimento é visto não

como mera cópia do mundo exterior, mas como ―um processo de compreensão da

realidade, a partir das representações que as pessoas têm dos objetos e fenômenos

(significados), em consonância com seus próprios conhecimentos e experiências‖.

Para a autora, o construtivismo não é uma explicação para tudo o que ocorre no

mundo e nas escolas, mas é:

Uma perspectiva epistemológica a partir da qual se tenta explicar o desenvolvimento humano e que nos serve para compreender os processos de aprendizagem, assim como as práticas sociais formais e informais que facilitam a aprendizagem. (CASTELAR, 2005, p.48)

Castorina (1988) é outro autor que corrobora com a concepção de que na

passagem dos estados de menor conhecimento aos estados de maior conhecimento

ocorre um processo interativo entre o sujeito e o objeto e é nessa perspectiva que

ocorrerá a construção do conhecimento. É, portanto a concepção construtivista que

este autor considera aplicável ao ensino da Geografia.

Straforini (2006, p. 69) concorda com Stein (1999) e Pinheiro (1997) quando

dizem que o construtivismo é o melhor do conhecimento já produzido para trabalhar

a aprendizagem.

De acordo com Pontuschka (2007, p. 30), sobre o processo de ensino-

aprendizagem em Geografia é fundamental ter-se presente que aprendizagem

envolve compreensão, pois o que se aprende sem compreender não é verdadeiro. É

necessário buscar os fundamentos da Geografia e suas explicitações metodológicas

para que a potencialização do processo ensino-aprendizagem aconteça.

Page 25: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

25

Estudar os nomes dos rios do Brasil ou da Rússia e os eixos viários que dão acesso as principais metrópoles do país somente será válido se for para a construção de significados, ou seja, se esses estudos tiverem significado na vida das pessoas e dos nossos alunos.

De modo que, as teorias aqui apresentadas servem como parâmetros para

compreender como vem sendo visto o processo de ensino-aprendizagem ao longo

dos tempos e como os estudos de cientistas e educadores modernos têm

contribuído para aprofundar-se e compreender-se como os indivíduos aprendem.

No Brasil muitos destes teóricos foram e ainda são referenciais importantes

que muito influenciaram e influenciam a pedagogia brasileira sendo importante para

nosso estudo compreender o desenvolvimento das idéias que permeiam nossa

realidade educacional na atualidade.

Entende-se ser o construtivismo, uma tendência pedagógica apropriada ao

ensino da Geografia, por considerar que o processo de construção do conhecimento

é indissociável da compreensão da realidade. Para tal o conhecimento do mundo ao

nosso redor é essencial neste processo. E é a Geografia que deve dar conta desta

tarefa.

Page 26: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

26

CAPÍTULO 2: CATEGORIAS GEOGRÁFICAS E EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA

Para discutir os princípios metodológicos que melhor se aplicam ao ensino da

Geografia, enfoca-se neste capítulo a evolução do pensamento geográfico e de suas

categorias fundamentais, como também a inserção destas categorias no processo

de ensino, tendo como foco os documentos oficiais utilizados como parâmetro para

o trabalho docente.

Como já foi citado, Cavalcanti (1998) destaca as categorias geográficas,

como fundamentais para o raciocínio espacial e as mais elementares para o estudo

da Geografia. Neste sentido, Moreira (2007) dá importante contribuição, quando

apresenta a idéia de que a Geografia e a educação geográfica concorrem para o

mesmo fim, de compreender e construir o mundo a partir das idéias que formam

dele.

De acordo com Moreira (idem), espaço, território e paisagem formam o rol das

categorias de base de toda construção e leitura geográfica das sociedades.

Contudo, a categoria lugar será também considerada no estudo, pois esse conceito

tornou-se atualmente central para a Geografia, exatamente no momento em que

está em andamento o processo de globalização e de expansão planetária do

capitalismo, quando alguns autores, apontam para a aniquilação das expressões

culturais específicas dos lugares, enquanto outros apontam em direção contrária,

destacando as relações entre o local e o global, como construtoras de outra (nova)

forma de cultura: a cultura de massa, em que o local se destaca no global,

exatamente por suas características peculiares.

Para discutir estas categorias, reportar-se à constituição e o enunciado dos

pressupostos metodológicos da Geografia em fins do século XIX. Neste período,

encontramos no interior da Geografia Tradicional, a disputa entre deterministas e

possibilistas. No decorrer do século XX surge a Geografia Quantitativa, neo-

positivista que se opõe a Geografia Regional de Hartshorne e a própria Geografia

Tradicional. Na década de 1970 há a contraposição da Geografia Crítica em uma

vertente materialista histórica à Geografia Teorética. Atualmente, o culturalismo

coloca-se como contraponto às tendências marxistas.

A conceituação das categorias geográficas ao longo deste processo é

resultado destes embates, das diferentes maneiras de encarar o ato de modelar a

Page 27: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

27

superfície terrestre, apresentadas pelos teóricos que discutiram e discutem ainda

hoje os pressupostos metodológicos da Geografia.

A categoria espaço nem sempre foi considerada como categoria-chave. Com

exceção das obras de Ratzel, que abordava a questão do espaço vital, sendo para

ele o espaço consolidado pela expansão territorial; na Geografia Tradicional, o

espaço era trabalhado de maneira implícita, apresentando uma área como sua

correspondência. Este era o espaço de Hartshorne, o grande teórico do

regionalismo geográfico, que considerava que o espaço existia somente quando os

fenômenos encontrados em seu interior relacionam-se de forma única, não se

concebendo generalizações. (HARTSHORNE apud CORREA, 1995, p. 19)

O espaço surge como conceito estrutural, a partir da revolução teórico-

quantitativa ocorrida na Geografia na década de 1950.

O espaço é concebido sob forma de planície isotrópica, constituindo-se em um modelo. A planície isotrópica detém homogeneidade física, econômica e social, correspondendo a um padrão perfeito, dentro da análise geográfica. (ROCHA, 2008, p. 129)

Estabelecendo-se como contraponto da Geografia Teorética, tanto quanto da

Geografia Tradicional, ambas alicerçadas no Positivismo, a Geografia Crítica

marxista surge entre os anos 1960 e a década de 1970, estabelecendo novos

paradigmas. A questão da ausência da análise espacial e o significado de espaço

motivaram debates entre os geógrafos por todo este período.

De acordo com Harvey (1975), citado por Corrêa (1995), a espacialidade foi

negligenciada pela teoria marxiana, enquanto que para Soja (1993 apud Corrêa,

1995), o espaço foi trabalhado como receptáculo, conceituação muito próxima dos

modelos praticados pelas ciências burguesas. A efetivação do espaço, como

categoria espacial, surge nos trabalhos de Henri Lefebvre apud Corrêa (1995)

estabelecendo-se como espaço social, em estreita correlação com a sociedade. O

espaço para este autor é concebido como o lócus da reprodução da sociedade.

A concepção de Lefebvre sobre espaço amparou os trabalhos de Milton

Santos, cuja preocupação maior estabeleceu-se na formação do conceito de espaço

social e de seus desdobramentos para a realidade geográfica.

É na Geografia Crítica que o espaço é colocado como categoria

preponderante. Milton Santos define-a como essencial, pois concentra a

materialidade onde a natureza se transforma, em seu todo, de forma produtiva.

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28

... O espaço não é nem uma coisa, nem um sistema de coisas, senão uma realidade relacional: coisas e relações juntas. Eis por que sua definição não pode ser encontrada senão em relação a outras realidades: a natureza e a sociedade, mediatizadas pelo trabalho... (SANTOS, 1994, p. 28)

Milton Santos coloca através desta conceituação, a importância da natureza e

da sociedade na constituição espacial. O antigo paradigma geográfico ressurge. O

espaço seria o movimento das relações entre a concretude física do planeta e da

humanidade. A mediatização realizada pelo trabalho produz a construção do espaço

que se vislumbraria como um conjunto indissociável de objetos geográficos, naturais

e sociais, com a sociedade em movimento. O espaço seria um conjunto de formas,

contendo frações da própria sociedade que se movimenta. (ROCHA, 2008, p. 131)

Ao analisar a importância do espaço para as diversas tendências da

Geografia, verifica-se a necessidade de se evidenciar o território, categoria de

relevo, na atualidade desta ciência. O território é considerado atualmente como um

espaço definido por um conjunto de relações de poder. Conseqüentemente o

território será considerado um espaço controlado por grupos humanos, produzindo

territorialidades específicas, das quais o poder se origina. Este processo é

observado por intermédio de múltiplas escalas: mundiais, regionais e locais, cuja

espacialidade e temporalidade se expressam de maneira contínua ou descontínua.

Rocha (2008, p.130) afirma:

As conceituações contemporâneas sobre território colocam o espaço com a capacidade de suportar diversas territorialidades simultaneamente, associadas com temporalidades idênticas ou diferenciadas. Assim, em uma mesma cidade, em um mesmo bairro especifico ou até mesmo em uma rua, vários territórios podem conviver.

A Geografia Cultural possibilitou a transposição da hegemonia da Geografia

Política, no tocante às questões sobre territorialidade. Para a Geografia Política

Clássica, o Estado era a única categoria a ser considerada em sua análise. Hoje, a

multiplicidade, a sobreposição territorial e a ausência definida de fronteiras, ampliam

as questões do controle do poder na realidade geográfica em todas as escalas.

Rocha (2008, p. 136) apresenta as seguintes considerações sobre território.

Em conjunto com as categorias espaço, região, paisagem e lugar, o território estabelece-se como um de seus pilares. Na última década, ocupou o lugar do espaço como categoria central, tornando-se prioritário nos trabalhos epistemológicos. Esta tendência é visualizada desde o final dos anos 1980, quando se iniciou uma reformulação das tendências da

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29

ciência geográfica. A partir desta fase, o território passou a ser considerado como uma de suas categorias chave.

O primeiro grande teórico da Geografia a trabalhar com a categoria território

evidenciou-se na figura de Friedrich Ratzel, um dos sistematizadores do

conhecimento geográfico. Sua obra foi construída no final do século XIX na

Alemanha, tornando-se um dos precursores da Geografia tradicional, alicerçada no

Positivismo de Augusto Comte.

Moraes (1992 apud Rocha, 2008, p. 136) coloca a definição de Ratzel de

espaço e de território:

[...]‖Os diferentes fatores que impulsionam o progresso de um povo, colocando-o na senda da civilização, possuem um pano de fundo comum: o ‗teatro‘ onde se desenrola tal processo - a superfície da Terra. A relação do homem com o meio seria uma constante nos acontecimentos que interessam à história do homem, esse ‗ser terrestre‘. Daí a visão de Ratzel da ‗unidade telúrica, entre a história da humanidade e a do planeta. A Terra é posta como substrato indispensável da vida humana, sua condição universal de existência. O espaço, segundo ele, encerra as condições de trabalho da sociedade, que aumenta progressivamente com o seu desenvolvimento‖ [...] [...] ―O território seria, em sua definição, uma determinada porção da superfície terrestre apropriada por um grupo humano. Observa-se que a propriedade qualifica o território, numa concepção que remonta as origens do termo na Zoologia e na Botânica (onde ele é concebido como área de dominância de uma espécie animal ou vegetal). Dessa forma, o território é posto como um espaço que alguém possui, é a posse que lhe dá identidade‖[...]

A concepção naturalista de território é exposta por Ardrey apud Haesbaert

(2004, p. 45):

[...] Uma área do espaço, seja de água, de terra ou de ar, que um animal ou grupo de animais defende como uma reserva exclusiva. A palavra é também utilizada para descrever a compulsão interior em seres animados de possuir e defender tal espaço [... ]

Quando Ratzel define sua concepção de território, concomitantemente

especifica o surgimento da Geografia política. A questão do surgimento do Estado é

observada como conseqüência da preocupação do homem, com a proteção de seu

espaço de poder.

O território surge com o desenvolvimento da família e a conseqüente

ampliação da área disposta em seu entorno, para proteção e alimentação. O

conjunto de várias famílias complexas possibilitou a ampliação territorial e

posteriormente à formação do Estado, entidade controladora desta instituição.

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30

Exatamente neste ponto, Ratzel passa a construir seu processo teórico em relação

ao espaço vital, resultado da necessidade territorial dos grandes Estados. O espaço

vital serviu como suporte a expansão germânica, que resultou na Primeira Guerra

Mundial. O território, para Ratzel era um instrumento de dominação de um

determinado povo sobre outros, ampliando sua área de influência econômica e

cultural.

O território como expressão da ocupação espacial pelo homem deveria ter

sido considerado por todas as Ciências Sociais, porém segundo Haesbaert (2004, p.

31) a Geografia que deveria ter sido a pioneira, esteve ausente nas primeiras horas

do debate epistemológico e somente a partir dos anos 1960, a dimensão

espacial/territorial passou a ser considerada. A partir do final dos anos 1980, a

Geografia passou a considerar o território no interior de suas múltiplas facetas e

interpretações.

Cada Ciência Social em particular, vê o território sob um prisma diferente. Os

geógrafos observam-no através da ênfase à sua materialidade, e o relacionamento

homem e natureza nele embutido. A Ciência Política problematiza suas concepções

de poder, a Antropologia sua dimensão simbólica. A construção positivista da

sistematização das ciências produziu compartimentos estanques, individualizando o

processo de captação da realidade. A tendência atual é superar este espírito,

construído pelo Positivismo. A subjetividade passou a ser desconsiderada pela

Geografia, resultante de um amplo processo de condicionamento ideológico de

alguns geógrafos marxistas. Desta forma, Haesbaert agrupou as concepções de

território em três vertentes: a política - relações de poder de forma geral, a cultural –

priorizando a dimensão simbólica e subjetiva do fenômeno, a econômica,

enfatizando a relação capital – trabalho, e finalmente a interpretação naturalista, que

compreende o território como resultante da transposição da ordem animal para a

organização espacial humana.

Rogério Haesbaert (2005, p. 6775) conceitua o território desde sua origem,

trabalhando as concepções etimológicas, próprias do cerne de seu significado: o

território nasce com uma dupla conotação, material e simbólica, pois

etimologicamente aparece tão próximo de terra-territorium quanto de terreo-territor

(terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominação (jurídico-política) da terra e

com a inspiração do terror, do medo – especialmente para aqueles que, com esta

dominação, ficam alijados da terra, ou no ‗territorium‘ são impedidos de entrar. Ao

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31

mesmo tempo, por extensão, podemos dizer que, para aqueles que têm o privilégio

de usufruí-lo, o território inspira a identificação (positiva) a efetiva ‗apropriação.

Território para Haesbaert teria dois significados. O primeiro estaria

relacionado à questão própria do poder político e, a outra, ligar-se-ia ao sentido de

dominação, conseqüentemente de apropriação. Apropriar-se de um determinado

espaço seria vivê-lo, construí-lo, relacionando-o com a questão do ―sentir‖. Surge a

questão da multiplicidade do território, em um determinado espaço geográfico. A

lógica do território eminentemente político, estaria sujeito a unifuncionalidade. Ao

contrário, dentro de um mesmo espaço geográfico podem coexistir territorialidades

diferentes, sobrepostas ou paralelas. Os territórios estão acoplados aos sujeitos, que

lá vivem e que são condicionados pelo poder ou o reproduzem continuamente.

A paisagem também possui seu lugar nas discussões geográficas e retoma o

seu ponto de origem sendo apreciada como depoimento das metamorfoses do

espaço social, diante da diferenciação territorial. Considere-se o que Rocha (2008,

p. 139) apresenta sobre paisagem.

Em conjunto com as categorias espaço e território, a paisagem também apresenta diversas conceituações. Em seu âmago, a paisagem é discutida com o objetivo de se estabelecer o tipo e os níveis de relacionamento entre as relações sociais e a natureza em um determinado espaço. Estas concepções contrapostas originaram-se principalmente da existência de ―escolas nacionais‖ que divergem quanto ao entendimento de seu funcionamento como categoria geográfica, de suas características e de seus fundamentos epistemológicos. A Geografia alemã compreendeu a paisagem como um conjunto de fatores naturais e humanos. Os autores franceses relacionaram o homem com seu espaço físico. A Geografia quantitativa substituiu o termo landscape por região, definindo-a como um conjunto de variáveis abstratas deduzidas da paisagem e da ação humana. Paralelamente, uma visão ecológica, surgida na Alemanha e nos Estados Unidos, identificou as unidades de paisagem, como conjunto de processos ecológicos. A maioria dessas abordagens refletiu posicionamentos filosóficos de um determinado período histórico. O Positivismo analisou-a a como elemento estático, o Marxismo fixou-a como um elemento da ação entre o capital e o trabalho. Atualmente, a paisagem possui uma abordagem holística, com o predomínio da visão culturalista.

Milton Santos (1994) aborda a questão da paisagem em relação às categorias

espaço e território, diferenciando-as dentro de parâmetros específicos:

...‖Paisagem e espaço não são sinônimos. A paisagem é o conjunto de formas que, num dado momento, exprimem as heranças que representam as sucessivas relações localizadas entre homem e natureza. O espaço são essas formas mais a vida que as anima‖...(SANTOS, 1994, p. 103.) A palavra paisagem é freqüentemente utilizada em vez da expressão configuração territorial. Está é o conjunto de elementos naturais e artificiais

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que fisicamente caracterizam uma área. A rigor, a paisagem é apenas a porção da configuração territorial que é possível abarcar com a visão. Assim, quando se fala em paisagem, há, também, referência a configuração territorial e, em muitos casos, o uso das duas expressões é indiferente ―... (SANTOS, 1994, p. 103.)

Em uma definição anterior, Santos (1994) conceitua paisagem também como

o domínio do visível: ... ―Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança é a

paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista

abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos,

odores, sons‖... (SANTOS, 1994, p. 61.)

Apresentando uma visão ampliada da essência da paisagem, Besse (2006

apud Rocha, 2008) coloca sua interioridade como fora da captação dos sentidos:

...O ponto de partida da análise geográfica seria, sem dúvida, o seguinte: mesmo sendo a paisagem uma dimensão do visível, esta paisagem é o resultado, o efeito, ainda que indireto e complexo, de uma produção. A paisagem é um produto objetivo, do qual a percepção humana só capta, de início, o aspecto exterior. Há como que um ‗interior‘ da paisagem, uma substância, um ser da paisagem que só deixa ver seu exterior. É, aliás, isto que dará aos olhos de certos geógrafos, o limite da abordagem paisagística. Ao mesmo tempo, a intenção e a esperança científicas do geógrafo consistem em tentar ultrapassar esta superfície, esta exterioridade, para captar a ‗verdade‘ da paisagem... (BESSE, 2006, p.65 apud ROCHA, 2008, p. 140)

Entretanto, Milton Santos, em considerações posteriores, também se

preocupou com a dimensão da percepção sensorial na tentativa de cultivar a

emersão da essência da paisagem:

...‖Nossa tarefa é a de ultrapassar a paisagem como aspecto, para chegar ao seu significado. A percepção não é ainda conhecimento, que depende de sua interpretação e esta será tanto mais válida quanto mais limitarmos o risco de tomar por verdadeiro só a aparência‖... (SANTOS, 1994, p.62)

Os dois posicionamentos aproximam-se, pois tendem a observar não

somente a aparência da paisagem, mas sim o que se vislumbra em sua

interioridade. No dizer de Santos, (1994, p. 71) a produção do espaço é resultado da

ação humana sobre o próprio espaço, através de objetos naturais e artificiais. Cada

tipo de paisagem é a reprodução de aspectos diferentes de forças produtivas.

Portanto, a paisagem embute em seu cerne estas mesmas forças que a

construíram.

Conseqüentemente, a paisagem deverá ser decifrada através de um conjunto

de signos que possa nos assegurar sua verdadeira leitura, aprendendo a

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33

compreender seus códigos. Para Besse, a paisagem demonstra os vestígios do

homem sobre a Terra, produzindo traços da atividade humana, fixando suas marcas.

―A paisagem para o geógrafo é a impressão da sociedade humana‖. (Rocha, 2008,

p. 141)

Avalizando a postura de Besse, Milton Santos também define a questão da

paisagem na Geografia como básica para esta ciência, citando as palavras do

historiador Marc Bloch:

O seu caráter de palimpsesto, memória viva de um passado já morto, transforma a paisagem em precioso instrumento de trabalho, pois ‗essa imagem imobilizada de uma vez por todas‘ permite rever as etapas do passado numa perspectiva de conjunto... o que temos diante de nós são apenas fragmentos materiais de um passado – de sucessivos passados – cuja simples recolagem não nos ajuda em muito. De fato, a paisagem permite apenas supor um passado. Se quisermos interpretar cada etapa da evolução social, cumpre-nos retomar a história que esses fragmentos de diferentes idades representam juntamente com a história tal como a sociedade a escreveu de momento em momento. Assim, reconstituímos a história pretérita da paisagem, mas a função da paisagem atual nos será dada por sua confrontação com a sociedade atual. (... BLOCH, apud SANTOS, 1994. p. 107)

De acordo com Rocha (2008), a paisagem para Besse é a cultura encarnada,

é a expressão da existência humana, é a portadora de um sentido, a marca espacial

do encontro do homem com o mundo. A paisagem passa a ser a forma com que os

homens constroem uma nova natureza, sobre a natureza primitiva, a primeira

natureza. Conseqüentemente, ela é mais mundo social do que natureza primária. É

a cultura expressa sobre o universo material. A paisagem não é nada mais do que o

conjunto de mediações, ou propriamente a cultura.

Comparando as definições fenomenológicas de Dardel, expostas no trabalho

de Besse, com as de Milton Santos, soma-se a questão da historicidade.

Freqüentemente, trata-se a paisagem como história congelada. Porém, ela também

se processa como história viva, participando das formas que se constroem no

espaço. Desta maneira, a paisagem passa a ser testemunha da sucessão dos meios

de trabalho, em um resultado histórico acumulado. Segundo Besse a leitura da

paisagem desenvolve-se dentro de requisitos especiais:

…‖Ler a paisagem é extrair formas de organização do espaço, extrair estruturas, formas, fluxos, tensões, direções e limites, centralidades e periferias‖... (BESSE, 2006, p. 64 apud ROCHA 2008, p. 141)

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34

O lugar como categoria geográfica por muito tempo foi tratado como sendo a

expressão do espaço geográfico na escala local. Recentemente é tratado como

conceito fundamental e analisado de forma mais abrangente. No dizer de Santos

(1997, apud Suertegaray, 2001, p. 07), o lugar é a dimensão da existência que se

manifesta através ―de um cotidiano‖. Refere-se a um tratamento geográfico do

mundo vivido. A visão de mundo vivido local-global do autor é expressa quando o

mesmo refere-se ao lugar dizendo:

No lugar, nosso próximo, se superpõe dialeticamente ao eixo das sucessões, que transmite os tempos externos das escalas e o eixo dos tempos internos, que é o eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando definitivamente, as noções e as realidades de espaço e tempo.

De forma que, ele leva em conta, outras dimensões do espaço geográfico que

sejam objetos, ações, técnica e tempo. Lisboa corrobora com esta idéia quando diz:

―O conceito de lugar faz referência a uma realidade de escala local ou regional e

pode estar associado a cada indivíduo ou grupo‖ (LISBOA, 2002, p. 30). E ainda

afirma: ―O lugar pode ser entendido como a parte do espaço geográfico efetivamente

apropriado para a vida, área onde se desenvolvem as atividades cotidianas ligadas à

sobrevivência e às diversas relações estabelecidas pelos homens‖. (LISBOA, 2002,

p. 30).

2.1 Categorias geográficas e suas abordagens metodológicas

Após esta exposição sobre a evolução do pensamento geográfico e de que

forma as categorias geográficas foram discutidas ao longo dos tempos, apresenta-se

uma discussão de como estas categorias e seus conceitos-chave são introduzidos

no meio educacional através dos documentos disponibilizados nas escolas para que

os professores possam selecionar os conteúdos e facilitar a aprendizagem da

Geografia em suas aulas.

Os PCNs traçam, enquanto tendência conceitual, um ensino de Geografia que

busca explicar para compreender, estabelecer múltiplas interações, para poder

perceber o mundo pela Geografia. Segundo o próprio documento:

Uma Geografia que não seja apenas centrada na descrição empírica das paisagens, tampouco pautada exclusivamente pela explicação política e econômica do mundo; que trabalhe tanto as relações socioculturais da

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paisagem como os elementos físicos e biológicos que dela fazem parte, investigando as múltiplas interações entre eles estabelecidas na constituição dos lugares e territórios. Enfim, buscar explicar para compreender. (BRASIL, 1998, pg.23)

As concepções no ensino geográfico buscam compreender o comportamento

da sociedade em determinado tempo, em determinado espaço. Neste caso os PCNs

expressam uma Geografia crítica, que estuda na dicotomia local-global uma

perspectiva de compreender o espaço em sua totalidade. Em relação às categorias

geográficas o documento coloca:

No que se refere ao ensino fundamental, é importante considerar quais são as categorias da Geografia mais adequadas para os alunos em relação a essa etapa da escolaridade e às capacidades que se espera que eles desenvolvam. Assim, ―espaço‖ deve ser o objeto central de estudo, e as categorias ―território‖, ―região‖, ―paisagem‖ e ―lugar‖ devem ser abordadas como seu desdobramento. (BRASIL, 1998, Pg. 27)

Deste modo, entre os conceitos que perpassam o espaço geográfico, os

PCNs desconsideram a utilização de conceitos como tempo, sociedade e natureza.

Utilizando-se do termo espaço como o objeto central do ensino geográfico e

propondo que as outras categorias sejam seu desdobramento. Neste sentido há

alguns autores como Milton Santos e Roberto Lobato Corrêa, por exemplo, que

organizam os conceitos de outra forma, partindo de outras vias.

Corrêa considera o estudo da Geografia pela perspectiva da sociedade e

entende que paisagem, região, espaço, território e lugar são seus conceitos-chave.

Milton Santos faz outra proposta, ele propõe que se estude o espaço através das

inter-relações de suas categorias, das quais cita região, paisagem, configuração

territorial, homem e natureza.

Entende-se que esta é uma linguagem conceitual que o aluno adquire quando

vivencia o conhecimento geográfico, pois à medida que ele souber do que fala,

poderá intervir e tornar melhor o espaço que ocupa, ou seja, o seu cotidiano.

No dizer de Cavalcanti (1998, pg. 88),

Seja como ciência, seja como matéria de ensino, a Geografia desenvolveu uma linguagem, um corpo conceitual que acabou por constituir-se numa linguagem geográfica. Essa linguagem está permeada por conceitos que são requisitos para a análise dos fenômenos do ponto de vista geográfico.

As diferentes proposições nos levam a compreender que, as categorias que

compõe o espaço, podem proporcionar uma compreensão da sociedade e ter um

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36

ponto de partida para a análise de fenômenos, a partir dos conhecimentos

geográficos. Buscando a conceituação da paisagem nos PCNs tem-se o seguinte:

Quando se fala da paisagem de uma cidade, dela fazem parte seu relevo, a orientação dos rios e córregos da região, sobre as quais se implantaram suas vias expressas, o conjunto de construções humanas, a distribuição de sua população, o registro das tensões, sucessos e fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram. É nela que estão expressas as marcas da história de uma sociedade, fazendo assim da paisagem um acúmulo de tempos desiguais. (BRASIL, 1998, p. 28)

Ao comparar a definição de paisagem, apresentada neste documento, com o

entendimento que a maioria dos professores possui, percebe-se um distanciamento

muito grande, já que a maioria entende a paisagem de forma fragmentada; a

paisagem natural em oposição à cultural, como se os elementos existissem isolados,

ao invés de uma visão sistêmica e unitária, onde todos os elementos encontram-se

em sintonia. Parece que falta ao professor o conhecimento necessário para que

busque mediar o conhecimento prévio do aluno, às suas vivências e suas

experiências que necessitam ser articuladas com os saberes científicos para, assim,

acontecer uma reflexão no ensino da Geografia no cotidiano escolar.

A categoria de análise lugar tem grande destaque nas Propostas Curriculares

de Geografia – PCNs para o Ensino Fundamental e é apresentada, neste

documento, como conceito central para o desenvolvimento da Geografia no Ensino

Fundamental. Qual é o significado deste conceito nos PCNs? Que teorias foram

consultadas para fundamentá-lo?

Nas primeiras páginas do documento, o lugar está evidenciado como

categoria central ao serem destacados os objetivos pedagógicos:

Ampliação das capacidades dos alunos do ensino fundamental de observar, conhecer, explicar, comparar e representar as características do lugar em que vivem e de diferentes paisagens e espaços geográficos. (BRASIL, 1998, p.15)

Na primeira parte do documento (idem, p.19), intitulada "Caracterização da

Área de Geografia" em que os autores apresentam suas propostas de

fundamentação conceitual, para a categoria que ora discutimos, há uma busca na

história do pensamento geográfico, em especial, do conceito de ―Gênero de vida‖,

desenvolvido por La Blache e sua relação com o lugar. Oliveira (1999) faz uma

crítica a essa análise afirmando que, esse resgate é feito sem um questionamento

Page 37: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

37

das idéias que moviam a corrente de pensamento positivista, a que La Blache

estava ligado.

No mesmo documento, apresentam o lugar como uma categoria relacionada

à paisagem e afirmam que é uma abordagem da Nova Geografia. No entanto, não

ficam explícitos quais as fundamentações dessa nova corrente de pensamento e

que autores lhes dão sustentação. Referem-se ainda ao conceito de lugar como o

―espaço com os quais as pessoas têm vínculo afetivo‖. Com ressalvas, nesta

perspectiva, o conceito está sendo abordado do ponto de vista humanístico, como o

faz o geógrafo Yu Fu-Tuan (1980).

Pode-se notar que os autores dos PCNs, definem lugar como ―sentimento de

pertencer a um território e a sua paisagem significa fazer dele o seu lugar de vida e

estabelecer identidade com eles‖. Nesta perspectiva não há correntes de

pensamento geográfico que apresentem tais categorias (lugar, território e paisagem)

dessa maneira.

Sobre a viabilidade de se trabalhar com a categoria lugar, no ensino

fundamental, acredita-se que o lugar apresenta sobre outros conceitos geográficos

uma viabilidade maior para ser ponto de partida de estudos práticos (estudos do

meio, aula de campo, aulas-passeios, etc.) no Ensino Fundamental, porque pode ser

analisado a partir das experiências individuais e coletivas e carece de poucos

recursos para ser tocado, já que é possível desenvolvê-lo a partir do local de

encontro de todos os atores sociais que participam do processo de ensino-

aprendizagem: a Escola.

Como sugere Cavalcanti (1998. p. 93) para trabalhar-se este conceito numa

perspectiva escolar é importante considerar tanto as relações positivas e negativas

de afetividade e ampliar o campo de análise do aluno para que ele entenda que ―os

fenômenos da atualidade não são compreendidos na sua familiaridade sem se

reportar ao não-familiar".

Nesta perspectiva é que se acredita ser possível utilizar esta categoria como

ponto de partida para o desenvolvimento do que se denomina saber escolar

geográfico. O saber escolar não se resume a uma forma reducionista do saber

acadêmico, sendo transmitido na escola. Mas que tem como pressuposto, esta

instituição como lócus de produção de um saber que resulta da interação entre os

saberes trazidos por alunos e professores com os saberes oferecidos nos livros, nos

Page 38: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

38

meios de comunicação e em outros recursos didáticos como os audiovisuais, a

fotografia e o teatro.

Partindo dessa posição, o lugar torna-se fundamental na construção de

conceitos geográficos no ensino fundamental, já que cada ator social, participante do

processo de ensino-aprendizagem poderá atuar de diferente maneira na produção

desse saber. De modo que, as informações, o conhecimento e os saberes serão

trazidos para a escola e considerados na elaboração do saber escolar.

Dessa maneira, o saber geográfico escolar pode circular entre as diversas

escalas de análises temáticas, abordando o local e o global, sem que um seja

precedente ao outro. Uma produção como esta possibilitará um resgate de

habilidades, pouco utilizadas nas classes de Geografia: observar, analisar e atuar

conscientemente na transformação do espaço geográfico.

A maior viabilidade de um projeto com este conceito é a facilidade em

executar atividades nas proximidades da escola, pois, nem sempre, os professores e

alunos podem sair da sala de aula para estudos em áreas muito distantes. Além do

que, é na relação entre os lugares que podemos conhecer a ingerência das ações

globais e a reação local.

2.1.1 O ensino de Geografia e as categorias geográficas segundo os PCNs

Segundo os PCNs de Geografia, das séries iniciais, o ensino de Geografia

leva os alunos a compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando

que nela interfiram de maneira mais consciente e propositiva. Para tanto, porém, é

preciso que eles adquiram conhecimentos, dominem categorias, conceitos e

procedimentos básicos com os quais este campo do conhecimento opera e constitui

suas teorias e explicações, de modo a poder não apenas compreender as relações

socioculturais e o funcionamento da natureza às quais historicamente pertencem,

mas também conhecer e saber utilizar uma forma singular de pensar sobre a

realidade: o conhecimento geográfico (BRASIL, 1997b, p. 108).

Não se pode de forma nenhuma discordar desta afirmação, mas pode-se,

entretanto questionar sua efetivação diante do contexto em que o ensino de

Geografia está inserido. Consegue-se, através do ensino de Geografia formar um

aluno que compreende a realidade e nela interfere de forma propositiva e

Page 39: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

39

consciente? Desenvolvem-se em nossos alunos capacidades relativas aos domínios

das categorias e conceitos que o conhecimento geográfico exige?

A seguir expõe-se uma análise das concepções apresentadas pelos autores

que produziram os PCNs desta área sobre a Geografia como ciência, o ensino de

Geografia, seus objetivos, conceitos e pressupostos metodológicos e postura do

professor mediante este contexto. Inicialmente analisam-se as concepções em torno

do objeto e método da Geografia.

As sucessivas mudanças e debates em torno do objeto e método da Geografia como ciência, presentes no meio acadêmico, tiveram repercussões diversas no Ensino Fundamental. Positivas de certa forma, já que foram um estímulo para a inovação e a produção de novos modelos didáticos. Mas também negativas, pois a rápida incorporação das mudanças produzidas pelo meio acadêmico provocou a produção de inúmeras propostas didáticas, descartadas a cada inovação conceitual e, principalmente, sem que existissem ações concretas para que realmente atingissem o professor em sala de aula, sobretudo o professor das séries iniciais que, sem apoio técnico e teórico, continuou e continua, de modo geral, a ensinar Geografia apoiando-se apenas na descrição dos fatos e ancorando-se quase que exclusivamente no livro didático. (BRASIL, 1997b, p.106)

É certo que o suporte teórico dos professores das séries iniciais é precário

devido à sua formação acadêmica ser voltada mais para as disciplinas pedagógicas

que estão direcionadas para o ―como ensinar‖, esquecendo que ―o que ensinar‖

também deve ser de domínio técnico do professor das séries iniciais. Também

concordo que as mudanças trazem aspectos tanto positivos como negativos e que

são difíceis de serem incorporadas pelos professores, contudo, vale à pena refletir o

porquê disto ocorrer. Uma das hipóteses que vêm sendo discutidas é a forma de

como estas mudanças entendidas aqui como proposição de novos modelos

didáticos, são apresentadas aos professores; muitas vezes vêm prontas sem

oportunizar aos mesmos discuti-las, são impostas sem que haja reflexão das

mesmas, não são construídas com a participação dos professores, não estão em

consonância com o projeto político pedagógico das escolas e com a linha de

trabalho do professor. No dizer de Gebran,

Não houve, portanto, diálogo entre as propostas dos PCNs e a realidade do cotidiano escolar. Um processo que se pretendesse democratizado deveria possibilitar que as propostas fossem analisadas e reconstruídas socialmente, com diretores, professores, alunos, pais, professores, e os segmentos diversos da comunidade, com acompanhamento e assessoria de especialistas. (GEBRAN, 2003, p. 86)

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40

Segundo os PCNs (BRASIL, 1997b, p. 106-108), o ensino de Geografia

apresenta problemas tanto de ordem epistemológica e de pressupostos teóricos

como outros referentes à escolha dos conteúdos. No geral, são eles:

1- Abandono de conteúdos fundamentais da Geografia, tais como as

categorias de nação, território, lugar, paisagem e até mesmo de espaço geográfico,

bem como do estudo dos elementos físicos e biológicos que se encontram aí

presentes;

2- São comuns modismos que buscam sensibilizar os alunos para

temáticas mais atuais, sem uma preocupação real de promover uma compreensão

dos múltiplos fatores que delas são causas ou decorrências, o que provoca um

―envelhecimento‖ rápido dos conteúdos. Um exemplo é a adaptação forçada das

questões ambientais em currículos e livros didáticos que ainda preservam um

discurso da Geografia Tradicional e não têm como objetivo uma compreensão

processual e crítica dessas questões, vindo a se transformar na aprendizagem de

slogans;

3- Há uma preocupação maior com conteúdos conceituais que com

conteúdos procedimentais. O objetivo do ensino fica restrito, assim, à aprendizagem

de fenômenos e conceitos, desconsiderando a aprendizagem de procedimentos

fundamentais para a compreensão dos métodos e explicações com os quais a

própria Geografia trabalha;

4- As propostas pedagógicas separam a Geografia Humana da Geografia

Física em relação àquilo que deve ser aprendido como conteúdo específico: ou a

abordagem é essencialmente social e a natureza é um apêndice, um recurso

natural, ou então se trabalha a gênese dos fenômenos naturais de forma pura,

analisando suas leis, em detrimento da possibilidade exclusiva da Geografia de

interpretar os fenômenos numa abordagem socioambiental;

5- A memorização tem sido o exercício fundamental praticado no ensino

de Geografia, mesmo nas abordagens mais avançadas. Apesar da proposta de

problematização, de estudo do meio e da forte ênfase que se dá ao papel dos

sujeitos sociais na construção do território e do espaço, o que se avalia ao final de

cada estudo é se o aluno memorizou ou não os fenômenos e conceitos trabalhados

e não aquilo que pôde identificar e compreender das múltiplas relações aí

existentes;

Page 41: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

41

6- A noção de escala espaço-temporal muitas vezes não é clara, ou seja,

não se explicita como os temas de âmbito local estão presentes naqueles de âmbito

universal e vice-versa, e como o espaço geográfico materializa diferentes tempos

(da sociedade e da natureza).

Nota-se uma crítica às propostas curriculares produzidas, quanto aos

conteúdos selecionados. Considera-se um avanço a crítica da dicotomia Geografia

Física e Geografia Humana, contudo não se encontram fundamentos que

demonstrem ter este documento conseguido solucionar este problema.

A crítica ao exercício da memorização e a prevalência dos conteúdos

conceituais, é contestada por Spósito quando diz: ―A preocupação em oferecer

elementos para o ensino de uma Geografia, cuja compreensão não resultasse

apenas no exercício da memorização, foi, por exemplo, a preocupação de muitas

propostas anteriores‖ ao contrário do que o documento dos PCNs destaca.

(SPÓSITO, 1999, p. 27).

A mesma autora também coloca que ―não é aceitável a avaliação de que

haveria maior preocupação com conteúdos conceituais do que com procedimentos e

atitudes.‖ (SPÓSITO, 1999, p. 27). Para ela, esta afirmação pode ser contestada à

medida que algumas propostas passaram a privilegiar não os conteúdos conceituais,

mas a fundamentação da abordagem teórico-metodológica que as orientava. Os

conteúdos passavam a ser apenas o caminho através do qual os procedimentos

metodológicos poderiam levar docentes e alunos a se tornarem sujeitos do processo

de ensino-aprendizagem, preparando-os para a transformação da realidade.

Spósito critica ainda a opção de se apresentar uma listagem dos problemas

das propostas curriculares existentes antes da formulação dos PCNs para a

Geografia, sem esclarecer quais foram aquelas que levaram a essa compreensão e

sem o cuidado de fazer referência à natureza dos avanços permitidos por algumas

delas. Para ela, isto reforça a idéia de que apenas a proposição apresentada, os

PCNs, é capaz de resolver os problemas existentes.

Quanto às categorias geográficas, vários são os autores que apontam uma

pluralidade ou um ecletismo quanto às definições das categorias analíticas da

Geografia apresentadas nos PCNs. Cita-se, por exemplo, Oliveira (1999, p. 61) ―...

Como é possível verificar, os autores do texto (PCNs) não conseguiram demonstrar

de forma clara e objetiva os conceitos que entendem devesse a Geografia

trabalhar.‖

Page 42: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

42

Spósito também destaca a indefinição de uma concepção teórica na

conceituação das categorias geográficas:

A assunção de uma tendência conceitual oscila no decorrer dos PCNs, pois se ela é muitas vezes clara, em outras a concepção apresentada para os conceitos e categorias centrais dos PCNs e /ou a terminologia utilizada nos blocos temáticos identificam-se com diferentes correntes teórico-metodológicas. (SPÓSITO, 1999, p. 31)

Apresenta-se abaixo algumas concepções sobre o estudo de paisagem e

território apresentadas nos PCNs de Geografia.

O estudo da paisagem local não deve se restringir à mera constatação e descrição dos fenômenos que a constituem. Deve-se também buscar as relações entre a sociedade e a natureza que aí se encontram presentes, situando-as em diferentes escalas espaciais e temporais, comparando-as, conferindo-lhes significados, compreendendo-as. (BRASIL, 1997b, p.116)

Destaca-se aqui a preocupação com a superação do estudo da paisagem

através da constatação e descrição dos fenômenos. Kaercher (2003, p. 13)

corrobora com a idéia quando diz: ―é preciso entender a lógica que está inserida em

cada paisagem, como ela foi construída, por que ela é assim. É preciso romper com

a simples visualização/descrição conformista das paisagens‖.

Portanto, estudar a paisagem local ao longo das séries iniciais do ensino

fundamental, é aprender a observar e a reconhecer os fenômenos que a definem e

suas características: descrever, representar, comparar e construir explicações,

mesmo que aproximadas e subjetivas, das relações que aí se encontram impressas

e expressas.

Nos ciclos subseqüentes, o ensino de Geografia deve intensificar ainda mais

a compreensão, por parte dos alunos, dos processos envolvidos na construção do

espaço geográfico. A territorialidade e a temporalidade dos fenômenos estudados

devem ser abordadas de forma mais aprofundada, pois os alunos já podem construir

compreensões e explicações mais complexas sobre as relações que existem entre

aquilo que acontece no dia-a-dia, no lugar no qual se encontram inseridos, e o que

acontece em outros lugares do mundo.

Sobre território, sugere-se o aprofundamento das noções relativas a esta

categoria como forma de compreender o processo de construção do espaço

geográfico.

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43

Para tanto, as noções de sociedade, cultura, trabalho e natureza são

fundamentais e podem ser abordadas por meio de temas nos quais as dinâmicas e

determinações existentes entre a sociedade e a natureza sejam estudadas de forma

conjunta. Porém, para além de uma abordagem descritiva da manifestação das

forças materiais, é possível também, nas séries finais do ensino fundamental, propor

estudos que envolvam o simbólico e as representações subjetivas, pois a força do

imaginário social participa significativamente na construção do espaço geográfico e

da paisagem. (BRASIL, 1997b, p.117)

De acordo com os PCNs, a interface com as demais disciplinas também deve

ser observada, de modo a proporcionar estudos mais completos sobre um tema cuja

compreensão, por parte dos alunos, tanto a Geografia, como a História, as Ciências,

a Arte e a Matemática podem ampliar, por meio de suas abordagens e explicações.

A Geografia, ao pretender o estudo dos lugares, suas paisagens e território, tem buscado um trabalho interdisciplinar, lançando mão de outras fontes de informação. (BRASIL, 1997b, 117)

Mesmo na escola, a relação da Geografia com a Literatura, por exemplo, tem

sido redescoberta, proporcionando um trabalho que provoca interesse e curiosidade

sobre a leitura do espaço e da paisagem. É possível aprender Geografia desde os

primeiros ciclos do ensino fundamental pela leitura de autores brasileiros

consagrados — Jorge Amado, Érico Veríssimo, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa,

entre outros — cujas obras retratam diferentes paisagens do Brasil, em seus

aspectos sociais, culturais e naturais.

Também as produções musicais, a fotografia e até mesmo o cinema são

fontes que podem ser utilizadas por professores e alunos para obter informações,

comparar, perguntar e inspirar-se para interpretar as paisagens e construir

conhecimentos sobre o espaço geográfico.

Quanto aos procedimentos metodológicos, os PCNs de Geografia destacam a

Cartografia como instrumento importante para o desenvolvimento de capacidades

inerentes a representação do espaço.

O estudo da linguagem cartográfica, por sua vez, tem cada vez mais reafirmado sua importância, desde o início da escolaridade. Contribui não apenas para que os alunos venham a compreender e utilizar uma ferramenta básica da Geografia, os mapas, como também para desenvolver capacidades relativas à representação do espaço.

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A cartografia é um conhecimento que vem se desenvolvendo desde a pré-história até os dias de hoje. Por intermédio dessa linguagem é possível sintetizar informações, expressar conhecimentos, estudar situações, entre outras coisas — sempre envolvendo a idéia da produção do espaço: sua organização e distribuição. As formas mais usuais de se trabalhar com a linguagem cartográfica na escola é por meio de situações nas quais os alunos têm de colorir mapas, copiá-los, escrever os nomes de rios ou cidades, memorizar as informações neles representadas. Mas esse tratamento não garante que eles construam os conhecimentos necessários, tanto para ler mapas como para representar o espaço geográfico. Para isso, é preciso partir da idéia de que a linguagem cartográfica é um sistema de símbolos que envolvem proporcionalidade, uso de signos ordenados e técnicas de projeção. Também é uma forma de atender a diversas necessidades, das mais cotidianas (chegar a um lugar que não se conhece, entender o trajeto dos mananciais, por exemplo) às mais específicas (como delimitar áreas de plantio, compreender zonas de influência do clima). A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por ela. (BRASIL, 1997b, p.118)

Para Spósito, (1999, p. 32):

É importante a recuperação da cartografia como instrumental de grande valia para o ensino e a pesquisa em Geografia, sobretudo porque a aproximação com o paradigma do materialismo histórico e dialético, ou o surgimento do que se denominou de forma não adequada como ―Geografia Crítica‖, no decorrer da década de 1980, significou, na prática, o afastamento de procedimentos metodológicos, que foram identificados de forma simplista com a Geografia Positivista.

Almeida e Passini (2006, p. 21) também corroboram com a idéia quando

dizem: ―iniciando o aluno em sua tarefa de mapear, estamos, portanto, mostrando os

caminhos para que se torne um leitor consciente da linguagem cartográfica‖.

2.1.1.1 A inserção das categorias geográficas em cada série segundo os PCNs

Destaca-se a seguir a abordagem das categorias geográficas em cada série

segundo os PCNs de Geografia. Este documento apresenta-se em ciclos sendo para

este trabalho importante definir o primeiro ciclo como sendo a 1ª e a 2ª séries e o

segundo ciclo a 3ª e a 4ª séries das séries iniciais.

No primeiro ciclo, o estudo da Geografia deve abordar principalmente questões relativas à presença e ao papel da natureza e sua relação com a ação dos indivíduos, dos grupos sociais e, de forma geral, da sociedade na construção do espaço geográfico. Para tanto, a paisagem local e o espaço vivido são as referências para o professor organizar seu trabalho.

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Quando se estuda a paisagem local, deve-se procurar estabelecer relações com outras paisagens e lugares distantes no tempo ou no espaço, para que elementos de comparação possam ser utilizados na busca de semelhanças e diferenças, permanências e transformações, explicações para os fenômenos que aí se encontram presentes. Inicia-se, assim, um processo de compreensão mais ampla das noções de posição, sítio, fronteira e extensão, que caracterizam a paisagem local e as paisagens de forma geral. (BRASIL, 1997b, p. 139)

Os professores são orientados a partir destas colocações a introduzir nas 1ª e

2ª séries as noções de espaço e paisagem mais especificamente o espaço vivido,

fazendo assim uma relação entre homem e natureza. O homem como agente

transformador do espaço. Enfoca também a questão das escalas que caracterizam

as diferentes paisagens.

A paisagem local, o espaço vivido pelos alunos deve ser o objeto de estudo ao longo dos dois primeiros ciclos. Entretanto, não se deve trabalhar do nível local ao mundial hierarquicamente: o espaço vivido pode não ser o real imediato, pois são muitos e variados os lugares com os quais os alunos têm contato e, sobretudo, que são capazes de pensar sobre. A compreensão de como a realidade local relaciona-se com o contexto global é um trabalho que deve ser desenvolvido durante toda a escolaridade, de modo cada vez mais abrangente, desde os ciclos iniciais. (BRASIL, 1997b, p. 116)

Há também uma chamada para o trabalho com os conhecimentos prévios dos

alunos:

É fundamental também que o professor conheça quais são as idéias e os conhecimentos que seus alunos têm sobre o lugar em que vivem, sobre outros lugares e a relação entre eles. Afinal, mesmo que ainda não tenham tido contato com o conhecimento geográfico de forma organizada, os alunos são portadores de muitas informações e idéias sobre o meio em que estão inseridos e sobre o mundo, têm acesso ao conhecimento produzido por seus familiares e pessoas próximas e, muitas vezes, às informações veiculadas pelos meios de comunicação. O principal cuidado é ir além daquilo que já sabem, evitando estudos restritos às idéias e temas que já dominam e pouco promovem a ampliação de seus conhecimentos e hipóteses acerca da presença e do papel da natureza na paisagem local. (BRASIL, 1997b, p. 116)

Os procedimentos metodológicos também são destacados e enfatizados de

forma a levar o professor a compreender que mesmo nessa fase a criança já poderá

operacionalizar alguns procedimentos até mesmo a leitura de imagens.

Desde o primeiro ciclo é importante que os alunos conheçam alguns procedimentos que fazem parte dos métodos de operar da Geografia. Observar, descrever, representar e construir explicações são procedimentos que podem aprender a utilizar, mesmo que ainda o façam com pouca autonomia, necessitando da presença e orientação do professor. Por

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46

exemplo, em relação à observação, o professor pode levá-los a compreender que não se trata apenas de olhar um pouco mais detidamente, mas sim de olhar intencionalmente, em busca de respostas, nem sempre visíveis de imediato, disparadas pelo assunto ou problema em estudo. A descrição, por sua vez, não deve ser apenas uma listagem aleatória do que se observa, mas sim a seleção das informações que sugerem certas explicações e possuem relação com as hipóteses daquele que observa e descreve. Vale lembrar que esse ciclo é, na maioria das vezes, o momento de ingresso da criança na escola. Ensinar os alunos a ler uma imagem, a observar uma paisagem ou ainda a ler um texto — mesmo que a leitura não seja realizada diretamente por eles — para pesquisar e obter informações faz parte do trabalho do professor desse ciclo. Do mesmo modo, cabe a ele estimular e intermediar discussões entre os próprios alunos, para que possam aprender a compartilhar seus conhecimentos, elaborar perguntas, confrontar suas opiniões, ouvir seus semelhantes e se posicionar diante do grupo. (BRASIL, 1997b, p. 127-129)

Para o segundo ciclo, 3ª e 4ª séries, são apontadas as seguintes abordagens

quanto às categorias geográficas:

No segundo ciclo, o estudo da Geografia deve abordar principalmente as diferentes relações entre as cidades e o campo em suas dimensões sociais, culturais e ambientais e considerando o papel do trabalho, das tecnologias, da informação, da comunicação e do transporte. O objetivo central é que os alunos construam conhecimentos a respeito das categorias de paisagem urbana e paisagem rural, como foram constituídas ao longo do tempo e ainda o são, e como sintetizam múltiplos espaços geográficos.

Os procedimentos metodológicos também são ampliados:

No segundo ciclo, as possibilidades de aprendizagem dos alunos ampliam-se em vários aspectos. A maior autonomia em relação à leitura e à escrita e o domínio crescente dos procedimentos de observação, descrição, explicação e representação permitem que eles sejam capazes de consultar e processar fontes de informação com maior independência e construam compreensões mais complexas, realizando analogias e sínteses mais elaboradas, expressas por meio de trabalhos mais completos, escritos ou apoiados em múltiplas linguagens — como ilustração, mapas, maquetes, seminários, por exemplo. Além disso, a familiaridade com a rotina escolar e com o conhecimento escolarizado também torna possível desenvolver estudos e pesquisas mais complexos, e permite que os alunos trabalhem de forma mais independente da mediação do professor, embora este ainda deva atuar como intermediário entre o conhecimento dos alunos e o conhecimento geográfico, criando situações significativas de aprendizagem que aproximem os alunos das categorias de espaço geográfico, território, paisagem e lugar e dos procedimentos básicos do fazer geográfico.

A diversificação dos procedimentos também deve ser considerada:

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47

Essas situações de aprendizagem, como no ciclo anterior, podem estar apoiadas em diferentes fontes de informação e recursos didáticos — como os estudos do meio, os relatos, as entrevistas, a narrativa literária, a pintura, a música, o estudo de diferentes culturas, a cartografia —, promovendo uma compreensão mais ampla e crítica da realidade, bem como um posicionamento mais propositivo perante questões relativas às condições de vida (saúde, meio ambiente, transporte, educação, lazer, etc.) da coletividade.

A inserção da Cartografia é fundamental nessa fase da escolaridade: Nesse momento da escolaridade passa a ser interessante também discutir com os alunos a linguagem cartográfica como uma produção humana, marcada pelos alcances e limites dos recursos técnicos e das intenções dos sujeitos e das épocas que dela se valem para representar o espaço geográfico. Estudar a história da cartografia é uma forma adequada de aproximar a História e a Geografia num estudo sobre como diferentes sociedades em tempos e espaços distintos percebiam e representavam seu entorno e o mundo: as técnicas e os conhecimentos, o imaginário, as intenções políticas e econômicas, os medos e desejos.

Os conhecimentos prévios também são valorizados:

Continua sendo papel fundamental do professor, considerar os conhecimentos que os alunos já possuem para planejar situações de ensino e aprendizagem significativas e produtivas. Para isso, é preciso conhecer os avanços e os problemas de seus alunos, bem como a adequação de suas propostas, de modo a aperfeiçoar sua ação pedagógica. (BRASIL, 1997b, p. 139-143)

Observa-se que os conteúdos estudados em todas as séries são os mesmos

devendo-se aprofundar noções de território nas 3ª e 4º séries. O estudo sobre a

representação do espaço, a paisagem local, rural e urbana são mais aprofundados

nestas séries e os procedimentos metodológicos são direcionados com mais

complexidade levando em conta as experiências já adquiridas pelos alunos nessa

fase da escolaridade. Reforça-se, também, a preocupação com os conhecimentos

prévios que devem ser investigados para que o professor possa criar intervenções

significativas que provoquem avanços nas concepções dos alunos.

2.1.1.2 PCNs de Geografia: discussões sobre sua proposta teórico-metodológica

É certo que os PCNs constituem-se em um documento que norteia as

propostas pedagógicas das escolas na atualidade por ser, quando de sua

elaboração e implantação divulgado como o documento ―politicamente correto‖ que

traria inúmeros benefícios ao contexto educacional. Nem por isso deve-se tomá-lo

como tal sem termos o cuidado de analisar as ideologias políticas que se

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48

apresentam em suas entrelinhas. Por isso, é oportuno neste ponto do trabalho

chamar à discussão alguns teóricos e geógrafos que ao longo da década passada

dedicaram-se a fazer uma análise e uma crítica necessárias aos PCNs de forma a

contribuir para que estes parâmetros possam ser utilizados pelo professor como um

documento de referência, não pela forma como foi imposto, mas sim, pela

contribuição filosófica, ideológica, histórica e pedagógica que o mesmo deveria

apresentar.

Os mesmos já foram citados neste trabalho, ao longo deste capítulo, quando

se refletiu sobre ensino de Geografia e as categorias geográficas nos PCNs,

contudo apresenta-se uma análise mais geral das idéias destes autores sobre os

PCNs de Geografia.

Nos quadros 1 e 2 apresentam-se os avanços e retrocessos dos mesmos

apresentados por Pontuschka, Cacete, Oliveira e Spósito em textos presentes na

obra de Carlos e Oliveira (1999). Há segundo estes autores, mais retrocessos do

que avanços. Entretanto esta proposta foi incorporada (mesmo que por imposição

dos sistemas de ensino) nas escolas no final da década de 1990 e início da década

atual e tem servido de referência ao trabalho de muitos professores e também de

autores de livros didáticos que são produzidos e utilizados nas escolas públicas e

privadas do país.

Quadro 1. Avanços dos PCNs segundo alguns autores

Pontuschka Spósito

Retoma os conceitos de paisagem,

lugar, território, região;

Valorização do uso de diferentes linguagens

para o ensino de Geografia, em especial da

Cartografia;

Acrescenta a subjetividade aliada a

objetividade no estudo da Geografia;

-

Temas transversais -

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49

Quadro 2. Retrocessos dos PCNs segundo alguns autores

Pontuschka Cacete Spósito Oliveira

Não resolve a

dicotomia entre

Geografia Física e

Humana presente em

outras propostas;

Concepção de

Geografia

presente na

proposta é

eclética;

Não houve

participação

dos docentes

na construção

da proposta;

Concepção de

Geografia não está

explicita,

evidenciando um

ecletismo

A Geopolítica está

praticamente ausente;

Currículo

unificado;

Falta do

debate na

implantação

da proposta;

Não apresenta uma

concepção

pedagógica

Não articula a

construção dos

conceitos com os

objetivos gerais e os

procedimentos

metodológicos;

Exclusão da

participação dos

professores na

elaboração e

debate da

proposta;

Pluralidade ou

ecletismo que

dificulta o

entendimento

do professor

O pensamento

geográfico é

estruturado na

Geografia

tradicional.

A interdisciplinaridade

é imposta de forma

autoritária sem

oferecer aos

professores ações que

viabilizem sua prática;

Os professores

não são sujeito do

processo

educativo. São os

PCNs que passam

a fazer este papel;

- As bases

conceituais da

Geografia carecem

de rigor conceitual e

consistência lógica

- - - Contrapõe-se a

concepção dialética

e ao marxismo no

intuito de quebrar a

visão de totalidade

que permite a ao

aluno compreender

o mundo.

As colunas que não foram preenchidas referem-se à ausência de pontos apontados pelo autor

Page 50: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

50

2.1.2 O ensino de Geografia e as categorias geográficas segundo a proposta

curricular do município de Riacho das Almas – PE

Discute-se a seguir como as categorias geográficas são apresentadas na

Proposta Curricular do município onde se realizou a pesquisa.

A proposta curricular do município de Riacho das Almas está organizada por

área de conhecimento, sendo a Geografia inserida na área de Ciências Humanas e

suas tecnologias. Sua concepção é de considerar os conhecimentos prévios dos

alunos, pois segundo a proposta ―considerar o conhecimento prévio do aluno,

ajudará na compreensão do espaço ocupado pelo homem, bem como na avaliação

do impacto das tecnologias no desenvolvimento e estruturação da sociedade...‖

(RIACHO DAS ALMAS, 2010, p. 30)

A proposta apresenta objetivos gerais para a área de Ciências Humanas, já

inseridos os objetivos para a Geografia, não sendo possível, portanto analisar os

fundamentos e pressupostos metodológicos específicos para a Geografia.

Os conteúdos estão agrupados em eixos e estes em saberes que podem ser

compreendidos como habilidades que levem o aluno a construir as competências da

área.

As categorias lugar e paisagem estão presentes em todas as séries,

especificamente as relações com o espaço vivido, as paisagens rurais e urbanas.

Também é comum a todas as séries segundo a proposta curricular com que os

professores trabalham, o estudo das tecnologias com exceção do estudo dos

transportes e sua influência na vida em sociedade que não é vivenciado na 4ª série.

As categorias território e espaço são objeto de estudo mais aprofundado nas

3ª e 4ª séries, mais especificamente o estudo do papel do estado e das classes

sociais e a sociedade urbana- industrial brasileira.

Segundo os PCNs, (1997b) a cartografia deve ser vista como procedimento

ou instrumento que possibilita a compreensão e utilização dos mapas, como também

desenvolver capacidades relativas à representação. Portanto, entende-se como

equívoco da proposta, a apresentação da cartografia como conteúdo ou eixo,

As questões ambientais são tratadas de forma isolada e desconectada dos

demais conteúdos Esta visão é responsável pela formação de idéias e

interpretações distorcidas do que realmente acontece na realidade. Muitas vezes,

acaba-se caindo em um ecologismo, ou seja, se defende um posicionamento de

Page 51: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

51

preservação da natureza sem se perguntar quais são as disputas de poder que

existem por trás da questão. Este tipo de atitude faz com que os estudantes não

questionem qual realmente é a importância do meio ambiente para o

desenvolvimento da vida humana.

O quadro 3 apresenta os eixos e conteúdos com os quais os alunos devem

interagir neste período de sua escolaridade segundo a proposta curricular do

município.

2.1.3 O ensino de Geografia e as categorias geográficas segundo o

planejamento de ensino dos professores

O planejamento de ensino dos professores é elaborado com base na proposta

curricular do município, nos PCNs, e nos livros didáticos disponibilizados para as

séries.

De acordo com os mesmos, na 1ª série, são abordados conteúdos como lugar

de moradia, diferentes lugares e paisagens, rua e bairro. Nesta série já se faz

abordagem também dos tipos de paisagem bem como já se faz um estudo dos

elementos das paisagens rurais e urbanas e o modo de vida das pessoas. Na 2ª

série retomam-se conceitos de rua e bairro e modo de vida e introduz-se o conteúdo

cidade. Esta abordagem está inserida na proposta curricular do município e também

nos PCNs conforme vimos neste trabalho e contempla a inserção do estudo das

categorias geográficas nestas séries.

Para a 3ª série reforçam-se os conceitos de paisagem rural e urbana,

abordando-se as transformações na natureza causadas pela ação humana e suas

conseqüências ambientais. Possibilita-se nesta série também a análise do avanço

das tecnologias na comunicação e nos transportes identificando o papel destas

tecnologias na configuração das paisagens rurais e urbanas.

Na 4ª série, conteúdos referentes à categoria território são mais

aprofundados: como são construídas as fronteiras; o trabalho humano no processo

de construção do espaço geográfico; as relações de poder, etc. Estes conteúdos são

abordados através do estudo da localização do Brasil no continente americano, suas

coordenadas, clima, relevo, população, etc.

Page 52: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

52

Quadro 3. Saberes da disciplina de Geografia segundo Proposta Curricular de

Riacho das Almas- Ensino Fundamental

Eixos Conteúdos Séries

1ª 2ª 3ª 4ª

1. A Geografia e a construção

do espaço: leitura e compreensão

do lugar e da paisagem

Relações que estabelecem com o

lugar em que vivem

x x x x

A construção do espaço: os

territórios e os lugares (o tempo da

sociedade e o tempo da natureza)

- - - -

A conquista do lugar como

conquista da cidadania

- - - -

2. Cartografia: da

alfabetização cartográfica ao

trabalho com mapas

Da alfabetização cartográfica ao

mapeamento crítico e consciente

x x x X

Os mapas como possibilidade de

compreensão e estudos

comparativos de diferentes

paisagens e lugares

x x x x

1- O urbano e o rural: modos

de vida e a formação sócio-

espacial

As paisagens rurais e urbanas e

os diferentes modos de vida

x x x x

O papel do estado e das classes

sociais e a sociedade urbano-

industrial brasileira

x

A cultura e o consumo: a interação

entre o campo e a cidade

x x x x

4- o período técnico-cientifíco

informacional: a evolução das

tecnologias e as novas

territorialidades em rede

O papel das tecnologias na

configuração das paisagens

urbanas e rurais

x x x x

As alterações que o fluxo de

informações desencadeia na vida

em sociedade

x x

O transporte e sua influência na

vida em sociedade, as

x x x

Page 53: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

53

transformações que imprimem às

paisagens

A velocidade e a eficiência dos

transportes e da comunicação

como paradigma da globalização

x x x x

A globalização e as hierarquias

urbanas

- - - -

5- O estudo da natureza e as

questões sócio-ambientais

Os fenômenos naturais, sua

regularidade e possibilidade de

previsão pelo homem

- - - -

A natureza e as questões sócio-

ambientais

x x x x

Alimentar o mundo: os dilemas

sócio-ambientais para a segurança

alimentar

x x x x

Ambiente urbano, indústria e modo

de vida

- - - -

O Brasil e as questões ambientais x x x x

Ambientalismo: pensar e agir x x x x

6- O mundo e os seus múltiplos

cenários geográficos

Estado, povos e nações

redesenhando suas fronteiras

- - - -

Os blocos econômicos regionais - - - -

Paisagens e diversidade territorial

no Brasil

- - - -

Os saberes não assinalados são propostos para as séries seguintes (5ª a 8ª séries);

No município a implantação do Ensino Fundamental em anos se deu em 2009 sendo que é uma

implantação gradativa onde as classes de 1ª a 4ª série continuam em funcionamento e as

classes de ano se limitam ao 1º e 2º anos, sendo, portanto nosso campo de pesquisa as classes

de 1ª a 4ª série.

Page 54: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

54

Apresenta-se sinteticamente no quadro 4 a inserção das categorias

geográficas nos documentos oficiais como forma de se perceber as relações

existentes.

Quadro 4. Síntese das categorias geográficas nos documentos oficiais

Séries PCNs Proposta curricular do

município

Planejamento dos professores

das escolas pesquisadas

1ª série Paisagem

Lugar

Espaço

Paisagem

Lugar

Espaço

Paisagem

Lugar

Espaço

2ª série Paisagem

Lugar

Espaço

Paisagem

Lugar

Espaço

Paisagem

Lugar

Espaço

3ª série Paisagem

Lugar

Território

Espaço

Paisagem

Lugar

Território

Espaço

Paisagem

Lugar

Território

Espaço

4ª série Paisagem

Lugar

Território

Espaço

Paisagem

Lugar

Território

Espaço

Paisagem

Lugar

Território

Espaço

Pode-se concluir que segundo os documentos oficiais a abordagem das

categorias geográficas se dá em todas as séries com exceção da categoria território

que só é introduzida a partir da 3ª série.

Page 55: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

55

CAPÍTULO 3: CONTEXTUALIZAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE

RIACHO DAS ALMAS-PE

A Constituição Federal garante em seu artigo 6º, a educação como direito

social, e em seu artigo 205, a educação como uma política pública, ao definir que a

educação é um direito de todos e dever do Estado.

A educação em Riacho das Almas vem sendo pautada por referenciais legais,

segundo seu Plano Municipal de Educação, assumindo o papel de ofertar uma

política educacional pública centrada na qualidade do ensino.

O município de Riacho das Almas situa-se a 136 km da capital

pernambucana, no agreste setentrional, com uma extensão territorial de 303,2 km

quadrados, limitando-se ao norte, com os municípios de Frei Miguelinho e Surubim;

ao sul, com os municípios de Bezerros e Caruaru; a leste, com os municípios de

Cumaru e Bezerros e, a oeste, com o município de Caruaru.

Segundo os dados populacionais do Censo Demográfico de 2007, Riacho das

Almas apresenta uma população de 18.269 habitantes, dos quais 44,3% são

analfabetos, sendo este um dos principais desafios a serem enfrentados pelos

gestores educacionais, entre tantos outros, que interferem direta ou indiretamente na

realidade educacional, entre eles: desemprego, trabalho infantil (mesmo que em

pequena escala), migração, violência familiar, entre outros. Problemas estes que

tem afetado e influenciado os resultados educacionais, pois geram evasão ou

repetência, desinteresse pelos estudos, indisciplina. Outro fator que agrava este

quadro é a falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos, uma vez que a

luta pela sobrevivência os impede muitas vezes de acompanhar adequadamente o

desempenho escolar dos filhos.

Nos últimos dez anos, na tentativa de promover uma educação de qualidade,

a Secretaria Municipal de Educação tem adotado uma política de nucleação de

escolas com o objetivo de diminuir as classes multisseriadas e elevar o padrão da

qualidade do ensino, sendo para tanto, garantidos investimentos para formação

continuada dos professores, transporte escolar, programa de alimentação escolar e

material escolar, fardamento, livro didático, e melhoria do espaço físico.

Em 2003 havia trinta e sete escolas municipais em funcionamento, uma

escola estadual e duas escolas privadas. Em 2009 são trinta escolas municipais em

funcionamento, uma estadual e três privadas.

Page 56: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

56

Apesar da redução do funcionamento do número de escolas de

aproximadamente 20% de 2003 para 2009, o número de matrícula não sofreu

grandes reduções tendo ao longo destes setes anos apresentado um acréscimo na

Educação Infantil conforme mostra o gráfico 1.

Gráfico 1- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Educação Infantil

Fonte INEP: Censo Escolar

No Ensino Fundamental a redução nas séries iniciais é vista como positiva,

pois se deve principalmente, aos programas de correção de fluxo adotados pela

Secretaria Municipal de Educação, a partir de 2007, que têm promovido o acesso às

séries finais desta clientela. É o que se observa no gráfico 2.

No Ensino Médio há uma variação equilibrada considerando a faixa etária que

já está no mercado de trabalho, o que ocasiona por vezes evasão temporária, haja

vista que uma boa parte destes alunos tem retornado a escola em busca de

programas que lhe proporcionem recuperar o tempo perdido, ou seja, concluir o

Ensino Médio em uma carga horária menor do que a do ensino regular. É o que

pode ser observado no gráfico 3.

0

100

200

300

400

500

600

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Creche

Pré-escola

Page 57: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

57

Gráfico 2- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Ensino fundamental

Fonte INEP: Censo Escolar

Gráfico 3- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Ensino Médio

Fonte INEP: Censo Escolar

0

500

1000

1500

2000

2500

Anos iniciais

Anos Finais

0

50

100

150

200

250

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2009

Page 58: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

58

No gráfico 4 pode-se comparar a evolução de matrículas na rede municipal de

Riacho das Almas nos últimos sete anos e verificar-se que o que já foi explanado se

confirma: acréscimo na matrícula da Educação Infantil; pequeno decréscimo na

matrícula do Ensino Fundamental e variação na matrícula do Ensino Médio.

Gráfico 4- Alunos matriculados no município de Riacho das Almas - PE:

Educação Básica

Fonte INEP: Censo Escolar

Dessa forma, tem sido constante o desafio de se ofertar uma educação de

qualidade, especialmente, por a rede atender a toda educação básica e a clientelas

diversificadas que precisam ser assistidas a partir de sua realidade local e de suas

diferenças, especificamente, no que se referem às condições de moradia e

interesses comuns.

A nucleação das escolas que não ocorreu em toda rede, mas apenas em

parte dela, objetivando reduzir o número de turmas multisseriadas, trouxe outro

aspecto que confronta o modo de viver e se relacionar dos alunos: a dicotomia

cidade campo. Neste contexto os caminhos percorridos têm sido de oferecer a estes

alunos propostas pedagógicas que melhor se adaptem a este contexto. o município

apresenta três diferentes metodologias de ensino implantadas a partir da

constatação de que não se faz educação igual para realidades diferentes.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Eduacação Infantil

Ensino Fundamental

Ensino Médio

Page 59: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

59

3.1 Escola Ativa

Em 2005 o programa Escola Ativa foi implantado em cinco escolas municipais

da área rural e em 2008 o programa foi ampliado para mais cinco escolas. Em 2010

contempla dezoito escolas. O programa consiste na aplicação de um método

específico de apoio às escolas rurais com classes multisseriadas, que atendem a

alunos da 1ª a 4ª série do ensino fundamental da rede pública.

Compreender que a Escola Ativa é apenas uma estratégia metodológica voltada para classes multisseriadas e tem como pressupostos ensino centrado no aluno e em sua realidade social; professor como facilitador e estimulador; gestão participativa da escola; e avanço automático para etapas superiores. (PESENTE, 2006. p.14)

As concepções que fundamentam a Escola Ativa são baseadas na

compreensão de que para se obter mudanças no ensino tradicional, melhorar a

prática dos docentes e, conseqüentemente, a aprendizagem dos alunos nessas

classes, deve-se levar em conta: a aprendizagem ativa e centrada no aluno;

aprendizagem cooperativa; avaliação contínua e no processo; recuperação paralela;

promoção flexível.

Partindo destas concepções, a proposta da Escola Ativa é estruturada

levando em conta estratégias vivenciais que objetivam a aprendizagem e a

participação, estimulando hábitos de colaboração, companheirismo, solidariedade,

participação na gestão da escola pelos alunos e melhoria da atuação dos

professores em sala. Estas estratégias são chamadas de elementos. São eles:

Guias de aprendizagem: Livros didáticos específicos para utilização na Escola

Ativa

Trabalho em grupo: Alunos organizados em pequenos grupos trabalhando em

conjunto ou com o professor.

Cantinhos de aprendizagem: Espaços montados pelos alunos, professores e

comunidade.

Governo estudantil: Viabiliza e legitima, através do voto, a participação ativa e

democrática dos alunos na gestão da escola, quer na parte administrativa, quer na

pedagógica.

Comunidade: Promove relações estreitas com a comunidade visando à

formação integral do aluno.

Page 60: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

60

Capacitação de professores: Promove melhoria na prática pedagógica do

professor, desenvolvendo seus conhecimentos em oficinas de capacitação.

O objetivo é melhorar a qualidade do Ensino Fundamental (1ª a 4ª séries) nas

escolas rurais; reduzir a distorção idade/série e aperfeiçoar o nível de aprendizagem,

além da participação da comunidade, acompanhamento de alunos e da capacitação

e reciclagem permanente dos professores.

O projeto propõe relações estreitas entre a escola e a comunidade visando

educar indivíduos com identidade pessoal e cultural capazes de compreender a

sociedade na qual vivem, de participar ativamente e de transformá-la.

Importante destacar a necessidade da formação continuada do educador par atuar nas classes multisseriadas. Esta deverá contar, ainda, com a participação da comunidade para um melhor desenvolvimento do ensino-aprendizagem. (BRASIL, 2008, p. 22)

Os materiais de leitura do aluno trazem lendas, cantigas e mitos brasileiros.

Além de promover a aprendizagem dos conteúdos das primeiras séries do ensino

fundamental, valorizam o conhecimento prévio do aluno. Por meio dos guias, os

estudantes aplicam os conhecimentos em situações reais, melhorando

qualitativamente o papel do professor e possibilitando a adaptação regional e local

dos conteúdos, caso haja necessidade.

A Escola Ativa foi iniciada pelo Projeto Nordeste, em 1997, nos estados da

Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. A

partir de 1998, o Fundo de Fortalecimento da Escola deu continuidade à proposta e

a estendeu para as regiões Norte e Centro-Oeste, além de ampliar a atuação na

região Nordeste no ano de 2002.

De acordo com a Secretaria Municipal, o projeto permite ao professor atuar de

forma mais criativa, não só na organização da classe, mas nas propostas das

atividades pedagógicas, tornando-as mais participativas. Diz uma professora que

atua no projeto desde sua implantação:

O impacto pode ser sentido no ensino rural. As famílias passaram a respeitar o direito da criança e do jovem de estudar e os alunos aprenderam a resgatar a cultura da região. Por meio das estratégias vivenciais propostas na metodologia, os alunos aprendem com a experiência dos pais a lidar com a terra, o plantio, a colheita, e a preservar o ambiente em que vivem.

3.2 Proposta de Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável

Page 61: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

61

Em 2007 o Programa PEADS através do SERTA foi implantado em cinco

escolas do campo, do município e tem como principal objetivo direcionar a

organização do currículo das escolas para o mundo do trabalho, pois possibilita ao

aluno estudar sua realidade, valorizando suas origens e levando-o a reconhecer a

importância do trabalho no campo. Promove assim, o desenvolvimento social

economicamente justo e ecologicamente sustentável da comunidade rural.

O princípio metodológico adotado é o da pesquisa que teve como inspiração o

famoso método do Padre Cardin: ver, julgar e agir. Era um método para evangelizar

o meio operário e começava pelo ver, observar, pesquisar, entender a lógica, a

linguagem, partir dos fatos simples e cotidianos da classe operária e da família. O

julgar seria procurar entender melhor os acontecimentos, os envolvidos, a

conjuntura, emitindo um julgamento, um juízo, relacionando as idéias. Para agir não

se deve ficar só na observação e análise, na elaboração intelectual, mas

comprometer-se com as mudanças, decidir.

Há também que se considerar as influências acadêmicas que esta

metodologia incutiu a partir das obras de Pedro Demo que ―justifica a pesquisa como

instrumento fundamental da formação, da construção do raciocínio do jardim da

infância ao doutorado‖. (MOURA, 2003, p. 104)

Inicialmente a PEADS começa com a aplicação de três censos: o

populacional, o agropecuário ou econômico e o ambiental. Parte-se do princípio de

que o autoconhecimento de suas dificuldades e potencialidades é um pressuposto

básico para mobilizar as comunidades a refletirem sobre sua condição de vida. A

aplicação destes censos visa causar um impacto no sentido de despertar a família

para a necessidade de integração com a escola. Um censo deste possibilita aos

alunos conhecerem seu lugar, sua comunidade. O seu território passa a ser visto

com outro olhar. Estes censos são elaborados a partir de um instrumento que é a

ficha pedagógica, que resultará nos desdobramentos dos dados apresentados na

pesquisa. Muitas destas fichas são trabalhadas como dever de casa, que apesar de

polêmico, passou a ser tratado como uma forma de aproximar a escola da realidade

do aluno

Em um segundo momento, o trabalho com as orientações pedagógicas se dá

a partir dos dados obtidos nas pesquisas. A partir das respostas, os professores têm

a tarefa de desdobrar, desenvolver esse conhecimento ainda que precário, que os

Page 62: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

62

alunos trazem e elevá-lo para outro estágio, para um conjunto mais ordenado, um

produto superior ao que eles fizeram individualmente.

As temáticas resultantes da pesquisa nortearão os conteúdos das disciplinas.

Não se trata só de ensinar as disciplinas, mas de ensinar valores, estimular atitudes

solidárias, alimentar a auto-estima, construir a confiança, a identidade e a autonomia

do aluno.

O próximo passo é a criação do produto, ou seja, o tratamento dado ao

conhecimento adquirido. Poderão ser utilizadas várias dinâmicas para tratamento

deste conhecimento, incluindo a participação da família e da comunidade nesses

momentos. A forma como isto ocorrerá é debatida entre os alunos e professores.

Este é um momento privilegiado para provocar, questionar e estimular o

conhecimento.

Finalmente o último passo é a avaliação. A mesma congrega todos os

envolvidos no processo, desde a merendeira, a direção da escola, que se auto-

avaliam, incluindo os pais. A avaliação não é só um produto final. É todo o processo.

Não é só cognitiva, mas é também ética. Ela verifica os valores e as atitudes

demonstradas durante o processo.

A PEADS uma vez aplicada deslancha um processo de construção coletiva e individual de conhecimento, de troca de saberes, de interações entre diversos sujeitos sociais. Todos esses autores vão precisar para continuar crescendo, usar avaliação, planejamento, diagnóstico, pesquisa e análise. (MOURA, 2003, p. 121)

3.3 Os PCNs no município de Riacho das Almas

Paralelo a isto, o estudo dos PCNs vem sendo feito desde sua implantação e

resultou na elaboração da proposta pedagógica do município. É o referencial para o

trabalho das escolas que vivenciam os programas citados (a partir de uma

adequação a cada metodologia) e nas cinco outras escolas municipais da Educação

básica que não estão inseridas nem na Escola Ativa, nem na PEADS por não se

enquadrarem nos critérios exigidos por estes programas como, por exemplo, não

serem multisseriadas.

Os Parâmetros Curriculares levantam a bandeira da interdisciplinaridade

quando em seu documento de introdução propõe que o tratamento dos conteúdos

deve integrar conhecimentos de diferentes disciplinas, que contribuem para a

Page 63: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

63

construção de instrumentos de compreensão e intervenção na realidade em que

vivem os alunos. (BRASIL, 1998, p. 58)

Ainda segundo este documento, a educação básica deve estar voltada para a

cidadania (BRASIL, 1998, p. 9) e assim busca-se evidenciar a dimensão social que a

aprendizagem cumpre no percurso da construção desta cidadania, elegendo, dessa

forma, conteúdos que tenham relevância social e que sejam potencialmente

significativos para o desenvolvimento de capacidades. (idem, p. 58)

Segue-se abaixo uma fiel reprodução da estrutura organizacional dos PCNs.

- Caracterização da área

- Objetivos gerais da área

- Conteúdos organizados em ciclos

- Orientações didáticas

As orientações didáticas (BRASIL, 1997b, p. 153-159) são entendidas aqui,

como os procedimentos metodológicos que as escolas que trabalham com este

documento devem utilizar ou incorporar em seus projetos políticos pedagógicos. São

elas:

1- Leitura da paisagem: permite aos alunos conhecerem os processos de

construção do espaço geográfico. Conhecer uma paisagem é reconhecer seus

elementos sociais, culturais e naturais e a interação existente entre eles; é também

compreender como ela está em permanente processo de transformação e como

contém múltiplos espaços e tempos. A leitura da paisagem pode ocorrer de forma

direta — mediante a observação da paisagem de um lugar que os alunos visitaram

— ou de forma indireta — por meio de fotografias, da literatura, de vídeos, de

relatos. Uma maneira interessante de iniciar a leitura da paisagem é por intermédio

de uma pesquisa prévia dos elementos que a constituem. Essa pesquisa pode

ocorrer apoiada em material fotográfico, textos ou pela sistematização das

observações que os alunos já fizeram em seu cotidiano. Por esse levantamento

inicial, o professor e os alunos podem problematizar, formular questões e levantar

hipóteses que impliquem investigações mais aprofundadas, demandem novos

conhecimentos.

A partir dessa pesquisa inicial, consultar diferentes fontes de informação, tais

como obras literárias, músicas regionais, fotografias, entrevistas ou relatos, torna-se

essencial na busca de novas informações que ampliem aquelas que já se possui. A

compreensão geográfica das paisagens significa a construção de imagens vivas dos

Page 64: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

64

lugares que passam a fazer parte do universo de conhecimentos dos alunos,

tornando-se parte de sua cultura. Os trabalhos práticos com maquetes, mapas

mentais e fotografias aéreas podem também ser utilizados.

O desenvolvimento da leitura da paisagem possibilita ir ao encontro das

necessidades do mundo contemporâneo no qual o apelo às imagens é constante.

No processo de leitura, um aspecto fundamental é a aquisição de habilidades para

ler diferentes tipos de imagens, tais como, a fotografia, o cinema, os grafismos, as

imagens da televisão e a própria observação a olho nu tomada de diferentes

referenciais (angulares e de distância).

Uma mesma imagem pode ser interpretada de muitas maneiras. Por exemplo,

a imagem de um condomínio de prédios pode ser lida de modo diferente por um

engenheiro construtor, um engenheiro de tráfego, um ecologista, um político, um

favelado ou ainda por uma criança do meio rural. Ao se introduzir a leitura da

paisagem, a comparação das diferentes leituras de um mesmo objeto é muito

importante, pois permitem o confronto de idéias, interesses, valores socioculturais,

estéticos, econômicos, enfim, das diferentes interpretações existentes e a

constatação das intencionalidades e limitações daquele que observa.

Além disso, possibilita a elaboração de questionamentos fundamentais sobre

o que prevalece numa paisagem, pois sua história é marcada pelas decisões que

venceram e determinaram a sua imagem. É importante comparar uma mesma

paisagem em tempos diferentes e descobrir como e por que mudou? Quem decidiu

mudar? A quem beneficiou ou prejudicou? No trabalho comparativo é que

sobressaem as intencionalidades daqueles que agiram.

A leitura da paisagem por meio da identificação de suas estruturas auxilia

também a perceber que muitos problemas enfrentados no bairro, na cidade, no

município e em outras paisagens são resultados de ações. Quando se compara uma

paisagem rural, de agricultura comercial, em confronto com outra de agricultura

ecológica, rios poluídos ou não, grandes e pequenas cidades, se pode ver e avaliar

os resultados dessas ações, pois estão impressos na paisagem.

O trabalho de observação da paisagem deve ser iniciado pelas características

que mais tocam cada um. Uma mesma paisagem pode ser comunicada oralmente,

textualmente ou em desenho de forma distinta por cada pessoa que a tente

representar. Isso reforça a idéia de que, quando se observa a paisagem, busca-se

identificar os aspectos que fazem cada um se aproximar dela.

Page 65: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

65

2- Hoje, mais do que nunca, com o auxílio da computação gráfica, a

Cartografia, como uma das importantes disciplinas no estudo da Geografia, vem

elaborando uma variedade muito grande de mapas temáticos, permitindo estudos

sobre fluxos econômicos, formas de ocupação do solo, distribuição dos recursos

naturais, etc. A representação cartográfica, inclusive dos territórios em conflito,

permite a visualização das fronteiras em estado de tensão política.

A proposta pedagógica do município de Riacho das Almas, em processo de

construção, tem seus fundamentos nos PCNs e considera que para se obter

mudanças no ensino e melhorar a prática dos docentes e conseqüentemente a

aprendizagem dos alunos deve-se levar em conta: a participação, colaboração e a

gestão democrática na escola, tendo como princípios norteadores a valorização do

aluno como um ser livre, ativo e social.

Partindo destas concepções, indica-se uma mudança de foco em relação à

aquisição do conhecimento, evidenciando como o aluno aprende.

Didático e pedagogicamente as práticas educacionais em nosso município precisam atender a uma diversidade procedimental, o que implica a adoção de situações didáticas com abrangência em pedagogia de projetos, princípio da interdisciplinaridade e da construção dialética do conhecimento, resultando em uma via de que além de ―saber‖ é preciso ―saber fazer‖. (RIACHO DAS ALMAS, 2010, p. 05)

A proposta apresenta a diversidade metodológica vivenciada em suas escolas

e centra seu foco no aluno, sendo o professor um mediador do conhecimento. O

papel exercido pelo professor e aluno na busca do saber deverá contemplar valores

considerados universais e que estejam voltados para a construção de um ser

humano feliz e realizado.

Neste sentido, segundo este documento, o município tem como finalidade

desenvolver um processo que garanta a formação da consciência crítica do aluno,

encontrando mecanismos para a construção de sua própria aprendizagem e de sua

própria identidade, desencadeando uma verdadeira mudança de comportamento,

alcançando em todos os aspectos e dimensões de seu desenvolvimento, inclusive o

de atender os desafios propostos a partir das tecnologias que não podem estar

furtadas aos espaços educacionais. (RIACHO DAS ALMAS, 2010, p. 05)

Page 66: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

66

Configura-se, portanto que o principal foco do processo ensino-aprendizagem,

em todas as metodologias vivenciadas nas escolas municipais de Riacho das Almas

é o aluno, como ser aprendente, socialmente ativo, crítico e reflexivo.

Page 67: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

67

CAPÍTULO 4: ENSINO APRENDIZAGEM DAS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS NAS

SÉRIES INICIAIS DAS ESCOLAS DA REDE MUNICIPAL DE RIACHO DAS ALMAS – PE

Segundo os PCNs (1997b) a Geografia pode levar os alunos a

compreenderem de forma mais ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram

de maneira mais consciente e propositiva. É a Geografia, portanto uma disciplina

que pode contribuir significativamente para atender as necessidades cidadãs dos

alunos, podendo a Geografia ser o meio utilizado para que a criança comece a

sistematizar seus conhecimentos, buscando se integrar com o mundo e consigo

mesmo. O aprender se torna divertido; o mundo começa a ter significado e a vida se

torna concreta, no existir da formação intelectual da criança.

Segundo Nascimento (2003), a criança começa a conhecer o mundo que a

cerca de maneira sistemática na escola, e passa a ter um novo olhar sobre o

mesmo. Considera-se então uma prática investigativa necessária para a formação

do aluno cidadão; tentar entender a Geografia e viver experiências na escola

constitui-se fundamental para as crianças de 7 a 10 anos de idade, pois buscam no

conhecimento científico, diferentes meios de interpretar o mundo, para compreendê-

lo.

Vivendo em um determinado lugar, numa dinâmica espacial, a criança desta tenra idade vem construindo suas noções de mundo, sabendo e gostando de representá-las por meio de desenhos. Com essas noções, ela atribui lógica e significados ao que compreende acerca do mundo em que vive, mesmo que não reflita sobre isso. Essas noções referenciam suas ações diárias e a de muitas outras pessoas. (CADERNO DE GEOGRAFIA, 2001, p. 12)

Nesta parte apresentam-se os resultados da pesquisa sobre o ensino-

aprendizagem das categorias geográficas no município de Riacho das Almas.

Inicialmente, abordam-se alguns aspectos considerados relevantes ao ensino-

aprendizagem de Geografia, a partir do levantamento de dados pesquisados junto a

onze docentes das séries iniciais da rede municipal. No município, os professores

que trabalham com as séries iniciais são polivalentes e a maioria deles trabalha com

classes multisseriadas.

Quanto à formação inicial todos têm o curso de magistério (atual Normal

Médio) e 90% tem formação em Pedagogia, sendo que destes 55% tem

especialização em Psicopedagogia ou Gestão Escolar.

Page 68: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

68

Quanto à formação continuada os docentes afirmam terem acumulado

durante os últimos dois anos, em média, 100 h/a, sendo que destas apenas 8h aulas

foram dedicadas à disciplina de Geografia e neste caso só os professores que

trabalham com a PEADS tiveram esta formação. Constata-se, portanto ser no

município a formação continuada em ensino de Geografia insuficiente ou mesmo

insignificante, já que a que existe está sendo vivenciada por ser pressuposto de um

programa, e não por política da Secretaria de Educação do município. Verifica-se

que se continua a dar mais relevância às disciplinas de Língua Portuguesa e de

Matemática em detrimentos das outras disciplinas.

A carga horária que destinam à disciplina também foi pesquisada, e 73%

afirmam trabalharem duas aulas semanais, 9% trabalham três horas semanais e

18% trabalham quatro horas semanais. Segundo a Matriz Curricular do município, o

número de aulas destinadas a disciplina de Geografia é de duas aulas semanais, o

que vem sendo cumprido pela maioria. O que se pode deduzir, é que os 27% que

afirmaram trabalhar mais do que as duas aulas exigidas podem desconhecer esta

matriz e por isto terem respondido equivocadamente.

Buscando-se avaliar que categorias geográficas os professores abordam em

cada série, solicitou-se que os mesmos indicassem para que séries as categorias

espaço, paisagem, lugar e território eram mais adequadas de serem trabalhadas.

Para os professores pesquisados as categorias lugar e paisagem, devem ser

trabalhadas nas 1ª e 2ª séries. À medida que o aluno vai avançando a escolaridade

estas categorias não devem mais ser trabalhadas. Percebe-se aí um

desconhecimento dos documentos que norteiam a prática do professor, pois os

mesmos, já analisados anteriormente, apontam estas categorias adequadas da 1ª a

4ª série.

Para os professores a categoria território deve ser introduzida já na 2ª série.

Para os documentos oficiais analisados, esta categoria só é trabalhada a partir da 3ª

série. Já espaço é entendido como categoria a ser analisada em todas as séries e

com mais ênfase na 3ª e 4ª séries, o que coerentemente está em consonância com

os documentos oficiais. Estes resultados são apresentados no gráfico 5.

Quanto à abordagem das escalas espaciais, buscou-se verificar a

compreensão do trabalho do professor com as escalas, pois sabemos ser prática de

muitos professores o trabalho apenas com a escala local, sem fazer relação com o

global ou vice-versa. A compreensão de que se deve trabalhar fazendo a relação

Page 69: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

69

entre as várias escalas muitas vezes não está concretizada pelos professores.

Entretanto, nesta pesquisa, verificou-se que 82% deles têm esta compreensão,

enquanto que 9% trabalham apenas o local e outros 9% trabalham apenas o global.

Gráfico 5- Abordagem das categorias geográficas nas séries iniciais do

município de Riacho das Almas

Fonte: pesquisa direta

Sobre o objeto de estudo da Geografia, 73% dos professores consideram ser

o espaço geográfico, sendo que 27% ainda entendem ser este objeto, a paisagem;

As outras categorias não foram consideradas objeto de estudo pelos professores.

Compreender que o objeto de estudo da Geografia é o espaço geográfico é

essencial para proporcionar ao aluno uma compreensão da sociedade e ter um

ponto de partida para a análise de fenômenos, a partir dos conhecimentos

geográficos. Contudo 27% dos professores não têm esta compreensão, refletindo

assim, a carente formação dos professores das séries iniciais nesta área. Isto

precisa ser corrigido urgentemente, para melhorar o desempenho deste professor no

trabalho com os conteúdos geográficos.

Quanto aos procedimentos metodológicos utilizados nas aulas de Geografia,

dos onze professores pesquisados, dez afirmam sempre utilizarem os

procedimentos de observação e um quase sempre. A descrição é feita com

freqüência por seis professores, três utilizam este procedimento quase sempre e

dois utilizam vez em quando.

0

2

4

6

8

10

12

Lugar Paisagem Território Espaço

1ª Série

2ª Série

3ª Série

4ª Série

Page 70: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

70

A exposição oral dos conteúdos é feita por nove professores, enquanto que

dois fazem quase sempre ou às vezes. O uso do livro didático, os relatos e a leitura

de imagem também são tão utilizados quanto à exposição oral.

Os seminários e entrevistas não são muito utilizados. Já, as aulas de campo

são utilizadas quase sempre ou às vezes por nove professores e apenas dois

afirmam não utilizar. Contudo, como será exposto adiante (p.77), não é este o

entendimento dos alunos, que afirmam que as aulas de campo não são utilizadas

com esta freqüência em Geografia.

Quanto ao trabalho com a interdisciplinaridade, 45% dos professores, afirmam

utilizar-se da interdisciplinaridade, contudo, percebe-se uma confusão quanto à

compreensão por parte do professor sobre interdisciplinaridade. Perguntados se

utilizam a interdisciplinaridade em suas aulas e pedindo-se para citarem como isto

ocorre, alguns colocaram como exemplo a construção de um mural, ou o uso do

dicionário, ou mesmo citações do tipo: ―trabalho a partir da observação do ambiente

e de suas modificações, pois trabalhar com o concreto facilita na compreensão e

aprendizagem do aluno‖. Então, se eles não compreendem o que seja

interdisciplinaridade e citam exemplos de atividades que não são interdisciplinares,

deve-se considerar que se necessita retomar os estudos sobre o tema, com os

professores, para que eles superem uma visão fragmentada do ensino e passem a

ter uma visão multidimensional, adquirindo assim uma nova consciência acerca da

educação.

Antes de verificar-se as aprendizagens dos alunos sobre as categorias

geográficas, apresenta-se uma avaliação dos professores sobre a aprendizagem

dos alunos, na perspectiva de se comparar com os resultados obtidos pelos

mesmos. Os professores têm consciência de qual é o nível de aprendizagem de

seus alunos? Em que eles precisam melhorar?

Para avaliar este aspecto perguntou-se qual o percentual de alunos que

dominavam de forma satisfatória os conteúdos trabalhados em Geografia. Nos

quadros 5, 6, 7, e 8 apresenta-se a avaliação do professores sobre a aprendizagem

dos alunos a partir dos objetivos propostos a cada série. Os quadros registram o

número de professores que consideram para aquela série se mais ou menos de 50%

de seus alunos dominam os conteúdos de Geografia.

Page 71: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

71

Quadro 5- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da 1ª

série.

Objetivos Menos

de 50%

Mais de

50%

Não trabalhado

na série

- Conhecer o espaço geográfico e o

funcionamento da natureza em suas múltiplas

reações, de modo a compreender o papel das

sociedades em sua construção e na produção

do território, da paisagem e do lugar.

02 01

-Identificar e avaliar as ações dos homens em

sociedade e suas conseqüências em

diferentes espaços e tempos, de modo a

construir referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e interativa nas

questões sócio-ambiental local.

02 01

- Compreender a espacialidade e

temporalidade dos fenômenos geográficos

estudados em suas dinâmicas e interações.

02 01

- Compreender que as melhorias nas

condições de vida, os direitos, os avanços

técnicos e tecnológicos e as transformações

sócio-culturais são conquistas decorrentes de

conflitos e acordos, que ainda não são

usufruídas por todos os seres humanos e,

dentro de suas possibilidades, empenhar-se

em democratizá-las.

03

- Fazer leituras de imagens, de dados e de

documentos de diferentes fontes de

informação, de modo a interpretar, analisar e

relacionar informações sobre o espaço

geográfico e as diferentes paisagens.

01 02

- Valorizar o patrimônio sócio-cultural e

respeitar a sócio-diversidade, reconhecendo-a

como um direito dos povos e indivíduos e um

elemento de fortalecimento da democracia.

02 01

Page 72: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

72

Quadro 6- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da 2ª

série.

Objetivos Menos

de 50%

Mais de

50%

Não trabalhado

na série

- Conhecer o espaço geográfico e o

funcionamento da natureza em suas múltiplas

reações, de modo a compreender o papel das

sociedades em sua construção e na produção

do território, da paisagem e do lugar.

01 02

-Identificar e avaliar as ações dos homens em

sociedade e suas conseqüências em

diferentes espaços e tempos, de modo a

construir referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e interativa nas

questões sócio-ambiental local.

01 02

- Compreender a espacialidade e

temporalidade dos fenômenos geográficos

estudados em suas dinâmicas e interações.

01 02

- Compreender que as melhorias nas

condições de vida, os direitos, os avanços

técnicos e tecnológicos e as transformações

sócio-culturais são conquistas decorrentes de

conflitos e acordos, que ainda não são

usufruídas por todos os seres humanos e,

dentro de suas possibilidades, empenhar-se

em democratizá-las.

01 02

- Fazer leituras de imagens, de dados e de

documentos de diferentes fontes de

informação, de modo a interpretar, analisar e

relacionar informações sobre o espaço

geográfico e as diferentes paisagens.

03

- Valorizar o patrimônio sócio-cultural e

respeitar a sócio-diversidade, reconhecendo-a

como um direito dos povos e indivíduos e um

elemento de fortalecimento da democracia.

01 01 01

Page 73: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

73

Quadro 7- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da 3ª

série.

Objetivos Menos

de 50%

Mais de

50%

Não trabalhado

na série

- Conhecer o espaço geográfico e o

funcionamento da natureza em suas múltiplas

reações, de modo a compreender o papel das

sociedades em sua construção e na produção

do território, da paisagem e do lugar.

01 03

-Identificar e avaliar as ações dos homens em

sociedade e suas conseqüências em

diferentes espaços e tempos, de modo a

construir referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e interativa nas

questões sócio-ambiental local.

01 03

- Compreender a espacialidade e

temporalidade dos fenômenos geográficos

estudados em suas dinâmicas e interações.

01 02 01

- Compreender que as melhorias nas

condições de vida, os direitos, os avanços

técnicos e tecnológicos e as transformações

sócio-culturais são conquistas decorrentes de

conflitos e acordos, que ainda não são

usufruídas por todos os seres humanos e,

dentro de suas possibilidades, empenhar-se

em democratizá-las.

04

- Fazer leituras de imagens, de dados e de

documentos de diferentes fontes de

informação, de modo a interpretar, analisar e

relacionar informações sobre o espaço

geográfico e as diferentes paisagens.

02 02

- Valorizar o patrimônio sócio-cultural e

respeitar a sócio-diversidade, reconhecendo-a

como um direito dos povos e indivíduos e um

elemento de fortalecimento da democracia.

02 02

Page 74: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

74

Quadro 8- Avaliação dos professores sobre as aprendizagens dos alunos da 4ª

série.

Objetivos Menos

de 50%

Mais de

50%

Não trabalhado

na série

- Conhecer o espaço geográfico e o

funcionamento da natureza em suas múltiplas

reações, de modo a compreender o papel das

sociedades em sua construção e na produção

do território, da paisagem e do lugar.

02

-Identificar e avaliar as ações dos homens em

sociedade e suas conseqüências em

diferentes espaços e tempos, de modo a

construir referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e interativa nas

questões sócio-ambiental local.

02

- Compreender a espacialidade e

temporalidade dos fenômenos geográficos

estudados em suas dinâmicas e interações.

01 01

- Compreender que as melhorias nas

condições de vida, os direitos, os avanços

técnicos e tecnológicos e as transformações

sócio-culturais são conquistas decorrentes de

conflitos e acordos, que ainda não são

usufruídas por todos os seres humanos e,

dentro de suas possibilidades, empenhar-se

em democratizá-las.

02

- Fazer leituras de imagens, de dados e de

documentos de diferentes fontes de

informação, de modo a interpretar, analisar e

relacionar informações sobre o espaço

geográfico e as diferentes paisagens.

01 01

- Valorizar o patrimônio sócio-cultural e

respeitar a sócio-diversidade, reconhecendo-a

como um direito dos povos e indivíduos e um

elemento de fortalecimento da democracia.

01 01

Page 75: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

75

Em sua maioria em todas as séries os professores afirmam terem em suas

turmas mais de 50% de seus alunos com uma aprendizagem satisfatória, entretanto

verifica-se a seguir que esta avaliação não corresponde à realidade da sala de aula,

pois em algumas séries, conteúdos ou escolas o desempenho dos alunos nem

sempre foi superior a 50%.

Para avaliarem-se os alunos foram aplicados questionários elaborados a

partir do plano de aula dos professores, da proposta pedagógica do município para

cada série e dos livros didáticos utilizados na rede municipal. Verificou-se a

aprendizagem através do nível de compreensão em que se encontram os alunos

pesquisados a partir da análise do desempenho classificado em:

DC- desempenho construído quando o aluno tem mais de 80% de acertos;

DEC- desempenho em construção quando o aluno tem acima de 50% até 80

de acertos;

DNC- desempenho não construído quando o aluno tem até 50% de acertos.

Considerou-se também a metodologia utilizada em cada turma e o tipo de

classe: multisseriadas ou regular com o objetivo de se comparar os desempenhos

das turmas. Foram aplicados questionários a duzentos e vinte e nove alunos.

Na primeira parte dos questionários foram abordadas questões comuns a

todas as séries, relativas ao ensino de Geografia, com o objetivo de se verificar o

tratamento dado à disciplina por alunos e professores, bem como considerar a

compreensão do aluno quanto à importância e função do estudo da Geografia para

sua vida cotidiana.

Quanto à importância da Geografia, 97% dos alunos pesquisados afirmam ser

o estudo da disciplina importante para seu crescimento como aluno e indivíduo,

sendo que os 3%, que não consideraram importante, foram todos da Escola

Joaquim Ferreira de Lima, matriculados na 3ª série, podendo ser este fenômeno

reflexo do trabalho desenvolvido pela escola com relação a esta disciplina escolar.

Outro item analisado foi a receptividade do aluno quanto à disciplina, sendo

que 75% dos alunos pesquisados consideraram a disciplina fácil, pois faz parte de

seu dia-a-dia e 25% deles consideram a disciplina chata ou de difícil entendimento.

Este percentual é relevante para a pesquisa, pois contextualiza a relação do aluno

com a disciplina, uma vez que, um quarto dos alunos pesquisados não gosta ou não

entende os conteúdos trabalhados.

Page 76: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

76

Neste aspecto a metodologia da PEADS apresentou uma maior empatia com

a disciplina, pois apenas 11% dos alunos não entendem ou acham a disciplina

chata, enquanto que nas escolas que utilizam as diretrizes dos PCNs, este índice

sobe para 17% e na Escola Ativa cresce assustadoramente para 41%. Seria neste

aspecto, o trabalho com esta metodologia a causa deste resultado? Salienta-se que

das escolas pesquisadas que trabalham com esta metodologia, a que mais

contribuiu para este resultado foi a escola já citada no item importância da

Geografia, sendo que 93% de seus alunos tem este entendimento. Pode-se deduzir

então que tanto a metodologia, quanto o trabalho da escola com a disciplina, não

motiva ou prepara seus professores para um trabalho mais dinâmico e eficiente

nesta área.

Sobre o número de aulas dadas semanalmente e a importância dada pelo

professor ao estudo da Geografia, 70% afirmaram que o professor cumpre com as

aulas determinadas e dá muita importância à disciplina, sendo que os outros 30%

afirmaram que o professor dá aulas interessantes, mas sem muita freqüência ou que

quase não trabalha a disciplina. Isto ocorre com mais freqüência nas turmas de 3ª e

4ª séries, ou seja, nas séries mais adiantadas o professor não trabalha com

regularidade a Geografia. Este resultado foi bem aproximado das respostas dos

professores sobre este mesmo aspecto já apresentado anteriormente, o que

demonstra coerência. Pergunta-se: que conseqüências isto traz para os alunos que

ingressam nas séries finais do Ensino Fundamental? Estão eles preparados para

interagirem com os conteúdos de Geografia que lhes são exigidos de 5ª a 8ª séries?

No gráfico 6, apresenta-se o número de aulas dadas de Geografia por série.

Sobre a compreensão do aluno quanto à função da Geografia, 66% entendem

que a função da Geografia é levar o aluno a conhecer a organização do espaço

geográfico e o funcionamento da natureza através da interação, construção e

produção do território, da paisagem e do lugar. Esta compreensão é maior nas

turmas de 3ª e 4ª séries. Outras respostas dadas foram: a função da Geografia é

levar o aluno a memorizar nomes de lugares, rios, etc. ou levar o aluno a localizar

lugares e paisagens através de leitura e interpretação de mapas, sendo estas

respostas dadas em sua maioria pelos alunos da 2ª série.

No gráfico 7 apresenta-se uma análise sobre a compreensão da função da

Geografia pelos alunos pesquisados em todas as séries.

Page 77: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

77

Gráfico 6- Carga horária por série

Fonte: pesquisa direta

Gráfico 7- Função da Geografia

Fonte: pesquisa direta

Quanto aos procedimentos utilizados pelos professores nas aulas de

Geografia os mais citados por todas as escolas pesquisadas foram: observação,

explanação oral e livro didático. Outros procedimentos também foram citados, mas

variaram de acordo com a metodologia trabalhada na escola. Nas escolas que

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

2 hora aula semanais

1ª Série

2ª Série

3ª Série

4ª Série

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

conhecer o espaço geográfico

memorizar nomes de lugares

localizar lugares nos mapas

Page 78: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

78

trabalham com a metodologia da PEADS, os seminários, entrevistas, leituras de

imagem são bastante utilizados. Na metodologia da escola ativa destacam-se

também procedimentos de leitura de imagem, descrição e relatos.

As aulas de campo e experimentos são procedimentos que segundo os

alunos, não são utilizados com freqüência nas escolas pesquisadas. Entretanto 91%

dos professores afirmaram trabalhar estes procedimentos quase sempre ou às

vezes, o que difere da opinião do aluno. A compreensão sobre o que é uma aula de

campo não está sendo clara ou para o aluno ou para o professor.

Gráfico 8- Procedimentos utilizados nas aulas de Geografia nas metodologias

trabalhadas no município de Riacho das Almas - PE

Fonte: pesquisa direta

Como a utilização destes procedimentos contribui para o desempenho dos

alunos? Haverá uma relação entre estes procedimentos e a aprendizagem? Será

que as escolas que apresentam um melhor desempenho utilizam os procedimentos

mais tradicionais como o livro didático, observação e explanação oral? Ou as que se

limitam a isto ficam aquém do desejado? Terão as escolas que trabalham com a

metodologia que diversifica mais os procedimentos das aulas, como a PEADS e a

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

PEADS

Escola Ativa

PCNs

Page 79: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

79

Escola Ativa, por exemplo, demonstrado um desempenho mais significativo? Para

responder a estes questionamentos analisa-se a seguir os resultados obtidos pelos

alunos em cada série.

4.1 A aprendizagem das categorias geográficas na 1ª série do ensino fundamental

Nesta série foram aplicados questionários a sessenta e um alunos. Como

abordagem das categorias paisagem, espaço e lugar, os conteúdos trabalhados são:

moradia, tipos de moradia, escola, rua, tipos de rua. Quanto ao conceito de moradia

92% dos alunos pesquisados demonstraram terem construído este conceito ao

identificarem a moradia própria de seu lugar de vivência, distinguindo-a, por

exemplo, da moradia de índios, ou de algumas moradias das grandes cidades

(prédios de apartamentos). Quanto aos materiais próprios das moradias e os tipos

de moradias houve também uma demonstração de aprendizagem por 90% dos

alunos pesquisados. Assim, os mesmos demonstram atingir o objetivo sobre este

conteúdo que é comparar os diversos tipos de moradia, e demonstram também

interagir com os conceitos de lugar, espaço e paisagem, pois conseguiram até

diferenciar os tipos de moradia atual dos tipos de moradias antigas, caracterizando

uma compreensão sobre a transformação das paisagens ao longo dos tempos.

O conceito de escola, sua importância e finalidade foram compreendidas por

apenas 64% dos alunos pesquisados, sendo que 26% já demonstram um processo

de construção do conceito e 10% demonstram não compreender noções sobre este

espaço de vivência do aluno. Sendo a escola um espaço em que a criança passa a

interagir em sociedade, é preocupante que 10% dos alunos pesquisados

apresentem esta deficiência, visto que é na escola que o mesmo irá desenvolver

habilidades que lhes permitirão no futuro obter sucesso em sua vida profissional e

até social. É fundamental para ele que a função e importância da escola estejam

claramente compreendidas e ocorra um processo de participação do mesmo na

comunidade escolar. Neste aspecto não houve grandes diferenças no desempenho

dos alunos por metodologia, ou seja, o percentual que não construiu conhecimento

esteve equilibrado nas três metodologias de ensino aplicadas na rede municipal.

Quanto às noções sobre rua, 49% identificarem a rua como espaço público de

vivência e reconhecem que se pode localizar casa, lojas, escolas, etc. através do

nome da rua e número da casa, etc. 33% demonstram estarem em processo de

Page 80: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

80

construção deste conceito, enquanto que 18% não reconhecem regras básicas de

convivência, como não pedalar ou estacionar em calçadas. Contudo, 15% não

apresentam aprendizagem quanto aos tipos de rua, não diferenciando ruas

comerciais, residenciais e industriais, 72% demonstram estar em processo de

construção e 13% já construiu este conceito.

Gráfico 9- Aprendizagens sobre rua

Fonte: pesquisa direta

Das escolas pesquisadas nesta série, na Escola José Ferreira da Silva, que

trabalha com a metodologia da PEADS, os alunos tiveram 100% de aproveitamento

em todos os conteúdos pesquisados com exceção em tipos de ruas, onde 37% dos

mesmos demonstraram ter construído o conceito e 63% estão em processo de

construção. Nesta série o desempenho desta escola foi considerado muito

satisfatório e os mesmos demonstraram dominar conhecimentos sobre o lugar em

que vivem.

4.2 A aprendizagem das categorias geográficas na 2ª série do ensino fundamental

Nesta série, as categorias trabalhadas são as mesmas da série anterior,

abordando-se, entretanto conteúdos como bairro, serviços públicos, o município e

espaço urbano e rural. Assim, eles constroem noções sobre lugar, espaço e

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Conceito de rua Tipos de rua

DC

DEC

DNC

Page 81: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

81

paisagem a partir de sua vivência e interação com o espaço geográfico. Foram

pesquisados cinqüenta e seis alunos na série.

Quanto ao conceito de bairro, apenas 36% demonstram terem construído o

conceito, enquanto que 43% estão em processo de construção e 21% não

desenvolve a compreensão sobre o que é bairro. Quanto aos tipos de bairro, 52%

dos alunos pesquisados tiveram desempenho construído, 2% estão em construção,

e 46% não demonstraram aprendizagem quanto ao tipo de bairro, o que é

considerado um percentual alto. Isto se deu com mais ênfase nas escolas que

fundamentam seu planejamento segundo as diretrizes dos PCNs.

Gráfico 10- Aprendizagens sobre bairro

Fonte: pesquisa direta

A compreensão sobre quem deve oferecer os serviços públicos e que os

mesmos são financiados por impostos pagos pela população, é satisfatória para

40% dos alunos, enquanto que 48% estão em processo de construção e 12% não

demonstram desempenho construído.

O mais preocupante está nos resultados apresentados para o conteúdo

município, pois mais de 90% não conseguiram identificar o mapa de seu município e

apenas pouco mais de 50% souberem identificar o nome de seu município. Neste

caso os alunos confundem município com país identificando o mapa do Brasil como

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Conceito de bairro Tipos de bairro

DC

DEC

DNC

Page 82: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

82

o do município. Apenas 55% identificaram quem governa o município e que o

município é formado de áreas urbanas e áreas rurais.

O que se reflete é que não estão sendo socializados aos alunos recursos

como mapas, gráficos, textos, etc. que trabalhem a realidade local. Como já se viu, a

compreensão de que se deve trabalhar fazendo a relação entre as várias escalas

está concretizada por 82%dos professores. Entretanto, o aluno não reconhece

geograficamente seu próprio espaço de vivência. Deduz-se que ou o professor

respondeu equivocadamente quando indagado sobre o trabalho com as escalas, ou

os procedimentos que ele utiliza em sala de aula para promover a construção do

conhecimento sobre este conteúdo não estão sendo adequados ou dando conta de

contribuir para a aprendizagem dos alunos. Será que o mapa do município é

apresentado nas aulas? O que leva um aluno de 2ª série a não identificar o nome de

seu município? Com certeza a explicação está no trabalho do professor. Esta

realidade precisa ser mudada, pois, se aspectos relacionados com o lugar em que

vivem não são compreendidos pelos alunos, como eles poderão ampliar as noções

espaciais e interagir com outras realidades? Com outros contextos? Como poderão

conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza

através da interação, construção e produção do território, da paisagem e do lugar?

Gráfico 11- Aprendizagens sobre município

Fonte: pesquisa direta

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

Identifica o mapa do município

Identifica o nome do município

Identifica as funções dos

poderes públicos

Identifica a composição das áreas de um município

DC

DEC

DNC

Page 83: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

83

No conceito espaço urbano e espaço rural apenas 7% relacionam seus

elementos corretamente, enquanto que 48% estão em processo de construção e

45% não conseguiram relacionar os elementos do espaço urbano ou do espaço

rural, incluindo-se os problemas ambientais de cada área. Neste item os alunos

fizeram a mesma confusão, citando as queimadas como problema das áreas

urbanas, por exemplo. Esta relação entre os elementos dos espaços rurais e

urbanos é fundamental para que os alunos construam noções sobre lugar, espaço e

paisagem a partir de sua vivência e interação com o espaço geográfico.

Gráfico 12- Compreensão dos elementos dos espaços rurais e urbanos

Fonte: pesquisa direta

4.3 A aprendizagem das categorias geográficas na 3ª série do ensino fundamental

É nesta fase da escolaridade que se aborda a categoria território. No

município, esta abordagem se dá através do eixo sobre novas tecnologias

enfocando o período técnico-cientifíco informacional, através do estudo da evolução

das tecnologias e as novas territorialidades em rede. Os conteúdos trabalhados

neste eixo são: meios de transporte e de comunicação, onde a identificação da

evolução dos meios e tipos de transportes utilizados pelas sociedades como forma

de suprir suas necessidades e torná-la capaz de exercer seus direitos na defesa de

seu território é o objetivo principal. Entre os oitenta e oito alunos pesquisados, 67%

DC DEC DNC

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Page 84: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

84

demonstrarem construção do conhecimento trabalhado, 17% estão em construção e

16% não construíram o conhecimento.

Quanto aos meios de comunicação, deve o aluno ser capaz de reconhecer a

importância da comunicação na vida em sociedade e sua evolução tecnológica ao

longo do tempo, bem como, reconhecer as possibilidades de que estes meios de

comunicação possam garantir-lhes interagir com outras escalas inserindo-lhes,

assim, num contexto mais amplo do que o lugar de vivência. Dos alunos

pesquisados 73% construíram o conhecimento e 25% estão em processo de

construção, enquanto que apenas 2% não demonstraram ter construído o

conhecimento.

Gráfico 13- Aprendizagens sobre novas tecnologias

Fonte: pesquisa direta

A aprendizagem da categoria território foi considerada satisfatória. Entretanto,

os conteúdos sobre meios de comunicação foram mais bem compreendidos pelos

alunos do que os meios de transporte. Observou-se que a dificuldade deu-se na

compreensão da relação entre os transportes próprios dos espaços urbanos e rurais

e não nas questões relativas à utilização dos mesmos para suprir suas

necessidades e exercer seus direitos na defesa de seu território.

Nesta série foram avaliados também os conteúdos sobre paisagem. Verificar

a conceituação de paisagem pelos alunos evidenciando os elementos que a

caracterizam e identificando os tipos de paisagem foram os objetivos propostos.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Meios de Comunicação Meios de Transporte

DC

DEC

DNC

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85

Quanto ao conceito de paisagem a apreensão do conhecimento se deu por apenas

55% dos alunos pesquisados, enquanto que 34% estão em fase de construção e

11% não conseguem demonstrar domínio dos conteúdos citados. A identificação dos

tipos de paisagem foi feita por apenas 11% dos alunos e 82% demonstrou um

conhecimento ainda em fase de construção, enquanto que 7% não demonstraram

ser capaz de identificar os tipos de paisagem. Este resultado pode ser reflexo das

dificuldades apresentadas pelos alunos sobre a compreensão dos espaços rurais e

urbanos já apresentados no gráfico12. O gráfico 14 apresenta os resultados dos

alunos sobre a aprendizagem do conceito de paisagem.

Gráfico 14- Aprendizagens sobre paisagem

Fonte: pesquisa direta

Considerando que já estão em seu terceiro ano de escolaridade, é

insatisfatório este quadro, pois a categoria paisagem já vem sendo trabalhada desde

a 1ª série. Pode-se fazer uma correlação com o que ocorre na 2ª série quanto às

dificuldades dos alunos em relacionar os elementos dos espaços rurais e urbanos.

Como já foi dito, sem fazer esta relação o aluno não poderá construir noções de

lugar, paisagem e território. Confirma-se, portanto, que conteúdos básicos que são

abordados desde a 1ª série ainda não são compreendidos pelos alunos que se

encontram em séries mais adiantadas. E mais uma vez chama-se atenção para a

utilização de procedimentos do professor nas aulas de Geografia. Por exemplo, os

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Conceito de paisagem Tipos de paisagem

DC

DEC

DNC

Page 86: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

86

professores, segundo os alunos, não utilizam aula de campo como recurso didático.

A aula de campo seria um recurso ideal para estudar os tipos de paisagem. A

exploração do meio, a relação entre os elementos das paisagens, a interação do

homem com a natureza seria uma abordagem necessária para a construção deste

conhecimento.

4.4 A aprendizagem das categorias geográficas na 4ª série do ensino fundamental

Nesta série o conceito de território é mais explorado através do estudo de

fronteiras, ocupação do espaço e população brasileira. A compreensão do conceito

de território foi avaliada através de questões sobre a localização do Brasil no

continente americano e suas fronteiras. Dos 24 alunos avaliados, 21% construíram o

conhecimento, 42% estão em construção e 37% não demonstram ter construído o

conhecimento. Quanto à localização do território brasileiro através das coordenadas

geográficas e nos hemisférios, 33% construíram o conhecimento, 46% estão em

construção e 21% não construíram o conhecimento.

Gráfico 15- Compreensão do conceito de território

Fonte: pesquisa direta

Por se tratar de uma série onde se considera o aluno capaz de interagir com

conceitos que abordem todas as categorias geográficas, utilizou-se questões que

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Conceito de fronteira Conceito de território

DC

DEC

DNC

Page 87: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

87

avaliam o domínio dos conteúdos procedimentais através da utilização de mapas e

gráficos nos conteúdos sobre relevo e população. Na interpretação com mapas que

avaliou o conhecimento sobre o relevo, apenas 4% tiveram o conhecimento

construído, 59% em construção e 37% não conseguiram obter êxito nesta tarefa.

Quanto aos gráficos o resultado foi mais satisfatório, pois 42% construíram o

conhecimento e 54% está em fase de construção. Apenas 4% não souberam

interpretar os gráficos.

Deduz-se que se na 2ª série o aluno não reconhece o mapa de seu município,

nas séries seguintes ele terá dificuldade de interpretar mapas mais complexos como

os que são apresentados nos livros didáticos de 4ª série, considerando aqui mais um

aspecto já analisado pela pesquisa quanto aos procedimentos utilizados pelos

professores para as aulas de Geografia que é o uso do livro didático. O fato de

serem os gráficos, melhor interpretados pelos alunos, do que os mapas pode ser

explicado, porque a utilização de gráficos se dá também em aulas de Matemática e

até de outras disciplinas, o que não ocorre com os mapas. O que mostra que o aluno

tem capacidade de explorar estes recursos desde que sejam disponibilizados aos

mesmos com mais freqüência e partir do estudo de sua própria realidade.

Neste ponto levanta-se uma discussão sobre a alfabetização cartográfica.

Vários estudiosos apontam ser a utilização da linguagem cartográfica sem dúvida

alguma, um instrumento que amplia as possibilidades dos alunos de extrair,

comunicar e analisar informações em vários campos do conhecimento — além de

contribuir para a estruturação de uma noção espacial flexível, abrangente e

complexa. Compreender a espacialidade dos fenômenos estudados, no presente e

no passado, e compará-la por meio de suas sobreposições é algo que a própria

Geografia busca fazer e os alunos dos ciclos iniciais também podem realizar. Os

PCNs assim colocam a questão:

Ler em mapas como a população de uma região está distribuída e como o clima e a vegetação também o estão para comparar as informações obtidas e formular hipóteses variadas sobre suas relações é uma forma de se aproximar e compreender os procedimentos pelos quais este campo do conhecimento se constitui. (BRASIL, 1997b, p. 153-159)

Entretanto nossos professores parecem não concordarem com esta

proposição e cada vez mais limitam o uso deste instrumento em suas aulas. É claro

que não podemos esquecer que sua formação não é especifica para o trabalho com

Page 88: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

88

a disciplina, pois como já foi citado, sua formação é em Pedagogia, e a formação

continuada em Geografia é insignificante e não é prioridade para a Secretaria

Municipal de Educação. Isto poderia justificar a não utilização deste recurso, haja

vista muitos professores considerarem difícil o trabalho com os mapas, contudo seu

papel é o de buscar suprir suas deficiências, pois o aluno não pode deixar de ter

acesso à compreensão e interação com um procedimento tão básico e essencial do

conhecimento geográfico como é a Cartografia.

Gráfico 16- Utilização de mapas

Fonte: pesquisa direta

Gráfico 17- Utilização de gráficos

Fonte: pesquisa direta

DC DEC DNC

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

DC DEC DNC

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

Page 89: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

89

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

Buscando-se verificar a aprendizagem das categorias geográficas nas séries

iniciais do município de Riacho das Almas, várias foram as abordagens teóricas e

metodológicas necessárias ao desenvolvimento do trabalho a fim de atingir os

objetivos propostos.

Um destas abordagens deu-se na aplicação de questionários aos professores

que trabalham com os alunos pesquisados, a fim de verificar qual a visão que estes

professores têm da aprendizagem de seus alunos e como também eles interagem

com a disciplina de Geografia.

A primeira conclusão a que se pode chegar é de que os professores têm

domínio das noções e conceitos geográficos, mesmo não tendo formação inicial ou

continuada específica na área. Têm conhecimento de como devem planejar e

executar seu trabalho e alguns utilizam procedimentos variados para ensinar

Geografia, o problema é que a maioria ainda se limita ao uso do livro didático,

explanação oral e observação, ou seja, são valorizados os aspectos conceituais em

detrimento dos procedimentais ou atitudinais, o que justificaria o fato de constatar-se

que há um número relevante de alunos que não entendem ou não gostam de

Geografia por estarem as aulas sendo repetitivas, mecânicas e pouco estimulantes.

Estes procedimentos não mobilizam os alunos a buscarem, indagarem,

questionarem, pois trazem o conhecimento pronto e acabado, cabendo a eles a

tarefa de apenas ler e responder questões.

Sabe-se que atualmente as tecnologias estão acessíveis a todas as classes

sociais. O debate em torno dos rumos da educação está se intensificando

rapidamente e, nele, o principal foco de discussão está sobre as tecnologias na

educação e sua correta utilização nas escolas.

O avanço incontestável das tecnologias da informação tornando o mundo

uma aldeia global conectada por vários meios, principalmente, pela rede mundial de

computadores, a Internet e um intenso processo de informatização das mídias,

propicia o surgimento de novas linguagens comunicacionais, diferentes mecanismos

de informação digital, o armazenamento das informações e - claro - novas

possibilidades de educação. Cabe então uma reflexão: estes procedimentos

utilizados pelos professores não estariam ultrapassados? O professor agindo assim

compete com instrumentos que possibilitam ao aluno interagir com o conhecimento

Page 90: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

90

de forma mais dinâmica e inovadora. Como quer o professor que o aluno prefira sua

aula? Não está na hora de acompanhar os avanços tecnológicos e introduzi-los

como recursos pedagógicos na sala de aula?

No município de Riacho das Almas, todas as escolas têm computadores

acessíveis ao aluno. Nas escolas rurais, são laboratórios com cinco computadores;

embora não possuam internet, seu uso restrinja-se aos softwares, e a utilização dos

mesmos não foi incorporada à prática pedagógica do professor. Se o professor

perceber o potencial do computador, meio caminho está andado para fazer dele uma

ferramenta pedagógica em sala de aula.

Contudo, o uso inteligente de um instrumento dessa natureza requer

mudanças no currículo que, por sua vez, vão acarretar mudanças na organização da

escola e da sala de aula. No campo das práticas pedagógicas e educacionais,

emerge, assim, a necessidade da construção de currículos de caráter globalizado,

interdisciplinar e continuado.

Tradicionalmente organizado em disciplinas rígidas e seriado, de modo

hierárquico, o currículo ora trabalhado, não é compatível à aprendizagem que a rede

mundial de computadores viabiliza. É preciso repensá-lo não apenas no plano da

proposta ou projeto curricular, como no plano do ensino e da aprendizagem, também

chamado de currículo em ação.

É tarefa, portanto da Secretaria Municipal de Educação levantar esta

discussão e propiciar aos seus educadores a formação adequada para que realizem

tal transformação.

A segunda conclusão é de que ao contrário do que se difunde, os professores

das séries iniciais estão trabalhando a disciplina de Geografia regularmente, sendo,

contudo, as aprendizagens ainda insuficientes para se atingir um padrão de

qualidade. Então, o problema não está no número de aulas, mas na forma como

estas aulas estão sendo trabalhadas, ou seja, os procedimentos de ensino. A escola

está conteudista e o aluno é cidadão do mundo através do uso das tecnologias.

Quanto à aprendizagem dos alunos sobre as categorias geográficas nas

séries iniciais, o que se pode afirmar a partir dos resultados desta pesquisa é de que

a aprendizagem acontece de forma insatisfatória, pois na maioria dos conteúdos os

alunos estão com desempenho em construção. Isto ocorre mais especificamente

nas 3ª e 4ª séries, ou seja, à medida que a complexidade dos conteúdos se

apresenta, o aluno tem mais dificuldades, o que prova que ele não está evoluindo

Page 91: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

91

como deveria. Contudo, os alunos dão importância a esta área do conhecimento e

sua maioria está motivada para aprender.

Considera-se que a metodologia da PEADS é a que mais favorece o trabalho

do professor com a disciplina, pois os procedimentos de pesquisa, entrevistas,

seminários, entre outros que são utilizados nesta metodologia, oferecerem mais

possibilidades de interação do aluno com o lugar de vivência, cabendo ao professor

ampliar as escalas para que o mesmo possa ampliar sua visão de mundo e interagir

com o espaço geográfico.

Há, portanto que se destacar que as diferentes formas de abordagem dos

conteúdos propostos pelas diferentes metodologias vivenciadas nas escolas da rede

municipal refletem nos resultados apresentados pelos alunos quanto à verificação da

aprendizagem das categorias geográficas. Não se deve classificar em melhor ou pior

esta ou aquela metodologia, mas é certo que as metodologias que utilizam

procedimentos variados, que não fazem do livro didático seu único recurso e que

apresentam aulas mais inovadoras conseguem se aproximar mais do nível desejado

de aprendizagem que se espera do aluno.

Em síntese, o que se espera como contribuição deste trabalho é que todos

envolvidos no processo educativo percebam-se como agentes responsáveis pela

transformação e superação do quadro que se apresentou. Esta superação poderá se

dar a partir das seguintes sugestões/ações:

1- Por parte da Secretaria Municipal: efetivamente investir-se em

formação continuada na área de Geografia e em novas tecnologias, como política

pública, capaz de sensibilizar seus professores das séries iniciais para a

necessidade de mudança de postura diante dos recursos pedagógicos e

procedimentos metodológicos que utilizam em suas salas de aula; esta formação iria

subsidiar os professores de fundamentos teóricos sobre as categorias geográficas a

partir do estudo dos documentos que utiliza para elaborar seu planejamento sejam

eles os PCNs ou não. O importante é que o professor esteja preparado para fazer

sua opção teórico-metodológica e colocá-la em prática transformando assim esta

realidade.

2- Por parte dos professores: efetivamente utilizarem os conhecimentos

adquiridos ao longo de sua formação e experiência para interagir com um currículo

mais vivo, ativo e que tenha significado para o aluno. Posicionar-se diante das

carências seja de formação ou de disponibilização de recursos didático-pedagógicos

Page 92: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

92

e utilizar melhor aqueles que eles de que já dispõem, como os laboratórios de

informática, por exemplo, deixando de lado procedimentos metodológicos que não

motivam o aluno a aprender. Muitas vezes, a escola dispõe de tecnologias,

bibliotecas e outros recursos que o professor ou desconhece que exista ou faz a

opção de não utilizar, ficando limitado ao uso do livro didático.

3- É necessária também uma reflexão por parte de todos os envolvidos,

sobre os programas e metodologias trabalhadas no município. Sabe-se ser

justificável a diversificação das mesmas para que se possa dar o atendimento

especializado. Por exemplo, o trabalho com turmas multisseriadas não pode ser o

mesmo com as turmas que não o são. É primordial, todavia, refletir-se sobre em que

pontos estas metodologias poderiam ser contextualizadas numa única linha

pedagógica, referenciada nos princípios de participação, colaboração e valorização

dos alunos e de seus educadores.

Page 93: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

93

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Page 96: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

96

APÊNDICES- QUESTIONÁRIOS E QUADROS DE ANÁLISE

APÊNDICE A

Questões gerais sobre o ensino de Geografia

1- Nome: _________________________________________________

2- Escola:__________________________________________________

3- Série:___________________________________________________

4- Idade:__________________________________________________

5- Considera a Geografia uma disciplina importante para sua formação escolar?

( a ) sim

( b ) não

6- Para você a Geografia é uma disciplina:

( a)chata e de difícil entendimento

( b)fácil pois faz parte do nosso dia a dia

7- Em sua opinião que tratamento seu professor dá aos conteúdos de Geografia

na sala de aula?

(a ) dá muita importância e cumpre com as aulas reservadas para a disciplina

(b )dá aulas interessantes mas não trabalha a disciplina com muita freqüência

(c) quase não trabalha a disciplina

8- Para você a Geografia serve para:

( a )aprender nomes de lugares, rios, serras, etc. através da memorização.

( b ) localizar lugares, paisagens através da leitura e interpretação de mapas.

( c )conhecer a organização do espaço geográfico e o funcionamento da natureza

através da interação, construção e produção do território, da paisagem e do lugar.

Page 97: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

97

9- Para você quais os procedimentos ou materiais utilizados pelo professor para

ensinar Geografia que facilitam o aprendizado?

a )observação

( b )aula de campo

( c )explanação oral

( d )livro didático

( e )leitura de imagem

( f )descrição

( g )experimentação

( h )relatos

APÊNDICE B

Questões específicas da área de Geografia para a 1ª série

1- As moradias são iguais?

( a ) sim

( b ) não

2- Em que tipo de moradia você habita?

a) casa

b) oca

c) prédio

d) sobrado

3- De que materiais é feita sua moradia?

a) tijolos

b) palha

c) madeira

Page 98: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

98

d) papelão

4- Que tipo de moradia predominava no Brasil há cerca de 40 anos?

a) ocas

b) prédios

c) casas e sobrados

5- Que tipo de moradias não existe no lugar em que você vive? Pode marcar

mais de uma opção.

(a ) prédios de apartamentos

(b ) casas de madeira

(c ) barracos de favelas

(d ) casas de alvenaria

(e ) ocas

6- Como se chama o lugar próprio para estudar?

a) casa

b) escola

c) hospitais

7- Todas as escolas são iguais?

( a ) sim

( b ) não

8- Assinale as alternativas que correspondem aos direitos relativos dos cidadãos

quanto à educação:

(a) ter vagas para freqüentar a escola dos 7 aos 14 anos no mínimo

(b) receber educação escolar em condições de igualdade e oportunidades

(c) desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade

social e moral

Page 99: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

99

(d) estudar em classe especial para não conviver com crianças que não apresentem

necessidades especiais.

9- As ruas são vias públicas onde circulam muitas pessoas diariamente, por isso

para localizá-las precisamos saber:

a) O CEP da rua

b) O nome da rua

c) O número da rua

10- Para localizarmos a casa de alguém ou um estabelecimento comercial

precisamos do endereço. Para facilitar esta tarefa é indispensável além do nome da

rua saber também:

a) número da rua

b) número da casa

c) nome do bairro

d) CEP do bairro

11- Uma rua comercial possui essencialmente (podem ser marcadas mais de uma

opção):

a) casas

b) lojas

c) cinemas

d) escolas

12- As ruas deveriam ser (podem ser marcadas mais de uma opção):

a) pavimentadas

b) arborizadas

c) iluminadas

d) limpas

Page 100: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

100

e) ter animais transitando

f) estreitas

g) de mão dupla

h) sem saída

i) sem sinalização

13- A rua é(podem ser marcadas mais de uma opção):

a) espaço público de convivência

b) espaço privado das pessoas

c) espaço de circulação de veículos e pessoas

d) local de manifestações políticas e culturais

14- Mesmo sendo espaço onde todos circulam e convivem existem regras para

tornar esta convivência melhor. Marque as alternativas que representam estas

regras:

a) Não jogar lixo na rua

b) Obedecer à sinalização

c) Não produzir poluição sonora

d) Não estacionar em local impróprio

e) Estacionar nas calçadas

f) Pedalar nas calçadas

APÊNDICE C

Questões específicas da área de Geografia para a 2ª série

1- O bairro é parte de:

( )uma cidade

( )um estado

Page 101: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

101

( )um país

( )um continente

2- Um bairro é composto de:

( )lojas

( )escolas

( )rios

( )ruas

( )praças

( )pontes

( )igrejas

( )casas

( )estradas

( )prédios

3- Os serviços de coleta e tratamento de esgoto, água tratada e encanada,

bibliotecas e teatros, policiamento são serviços:

( )públicos ( )privados

4- Os bairros podem ser: comerciais, residenciais e industriais. Em que tipo de

bairro prevalece estas atividades:

Supermercados, padarias, lojas, quitandas.

(a)comercial (b)residencial (c)industrial

5- A manutenção dos serviços públicos depende do pagamento de impostos e

taxas. Quem paga estes impostos?

( ) a população

( )os governantes

6- Qual o nome do seu município?__________________________

7- Quem governa o município?

( )o presidente

( )o governador

( )o prefeito

Page 102: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

102

( )o vereador

8- O município é uma parte:

( )do país

( )do estado

( )do bairro

( )da cidade

9- Assinale a afirmativa correta:

( )O município é formado exclusivamente pela área urbana;

( )O município é formado pela área urbana e pela área rural.

10- Indique os elementos próprios da área urbana:

( )cidade

( )chácaras

( )bairros

( )concentração de muitas casas

( )indústrias

( )plantações

11- No espaço rural quais os principais problemas enfrentados pela população?

Tenha como base a realidade de nosso município.

( )falta de emprego

( )inundações

( )fatores climáticos desfavoráveis

( )má distribuição de terras

( )queimadas

( ) poluição de indústrias

12- Assinale um X no mapa que representa o seu município:

Page 103: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

103

APÊNDICE D

Questões específicas da área de Geografia da 3ª série

1- Das palavras abaixo qual você associa à expressão espaço urbano?

a) Campo

b) Vegetação

c) Plantações

d) Rural

e) Cidade

2- Você concorda que muitos elementos do espaço rural também estão

presentes no espaço urbano? _________________________________

3- E o contrário também pode acontecer? ________________________

4- Existem diferenças entre os lugares que compõem o espaço urbano?

_____________________________

5- A metrópole é um lugar que faz parte do espaço urbano ou

rural?________________________________________

Page 104: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

104

6- Toda cidade ou lugar tem uma função, isto é uma atividade econômica que se

destaca. Qual a função do lugar onde você mora:

( )turística

( )comercial

( )agrícola

( )industrial

7- As atividades econômicas estão agrupadas em setores. Em que setor se

enquadra a atividade econômica do lugar onde você vive?

( ) primário ( )secundário ( )terciário

8- Nos últimos sessenta anos houve um êxodo (saída) das pessoas do campo

para a cidade. Por que motivo isto ocorreu?

( )por vontade de viver em um lugar diferente

( )pelo desenvolvimento da indústria que favoreceu a oferta de emprego nas

cidades

( )por que o campo não é um bom lugar para viver

9- Que problemas ambientais são próprios do espaço urbano:

( ) lixo

( )poluição do ar

( )poluição da água

( )esgotos

( )agrotóxico

( )queimadas

Page 105: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

105

10- A forma de organização do espaço urbano é a mesma que do espaço rural?

_______________________

11- No espaço rural quais os principais problemas enfrentados pela população?

Tenha como base a realidade de nosso município.

( )oferta de trabalho escassa

( )inundações

( )fatores climáticos desfavoráveis

( )má distribuição de terras

( )queimadas

( )muita poluição das indústrias

12- Marque com um x os meios de transporte encontrados no espaço rural:

( )helicóptero

( )trator

( )avião

( )ônibus

( )metrô

( )carroça

( )carros de passeio

( )bicicleta

13- Quais os meios de comunicação mais utilizados hoje tanto nas áreas urbanas

como nas áreas rurais? Marque apenas três.

( )telefone móvel

( )internet

( )televisão

( )rádio

Page 106: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

106

( )carta

( )fax

( )telegrama

14- Dos meios de comunicação citados na questão anterior, qual em sua opinião

está sendo menos utilizado? ______________________________________

15- Apesar da evolução dos meios de comunicação e facilidade de acesso,

podemos dizer que todos estes meios estão disponíveis para toda população

independente de seu poder aquisitivo, ou seja, para todas as classes sociais, sejam

ricos ou pobres?____________________________________________________

16- Que meios de comunicação você ou sua família utilizam com freqüência?

a) Internet

b) Telefone móvel

c) Telefone fixo

d) Rádio

e) Televisão

f) Carta

g) Fax

h) telegrama

APÊNDICE E

Questões específicas da área de Geografia para 4ª série

1- O Brasil está localizado em que continente?

( )africano

( )europeu

( )americano

( )asiático

2- Em relação aos hemisférios, onde se localizam as terras do Brasil?

( )hemisfério norte

Page 107: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

107

( )hemisfério sul

3- Assinale os países que não fazem fronteira com o Brasil:

( )Bolívia

( )Paraguai

( )Uruguai

( )Chile

( )Equador

( )Argentina

4- Observe o planisfério abaixo e responda:

A- O Brasil fica a leste ou oeste do ponto A? ________________________

B- Qual oceano banha o território brasileiro? ___________________

C- Imagine que um navio está na seguinte coordenada geográfica: paralelo o° e

meridiano 120° leste. Em que oceano ele está navegando?________________

Page 108: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

108

5- Observe o mapa abaixo e responda:

A) Que formas de relevo predominam no território

brasileiro?___________________________________________

B) Em que parte do Brasil predomina as depressões?

_______________________________________________________

C) Que forma de relevo predomina no estado que você mora?

_______________________________________________________

6- Observe, no gráfico, a evolução da população urbana e da população rural

no Brasil.

Page 109: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

109

A) A partir de que período a população brasileira passa a ser

predominantemente urbana?____________________________________________

B) Por que isso ocorreu?___________________________________

C) Você faz parte da população rural ou da população

urbana?___________________________________________________

APÊNDICE F

Questionário do professor

1- Nome: _______________________________________________

2- Formação:

( )magistério/normal médio

( ) licenciatura em _______________________________________

( )especialização em ______________________________________

3- Experiência profissional (anos em efetivo exercício no magistério nas séries

iniciais):

( ) até 5 anos

( ) 5 a 10 anos

Page 110: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

110

( ) 10 a 15 anos

( ) mais de 15 anos

4- Formação continuada:

4.1.- Nos últimos dois anos quantas horas de cursos de formação continuada

(reciclagem, extensão) acumulou?_____________________.

4.1.2- Destas, quantas foram dedicadas a cursos que tratavam sobre o Ensino de

Geografia? _________________

5- Nome da Escola que atua: ______________________________

6- Localidade:___________________________________________

7- Classe regular ou multisseriadas?_____________________

8- Série ou séries com que trabalha: _____________________

9- Quantas horas (aulas semanais) são destinadas para a disciplina de

Geografia em sua sala de aula?

( )2 horas aulas

( )3 horas aulas

( )4 horas aulas

( )5 horas aulas

10- Com que freqüência você utiliza os procedimentos abaixo para ministrar suas

aulas de geografia?

Procedimentos Sempre Quase sempre Às vezes Nunca

Observação

Descrição

Experimentação

Exposição oral

Seminários

Relatos

Entrevistas

Aula de campo

Livro didático

Leitura de imagem

11- Você acredita que a Geografia possa ser trabalhada de uma forma

Interdisciplinar? Sim ou não? Se sua resposta for afirmativa relate uma experiência:

Page 111: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

111

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

12- Quanto às categorias geográficas lugar, paisagem, território e espaço,

segundo sua prática pedagógica quanto à seleção de conteúdos, em que séries

devem ser abordadas as categorias citadas?

CATEGORIAS 1ª SÉRIE 2ª SÉRIE 3ª SÉRIE 4ª SÉRIE

LUGAR

PAISAGEM

TERRITÓRIO

ESPAÇO

13- Quanto às formas de abordagem dos espaços a partir das escalas local,

regional, nacional e global qual sua percepção?

MARQUE APENAS UMA RESPOSTA

( ) deve-se trabalhar hierarquicamente do nível local ao global

( ) deve-se partir do contexto global até chegar ao contexto local

( )é mais recomendável fazer sempre a relação entre as duas escalas (local e

global) considerando que o aluno interage com várias realidades já nas séries

iniciais

( ) deve-se sempre partir da abordagem feita no livro didático da mesma ordem em

que os conteúdos são apresentados.

14- Qual o objeto de estudo da geografia?

( )espaço geográfico

( )região

( ) terra

( ) paisagem

( )território

Page 112: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

112

15- Assinale o percentual de alunos que dominam de forma satisfatória os

conteúdos trabalhados na perspectiva de atingir os seguintes objetivos:

Objetivos Menos de

50%

Mais de

50%

Não trabalhado

na série ou turma

- Conhecer o espaço geográfico e o

funcionamento da natureza em suas

múltiplas reações, de modo a

compreender o papel das sociedades

em sua construção e na produção do

território, da paisagem e do lugar.

-Identificar e avaliar as ações dos

homens em sociedade e suas

conseqüências em diferentes espaços e

tempos, de modo a construir

referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e interativa nas

questões sócio-ambiental local.

- Compreender a espacialidade e

temporalidade dos fenômenos

geográficos estudados em suas

dinâmicas e interações.

- Compreender que as melhorias nas

condições de vida, os direitos, os

avanços técnicos e tecnológicos e as

transformações sócio-culturais são

conquistas decorrentes de conflitos e

acordos, que ainda não são usufruídas

por todos os seres humanos e, dentro

de suas possibilidades, empenhar-se

em democratizá-las.

- Fazer leituras de imagens, de dados e

de documentos de diferentes fontes de

Page 113: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

113

informação, de modo a interpretar,

analisar e relacionar informações sobre

o espaço geográfico e as diferentes

paisagens.

- Valorizar o patrimônio sócio-cultural e

respeitar a sócio-diversidade,

reconhecendo-a como um direito dos

povos e indivíduos e um elemento de

fortalecimento da democracia.

APÊNDICE G

Escolas Pesquisadas

Escola Série Metodologia Nº de alunos

Santos Cardoso 1ª PCN 24

2ª 09

José Ferreira 1ª PEADS 08

José Joaquim de Lima 2ª PEADS 13

3ª 28

Luiz Francisco 1ª PCN 15

2ª 16

3ª 25

Mário da Mota 1ª PCN 14

2ª 18

José Soares 3ª PEADS 10

4ª 09

Manoel Tavares 3ª ATIVA 11

4ª 09

Antonio Santos 3ª PEADS 06

Joaquim Ferreira de Lima 3ª ATIVA 08

4ª 06

TOTAL DE ALUNOS POR SÉRIE

1ª- 61 2ª- 56 3ª- 88 4ª- 24

TOTAL DE ALUNOS POR ESCOLA

Santos Cardoso 33

José Ferreira 08

José Joaquim de Lima 41

Luiz Francisco 56

Mário da Mota 32

Page 114: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

114

José Soares 19

Manoel Tavares 20

Antonio Santos 06

Joaquim Ferreira de Lima 14

TOTAL DE ALUNOS POR METODOLOGIA

PEADS 74

ESCOLA ATIVA 34

PCNs 121

TOTAL DE ALUNOS PESQUISADOS

229 ALUNOS

APÊNDICE H

Quadro de análise sobre o ensino de Geografia

Escola: __________________________________________________________

Nº de alunos:

1ª série: ______________

2ª série: ______________

3ª série: ______________

4ª série: ______________

Aspectos analisados

%

%

%

%

Importância da

geografia

É importante

Não e importante

Contextualizaçã

o da geografia

Chata e de difícil entendimento

Fácil, pois faz parte do nosso

dia a dia

Interessante, porém sem muita

importância para meu

Page 115: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

115

crescimento como aluno

Tratamento do

professor à

disciplina

Dá muita importância e cumpre

com as aulas reservadas para a

disciplina

Dá aulas interessantes, mas

não trabalha a disciplina com

muita freqüência

Faz anotações no quadro, lê os

textos e passa exercícios sem

fazer debates ou aulas de

campo

Quase não trabalha a disciplina

Outra resposta

Função da

geografia

Aprender nomes de lugares,

rios, serras, etc. através da

memorização.

Localizar lugares, paisagens

através da leitura e

interpretação de mapas.

Conhecer a organização do

espaço geográfico e o

funcionamento da natureza

através da interação,

construção e produção do

território, da paisagem e do

lugar.

Observação

Aula de campo

Explanação oral

Page 116: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

116

Procedimentos

que o professor

utiliza

Livro didático

Leitura de imagem

Descrição

Experimentação

Relatos

Entrevistas

Seminários

Page 117: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

117

APÊNDICE I Quadro de análise sobre área específica da 1ª série

OBJETIVOS CONTEÚDOS DC % DEC % DNC %

1- Comparar os

diversos tipos de

moradia

1.1-Conceito de

moradia

1.2-Materiais das

moradias

1.3-Tipos de

moradia

2- Discutir sobre a

importância da escola

bem como as

funções dos

profissionais que a

compõem

2.1-Escola

3- Identificar a rua

como um espaço

coletivo de trabalho e

lazer para todos.

3.1-Rua

3.2-Tipos de ruas

APÊNDICE J

Quadro de análise sobre área específica da 2ª série

OBJETIVOS CONTEÚDOS DC % DEC % DNC %

1-Conceituar

bairro e classificar

os bairros de

acordo com as

atividades nele

desenvolvidas

1.1-Conceito de bairro 21

1.2-Tipos de bairro 46

2- Identificar os

serviços públicos

dos bairros e da

cidade

2.1- Serviços públicos 12

Page 118: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

118

6- Conceituar

município e

apontar as

modificações

ocorridas ao longo

do tempo

6.1- Município 34

7-Relacionar os

elementos próprios

do espaço urbano

e do espaço rural

7.1- Espaços urbano e

rural

45

APÊNDICE K

Quadro de análise sobre área específica da 3ª série

OBJETIVOS CONTEÚDOS DC % DEC % DNC %

1-Evidenciar os elementos que caracterizam as paisagens

1.1-Conceito de paisagem

1.2-Tipos de paisagem

2-Identificar a evolução dos meios de transporte para suprir as necessidades da sociedade.

2.1-Meios de transporte

3- Reconhecer a importância da comunicação na vida em sociedade e sua evolução tecnológica ao longo do tempo

3.1- Meios de comunicação

APÊNDICE L

Quadro de análise sobre área específica da 4ª série

OBJETIVOS CONTEÚDOS DC % DEC % DNC %

1- conceituar território através da análise das fronteiras brasileiras

1.1-Conceito de território

21 10 42 09 37

Page 119: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

119

2-Localizar o Brasil no continente americano e identificar suas coordenadas

2.1-Localização do território brasileiro

33 11 46 05 21

2.2-Coordenadas Geográficas

4 14 59 09 37

4.2- relevo 4 14 59 09 37

5- Tomar conhecimento de como se formou a população brasileira e a sua distribuição pelo território.

5.1- População 42 13 54 01 4

APÊNDICE M

Quadro analítico do professor

Número de professores pesquisados: _____________________

Aspectos Categorias Respostas

Formação

Magistério/

Normal médio

Licenciatura

Especialização

Experiência

profissional

Até 5 anos

5 a 10 anos

10 a 15 anos

Mais de 15 anos

Formação

continuada

(horas de

cursos nos

últimos dois

anos)

Até 40 horas

+ de 40 horas

Nenhuma

Até 20%

+ de 20%

Classe com

que trabalha

Regular

Multisseriadas

Horas aulas 2 horas

Page 120: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

120

semanais para

trabalhar

geografia

3 horas

4 horas

5 horas

Procedimentos

metodológicos

utilizados

Sempre Qua

se

sem

pre

As vezes

Observação

Descrição

Experimentação

Exposição oral

Seminários

Relatos

Entrevistas

Aula de campo

Livro didático

Leitura de imagens

Outros

Trabalha com

a

interdisciplinari

dade na

geografia

Sim % Não %

Abordagem

das categorias

geográficas

nas séries

iniciais

Categorias 1ª 2ª 3ª 4ª

Lugar

Paisagem

Território

Espaço

Do nível local ao global

Do contexto global até o local

Page 121: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

121

Abordagem

das escalas

espaciais

Fazer relação entre as duas escalas (local e

global)

Parte da abordagem feita no livro didático

da mesma ordem em que os conteúdos são

apresentados.

Objeto de

estudo da

geografia

Espaço geográfico

Região

Terra

Paisagem

Território

Percentual de

alunos que

dominam os

conteúdos

trabalhados

Conteúdos / objetivos Mai

s de

50%

Meno

s de

50%

o

tra

bal

ha

do

Conhecer o espaço geográfico e o

funcionamento da natureza em suas

múltiplas reações, de modo a compreender

o papel das sociedades em sua construção

e na produção do território, da paisagem e

do lugar

Identificar e avaliar as ações dos homens

em sociedade e suas conseqüências em

diferentes espaços e tempos, de modo a

construir referenciais que possibilitem uma

participação propositiva e interativa nas

questões sócio-ambientais e locais.

Compreender a espacialidade e

temporalidade dos fenômenos geográficos

estudados em suas dinâmicas e interações.

Compreender que as melhorias nas

condições de vida, os direitos, os avanços

Page 122: O ensino-aprendizagem das categorias geográficas nas séries ...

122

técnicos e tecnológicos e as transformações

sócio-culturais são conquistas decorrentes

de conflitos e acordos, que ainda não são

usufruídas por todos os seres humanos e,

dentro de suas possibilidades, empenhar-se

em democratizá-las.

Fazer leituras de imagens, de dados e de

documentos de diferentes fontes de

informação, de modo a interpretar, analisar

e relacionar informações sobre o espaço

geográfico e as diferentes paisagens.

Valorizar o patrimônio sócio-cultural e

respeitar a sócio-diversidade,

reconhecendo-a como um direito dos povos

e indivíduos e um elemento de

fortalecimento da democracia.