O Ensino de Geografia Um Olhar Dos Professores Sobre o Processo de Construção e Reconstrução de...

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITARIA DE IPORÁ CURSO DE GEOGRAFIA ROBERTA CRISTINA SILVÉRIO SILVA O ENSINO DE GEOGRAFIA-UM OLHAR DOS PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO E RECONSTRUÇÃO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO FUNDAMENTAL II: ANÁLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICÍPIO DE PALESTINA DE GOIÁS. IPORÁ 2013

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Geografia

Transcript of O Ensino de Geografia Um Olhar Dos Professores Sobre o Processo de Construção e Reconstrução de...

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITARIA DE IPOR

    CURSO DE GEOGRAFIA

    ROBERTA CRISTINA SILVRIO SILVA

    O ENSINO DE GEOGRAFIA-UM OLHAR DOS

    PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUO E

    RECONSTRUO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO

    FUNDAMENTAL II: ANLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA

    ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICPIO DE PALESTINA DE

    GOIS.

    IPOR

    2013

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    CURSO DE GEOGRAFIA

    ROBERTA CRISTINA SILVRIO SILVA

    O ENSINO DE GEOGRAFIA- UM OLHAR DOS

    PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUO E

    RECONSTRUO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO

    FUNDAMENTAL II: ANLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA

    ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICPIO DE PALESTINA DE

    GOIS.

    Trabalho de Concluso apresentado Universidade

    Estadual de Gois, Unidade Universitria de Ipor, como

    exigncia parcial para a concluso do curso de graduao

    Licenciatura plena em Geografia.

    Orientadora: Prof. Ivanir da Costa Alves

    IPOR

    2013

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao ( CIP )

    ________________________________________________________________________________

    S586e Silva, Roberta Cristina Silvrio

    O ensino de geografia um olhar dos professores sobre o processo de construo e reconstruo de aprendizagem no ensino fundamental II:

    anlise da Escola Estadual Ana Algemira do Prado, no municpio de

    Palestina de Gois / Roberta Cristina Silvrio Silva. - 2013.

    81 f.: il.

    Monografia (Licenciatura em Geografia) Universidade Estadual de Gois, Unidade Universitria de Ipor. Ipor, 2013.

    Orientadora: Prof. Ivanir da Costa Alves.

    1. Geografia. 2. Geografia Estudo e ensino. 3. Aprendizagem. I. Ttulo.

    CDU: 911

  • ROBERTA CRISTINA SILVRIO SILVA

    O ENSINO DE GEOGRAFIA- UM OLHAR DOS

    PROFESSORES SOBRE O PROCESSO DE CONSTRUO E

    RECONSTRUO DE APRENDIZAGEM NO ENSINO

    FUNDAMENTAL II: ANLISE DA ESCOLA ESTADUAL ANA

    ALGEMIRA DO PRADO, NO MUNICPIO DE PALESTINA DE

    GOIS.

    Monografia defendida no curso de Geografia da UEG de Ipor, para obteno do grau de

    Licenciatura em Geografia, aprovada em ________/___________de _________, pela Banca

    Examinadora constituda pelos seguintes professores:

    __________________________________________

    Prof. Ivanir da Costa Alves UEG-Ipor

    Presidente da Banca

    _________________________________________

    Prof. Divino Jos Lemes de Oliveira UEG-Ipor

    (Membro)

    _______________________________________

    Prof. Marlucia Marques UEG-Ipor

    (Membro)

  • Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ter

    me proporcionado a vida e ao meu pai que no esta

    mais aqui comigo, mas, sei que l de cima olhou por

    mim em todas as minhas dificuldades. Foi pessoa

    que sempre me incentivou a estudar e lutar por um

    futuro melhor.

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente agradeo a Deus por ter me proporcionado a vida, sade e

    sabedoria para completar mais uma das grandes conquistas em minha vida.

    Aos meus Pais Luis Teodoro da Silva e Maria Rosimar Silvrio Silva, pelo amor,

    carinho, pacincia e incentivo que eles me proporcionaram em todos os momentos da minha

    vida, obrigada por tudo... Vocs meu porto seguro.

    As minhas irms Ihguia Cssia Silvrio Silva e Ihuguiane Mirele Silvrio Silva,

    pelos momentos de brigas e companheirismo que muito me ajudaram a crescer... Adoro

    vocs.

    Ao meu namorado Adriel que mesmo longe me deu toda a fora de que eu

    precisava. Muito obrigada meu amor... Te Amo

    Aos meus familiares obrigada pela influncia positiva, foi de grande incentivo.

    Aos meus colegas de faculdade, obrigada pelas experincias e conhecimentos

    compartilhados no decorrer do curso e at mesmo fora, vo dar saudades todos os momentos

    em que passamos juntos.

    A minha professora orientadora Ivanir Alves pela dedicao, pacincia,

    compreenso e direcionamento das idias para a realizao do meu trabalho.

    Aos meus amigos obrigada pela fora e perseverana para a concluso do curso.

    A todos os professores que transmitiram conhecimento ao longo desses quatro

    anos de curso os meus sinceros agradecimentos aos professores da banca, obrigada pela

    contribuio no trabalho.

    Enfim, obrigada a todos que diretamente e indiretamente torceram e contriburam

    para mais essa conquista na minha vida, os meus sinceros agradecimentos.

  • O nico lugar aonde o sucesso vem antes do trabalho no

    dicionrio.

    Albert Einstein

  • RESUMO

    O presente trabalho tem como tema, um estudo dos docentes de Geografia do Colgio

    Estadual Ana Algemira do Prado da cidade de Palestina de Gois, ressaltando as propostas

    para enfrentar os desafios dirios encontrados em sala de aula. Nasceram, assim, as seguintes

    perguntas: As novas metodologias de ensino tm chamado mais a ateno dos alunos para as

    aulas de Geografia? E o dilogo entre professor e aluno, tem influncia positiva no

    ensino/aprendizagem? A escola escolhida para esta pesquisa foi da rede estadual de ensino,

    sendo a nica que trabalha com o Ensino Fundamental II, na cidade de Palestina de Gois. O

    objetivo da pesquisa foi verificar as prticas didticas pedaggicas mais utilizadas e propor

    alternativas capazes de direcionar caminhos para enfrentar os novos desafios. A metodologia

    empregada foi a anlise do plano de ensino, visando o estudo das metodologias que so

    utilizadas pelos professores, anlise de documentos oficiais e entrevistas com os docentes por

    meio de questionrios. Concluda as anlises, pode-se dizer que os docentes tm buscado

    novas metodologias para trabalhar a Geografia, mesmo no sendo com muita frequncia, no

    entanto encontram vrios obstculos ao ministrar suas aulas, pois na maioria das vezes os

    alunos no demonstram interesse pela disciplina.

    Palavras-chave: Ensino; geografia; metodologia.

  • ABSTRACT

    This paper chose as its theme, the study of teachers Palestinian city of Gois, on which

    proposals to face the daily challenges encountered by them in the classroom. Born, so the

    following questions: The new teaching methodologies have called more attention to students'

    classes Geography? And the dialogue between teacher and student has positive influence on

    learning the polite? The school chosen for this research was the state schools, and the only

    one that works with elementary school II, the city of Palestine Gois The objective of the

    research was to recognize the didactic pedagogical practices most used and propose

    alternatives able to direct paths to face the new challenges. The research was supported with

    analysis of the teaching plan, aimed at the study of teaching methodologies that are used by

    teachers, analysis of official documents, and interviews with teachers through questionnaires.

    Completed the analysis , it can be said that teachers have sought through methodologies for

    working with geography , although not very often , but always makes use of new

    methodologies , however are several obstacles to teach their classes , since most of times

    students do not show any interest in the lessons .

    Keywords: education; geography; methodology.

  • SUMRIO

    INTRODUO........................................................................................................................11

    CAPITULO 1-As DIFERENTES CONCEPES DA GEOGRAFIA: NOVAS

    CONTRIBUIES.................................................................................................................14

    1.1 Geografia e ensino..............................................................................................................14

    1.2 O ensino de geografia no contexto atual.............................................................................21

    1.3 Matrizes de referencia para o ensino fundamental do estado de Gois..............................29

    CAPITULO 2-DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA.........33 2.1 O papel da escola e do professor.........................................................................................37

    2.2 Geografia e o aluno.............................................................................................................45

    CAPITULO 3- DELINEAMENTO METODOLGICO...................................................50

    3.1 Uma breve caracterizao da cidade em estudo..................................................................50

    3.2 Metodologia da pesquisa.....................................................................................................51

    3.3 Sujeitos e contexto das representaes da pesquisa............................................................51

    3.4 O contexto das representaes da escola e professores......................................................52

    3.5 Histrico da escola..............................................................................................................52

    3.6 Procedimentos para coleta de dados...................................................................................55

    3.7 Concepo filosfica, pedaggica e metodolgica do Colgio Estadual Ana Algemira do

    Prado.........................................................................................................................................56

    PROPOSTAS PARA ENFRENTAR NOVOS DESAFIOS...............................................58

    CONSIDERAES FINAIS.................................................................................................72

    5 REFERNCIAS...................................................................................................................73

    ANEXOS..................................................................................................................................76

  • INTRODUO

    A Geografia percorreu um longo caminho cheio de obstculos at se tornar uma

    das cincias mais renomadas do mundo e com vasto campo de pesquisa. Ao longo dos anos

    vrios autores perceberam a necessidade de se ter essa cincia como disciplina escolar, pois

    por meio dela a sociedade perceberia sua grande importncia na vida de cada um.

    A presente pesquisa pretende discutir as vrias concepes impostas tanto pela

    Geografia Tradicional, a Geografia Crtica e a Geografia Moderna, levantando as vrias

    questes de importncia social, poltica, local e territorial que influenciaram e influenciam

    essa cincia a se tornar uma das mais importantes disciplinas escolar na atualidade.

    A pesquisa visa reconhecer as prticas didticas pedaggicas mais utilizadas e

    sugerir alternativas capazes de direcionar caminhos para enfrentar os novos desafios para o

    ensino de Geografia.

    Para responder s indagaes propostas neste estudo, utilizou-se uma metodologia

    de natureza qualitativa do tipo pesquisa campo e, para sua efetivao fez-se o uso de

    questionrios aplicados para alunos de duas turmas e para os professores da disciplina de

    Geografia, em uma Escola da Rede Estadual de Ensino. Com isso foram identificadas

    metodologias empregadas no ensino dos contedos programticos de Geografia na segunda

    fase do Ensino Fundamental verificando a real contribuio do ensino dessa disciplina para a

    formao dos alunos.

    A partir destas consideraes, a presente pesquisa busca diagnosticar as diferentes

    concepes e dificuldades encontradas pelos professores de Geografia do Ensino

    Fundamental II, da cidade de Palestina de Gois. Observam-se ainda as perspectivas e os

    mtodos que esses profissionais utilizam para ministrar suas aulas.

    O trabalho se organiza em quatro captulos, sendo que no primeiro relata-se a

    trajetria da Geografia primeiramente enquanto cincia, pois ela tinha muita importncia, no

    entanto seus estudos eram fragmentados, ou seja, se estudasse a sociedade, no se estudava o

    meio em que estava inserida, estudava-se a natureza, mas no a paisagem, estudava se o meio,

    mas no o territrio, deixando assim os pesquisadores insatisfeitos com suas pesquisas,

    havendo-se a necessidade de se unir todas essas questes para formar uma cincia de respeito.

    Com a unio de todos os quesitos a Geografia ganhou seu espao e foi a partir desse momento

    que os pesquisadores viram a necessidade de expandir ainda mais essa cincia, pois ao longo

  • dos anos foram se juntando pesquisas com dados precisos, e foi por meio delas que

    perceberam que seria necessrio que a sociedade tambm estudasse essa cincia, tornando

    dessa forma a Geografia em disciplina escolar.

    A Geografia num primeiro momento, enquanto disciplina recebia o nome de

    Estudos Sociais, quando se estudava somente o meio social. Depois de algum tempo que ela

    passou a ser chamada de disciplina de Geografia, e sua rea de estudo se tornou muito mais

    ampla. Com o passar dos anos essa disciplina ganhou mais espao nas salas de aula, no

    entanto, foi no sculo XXI, que essa cincia se destacou, com o grande avano tecnolgico, a

    seu favor.

    O segundo captulo fala sobre as mudanas que foram ocorrendo no decorrer dos

    anos no ensino escolar, pois atualmente a sociedade conta com a tecnologia a seu favor, no

    entanto em relao ao ensino escolar somente uma minoria das escolas conta com uma

    pequena parte dessa tecnologia a seu favor, para poder facilitar a aprendizagem dos educando.

    No entanto para se ter uma educao de qualidade necessrio que tanto a escola

    como os professores estejam preparados para receber os alunos. Educar uma das prticas

    mais antigas do mundo e as escolas em seu passado j foram muito mais rgidas em se

    tratando de educao, quando era comum a neutralizao das diferenas e a submisso dos

    alunos. Os mtodos de ensino eram por meio do controle do corpo, levando o aluno a

    sujeio de suas foras, sendo sempre imposta uma relao de docilidade, em que ao

    educando era imposto somente ouvir, no podendo dar sua opinio no decorrer das aulas.

    Hoje a escola tem grande papel a ser desenvolvido perante a sociedade e deve oferecer uma

    educao de qualidade para que os alunos saiam da escola como cidados pensantes, alm de

    aprender a criar valores como: o respeito ao prximo, a zelar pelo patrimnio pblico, a

    sempre se utilizar da verdade, a respeitar aquilo que possuem.

    O terceiro captulo fala sobre a caracterizao da cidade de Palestina de Gois e

    da escola campo, onde foi realizada a pesquisa que foi feita atravs de questionrios com os

    docentes do ensino fundamental II, para saber quais so as metodologias que eles usam para

    ministrar suas aulas, e tambm anlise de documentos oferecidos pela instituio, que foram

    de fundamental importncia para saber quais so as regras bsicas que regem a escola.

    O quarto captulo relata sobre as propostas para enfrentar os novos desafios, pois

    diariamente o professor deve se inovar para ministrar suas aulas, utilizando todos os recursos

    necessrios para chamar a ateno de seus alunos.

    Entretanto, a escolha do tema tem como objetivo contribuir para o avano das

    discusses acerca da compreenso das prticas didticas pedaggicas como marco importante

  • para o processo ensino aprendizagem e descobrir estratgias favorveis ao desenvolvimento

    de cada educando, mediante os processos de aprendizagem, constitudos nas formas de

    mediao e interao social.

    A escolha da escola campo foi pelo fato de possuir somente uma unidade de

    ensino fundamental II na cidade de Palestina de Gois, como estudei todo o ensino

    fundamental e mdio nessa escola, ao longo dos anos pude perceber que alguns professores

    que em sua maioria so atuantes na disciplina de Geografia, nessa instituio, no tinham

    muita facilidade em ministrar suas aulas, tendo como foco principal somente o livro didtico.

    A escola possua alguns recursos metodolgicos como (TV, DVD, retroprojetor),

    no entanto os professores de Geografia no utilizavam nenhum, para chamar a ateno dos

    alunos. O planejamento era o mesmo durante anos para todas as turmas. A escola ainda

    possua um grave problema, sendo que a maioria dos profissionais pertencia mesma famlia,

    (seguindo uma forma de hierarquia) sendo que os professores formados em Histria

    lecionavam a disciplina de Geografia, seguindo dessa forma com as outras disciplinas.

    Diante destas consideraes a presente pesquisa buscou diagnosticar as

    dificuldades dos professores de Geografia da cidade de Palestina de Gois ao trabalhar com

    esta disciplina, quais so as perspectivas e os mtodos que estes utilizam nas suas prticas

    metodolgicas.

    Acredita-se que esta pesquisa possa colaborar para que o ensino de Geografia seja

    repensado no Colgio Estadual Ana Algemira do Prado da cidade de Palestina de Gois,

    levando em considerao no somente as necessidades dos educandos que so muitas e

    principalmente so fundamentais para a vida de cada um. Mas tambm levar em considerao

    os objetivos, as perspectivas e os sonhos dos professores que esto frente desta instituio

    ministrando a disciplina de Geografia que ao longo desta pesquisa percebeu-se que no uma

    tarefa fcil.

  • 1. AS DIFERENTES CONCEPES DA GEOGRAFIA: NOVAS

    CONTRIBUIES

    1.1 Geografia e ensino

    A geografia uma das cincias mais antigas da histria. Segundo Sodr (1989, p.

    14), foram os gregos os primeiros a registrar os conhecimentos geogrficos, que, alis,

    batizaram os conhecimentos sobre a superfcie da Terra como Geografia. Hertodo no foi

    apenas o pai da Geografia, ele foi tambm o primeiro a tratar dos aspectos geogrficos como

    localizao e orientao em sua obra.

    Segundo Sodr (1989, p.17,18) os romanos eram conquistadores, mas deixava os

    gregos submetidos ainda primazia de acumular os conhecimentos geogrficos; Polbio

    descreveu como as correntes cavavam os vales; Possidnio mediu a profundidade do mar na

    regio da Sardenha e descreveu os povos da Galcia e das Astrias; Teofrasto 4 escreveu a

    histria das plantas, relacionando-as com o clima; Agartcides classificou as tribos da Etipia

    segundo sua dieta; Hiparco 5 inventou a projeo estereogrfica, que permitiu maior

    fidelidade na representao das regies e dos roteiros, renovando a cartografia.

    Na antiguidade os conhecimentos geogrficos foram sistematizados por Estrabo6

    e Cludio Ptolomeu7. O primeiro viveu na poca de Cristo e sintetizou, em longa obra, tais

    conhecimentos. O segundo voltava-se mais para a matemtica, ambos tiveram grande

    importncia para a existncia da geografia. Ainda na antiguidade, a Geografia era vinculada a

    outras disciplinas, havia filsofos, historiadores, cientistas, que se referiam, secundariamente,

    a aspectos geogrficos. Relata Sodr (1989, 19), que a Geografia aparecia, antes de definir o

    seu campo, os seus mtodos, as suas tcnicas, como tributria e desimportante, de outras reas

    do conhecimento, cientficas ou no. Estava ainda carregada de mitos, lendas, deformaes,

    que escondiam o que, em seus rudimentos, havia de verdadeiro e duradouro.

    Na Geografia moderna esses conhecimentos foram sendo transformados,

    conforme se desenvolvia o capitalismo, pois foi atravs das vrias viagens e das intensas

    atividades comerciais entre os gregos que permitiu-lhes conhecer e explorar vrios lugares

    diferentes e dessa forma aprimorar os conhecimentos j existentes. Para Sodr (1989, p.19) do

  • ponto de vista geogrfico, a poca 1oferece as grandes viagens, estimuladas pelo interesse

    religioso ou pelo interesse mercantil.

    Relata Sodr (1989, p. 21) que foi no sculo XVII, que a Geografia ganhou maior

    importncia do ponto de vista histrico, o ritmo do processo histrico se acelera, aprofunda-se

    a relao dialtica entre descobrimentos e as inovaes tcnicas. Dessa forma os pesados

    galees substituem as caravelas; o clculo da longitude se aproxima da exatido; a velocidade

    dos navios pode ser medida; aparecem os relgios martimos e os cronmetros; Picard 8 mede

    o arco do meridiano com preciso; Torricelli9 inventa o barmetro. As viagens de

    devassamento se multiplicam, em todos os mares e, no final do sculo XVII, comeam a

    assumir a Geografia como carter cientfico.

    Ainda segundo Sodr (1989, p. 23), foi nesse sculo que o mundo comeou a

    assistir as primeiras tentativas de lanamento das bases da Geologia, com Sten. Foi na

    segunda metade desse sculo, que comearam a surgir os primeiros mapas de linhas

    hipsomtricas10. No entanto, do ponto de vista da histria da Geografia, residiu no

    aparecimento de duas obras de grande importncia para fortalecimento desta, que so: a

    Introduo Geografia Universal, de Cluverius, de 1626, e a Geographia Generalis, de

    Varenius, de 1650. Cluverius dividiu sua obra em duas partes, na primeira parte resume os

    conhecimentos da Geografia Matemtica; na segunda alinha a descrio regional de

    numerosos pases. No entanto uma das obras que mais se destacou na histria da Geografia

    foi obra de Bernhard Varen (Verenius), que foi considerado um dos principais pioneiros da

    Geografia. Ele considerava que o estudo dos fenmenos registrados na superfcie da Terra

    dividia-se em trs partes: Celestes, Terrestres e Humanos.

    Sodr (1989, p.110) diz, que a confuso entre o histrico e o geogrfico chegou

    at o nosso tempo. A disciplina geogrfica, j havia percorrido por um longo caminho, e j

    6 Estrabo, foi um historiador, gegrafo e filsofo grego. Autor da monumental Geographia, um tratado de 17

    livros contendo a histria e descries de povos e locais de todo o mundo que lhe era conhecido poca.

    7 Cludio Ptolemeu, foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele reconhecido

    pelos seus trabalhos em matemtica, astrologia,astronomia, geografia e cartografia.

    8 Auguste Antoine Picard foi um fsico, inventor e explorador suo. Foi o inventor do batiscafo, espcie

    de submarino utilizado para pesquisas a grandes profundidades.

    9 Torricelli (1608-1647) nasceu em Faenza, regio ao Norte da Itlia, no dia 15 de outubro de 1608. Foi fsico e

    matemtico italiano. Descobriu o princpio do barmetro. Seus estudos sobre clculo deram origem ao Clculo

    Integral. Se dedicou ao estudo e planejamento de telescpios, microscpios e instrumentos de preciso.

  • tinha todas as condies necessrias de se emancipar-se no final do sculo XVIII, no entanto,

    um dos maiores problemas que a Geografia encontrou por um bom tempo, foi ser conhecida

    como servidora da histria. Outro grande problema que apareceria mais adiante seria a relao

    homem natureza, que at ento, persiste at os dias atuais.

    Segundo Sodr (1989) O bero da Geografia moderna d-se na Alemanha com

    Humboldt e Ritter, no entanto, para a sua permanncia enquanto cincia, a Geografia

    passou por um longo caminho para chegar modernidade, passando de um modelo

    cosmolgico para um modelo geocntrico para que as instituies dominantes aceitassem as

    teorias. Conforme ressalta Pereira (1999, p. 90 apud Dvilla, 2003, p. 16) [...] geografia

    moderna est ligada consolidao e rearticulao do pensamento.

    A Geografia passa a ter conceito definido, quando surge a relao homem versus

    natureza. Enquanto cincia, a Geografia estuda as relaes entre o homem e a natureza, o

    processo2 de apropriao e de organizao do espao natural pela sociedade, vinculado ao

    conhecimento da natureza e dos diversos ramos cientficos, que se ligam, formando assim

    uma unidade cientfica.

    Conceitos de Geografia como a Paisagem, Territrio, Lugar e Espao vo se

    tornando disciplinas, conforme vo surgindo as viagens geogrficas, a necessidade de se

    conhecer a Terra, os interesses comerciais (pois deveria conhecer novos comrcios), certificar

    o que era mito e o que era verdade, a necessidade de se conhecer o espao e a natureza,

    3fazendo-se assim uma ampliao e uma juno dos conhecimentos geogrficos.

    10

    Linhas Hipsomtricas, uma tcnica de representao da elevao de um terreno atravs de cores. Geralmente

    utilizado um sistema de graduao de cores. Esquemas convencionais para a hipsometria comeam com a cor

    verde-escuro, para baixas altitudes e, passando por amarelo e vermelho, at o cinza e branco para grandes

    elevaes.

    Alexander von Humboldt foi um cientista de uma polivalncia. Ele desenvolveu (e se especializou em)

    diversas reas:

    foi etngrafo,antroplogo, fsico, gegrafo, gelogo, mineralogista, botnico, vulcanlogo e humanista, tendo

    lanado as bases de cincias como a Geografia, Geologia, Climatologia e Oceanografia.

    Carl Ritter foi um gegrafo e naturalista, nascido em Quedlinburg, pertencente Prssia. Ritter foi, junto com

    Alexander von Humboldt, um dos precursores da Geografia Moderna. Ritter foi ainda o primeiro professor de

    geografia regular e fixo em uma universidade, sendo que a ctedra de geografia da Universidade de Berlim foi

    instituda justamente para que ele a ocupasse.

  • De acordo com o PCN de Geografia (2001) considerada uma cincia que

    prope um trabalho pedaggico onde visa ampliao das capacidades dos alunos, propondo

    assim incentivar a aprendizagem do educando. Formando assim como comenta Cavalcanti

    (2003, p.10) que preciso que se considere, alm disso, a relao entre essa cincia e sua

    organizao para o ensino, incluindo a a aprendizagem dos alunos conforme suas

    caractersticas fsicas, afetivas, intelectuais e socioculturais.

    Foi no sculo XIX, que a Geografia passou a ser uma disciplina inteiramente

    ligada ao Estado, quando foram criadas leis e normas nas quais se estabelecia que atravs

    das escolas que o conhecimento poderia ser melhor transmitido, pois, no bastava somente a

    dedicao dos pesquisadores em dominar o saber geogrfico, o domnio de contedo e os

    mtodos da cincia geogrfica. Era necessrio, como comenta os PCNs (2001) que a

    Geografia tivesse um tratamento especfico como rea, uma vez que oferece instrumentos

    essenciais para compreenso e interveno na realidade social. Ser por meio dela que o

    aluno ir compreender como as diferentes sociedades interagem com a natureza na construo

    de seu espao, as singularidades do lugar em que vivemos, o que o diferencia e o aproxima de

    outros lugares, criando assim uma abertura para que a Geografia interaja com outras cincias.

    Devido a esses fatores, surge a Geografia Tradicional, para dar um melhor

    entendimento para se estudar os contedos da Geografia Crtica, ou seja, deixando de ser

    pronta e acabada para dar, incio a novas leis, surgindo assim os seguimentos dos contedos

    que complementam e integram a mesma. De acordo com PCN

    Essa nova perspectiva considera que no basta explicar o mundo, preciso

    transform-lo. Assim a Geografia ganha contedos polticos que so significativos

    na formao do cidado. As transformaes tericas e metodolgicas dessa

    Geografia tiveram grande influncia na produo cientfica das ltimas dcadas.

    Para o ensino, essa perspectiva trouxe uma nova forma de se interpretar as

    categorias de espao geogrfico, territrio e paisagem, e influenciaram, a partir dos

    anos 80, uma srie de propostas curriculares voltadas para o segmento de quinta a

    oitava sries. Essas propostas, no entanto, foram centradas em questes referentes a

    explicaes econmicas e a relaes de trabalho que se mostraram, no geral,

    inadequadas para os alunos dessa etapa da escolaridade, devido a sua complexidade.

    Alm disso, a prtica da maioria dos professores e de muitos livros didticos

    conservou a linha tradicional, descritiva e descontextualizada herdada da Geografia

    Tradicional, mesmo quando o enfoque dos assuntos estudados era marcado pela

    Geografia Marxista. (PCNs, 2001, p. 05).

    O mtodo tradicional auxiliou e muito a evoluo da Geografia, no entanto, suas

    teorias tornaram-se ao longo dos anos insuficientes para apreender a complexidade e

    principalmente, para explic-la, pois a busca pela renovao da Geografia constante. De

    acordo com os PCNs (2001, p.104) o levantamento feito por meio de estudos apenas

  • empricos tornou-se insuficiente. Era preciso realizar estudos voltados para a anlise das

    relaes mundiais, anlises essas tambm de ordem econmica, social, poltica e ideolgica.

    A Geografia enquanto cincia e disciplina escolar devem ser entendidas por

    aqueles que necessitam de conhecer o espao para que se possa interagir com ela de maneira

    apropriada. Segundo os PCN:

    , essencialmente, a busca de explicaes mais plurais, que promovam a interseo

    da Geografia com outros campos do saber, como a Antropologia, a Sociologia, a

    Biologia, as Cincias Polticas. Uma Geografia que no seja apenas centrada na

    descrio emprica das paisagens, tampouco pautada exclusivamente na

    interpretao poltica e econmica do mundo; que trabalhe tanto as relaes

    socioculturais da paisagem como os elementos fsicos e biolgicos que dela fazem

    parte, investigando as mltiplas interaes entre eles estabelecidas na constituio

    de um espao: o espao geogrfico. (PCN, 2001, p.106)

    A Geografia crtica surgiu para auxiliar o ser humano a interagir com o meio em

    que vive, para que dessa forma o ensino exposto em sala de aula tenha maior ligao com a

    vida em sociedade. necessrio que a Geografia seja trabalhada de forma mais detalhada e

    que acima de tudo seja refletida pelos educandos, como uma disciplina os leve perceber a

    importncia da realidade do mundo e o mais importante onde eles esto inseridos, conforme

    cita Cavalcanti (2003, p. 33) por ser um caminho metodolgico possvel para a construo e

    a reconstruo de conhecimentos necessrios ao desenvolvimento intelectual dos alunos.

    Sendo a Geografia uma rea de conhecimento, pode levar os alunos a compreenderem a

    realidade de forma mais ampla, nela interagindo de forma mais consciente. Segundo

    Cavalcanti (2003, p. 33) a Geografia trabalha com conceitos que fazem parte da vida

    cotidiana das pessoas e em geral elas possuem representaes sobre tais conceitos.

    O ensino de Geografia marcado por vrias etapas que vem desde a Geografia

    Tradicional at a Geografia Moderna rodeada de fatores que se fundamentam entre si e

    transcendem a sociedade. Os discursos que foram criados em torno da Geografia por

    pensadores fazem parte de uma disciplina para se pensar e descobrir a realidade do espao em

    que o indivduo est inserido, alm de entender as paisagens e conceitos criados por eles, o

    que de total importncia de noo para o ser humano. Conforme cita Cavalcanti:

    A considerao aos conceitos e imagens formados pelos alunos na prtica, na

    experincia da vida diria, pode trazer subsdios ao encaminhamento de noes novas (porque, em princpio, ausentes do seu universo interior) contribuindo ao objetivo de torn-las acessveis e trat-las de maneira significativa a esses alunos.

    (CAVALCANTI, 2003, p.33)

    A Geografia Tradicional se baseia no positivismo, sendo um instrumento

    metodolgico, que sustenta totalmente o ideal do tradicional, onde se observa apenas os

  • fenmenos do espao. Sendo assim, ela muito fragmentada, onde, por exemplo, se estudava

    a populao, mas no a sociedade; os estabelecimentos humanos, mas no as relaes sociais;

    as tcnicas e os instrumentos de trabalho, mas no o processo de produo. O estudo em torno

    dessa cincia ocorria por etapas que at ento no se misturavam, fazendo com que a

    Geografia no tivesse tanta importncia para a sociedade.

    Segundo Sodr (1989) Geografia Tradicional foi tambm marcada pela existncia

    de divises, tais como a Geografia Fsica e a Geografia Humana, Geografia Geral e a

    Geografia Regional. Sendo assim, a Geografia Fsica se preocupa com o meio natural,

    enquanto a Geografia Humana se baseia nas distribuies dos aspectos humanos; a Geografia

    Geral busca desvendar os fenmenos da superfcie, desvendar os vrios campos de estudo que

    a Geografia proporciona, sendo campo para a Climatologia e a Geologia, entre outras. J a

    Geografia Regional busca desvendar as vrias caractersticas da regio.

    A Geografia tradicional valoriza o papel do homem no espao em que est

    inserido, valorizando somente o que ocorre dentro desse meio, deixando conseqentemente

    seu estudo mais fragmentado, ou seja, dando maior nfase no estudo em torno do meio, das

    paisagens naturais e humanizadas. Com isso a Geografia passa a ser uma disciplina

    transmitida e estudada de forma a abordar as relaes do homem com a natureza de forma

    objetiva, buscando assim a interpretao do meio. De acordo com os PCN

    Os mtodos e as teorias da Geografia Tradicional tornaram-se insuficientes para

    aprender essa complexidade e, principalmente para explic-la. O levantamento feito

    por meio de estudos apenas empricos tornou-se insuficiente. Era preciso realizar

    estudos voltados para a anlise das relaes mundiais, anlises essas tambm de

    ordem econmica, social, poltica, e ideolgica. Por outro lado, o meio tcnico e

    cientfico passou a exercer forte influncia nas pesquisas realizadas no campo da

    Geografia. Para estudar o espao geogrfico globalizado, comeou-se a recorrer s

    tecnologias aeroespaciais, tais como o sensoriamento remoto, as fotos de satlite e o

    computador como articulador de massa de dados: surge o SIG (Sistemas

    Geogrficos de Informao). (PCN, 2001, p.104)

    Como pode ser visto os estudos voltados para a Geografia tradicional, como o

    tempo foi se esgotando, sendo necessria a criao de novos rumos, novos mtodos e teorias

    para inovar a cincia, pois os estudos em torno dela j estavam um sobrepondo o outro e as

    teorias com o passar dos tempos foram perdendo seu valor. De acordo com os PCN (2001),

    partir dos anos 60, a Geografia Critica surgiu para contrapor a Geografia Tradicional. A

    Geografia Critica vm ento com o objetivo de estudar as relaes existentes sobre o meio. Os

    PCN ressaltam que:

  • Os Gegrafos procuraram estudar a sociedade por meio das relaes de trabalho e da

    apropriao humana da natureza para produzir e distribuir os bens necessrios s

    condies materiais que a garantem. Critica-se a Geografia Tradicional, do Estado e

    das classes sociais dominantes, propondo-se uma Geografia das lutas sociais. Num

    processo quase militante de importantes gegrafos brasileiros, difunde-se a

    Geografia marxista. [...] Tanto a Geografia Tradicional quanto a geografia Marxista

    ortodoxa negligenciaram a relao do homem e da sociedade com a natureza em sua

    dimenso sensvel de percepo do mundo: o cientificismo positivista da Geografia

    Tradicional, por negar ao homem a possibilidade de um conhecimento que passasse

    pela subjetividade do imaginrio: o marxismo ortodoxo, por tachar de idealismo

    alienante qualquer explicao subjetiva e afetiva da relao da sociedade com a

    natureza. (PCN, 2001, p.105)

    A Geografia ganha espao onde seu principal lema no basta explicar o mundo,

    preciso transform-lo surgindo assim com novas perspectivas, para o contexto geogrfico,

    onde a Geografia passa a trabalhar com assuntos mais palpveis, de forma a explorar os

    diversos assuntos que integram essa cincia. Com isso a Geografia obtm novas aberturas

    polticas, econmicas, sociais e culturais que so fundamentais na formao do cidado.

    Nos anos de 1960 as prticas pedaggicas da Geografia em escolas tradicionais

    sofreram grandes transformaes e interrupes na linha de ensino e pesquisa. Licenciaturas

    curtas foram criadas e a Geografia e a Histria tiveram seus ensinos unificados e ministrados

    como Estudos Sociais, com base na Lei Federal n 5692/71.

    A disciplina Estudos Sociais inclua tambm as disciplinas de Histria e

    Organizao Social e Poltica do Brasil e no possua uma metodologia prpria por isso havia

    grande dificuldade em mant-la. Segundo Buitoni (2010, p.13) ressalta que a Geografia

    fragmentada em Estudos Sociais, ausente da grade curricular como disciplina em todas as

    sries do ensino fundamental, ficou cada vez mais empobrecida em termos de contedo e

    prtica pedaggica.

    O resultado da fragmentao da disciplina de Estudos Sociais gerou uma

    qualidade de ensino que deixou muito a desejar. Conforme cita Oliveira (1998, p.138 apud D

    vila, 2003, p. 17) alunos e professores tm sido uma espcie de vtima desse processo. A

    Geografia que se ensina e se aprende no os motiva mais e, seguramente, est muito longe das

    reais necessidades. Surgindo assim a necessidade de uma reformulao de metodologia no

    ensino de Geografia, incluindo assim, a valorizao do conhecimento prvio do aluno nessa

    rea.

    Entretanto, pode-se afirmar que o conhecimento geogrfico indispensvel na

    formao de indivduos na vida social, pois atravs deste que, se conhecera o espao onde

    est inserido, e o papel deste espao nas prticas sociais.

  • Pereira (1999 apud Dvilla, 2003, p. 17) comenta que o ensino de Geografia

    significa ultrapassar a simples aparncia fragmentria do espao, resgatando a lgica de sua

    produo social. Os conhecimentos pr-recebidos devem ser considerados de total

    importncia, pois ser por meio deles que o aluno aprender e ter como meta sinalizadora

    para o aprofundamento de seus conhecimentos. De acordo com Cavalcanti:

    [...] o confronto dos dois tipos de conhecimento o conhecimento cotidiano (as representaes sociais) e o conhecimento cientfico ajuda a perceber os encontros e os desencontros entre eles, o que por sua vez traz importantes indicaes de como

    trabalhar com os alunos considerando o conhecimento cotidiano como parmetro

    inicial para a mobilizao de educando e para a sua ressignificao no final do

    processo de ensino/aprendizagem. (CAVALCANTI, 2003, p.168)

    A Geografia no Brasil passa a ser ensinada por professores licenciados que

    durante a graduao procuraram estudar metodologias, contedos, para que no desenvolver de

    seu trabalho pudessem desempenhar novas formas de ensino. De acordo com os PCN:

    As primeiras tendncias da Geografia no Brasil nasceram com a fundao da

    Faculdade de Filosofia da Universidade de So Paulo e do Departamento de geografia,

    quando a partir da dcada de 40, a disciplina Geografia passou a ser ensinada por

    professores licenciados, com forte influencia da escola francesa de Vidal de La

    Blanche. (PCNs, 2001, p. 103)

    Uma das principais discusses em torno da Geografia baseia-se na forma como

    esta cincia est sendo repassada aos educandos das sries iniciais, pois a partir dessa fase

    da aprendizagem em que os educandos esto descobrindo e aprendendo a realidade onde os

    mesmos esto inseridos. A Geografia possuiu um vasto campo de riqueza em seus contedos

    que se transmitido de maneira adequada tem o poder de despertar nos educando que tudo o

    que eles vivem fora da sala de aula complementado e realidade com as disciplinas vistas em

    sala de aula. Como mostra nos PCN

    No que se refere ao ensino fundamental, importante considerar quais as categorias

    da Geografia mais adequadas para os alunos em relao a sua faixa etria, ao

    momento da escolaridade em que se encontram e s capacidades que se espera que

    eles desenvolvam. Embora o espao geogrfico deva ser o objeto central de estudo,

    as categorias, paisagem, territrio e lugar devem tambm ser abordados,

    principalmente nos ciclos iniciais, quando so mais acessveis aos alunos, tendo em

    vista suas caractersticas cognitivas e afetivas. (PCN, 2001, p.110):

    A procura de conhecer algo novo e diferenciado, tem incio nas sries inicias,

    dando continuidade nas sries seguintes e a Geografia tem o poder de oferecer isso aos

  • educandos, atravs de suas vrias teorias e conceitos, possibilitando assim que eles tirem do

    papel tudo o que foi visto na sala de aula, e levando para a sua rotina diria.

    1.2 O ensino de Geografia no contexto atual

    Devido s grandes transformaes gerais ocorridas na sociedade e sua dinmica

    no espao, insere-se o ensino de Geografia. A histria da Geografia se torna disciplina escolar

    no incio do sculo passado, quando foi introduzida nas aulas com o objetivo de contribuir

    para a formao dos cidados. Vlach nos diz que a incorporao da Geografia no currculo

    escolar:

    Foi, indiscutivelmente, sua presena significativa nas escolas primrias e

    secundrias da Europa do sculo XIX que a institucionalizou como cincia, dado o

    carter nacionalista de sua proposta pedaggica, em franca sintonia com os

    interesses polticos e econmicos dos vrios Estados-naes. Em seu interior, havia

    premncia de se situar cada cidado como patriota, e o ensino de Geografia

    contriburam decisivamente neste sentido, privilegiando a descrio do seu quadro

    natural. (VLACH, 1990, p.45 apud in CAVALCANTI, 2003, p. 18)

    Depois de algum tempo, a Geografia reaparece com uma nova funo ideolgica,

    quando o objetivo da disciplina caracterizado como transmisso de dados e informaes

    gerais sobre os territrios do mundo em geral e de pases em particular. a partir desse

    momento que foi denotada a reviso das bases tericas e metodolgicas da cincia geogrfica.

    Segundo Cavalcanti

    As reformulaes da cincia geogrfica levaram, ento, a alteraes significativas no

    campo de ensino de Geografia, mesmo porque alguns dos pesquisadores mais

    expressivos circularam nas duas reas de investigao. Devido s vrias

    reformulaes surgiram inmeros trabalhos, que denunciaram as vrias fragilidades

    de um ensino com base na Geografia Tradicional, fazendo se assim, surgir o ensino

    de uma Geografia Nova, com base em fundamentos crticos. (CAVALCANTI,

    2003, p. 18)

    No Brasil, o movimento de renovao do ensino geogrfico faz parte de um

    conjunto de reflexes epistemolgico, ideolgico e polticos da cincia geogrfica, que teve

    incio na dcada de 1970. Cavalcanti (2003, p.19) afirma que se podem situar nesse

    movimento alguns marcos importantes como a realizao do 3 Encontro Nacional de

    Gegrafos, em1978, onde se deram importantes mudanas como a ocorrida na organizao da

    AGB (Associao dos Gegrafos Brasileiros), promotora do encontro; e a realizao em

  • 1987, tambm pela AGB do 1 Encontro Nacional de Ensino de GeografiaFala Professor.

    Este ltimo foi uma reformulao que vinha ocorrendo na Associao desde a dcada de

    1970, que foi consolidado como espao para discusses e divulgaes de estudos de interesse

    dos profissionais e estudantes de Geografia.

    Na dcada de 1980 houve um expressivo aumento da discusso dos fundamentos

    da Geografia e seu papel na sociedade e no ensino. Cavalcanti (2003, p. 19) comenta que as

    vrias discusses giravam em torno das condies de ensino da Geografia, das crticas

    referentes aos contedos veiculados por essa matria e aos fundamentos da cincia geogrfica.

    Lacoste surge nesse movimento, difundindo suas obras no Brasil no perodo de 1974-1988,

    que tratavam prioritamente, da funo ideolgica da Geografia na escola e dos fundamentos

    terico-metodolgicos da cincia geogrfica.

    Moreira (1992 apud Cavalcanti 2003, p. 19) considera que Lacoste teve um papel

    decisivo ao dar impulso inicial s vrias reflexes para a renovao da Geografia no Brasil,

    principalmente ao considerar o comprometimento da Geografia do professor e o carter

    estratgico do saber sobre o espao, escondido por esta cincia.

    Atualmente muitas discusses vm surgindo e rondando respeito do ensino de

    Geografia nas escolas com o intuito de valorizar ainda mais essa cincia que

    possibilita ao ser humano conhecer e se organizar no espao, conhecer sua prpria

    realidade social, incorporando assim a teoria na sua prtica diria. (MOREIRA, 1992, p. 8 apud CAVALCANTI, 2003, p.19).

    Mas para que haja um bom ensino dessa cincia necessrio que o futuro

    professor seja habilitado tanto para trabalhar no Ensino Fundamental II como no Ensino

    Mdio. Contudo, deve-se propiciar ao futuro professor uma educao de boa qualidade,

    principalmente com pensamentos crticos, para que esta mesma aprendizagem seja repassada

    aos seus futuros alunos.

    No entanto um dos grandes desafios dirios encontrados pelo docente em

    Geografia, na sua profisso saber trabalhar os contedos desta rica cincia com seus alunos,

    com a finalidade de mostrar a grande importncia dessa cincia na vida social de cada

    cidado.

    Saber o que trabalhar e quais contedos colocar em prtica nas aulas faz com que

    o docente trabalhe sempre em busca de novos materiais que faam suas aulas se tornarem

    cada vez mais interessantes e produtivas, no conceito dos educando. Pois o professor j traz

    consigo uma pr - busca, um ideal que ser desenvolvido em sala, atravs de idias, teorias

  • embasadas na vivncia de cada educando no meio onde est inserido, interagindo assim suas

    aulas conforme cada realidade vivenciada, para que assim facilite o entender de cada aluno.

    A Geografia atualmente conta com diversas fontes de pesquisas a seu favor para

    que o docente possa pesquisar, interpretar e lev-las para a sala de aula. No entanto, a

    Geografia uma cincia que vive em constante transformao, sendo necessrio que o aluno

    acompanhe essa transformao, para facilitar a sua aprendizagem.

    Os contedos que so integrados Geografia so de total importncia para o

    enriquecimento desta cincia, pois atravs deles que os educando podem construir um

    conhecimento crtico e mais profundo sobre a realidade, para que os dilemas que so

    vivenciados todos os dias pelos educandos, fora da sala de aula, sejam amenizados ou at

    mesmo compartilhados com os colegas, construindo assim aulas mais prticas para que os

    educandos do ensino fundamental possam perceber que a teoria do livro sua prtica da

    realidade, e saber com isso assimilar os contedos que esto sendo estudados dentro da sala

    de aula com a sua prpria realidade.

    Cavalcanti (2003) ressalta que a Geografia ocupa, no currculo escolar, um lugar

    privilegiado na formao da cidadania participativa e crtica. Ela ajuda os alunos a pensar a

    realidade e atuar nela do ponto de vista da espacialidade, dimenso cada vez mais valorizada

    pela cincia geogrfica dada a complexibilidade do mundo.

    O professor durante a prtica pedaggica deve procurar e inovar sempre os

    contedos, formando assim um ciclo, em que ir se formar outros contedos que

    complementaro o primeiro, com isso o professor no ficar preso ao livro didtico, com

    contedos ultrapassados que ainda no foram atualizados. muito importantes trazer esses

    contedos para a realidade dos alunos, pois na maioria das vezes eles j vivenciam essa

    realidade. Conforme cita Cavalcanti (2003, p. 20), que o ensino de Geografia, no se deve

    pautar pela descrio e enumerao de dados, priorizando apenas aqueles visveis e

    observveis na sua aparncia. Pelo contrrio, o ensino deve propiciar ao aluno a compreenso

    do espao geogrfico na sua concretude, e nas suas contradies. Vesentini (1987 apud

    Cavalcanti 2003) tambm considera que o professor deve ir alm do contedo que est

    somente no livro didtico:

    Um ensino crtico de Geografia no consiste pura e simplesmente em reproduzir

    num outro nvel o contedo da(s) geografia(s) crtica(s) acadmica(s); pelo

    contrrio, o conhecimento acadmico (ou cintifico) deve ser reatualizado,

    reelaborado em funo da realidade do aluno e do seu meio (...) no se trata nem de

    partir do nada e nem de simplesmente aplicar no ensino o saber cientfico; deve

    haver uma relao dialtica entre esse saber e a realidade do aluno- da o professor

  • no ser um mero reprodutor, mas um criador. (VESENTINI, 1987, p. 78 apud

    CAVALCANTI, 2003, p.22).

    Para um ensino aprendizagem mais consistente e homogneo de fundamental

    importncia desempenhar uma reflexo pedaggica que se empenhe em analisar e

    desenvolver uma relao contedos-mtodos, onde se considere prioritamente o aluno como

    sujeito do processo ensino-aprendizagem. Segundo Dvilla (2003, p.28) a metodologia a

    cincia que estuda o mtodo o qual pode ser definido como o conjunto de processos pelos

    quais se torna possvel conhecer determinada realidade para desenvolver certos

    procedimentos ou comportamentos, Oliveira (2002, p.57 apud D villa, p. 28) tambm

    comenta, que o mtodo nos leva a identificar a forma pela qual alcanamos determinado fim

    ou objetivo. Assim, para que o ensino aprendizagem alcance seu objetivo necessrio que

    este seja constitudo por um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas a serem

    vivenciadas.

    Essa ordenao metodolgica possibilitar ao professor um bom desempenho em

    sala que indicar o que fazer no momento certo. Segundo Galliano (1979, p.06 apud Dvilla

    2003, p. 28) a tcnica a ttica da ao. Ela resolve o como fazer a atividade, soluciona o

    modo especfico e mais adequado pelo qual a ao se desenvolve em cada etapa. A

    metodologia que ser colocada em prtica no dever considerar somente os espaos

    predefinidos, mas pelo contrrio dever trabalhar temas ligados problemtica que est ligada

    a ele, fazendo assim que o ensino passe por um processo de construo criada e recriada

    diariamente, sendo capaz de surpreender e provocar os alunos. Garcia (2002, p.66 in apud

    Dvilla, 2003, p, 28) cita que a metodologia no algo que possa ser resolvido previamente

    por quem no est compartilhando o processo vivido.

    O primeiro passo ao se desenvolver uma boa metodologia que esta seja pensada

    e planejada para que todos os alunos tenham uma participao ativa no decorrer das aulas. A

    aula tradicional deve ser substituda por uma mais atrativa onde os alunos devem ter muitas

    dvidas, questionar, propor enfim, mergulhar na dinmica do trabalho. Cavalcanti afirma:

    O domnio da cincia geogrfica, refletido na matria de ensino, bem como de seus

    mtodos prprios , sem dvida, condio prvia para seu ensino. Mas cumpre

    destacar o fato de que nem a cincia idntica matria de ensino, nem os mtodos

    da cincia idnticos aos mtodos de ensino, ainda que guardem entre si uma

    unidade. Quando se trata de ensinar as bases da cincia, opera-se uma transmutao

    pedaggico-didtica, em que os contedos da cincia se transformam em contedos

    de ensino. H, pois uma autonomia relativa dos objetivos sociopedaggicos e dos

    mtodos de ensino, pelo que a matria de ensino dever organizar-se de modo que

    seja didaticamente assimilvel pelos alunos, conforme idade, nvel de

    desenvolvimento mental, condies prvias de aprendizagem e condies

    socioculturais. (CAVALCANTI, 1991, p. 35 apud CAVALCANTI, 2003, p. 22)

  • A metodologia criativa possibilita novas formas de aprendizagem, indo muito

    alm dos contedos tradicionais e impondo constantemente novos desafios para os alunos.

    Callai apud Dvilla, afima:

    Precisamos ter clareza dos pressupostos da cincia com que trabalhamos engendrar

    novas formas pedaggicas para dar conta do ensinar e do aprender e entender que a aprendizagem supe inequivocamente uma relao social com aqueles com quem

    estamos convivendo no processo ensino aprendizagem, seja concretamente como

    pessoas, seja atravs da produo do conhecimento que j foi realizado e ao qual

    estamos tendo acesso. (CALLAI 1999, p.80 in apud DVILLA, 2003p. 28)

    Caber ao professor encaminhar e diversificar os contedos sempre com muitas

    novidades, para dessa forma motive os alunos a prestarem mais ateno nas aulas. Collere et

    al (2004), ressalta que o professor deve sempre usar tais metodologias:

    Deve sempre haver a possibilidade de insero do inesperado, ou seja, de inserir

    temas no previstos que ganham relevncia em razo de algum fato inusitado

    (atentados terroristas, desastres naturais, guerras, copa do mundo, olimpadas, viagens

    espaciais etc.) e que so motivadores do aprendizado em funo da massificao dos

    meios de comunicao. Esses temas despertam interesse por parte dos alunos, e

    precisam de explicao por parte do professor. A importncia das aula de campo,

    desde aquela ao redor da escola, at outras de maior distncia, pois a compreenso da

    realidade ser mais completa quanto maior for o contato do aluno com a concretude

    do real, o que lhe permitir perceber a complexibilidade do mundo; A utilizao das

    diferentes linguagens tecnolgicas e recursos pedaggicos como: projetor de slides,

    laboratrio de informtica, mapas, globos, TV, vdeo ou DVD, produo de maquetes,

    para a apreenso dos conceitos relativos cartografia e a representao, a fim de

    proporcionar aos alunos aulas dinmicas, criativas e atraentes. (COLLERE et al, 2004,

    p. 19)

    No entanto para o professor garantir um bom desempenho durante as aulas,

    necessrio fazer uma juno entre uma boa metodologia e um bom planejamento, pois um

    auxiliar o outro no decorrer de toda a aula, conforme Vieira, afirma:

    O professor deve estar consciente da necessidade de estar com suas aulas sempre

    bem planejadas. Este planejamento ir deix-lo com segurana e em condies de

    debater com seus alunos sobre o contedo desenvolvido buscando um engajamento

    de todos na busca do conhecimento. Este entrosamento de idias ir formar

    conceitos, os quais sendo construdos em conjunto sero fixados e entendidos de

    forma mais simples, no necessitando de decorebas e de infindveis questionrios

    to solicitados pelos alunos. (VIEIRA, 2009, p. 02)

    Cavalcanti (2003, p. 22) comenta que se por um lado a transformao na prtica

    de ensino no ocorre em funo de nossas reflexes tericas, com elas as possibilidades dessa

  • transformao ficam potencializadas desde que sejam, efetivamente, reflexes coladas aos

    imperativos da prtica.

    Vesentini (1995 apud Cavalcanti 2003, p. 22) e Pereira (1995 apud Cavalcanti

    2003, p. 22) justificam em textos, sobre os reais objetivos sobre o ensino de Geografia no

    final do sculo XXI. Vesentini (1995 apud Cavalcanti 2003) comenta sobre as funes

    histricas do ensino de Geografia, relatando sobre o seu atual papel nas salas de aula.

    Mas que tipo de geografia apropriada para o sculo XXI? lgico que no aquela

    tradicional baseada no modelo A Terra e o Homem, onde se memorizavam informaes sobrepostas (...). E tambm nos parece lgico que no aquele outro

    modelo que procura conscientizar ou doutrinar os alunos, na perspectiva de que haveria um esquema j pronto de sociedade futura (...). Pelo contrrio, uma das

    razes do renovado interesse pelo ensino de geografia que, na poca da

    globalizao, a questo da natureza e os problemas ecolgicos tornam-se mundiais

    ou globais, adquiriram um novo significado (...). O ensino de geografia no sculo

    XXI, portanto, deve ensinar ou melhor, deixar o aluno descobrir o mundo em que vivemos, com especial ateno para a globalizao e as escalas local e nacional,

    deve enfocar criticamente a questo ambiental e as relaes sociedade/natureza (...),

    deve realizar constantemente estudos do meio (...) e devem levar os educando a

    interpretar textos, foto, mapas, paisagens. (VESENTINI, 1995, p. 15-16 apud

    CAVALCANTI, 2003, p. 23)

    Nesse contexto Pereira (1995 apud Cavalcanti 2003) faz uma alerta em seu artigo

    sobre a necessidade de se pensar a fundo sobre os reais objetos de ensino da Geografia, no

    ficando preso somente aos contedos superficiais.

    Por exemplo, ao se definir que o objeto do estudo do contedo indstria brasileira fazer com o que o aluno saiba o que a indstria brasileira. E a, sem saber, o professor comeou a adotar a lgica do cachorro que corre atrs de seu prprio rabo

    e consegue apenas ficar cansado.( PEREIRA 1995, p. 62 apud CAVALCANTI

    2003, P. 23).

    Tanto Vesentini (1995 apud Cavalcanti 2003) quanto Pereira (1995 apud

    Cavalcanti 2003) relatam sobre a importncia de o professor fazer com que seus alunos

    tenham pensamentos crticos, que sejam atuantes no decorrer das aulas e no fiquem somente

    concordando com tudo que o profissional fala, pois atravs do ensino de Geografia que o

    docente tem o poder de transformar contedos cientficos, tericos de modo que venham

    facilitar a aprendizagem dos educandos. Atualmente o que tem se visto com muita freqncia

    nas aulas de Geografia que muitos professores deixam de trabalhar contedos corriqueiros

    no dia-a-dia, para dar maior enfoque a assuntos que so interessantes para eles tambm, mas

    que muitas vezes esto longe da sua realidade. Pereira (1995, p.74 apud Cavalcanti, 2003, p.

    23) afirma: Creio que possvel afirmar que a misso, quase sagrada, da Geografia no ensino

  • a de alfabetizar o aluno na leitura do espao geogrfico, em suas diversas escalas e

    configuraes.

    Para um bom aprendizado da Geografia de fundamental importncia o uso de

    mapas nas aulas, mas muitos docentes deixam a desejar nas aulas com a falta da exposio do

    mesmo, fazendo dessa forma que a aula se torne muito distante da realidade do discente,

    sendo que atravs de uma pequena amostra no mapa estes poderiam enxergar sua realidade,

    mesmo que de forma terica onde vivem.

    Santos (1995 apud Cavalcanti 2003, p.24) comenta sobre a importncia da relao

    entre contedos e objetivos no ensino de Geografia, sendo que o professor deve encaminhar

    suas aulas com reflexes sobre objetivos que no tratem somente do futuro mas tambm no

    presente. Pois preciso propiciar que os alunos tenham pensamentos crticos e dialticos, no

    fazendo que eles sejam simplesmente meros receptores de informaes fceis.

    A dialtica fundamental, quando estamos nos referindo ao processo escolar de

    ensino-aprendizagem, mesmo que possa e deva se expressar na formulao dos

    contedos, no est exclusivamente neste, mas vai alm e se concretiza na

    identificao das cincias (formulao das questes) e na busca de solues

    (formulao de respostas) (...) a relao escolar, na medida em que se fundamenta no

    ensino da lgica formal, mais do que passar esse ou aquele contedo fragmentado incerto de contradies permite ao educando apropriar-se de perguntas e respostas prontas, enquanto o processo de dialetizao do ensino no , simplesmente, a

    reproduo de textos elaborados a partir desse tipo da lgica, mas, mais que isso, a

    possibilidade de viver a contradio imanente entre a necessidade e sua superao,

    no plano da construo intelectual. (SANTOS, 1995, p. 56 apud CAVALCANTI,

    2003. p. 24)

    Em pleno sculo XXI muitos docentes encontram muitas dificuldades em

    ministrar aulas mais dinmicas, pois mesmo quando vo trabalhar com contedos riqussimos,

    na maioria das vezes a escola no oferece recursos para que a aula seja trabalhada com mais

    detalhes. Com isso o ensino fica preso somente na teoria, enquanto que se fosse trabalhado de

    forma adequada se obteria resultados mais favorveis para a aprendizagem de seus alunos.

    Segundo os PCNs afirma que:

    Os contedos selecionados devem permitir o pleno desenvolvimento do papel de

    cada uma na construo de uma identidade como o lugar onde vive e, em sentido

    mais abrangente, com a nao brasileira, valorizando os aspectos socioambientais

    que caracterizam seu patrimnio cultural e ambiental. Devem permitir tambm o

    desenvolvimento da conscincia de que o territrio nacional constitudo por

    mltiplas e variadas culturas, que definem grupos sociais, povos e etnias distintos

    em sua percepo e relaes com o espao, e de atitudes de respeito s diferenas

    socioculturais que marcam a sociedade brasileira. (PCN, 2001, p. 123)

  • A finalidade de se ensinar a Geografia para crianas e jovens fazer com que os

    alunos percebam a importncia de se ter um pensamento crtico sobre vrios assuntos,

    formando assim raciocnios e concepes mais articulados e aprofundados a respeito do

    espao. Fazendo-se dessa forma com que os alunos reflitam mediante aos vrios

    acontecimentos e fatos que ocorrem diariamente longe da sua rotina ou at mesmo no seu dia-

    a-dia.

    Segundo Cavalcanti (2003) o ensino o processo de conhecimentos pelo aluno,

    mediado pelo professor e pela matria de ensino, no qual devem estar articulados seus

    componentes fundamentais, que so: objetivos, contedos e mtodos de ensino, pois a

    principal funo do docente desenvolver competncias apropriadas para usar em sala de

    aula, estimulando assim o educando a criar suas prprias habilidades, fazendo a juno entre a

    teoria e a prtica aplicada realidade em que cada um est inserido. Somente assim que os

    educandos aprendero mesmo com os erros, acertos, palpites e criaro uma interao maior

    com professor e colegas, fazendo dessa forma que a aula seja mais produtiva e que todos

    interajam dando pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto. De acordo com o

    Programa Curricular de Geografia:

    Uma forma de orientar a seleo e organizao do contedo deve ser a referncia ao

    espao geogrfico como categoria de compreenso da realidade. Espao geogrfico

    entendido enquanto histrico, concreto, social e objetivo. Essa categoria, em

    princpio, instrumentalizaria uma leitura da realidade do ponto de vista de sua

    espacialidade. A compreenso dessa categoria requer certo entendimento de alguns

    conceitos, como lugar, paisagem, regio, natureza, sociedade, territrio, que formam

    a estrutura conceitual bsica do raciocnio geogrfico. (GOIS, SEC 1995, p. 17 apud CAVALCANTI, 2003, p. 25)

    necessrio que no decorrer das aulas o docente esteja sempre interagindo com

    seus discentes com atividades dentro e fora da sala de aula, para que o aluno passe a buscar e

    produzir seus prprios conhecimentos e conceitos que sero adquiridos com maior facilidade

    atravs de trabalhos e pesquisas e de tantas alternativas que ele ir buscar para se desprender

    da teoria. Segundo Cavalcanti

    A experincia tem mostrado a ineficcia de se ensinar conceitos criana ou o

    jovem apenas transmitido a eles o conceito definido no livro ou elaborado pelo

    professor. A pesquisa em torno do assunto sugere que o professor deve propiciar

    condies para que o aluno possa formar, ele mesmo, um conceito. (CAVALCANTI 2003, p. 26)

  • De acordo com D Avilla (2003, p. 10) o contedo escolar tem passado por

    significativas transformaes, no intuito de dar conta dos avanos epistemolgicos da cincia

    e de responder as necessidades da escola no processo de formao do sujeito. Percebe-se

    dessa forma que a autora trabalha essa questo de forma que tanto docentes quanto a escola

    esto de certa forma mudando sua rotina, por menor que seja para se enquadrarem nos novos

    avanos, para assim oferecerem uma melhor estrutura escolar para seus alunos.

    DAvilla (2003, p. 10) tambm chama a ateno para os contedos que so

    repassados de forma mecnica, em que os professores encontram somente o livro didtico

    como suporte, deixando de levar contedos mais claros e interessantes, e que esto presentes

    tanto na vida dos educando quanto realidade da escolar.

    Com isso a Geografia se torna chata e no muito interessante para a maioria dos

    alunos, fazendo que eles se sintam obrigados a assistirem as aulas, se sentem distantes da

    realidade repassada pelo professor.

    1.3Matrizes de referncia para o ensino fundamental do estado de Gois

    Para se garantir o sucesso da aprendizagem de todos os estudantes e a qualidade

    social da educao, preciso promover constantemente boa formao dos envolvidos no

    processo educacional, em que necessrio fazer o acompanhamento pedaggico e os

    espaos coletivos de discusso na escola sobre o currculo escolar.

    Segundo as MATRIZES CURRICULARES (2009, p.10),

    Essa afirmao representa consenso existente na Secretaria de Estado da Educao

    de Gois e est alinhado com a proposta do Governo do Estado de eleger a educao

    como o principal instrumento de promoo da cidadania, assegurando a todos os

    educando o exerccio de direitos sociais com valores supremos de nossa sociedade.

    No Caderno 5 Currculo em Debate: Matrizes Curriculares, est dando

    continuidade ao processo de Reorientao Curricular no Estado. Sendo que as Matrizes

    Curriculares do 1 ao 5 ano foram elaboradas pelos tcnicos-pedaggicos da Coordenao

    do Ensino Fundamental. O principal ponto de partida para uma nova elaborao das

    Matrizes Curriculares deu-se em decorrncia do cumprimento da Resoluo do CEE-GO n

    186/2004, onde ocorreu uma ampliao do Ensino Fundamental do Sistema Educativo do

    Estado de Gois de oito para nove anos de escolaridades.

  • A partir de 2004, comeou um amplo processo de discusso sobre o currculo do

    6 ao 9 ano, envolvendo os profissionais dos diferentes nveis do sistema educacional.

    Segundo os Cadernos Cenpec, (n4, 2007, p.100) o processo de discusso tem como propsito

    de valorizar os saberes dos profissionais que fazem uma renovao diria da educao em sala

    de aula e que constantemente renova a crena de que o currculo de cada escola s se

    modifica, de fato, medida que o conjunto de educadores se mobiliza para problematizar,

    estudar e discutir os fatores que provocam a excluso de milhares de jovens e para

    construrem juntos novos caminhos para a incluso social.

    Com as mudanas das Matrizes Curriculares, as expectativas de aprendizagem de

    1 ao 9 ano do Ensino Fundamental, passaram a constituir uma referncia curricular, tendo

    como meta melhorar efetivamente a qualidade da aprendizagem dos estudantes de Gois. As

    Matrizes Curriculares so constitudas de referncias para um melhor desenvolvimento de

    qualquer atividade educacional que tenha como foco a qualidade do ensino e a aprendizagem

    no Ensino Fundamental.

    De acordo com as Matrizes Curriculares (2009, p. 11) foi,

    Com a necessidade de democratizao do conhecimento, para dessa forma fortalecer

    a qualificao dos profissionais da educao em todo o Estado de Gois, as Matrizes

    Curriculares constituem as referncias para o desenvolvimento de qualquer atividade

    educacional que tenha como foco a qualidade do ensino e a aprendizagem no Ensino

    Fundamental

    .

    As Matrizes Curriculares tem como meta privilegiar o dilogo entre a teoria e a

    prtica, para que dessa forma ocorra uma boa articulao entre os diferentes saberes que

    envolvem o ensino.

    Tanto na rede pblica de ensino do Estado de Gois, quanto em qualquer outra

    rede de ensino privada, o educador ir lidar num mesmo espao com culturas diferentes, em

    que o mesmo ter que repassar um aprendizado homogneo para todos. Dessa forma as

    Matrizes Curriculares afirmam que:

    Na rede pblica de ensino do Estado de Gois, assim como em outras redes

    nacionais e internacionais, possvel identificar diferenas sociais e culturais e que

    ensejam diferentes necessidades de aprendizagem, ao mesmo tempo em que se

    verificam prticas e experincias que so comuns a todos os atores que lidam com as

    relaes de ensino. (MATRIZES CURRICULARES, 2009, p.11)

    As Matrizes Curriculares possuem um estabelecimento de metas em que seu papel

    contribuir para a construo da unidade e da integrao das diversas reas do conhecimento,

  • sempre buscando, ao mesmo tempo, garantir o respeito diversidade, sendo esta uma marca

    cultural do Estado de Gois. No entanto para o Ensino Fundamental, no sentido de valorizar a

    capacidade de utilizao crtica e criativa dos conhecimentos e no o simples acmulo de

    informaes, as Matrizes Curriculares indicam, aos profissionais: a leitura e a produo de

    textos em todas as reas do conhecimento, o respeito cultura local e juvenil, o

    desenvolvimento de habilidades sempre considerando o estudante sujeito de sua prpria

    formao, assumindo o estudante tambm a responsabilidade no processo de aprendizagem.

    Como referncias para uma boa formao dos alunos, as Matrizes Curriculares

    para o Ensino Fundamental, tm como meta proporcionar a todos os profissionais os

    instrumentos capazes de lhes fazer uma reflexo responsvel, para uma ao crtica em

    situaes complexas e rotineiras de seu trabalho, que servir de documento de estudo por

    todos os profissionais da rede nos encontros coletivos.

    As Matrizes Curriculares se fundamentam em dois princpios bsicos que se

    referem tanto na formao dos profissionais que participam na elaborao e implementao

    das Matrizes Curriculares do Ensino Fundamental, at os profissionais que vo coloc-la em

    prtica. De acordo com as Matrizes Curriculares (2009), esses princpios pertencem a dois

    grandes grupos que so:

    Educacional princpios que apresentam as linhas gerais sobre as quais esto fundamentadas as aes de educao e do currculo do 1 ao 9 ano do Ensino

    Fundamental [...] Eles se caracterizam pela flexibilidade, diversificao,

    transformao, integrao e esto apresentados nos textos das reas do

    conhecimento. Didtico-Pedaggico esses princpios orientam as aes e atividades referentes aos processos de planejamento, execuo e avaliao das aes

    dos profissionais do ensino. Eles se caracterizam pela valorizao do conhecimento

    prvio, interdisciplinaridade, transversalidade e articulao dos saberes e norteiam o

    planejamento das oficinas pedaggicas por reas do conhecimento. (Matrizes

    Curriculares, 2009, p. 12)

    As orientaes terico-metodolgicas tm como fonte as Matrizes Curriculares, pois estas

    constituem um referencial para que os educadores possam planejar e acompanhar as aes do

    processo de ensino e aprendizagem nesse nvel de ensino, bem como estabelecer relaes

    como os demais nveis de modalidades, sempre visando uma educao inclusiva. O

    referencial terico-metodolgico do 1 ao 9 ano do Ensino Fundamental est calcado em um

    paradigma que concebe a educao como um processo complexo e contnuo de

    desenvolvimento de conceitos, atitudes, hbitos e habilidades. Dessa forma estimula os

    professores a buscarem a modernizao e atualizao profissional necessria para acompanhar

  • as exigncias da sociedade contempornea. Conforme cita Schn (2000 in apud Matrizes

    Curriculares, 2009, p.12), sujeitos competentes e compromissados com aquilo que est no

    campo de ao de seu poder, bem como a melhoria do bem pblico e das instituies

    poltica.

    O processo de aprendizagem entendido como um processo que sempre requer

    uma viso intencional do educador, pois atravs dele que haver o principal estmulo para

    que os alunos prestem mais ateno nas aulas, pois no momento da aprendizagem e da

    vivncia entre professor e aluno, que o professor criar uma ponte de construo/reconstruo

    do conhecimento e a apropriao crtica da cultura elaborada, sempre considerando a

    necessidade de padres de qualidade e de princpios ticos.

    Segundo o SEE (Secretaria de Educao, 2006, apud Matrizes Curriculares, 2009,

    p. 13), a concepo de aprendizagem que compem uma escola possui muitas definies e

    conceitos caracterizados pelos contextos culturais em que est inserida, exigir reflexo e

    ateno sobre as singularidades que permeiam a capacitao dos integrantes. Pois uma

    aprendizagem desorganizada sempre costuma levar a aes repetitivas, no levando a

    compreenso total do contedo exposto.

    De acordo com as Matrizes Curriculares (2009, p. 13), Para uma aula ser bem

    produtiva o planejamento de fundamental importncia no desenvolvimento do trabalho

    pedaggico do professor, pois atravs do planejamento que se possvel definir o que se

    pretende alcanar, prever situaes e obter recursos didticos (humanos ou materiais),

    organizar as atividades, dividir tarefas para facilitar o trabalho em sala, avaliar determinadas

    atividades ou criar outras. O planejamento tambm permite refletir sobre o que ser exposto

    em sala de aula e at mesmo no modo de agir mais adequado.

    O planejamento a principal ferramenta de organizao do trabalho pedaggico,

    pois atravs dele que os professores tero todo o auxlio no decorrer de suas aulas, de modo

    que o ensino cumpra sua finalidade com o que foi proposto no planejamento. Segundo as

    Matrizes Curriculares (2009), na elaborao de um plano de ensino preciso levar sempre em

    conta:

    O projeto educativo da escola: o que definiu como metas a alcanar o que destacou

    como prioridades de aprendizagem, o tipo de estudantes que se pretende formar;

    Aprendizagens que o estudante j realizou o seu nvel de conhecimento;

    Aprendizagens ligadas leitura e produo de textos; Exigncias das culturas locais

    e juvenis; Resultados de pesquisas, no interior da escola, sobre aprendizagem dos

    estudantes em cada nvel do ensino. (MATRIZES CURRICULARES, 2009, p. 1

  • O sistema de avaliao da aprendizagem tem como objetivo fornecer informaes

    que possibilitem uma melhor reorganizao nos processos de ensino e de aprendizagem tanto

    dos discentes quanto dos docentes. A avaliao no se finda somente aos critrios de

    aprovao ou reprovao dos estudantes, pelo contrrio, ela constitui a base para um

    monitoramento onde visa a permanente qualidade das aes de educao, a partir de critrios

    claramente definidos. De acordo com as Matrizes Curriculares (2009, p. 14), os critrios

    utilizados na avaliao da aprendizagem tm como referncia bsica os objetivos definidos

    para o processo de formao e capacitao e o desenvolvimento de competncias a serem

    desenvolvidas

    Segundo Perrenoud (2001 in apud Matrizes Curriculares, 2009, p.14), para a

    melhor compreenso da relevncia social e educacional da avaliao da aprendizagem,

    necessrio se fazer uma investigao dos fracassos e avanos a partir da reflexo sobre as

    prticas avaliativas. Pois a partir dessa avaliao que se poder fazer uma renovao das

    prticas de ensino, sendo fundamental auxiliar os discentes na reflexo critica sobre sua

    prpria educao, para que dessa forma possam reconsiderar suas prprias idias, aes e

    atitudes. Os educandos devem ter total conscincia da qualidade da prpria aprendizagem no

    momento da avaliao, pois atravs da avaliao que podero ver quais so as principais

    deficincias em torno da educao, sendo que a partir desses atritos, que se buscar uma

    melhora para a educao.

  • 2. DESAFIOS E PERSPECTIVAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA

    O incio do sculo XXI foi marcado por uma inovao tecnolgica nunca antes

    experimentada, esta inovao chegou a todo vapor ao meio social, principalmente no meio

    escolar em que veio facilitar as aulas expositivas de Geografia. Santos (2000, p.18 apud

    Collere et all 2005, p. 01) comenta que medida que a rapidez, a profundidade e a

    imprevisibilidade de algumas transformaes recentes conferem ao tempo presente uma

    caracterstica nova, a realidade parece ter tomado definitivamente a dianteira sobre a teoria.

    Isso fez com que a realidade de outros lugares do planeta chegue com mais preciso e rapidez

    em todos os lugares, deixando assim a teoria do papel de lado. No entanto essa rica cincia

    sofreu e ainda sofre com vrias mudanas drsticas, para se tornar uma disciplina fundamental

    em todas as escolas e na vida de cada aluno. Segundo Vesentini (2004, apud Costa, 2010, p.

    04), atualmente no Brasil ocorre uma ampla discusso sobre a desvalorizao da categoria dos

    professores e da qualidade de ensino, em que os profissionais se deparam diariamente com

    problemas que vo desde a dura carga de trabalho, salas com superlotao de alunos, baixos

    salrios e pouco tempo para se atualizarem ou at mesmo se especializarem.

    Tardif (2005 apud Costa, 2010, p. 05), tambm comenta que a carga horria de

    trabalho do professor influenciada por diversos fatores, deixando-o sobrecarregado. Estes

    fatores de um modo geral so influenciados pela rotina diria do professor, pois muitos

    docentes enfrentam dificuldades quanto acessibilidade ao local de trabalho, como: trabalhar

    em locais distantes, violncia nas escolas e em sala de aula, alunos com dificuldades de

    aprendizagem, as exigncias das escolas, e a dupla jornada de trabalho.

    No entanto um dos principais problemas enfrentados atualmente pelos profissionais,

    ainda a falta de recursos presentes na maioria das escolas, em que, na maioria das vezes, mal

    disponibiliza o quadro negro, o giz e um apagador, para a realizao das aulas. Com a falta de

    recursos necessrios para uma boa aula e a pesada carga horria dos professores, muitas vezes

    impede que o profissional possa realizar uma aula satisfatria. Vesentini (2004 apud Costa,

    2010, p. 05) ainda acrescenta que:

    No caso do ensino da Geografia, isso tudo agravado pelos preconceitos pela

    disciplina (e contra as humanidades em geral, consideradas secundrias), que fica com uma carga horria reduzida, e enfrenta uma enorme dificuldade para

    operacionalizar os estudos do meio, que so importantssimos na sua prtica

    educativa. (VESENTINI, 2004, p, 235 apud COSTA, 2010, p. 05)

  • Alm de todos os fatores citados, a Geografia enquanto disciplina enfrenta outro fator

    agravante diariamente, onde muitos profissionais da educao consideram essa disciplina

    como simplria em que qualquer um capaz lecionar, sendo ela uma disciplina invlida por

    muitos profissionais de outras disciplinas.

    Aquino Junior (2007 apud Costa, 2010, p. 01) explicita que as vrias dificuldades

    quanto ao espao e a infra-estrutura nas escolas no devem ser tomadas como justificativas a

    programao de um ensino de m qualidade, pois para esse autor o bom professor aquele

    que consegue trabalhar a construo do conhecimento com os alunos independente do espao

    e da infra-estrutura que lhe sejam disponibilizadas. Pois para esses profissionais que amam a

    profisso no h barreiras que possa ser derrubada.

    A Geografia era tida no incio como uma disciplina embasada somente no patriotismo

    e nacionalismo, mas hoje a Geografia vista como uma disciplina crtica dinmica e

    preocupada com os aspectos sociais que rodeiam e norteiam a sociedade. Vesentini (2004

    apud Costa 2010) aponta que:

    H quase um consenso entre os professores de Geografia, pelo menos no Brasil, que

    atualmente estamos vivenciando uma transio de uma Geografia(s) escolar

    tradicional para uma critica(s). Aquela primeira seria descritiva e mnemnica,

    alicerada no paradigma a a Terra e o Homem, com uma seqncia predefinida de temas: estrutura geolgica e relevo, clima, vegetao, hidrografia, populao e

    economia. E a ltima a(s) Geografia(s) critica vem se expandindo no Brasil a partir

    dos anos 80. (VESENTINI, 2004, p.222 apud COSTA, 2010, p. 02)

    Segundo Quinto (2009 apud Costa, 2010, p. 02) a Geografia do sculo XX estava

    somente preocupada em formar cidados para defenderem arduamente os interesses do

    Estado, com o nico interesse em despertar nesses alunos o amor ptria, formando assim

    cidados que no reconheciam a fundo a realidade da sociedade e nem do pas, e que, no

    entanto devia defender.

    Cavalcanti (2003, p. 21) aponta que, nas duas ltimas dcadas a Geografia vem

    passando e superando por um longo perodo de renovao, em que o ensino que era alicerado

    na base de decorar os contedos atualmente vem sendo substitudo por um ensino mais crtico

    e comprometido na transformao do social.

    No balano geral do movimento de renovao de Geografia nas

    ltimas dcadas, duas questes precisam ser destacadas (...) os

    modestos efeitos na prtica de ensino dos professores de Geografia,

    comparados com questionamentos, anlises e propostas renovadas feitos em nvel tericos, e a reflexo dessa prtica a partir de uma

    referncia pedaggico didtica, tambm incipiente.

    (CAVALCANTI, 2003, p.21)

  • Muito antes de a Geografia crtica se desenvolver com mais vigor nas academias, ela

    j era trabalhada nas escolas do Ensino Mdio e Fundamental (nesse perodo ela era

    conhecida como Estudos Sociais). Nesse perodo seus contedos abordavam assuntos como:

    Subdesenvolvimento, Sistemas Socioeconmicos, Problemas Sociais Urbanos, entre outros.

    Com as vrias modernidades e tecnologias que chegaram para inovar e facilitar a vida

    da sociedade, o ensino de Geografia nas escolas tambm teve que se adequar, fazendo dessa

    cincia uma disciplina dinmica, em que o objeto de estudo o espao geogrfico, marcado

    por todas essas modificaes.

    Segundo Costa (2010, p. 03), a Geografia tem trabalhado a criticidade do aluno,

    instigando-o a refletir e construir seus prprios conhecimentos, porm o ensino tradicional

    no foi totalmente existo das escolas.

    No entanto para os alunos acompanharem e entenderem a fundo as transformaes

    dirias, os educando devem ser cada vez mais instrudos, sendo o professor o principal

    mediador nessa construo de conhecimentos, ou seja, sempre instruindo seus alunos a serem

    pensadores crticos. bom que o aluno saiba distinguir e correlacionar o contedo aprendido

    em sala de aula com sua rotina. Malysz (2007 apud Costa, 2010) destaca que o professor de

    Geografia precisa:

    (...) ensinar Geografia numa perspectiva que estimule: a interpretao e anlise das

    diferentes paisagens; a leitura critica dos acontecimentos nos diversos lugares, a

    compreenso de conflitos territoriais; a desafinao que existe na sociedade

    globalizada; a conscientizao das questes socioambientais na sociedade de

    consumo. (MALYSZ, 2007, p 17 apud COSTA, 2010, p. 03)

    Para ensinar Geografia o professor deve promover aes que despertem a curiosidade

    do aluno, relacionando a teoria geogrfica com a prtica cotidiana dos mesmos e com os

    acontecimentos. Segundo Collere et al. (2004) o ensino geogrfico no uma particularidade

    brasileira, esta cincia tem um grande valor como disciplina em outras partes do mundo sendo

    enfatizada pela Comunidade Geogrfica Internacional como uma disciplina essencial para a

    formao de indivduos crticos para o exerccio da vida cidad. Assim, a Declarao

    Internacional sobre Educao Geogrfica, firmada pela Comisso de Educao Geogrfica da

    UGI, em 1992, em Washington, e ratificada em 2000, em uma reunio realizada em Seul, na

    Coria do Sul, afirma que:

    (...) a Geografia como campo de estudos essencial para a compreenso de nosso

    lugar no mundo e de como as pessoas interagem com as demais em seus entorno; a

  • investigao e educao geogrficas promovem e ampliam a compreenso cultural, a

    interao, a igualdade e a justia em escala local, regional e global; todos os

    estudantes tm direito oportunidade de desenvolver seus valores sociais, culturais e

    ambientais atravs da educao geogrfica que promover seu desenvolvimento como

    pessoas geograficamente informadas;... Os gegrafos profissionais e educadores

    geogrficos... (devem) promover a educao geogrfica global para fazer frente aos

    futuros desafios do desenvolvimento e o entorno natural. COLLERE (2004, p. 05)

    Mas para que o docente realmente possa entender e gostar da Geografia, ele deve ter

    um aprendizado de qualidade, em que ele no seja um mero receptor de informaes, mas

    possa digerir essas informaes, e transform-las nas suas vivncias dirias.

    Com isso vem surgindo muitas discusses a respeito do ensino de Geografia nas

    escolas nos dias atuais com o intuito de poder valorizar cada dia mais essa cincia que

    proporciona ao aluno ser um conhecedor do espao principalmente onde ele est inserido. O

    ensino de Geografia nas escolas exige mais clareza, a fim de proporcionar ao aluno um

    aprendizado mais profundo sobre os contedos estudados em sala de aula e sempre buscando

    inserir o aluno e seu espao no mtodo de aprendizagem, a fim de que os contedos sejam

    entendidos com mais facilidade.

    Segundo Collere et al (2004):

    Passados mais de vinte e cinco anos de um intenso e profundo movimento de

    renovao da Geografia brasileira (dcadas de 70 e 80), marcados, sobretudo pela

    introduo do materialismo histrico e da dialtica como pilares terico-

    metodolgicos, chegaram ao inicio do sculo XXI com a aceitao de vrias vertentes

    que at ento estavam margem das discusses e em torno da cincia geogrfica. Tais

    discusses paut