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DIRETRIZES CURRICULARES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RELATO E UMA REFLEXÃO
SOBRE A VERSÃO PRELIMINAR
NILO SILVA PEREIRA NETTO [email protected]
O processo de atualização das Diretrizes Curriculares Municipais, anunciado em
meados de dois mil e dez, foi por mim recebido com marcado entusiasmo. Meu primeiro
período atuando como docente da área de Educação Física no município e o embate com
a perspectiva posta nas diretrizes então vigente, levou-me a conclusão de que havia
contribuições de cunho teórico-metodológico as quais eu não poderia deixar de realizar. E
mesmo antes de aberto o processo de rediscussão do documento, durante as reuniões de
formação continuada, sempre busquei levantar os problemas do texto ora corrente, assim
como socializar os traços de minha experiência.
Todavia, o que parecia ser o projeto inicial de atualização das diretrizes da
Secretaria Municipal de Educação, não teve seu desfecho realizado de forma adequada,
ocorrendo rupturas no decorrer do processo que impuseram hiatos, retomadas, novos
prazos, aligeiramento das discussões, ou em uma palavra, houve a desqualificação do
processo de construção coletiva.
A adesão de algumas disciplinas aos Grupos de Trabalho foi pequena e em alguns
casos ínfima. Sobre esse fato, poderíamos realizar uma reflexão nesse momento, mas
para tal necessitaríamos de outros elementos de análise que não são objeto direto desse
texto.
A SMED tomou por princípio uma questão bastante importante que foi o
envolvimento interdisciplinar nos Grupos, fato fundamentalmente enriquecedor dos
debates, trazendo pedagogos, professoras das séries iniciais, educação infantil,
licenciados na área, além de coordenadoras da própria secretaria. Entretanto, o
truncamento sofrido pelo processo de construção acabou por inclusive cindir o Grupo por
pelo menos duas vezes, comprometendo a continuidade das discussões e o
aprofundamento necessário para o intento.
Podemos dividir esse novo processo de discussão das diretrizes em dois
momentos. No primeiro, houve a formação do Grupo de Trabalho – com as características
supracitadas – com o objetivo de fundamentar as discussões em uma linha teórica
comum e por isso, todos os grupos trabalharam a partir das mesmas contribuições
acadêmicas. Particularmente, avaliei esse primeiro período positivamente, pois as
contribuições selecionadas demonstravam interesse importante em aprofundar os
fundamentos da pedagogia histórico-crítica. Venho apontando a necessidade de tal
aprofundamento desde minhas primeiras experiências e percepções no município, que a
meu ver adota formalmente essa concepção educacional, mas nas manifestações reais
da prática pedagógica e formativa, manifesta uma concepção difusa, híbrida, bastante
distinta dos pontos fulcrais dessa pedagogia.
Para esse momento, foram selecionados os textos sobre aprendizagem, ensino e o
papel do professor na perspectiva histórico-cultural, envolvendo a questão dos conceitos
e da formação das funções psicológicas superiores. Textos sobre a natureza e a
especificidade da educação. Textos sobre a discussão curricular no Brasil. Textos sobre
as categorias metodológicas como totalidade, mediação, concreticidade e outros temas1.
Todas essas contribuições do campo acadêmico levaram-nos no Grupo de Trabalho a
constatar as deficiências em relação aos fundamentos da pedagogia histórico-critica que
ainda se encontram resguardadas nos diversos âmbitos de nossa Rede Municipal, assim
como a perceber os possíveis reflexos desses fundamentos no contexto da Educação
Física.
Esse período teve fim com a produção de um relatório, síntese das leituras e
discussões realizadas no Grupo. Os trabalhos se encerraram próximos ao fim do ano
letivo, permanecendo como tarefa para o recesso a leitura dos textos remanescentes e a
busca por novas referências para aprofundamento dos debates. Esse relatório teve
produção efetivamente coletiva e encontra-se em aanneexxoo. Embora tivéssemos recorrido
por inúmeras vezes a questões próprias das Diretrizes Curriculares de Educação Física,
até esse ponto, não havíamos nos detido especificamente a elas. A avaliação prévia
desse agrupamento de profissionais era positiva, tanto em relação ao acúmulo do
período, quanto em relação às possibilidades futuras.
O retorno dos trabalhos do Grupo foi precedido por um longo e silencioso hiato por
parte da Secretaria e quando ocorrido, o coletivo inicial de trabalho já havia sido desfeito
por uma série de razões. O novo calendário proposto pela mantenedora era visivelmente
insuficiente para o tamanho da tarefa. As demandas de produção escrita do documento
passaram a pesar sobre as leituras, debates e reflexões, sobrepondo-as. O curto espaço
1 São as referências: KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. 7ª edição. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. Campinas: Autores Associados, 2008. FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor? Um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do construtivismo e da psicologia vigotskiana. Campinas: Autores Associados, 2004. LOPES, Alice Casimiro e MACEDO, Elizabeth. O pensamento curricular no Brasil. In: Lopes, Alice Casimiro e Macedo, Elizabeth. (org) Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez, 2002, p. 13-54.
de tempo e a magnitude da demanda intensificaram os trabalhos dessa nova
conformação do Grupo, necessitando que algumas produções fossem realizadas fora dos
horários dos encontros, além da deliberação interna pela realização de uma reunião extra
– fora do calendário proposto pela SMED.
No inicio desse novo período, houve a apresentação do relatório-síntese do
acúmulo produzido no ano anterior. Lembro-me de ter reafirmado a importância de não
perdermos o caminho percorrido no momento passado, retornando a estaca zero em
decorrência de termos um novo grupo. Todavia, o dialogo entre o primeiro momento e o
segundo se fez impossível, o que ficará ilustrado ulteriormente.
Os debates iniciais nessa nova formação foram travados marcadamente em
relação ao objeto de estudo da área. O debate sobre o objeto de estudo da Educação
Física não é novo, tampouco localizado, pelo contrário, é histórico e global. É, sobretudo
uma discussão de fundo, que apresenta sintetizada no objeto de reflexão pedagógica toda
uma construção teórico-metodológica.
No contexto da Educação Física, a celeuma instaurada no município se deu em
relação à contraposição entre os objetos de estudo corporalidade e cultura corporal. Dois
objetos distintos, mas que encerram discussões críticas que ora se aproximam, ora de
distanciam.
Por solicitação do coletivo, encaminhei uma síntese de minhas reflexões sobre o
referido embate, sublinhando os argumentos que vinha levantando nas reuniões
anteriores. Essa síntese textual serviu então como elemento base para as discussões
coletivas. O grupo alterou a versão inicial, suprimindo pontos, inserindo outros, o que
refletiu numa versão posterior final – mas, sempre provisória – efetivamente construída e
aprovada coletivamente, mas que enfrentaria ainda o crivo da coordenação pedagógica
geral dos trabalhos na SMED.
Nessa primeira contribuição, abordei os seguintes temas: histórico da disciplina,
avaliação da atual diretriz do município e reorientação do objeto de estudo da disciplina. A
referida contribuição também se encontra em aanneexxoo, todavia cabe retomar algumas
questões ali abordadas.
O histórico da disciplina foi traçado a partir da diretriz curricular vigente e
complementado com outras contribuições às nossas reflexões, localizando o documento
em uma perspectiva crítica e manifestando o interesse de permanência do debate
pedagógico no município no campo progressista.
A avaliação da atual diretriz passou por uma análise do documento, mediado pela
prática pedagógica do professorado da rede – a partir de nossas observações cotidianas,
dos relatos obtidos nos momentos de formação continuada da SMED e a partir de
instrumento qualitativo e descritivo próprio2, elaborado para esse fim – assim como por
produções adjacentes.
Em linhas gerais, em dois mil e quatro, tínhamos um documento que se propunha a
superar uma suposta perspectiva conteudista e motriz – pautada na concepção crítico-
superadora ou da cultura corporal – que orientava o Plano Curricular do Município (1993),
mas que de fato trazia um texto pouco explícito em suas categorias substanciais.
O texto de dois mil e quatro, reiteradamente causou confusão entre os docentes no
momento de sua implementação – embora tenha sido supostamente construído
coletivamente – e em sua versão completa, não deu conta de superar seu problema
inicial, trazendo uma proposta metodológica em última instância conteudista e motriz,
entretanto muito menos clarificada em seus objetivos e fundamentos.
Da mesma forma, o documento não apresentou sua própria trajetória de
construção, que embora tenha sido esclarecida no texto geral da diretriz, possuiu detalhes
referentes à área que precisariam ser trazidos à tona. Outro ponto apontado na análise foi
a relação – ou mais precisamente a falta dela – da perspectiva orientadora da
metodologia de ensino da Educação Física com a Pedagogia Histórico-Crítica, concepção
organizadora da educação do município. Relação de proximidade que defendíamos no
interior do grupo.
No documento que aprovamos coletivamente no Grupo de Trabalho, havia a
propositura de alteração do objeto de estudo da área, da corporalidade à cultura corporal.
Ora afirmamos que retorno ao referido objeto de estudo não significaria nem por um
instante um retrocesso, e sim o seu contrário, avançar-se-ia no sentido da discussão
sobre um objeto de estudo consolidado criticamente na área, consoante por sua vez com
a pedagogia histórico-crítica, concepção que apresenta elementos teórico-metodológicos
importantes e que deveriam ser paralelamente estudados e incorporados à
especificidade da Educação Física.
Alguns exemplos desses elementos podem ser citados aqui: 1) A reflexão da
escola enquanto mediadora da esfera cotidiana e não-cotidiana, perspectiva oposta à
discussão estacionária sob a questão da cultura escolar (DUARTE, 2001); 2) A reflexão
sobre a formação das Funções Psicológicas Superiores, notadamente na sua formulação
de aprendizagem por conceitos (FACCI, 2004); 3) A reflexão sobre a natureza e
2 O referido instrumento se trata de uma descrição avaliativa realizada pelos professores presentes no
período da tarde no encontro de formação em Educação Física promovido pela SMED. A avaliação teve
como foco a questão do objeto de estudo da área e os encaminhamentos metodológicos.
especificidade da educação e sua relação com a cultura corporal (SAVIANI, 2003). Esses
temas estavam em pauta no primeiro período de discussão nos grupos, mas por tudo aqui
relatado, não alcançaram incorporação efetiva, ficando no texto coletivo, apenas
apontados como possibilidades.
Nesse período surge como demanda posta pela coordenação dos trabalhos a
construção de um “Quadro de conteúdos” a ser gerado com base nas discussões e
anexado ao final de cada um dos textos. No interior do grupo, expus a fragilidade dessa
forma de encaminhamento, que recorrentemente substitui uma leitura mais apurada,
aprofundada e debatida, pela aplicação de um receituário que se torna paupérrimo na
medida em que permite o não-diálogo com a base epistemológica que o pariu.
A proposta do quadro de conteúdos surge aparentemente influenciada pelo
departamento de história, trazendo na sua construção um diálogo entre as supostas
categorias científicas de cada área, e as supostas categorias da prática social. Aqui
necessitaremos de um debate mais aprofundado que retomaremos e outro momento
oportuno. Todavia, cabe registrar que a dicotomização entre ciência e prática social nos
parece equivocada, especialmente se descolada de um encaminhamento metódico de
totalidade, calcado no desenvolvimento espiral do conhecimento expresso nos passos
metodológicos descritos na pedagogia histórico-crítica3. Ainda cabe lembrar, que as
categorias efetivamente significativas para essa pedagogia, são fundamentadas pelas
bases do método materialista dialético e da psicologia histórico-cultural.
Durante o período em que nos dedicamos à construção coletiva de alguns –
poucos – quadros da listagem que variava da Educação Infantil à Educação de Jovens e
Adultos, a primeira versão do texto passava pelo crivo da coordenação dos trabalhos da
SMED. Em linhas gerais, a produção coletiva passou pela berlinda das especialistas da
secretaria e sofreu uma coleção de críticas. A título de ilustração, ficou apontada no texto
preliminar aprovado pelo coletivo, sua falta de linearidade na apresentação do devir
histórico da disciplina. Também pudera, num texto que se pretendia partir do método
dialético.
Desse entrave, o texto passou por uma reelaboração não coletiva e seu resultado
foi flagelante. Pouco se manteve da estrutura preliminar tratando o ponto da historiografia
de forma alinhadamente mecânica. Suprimiu-se parte fundamental, que relatava o
processo de discussão e alteração do objeto de estudo da área. Inseriu-se uma descrição
acerca dos conteúdos clássicos da disciplina que pouco aponta para as possíveis formas
3 Prática social, problematização, instrumentalização, catarse, nova prática social.
de abordagem a perspectiva adotada. As supostas categorias da prática social, indicadas
pelo quadro de conteúdos apareceram sem a devida reflexão e explicitação conceitual.
Inseriu-se, notadamente no trecho sobre a Educação de Jovens e Adultos, uma discussão
relacionada à abordagem teórica da atividade física & saúde, concepção diametralmente
antagônica à perspectiva histórico-crítica4. Entre outros aprofudamentos, deixou-se de
discutir no texto questões fundamentais como a educação étnicorracial e a rica
contribuição da Educação Física nesse processo, por mais que tenham sido
insistentemente reivindicadas nos trabalhos do grupo.
Na discussão coletiva, embora enriquecedora, democrática e estimulante,
apresentaram-se dificuldades de superação das proposições motrizes no plano da
intervenção escolar. A organização dos trabalhos e o exíguo tempo de efetivo trabalho
reservado ao grupo de trabalho impossibilitaram o aprofundamento teórico, assim como a
readequação do documento de forma não coletiva sobrecarregou o texto de fragilidades,
destituindo a legitimidade das reflexões em grupo.
Desse processo, podemos concluir sempre provisoriamente que, exceto pela
alteração do objeto de estudo da área, há avanços muito singelos no texto atual. O
documento apresenta hibridismo teórico, confusão conceitual e não indica concretamente
um encaminhamento metodológico consonante com a pedagogia histórico-crítica, não
superando por completo as problemáticas presentes no documento anterior.
NNiilloo SSiillvvaa PPeerreeiirraa NNeettttoo é licenciado em Educação Física,
especialista em Educação Física Escolar e mestre em Tecnologia. É coordenador geral adjunto do Sindicato dos Servidores do
Magistério de Araucária (SISMMAR). Docente da Escola Balbina Pereira de Souza em Araucária (PR).
efisicacritica.blogspot.com.br
4 A proposição de promoção da saúde e qualidade de vida por meio da Educação Física adentra ao
processo de ensino dessa disciplina pela incorporação de seu devir histórico, entretanto, na
contemporaneidade toma novos contornos incorporando elementos do senso comum e de novas sugestões
de abordagens para a Educação Física escolar, a exemplo da perspectiva da Saúde Renovada,
desenvolvida pelo professor Nahas. O limite da referida abordagem esta principalmente na consideração
marcadamente biológica do ser e na culpabilização da vítima – suposto sedentário. Nessa concepção não
se toma o ser humano na consideração da totalidade que compõe sua materialidade corpórea.
ANEXO 1
SISTEMATIZAÇÃO DO GT DE EDUCAÇÃO FÍSICA5
É necessário pensar a formação do professor como um processo que
promova a sua própria humanização para além do senso comum e que, na
qualidade de membro atuante na sociedade, possa colaborar com a
transformação social, a qual tem como pressuposto a formação da sua
própria consciência (FACCI, 2004, p. 250).
Os estudos para a atualização das Diretrizes Curriculares Municipais de
Araucária, na disciplina de Educação Física iniciaram no dia 26 de agosto de 2010, nos
períodos da manhã e da tarde. Reuniram-se os profissionais das séries iniciais, finais,
EJA e pedagogos para realização de estudos com reflexões sobre o texto de Marilda
Facci: “O trabalho do professor na perspectiva da Psicologia Vigotskiana” (2004). Dando
sequência, estudou-se, no dia 30/09/2010, o texto “A história do currículo no Brasil” (2002)
de Alice Casemiro Lopes e Elizabeth de Macedo. No último encontro do ano, dia
04/11/2010, iniciaram-se as reflexões sobre os elementos do texto “A natureza e
especificidade da Educação” (2003), de Demerval Saviani. Nesse encontro também, os
profissionais realizaram a sistematização das discussões realizadas durante os três
encontros.
O primeiro texto estudado, “O trabalho do professor na perspectiva da Psicologia
Vigotskiana”, a autora primeiramente estabelece uma reflexão situando a psicologia
vigotskiana, logo após aborda sobre a formação das funções psicológicas superiores
(FPS) enquanto produção da humanidade no individuo e a produção da escola. No
próximo momento situa que para o desenvolvimento dessas funções é necessário a
apropriação da cultura material e intelectual. Essas formas superiores de comportamento
consciente se encontram nas relações sociais do indivíduo com o mundo exterior. O
desenvolvimento das FPS é o processo de conscientização do ser humano e sem o
pensamento por conceitos isso não é possível se não for por meio da mediação do adulto
com a criança (p. 211). Essa mediação tende a provocar gradualmente a atividade
psicológica da criança.
5 Sistematização realizada e aprovada coletivamente no encontro do Grupo de Trabalho para atualização
das Diretrizes Curriculares Municipais em 04/11/2010. Esse documento sintetiza a leitura e a discussão dos
textos propostos pela SMED no primeiro período da realização desse Grupo de Trabalho.
Os conceitos envolvem um sistema de relação e generalizações contido nas palavras e determinado por um processo histórico. O contexto cultural no qual o indivíduo se desenvolve vai fornece-lhe os significados das palavras do grupo em que está inserido. Todo o conceito é uma generalização (FACCI, 2004, p. 212).
O pensamento por conceitos está relacionado a consciência social, objeto da
educação básica. Para a formulação dos conceitos a autora indica que há uma evolução
nesse processo no qual se identificam os seguintes estágios: agrupamentos sincréticos,
formação de complexos e finalmente os conceitos. O grupo destaca a importância de
aprofundar o estudo sobre a formulação dos conceitos para um maior
entendimento da pedagogia histórico-crítica.
O terceiro momento do texto a autora fala sobre a escola e o trabalho do
professor que se caracteriza por ser um processo intencional e sistematizado de
transmissão de conhecimentos para que o aluno vá além dos conhecimentos cotidianos
apropriando-se dos conhecimentos científicos.
Cabe ao professor partir da prática social buscando alterar qualitativamente a prática de seus alunos, como agentes de transformação social. O conhecimento, os conteúdos clássicos serão a ferramenta para passar o conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. A psicologia histórico-cultural, quando se preocupa com a formação das FPS, tem na apropriação do conhecimento científico, do saber sistematizado, por parte dos homens, seu alvo principal (FACCI, 2004, p.232).
Marilda Facci destaca o professor, o aluno e a escola na mesma perspectiva que
Saviani valoriza o saber elaborado como objeto da escola e de aprendizagem do aluno: “A
escola é uma instituição cujo papel consiste na socialização do saber sistematizado”
(SAVIANI, 2008, p.14).
Durante os estudos realizados, levantou-se a reflexão sobre o conhecimento
prévio do aluno (FACCI, 2004). A principal preocupação dos profissionais envolvidos no
GT é que o processo de ensino e de aprendizagem não fique no senso comum e sim
parta do conhecimento prévio (espontâneo, popular) tendo em vista a apropriação do
conhecimento sistematizado. “A escola diz respeito ao conhecimento elaborado e não ao
conhecimento espontâneo; ao saber sistematizado e não ao saber fragmentado; a cultura
erudita e não a cultura popular” (SAVIANI, 2008, p.14).
Percebe-se que a concepção histórico-crítica ainda não foi incorporada
totalmente no espaço escolar, pois ainda há dificuldade em se conhecer e aprofundar os
estudos acerca dessa perspectiva teórica, além do problema em se trabalhar com a
variedade cultural, social e histórica nesse contexto.
Nessa perspectiva, fundamentada na teoria vigotskiana, podemos fazer uma
análise de que forma trabalhamos com nossos alunos. O grupo destaca que ao se
trabalhar na concepção histórico-crítica, o trabalho planejado e intencional do professor
na transmissão do conhecimento objetiva a apropriação do conhecimento. Para que isso
ocorra, a intervenção do professor; (FACCI, 2204, p.211) é fundamental. Essa mediação é
fundamental para a formação dos conceitos.
Para a formação dos conceitos é necessário que o professor realize a mediação
entre o conhecimento e o aluno, desenvolvendo métodos que conduzam ao
desenvolvimento das potencialidades mentais.
Uma das principais intervenções do professor é a sistematização mediada, onde
o aluno avança no seu aprendizado, que deve ser realizada a partir da educação infantil,
a fim de levar ao conhecimento real, pois “o professor deve encaminhar o ensino de
maneira que force o aluno ao desenvolvimento máximo de suas capacidades” (FACCI,
2004, p.243).
Tendo o professor esse papel de investir na zona de desenvolvimento proximal
(FACCI, 2004, p.242), uma das maiores dificuldades encontradas é que os alunos
relacionem a teoria e prática. Marilda Facci (2004) estabelece elementos para essa
reflexão ao apresentar que para a criança pequena pensar é recordar, enquanto para o
adolescente recordar é pensar. Desta forma, o grupo destacou a necessidade dos
planejamentos e que esses sejam contextualizados de acordo com a realidade das
turmas.
A partir dessas reflexões, o grupo trouxe os seguintes questionamentos:
Como as RMD's podem trabalhar para a formação de conceitos?
Quais são as relações das demais disciplinas com a Educação Física?
Como o aluno irá aprender sem acontecer a sistematização?
A importância de um profissional especializado para as séries iniciais.
O retorno da Educação Física na EJA.
O segundo texto estudado, “História do Currículo no Brasil”, traz contribuições para se
pensar na concepção de currículo ao trazer as reflexões sobre a perspectiva do pós-
estruturalismo, o currículo e conhecimento em Rede e a história do currículo e a constituição do
conhecimento escolar.
O texto de Lopes e Macedo discute os caminhos da teoria curricular no Brasil tendo como
objeto de reflexão a produção acadêmica do grupo de trabalho em currículo da ANPED. Para as
autoras, situadas na perspectiva teórica de Pierre Bourdieu, o conceito de campo enquanto
espaço de embate de atores ou instituições é fundamental, pois analisam o campo intelectual da
pesquisa em currículo como espaço de relações de poder e disputa de capital cultural e social. A
discussão apresentada pelas autoras é interessante, pois consegue definir as linhas teóricas
emergentes na produção do conhecimento de forma satisfatória, mas se fragiliza quando não
apresenta conexões com a escola e a realidade escolar propriamente dita, ou seja, como as
teorias do currículo se articulam com os projetos educacionais concretos.
Vimos que as três teorias do currículo que são centralmente abordadas pelas autoras
destoam da perspectiva adotada pelo município, por isso a necessidade de resgatar as idéias de
Saviani – já citadas anteriormente – da concepção de currículo como conjunto das atividades
nucleares realizadas pela escola.
Uma idéia importante trazida pelas autoras é que a marca das produções acadêmicas em
currículo a partir dos anos noventa é o hibridismo. Essa característica, segundo as mesmas vem
conferindo vigor ao campo, assim como traz a dificuldade em definir o que vem a ser currículo.
Concordamos que ao abordar um campo de pesquisa composto por intelectuais o hibridismo pode
vir a conferir vigor ao mesmo, pois permite a contraposição de estatutos teóricos e faz avançar o
conhecimento científico da área. Entretanto, discordamos que o hibridismo no currículo para a
escola básica possa conferir o mesmo vigor. Ao contrário, causando confusão no professorado e
dificuldade na sua implementação na realidade escolar.
Para abordar a teoria pós-estruturalista, as autoras se valem das produções de Tomaz
Tadeu da Silva, importante teórico do currículo. Nessa teoria, existem três rupturas básicas com
as teorias anteriores embasadas no marxismo. A primeira diz respeito ao suposto limite das
teorias marxistas ao campo da economia, que seria rompido pelo debate de outras questões como
gênero, etnia e sexualidade. Há uma contestação do estatuto da razão e da ciência. Outra ruptura
seria a ausência da visão de futuro, ou seja, educar para a emancipação, libertação ou para
cidadania crítica e transformadora seria uma metanarrativa negada pela perspectiva pós-
estruturalista. A terceira ruptura seria em relação a ideologia no conceito marxista. Para a teoria
pós-estruturalista, é a linguagem que constitui a realidade, e essa adquire diversos significados,
não sendo mais possível identificar quais são falsos e quais são verdadeiros. Nesse momento,
questionamos que se a realidade é mesmo constituída pela linguagem, para mudá-la, bastaria que
editássemos um novo dicionário? Essa teoria se coloca em contraposição direta à perspectiva do
município e até então defendida no grupo de trabalho. Seu relativismo fortemente marcado
esvaziaria a escola de conteúdo científico, sem discutir as necessidades da população atendida.
Esvazia o papel do professor como ferramenta central na apropriação dos conhecimentos pelos
alunos. E alem disso, ao abordar micro-temáticas em detrimento dos conteúdos clássicos, acaba
negando ao alunado a apropriação dos conhecimentos científicos historicamente acumulados.
A perspectiva do currículo em rede é abordada pelas autoras por meio dos estudos da
produção carioca notadamente das professoras Nilda Alves e Regina Garcia. A base teórica
dessa perspectiva é muito próxima dos pós-estruturalistas, utilizando-se de autores como Morin,
Deleuze, Boaventura de Souza Santos e Guattari. Essa perspectiva trouxe para a centralidade a
discussão da categoria cotidiano. Nessa visão, os conhecimentos são tecidos em redes que
correspondem a contextos cotidianos variados. Assim, os conhecimentos tradicionais passariam a
ceder espaço para outros saberes relacionados à ação cotidiana. Também há o questionamento
da razão e do espaço da ciência. Há o questionamento das fronteiras entre o conhecimento
cientifico e o cotidiano, onde se eliminam as fronteiras entre a ciência e o senso comum. Essa
perspectiva também foi indicada como contraposta à concepção histórico-crítica. Sua abordagem
é cotidianista, espontaneísta, não procura superar o plano do senso comum. Adotar uma
abordagem como essa na escola, eliminaria toda tentativa de avanço sobre as práticas de senso
comum ao conhecimento cientifico ou à consciência social crítica, estacionando o ensino em cima
daquilo que esta posto num cotidiano que sequer é analisado pelas teóricas citadas. Nessas duas
ultimas perspectivas apresentadas, não há intencionalidade no ato educativo.
Na abordagem da história do currículo e a constituição do conhecimento escolar, os
autores de base são os da Nova Sociologia Inglesa, com Michael Apple e Henry Giroux. Nessa
abordagem, segundo Lopes e Macedo, haveria uma crise da concepção de currículo como texto
político. Questionamos se o currículo passaria a ser então neutro ou apolítico? Há a introdução do
multiculturalismo e do conceito de hibridismo de forma mais notável. Nessa perspectiva,
diferentemente das duas anteriores apresentadas por Lopes e Macedo, não se esvazia o papel do
professor, mas o coloca na perspectiva de um intelectual cosmopolita e crítico, pesquisador, que é
capaz de conhecer diferentes produções para construir soluções alternativas aos modelos
vigentes. Essa perspectiva faz critica aos modelos curriculares prescritivos, mas também
desenvolve proposições para o caso da formação de professores. Há nessa concepção a idéia de
que a escola é uma instituição dotada de autonomia relativa.
As autoras encerram o texto afirmando novamente o hibridismo como marca fundamental
da produção intelectual sobre o currículo. Também apresentam que nesse campo há uma
diversidade de tendências pedagógicas. Aqui identificamos que nessa diversidade, faltou das
autoras abordar a continuidade e desenvolvimento da discussão curricular na perspectiva
histórico-crítica, que permaneceu ocorrendo, assim como orientando muitas propostas curriculares
da educação básica brasileira. Lopes e Macedo citam certa desterritorialização nas abordagens
de currículo. Com isso querem dizer que não estamos nesse campo de produção acadêmica
apenas traduzindo autores estadunidenses. Entretanto, no texto das autoras, as bases teóricas
que orientam as perspectivas apresentadas, transitam basicamente entre dois territórios, os EUA
e a Europa, ou dito de outra forma, os países centrais, o que parece não se tratar exatamente de
uma desterritorialização. Segundo as autoras, a entrada de diferentes referências na discussão
acadêmica sobre currículo traz a construção de novas preocupações. De forma geral
questionamos a partir do texto: se parte dessas novas proposições, indicam o fim da
intencionalidade educativa, o questionamento da ciência, a hipertrofia do conhecimento cotidiano,
o fim das reflexões de conjunto, o fim da precisão ou objetividade curricular, seria então, o fim do
objeto da educação? Seria o fim da aprendizagem? Seria o fim da escola?
Outra crítica levantada ao texto é a falta de abordagem da escola enquanto campo. O texto
tomou como campo, a pesquisa, a produção teórica, o que deixou a escola e o currículo escolar
no segundo plano.
Na discussão desse texto, o grupo levantou algumas questões sobre a atual diretriz
curricular da Educação Física. Um ponto central é o fato de o atual documento ser
demasiadamente aberto, onde distintas formas de trabalho podem ser encaixadas no interior da
perspectiva do documento. Essas formas de trabalho poderiam estar inclusive próximas do senso
comum. Questionou-se o fato de que as teorias que fundamentam a proposta da educação física
estão localizadas em abordagens contrapostas à perspectiva histórico-crítica, o que além de
causar confusão no leitor mais desavisado, ao privilegiar outras temáticas, em detrimento dos
conteúdos clássicos, estaria negando conhecimentos historicamente acumulados no campo da
educação física, como o exemplo da capoeira, que seriam fundamentais ao alunado.
Foi pontuado também a necessidade da atualização de conhecimentos e da função do
professor no ato de ensinar e da apropriação da concepção da Rede para a realização de um bom
trabalho.
Ao rever o histórico das DCM's da Rede e no que diz respeito a Educação Física, o grupo
aponta a necessidade e preocupação em atualizar todo esse processo.
Foi apontado falhas na formação inicial acadêmica, devido a falta de teoria e enfoque.
Deve-se cuidar com a diferença entre informação e conhecimento, para construir um currículo
com questões embasadas precisa-se saber sobre as especificidades do objeto de estudo, pois
currículo é espaço de relações de poder.
No último encontro, além da sistematização acima, foram elencadas as seguintes
sugestões para 2011:
Retomar os textos estudados para a elaboração das DCM's 2004;
Estudar as DCM's de Uberlândia;
Estudar as DCM’s de Fazenda Rio Grande;
Estudar as DCE’s do Estado do Paraná e outras;
Enviar informes aos professores nas escolas, da importância da participação no
grupo e que para o processo de atualização se legitime e que se ressalte esse
espaço como fundamental na formação continuada dos profissionais da educação.
Estudar o segundo capítulo da tese de doutorado de Hajime Takeuchi Nozaki,
chamado “Crise do capital e crise de identidade da educação física: mediações no
mundo do trabalho”, mas isso depois de termos lido o texto do Karel Kosik sobre a
totalidade.
Estudar o texto “Educação Física escolar: a difícil e incontornável relação teoria e
prática” de Fensterseifer e González e também o texto “Teoria e prática na
educação física escolar: um diálogo crítico com a produção recente” no qual
professor Nilo realiza crítica aos autores do primeiro texto.
Estudar textos sobre o corpo na escola.
Trabalho coletivo.
Valorização do grupo.
Relato digitalizado dos encontros para socialização com o grande grupo da rede.
ANEXO 2
GRUPO DE TRABALHO DE DIRETRIZES CURRICULARES MUNICIPAIS DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
INTRODUÇÃO
Esse texto é uma primeira versão sintética elaborada a partir das discussões
realizadas no Grupo de Trabalho de Diretrizes Curriculares Municipais. Cumpre o papel
de realizar uma sistematização provisória dos encaminhamentos teórico-metodológicos
realizados no grupo, notadamente sobre os assuntos: histórico da disciplina, avaliação da
atual diretriz do município e reorientação do objeto de estudo da disciplina6.
HISTÓRICO DA DISCIPLINA
Localizar historicamente a disciplina de Educação Física no currículo escolar é
tarefa fundamental e amplamente realizada na literatura educacional. Nesse momento,
explicitamos brevemente sua decorrência no interior da escola por considerar importante
resgatar os debates sobre o assunto, especialmente considerando que as manifestações
pretéritas dessa disciplina ainda podem ser encontradas na atualidade prática de parte do
professorado, assim como da comunidade escolar em geral.
A Educação Física foi historicamente marcada pelo conhecimento eminentemente
biológico e introduzida na escola basicamente a partir de influências militares. Pode-se
afirmar que essa disciplina vem se manifestando no decorrer dos anos hegemonicamente
assentada sobre uma concepção de aptidão física (DCM, 2004).
A partir dos anos quarenta, a Educação Física incorporou o esporte como seu
conteúdo privilegiado, dando ênfase a uma perspectiva de ensino muito próxima do
treinamento esportivo sem, entretanto, romper com o paradigma biológico da aptidão
física (DCM, 2004). Desde então, o esporte ganha força e enraíza-se, afirmando-se como
6 Por solicitação do grupo, uma primeira contribuição foi produzida pelo professor Nilo Silva Pereira Netto,
da Escola Municipal Professora Balbina Pereira de Souza. Essa primeira contribuição foi alterada pelas
discussões do grupo, aprovada coletivamente e enviada à coordenação dos trabalhos da SMED,
encontrando-se nesse anexo.
elemento predominante da cultura corporal, subordinando o espaço da disciplina no
âmbito escolar aos códigos7 da instituição esportiva (COLETIVO DE AUTORES, 1992)8.
Os anos oitenta representaram um momento crucial para toda a educação
brasileira. Visualizou-se nesse período a emergência de teorias e ideários até então
atirados à clandestinidade pelo regime ditatorial estabelecido no país. O âmbito da
Educação Física não esteve imune dos debates engendrados nesse período e estes
ecoam hodiernamente nos mais variados espaços desse campo (PEREIRA NETTO,
2010).
Surge nesse escopo toda uma sorte de novas proposituras a educação escolar e a
Educação Física passa a dedicar sua reflexão ao conteste do estatuto educacional
estabelecido sob a influência militar e higienista. Desse movimento, sob diferentes bases
epistemológicas, surgem propostas pedagógicas, indicações de metodologias, e novos
encaminhamentos curriculares que buscaram alterar9 o objetivo da Educação Física na
escola10 (PEREIRA NETTO, 2010).
Neste devir, debates e embates no campo acadêmico e escolar se acirraram,
impactando sobre a prática pedagógica de maneira mais ou menos intensa. Nessa última,
mesmo vinte e tantos anos depois do início desses debates, ainda se fazem presentes
7 Esses códigos podem ser identificados como: princípios de rendimento atlético/desportivo, competição,
comparação de rendimento e recordes, regulamentação rígida, sucesso no esporte como sinônimo de
vitória e racionalização dos meios e técnicas esportivas (COLETIVO DE AUTORES, 1992). Os referidos
conceitos são tomados como centrais para a Educação Física, a relação entre professorado e alunado se
altera para uma relação entre treinador e atleta e as competições escolares ou interescolas ganham
destaque. Essa pedagogia do esporte vem embasada em princípios como a racionalidade, a eficiência e a
produtividade. Esses são advogados no âmbito da pedagogia tecnicista – difundida no Brasil nos anos
setenta – que pressupunha uma concepção de neutralidade científica, propriamente positivista, muito em
voga nos tempos da ditadura militar. Foi nesse período histórico que visualizamos, por exemplo, a divisão
de turmas para a Educação Física segundo os sexos, contando inclusive com respaldo legal (COLETIVO
DE AUTORES, 1992). Assim, uma dimensão excludente passa a representar a disciplina e mais tarde, seu
estatuto pedagógico passaria a ser contestado.
8 Obra elaborada por um coletivo de autores e autoras da Educação Física que comumente tem sido citada
e aludida nessa forma. Carmen Lucia Soares, Celi Nelza Zülke Taffarel, Elizabeth Varjal, Lino Castellani
Filho, Micheli Ortega Escobar e Valter Bracht estruturam esse coletivo. A obra é a referência mais
importante para o campo da Pedagogia Crítico-Superadora em Educação Física.
9 Alguns exemplos de teorias surgidas no bojo desse movimento: 1) Teoria da Psicomotricidade (LE
BOULCH, 1988), 2) Teoria desenvolvimentista (TANI, 1988), 3) Teoria Construtivista (FREIRE, 1989), 4) Metodologia Crítico-Superadora (COLETIVO DE AUTORES, 1992), 5) Teoria Crítico-Emancipatória (KUNZ, 1991 e 1994).
10 Para uma precisa e aprofundada leitura acerca dos debates e proposituras dessa área ver Nozaki (2004).
Notadamente o trecho nomeado “Educação física e fragmentação da discussão sobre fragmentação epistemológica”.
manifestações das raízes desta disciplina, assim como de seu momento mais robusto, o
esportivista11 (PEREIRA NETTO, 2010).
Das novas proposituras para a Educação Física escolar, interessam-nos aquelas
que se encontram no bojo das perspectivas críticas e que identificam na disciplina um
pilar educacional importante na constituição da escolarização para emancipação das
classes populares.
Nesse contexto, uma perspectiva fundamental dessa disciplina, movimenta-se ao
encontro dos interesses populares manifestados historicamente, através de determinada
metodologia de ensino da Educação Física, qual seja a Metodologia Crítico-Superadora.
Propondo forte crítica social, a Metodologia Crítico-Superadora visa à formação de
sujeitos críticos, autônomos, conscientes de sua condição histórica e que se
compreendam enquanto interventores na construção de sua própria realidade. Essa
perspectiva da Educação Física aborda como objeto de trato da reflexão pedagógica12 o
conhecimento de uma área denominada Cultura Corporal.
A referida concepção vem orientando documentos de direcionamento da prática
pedagógica em Educação Física em diversos municípios e estados da união, a exemplo
do Estado do Paraná, assim como fundamentando a produção de materiais didáticos para
a disciplina13.
11
De forma geral, as abordagens que se colocaram num campo educacional mais progressista erigiram críticas contundentes ao modelo esportivista, levantando como contraproposta não apenas a diversificação de conteúdos, mas uma mudança de grande magnitude na abordagem dos conteúdos esportivos, avançando para além do ensino da técnica esportiva pura como fim da Educação Física. Todavia, sua presença nos moldes criticados, são apresentados por pesquisas recentes da área, assim como visualizada na experiência cotidiana de nossas escolas.
12 Nessa perspectiva, busca-se desenvolver uma reflexão pedagógica sobre o acervo de formas de
representação do mundo que o homem tem produzido no decorrer da história, exteriorizadas pela
expressão corporal: jogos, danças, lutas, exercícios ginásticos, esporte, malabarismo, contorcionismo,
mímica e outros, que podem ser identificados como formas de representação simbólica de realidades
vividas pelo ser humano, historicamente criadas e culturalmente desenvolvidas (COLETIVO DE AUTORES,
1992, p. 38).
13 A título de exemplo, em relação aos materiais didáticos nessa perspectiva, uma iniciativa inédita no ano
de 2007 foi tomada pela Secretaria de Estado de Educação do Estado do Paraná (SEED) que editou um
Livro Didático Público da disciplina de Educação Física para o nível do Ensino Médio. Segundo Angulski et
alii (2007) o projeto é original “especificamente no estado do Paraná, tanto do ponto de vista do material de
apoio pedagógico, quanto no que se refere à proposta de construção propriamente dita, fruto de um
processo de discussões coletivas”, pois os capítulos foram escritos por professores e professoras da própria
Rede Estadual de Ensino, através do Projeto Folhas. Segundo a SEED, o Projeto Folhas é um projeto de
Formação Continuada que oportuniza ao profissional da educação a reflexão sobre sua concepção de
ciência, conhecimento e disciplina, que influencia a prática docente. Integra o projeto de formação
continuada e valorização dos profissionais da Educação da Rede Estadual do Paraná, instituído pelo Plano
Estadual de Desenvolvimento Educacional. O Folhas, nesta dimensão formativa, é a produção colaborativa,
pelos profissionais da educação, de textos de conteúdos pedagógicos que constituirão material didático
para os alunos e apoio ao trabalho docente.
ORGANIZAÇÃO CURRICULAR DA EDUCAÇÃO FÍSICA EM ARAUCÁRIA
A Educação Física no município possuiu dois documentos oficiais norteadores da
prática pedagógica na disciplina. O primeiro deles, intitulado Plano Curricular do Município
(1993) teve como base o “Currículo Básico para a escola pública do Estado do Paraná” e
adotou como alicerce teórico as reflexões sobre a cultura corporal. Entretanto, segundo
Astorfi, Alvim e Moraes (2008), essa sistematização foi caracterizada por um currículo
esportivizado, com um acréscimo de atividades diferenciadas.
Os autores criticam o fato de que essa sistematização teria sido caracterizada por
um currículo esportivizado, acrescido ou enfeitado, de atividades da cultura corporal, onde
inseriu-se temas como a capoeira, ginástica, jogos e as danças folclóricas.
Afirmam os autores, que no inicio dos anos dois mil, alguns docentes passaram a
demonstrar insatisfação com aquilo que ensinavam, surgindo novos embates e
discussões de novos temas, como o corpo dos alunos, suas vestimentas, agressividade,
comportamento sexual e outros.
Logo surge no município a demanda da construção de uma nova orientação
curricular e sob a orientação do professor Marcus Aurélio Taborda de Oliveira, inicia-se
um processo de discussão que visava superar a vinculação da Educação Física com a
perspectiva da Cultura Corporal, pois, segundo seu orientador, essa concepção estaria
vinculada a uma visão predominantemente motriz. Nesse contexto é que nasce o novo
documento, as Diretrizes Curriculares Municipais de Araucária, no qual a disciplina de
Educação Física viria a ser signatária de uma nova concepção, de um novo objeto de
estudo, a corporalidade.
A CORPORALIDADE ENQUANTO OBJETO DE ESTUDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
A discussão sobre o objeto de estudo da Educação Física é aqui resgatada, dada a
importância dessa discussão, negligenciada no texto das Diretrizes Curriculares
Municipais de Araucária (2004) no qual não se apresenta o referido embate de
concepções e nem sequer um relato da experiência da construção do texto, assim como
de uma reconstrução histórica do mesmo.
A introdução do documento aborda o decorrer histórico da educação física,
explicitando suas raízes no conhecimento biológico introduzidos pela influencia militar no
contexto escolar. Aponta que ao final dos anos setenta esse paradigma passa a ser
questionado e tão logo realiza salto para a compreensão do que afirma ser a concepção
atual da educação física. Vejamos:
No atual contexto social, a Educação Física entende a corporalidade como objeto de estudo da mesma. A corporalidade é entendida como a expressão criativa e consciente do conjunto de manifestações corporais historicamente produzidas, que pretende possibilitar a comunicação e interação de diferentes indivíduos com eles mesmos, com outros, com seu meio social e natural. Essas manifestações, dialógicas, baseiam-se em um contexto social organizado em torno das relações de poder, linguagem e trabalho (DCM, 2004).
Nesse início detectamos dois problemas do ponto de vista do embate teórico-
metodológico. O primeiro refere-se ao salto ornamental realizado entre o primeiro
parágrafo do texto – no qual a educação física é situada historicamente – e a concepção
de corporalidade. Falta nessa exposição, toda uma sorte de propostas metodológicas que
são omitidas pelo documento.
A definição conceitual adotada para o documento é parafraseada de seu
orientador, Taborda de Oliveira (1998) onde a definição do autor para essa conceituação
define-a como sendo a corporalidade o
[...] conjunto de práticas corporais do homem, sua expressão criativa, seu reconhecimento consciente e sua possibilidade de comunicação e interação na busca da humanização das relações dos homens entre si e com a natureza [...]. A corporalidade se consubstancia na prática social a partir das relações de linguagem, poder e trabalho (TABORDA DE OLIVEIRA, 1998, p. 131).
O salto conceitual, sabemos, parte de uma tentativa de superação dos conceitos e
pressupostos da metodologia crítico-superadora ou cultura corporal, imputando a essa
uma adjetivação de perspectiva motriz e reducionista do escopo das possibilidades da
Educação Física escolar.
Em nossa análise e avaliação, a suposta superação da perspectiva crítico-
superadora é equivocada. Não somente pelo fato de não ter sido apresentada de forma
alguma no decorrer do texto documental, mas também por não dar conseguir sugerir uma
novidade no âmbito da Educação Física escolar de tal envergadura que conseguisse
superar seu problema inicial. Isso pode ser visualizado no quadro de conteúdos proposto
no documento, em que a problemática geradora da alteração do objeto de estudo da área,
qual seja, a esportivização do currículo enfeitada de práticas diferenciadas, permanece
em absoluto. Em outras palavras, aquilo que supostamente sugeriu a alteração de objeto
de estudo da Educação Física no município e engendrou uma série de debates não foi
superado, pelo contrário, permaneceu inclusive somado de novos enfeites para além do
esporte tradicional.
Por outro lado, o conteúdo das lutas é negligenciado pela proposta, deixando de
fora inclusive a capoeira, manifestação da cultura afrobrasileira tão fundamental para uma
reflexão pedagógica crítica em Educação Física.
Outro agravante, recorrentemente citado nos espaços de formação continuada e
mediações realizadas pela Secretaria Municipal de Educação, é a dificuldade de
compreensão e implementação das orientações do documento nas aulas propriamente
ditas.
A teoria da corporalidade, em sua expressão nas diretrizes curriculares do
município de Araucária (2004) não aponta para um projeto histórico definido. Embora uma
análise crítica do discurso posto no documento possibilite compreendê-la no âmbito das
teorias chamadas progressistas, permanecem as possibilidades de interpretação confusa
e especialmente contraditórias à concepção geral orientadora do documento,
notadamente baseada na pedagogia histórico-crítica (SAVIANI, 2003).
Nesse sentido, seu texto se aproxima das concepções da teoria crítica, questão
especialmente percebida pela recorrência à categoria indústria cultural. Entretanto, o
documento parece incorrer numa prática que tem sido comum, inclusive em outros
documentos oficiais, conforme nos apresentam Klein e Klein (2008), onde não se tem
preservado uma preocupação em explicitar, com toda a profundidade e clareza, o
conteúdo das categorias que lhes são substanciais.
O mesmo podemos dizer para a definição do conceito de corporalidade, quando o
documento aponta que o “contexto social [atual é] organizado em torno das relações de
poder, linguagem e trabalho” sem estabelecer uma relação teórica entre os termos. Tais
expressões categoriais também não são explicadas no decorrer do documento, causando
mais e mais confusão teórico-metodológica.
A ALTERAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Observando esses e ainda outros limites14 do atual documento é que o Grupo de
Trabalho de Diretrizes definiu pelo retorno da Diretriz Curricular do Município à concepção
14
Um limite da proposição da corporalidade, anteriormente citado, mas importante de ser ressaltado é sua
não consonância com a pedagogia histórico-crítica, adotada como perspectiva fundamental para o
município. A defesa da concepção histórico-crítica, não se trata de imposição autoritária, ou imposição via
relação de poder instituída pela hierarquia de conhecimentos entre orientador e orientado, mas sim pelo
de Cultura Corporal enquanto objeto de estudo da Educação Física. Nesse contexto, cabe
lembrar que o retorno ao referido objeto de estudo não significa nem por um instante um
retrocesso, e sim o seu contrário, avança-se no sentido da discussão sobre um objeto de
estudo consolidado na área, consoante por sua vez com a pedagogia histórico-crítica,
que apresenta elementos teórico-metodológicos importantes15 e que devem ser
paralelamente estudados e incorporados à especificidade da Educação Física.
É também importante evocar que seria inoportuno realizar uma reformulação total
da diretriz curricular de Educação Física do município, uma vez que o atual documento
por mais que apresente limites, encontra-se no âmbito das teorias críticas da área e
apresenta positividades a serem conservadas, congregadas a nova proposta que se
desenvolve. O que se procurará fazer é assumir a posição da negação pela incorporação,
ou negação pela superação, o que necessariamente envolve incorporação.
Conforme afirmado anteriormente, a Metodologia Crítico-Superadora visa à
formação de sujeitos críticos, autônomos, conscientes de sua condição histórica e que se
compreendam enquanto interventores na construção de sua própria realidade. É essa
perspectiva da Educação Física que aborda como objeto de trato da reflexão pedagógica
o conhecimento de uma área denominada Cultura Corporal.
A cultura corporal se configura com temas ou formas de atividades, particularmente
corporais, como o jogo, o esporte, as ginásticas, a dança, as lutas e outras que
constituirão seu conteúdo. O estudo desse conhecimento visa apreender a expressão
corporal como linguagem (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Nesse âmbito, é intento promover através do trato com os conhecimentos
engendrados pela Cultura Corporal, um questionamento da realidade, que seja capaz de
“responder determinados interesses de classe” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 25) e
que através da construção da crítica social, persista-se na busca da emancipação das
classes oprimidas.
Tem fundamental importância para essa perspectiva, o desenvolvimento de uma
noção de historicidade da Cultura Corporal em que o conhecimento deve ser tratado de
convencimento de que essa concepção mantém em seus fundamentos a visão mais adequada para a
educação da classe trabalhadora numa perspectiva emancipatória.
15 São exemplos: 1) A reflexão da escola enquanto mediadora da esfera cotidiana e não-cotidiana,
perspectiva oposta à discussão estacionária sob a questão da cultura escolar (DUARTE, 2001); 2) A
reflexão sobre a formação das Funções Psicológicas Superiores, notadamente na sua formulação de
aprendizagem por conceitos (FACCI, 2004); 3) A reflexão sobre a natureza e especificidade da educação e
sua relação com a cultura corporal (SAVIANI, 2003).
forma a ser traçado desde sua origem e cerne, possibilitando ao educando e educanda tal
visão, permitindo-lhes compreender-se enquanto sujeitos construtores da história.
A expectativa da Educação Física escolar que tem como objetivo a reflexão sobre a
Cultura Corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas
populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como
solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição
em confronto com a apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos
movimentos – a emancipação – negando a dominação e submissão do homem pelo
homem (idem, p. 46).
Nesse caso, temos o conhecimento que é tratado metodologicamente de forma que
se favoreça a compreensão “dos princípios da lógica dialética materialista: totalidade,
movimento, mudança qualitativa e contradição16. É organizado de modo a ser
compreendido como provisório, produzido historicamente e de forma espiralada vai
ampliando a referencia do pensamento” (p. 41) de alunos e alunas.
Para a compreensão da totalidade, é necessário estabelecer as relações de
interdependência entre os conteúdos do programa de educação física e os grandes
problemas sócio-políticos da contemporaneidade, como a questão do meio ambiente, dos
papéis sexuais, da divisão social e internacional do trabalho, da sexualidade, dos
preconceitos, da mídia, da questão etnicorracial, da pobreza, da drogadição, da inclusão
social, da violência econômica, física e psicológica e outros. Nesse ponto julgamos ser
importante inserir as discussões postas da Diretriz Curricular do Município (2004) quando
essa afirma que
Os problemas sociais que adentram os muros da escola estão articulados à estrutura social geral e interferem cotidianamente nas manifestações corporais dos alunos e de todos os sujeitos que fazem parte da comunidade escolar, e conseqüentemente, são objeto constante de preocupação dos educadores. Entre esses elementos destacam-se a erotização precoce explorada constantemente pela mídia, a violência, o consumo de drogas, os preconceitos e estereótipos corporais, os processos de exclusão manifestos na negação do acesso aos bens culturais, o qual atinge a maior parte da população desse país, e conseqüentemente, de Araucária (DCM, 2004).
Nesse contexto, aponta-nos a metodologia crítico-superadora que a reflexão sobre
esses problemas é necessária se existe a pretensão de possibilitar ao alunado da escola
pública entender a realidade social interpretando-a e explicando-a. Isso quer dizer que
16
KONDER, Leandro. O que é Dialética. São Paulo: Brasiliense, 2006.
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
cabe a escola promover a apreensão da prática social. Portanto os conteúdos devem ser
buscados dentro dela (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 63). Ou nas palavras de
Saviani (2003), será função da educação escolar – e consequentemente da Educação
Física – produzir no indivíduo singular a humanidade produzida coletiva e historicamente.
Caracteriza-se nesse escopo, segundo os pressupostos da Metodologia Crítico-
Superadora, a reflexão pedagógica em algumas especificidades, quais sejam: 1)
Diagnóstica, pois remete à leitura e constatação de dados da realidade, esses carecem
de interpretação. Para tal, faz-se necessária a emissão de um juízo valorativo, que
dependerá da perspectiva de classe de quem o faz, disso, temos que essa reflexão é 2)
Judicativa, pois julga os dados a partir de uma ética que representa interesses de
determinada classe social. 3) Teleológica, porque determina um ponto a ser alcançado,
busca uma direção. Direção essa, que pode ser conservadora ou transformadora,
dependendo da perspectiva de classe.
No interior dessa especificidade, a estratégia de ação metodológica encontra
consonância àquela apontada pela pedagogia Histórico-Crítica (SAVIANI, 2003). Esta
consiste nos seguintes passos metodológicos: 1) prática social, que traz o conhecimento
do senso comum para então, problematizá-lo; 2) problematização, que detecta as
questões com necessidade de resolução na prática social; 3) instrumentalização, que
trata de se apropriar de instrumentos teórico-práticos necessários para uma contraposição
dialogada com as questões do senso comum; 4) catarse, momento da expressão
elaborada da nova forma de entendimento da prática social; e 5) retorno a prática social, o
ponto de chegada, compreendida nesse momento de forma diferenciada.
REFERÊNCIAS
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Campinas: Autores Associados, 2001. FACCI, Marilda Gonçalves Dias. Valorização ou esvaziamento do trabalho do professor? Um estudo crítico-comparativo da teoria do professor reflexivo, do
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mediações da regulamentação da profissão. 2004. 399 f. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2004. PEREIRA NETTO, Nilo Silva. Teoria e prática na educação física escolar: um diálogo crítico com a produção recente. In: V Colóquio de Epistemologia da Educação Física, 2010, Maceió. Anais do V Colóquio de Epistemologia da Educação Física, 2010. SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. Campinas: Autores Associados, 2003.
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