O Ensino de Geografia Um Olhar Dos Professores Sobre o Processo de Construção e Reconstrução de...
-
Upload
geografiauegiporagoias -
Category
Documents
-
view
17 -
download
0
description
Transcript of O Ensino de Geografia Um Olhar Dos Professores Sobre o Processo de Construção e Reconstrução de...
-
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS
UNIDADE UNIVERSITARIA DE IPOR
CURSO DE GEOGRAFIA
ROBERTA CRISTINA SILVRIO SILVA
O ENSINO DE GEOGRAFIA-UM OLHAR DOS
PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUO E
RECONSTRUO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO
FUNDAMENTAL II: ANLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA
ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICPIO DE PALESTINA DE
GOIS.
IPOR
2013
-
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS
UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR
CURSO DE GEOGRAFIA
ROBERTA CRISTINA SILVRIO SILVA
O ENSINO DE GEOGRAFIA- UM OLHAR DOS
PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUO E
RECONSTRUO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO
FUNDAMENTAL II: ANLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA
ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICPIO DE PALESTINA DE
GOIS.
Trabalho de Concluso apresentado Universidade
Estadual de Gois, Unidade Universitria de Ipor, como
exigncia parcial para a concluso do curso de graduao
Licenciatura plena em Geografia.
Orientadora: Prof. Ivanir da Costa Alves
IPOR
2013
-
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao ( CIP )
________________________________________________________________________________
S586e Silva, Roberta Cristina Silvrio
O ensino de geografia um olhar dos professores sobre o processo de construo e reconstruo de aprendizagem no ensino fundamental II:
anlise da Escola Estadual Ana Algemira do Prado, no municpio de
Palestina de Gois / Roberta Cristina Silvrio Silva. - 2013.
81 f.: il.
Monografia (Licenciatura em Geografia) Universidade Estadual de Gois, Unidade Universitria de Ipor. Ipor, 2013.
Orientadora: Prof. Ivanir da Costa Alves.
1. Geografia. 2. Geografia Estudo e ensino. 3. Aprendizagem. I. Ttulo.
CDU: 911
-
ROBERTA CRISTINA SILVRIO SILVA
O ENSINO DE GEOGRAFIA- UM OLHAR DOS
PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUO E
RECONSTRUO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO
FUNDAMENTAL II: ANLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA
ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICPIO DE PALESTINA DE
GOIS.
Monografia defendida no curso de Geografia da UEG de Ipor, para obteno do grau de
Licenciatura em Geografia, aprovada em ________/___________de _________, pela Banca
Examinadora constituda pelos seguintes professores:
__________________________________________
Prof. Ivanir da Costa Alves UEG-Ipor
Presidente da Banca
_________________________________________
Prof. Divino Jos Lemes de Oliveira UEG-Ipor
(Membro)
_______________________________________
Prof. Marlucia Marques UEG-Ipor
(Membro)
-
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ter
me proporcionado a vida e ao meu pai que no esta
mais aqui comigo, mas, sei que l de cima olhou por
mim em todas as minhas dificuldades. Foi pessoa
que sempre me incentivou a estudar e lutar por um
futuro melhor.
-
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeo a Deus por ter me proporcionado a vida, sade e
sabedoria para completar mais uma das grandes conquistas em minha vida.
Aos meus Pais Luis Teodoro da Silva e Maria Rosimar Silvrio Silva, pelo amor,
carinho, pacincia e incentivo que eles me proporcionaram em todos os momentos da minha
vida, obrigada por tudo... Vocs meu porto seguro.
As minhas irms Ihguia Cssia Silvrio Silva e Ihuguiane Mirele Silvrio Silva,
pelos momentos de brigas e companheirismo que muito me ajudaram a crescer... Adoro
vocs.
Ao meu namorado Adriel que mesmo longe me deu toda a fora de que eu
precisava. Muito obrigada meu amor... Te Amo
Aos meus familiares obrigada pela influncia positiva, foi de grande incentivo.
Aos meus colegas de faculdade, obrigada pelas experincias e conhecimentos
compartilhados no decorrer do curso e at mesmo fora, vo dar saudades todos os momentos
em que passamos juntos.
A minha professora orientadora Ivanir Alves pela dedicao, pacincia,
compreenso e direcionamento das idias para a realizao do meu trabalho.
Aos meus amigos obrigada pela fora e perseverana para a concluso do curso.
A todos os professores que transmitiram conhecimento ao longo desses quatro
anos de curso os meus sinceros agradecimentos aos professores da banca, obrigada pela
contribuio no trabalho.
Enfim, obrigada a todos que diretamente e indiretamente torceram e contriburam
para mais essa conquista na minha vida, os meus sinceros agradecimentos.
-
O nico lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho no
dicionrio.
Albert Einstein
-
RESUMO
O presente trabalho tem como tema, um estudo dos docentes de Geografia do Colgio
Estadual Ana Algemira do Prado da cidade de Palestina de Gois, ressaltando as propostas
para enfrentar os desafios dirios encontrados em sala de aula. Nasceram, assim, as seguintes
perguntas: As novas metodologias de ensino tm chamado mais a ateno dos alunos para as
aulas de Geografia? E o dilogo entre professor e aluno, tem influncia positiva no
ensino/aprendizagem? A escola escolhida para esta pesquisa foi da rede estadual de ensino,
sendo a nica que trabalha com o Ensino Fundamental II, na cidade de Palestina de Gois. O
objetivo da pesquisa foi verificar as prticas didticas pedaggicas mais utilizadas e propor
alternativas capazes de direcionar caminhos para enfrentar os novos desafios. A metodologia
empregada foi a anlise do plano de ensino, visando o estudo das metodologias que so
utilizadas pelos professores, anlise de documentos oficiais e entrevistas com os docentes por
meio de questionrios. Concluda as anlises, pode-se dizer que os docentes tm buscado
novas metodologias para trabalhar a Geografia, mesmo no sendo com muita frequncia, no
entanto encontram vrios obstculos ao ministrar suas aulas, pois na maioria das vezes os
alunos no demonstram interesse pela disciplina.
Palavras-chave: Ensino; geografia; metodologia.
-
ABSTRACT
This paper chose as its theme, the study of teachers Palestinian city of Gois, on which
proposals to face the daily challenges encountered by them in the classroom. Born, so the
following questions: The new teaching methodologies have called more attention to students'
classes Geography? And the dialogue between teacher and student has positive influence on
learning the polite? The school chosen for this research was the state schools, and the only
one that works with elementary school II, the city of Palestine Gois The objective of the
research was to recognize the didactic pedagogical practices most used and propose
alternatives able to direct paths to face the new challenges. The research was supported with
analysis of the teaching plan, aimed at the study of teaching methodologies that are used by
teachers, analysis of official documents, and interviews with teachers through questionnaires.
Completed the analysis , it can be said that teachers have sought through methodologies for
working with geography , although not very often , but always makes use of new
methodologies , however are several obstacles to teach their classes , since most of times
students do not show any interest in the lessons .
Keywords: education; geography; methodology.
-
SUMRIO
INTRODUO........................................................................................................................11
CAPITULO 1-As DIFERENTES CONCEPES DA GEOGRAFIA: NOVAS
CONTRIBUIES.................................................................................................................14
1.1 Geografia e ensino..............................................................................................................14
1.2 O ensino de geografia no contexto atual.............................................................................21
1.3 Matrizes de referencia para o ensino fundamental do estado de Gois..............................29
CAPITULO 2-DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA.........33 2.1 O papel da escola e do professor.........................................................................................37
2.2 Geografia e o aluno.............................................................................................................45
CAPITULO 3- DELINEAMENTO METODOLGICO...................................................50
3.1 Uma breve caracterizao da cidade em estudo..................................................................50
3.2 Metodologia da pesquisa.....................................................................................................51
3.3 Sujeitos e contexto das representaes da pesquisa............................................................51
3.4 O contexto das representaes da escola e professores......................................................52
3.5 Histrico da escola..............................................................................................................52
3.6 Procedimentos para coleta de dados...................................................................................55
3.7 Concepo filosfica, pedaggica e metodolgica do Colgio Estadual Ana Algemira do
Prado.........................................................................................................................................56
PROPOSTAS PARA ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS...............................................58
CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................72
5 REFERNCIAS...................................................................................................................73
ANEXOS..................................................................................................................................76
-
INTRODUO
A Geografia percorreu um longo caminho cheio de obstculos at se tornar uma
das cincias mais renomadas do mundo e com vasto campo de pesquisa. Ao longo dos anos
vrios autores perceberam a necessidade de se ter essa cincia como disciplina escolar, pois
por meio dela a sociedade perceberia sua grande importncia na vida de cada um.
A presente pesquisa pretende discutir as vrias concepes impostas tanto pela
Geografia Tradicional, a Geografia Crtica e a Geografia Moderna, levantando as vrias
questes de importncia social, poltica, local e territorial que influenciaram e influenciam
essa cincia a se tornar uma das mais importantes disciplinas escolar na atualidade.
A pesquisa visa reconhecer as prticas didticas pedaggicas mais utilizadas e
sugerir alternativas capazes de direcionar caminhos para enfrentar os novos desafios para o
ensino de Geografia.
Para responder s indagaes propostas neste estudo, utilizou-se uma metodologia
de natureza qualitativa do tipo pesquisa campo e, para sua efetivao fez-se o uso de
questionrios aplicados para alunos de duas turmas e para os professores da disciplina de
Geografia, em uma Escola da Rede Estadual de Ensino. Com isso foram identificadas
metodologias empregadas no ensino dos contedos programticos de Geografia na segunda
fase do Ensino Fundamental verificando a real contribuio do ensino dessa disciplina para a
formao dos alunos.
A partir destas consideraes, a presente pesquisa busca diagnosticar as diferentes
concepes e dificuldades encontradas pelos professores de Geografia do Ensino
Fundamental II, da cidade de Palestina de Gois. Observam-se ainda as perspectivas e os
mtodos que esses profissionais utilizam para ministrar suas aulas.
O trabalho se organiza em quatro captulos, sendo que no primeiro relata-se a
trajetria da Geografia primeiramente enquanto cincia, pois ela tinha muita importncia, no
entanto seus estudos eram fragmentados, ou seja, se estudasse a sociedade, no se estudava o
meio em que estava inserida, estudava-se a natureza, mas no a paisagem, estudava se o meio,
mas no o territrio, deixando assim os pesquisadores insatisfeitos com suas pesquisas,
havendo-se a necessidade de se unir todas essas questes para formar uma cincia de respeito.
Com a unio de todos os quesitos a Geografia ganhou seu espao e foi a partir desse momento
que os pesquisadores viram a necessidade de expandir ainda mais essa cincia, pois ao longo
-
dos anos foram se juntando pesquisas com dados precisos, e foi por meio delas que
perceberam que seria necessrio que a sociedade tambm estudasse essa cincia, tornando
dessa forma a Geografia em disciplina escolar.
A Geografia num primeiro momento, enquanto disciplina recebia o nome de
Estudos Sociais, quando se estudava somente o meio social. Depois de algum tempo que ela
passou a ser chamada de disciplina de Geografia, e sua rea de estudo se tornou muito mais
ampla. Com o passar dos anos essa disciplina ganhou mais espao nas salas de aula, no
entanto, foi no sculo XXI, que essa cincia se destacou, com o grande avano tecnolgico, a
seu favor.
O segundo captulo fala sobre as mudanas que foram ocorrendo no decorrer dos
anos no ensino escolar, pois atualmente a sociedade conta com a tecnologia a seu favor, no
entanto em relao ao ensino escolar somente uma minoria das escolas conta com uma
pequena parte dessa tecnologia a seu favor, para poder facilitar a aprendizagem dos educando.
No entanto para se ter uma educao de qualidade necessrio que tanto a escola
como os professores estejam preparados para receber os alunos. Educar uma das prticas
mais antigas do mundo e as escolas em seu passado j foram muito mais rgidas em se
tratando de educao, quando era comum a neutralizao das diferenas e a submisso dos
alunos. Os mtodos de ensino eram por meio do controle do corpo, levando o aluno a
sujeio de suas foras, sendo sempre imposta uma relao de docilidade, em que ao
educando era imposto somente ouvir, no podendo dar sua opinio no decorrer das aulas.
Hoje a escola tem grande papel a ser desenvolvido perante a sociedade e deve oferecer uma
educao de qualidade para que os alunos saiam da escola como cidados pensantes, alm de
aprender a criar valores como: o respeito ao prximo, a zelar pelo patrimnio pblico, a
sempre se utilizar da verdade, a respeitar aquilo que possuem.
O terceiro captulo fala sobre a caracterizao da cidade de Palestina de Gois e
da escola campo, onde foi realizada a pesquisa que foi feita atravs de questionrios com os
docentes do ensino fundamental II, para saber quais so as metodologias que eles usam para
ministrar suas aulas, e tambm anlise de documentos oferecidos pela instituio, que foram
de fundamental importncia para saber quais so as regras bsicas que regem a escola.
O quarto captulo relata sobre as propostas para enfrentar os novos desafios, pois
diariamente o professor deve se inovar para ministrar suas aulas, utilizando todos os recursos
necessrios para chamar a ateno de seus alunos.
Entretanto, a escolha do tema tem como objetivo contribuir para o avano das
discusses acerca da compreenso das prticas didticas pedaggicas como marco importante
-
para o processo ensino aprendizagem e descobrir estratgias favorveis ao desenvolvimento
de cada educando, mediante os processos de aprendizagem, constitudos nas formas de
mediao e interao social.
A escolha da escola campo foi pelo fato de possuir somente uma unidade de
ensino fundamental II na cidade de Palestina de Gois, como estudei todo o ensino
fundamental e mdio nessa escola, ao longo dos anos pude perceber que alguns professores
que em sua maioria so atuantes na disciplina de Geografia, nessa instituio, no tinham
muita facilidade em ministrar suas aulas, tendo como foco principal somente o livro didtico.
A escola possua alguns recursos metodolgicos como (TV, DVD, retroprojetor),
no entanto os professores de Geografia no utilizavam nenhum, para chamar a ateno dos
alunos. O planejamento era o mesmo durante anos para todas as turmas. A escola ainda
possua um grave problema, sendo que a maioria dos profissionais pertencia mesma famlia,
(seguindo uma forma de hierarquia) sendo que os professores formados em Histria
lecionavam a disciplina de Geografia, seguindo dessa forma com as outras disciplinas.
Diante destas consideraes a presente pesquisa buscou diagnosticar as
dificuldades dos professores de Geografia da cidade de Palestina de Gois ao trabalhar com
esta disciplina, quais so as perspectivas e os mtodos que estes utilizam nas suas prticas
metodolgicas.
Acredita-se que esta pesquisa possa colaborar para que o ensino de Geografia seja
repensado no Colgio Estadual Ana Algemira do Prado da cidade de Palestina de Gois,
levando em considerao no somente as necessidades dos educandos que so muitas e
principalmente so fundamentais para a vida de cada um. Mas tambm levar em considerao
os objetivos, as perspectivas e os sonhos dos professores que esto frente desta instituio
ministrando a disciplina de Geografia que ao longo desta pesquisa percebeu-se que no uma
tarefa fcil.
-
1. AS DIFERENTES CONCEPES DA GEOGRAFIA: NOVAS
CONTRIBUIES
1.1 Geografia e ensino
A geografia uma das cincias mais antigas da histria. Segundo Sodr (1989, p.
14), foram os gregos os primeiros a registrar os conhecimentos geogrficos, que, alis,
batizaram os conhecimentos sobre a superfcie da Terra como Geografia. Hertodo no foi
apenas o pai da Geografia, ele foi tambm o primeiro a tratar dos aspectos geogrficos como
localizao e orientao em sua obra.
Segundo Sodr (1989, p.17,18) os romanos eram conquistadores, mas deixava os
gregos submetidos ainda primazia de acumular os conhecimentos geogrficos; Polbio
descreveu como as correntes cavavam os vales; Possidnio mediu a profundidade do mar na
regio da Sardenha e descreveu os povos da Galcia e das Astrias; Teofrasto 4 escreveu a
histria das plantas, relacionando-as com o clima; Agartcides classificou as tribos da Etipia
segundo sua dieta; Hiparco 5 inventou a projeo estereogrfica, que permitiu maior
fidelidade na representao das regies e dos roteiros, renovando a cartografia.
Na antiguidade os conhecimentos geogrficos foram sistematizados por Estrabo6
e Cludio Ptolomeu7. O primeiro viveu na poca de Cristo e sintetizou, em longa obra, tais
conhecimentos. O segundo voltava-se mais para a matemtica, ambos tiveram grande
importncia para a existncia da geografia. Ainda na antiguidade, a Geografia era vinculada a
outras disciplinas, havia filsofos, historiadores, cientistas, que se referiam, secundariamente,
a aspectos geogrficos. Relata Sodr (1989, 19), que a Geografia aparecia, antes de definir o
seu campo, os seus mtodos, as suas tcnicas, como tributria e desimportante, de outras reas
do conhecimento, cientficas ou no. Estava ainda carregada de mitos, lendas, deformaes,
que escondiam o que, em seus rudimentos, havia de verdadeiro e duradouro.
Na Geografia moderna esses conhecimentos foram sendo transformados,
conforme se desenvolvia o capitalismo, pois foi atravs das vrias viagens e das intensas
atividades comerciais entre os gregos que permitiu-lhes conhecer e explorar vrios lugares
diferentes e dessa forma aprimorar os conhecimentos j existentes. Para Sodr (1989, p.19) do
-
ponto de vista geogrfico, a poca 1oferece as grandes viagens, estimuladas pelo interesse
religioso ou pelo interesse mercantil.
Relata Sodr (1989, p. 21) que foi no sculo XVII, que a Geografia ganhou maior
importncia do ponto de vista histrico, o ritmo do processo histrico se acelera, aprofunda-se
a relao dialtica entre descobrimentos e as inovaes tcnicas. Dessa forma os pesados
galees substituem as caravelas; o clculo da longitude se aproxima da exatido; a velocidade
dos navios pode ser medida; aparecem os relgios martimos e os cronmetros; Picard 8 mede
o arco do meridiano com preciso; Torricelli9 inventa o barmetro. As viagens de
devassamento se multiplicam, em todos os mares e, no final do sculo XVII, comeam a
assumir a Geografia como carter cientfico.
Ainda segundo Sodr (1989, p. 23), foi nesse sculo que o mundo comeou a
assistir as primeiras tentativas de lanamento das bases da Geologia, com Sten. Foi na
segunda metade desse sculo, que comearam a surgir os primeiros mapas de linhas
hipsomtricas10. No entanto, do ponto de vista da histria da Geografia, residiu no
aparecimento de duas obras de grande importncia para fortalecimento desta, que so: a
Introduo Geografia Universal, de Cluverius, de 1626, e a Geographia Generalis, de
Varenius, de 1650. Cluverius dividiu sua obra em duas partes, na primeira parte resume os
conhecimentos da Geografia Matemtica; na segunda alinha a descrio regional de
numerosos pases. No entanto uma das obras que mais se destacou na histria da Geografia
foi obra de Bernhard Varen (Verenius), que foi considerado um dos principais pioneiros da
Geografia. Ele considerava que o estudo dos fenmenos registrados na superfcie da Terra
dividia-se em trs partes: Celestes, Terrestres e Humanos.
Sodr (1989, p.110) diz, que a confuso entre o histrico e o geogrfico chegou
at o nosso tempo. A disciplina geogrfica, j havia percorrido por um longo caminho, e j
6 Estrabo, foi um historiador, gegrafo e filsofo grego. Autor da monumental Geographia, um tratado de 17
livros contendo a histria e descries de povos e locais de todo o mundo que lhe era conhecido poca.
7 Cludio Ptolemeu, foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele reconhecido
pelos seus trabalhos em matemtica, astrologia,astronomia, geografia e cartografia.
8 Auguste Antoine Picard foi um fsico, inventor e explorador suo. Foi o inventor do batiscafo, espcie
de submarino utilizado para pesquisas a grandes profundidades.
9 Torricelli (1608-1647) nasceu em Faenza, regio ao Norte da Itlia, no dia 15 de outubro de 1608. Foi fsico e
matemtico italiano. Descobriu o princpio do barmetro. Seus estudos sobre clculo deram origem ao Clculo
Integral. Se dedicou ao estudo e planejamento de telescpios, microscpios e instrumentos de preciso.
-
tinha todas as condies necessrias de se emancipar-se no final do sculo XVIII, no entanto,
um dos maiores problemas que a Geografia encontrou por um bom tempo, foi ser conhecida
como servidora da histria. Outro grande problema que apareceria mais adiante seria a relao
homem natureza, que at ento, persiste at os dias atuais.
Segundo Sodr (1989) O bero da Geografia moderna d-se na Alemanha com
Humboldt e Ritter, no entanto, para a sua permanncia enquanto cincia, a Geografia
passou por um longo caminho para chegar modernidade, passando de um modelo
cosmolgico para um modelo geocntrico para que as instituies dominantes aceitassem as
teorias. Conforme ressalta Pereira (1999, p. 90 apud Dvilla, 2003, p. 16) [...] geografia
moderna est ligada consolidao e rearticulao do pensamento.
A Geografia passa a ter conceito definido, quando surge a relao homem versus
natureza. Enquanto cincia, a Geografia estuda as relaes entre o homem e a natureza, o
processo2 de apropriao e de organizao do espao natural pela sociedade, vinculado ao
conhecimento da natureza e dos diversos ramos cientficos, que se ligam, formando assim
uma unidade cientfica.
Conceitos de Geografia como a Paisagem, Territrio, Lugar e Espao vo se
tornando disciplinas, conforme vo surgindo as viagens geogrficas, a necessidade de se
conhecer a Terra, os interesses comerciais (pois deveria conhecer novos comrcios), certificar
o que era mito e o que era verdade, a necessidade de se conhecer o espao e a natureza,
3fazendo-se assim uma ampliao e uma juno dos conhecimentos geogrficos.
10
Linhas Hipsomtricas, uma tcnica de representao da elevao de um terreno atravs de cores. Geralmente
utilizado um sistema de graduao de cores. Esquemas convencionais para a hipsometria comeam com a cor
verde-escuro, para baixas altitudes e, passando por amarelo e vermelho, at o cinza e branco para grandes
elevaes.
Alexander von Humboldt foi um cientista de uma polivalncia. Ele desenvolveu (e se especializou em)
diversas reas:
foi etngrafo,antroplogo, fsico, gegrafo, gelogo, mineralogista, botnico, vulcanlogo e humanista, tendo
lanado as bases de cincias como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia.
Carl Ritter foi um gegrafo e naturalista, nascido em Quedlinburg, pertencente Prssia. Ritter foi, junto com
Alexander von Humboldt, um dos precursores da Geografia Moderna. Ritter foi ainda o primeiro professor de
geografia regular e fixo em uma universidade, sendo que a ctedra de geografia da Universidade de Berlim foi
instituda justamente para que ele a ocupasse.
-
De acordo com o PCN de Geografia (2001) considerada uma cincia que
prope um trabalho pedaggico onde visa ampliao das capacidades dos alunos, propondo
assim incentivar a aprendizagem do educando. Formando assim como comenta Cavalcanti
(2003, p.10) que preciso que se considere, alm disso, a relao entre essa cincia e sua
organizao para o ensino, incluindo a a aprendizagem dos alunos conforme suas
caractersticas fsicas, afetivas, intelectuais e socioculturais.
Foi no sculo XIX, que a Geografia passou a ser uma disciplina inteiramente
ligada ao Estado, quando foram criadas leis e normas nas quais se estabelecia que atravs
das escolas que o conhecimento poderia ser melhor transmitido, pois, no bastava somente a
dedicao dos pesquisadores em dominar o saber geogrfico, o domnio de contedo e os
mtodos da cincia geogrfica. Era necessrio, como comenta os PCNs (2001) que a
Geografia tivesse um tratamento especfico como rea, uma vez que oferece instrumentos
essenciais para compreenso e interveno na realidade social. Ser por meio dela que o
aluno ir compreender como as diferentes sociedades interagem com a natureza na construo
de seu espao, as singularidades do lugar em que vivemos, o que o diferencia e o aproxima de
outros lugares, criando assim uma abertura para que a Geografia interaja com outras cincias.
Devido a esses fatores, surge a Geografia Tradicional, para dar um melhor
entendimento para se estudar os contedos da Geografia Crtica, ou seja, deixando de ser
pronta e acabada para dar, incio a novas leis, surgindo assim os seguimentos dos contedos
que complementam e integram a mesma. De acordo com PCN
Essa nova perspectiva considera que no basta explicar o mundo, preciso
transform-lo. Assim a Geografia ganha contedos polticos que so significativos
na formao do cidado. As transformaes tericas e metodolgicas dessa
Geografia tiveram grande influncia na produo cientfica das ltimas dcadas.
Para o ensino, essa perspectiva trouxe uma nova forma de se interpretar as
categorias de espao geogrfico, territrio e paisagem, e influenciaram, a partir dos
anos 80, uma srie de propostas curriculares voltadas para o segmento de quinta a
oitava sries. Essas propostas, no entanto, foram centradas em questes referentes a
explicaes econmicas e a relaes de trabalho que se mostraram, no geral,
inadequadas para os alunos dessa etapa da escolaridade, devido a sua complexidade.
Alm disso, a prtica da maioria dos professores e de muitos livros didticos
conservou a linha tradicional, descritiva e descontextualizada herdada da Geografia
Tradicional, mesmo quando o enfoque dos assuntos estudados era marcado pela
Geografia Marxista. (PCNs, 2001, p. 05).
O mtodo tradicional auxiliou e muito a evoluo da Geografia, no entanto, suas
teorias tornaram-se ao longo dos anos insuficientes para apreender a complexidade e
principalmente, para explic-la, pois a busca pela renovao da Geografia constante. De
acordo com os PCNs (2001, p.104) o levantamento feito por meio de estudos apenas
-
empricos tornou-se insuficiente. Era preciso realizar estudos voltados para a anlise das
relaes mundiais, anlises essas tambm de ordem econmica, social, poltica e ideolgica.
A Geografia enquanto cincia e disciplina escolar devem ser entendidas por
aqueles que necessitam de conhecer o espao para que se possa interagir com ela de maneira
apropriada. Segundo os PCN:
, essencialmente, a busca de explicaes mais plurais, que promovam a interseo
da Geografia com outros campos do saber, como a Antropologia, a Sociologia, a
Biologia, as Cincias Polticas. Uma Geografia que no seja apenas centrada na
descrio emprica das paisagens, tampouco pautada exclusivamente na
interpretao poltica e econmica do mundo; que trabalhe tanto as relaes
socioculturais da paisagem como os elementos fsicos e biolgicos que dela fazem
parte, investigando as mltiplas interaes entre eles estabelecidas na constituio
de um espao: o espao geogrfico. (PCN, 2001, p.106)
A Geografia crtica surgiu para auxiliar o ser humano a interagir com o meio em
que vive, para que dessa forma o ensino exposto em sala de aula tenha maior ligao com a
vida em sociedade. necessrio que a Geografia seja trabalhada de forma mais detalhada e
que acima de tudo seja refletida pelos educandos, como uma disciplina os leve perceber a
importncia da realidade do mundo e o mais importante onde eles esto inseridos, conforme
cita Cavalcanti (2003, p. 33) por ser um caminho metodolgico possvel para a construo e
a reconstruo de conhecimentos necessrios ao desenvolvimento intelectual dos alunos.
Sendo a Geografia uma rea de conhecimento, pode levar os alunos a compreenderem a
realidade de forma mais ampla, nela interagindo de forma mais consciente. Segundo
Cavalcanti (2003, p. 33) a Geografia trabalha com conceitos que fazem parte da vida
cotidiana das pessoas e em geral elas possuem representaes sobre tais conceitos.
O ensino de Geografia marcado por vrias etapas que vem desde a Geografia
Tradicional at a Geografia Moderna rodeada de fatores que se fundamentam entre si e
transcendem a sociedade. Os discursos que foram criados em torno da Geografia por
pensadores fazem parte de uma disciplina para se pensar e descobrir a realidade do espao em
que o indivduo est inserido, alm de entender as paisagens e conceitos criados por eles, o
que de total importncia de noo para o ser humano. Conforme cita Cavalcanti:
A considerao aos conceitos e imagens formados pelos alunos na prtica, na
experincia da vida diria, pode trazer subsdios ao encaminhamento de noes novas (porque, em princpio, ausentes do seu universo interior) contribuindo ao objetivo de torn-las acessveis e trat-las de maneira significativa a esses alunos.
(CAVALCANTI, 2003, p.33)
A Geografia Tradicional se baseia no positivismo, sendo um instrumento
metodolgico, que sustenta totalmente o ideal do tradicional, onde se observa apenas os
-
fenmenos do espao. Sendo assim, ela muito fragmentada, onde, por exemplo, se estudava
a populao, mas no a sociedade; os estabelecimentos humanos, mas no as relaes sociais;
as tcnicas e os instrumentos de trabalho, mas no o processo de produo. O estudo em torno
dessa cincia ocorria por etapas que at ento no se misturavam, fazendo com que a
Geografia no tivesse tanta importncia para a sociedade.
Segundo Sodr (1989) Geografia Tradicional foi tambm marcada pela existncia
de divises, tais como a Geografia Fsica e a Geografia Humana, Geografia Geral e a
Geografia Regional. Sendo assim, a Geografia Fsica se preocupa com o meio natural,
enquanto a Geografia Humana se baseia nas distribuies dos aspectos humanos; a Geografia
Geral busca desvendar os fenmenos da superfcie, desvendar os vrios campos de estudo que
a Geografia proporciona, sendo campo para a Climatologia e a Geologia, entre outras. J a
Geografia Regional busca desvendar as vrias caractersticas da regio.
A Geografia tradicional valoriza o papel do homem no espao em que est
inserido, valorizando somente o que ocorre dentro desse meio, deixando conseqentemente
seu estudo mais fragmentado, ou seja, dando maior nfase no estudo em torno do meio, das
paisagens naturais e humanizadas. Com isso a Geografia passa a ser uma disciplina
transmitida e estudada de forma a abordar as relaes do homem com a natureza de forma
objetiva, buscando assim a interpretao do meio. De acordo com os PCN
Os mtodos e as teorias da Geografia Tradicional tornaram-se insuficientes para
aprender essa complexidade e, principalmente para explic-la. O levantamento feito
por meio de estudos apenas empricos tornou-se insuficiente. Era preciso realizar
estudos voltados para a anlise das relaes mundiais, anlises essas tambm de
ordem econmica, social, poltica, e ideolgica. Por outro lado, o meio tcnico e
cientfico passou a exercer forte influncia nas pesquisas realizadas no campo da
Geografia. Para estudar o espao geogrfico globalizado, comeou-se a recorrer s
tecnologias aeroespaciais, tais como o sensoriamento remoto, as fotos de satlite e o
computador como articulador de massa de dados: surge o SIG (Sistemas
Geogrficos de Informao). (PCN, 2001, p.104)
Como pode ser visto os estudos voltados para a Geografia tradicional, como o
tempo foi se esgotando, sendo necessria a criao de novos rumos, novos mtodos e teorias
para inovar a cincia, pois os estudos em torno dela j estavam um sobrepondo o outro e as
teorias com o passar dos tempos foram perdendo seu valor. De acordo com os PCN (2001),
partir dos anos 60, a Geografia Critica surgiu para contrapor a Geografia Tradicional. A
Geografia Critica vm ento com o objetivo de estudar as relaes existentes sobre o meio. Os
PCN ressaltam que:
-
Os Gegrafos procuraram estudar a sociedade por meio das relaes de trabalho e da
apropriao humana da natureza para produzir e distribuir os bens necessrios s
condies materiais que a garantem. Critica-se a Geografia Tradicional, do Estado e
das classes sociais dominantes, propondo-se uma Geografia das lutas sociais. Num
processo quase militante de importantes gegrafos brasileiros, difunde-se a
Geografia marxista. [...] Tanto a Geografia Tradicional quanto a geografia Marxista
ortodoxa negligenciaram a relao do homem e da sociedade com a natureza em sua
dimenso sensvel de percepo do mundo: o cientificismo positivista da Geografia
Tradicional, por negar ao homem a possibilidade de um conhecimento que passasse
pela subjetividade do imaginrio: o marxismo ortodoxo, por tachar de idealismo
alienante qualquer explicao subjetiva e afetiva da relao da sociedade com a
natureza. (PCN, 2001, p.105)
A Geografia ganha espao onde seu principal lema no basta explicar o mundo,
preciso transform-lo surgindo assim com novas perspectivas, para o contexto geogrfico,
onde a Geografia passa a trabalhar com assuntos mais palpveis, de forma a explorar os
diversos assuntos que integram essa cincia. Com isso a Geografia obtm novas aberturas
polticas, econmicas, sociais e culturais que so fundamentais na formao do cidado.
Nos anos de 1960 as prticas pedaggicas da Geografia em escolas tradicionais
sofreram grandes transformaes e interrupes na linha de ensino e pesquisa. Licenciaturas
curtas foram criadas e a Geografia e a Histria tiveram seus ensinos unificados e ministrados
como Estudos Sociais, com base na Lei Federal n 5692/71.
A disciplina Estudos Sociais inclua tambm as disciplinas de Histria e
Organizao Social e Poltica do Brasil e no possua uma metodologia prpria por isso havia
grande dificuldade em mant-la. Segundo Buitoni (2010, p.13) ressalta que a Geografia
fragmentada em Estudos Sociais, ausente da grade curricular como disciplina em todas as
sries do ensino fundamental, ficou cada vez mais empobrecida em termos de contedo e
prtica pedaggica.
O resultado da fragmentao da disciplina de Estudos Sociais gerou uma
qualidade de ensino que deixou muito a desejar. Conforme cita Oliveira (1998, p.138 apud D
vila, 2003, p. 17) alunos e professores tm sido uma espcie de vtima desse processo. A
Geografia que se ensina e se aprende no os motiva mais e, seguramente, est muito longe das
reais necessidades. Surgindo assim a necessidade de uma reformulao de metodologia no
ensino de Geografia, incluindo assim, a valorizao do conhecimento prvio do aluno nessa
rea.
Entretanto, pode-se afirmar que o conhecimento geogrfico indispensvel na
formao de indivduos na vida social, pois atravs deste que, se conhecera o espao onde
est inserido, e o papel deste espao nas prticas sociais.
-
Pereira (1999 apud Dvilla, 2003, p. 17) comenta que o ensino de Geografia
significa ultrapassar a simples aparncia fragmentria do espao, resgatando a lgica de sua
produo social. Os conhecimentos pr-recebidos devem ser considerados de total
importncia, pois ser por meio deles que o aluno aprender e ter como meta sinalizadora
para o aprofundamento de seus conhecimentos. De acordo com Cavalcanti:
[...] o confronto dos dois tipos de conhecimento o conhecimento cotidiano (as representaes sociais) e o conhecimento cientfico ajuda a perceber os encontros e os desencontros entre eles, o que por sua vez traz importantes indicaes de como
trabalhar com os alunos considerando o conhecimento cotidiano como parmetro
inicial para a mobilizao de educando e para a sua ressignificao no final do
processo de ensino/aprendizagem. (CAVALCANTI, 2003, p.168)
A Geografia no Brasil passa a ser ensinada por professores licenciados que
durante a graduao procuraram estudar metodologias, contedos, para que no desenvolver de
seu trabalho pudessem desempenhar novas formas de ensino. De acordo com os PCN:
As primeiras tendncias da Geografia no Brasil nasceram com a fundao da
Faculdade de Filosofia da Universidade de So Paulo e do Departamento de geografia,
quando a partir da dcada de 40, a disciplina Geografia passou a ser ensinada por
professores licenciados, com forte influencia da escola francesa de Vidal de La
Blanche. (PCNs, 2001, p. 103)
Uma das principais discusses em torno da Geografia baseia-se na forma como
esta cincia est sendo repassada aos educandos das sries iniciais, pois a partir dessa fase
da aprendizagem em que os educandos esto descobrindo e aprendendo a realidade onde os
mesmos esto inseridos. A Geografia possuiu um vasto campo de riqueza em seus contedos
que se transmitido de maneira adequada tem o poder de despertar nos educando que tudo o
que eles vivem fora da sala de aula complementado e realidade com as disciplinas vistas em
sala de aula. Como mostra nos PCN
No que se refere ao ensino fundamental, importante considerar quais as categorias
da Geografia mais adequadas para os alunos em relao a sua faixa etria, ao
momento da escolaridade em que se encontram e s capacidades que se espera que
eles desenvolvam. Embora o espao geogrfico deva ser o objeto central de estudo,
as categorias, paisagem, territrio e lugar devem tambm ser abordados,
principalmente nos ciclos iniciais, quando so mais acessveis aos alunos, tendo em
vista suas caractersticas cognitivas e afetivas. (PCN, 2001, p.110):
A procura de conhecer algo novo e diferenciado, tem incio nas sries inicias,
dando continuidade nas sries seguintes e a Geografia tem o poder de oferecer isso aos
-
educandos, atravs de suas vrias teorias e conceitos, possibilitando assim que eles tirem do
papel tudo o que foi visto na sala de aula, e levando para a sua rotina diria.
1.2 O ensino de Geografia no contexto atual
Devido s grandes transformaes gerais ocorridas na sociedade e sua dinmica
no espao, insere-se o ensino de Geografia. A histria da Geografia se torna disciplina escolar
no incio do sculo passado, quando foi introduzida nas aulas com o objetivo de contribuir
para a formao dos cidados. Vlach nos diz que a incorporao da Geografia no currculo
escolar:
Foi, indiscutivelmente, sua presena significativa nas escolas primrias e
secundrias da Europa do sculo XIX que a institucionalizou como cincia, dado o
carter nacionalista de sua proposta pedaggica, em franca sintonia com os
interesses polticos e econmicos dos vrios Estados-naes. Em seu interior, havia
premncia de se situar cada cidado como patriota, e o ensino de Geografia
contriburam decisivamente neste sentido, privilegiando a descrio do seu quadro
natural. (VLACH, 1990, p.45 apud in CAVALCANTI, 2003, p. 18)
Depois de algum tempo, a Geografia reaparece com uma nova funo ideolgica,
quando o objetivo da disciplina caracterizado como transmisso de dados e informaes
gerais sobre os territrios do mundo em geral e de pases em particular. a partir desse
momento que foi denotada a reviso das bases tericas e metodolgicas da cincia geogrfica.
Segundo Cavalcanti
As reformulaes da cincia geogrfica levaram, ento, a alteraes significativas no
campo de ensino de Geografia, mesmo porque alguns dos pesquisadores mais
expressivos circularam nas duas reas de investigao. Devido s vrias
reformulaes surgiram inmeros trabalhos, que denunciaram as vrias fragilidades
de um ensino com base na Geografia Tradicional, fazendo se assim, surgir o ensino
de uma Geografia Nova, com base em fundamentos crticos. (CAVALCANTI,
2003, p. 18)
No Brasil, o movimento de renovao do ensino geogrfico faz parte de um
conjunto de reflexes epistemolgico, ideolgico e polticos da cincia geogrfica, que teve
incio na dcada de 1970. Cavalcanti (2003, p.19) afirma que se podem situar nesse
movimento alguns marcos importantes como a realizao do 3 Encontro Nacional de
Gegrafos, em1978, onde se deram importantes mudanas como a ocorrida na organizao da
AGB (Associao dos Gegrafos Brasileiros), promotora do encontro; e a realizao em
-
1987, tambm pela AGB do 1 Encontro Nacional de Ensino de GeografiaFala Professor.
Este ltimo foi uma reformulao que vinha ocorrendo na Associao desde a dcada de
1970, que foi consolidado como espao para discusses e divulgaes de estudos de interesse
dos profissionais e estudantes de Geografia.
Na dcada de 1980 houve um expressivo aumento da discusso dos fundamentos
da Geografia e seu papel na sociedade e no ensino. Cavalcanti (2003, p. 19) comenta que as
vrias discusses giravam em torno das condies de ensino da Geografia, das crticas
referentes aos contedos veiculados por essa matria e aos fundamentos da cincia geogrfica.
Lacoste surge nesse movimento, difundindo suas obras no Brasil no perodo de 1974-1988,
que tratavam prioritamente, da funo ideolgica da Geografia na escola e dos fundamentos
terico-metodolgicos da cincia geogrfica.
Moreira (1992 apud Cavalcanti 2003, p. 19) considera que Lacoste teve um papel
decisivo ao dar impulso inicial s vrias reflexes para a renovao da Geografia no Brasil,
principalmente ao considerar o comprometimento da Geografia do professor e o carter
estratgico do saber sobre o espao, escondido por esta cincia.
Atualmente muitas discusses vm surgindo e rondando respeito do ensino de
Geografia nas escolas com o intuito de valorizar ainda mais essa cincia que
possibilita ao ser humano conhecer e se organizar no espao, conhecer sua prpria
realidade social, incorporando assim a teoria na sua prtica diria. (MOREIRA, 1992, p. 8 apud CAVALCANTI, 2003, p.19).
Mas para que haja um bom ensino dessa cincia necessrio que o futuro
professor seja habilitado tanto para trabalhar no Ensino Fundamental II como no Ensino
Mdio. Contudo, deve-se propiciar ao futuro professor uma educao de boa qualidade,
principalmente com pensamentos crticos, para que esta mesma aprendizagem seja repassada
aos seus futuros alunos.
No entanto um dos grandes desafios dirios encontrados pelo docente em
Geografia, na sua profisso saber trabalhar os contedos desta rica cincia com seus alunos,
com a finalidade de mostrar a grande importncia dessa cincia na vida social de cada
cidado.
Saber o que trabalhar e quais contedos colocar em prtica nas aulas faz com que
o docente trabalhe sempre em busca de novos materiais que faam suas aulas se tornarem
cada vez mais interessantes e produtivas, no conceito dos educando. Pois o professor j traz
consigo uma pr - busca, um ideal que ser desenvolvido em sala, atravs de idias, teorias
-
embasadas na vivncia de cada educando no meio onde est inserido, interagindo assim suas
aulas conforme cada realidade vivenciada, para que assim facilite o entender de cada aluno.
A Geografia atualmente conta com diversas fontes de pesquisas a seu favor para
que o docente possa pesquisar, interpretar e lev-las para a sala de aula. No entanto, a
Geografia uma cincia que vive em constante transformao, sendo necessrio que o aluno
acompanhe essa transformao, para facilitar a sua aprendizagem.
Os contedos que so integrados Geografia so de total importncia para o
enriquecimento desta cincia, pois atravs deles que os educando podem construir um
conhecimento crtico e mais profundo sobre a realidade, para que os dilemas que so
vivenciados todos os dias pelos educandos, fora da sala de aula, sejam amenizados ou at
mesmo compartilhados com os colegas, construindo assim aulas mais prticas para que os
educandos do ensino fundamental possam perceber que a teoria do livro sua prtica da
realidade, e saber com isso assimilar os contedos que esto sendo estudados dentro da sala
de aula com a sua prpria realidade.
Cavalcanti (2003) ressalta que a Geografia ocupa, no currculo escolar, um lugar
privilegiado na formao da cidadania participativa e crtica. Ela ajuda os alunos a pensar a
realidade e atuar nela do ponto de vista da espacialidade, dimenso cada vez mais valorizada
pela cincia geogrfica dada a complexibilidade do mundo.
O professor durante a prtica pedaggica deve procurar e inovar sempre os
contedos, formando assim um ciclo, em que ir se formar outros contedos que
complementaro o primeiro, com isso o professor no ficar preso ao livro didtico, com
contedos ultrapassados que ainda no foram atualizados. muito importantes trazer esses
contedos para a realidade dos alunos, pois na maioria das vezes eles j vivenciam essa
realidade. Conforme cita Cavalcanti (2003, p. 20), que o ensino de Geografia, no se deve
pautar pela descrio e enumerao de dados, priorizando apenas aqueles visveis e
observveis na sua aparncia. Pelo contrrio, o ensino deve propiciar ao aluno a compreenso
do espao geogrfico na sua concretude, e nas suas contradies. Vesentini (1987 apud
Cavalcanti 2003) tambm considera que o professor deve ir alm do contedo que est
somente no livro didtico:
Um ensino crtico de Geografia no consiste pura e simplesmente em reproduzir
num outro nvel o contedo da(s) geografia(s) crtica(s) acadmica(s); pelo
contrrio, o conhecimento acadmico (ou cintifico) deve ser reatualizado,
reelaborado em funo da realidade do aluno e do seu meio (...) no se trata nem de
partir do nada e nem de simplesmente aplicar no ensino o saber cientfico; deve
haver uma relao dialtica entre esse saber e a realidade do aluno- da o professor
-
no ser um mero reprodutor, mas um criador. (VESENTINI, 1987, p. 78 apud
CAVALCANTI, 2003, p.22).
Para um ensino aprendizagem mais consistente e homogneo de fundamental
importncia desempenhar uma reflexo pedaggica que se empenhe em analisar e
desenvolver uma relao contedos-mtodos, onde se considere prioritamente o aluno como
sujeito do processo ensino-aprendizagem. Segundo Dvilla (2003, p.28) a metodologia a
cincia que estuda o mtodo o qual pode ser definido como o conjunto de processos pelos
quais se torna possvel conhecer determinada realidade para desenvolver certos
procedimentos ou comportamentos, Oliveira (2002, p.57 apud D villa, p. 28) tambm
comenta, que o mtodo nos leva a identificar a forma pela qual alcanamos determinado fim
ou objetivo. Assim, para que o ensino aprendizagem alcance seu objetivo necessrio que
este seja constitudo por um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas a serem
vivenciadas.
Essa ordenao metodolgica possibilitar ao professor um bom desempenho em
sala que indicar o que fazer no momento certo. Segundo Galliano (1979, p.06 apud Dvilla
2003, p. 28) a tcnica a ttica da ao. Ela resolve o como fazer a atividade, soluciona o
modo especfico e mais adequado pelo qual a ao se desenvolve em cada etapa. A
metodologia que ser colocada em prtica no dever considerar somente os espaos
predefinidos, mas pelo contrrio dever trabalhar temas ligados problemtica que est ligada
a ele, fazendo assim que o ensino passe por um processo de construo criada e recriada
diariamente, sendo capaz de surpreender e provocar os alunos. Garcia (2002, p.66 in apud
Dvilla, 2003, p, 28) cita que a metodologia no algo que possa ser resolvido previamente
por quem no est compartilhando o processo vivido.
O primeiro passo ao se desenvolver uma boa metodologia que esta seja pensada
e planejada para que todos os alunos tenham uma participao ativa no decorrer das aulas. A
aula tradicional deve ser substituda por uma mais atrativa onde os alunos devem ter muitas
dvidas, questionar, propor enfim, mergulhar na dinmica do trabalho. Cavalcanti afirma:
O domnio da cincia geogrfica, refletido na matria de ensino, bem como de seus
mtodos prprios , sem dvida, condio prvia para seu ensino. Mas cumpre
destacar o fato de que nem a cincia idntica matria de ensino, nem os mtodos
da cincia idnticos aos mtodos de ensino, ainda que guardem entre si uma
unidade. Quando se trata de ensinar as bases da cincia, opera-se uma transmutao
pedaggico-didtica, em que os contedos da cincia se transformam em contedos
de ensino. H, pois uma autonomia relativa dos objetivos sociopedaggicos e dos
mtodos de ensino, pelo que a matria de ensino dever organizar-se de modo que
seja didaticamente assimilvel pelos alunos, conforme idade, nvel de
desenvolvimento mental, condies prvias de aprendizagem e condies
socioculturais. (CAVALCANTI, 1991, p. 35 apud CAVALCANTI, 2003, p. 22)
-
A metodologia criativa possibilita novas formas de aprendizagem, indo muito
alm dos contedos tradicionais e impondo constantemente novos desafios para os alunos.
Callai apud Dvilla, afima:
Precisamos ter clareza dos pressupostos da cincia com que trabalhamos engendrar
novas formas pedaggicas para dar conta do ensinar e do aprender e entender que a aprendizagem supe inequivocamente uma relao social com aqueles com quem
estamos convivendo no processo ensino aprendizagem, seja concretamente como
pessoas, seja atravs da produo do conhecimento que j foi realizado e ao qual
estamos tendo acesso. (CALLAI 1999, p.80 in apud DVILLA, 2003p. 28)
Caber ao professor encaminhar e diversificar os contedos sempre com muitas
novidades, para dessa forma motive os alunos a prestarem mais ateno nas aulas. Collere et
al (2004), ressalta que o professor deve sempre usar tais metodologias:
Deve sempre haver a possibilidade de insero do inesperado, ou seja, de inserir
temas no previstos que ganham relevncia em razo de algum fato inusitado
(atentados terroristas, desastres naturais, guerras, copa do mundo, olimpadas, viagens
espaciais etc.) e que so motivadores do aprendizado em funo da massificao dos
meios de comunicao. Esses temas despertam interesse por parte dos alunos, e
precisam de explicao por parte do professor. A importncia das aula de campo,
desde aquela ao redor da escola, at outras de maior distncia, pois a compreenso da
realidade ser mais completa quanto maior for o contato do aluno com a concretude
do real, o que lhe permitir perceber a complexibilidade do mundo; A utilizao das
diferentes linguagens tecnolgicas e recursos pedaggicos como: projetor de slides,
laboratrio de informtica, mapas, globos, TV, vdeo ou DVD, produo de maquetes,
para a apreenso dos conceitos relativos cartografia e a representao, a fim de
proporcionar aos alunos aulas dinmicas, criativas e atraentes. (COLLERE et al, 2004,
p. 19)
No entanto para o professor garantir um bom desempenho durante as aulas,
necessrio fazer uma juno entre uma boa metodologia e um bom planejamento, pois um
auxiliar o outro no decorrer de toda a aula, conforme Vieira, afirma:
O professor deve estar consciente da necessidade de estar com suas aulas sempre
bem planejadas. Este planejamento ir deix-lo com segurana e em condies de
debater com seus alunos sobre o contedo desenvolvido buscando um engajamento
de todos na busca do conhecimento. Este entrosamento de idias ir formar
conceitos, os quais sendo construdos em conjunto sero fixados e entendidos de
forma mais simples, no necessitando de decorebas e de infindveis questionrios
to solicitados pelos alunos. (VIEIRA, 2009, p. 02)
Cavalcanti (2003, p. 22) comenta que se por um lado a transformao na prtica
de ensino no ocorre em funo de nossas reflexes tericas, com elas as possibilidades dessa
-
transformao ficam potencializadas desde que sejam, efetivamente, reflexes coladas aos
imperativos da prtica.
Vesentini (1995 apud Cavalcanti 2003, p. 22) e Pereira (1995 apud Cavalcanti
2003, p. 22) justificam em textos, sobre os reais objetivos sobre o ensino de Geografia no
final do sculo XXI. Vesentini (1995 apud Cavalcanti 2003) comenta sobre as funes
histricas do ensino de Geografia, relatando sobre o seu atual papel nas salas de aula.
Mas que tipo de geografia apropriada para o sculo XXI? lgico que no aquela
tradicional baseada no modelo A Terra e o Homem, onde se memorizavam informaes sobrepostas (...). E tambm nos parece lgico que no aquele outro
modelo que procura conscientizar ou doutrinar os alunos, na perspectiva de que haveria um esquema j pronto de sociedade futura (...). Pelo contrrio, uma das
razes do renovado interesse pelo ensino de geografia que, na poca da
globalizao, a questo da natureza e os problemas ecolgicos tornam-se mundiais
ou globais, adquiriram um novo significado (...). O ensino de geografia no sculo
XXI, portanto, deve ensinar ou melhor, deixar o aluno descobrir o mundo em que vivemos, com especial ateno para a globalizao e as escalas local e nacional,
deve enfocar criticamente a questo ambiental e as relaes sociedade/natureza (...),
deve realizar constantemente estudos do meio (...) e devem levar os educando a
interpretar textos, foto, mapas, paisagens. (VESENTINI, 1995, p. 15-16 apud
CAVALCANTI, 2003, p. 23)
Nesse contexto Pereira (1995 apud Cavalcanti 2003) faz uma alerta em seu artigo
sobre a necessidade de se pensar a fundo sobre os reais objetos de ensino da Geografia, no
ficando preso somente aos contedos superficiais.
Por exemplo, ao se definir que o objeto do estudo do contedo indstria brasileira fazer com o que o aluno saiba o que a indstria brasileira. E a, sem saber, o professor comeou a adotar a lgica do cachorro que corre atrs de seu prprio rabo
e consegue apenas ficar cansado.( PEREIRA 1995, p. 62 apud CAVALCANTI
2003, P. 23).
Tanto Vesentini (1995 apud Cavalcanti 2003) quanto Pereira (1995 apud
Cavalcanti 2003) relatam sobre a importncia de o professor fazer com que seus alunos
tenham pensamentos crticos, que sejam atuantes no decorrer das aulas e no fiquem somente
concordando com tudo que o profissional fala, pois atravs do ensino de Geografia que o
docente tem o poder de transformar contedos cientficos, tericos de modo que venham
facilitar a aprendizagem dos educandos. Atualmente o que tem se visto com muita freqncia
nas aulas de Geografia que muitos professores deixam de trabalhar contedos corriqueiros
no dia-a-dia, para dar maior enfoque a assuntos que so interessantes para eles tambm, mas
que muitas vezes esto longe da sua realidade. Pereira (1995, p.74 apud Cavalcanti, 2003, p.
23) afirma: Creio que possvel afirmar que a misso, quase sagrada, da Geografia no ensino
-
a de alfabetizar o aluno na leitura do espao geogrfico, em suas diversas escalas e
configuraes.
Para um bom aprendizado da Geografia de fundamental importncia o uso de
mapas nas aulas, mas muitos docentes deixam a desejar nas aulas com a falta da exposio do
mesmo, fazendo dessa forma que a aula se torne muito distante da realidade do discente,
sendo que atravs de uma pequena amostra no mapa estes poderiam enxergar sua realidade,
mesmo que de forma terica onde vivem.
Santos (1995 apud Cavalcanti 2003, p.24) comenta sobre a importncia da relao
entre contedos e objetivos no ensino de Geografia, sendo que o professor deve encaminhar
suas aulas com reflexes sobre objetivos que no tratem somente do futuro mas tambm no
presente. Pois preciso propiciar que os alunos tenham pensamentos crticos e dialticos, no
fazendo que eles sejam simplesmente meros receptores de informaes fceis.
A dialtica fundamental, quando estamos nos referindo ao processo escolar de
ensino-aprendizagem, mesmo que possa e deva se expressar na formulao dos
contedos, no est exclusivamente neste, mas vai alm e se concretiza na
identificao das cincias (formulao das questes) e na busca de solues
(formulao de respostas) (...) a relao escolar, na medida em que se fundamenta no
ensino da lgica formal, mais do que passar esse ou aquele contedo fragmentado incerto de contradies permite ao educando apropriar-se de perguntas e respostas prontas, enquanto o processo de dialetizao do ensino no , simplesmente, a
reproduo de textos elaborados a partir desse tipo da lgica, mas, mais que isso, a
possibilidade de viver a contradio imanente entre a necessidade e sua superao,
no plano da construo intelectual. (SANTOS, 1995, p. 56 apud CAVALCANTI,
2003. p. 24)
Em pleno sculo XXI muitos docentes encontram muitas dificuldades em
ministrar aulas mais dinmicas, pois mesmo quando vo trabalhar com contedos riqussimos,
na maioria das vezes a escola no oferece recursos para que a aula seja trabalhada com mais
detalhes. Com isso o ensino fica preso somente na teoria, enquanto que se fosse trabalhado de
forma adequada se obteria resultados mais favorveis para a aprendizagem de seus alunos.
Segundo os PCNs afirma que:
Os contedos selecionados devem permitir o pleno desenvolvimento do papel de
cada uma na construo de uma identidade como o lugar onde vive e, em sentido
mais abrangente, com a nao brasileira, valorizando os aspectos socioambientais
que caracterizam seu patrimnio cultural e ambiental. Devem permitir tambm o
desenvolvimento da conscincia de que o territrio nacional constitudo por
mltiplas e variadas culturas, que definem grupos sociais, povos e etnias distintos
em sua percepo e relaes com o espao, e de atitudes de respeito s diferenas
socioculturais que marcam a sociedade brasileira. (PCN, 2001, p. 123)
-
A finalidade de se ensinar a Geografia para crianas e jovens fazer com que os
alunos percebam a importncia de se ter um pensamento crtico sobre vrios assuntos,
formando assim raciocnios e concepes mais articulados e aprofundados a respeito do
espao. Fazendo-se dessa forma com que os alunos reflitam mediante aos vrios
acontecimentos e fatos que ocorrem diariamente longe da sua rotina ou at mesmo no seu dia-
a-dia.
Segundo Cavalcanti (2003) o ensino o processo de conhecimentos pelo aluno,
mediado pelo professor e pela matria de ensino, no qual devem estar articulados seus
componentes fundamentais, que so: objetivos, contedos e mtodos de ensino, pois a
principal funo do docente desenvolver competncias apropriadas para usar em sala de
aula, estimulando assim o educando a criar suas prprias habilidades, fazendo a juno entre a
teoria e a prtica aplicada realidade em que cada um est inserido. Somente assim que os
educandos aprendero mesmo com os erros, acertos, palpites e criaro uma interao maior
com professor e colegas, fazendo dessa forma que a aula seja mais produtiva e que todos
interajam dando pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto. De acordo com o
Programa Curricular de Geografia:
Uma forma de orientar a seleo e organizao do contedo deve ser a referncia ao
espao geogrfico como categoria de compreenso da realidade. Espao geogrfico
entendido enquanto histrico, concreto, social e objetivo. Essa categoria, em
princpio, instrumentalizaria uma leitura da realidade do ponto de vista de sua
espacialidade. A compreenso dessa categoria requer certo entendimento de alguns
conceitos, como lugar, paisagem, regio, natureza, sociedade, territrio, que formam
a estrutura conceitual bsica do raciocnio geogrfico. (GOIS, SEC 1995, p. 17 apud CAVALCANTI, 2003, p. 25)
necessrio que no decorrer das aulas o docente esteja sempre interagindo com
seus discentes com atividades dentro e fora da sala de aula, para que o aluno passe a buscar e
produzir seus prprios conhecimentos e conceitos que sero adquiridos com maior facilidade
atravs de trabalhos e pesquisas e de tantas alternativas que ele ir buscar para se desprender
da teoria. Segundo Cavalcanti
A experincia tem mostrado a ineficcia de se ensinar conceitos criana ou o
jovem apenas transmitido a eles o conceito definido no livro ou elaborado pelo
professor. A pesquisa em torno do assunto sugere que o professor deve propiciar
condies para que o aluno possa formar, ele mesmo, um conceito. (CAVALCANTI 2003, p. 26)
-
De acordo com D Avilla (2003, p. 10) o contedo escolar tem passado por
significativas transformaes, no intuito de dar conta dos avanos epistemolgicos da cincia
e de responder as necessidades da escola no processo de formao do sujeito. Percebe-se
dessa forma que a autora trabalha essa questo de forma que tanto docentes quanto a escola
esto de certa forma mudando sua rotina, por menor que seja para se enquadrarem nos novos
avanos, para assim oferecerem uma melhor estrutura escolar para seus alunos.
DAvilla (2003, p. 10) tambm chama a ateno para os contedos que so
repassados de forma mecnica, em que os professores encontram somente o livro didtico
como suporte, deixando de levar contedos mais claros e interessantes, e que esto presentes
tanto na vida dos educando quanto realidade da escolar.
Com isso a Geografia se torna chata e no muito interessante para a maioria dos
alunos, fazendo que eles se sintam obrigados a assistirem as aulas, se sentem distantes da
realidade repassada pelo professor.
1.3Matrizes de referncia para o ensino fundamental do estado de Gois
Para se garantir o sucesso da aprendizagem de todos os estudantes e a qualidade
social da educao, preciso promover constantemente boa formao dos envolvidos no
processo educacional, em que necessrio fazer o acompanhamento pedaggico e os
espaos coletivos de discusso na escola sobre o currculo escolar.
Segundo as MATRIZES CURRICULARES (2009, p.10),
Essa afirmao representa consenso existente na Secretaria de Estado da Educao
de Gois e est alinhado com a proposta do Governo do Estado de eleger a educao
como o principal instrumento de promoo da cidadania, assegurando a todos os
educando o exerccio de direitos sociais com valores supremos de nossa sociedade.
No Caderno 5 Currculo em Debate: Matrizes Curriculares, est dando
continuidade ao processo de Reorientao Curricular no Estado. Sendo que as Matrizes
Curriculares do 1 ao 5 ano foram elaboradas pelos tcnicos-pedaggicos da Coordenao
do Ensino Fundamental. O principal ponto de partida para uma nova elaborao das
Matrizes Curriculares deu-se em decorrncia do cumprimento da Resoluo do CEE-GO n
186/2004, onde ocorreu uma ampliao do Ensino Fundamental do Sistema Educativo do
Estado de Gois de oito para nove anos de escolaridades.
-
A partir de 2004, comeou um amplo processo de discusso sobre o currculo do
6 ao 9 ano, envolvendo os profissionais dos diferentes nveis do sistema educacional.
Segundo os Cadernos Cenpec, (n4, 2007, p.100) o processo de discusso tem como propsito
de valorizar os saberes dos profissionais que fazem uma renovao diria da educao em sala
de aula e que constantemente renova a crena de que o currculo de cada escola s se
modifica, de fato, medida que o conjunto de educadores se mobiliza para problematizar,
estudar e discutir os fatores que provocam a excluso de milhares de jovens e para
construrem juntos novos caminhos para a incluso social.
Com as mudanas das Matrizes Curriculares, as expectativas de aprendizagem de
1 ao 9 ano do Ensino Fundamental, passaram a constituir uma referncia curricular, tendo
como meta melhorar efetivamente a qualidade da aprendizagem dos estudantes de Gois. As
Matrizes Curriculares so constitudas de referncias para um melhor desenvolvimento de
qualquer atividade educacional que tenha como foco a qualidade do ensino e a aprendizagem
no Ensino Fundamental.
De acordo com as Matrizes Curriculares (2009, p. 11) foi,
Com a necessidade de democratizao do conhecimento, para dessa forma fortalecer
a qualificao dos profissionais da educao em todo o Estado de Gois, as Matrizes
Curriculares constituem as referncias para o desenvolvimento de qualquer atividade
educacional que tenha como foco a qualidade do ensino e a aprendizagem no Ensino
Fundamental
.
As Matrizes Curriculares tem como meta privilegiar o dilogo entre a teoria e a
prtica, para que dessa forma ocorra uma boa articulao entre os diferentes saberes que
envolvem o ensino.
Tanto na rede pblica de ensino do Estado de Gois, quanto em qualquer outra
rede de ensino privada, o educador ir lidar num mesmo espao com culturas diferentes, em
que o mesmo ter que repassar um aprendizado homogneo para todos. Dessa forma as
Matrizes Curriculares afirmam que:
Na rede pblica de ensino do Estado de Gois, assim como em outras redes
nacionais e internacionais, possvel identificar diferenas sociais e culturais e que
ensejam diferentes necessidades de aprendizagem, ao mesmo tempo em que se
verificam prticas e experincias que so comuns a todos os atores que lidam com as
relaes de ensino. (MATRIZES CURRICULARES, 2009, p.11)
As Matrizes Curriculares possuem um estabelecimento de metas em que seu papel
contribuir para a construo da unidade e da integrao das diversas reas do conhecimento,
-
sempre buscando, ao mesmo tempo, garantir o respeito diversidade, sendo esta uma marca
cultural do Estado de Gois. No entanto para o Ensino Fundamental, no sentido de valorizar a
capacidade de utilizao crtica e criativa dos conhecimentos e no o simples acmulo de
informaes, as Matrizes Curriculares indicam, aos profissionais: a leitura e a produo de
textos em todas as reas do conhecimento, o respeito cultura local e juvenil, o
desenvolvimento de habilidades sempre considerando o estudante sujeito de sua prpria
formao, assumindo o estudante tambm a responsabilidade no processo de aprendizagem.
Como referncias para uma boa formao dos alunos, as Matrizes Curriculares
para o Ensino Fundamental, tm como meta proporcionar a todos os profissionais os
instrumentos capazes de lhes fazer uma reflexo responsvel, para uma ao crtica em
situaes complexas e rotineiras de seu trabalho, que servir de documento de estudo por
todos os profissionais da rede nos encontros coletivos.
As Matrizes Curriculares se fundamentam em dois princpios bsicos que se
referem tanto na formao dos profissionais que participam na elaborao e implementao
das Matrizes Curriculares do Ensino Fundamental, at os profissionais que vo coloc-la em
prtica. De acordo com as Matrizes Curriculares (2009), esses princpios pertencem a dois
grandes grupos que so:
Educacional princpios que apresentam as linhas gerais sobre as quais esto fundamentadas as aes de educao e do currculo do 1 ao 9 ano do Ensino
Fundamental [...] Eles se caracterizam pela flexibilidade, diversificao,
transformao, integrao e esto apresentados nos textos das reas do
conhecimento. Didtico-Pedaggico esses princpios orientam as aes e atividades referentes aos processos de planejamento, execuo e avaliao das aes
dos profissionais do ensino. Eles se caracterizam pela valorizao do conhecimento
prvio, interdisciplinaridade, transversalidade e articulao dos saberes e norteiam o
planejamento das oficinas pedaggicas por reas do conhecimento. (Matrizes
Curriculares, 2009, p. 12)
As orientaes terico-metodolgicas tm como fonte as Matrizes Curriculares, pois estas
constituem um referencial para que os educadores possam planejar e acompanhar as aes do
processo de ensino e aprendizagem nesse nvel de ensino, bem como estabelecer relaes
como os demais nveis de modalidades, sempre visando uma educao inclusiva. O
referencial terico-metodolgico do 1 ao 9 ano do Ensino Fundamental est calcado em um
paradigma que concebe a educao como um processo complexo e contnuo de
desenvolvimento de conceitos, atitudes, hbitos e habilidades. Dessa forma estimula os
professores a buscarem a modernizao e atualizao profissional necessria para acompanhar
-
as exigncias da sociedade contempornea. Conforme cita Schn (2000 in apud Matrizes
Curriculares, 2009, p.12), sujeitos competentes e compromissados com aquilo que est no
campo de ao de seu poder, bem como a melhoria do bem pblico e das instituies
poltica.
O processo de aprendizagem entendido como um processo que sempre requer
uma viso intencional do educador, pois atravs dele que haver o principal estmulo para
que os alunos prestem mais ateno nas aulas, pois no momento da aprendizagem e da
vivncia entre professor e aluno, que o professor criar uma ponte de construo/reconstruo
do conhecimento e a apropriao crtica da cultura elaborada, sempre considerando a
necessidade de padres de qualidade e de princpios ticos.
Segundo o SEE (Secretaria de Educao, 2006, apud Matrizes Curriculares, 2009,
p. 13), a concepo de aprendizagem que compem uma escola possui muitas definies e
conceitos caracterizados pelos contextos culturais em que est inserida, exigir reflexo e
ateno sobre as singularidades que permeiam a capacitao dos integrantes. Pois uma
aprendizagem desorganizada sempre costuma levar a aes repetitivas, no levando a
compreenso total do contedo exposto.
De acordo com as Matrizes Curriculares (2009, p. 13), Para uma aula ser bem
produtiva o planejamento de fundamental importncia no desenvolvimento do trabalho
pedaggico do professor, pois atravs do planejamento que se possvel definir o que se
pretende alcanar, prever situaes e obter recursos didticos (humanos ou materiais),
organizar as atividades, dividir tarefas para facilitar o trabalho em sala, avaliar determinadas
atividades ou criar outras. O planejamento tambm permite refletir sobre o que ser exposto
em sala de aula e at mesmo no modo de agir mais adequado.
O planejamento a principal ferramenta de organizao do trabalho pedaggico,
pois atravs dele que os professores tero todo o auxlio no decorrer de suas aulas, de modo
que o ensino cumpra sua finalidade com o que foi proposto no planejamento. Segundo as
Matrizes Curriculares (2009), na elaborao de um plano de ensino preciso levar sempre em
conta:
O projeto educativo da escola: o que definiu como metas a alcanar o que destacou
como prioridades de aprendizagem, o tipo de estudantes que se pretende formar;
Aprendizagens que o estudante j realizou o seu nvel de conhecimento;
Aprendizagens ligadas leitura e produo de textos; Exigncias das culturas locais
e juvenis; Resultados de pesquisas, no interior da escola, sobre aprendizagem dos
estudantes em cada nvel do ensino. (MATRIZES CURRICULARES, 2009, p. 1
-
O sistema de avaliao da aprendizagem tem como objetivo fornecer informaes
que possibilitem uma melhor reorganizao nos processos de ensino e de aprendizagem tanto
dos discentes quanto dos docentes. A avaliao no se finda somente aos critrios de
aprovao ou reprovao dos estudantes, pelo contrrio, ela constitui a base para um
monitoramento onde visa a permanente qualidade das aes de educao, a partir de critrios
claramente definidos. De acordo com as Matrizes Curriculares (2009, p. 14), os critrios
utilizados na avaliao da aprendizagem tm como referncia bsica os objetivos definidos
para o processo de formao e capacitao e o desenvolvimento de competncias a serem
desenvolvidas
Segundo Perrenoud (2001 in apud Matrizes Curriculares, 2009, p.14), para a
melhor compreenso da relevncia social e educacional da avaliao da aprendizagem,
necessrio se fazer uma investigao dos fracassos e avanos a partir da reflexo sobre as
prticas avaliativas. Pois a partir dessa avaliao que se poder fazer uma renovao das
prticas de ensino, sendo fundamental auxiliar os discentes na reflexo critica sobre sua
prpria educao, para que dessa forma possam reconsiderar suas prprias idias, aes e
atitudes. Os educandos devem ter total conscincia da qualidade da prpria aprendizagem no
momento da avaliao, pois atravs da avaliao que podero ver quais so as principais
deficincias em torno da educao, sendo que a partir desses atritos, que se buscar uma
melhora para a educao.
-
2. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA
O incio do sculo XXI foi marcado por uma inovao tecnolgica nunca antes
experimentada, esta inovao chegou a todo vapor ao meio social, principalmente no meio
escolar em que veio facilitar as aulas expositivas de Geografia. Santos (2000, p.18 apud
Collere et all 2005, p. 01) comenta que medida que a rapidez, a profundidade e a
imprevisibilidade de algumas transformaes recentes conferem ao tempo presente uma
caracterstica nova, a realidade parece ter tomado definitivamente a dianteira sobre a teoria.
Isso fez com que a realidade de outros lugares do planeta chegue com mais preciso e rapidez
em todos os lugares, deixando assim a teoria do papel de lado. No entanto essa rica cincia
sofreu e ainda sofre com vrias mudanas drsticas, para se tornar uma disciplina fundamental
em todas as escolas e na vida de cada aluno. Segundo Vesentini (2004, apud Costa, 2010, p.
04), atualmente no Brasil ocorre uma ampla discusso sobre a desvalorizao da categoria dos
professores e da qualidade de ensino, em que os profissionais se deparam diariamente com
problemas que vo desde a dura carga de trabalho, salas com superlotao de alunos, baixos
salrios e pouco tempo para se atualizarem ou at mesmo se especializarem.
Tardif (2005 apud Costa, 2010, p. 05), tambm comenta que a carga horria de
trabalho do professor influenciada por diversos fatores, deixando-o sobrecarregado. Estes
fatores de um modo geral so influenciados pela rotina diria do professor, pois muitos
docentes enfrentam dificuldades quanto acessibilidade ao local de trabalho, como: trabalhar
em locais distantes, violncia nas escolas e em sala de aula, alunos com dificuldades de
aprendizagem, as exigncias das escolas, e a dupla jornada de trabalho.
No entanto um dos principais problemas enfrentados atualmente pelos profissionais,
ainda a falta de recursos presentes na maioria das escolas, em que, na maioria das vezes, mal
disponibiliza o quadro negro, o giz e um apagador, para a realizao das aulas. Com a falta de
recursos necessrios para uma boa aula e a pesada carga horria dos professores, muitas vezes
impede que o profissional possa realizar uma aula satisfatria. Vesentini (2004 apud Costa,
2010, p. 05) ainda acrescenta que:
No caso do ensino da Geografia, isso tudo agravado pelos preconceitos pela
disciplina (e contra as humanidades em geral, consideradas secundrias), que fica com uma carga horria reduzida, e enfrenta uma enorme dificuldade para
operacionalizar os estudos do meio, que so importantssimos na sua prtica
educativa. (VESENTINI, 2004, p, 235 apud COSTA, 2010, p. 05)
-
Alm de todos os fatores citados, a Geografia enquanto disciplina enfrenta outro fator
agravante diariamente, onde muitos profissionais da educao consideram essa disciplina
como simplria em que qualquer um capaz lecionar, sendo ela uma disciplina invlida por
muitos profissionais de outras disciplinas.
Aquino Junior (2007 apud Costa, 2010, p. 01) explicita que as vrias dificuldades
quanto ao espao e a infra-estrutura nas escolas no devem ser tomadas como justificativas a
programao de um ensino de m qualidade, pois para esse autor o bom professor aquele
que consegue trabalhar a construo do conhecimento com os alunos independente do espao
e da infra-estrutura que lhe sejam disponibilizadas. Pois para esses profissionais que amam a
profisso no h barreiras que possa ser derrubada.
A Geografia era tida no incio como uma disciplina embasada somente no patriotismo
e nacionalismo, mas hoje a Geografia vista como uma disciplina crtica dinmica e
preocupada com os aspectos sociais que rodeiam e norteiam a sociedade. Vesentini (2004
apud Costa 2010) aponta que:
H quase um consenso entre os professores de Geografia, pelo menos no Brasil, que
atualmente estamos vivenciando uma transio de uma Geografia(s) escolar
tradicional para uma critica(s). Aquela primeira seria descritiva e mnemnica,
alicerada no paradigma a a Terra e o Homem, com uma seqncia predefinida de temas: estrutura geolgica e relevo, clima, vegetao, hidrografia, populao e
economia. E a ltima a(s) Geografia(s) critica vem se expandindo no Brasil a partir
dos anos 80. (VESENTINI, 2004, p.222 apud COSTA, 2010, p. 02)
Segundo Quinto (2009 apud Costa, 2010, p. 02) a Geografia do sculo XX estava
somente preocupada em formar cidados para defenderem arduamente os interesses do
Estado, com o nico interesse em despertar nesses alunos o amor ptria, formando assim
cidados que no reconheciam a fundo a realidade da sociedade e nem do pas, e que, no
entanto devia defender.
Cavalcanti (2003, p. 21) aponta que, nas duas ltimas dcadas a Geografia vem
passando e superando por um longo perodo de renovao, em que o ensino que era alicerado
na base de decorar os contedos atualmente vem sendo substitudo por um ensino mais crtico
e comprometido na transformao do social.
No balano geral do movimento de renovao de Geografia nas
ltimas dcadas, duas questes precisam ser destacadas (...) os
modestos efeitos na prtica de ensino dos professores de Geografia,
comparados com questionamentos, anlises e propostas renovadas feitos em nvel tericos, e a reflexo dessa prtica a partir de uma
referncia pedaggico didtica, tambm incipiente.
(CAVALCANTI, 2003, p.21)
-
Muito antes de a Geografia crtica se desenvolver com mais vigor nas academias, ela
j era trabalhada nas escolas do Ensino Mdio e Fundamental (nesse perodo ela era
conhecida como Estudos Sociais). Nesse perodo seus contedos abordavam assuntos como:
Subdesenvolvimento, Sistemas Socioeconmicos, Problemas Sociais Urbanos, entre outros.
Com as vrias modernidades e tecnologias que chegaram para inovar e facilitar a vida
da sociedade, o ensino de Geografia nas escolas tambm teve que se adequar, fazendo dessa
cincia uma disciplina dinmica, em que o objeto de estudo o espao geogrfico, marcado
por todas essas modificaes.
Segundo Costa (2010, p. 03), a Geografia tem trabalhado a criticidade do aluno,
instigando-o a refletir e construir seus prprios conhecimentos, porm o ensino tradicional
no foi totalmente existo das escolas.
No entanto para os alunos acompanharem e entenderem a fundo as transformaes
dirias, os educando devem ser cada vez mais instrudos, sendo o professor o principal
mediador nessa construo de conhecimentos, ou seja, sempre instruindo seus alunos a serem
pensadores crticos. bom que o aluno saiba distinguir e correlacionar o contedo aprendido
em sala de aula com sua rotina. Malysz (2007 apud Costa, 2010) destaca que o professor de
Geografia precisa:
(...) ensinar Geografia numa perspectiva que estimule: a interpretao e anlise das
diferentes paisagens; a leitura critica dos acontecimentos nos diversos lugares, a
compreenso de conflitos territoriais; a desafinao que existe na sociedade
globalizada; a conscientizao das questes socioambientais na sociedade de
consumo. (MALYSZ, 2007, p 17 apud COSTA, 2010, p. 03)
Para ensinar Geografia o professor deve promover aes que despertem a curiosidade
do aluno, relacionando a teoria geogrfica com a prtica cotidiana dos mesmos e com os
acontecimentos. Segundo Collere et al. (2004) o ensino geogrfico no uma particularidade
brasileira, esta cincia tem um grande valor como disciplina em outras partes do mundo sendo
enfatizada pela Comunidade Geogrfica Internacional como uma disciplina essencial para a
formao de indivduos crticos para o exerccio da vida cidad. Assim, a Declarao
Internacional sobre Educao Geogrfica, firmada pela Comisso de Educao Geogrfica da
UGI, em 1992, em Washington, e ratificada em 2000, em uma reunio realizada em Seul, na
Coria do Sul, afirma que:
(...) a Geografia como campo de estudos essencial para a compreenso de nosso
lugar no mundo e de como as pessoas interagem com as demais em seus entorno; a
-
investigao e educao geogrficas promovem e ampliam a compreenso cultural, a
interao, a igualdade e a justia em escala local, regional e global; todos os
estudantes tm direito oportunidade de desenvolver seus valores sociais, culturais e
ambientais atravs da educao geogrfica que promover seu desenvolvimento como
pessoas geograficamente informadas;... Os gegrafos profissionais e educadores
geogrficos... (devem) promover a educao geogrfica global para fazer frente aos
futuros desafios do desenvolvimento e o entorno natural. COLLERE (2004, p. 05)
Mas para que o docente realmente possa entender e gostar da Geografia, ele deve ter
um aprendizado de qualidade, em que ele no seja um mero receptor de informaes, mas
possa digerir essas informaes, e transform-las nas suas vivncias dirias.
Com isso vem surgindo muitas discusses a respeito do ensino de Geografia nas
escolas nos dias atuais com o intuito de poder valorizar cada dia mais essa cincia que
proporciona ao aluno ser um conhecedor do espao principalmente onde ele est inserido. O
ensino de Geografia nas escolas exige mais clareza, a fim de proporcionar ao aluno um
aprendizado mais profundo sobre os contedos estudados em sala de aula e sempre buscando
inserir o aluno e seu espao no mtodo de aprendizagem, a fim de que os contedos sejam
entendidos com mais facilidade.
Segundo Collere et al (2004):
Passados mais de vinte e cinco anos de um intenso e profundo movimento de
renovao da Geografia brasileira (dcadas de 70 e 80), marcados, sobretudo pela
introduo do materialismo histrico e da dialtica como pilares terico-
metodolgicos, chegaram ao inicio do sculo XXI com a aceitao de vrias vertentes
que at ento estavam margem das discusses e em torno da cincia geogrfica. Tais
discusses paut