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O ENSINO DA LITERATURA PARA A AÇÕES TRANSFORMADORAS

Jussara Teresinha Henn1

Valdeci B. de Melo Oliveira²

RESUMO

"... e em cada país permanece uma matriz da História, e essa matriz dominante marca a consciência coletiva de cada sociedade." Marc Ferro, 1981

Pode a literatura contribuir para a mudança de alguns comportamentos anti-

sociais presentes no cotidiano da escola? Pode sim, desde que com ela possamos

investigar atitudes e comportamentos que parecem habituais e naturais tais como a

agressividade, a grosseria, a rispidez, o desinteresse, a falta de solidariedade de

responsabilidade e de companheirismo, vindos por parte não só dos alunos, como

constructos históricos da sociedade da mercadoria. Se são produtos históricos,

então não são naturais; são os resíduos indesejáveis da desumanização e

aviltamento do humano em prol da mercadoria. Inverter esta desumanização é

tarefa hercúlea, principalmente porque as pessoas tomam a aparência por essência¹

e o resultado pela causa e, nós mesmos, como professores, julgamos natural o que

foi totalmente desnaturado. Por isso este trabalho tem a preocupação de explicar as

relações sociais a partir das bases materiais, apontando a historicidade do fato

social e do fato econômico sobre ás práticas pedagógicas e as políticas formuladas

para a Educação Básica. Sem desconsiderar estes elementos julgamos que a

literatura pode-nos ajudar a desenvolver a consciência crítica capaz de levar-nos a

perceber que a prática capitalista oculta as contradições da vida social, naturaliza as

diferenças, mantém e afirma a realidade hegemônica. Por outro lado Brecht nos

¹Graduado em Letras pela FECIVEL – Cascavel e Psicologia pela UNIPAR - Cascavel e Pós em Língua Portuguesa pela FAFIPAR – Paranaguá e Pós em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Iguaçu - Capanema Pós-Graduando em Adolescente em Conflito com a Lei pela UNIPAN – Anhanguera – Cascavel/Pr. ². Professora da Unioeste, Diretora de Extensão e Cultura da Pró-Reitoria de Extensão da Unioeste. Graduada em

Letras pela UEM. Especialista em Literatura Trivial pela USP, Mestre em Teoria Literária pela UNICAMP e

Doutora em Letras pela USP.

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convida a perceber que ―nada deve parecer natural, nada deve parecer impossível

de mudar, pensar‖².

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do

Paraná (2008) a literatura proporciona momentos de debates, reflexões sobre a obra

lida, possibilitando ao leitor ampliação de seus horizontes de expectativas, e

conhecimentos para uma reflexão e tomada de consciência. Este artigo tem como

objetivo encontrar condições de possibilidades para propor estudos de literaturas

que auxiliem aos professores a refletirem sobre a prática pedagógica visando o

desenvolvimento da cidadania nos sujeitos. Outro propósito é encontrar as

identidades na perspectiva de que o sujeito exerça seu direito à cidadania e

estabeleça relações de cordialidade e de reciprocidade na sociedade em que vive,

de forma crítica, consciente e participativa, tornando-se um agente de transformação

sem estar desvinculado do processo educativo, pois segundo Vygotsky(1987), a

importância sociocultural do processo de ensino aprendizagem deve ser

particularizada de acordo com a realidade e a necessidade em que o sujeito está

inserido. Nessa concepção, o conhecimento adquirido por meio de um amplo

processo de interação social, de aquisição de novas informações, habilidades,

atitudes e valores, a partir do sujeito com outras pessoas, é fator determinante para

que ocorra a aprendizagem.

O trabalho de pesquisa tem por objeto leis, literatura, leitura e reflexão em

busca da prevenção, que são formas de garantir que a escola cumpra com o seu

papel de formadora de cidadãos, convida a escola à abandonar a prática de ―discutir

no vazio‖ sem um embasamento teórico que possa, de forma concreta, permear

suas ações, considerando a realidade social, pois, como diz Paulo Freire:

Nenhum fato ou fenômeno se justifica por si mesmo, isolado do contexto social

onde é gerado e se desenvolve, é necessário buscar a unidade dialética que gera

um atuar e um pensar crítico sobre a realidade para transformá-la.

Freire (2001, p.89)

_________________________

1 Marx, apud KOSIK, Karel. Dialética do concreto, 4 ed. São Paulo:Paz e Terra, 1985, p.13.

1 Brecht

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Portanto, o desafio está em correlacionar os fatos com o contexto social que

o engendra, e uma das formas está no buscar temas desafiadores e vinculados à

literatura numa gama de saberes que perpassam realidades históricas

diferentes, mas que, ao mesmo tempo, parecem instigar o leitor e o pesquisador a

compreensão da história, das relações humanas e das diferenças sociais. Neste

desafio, estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema ou,

como lembra Freire (2001,p.59): ―estudar é um dever revolucionário, de

questionamentos, de incompreensões, mas que desperta para o saber, buscando

conhecer o que ainda não conhece, um estado de ansiedade para o despertar de

um novo ser.‖

Neste artigo a pesquisa bibliográfica teve como objetivo o desiderato de

aprender um pouco mais sobre o adolescente, sua existência e a violência2 que

permeia suas relações e o seu estar no mundo, bem como as injustiças vivenciadas

por Instituições que apregoam cuidados e enlaces que se apresentam

fragmentados. Segundo Sartre (1997), a violência pode ser imposta da forma mais

desumana possível: desde a falta de alimentos à violência doméstica e outras como

vícios e roubos que, de certa forma, irão gerar no adolescente uma reação de

afrontamento involuntário em relação ao outro, culminada pelo meio em que está

inserido, pois é comum deparar-se com a luta pela sobrevivência, com a miséria,

com a fragilidade nas relações, com uma sociedade excludente que afasta de uma

grande maioria a condição de cidadãos de direitos. Conceitualmente,

(...)há violência3 quando, em uma situação de interação, um ou vários

atores agem de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando

2 Violência vem do latim violentia, que significa violência, caráter violento ou bravio, força. O verbo

violare significa trotar com violência, profanar, transgredir. Tais termos devem ser referidos a vis, que quer dizer, força. 3 Para os especialistas o conceito de violência é muito mais amplo e ambíguo. Mas, segundo o

Dicionário Houaiss, violência é a ―ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força‖. No aspecto jurídico, o mesmo dicionário define o termo como o ―constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação‖. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como ―a imposição de um grau significativo de dor e sofrimento evitáveis‖. Mas os especialistas afirmam que o conceito é muito mais amplo e ambíguo do que essa mera constatação de que a violência é a imposição de dor, a agressão cometida por uma pessoa contra outra; mesmo porque, a dor é um conceito muito difícil de ser definido. Para todos os efeitos, guerra, fome, tortura, assassinato, preconceito... a violência se manifesta de várias maneiras. Na comunidade internacional de direitos humanos, a violência é compreendida como todas as violações dos direitos civis (vida, propriedade, liberdade de ir e vir, de consciência e de culto); políticos (direito a votar e a ser votado, ter participação política); sociais (habitação, saúde, educação, segurança); econômicos (emprego e salário) e culturais (direito de manter e manifestar sua própria cultura).

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danos a uma ou a mais pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e culturais. (MICHAUD, 1989, p.79).

Este estudo também está focado nos pressupostos filosóficos de Jean Paul

Sartre e tece um paralelo com as obras: Saint Genet – Ator e Mártir (Sartre), O

Cobrador, de Rubem Fonseca e Capitães de Areia, de Jorge Amado, os quais

explicitam de forma muito clara o conceito de liberdade para o próprio Sartre,

liberdade esta, sempre relacionada e com limites, uma vez que o homem é o único

que pode transformar sua realidade por meio de suas escolhas.

PALAVRAS – CHAVES: Adolescência, Existência, Comportamento.

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DESCRIÇÃO DO PROJETO

TEMA: Do contexto literário para o contexto escolar: Reflexão e Ação.

PROBLEMA: Quais as possíveis contribuições da literatura para prevenir

comportamentos conflituosos que podem interferir no processo de ensino e

aprendizagem?

OBJETIVO: Analisar, junto aos professores, a partir de obras literárias, o processo

de ensino e aprendizagem – hoje permeados por conflitos gerados socialmente –,

contextualizá-los e, através deste estudo, refletir e buscar possíveis soluções para

ressignificar este processo, e fazer com que os alunos possam participar da

sociedade com vistas à inserção cidadã.

APORTE TEÓRICO E METODOLÓGICO:

Segundo o existencialista Jean Paul Sartre (1997), é possível que uma

criança que viva numa família em que existam práticas não aceitas socialmente, tais

como: consumo ou tráfico de drogas, violência doméstica e outras formas de desvios

e criminalidade, possa tornar-se uma pessoa diferente do que o ambiente que a

cerca. Sartre usa o método biográfico como maneira de compreender o indivíduo e

seus movimentos no mundo. Ele utiliza, para construção de seu método biográfico, a

vida de autores – destaque-se, aqui, a obra biográfica de Saint Genet, na qual Sartre

aborda as relações entre a comunidade, o tempo histórico e o personagem para

poder relacionar com o contexto cultural e social. Sartre acredita que estes

fenômenos, trabalhados em conjunto, possam determinar de que forma o sujeito

apropriou-se disso, totalizando seu ser.

É necessário entender o que para Sartre significa a concepção de homem.

Sua concepção está pautada na história e dialética do indivíduo, ou seja, ao estudar

o homem ele considera vários fatores para compreendê-lo, como sua história

individual, características familiares, sociais, a época, a cultura; tudo isso sabendo

que este indivíduo se fez e continuará se fazendo nestas relações. Sendo assim

todos estes fatores completam a história deste sujeito; já a dialética concentra-se na

ação humana.

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Para melhor entender Sartre: quando em sua literatura ele confirma que o

indivíduo tem, sim, chances de ser diferente, podemos então, a partir da seguinte

frase do autor: ―o homem sempre faz alguma coisa daquilo que fizeram dele‖, refletir

a respeito do que o sujeito faz em direção ao seu aqui e agora, ao seu presente, o

lançar-se e sua possibilidade de ser e de futuro, o que ele consegue transcender, é

o que Sartre chama de projeto de ser . (SARTRE, 1952).

Portanto quando Sartre escreveu a obra sobre Jean Genet, nascido em

1910, abandonado por sua mãe e criado em orfanatos até ser adotado por uma

família camponesa, na qual se sentiu sem identidade, pois não conhecia suas

raízes, assim ele o conhecia como bem queria. Com o decorrer de sua vida, Sartre

coloca que Genet, a partir da reflexão da sua vida, acaba conceituando-se como

destinado a ser, como se estivesse destinado a ser ladrão. Mas, segundo o

existencialismo, isso não ―existe‖, pois fazemos escolhas, como é o caso de Genet,

que escolheu a exclusão como possibilidade de ser.

Sartre comenta que Genet foi um sujeito livre que se tornou alienado pela

situação social e cultural pela qual estava cercado, e continuou a optar por um ser

no mundo alienado e passivo. No entanto, para a psicologia existencial, nenhum pau

nasce para ser torto: ele entortar-se-á de acordo com as possibilidades de futuro que

lhe forem apresentadas ou negadas. Portanto, Genet passa por mais

transformações que, segundo Sartre, revelam como ele passa a assumir o papel que

a sociedade lhe impôs e torna-se, a princípio, um objeto para o outro e, em outro

momento, torna o outro seu objeto, numa dialética de construção e, por meio dessa

concepção, continua levando sua vida. No entanto, Genet consegue reverter essa

situação e transforma-se em um grande escritor, conquista luxo e beleza e passa a

fazer parte da sociedade numa condição material, pois em sua história nunca abriu

mão de ser sujeito desse de seu próprio ser.

Genet passou por várias metamorfoses e, por não ter medo de lançar-se, foi-

se reconstruindo: seus gestos, seus desejos, suas ações se concretizam em um

nova direção, da marginalidade à intelectualidade e, mais tarde, passa a defender

todas as causas que permearam sua história desde o abandono à

homossexualidade, ou seja incorpora seu passado como sendo seu vislumbre, o

jornal de um futuro possível, com todo um devir aberto à sua frente.

Na obra Capitães da Areia: AMADO (1995) ―Crianças que, naturalmente,

devido ao desprezo dado a sua educação por pais pouco servidos de sentimentos

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cristãos, se entregaram no verdor dos anos a uma vida criminosa. São chamados de

Capitães da Areia porque o cais é seu quartel-general.‖ Capitães da Areia retrata a

história de um grupo de crianças órfãs que viviam nas ruas da Bahia. Viviam num

trapiche abandonado, perto da praia e ocupavam os seus dias a tentar arranjar o

que comer ou o que vestir, tendo muitas vezes que roubar para o conseguir. A

maioria dos habitantes da cidade ―rejeitava-os e os desprezava,‖ devido à fama de

ladrões e jovens conflituosos.

Apesar de terem determinadas atitudes, esses jovens eram simples

crianças, meninos, que por circunstâncias da vida foram obrigados a viver sozinhos,

a saber que cada um teria que contar com a própria sorte para sobreviver. Muitas

vezes, as suas atitudes eram justificadas pela carência de amor e afeto que tinham,

uns porque tinham sido abandonados pelas mães, outros porque nunca as tinham

conhecido. Esta impotência diante de sua história e do outro de acordo com Arendt

(1985) gera violência, o que psicologicamente é verdadeiro, pois se não há respeito

à vida e se o estigma já está cristalizado como na fala do Professor ―– Deixa de ser

besta, Bala! Tu bem sabe que do meio da gente só pode sair ladrão, só ladrão...‖

AMADO (1995, p.122). Como apresenta Angerami (1993), que ao reduzir o projeto

de escolha, consequentemente nega a possibilidade de ser levando-o ao fracasso, à

culpa naquilo que é capaz de vir a ser , ou seja, o estar no mundo limitou-se ao

fracasso e, portanto, a única forma de ser é ter o poder.

Se, porém, o projeto de realização pessoal fracassou, a violência aparece

como uma das formas de pertencer ao mundo, como forma de ser lembrado, de ser

ouvido e, de acordo com Arendt (1985), a violência nada mais é que a manifestação

do poder, do domínio, da organização, da opressão e jamais será propriedade

individual, pois a sustentação está no grupo e só existirá se o grupo estiver unido,

como se reflete no pensamento de: ―Pirulito, que tinha jurado a Deus, no seu temor,

que só furtaria para comer ou quando fosse uma coisa ordenada pelas leis do grupo,

um assalto para o qual fosse indicado por Pedro Bala. AMADO (1995, p.101) que ele

pensava que trair as leis dos capitães da areia era um pecado também.‖ Portanto,

Arendt (1985), neste sentido, relata que o individualismo passa a ser o primeiro valor

a desaparecer, em substituição à coesão grupal; portanto, o indivíduo faz um elo de

violência na grande corrente, e este só existirá na voz do grupo.

Como se percebe nas obras estudadas e no cotidiano, a força está no grupo,

e não no individual, é no grande grupo que atos violentos e comportamentos

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violentos serão manifestados. Portanto, em Capitães da Areia, as leis do grupo eram

cumpridas com rigor; caso contrário, a punição estava em outra regra: expulsão do

grupo e não mais a proteção.

Esta obra de Jorge Amado, apesar de ter mais de 50 anos, ainda parece

atual, pois se percebe que pouco foi feito para melhorar a situação de pobreza e de

abandono infantil presentes na realidade de nosso país, apesar de a Constituição de

1988, em seu artigo 5º, prever que todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza, garantindo-se, aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade e também, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), desde 1990,

vem garantir, em seu artigo 3º;

que a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais

inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata

esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as

oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,

mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

No entanto, a problematização das políticas públicas no campo da

educação, leis que assegurem direitos universais aos adolescentes existem, o que

falta é compromisso de colocá-las em prática. Segundo um dos pensamentos de

Marx ―Não é a consciência do homem que determina este ser, mas ao contrário, o

seu ser social que lhe determina a consciência‖. Portanto neste olhar é possível

numa retomada histórica, que a cultura brasileira é estamental desde a era colonial,

e nesta cultura, as classes e os estamentos se constituem através da propriedade: a

posse de propriedade está na essência da situação de classe, como também o estilo

de vida, e de direitos, muito bem marcado hoje pelo sistema capitalista. Para Weber

(2009), o estamento significa a "reivindicação eficaz da estima social" e o indivíduo

com prestígio é aquele que conseguiu obter o reconhecimento das suas qualidades

pessoais, é o que conseguiu obter a honra e a dignidade no sentido de se pensar

―numa boa sociedade‖ voltada para seu status quo. Muito distante de uma sociedade

ideal, que deveria respeitar as leis e os direitos inerentes a todo o cidadão

independente de sua cultura, credo, etnia, poder econômico, ideologia. Entretanto,

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se o estamento não está constituído num estilo de vida, mas no poder social, ou

seja, na capacidade de se impor através de um determinado estilo de vida, fica fácil

entender o porquê de tantos estigmas cristalizados, e a dificuldade de se fazer

cumprir as Leis existentes para se constituir como princípio básico, a cidadania.

Porém, esta consciência de perceber, nestes meninos, cidadãos com direito

à vida, à segurança, à escola e ao conhecimento parece perdurar por anos à fio,

sem perspectivas de formação nas principais instituições inerentes ao ser humano

como a família, a escola e a sociedade o que, segundo Sartre (1968), estes meninos

não nasceram com índole má, destinados a ser o que foram, mas tudo foi-se

construindo na sua relação com a cultura, com acontecimentos históricos e classe

social. Deve-se levar em consideração, ainda, o que ele próprio fez consigo mesmo

e que foram aspectos constituídos num movimento de relação entre o mundo e

aquilo que os Capitães da Areia fizeram com o que fizeram deles.

Neste olhar, observa-se que as leis necessitam de maior cumprimento,

comprometimento e maior vigor, pois elas existem para auxiliar o modo de agir das

pessoas, permitindo uma união entre a família e a sociedade para garantir direitos

que permitam sobrevivência entre os desiguais. Percebe-se que a sociedade não

tem base uma base sólida de conhecimento das Leis e não compreende o papel

social do adolescente, e demonstra, com isto, não ser capaz de responsabilizar-se

por ele; passa a descriminá-lo acreditando ser uma forma de educá-lo. Segundo

Sartre (1974), ―homem é responsável não apenas por si mesmo, como também

responsável pelos outros homens‖ .

Contudo Sartre estava certo ao afirmar que são tortuosos os caminhos da

liberdade, e de que ser livre não é uma escolha feita por acaso. Trata-se de uma

escolha responsável. Era o que buscava o personagem Sem-Pernas: o que queria

era felicidade, era alegria, era fugir de toda aquela miséria, de toda aquela desgraça

que o cercava e o estrangulava. Havia, é verdade, a grande liberdade das ruas.

Mas, havia, também, o abandono de qualquer carinho, a falta de todas as palavras

boas. E, ainda, no pensamento deste personagem ―Lá fora é a liberdade é o sol. A

cadeia, os presos na cadeia, a surra, ensinaram a Pedro Bala que a liberdade é o

bem maior do mundo.‖AMADO (1995, p.173). E parafraseando Heidegger, a sua

verdade é, em última instância, a sua própria liberdade.

Aparentemente não se percebe a possibilidade de surgir uma nova forma de

mudança, de vir-a-ser. Estes adolescentes também não acreditam ser os culpados,

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ou melhor, não se responsabilizam por sua imagem, por sua situação, isto se deve

ao fato de não assumirem a si próprios, não conseguirem adquirir maturidade,

responsabilidade, o que significaria responder pelos seus atos.

Para Sartre (1997), isto não significa, por certo, que se deva prever todas as

consequências de um ato; contudo, a adequação do resultado à intenção é aqui

suficiente para que se possa falar de ação, como é possível constatar na seguinte

citação da obra: ―....Porém uma tarde em que estava o padre e estava João de

Adão, o doqueiro disse que a culpa era da sociedade mal organizada, era dos

ricos... Que enquanto tudo não mudasse, os meninos não poderiam ser homens de

bem‖ AMADO (1995, p,98). No existencialismo, o homem mau é aquele que escolhe

ser mau, não como uma característica cristalizada para sempre mas, como

possibilidade de mudança; por escolha, poderá tornar-se bom.

Entretanto, tanto a sociedade quanto a família moderna e as leis acabam

transferindo esta responsabilidade para quem não está preparado para assumi-la,

devido à falta de estrutura, à falta de pessoas comprometidas, à falta de políticas

públicas focadas no desenvolvimento e acompanhamento dos jovens em conflito

com a sociedade e com ele mesmo e, por não ver-se inserido politicamente,

economicamente, ou seja, por perceber-se excluído, sem vínculo nenhum do

constructo desta sociedade com este ser em formação. No entanto, Marx, em um de

seus pensamentos, chama a reflexão deste ser em constante movimento, neste

momento em que o capital, o consumismo ditam regras e normas o tempo todo

suscitando escolhas, pois: "Do mesmo modo que não podemos julgar um indivíduo

pelo que ele pensa de si mesmo, não podemos tampouco julgar estas épocas de

revolução pela sua consciência, mas, ao contrário, é necessário explicar esta

consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito existente entre as

forças produtivas e as relações de produção". (MARX, 1867). .

. É possível, porém, perceber, nas obras citadas, que se se fizer a um

representante dessa geração duas simples perguntas:

“Como você gostaria que fosse a sua vida daqui a cinco anos?” As respostas serão

bem frequentemente precedidas de: “Desde que ainda exista um mundo”, e “Desde

que eu ainda esteja vivo”. De acordo com as palavras de George Wald, “defrontamo-

nos com uma geração que não está de maneira alguma certa de que tem um futuro”.

Pois o futuro, como afirma Spender, é “como uma bomba-relógio enterrada, porém

ressoando o seu tique-taque, no presente”. A frequente pergunta: “Quem são eles,

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essa nova geração?” fica se tentado a responder “aqueles que escutam o tique-

taque”. E a outra pergunta: “Quem são esses que o negam totalmente?” a resposta

poderia ser “aqueles que não sabem, ou recusam-se a enfrentar, as coisas como

realmente são”. (ARENDT, 1985, p. 09).

Fechar os olhos para meninos e meninas que vivem sem a perspectiva de

existir, de estar no mundo com possibilidade de escolhas de sair da marginalidade e

participar dos processos sociais, com responsabilidade pertencente a um constructo

social que deforma ao invés de transformar, pois é visível nas literaturas estudadas

o descaso com a criança e o adolescente que está num tempo de metamorfose, de

transformação, que busca constantemente o existir e se encontra em transição

numa moratória em que a identidade ainda não está formada, e é o meio em que

este jovem está inserido que lhe dará possibilidades de existir e de ser, de formar o

seu eu, a sua subjetividade, a sua identidade e, de acordo com Angerami (1993). Se

o homem é um projeto que nada mais é que antecipação do que será, é projetando-

se que se torna um existente.

Desta forma, compreende-se o quanto a família, a sociedade, as leis e os

adolescentes e as políticas públicas não agem com responsabilidade, não percebem

o quanto é significativo respeitar e ser respeitado em seus direitos, sem se esquecer

dos deveres, ao permitir, a eles, o afastar-se do outro, do social e ficar à margem da

sociedade, carregado de estigmas que permeiam a modernidade, quando, segundo

Angerami (1993), a busca de valores é considerada uma necessidade do homem.

É essa capacidade de buscar o novo que promove o desenvolvimento de

suas potencialidades como é possível perceber na ―confiança no Professor, nos

quadros que ele faria, na marca do ódio que ele levava no coração, na marca de

amor à justiça e à liberdade que ele levava dentro de si. Não se vive inutilmente a

infância entre os Capitães de Areia. Mesmo quando depois vai ser um artista e não

um ladrão, assassino ou malandro.‖ Nas palavras de Angerami (1993), a liberdade

não é uma escolha realizada pelo acaso como a doutrina do livre arbítrio, não se

caracteriza em fazer opções, mas como coloca o personagem Professor, trata-se de

uma escolha responsável.

Portanto, ser é agir num processo incessante de auto completar-se. Pela

liberdade, o jovem escolhe o que ser e realiza uma autotransformação, como

acontece com os personagens da obra Capitães da Areia: o Professor transforma-se

em pintor famoso de telas, cuja temática produzia ―vidas de luta e de coragem e sua

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primeira exposição foi retratos de meninos pobres‖. Pirulito foi estudar para padre,

Volta Seca seguiu com o padrinho a vida de crime, de justiceiro. Pedro Bala, líder de

classe, organizador de greves, seguiu o caminho do pai, e Sem Pernas ―Se jogou‖,

arrebentando-se montanha abaixo como um trapezista. São escolhas e, ao reduzir

suas possibilidades de escolha, nega sua liberdade, nega suas possibilidades,

fracassa o seu projeto, naquilo que é capaz de vir-a-ser .

Segundo Peter Gay (1995), o modernismo ―deu aos artistas a liberdade de

levar a sério suas fantasias de insubordinação, de encarar com indiferença os câno-

nes que por tantos séculos haviam ditado os temas e as técnicas, de decidir se era o

caso de modificar — ou, mais radicalmente, de derrubar — os critérios vigentes, e

que seriam eles a empreender a revolução‖. Foi o que fez o escritor Rubem Braga

com o conto O Cobrador, no qual o personagem deflagra uma revolução contra ele

mesmo e contra uma sociedade que, a seus olhos, é hipócrita, só pensa na

exploração do outro, gosta de aparecer na mídia, produz propagandas enganosas e,

como preferência, usa desta mídia para a alienação da grande massa, para o

endividamento, pelo consumismo desenfreado, que faz esquecer o tempo todo de

ser, da essência, e busca o ―ter‖, a aparência, como forma de apresentar-se a este

novo padrão imposto pela modernidade, pelas tecnologias, pela comodidade.

Há nisto, o confronto com a solidão, com a coisificação de si mesmo.

Personagens do conto são eliminados porque tem o poder do capital, este poder é

confrontado pelo poder instrumental, a faca, o revólver que elimina o que não se

constitui como pessoa, mas mero produto, objeto do capital. A violência, então,

parece justificar-se pelo estigma, pela cultura, pela classe social, pela religiosidade,

pela política; enfim, por pertencer há um determinado padrão ou por estar excluído

de seus diretos como ser social, como se verifica na seguinte passagem do conto:

Me irritam esses sujeitos de Mercedes. A buzina do carro também me aporrinha.

Ontem de noite eu fui ver o cara que tinha uma Magnum com silenciador para

vender na Cruzada, e quando atravessava a rua um sujeito que tinha ido jogar tênis

num daqueles clubes bacanas que tem por ali tocou a buzina. Eu vinha distraído,

pois estava pensando na Magnum, quando a buzina tocou. Vi que o carro vinha

devagar e fiquei parado na frente.

– Como é?, ele gritou.

Era de noite e não tinha ninguém perto. Ele estava vestido de branco. Saquei o 38 e

atirei no pára-brisa, mais para estrunchar o vidro do que para pegar o sujeito. Ele

arrancou com o carro, para me pegar ou fugir, ou as duas coisas. Pulei pro lado, o

carro passou, os pneus sibilando no asfalto. Parou logo adiante. Fui até lá. O sujeito

estava deitado com a cabeça para trás, a cara e o peito cobertos por milhares de

pequeninos estilhaços de vidro. Sangrava muito de um ferimento feio no pescoço e a

roupa branca dele já estava toda vermelha. Fonseca ( 1979, p.07)

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Em observância à obra Da Violência, de Arendt (1985), percebe-se que a

violência pode até chegar a destruir o poder, mas jamais será capaz de criá-lo, pois

de acordo com Marx e Hegel, no ―poder dialético da negação‖ os opostos jamais se

destruirão, mas conseguem se desenvolver e transformar-se um no outro, porque as

contradições fomentam, ao invés de cristalizar o movimento; o mal nada mais é do

que a manifestação temporária de um bem ainda oculto. Ou seja, o homem pode ser

bom ou mau de acordo com as circunstâncias, as possibilidades de como ser-no-

mundo, perceber-se como personagem de sua história e fazer escolhas; esta é a

essência da liberdade.

No fragmento seguinte do conto, é possível refletir sobre o descaso com

este ser no-mundo, no qual lhe é negado, não só o direito de existir como cidadão,

como o direito de ter educação. Mesmo assim, percebe-se que este jovem pode sair

da marginalidade para a intelectualidade, pela oposição de sentimentos, pois apesar

do meio violento em que está inserido, e do poder que quer demonstrar através da

violência, é um poeta munido de percepções do cotidiano, sentimentos e emoções

do existir e do querer se projetar:

Na casa de uma mulher que me apanhou na rua. Coroa, diz que estuda no colégio

noturno. Já passei por isso, meu colégio foi o mais noturno de todos os colégios

noturnos do mundo, tão ruim que já não existe mais, foi demolido. Até a rua onde

ele ficava foi demolida. Ela pergunta o que eu faço e digo que sou poeta, o que é

rigorosamente verdade. Ela me pede que recite um poema meu. Eis: Os ricos gostam

de dormir tarde/ apenas porque sabem que a corja/ tem que dormir cedo para

trabalhar de manhã/ Essa é mais uma chance que eles/ têm de ser diferentes:/

parasitar,/ desprezar os que suam para ganhar a comida,/ dormir até tarde,/ tarde/ um

dia/ ainda bem,/ demais./

FONSECA ( 1979, p.09)

Nesta parte do conto foi possível perceber a contradição do não contato com

a escola, com o gosto por brincar com as palavras, formando poema entrelaçado

com passagens do cotidiano, reflexões voltadas ao poder do capital, de pessoas que

possuem prestígio social e do trabalhador que sustenta esta máquina e, como diz

Freire, (1980) ―Se a marginalidade não é uma opção, o homem marginalizado tem

sido excluído do sistema social e é mantido fora dele, quer dizer, é um objeto de

violência‖.

Neste mesmo conto, o autor chama a atenção do leitor para a forma de ser

do personagem, pois ao mesmo tempo em que se projeta como ser mau, que

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coleciona armas para satisfazer-se no ato de eliminar o outro, tem cuidados com a

senhora que lhe acolheu como filho e que vê nele um homem bom, afetuoso:

Vou no quarto onde Dona Clotilde está deitada há três anos. Dona Clotilde é dona do sobrado. – Quer que eu passe o escovão na sala?, Pergunto. – Não meu filho, só queria que você me desse a injeção de Trinevral antes de sair. Fervo a seringa, preparo a injeção. A bunda de Dona Clotilde é seca como uma folha velha e amassada de papel de arroz. – Você caiu do céu, meu filho, foi Deus que te mandou, ela diz. FONSECA (1979, p.11)

Mais uma vez a literatura traz a dimensão deste ser em constructo social

que constitui como humano ou desumano dentro do contexto em que está inserido.

Teve uma história e nesta história foi construindo a sua identidade, ora num

comportamento violento para chamar a atenção do existir, ora em gestos em que se

contempla na bondade de proteger, de cuidar; ações distantes de sua realidade

social, mas presentes no seu ser . Pois este personagem, segundo Sartre, se tiver

oportunidades, poderá refletir sobre e conceituar-se como se estivesse destinado a

ser um matador, um ser violento, um justiceiro.

De acordo com o existencialismo, porém, isso não é real, não existe, pois

faz-se escolhas, como no caso do personagem do conto: ele é livre, mas passou a

ser alienado pela situação social e cultural que lhe foi imposta. No entanto, para a

psicologia existencial, tudo pode transformar-se; basta apresentar caminhos,

possibilidades que possam ser propostas ou, de certa forma, negadas a este ser-

no-mundo em construção, e ele passará a assumir o papel imposto pela sociedade

durante o seu existir.

É necessário, portanto, pensar na concepção da violência e no porquê de

sua existência; propor um olhar na criança e no adolescente e sobre o caminho por

ele percorrido, o espaço de sua constituição, as possibilidades ofertadas, o afeto

existente ou negado, os recursos econômicos e sociais presentes que lhe foram

impostos. No conto, o personagem escolhe eliminar o outro, acabar com a festa da

impunidade, com a festa da minoria que abocanha o capital e conquista o luxo numa

condição material construída pela força de tantos trabalhadores que, diante da

justiça dos homens, são invisíveis como na cena a seguir:

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Eu não sabia o que queria, não buscava um resultado prático, meu ódio estava sendo

desperdiçado. Eu estava certo nos meus impulsos, meu erro era não saber quem era

o inimigo e por que era inimigo. Agora eu sei, Ana me ensinou. E o meu exemplo

deve ser seguido por outros, muitos outros, só assim mudaremos o mundo. É a

síntese do nosso manifesto. FONSECA ( 1979, p.13)

Desde o princípio da vida, o desenvolvimento humano dá-se pela interação

com o meio. Portanto, é possível pensar, frente ao existencialismo, que a forma

corrupta de alguém pensar e agir, o ato de refletir sobre o ―eu estar no mundo‖ e o

―eu frente ao outro‖, de violar Leis, de sentir-se oprimido, de optar pela violência de

arrombar casas, de matar, tão frequente hoje, possa revelar-se na reconstrução

destes sujeitos históricos, pois uma pessoa pode, sim, mudar seu destino, que seria

segundo Sartre (1952), a possibilidade de elucidação da questão de ser do sujeito

biografado viabilizando-lhe um futuro, dialetizando-se na relação com o outro. Enfim,

é necessário levar o sujeito ao desafio, à reflexão de ser do mundo, da escolha, de

ser o autor de seu próprio tempo, reconhecendo suas relações, sua cultura, a

mediação de seus valores, pois a personalidade não está encerrada em si mesma,

nem em sua consciência, mas está no mundo e perpassa todas as fases da vida,

pelo meio em que está inserido, por todas as relações concretas com o contexto que

o cerca, e este olhar precisa vir do sujeito para que se perceba como ser histórico

único, singular, mas que, ao mesmo tempo, se concretiza com o outro, e o

recomeçar virá dessa reflexão.

Diante das obras literárias propostas para estudo, foi possível perceber que

o constructo social interfere de forma direta e indireta sobre esta criança ou

adolescente em formação e, como diz Paulo Freire, estar na educação é focar no

ato de humanizar e humanizar-se; não nos resta outro caminho. Porém, isto requer

partilha e, principalmente, formação para viver e ensinar, conforme Paulo Freire

(2001) defendia: em comunhão, mediatizada pelo mundo. Para ele, ―o homem só se

faz homem em contato com outros homens‖. Educar é um processo dialético que

deve proporcionar ao homem sua emancipação e ser desenvolvido em favor das

minorias excluídas e estigmatizadas ao longo da História, a fim de que a força do

coletivo se faça presente de modo consciente e igualitário. (FREIRE, 1992).

Ana Maria Dias, em sua obra Me leva nos braços me leva nos olhos, narra

seu contato direto com internos da Febem e as experiências que marcaram sua

vida. Ela utilizou o teatro para aproximar-se do mundo destes adolescentes, pois o

teatro tem o poder de representar, de imitar a vida através da arte e de oportunizar a

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reflexão e se perguntava ao ouvir e ver os meninos: ―o que será que eles fizeram em

encarnações anteriores para merecerem estar naquela situação? Ao mesmo tempo

me questionava por que não se fazia nada, de fato, nem por parte do governo, nem

da sociedade, para melhorar a condição de vida desses menores marginalizados‖.

(DIAS, 2010). E nesse pensar é possível ouvir as palavras de Paulo Freire (s/n) que

também questiona o que a sociedade está fazendo com seus futuros cidadãos: ―Não

é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com

adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho,

inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela

tampouco a sociedade muda.‖

Justamente por essa necessidade de reflexão em observância à ação, é que

no teatro busca-se a forma mais contundente de comunicação existente no processo

educacional, ações estas entre professor e aluno, professor e professor, aluno e

aluno. Através dos tempos, o teatro sempre esteve presente em todas as culturas,

como forma de comunicação e também como forma de expressão, seja de

conceitos, idéias e mesmo da religiosidade.

Por essa razão, o teatro, e a atividade teatral em si, se faz presente em

todos os aspectos da vida, e suas técnicas, bem aplicadas, podem resultar em

excelente veículo dentro da educação e mesmo na vida dita "real‖ e, ainda, tem-se a

oportunidade de predispor alunos e plateia a uma atenção e interesse maiores para

adquirir conhecimentos. Com este objetivo de interação entre o humano e os livros,

reflete-se sobre os comportamentos violentos que interferem no ensino-

aprendizagem e na relação interpessoal, presente no cotidiano escolar.

O teatro passa a ser construindo uma metodologia que pode ser usada junto

com a literatura e, através da leitura, das análises e discussões focadas. Pode-se

desenvolver nos alunos e professores o gosto pela leitura e pesquisa em vários

gêneros textuais, e buscar, através dos movimentos, as manifestações mais fortes

das expressões do ser , bem como sua força comunicativa.

Como especificidade, pode-se investigar, através de diversas leituras, o ler e

reproduzir os discursos encenando-os; identificar obstáculos para melhorar as

relações; estimular a sociabilização e a reflexão; descobrir novas possibilidades de

enfrentamentos assertivos; reforçar conceitos como autoestima, confiança e

objetividade; motivar o indivíduo na descoberta de potencialidades novas ou na

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redescoberta delas; incentivar o movimento como forma de ação e interação; e

envolver a família e a sociedade na apresentação dos resultados.

Uma das técnicas que foi utilizada nesta metodologia, e com resultados

positivos, é a do Teatro do Oprimido, de autoria de Augusto Boal. A técnica teatral

empregada como método de educação popular contribui para a contextualização

dos fatos sociais, com o objetivo de transformar o expectador, ser passivo, em

protagonista da ação dramática. A opressão está no olhar do indivíduo que não

possui o direito de falar, ou o direito de ser, como acompanhamos nas obras

estudadas: Saint Genet, Capitães da Areia e O Cobrador. Esta técnica pode ser

uma arma de conhecimento, de reflexão, de libertação, de transformação social e

educativa, a partir da qual, de acordo com Freire (s/d), ―todo mundo pode ensinar

todo mundo.

Dentro desta visão de ensinar e aprender, Dias se propõe a desenvolver seu

trabalho com:

(....)dança, música, expressão corporal, exercícios de relaxamento, palestras, trabalhos práticos na área de psicologia e assistência social, workshops, exibição de vídeos e filmes, além de reuniões para organizar, orientar e planejar temas como: Onde e como a violência começa?, O significado da família, O sonho e a realidade, O grande amor de nossa vida, Por que e para que se drogar? A importância da amizade, do amor e da solidariedade, Quem sou eu? Quem é você?, O futuro a mim pertence, Eu sou, eu posso, eu quero, Mudar para melhorar. DIAS (2010, p.254)

Observa-se que são temas pertencentes à realidade imediata do

adolescente, ou seja, de seu interesse pessoal e social. Estes temas também podem

ser trabalhados a partir do Psicodrama, de Jacob Levi Moreno (1975), que é um

método psicodramático de abordagem de conflitos interpessoais. Por meio desta

técnica, apresentam-se os conflitos do cotidiano, unindo ação e palavra, mediados

por exercícios como aquecimento, representação e compartilhamento, inversão dos

papéis, o espelho, o duplo, alter-ego, solilóquio e prospecção para o futuro.

Segundo Moreno (1975), o indivíduo deve ser concebido e estudado através

de suas relações interpessoais. Ao nascer, a criança é inserida num conjunto de

relações, primeiramente com sua mãe (que é seu primeiro ego auxiliar) e, a seguir,

com seu pai, irmãos, avós, tios, etc.; este conjunto foi denominado de Matriz de

Identidade. .

O homem, para Moreno, é um indivíduo social, pois nasce em sociedade e

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necessita dos outros para sobreviver, sendo apto para conviver com os demais. E o

objetivo do psicodrama está neste pensamento: "Um Encontro de dois: olhos nos

olhos, face a face. E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei

no lugar dos meus; E arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus;

Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus". (MORENO, 1983).

O encaminhamento metodológico esteve presente nas leituras, nas

discussões, na contextualização, na seleção de temas, na produção de textos

teatrais baseados nos autores citados, no estudo de papéis e na atuação dos

professores e alunos. Estas cenas estiveram focadas na realidade, permeadas de

comportamentos que desfavorecem a aprendizagem, que criam estigmas, que

discriminam, que violam as relações, que criam conflitos desnecessários, e juntas

chegarem à melhor forma de interagir e transformar a realidade educacional. E

que de acordo com as DCEs ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos

em diversas esferas sociais numa atitude crítica em atitude responsiva dialogando

com os sentimentos revelados, com argumentos apresentados, se posicionando

como um leitor assíduo crítico e competente.

A avaliação aconteceu num processo contínuo; os professores foram os

mediadores de toda a produção realizada. Começando pela leitura, percorrendo o

momento da pesquisa, produção, cenários, ensaios e atuação, tudo se dará por

meio de relatórios elaborados pelo grupo, com metas a ser em cumpridas, objetivos

alcançados e em andamento, sem um fim único, mas numa dialética de ações

diárias. Para Jussara Hoffmann : ―o acompanhamento do processo de construção de

conhecimento implica favorecer o desenvolvimento do aluno, orientá-lo nas tarefas,

oferecer-lhe novas leituras ou explicações, sugerir-lhe investigações, proporcionar-

lhe vivências enriquecedoras e favorecedoras à sua ampliação do saber‖. Hoffmann

(2005,p.49)

Conclusão

Pode-se observar que diante da pesquisa e estudos analisados,

especificamente quando reportar-se à aprendizagem, nas considerações de

Vygotsky, foi possível constatar que a aprendizagem não é uma mera aquisição de

informações, não acontece a partir de uma simples associação de ideias

armazenadas na memória, mas é um processo interno, ativo e interpessoal.

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A aprendizagem não se constitui em um todo harmonioso entre professor e

aluno, numa relação contínua de ensinar e aprender, assim como não são

harmoniosas as relações sociais na sociedade, aonde proliferam as teorias que

concebem o indivíduo como um ser no mundo desvinculado de sua própria história,

e nesse olhar Sartre afirma que ―O homem é responsável não apenas por si

mesmo, como também pelos outros homens" e também Paulo Freire quando diz que

―nenhum fato ou fenômeno se justifica por si mesmo‖ é ai que entra a

responsabilidade do professor perante a sociedade e as ações que o levam a

repensar através das literaturas apresentadas a forma de ensinar, para que

comportamentos se modificam diante de novas possibilidades de aprender, numa

dimensão afetiva a partir de abordagens que dão ênfase as interações sociais, ao

destacar o papel determinante do outro no desenvolvimento e na constituição do

indivíduo, tem se configurado uma tendência na consolidação de teorias que se

baseiam numa visão mais integrada do ser, e Vygotsky apresenta em sua

literatura, que criança incorpora instrumentos culturais através da linguagem e que,

portanto, os processos psicológicos afetivos e cognitivos são determinados, em

última instância, por seu ambiente cultural e social".

No entanto se a escola trouxer aos seus pares à reflexão contínua de que

comportamentos inadequados são de responsabilidades de todos os atores que

compõe o processo educativo, como se refere Sartre que ―homem é responsável

não apenas por si mesmo, como também responsável pelos outros homens‖ e que

segundo Perdigão, nós estamos sempre influenciando ―o outro‖ principalmente

quando este ser que se pensa na escola é o adolescente em transformação, numa

sociedade que o ter dispensa o ser , ou que a família não se constitui mais no

diálogo, no afeto, no acompanhamento diário de seus afazeres, nas dificuldades

encontradas neste ser em construção. E neste pensar é possível citar Moreno

quando diz: ―O homem é um indivíduo social, pois nasce em sociedade e necessita

dos outros para sobreviver, sendo apto para conviver com os demais‖.

As ações e comportamentos violentos hoje presentes na sociedade e

analisados nas literaturas, surgem da desigualdade social, configurada e sustentada

pela organização econômica, mas é legitimada nos espaços sociais, inclusive a

escola. Em 1997, uma pesquisa intitulada ―Jovens, subjetividade, saber e

socialização‖ chegou à seguinte conclusão: (...) o fato de que não é tanto a

necessidade de começar a trabalhar que leva os jovens a abandonar a escola. O

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que realmente os afasta da escola é o fato de que ela é o espaço da indiferença,

passividade e, sobretudo, um espaço ao qual eles sentem que não pertencem.

Poderíamos dizer que é a escola que abandona o jovem, e não o inverso. (...) A

persistência em associar pobreza/violência/adolescência, que tem sido feita com a

intenção de proteger e trabalhar em favor dos pobres, acabou, ao contrário, por

acentuar o maior problema que eles vivenciam hoje: a estigmatização e sua

consequente discriminação. (CENPEC, 1998).

Nas literaturas estudadas foi possível aproximar-se dos personagens das

obras: Capitães da Areia, Genet, O Cobrador, personagens estes que entrecruzam

o ambiente escolar e que ao mesmo tempo levantou-se questionamentos como: De

que forma o professor pode interferir neste processo e diante desta realidade

apresentada com comportamentos que parecem o tempo todo induzir a violência? A

resposta possível diante das discussões propostas voltou-se a reflexão no ser

empático, ―colocar-se no lugar destes personagens‖ possibilitando uma nova história

através do palco da vida . Trabalhar com esta consciência cria uma total desativação

do papel do espectador, tendo em vista a libertação do papel de mero

observador(aluno) para a liberdade do educando da passividade e impotência.

O Psicodrama e o Teatro do Oprimido apresentados como técnicas,

propuseram um trabalho a partir de situações traumáticas das relações do homem

consigo mesmo ou com um determinado grupo, ou num determinado espaço com o

foco em desenvolver a espontaneidade, criatividade, autoavaliação, colocando os

personagens reais como cidadãos plenamente reconhecidos e conscientes de seu

papel na sociedade.

Diante das diferentes situações discutidas e analisadas percebeu-se

imprescindível a busca por uma educação de qualidade, formadora de cidadãos

comprometidos com uma vida social mais humana e preparados para os desafios de

um sociedade cada vez mais metamorfoseada, numa enxurrada de informações que

demandam conhecimento para selecionar o que de fato permeia transformações, e

que possa dar conta dos artigos 3º, 4º e 5º do ECA . Portanto, mesmo diante das

dificuldades elencadas que possam interferir no processo de aquisição do

conhecimento por parte dos alunos, uma prática docente interativa e dialógica pode

intervir positivamente na aprendizagem, pois de acordo com Sartre (1952) ―é

necessário levar o sujeito ao desafio, a reflexão de ser do mundo, da escolha de ser

o autor de seu próprio tempo‖.

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Sabe-se que o ritmo acelerado de vida e a longa jornada de trabalho que o

professor, frequentemente, está exposto podem, por vezes, tirar-lhe a motivação

necessária ao desempenho de sua função enquanto educador, porém, a profissão

exige um extremo persistir, e comprometimento com a escolha de ser educador,

capaz de ir além das adversidades cotidianas de suas vidas para a promoção da

prática educativa. Logo, o professor necessita atuar de modo que os alunos possam

sentir-se à vontade para aprender e para relatar as dificuldades de aprendizagem

encontradas no contexto escolar. Neste sentido, faz-se necessário que o docente

desenvolva um trabalho diferenciado, em sala de aula, na intenção de minimizar as

dificuldades encontradas principalmente quando o foco está em comportamentos

inadequados que interferem no ato de aprender e, para que a ação educativa se

desenvolva e os alunos possam também se desenvolver significativamente.

―Ensino da Literatura para Ações Transformadoras‖ foi de acordo com os

relatos, significativo e trouxe novas possibilidades de olhar para a realidade do dia a

dia na escola. O teatro do oprimido apresentado possibilitou um novo olhar para as

situações de violência e desencadeou reflexões acerca do enfrentamento

necessário, o que permitiu visualizar situações às vezes desesperadoras, outras

desafiadoras, isto num contexto de não violência permitindo refletir sobre as

mesmas com um olhar educativo.

O cotidiano escolar sofre maior interferência em relação aos

comportamentos de agressividade e passividade. O primeiro porque ameaça e traz

consigo um clima de desrespeito que impede o diálogo e o segundo porque traz

consigo uma sensação de impotência. Ambos podem ser o reflexo do uso de

substancias químicas, falta de limites, de conhecer-se a si mesmo, de não perceber

a importância do conhecimento e da escola em sua vida e ainda outros tantos na

complexa rede de relações que estabelecem com o meio em que estão inseridos.

Acredita-se que a melhor forma de fazer este enfrentamento se dá nas

atividades voltadas ao diálogo coletivo acerca das necessidades do jovem e das

expectativas que os atores presentes na escola em relação a este tempo de

adolescência. Para isto o teatro, o Psicodrama, e filmes podem ser aliados. Pois fica

mais fácil falar, debater sobre uma situação hipotética do que discutir a partir das

nossas atitudes, o que gera um sentimento de autodefesa que pode interferir na

verbalização. Afinal se está discutindo as atitudes do outro, mesmo que estas

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atitudes refletem como num espelho a nossa a atitude, pois segundo Boal (2001)

―Não basta interpretar a realidade: é necessário transformá-la‖.

O Teatro do Oprimido e o Psicodrama foram apresentados como

ferramentas de debate, de autoconhecimento. Com personagens da literatura ou

vivenciando situações de vida, pode-se trazer para o debate assuntos relevantes

presente na mídia como questões de gênero, sexualidade, política, ética, como os

propostos pela autora Ana Maria Dias em sua obra Me leva nos braços me leva nos

olhos, ela também utilizou o teatro para aproximar-se do mundo destes

adolescentes, pois o segundo a autora, o teatro tem o poder de representar, de

imitar a vida através da arte e de oportunizar a reflexão.

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