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O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA x PRÁTICA DOCENTE - … · Esses são aspectos imprescindíveis...
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IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
ISSN: 1981-8211
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA x PRÁTICA DOCENTE
Fátima da Silva SIQUEIRA (UEL)
Introdução
O ensino público no Brasil, principalmente no que se diz respeito às
escolas que trabalham com o Ensino Fundamental, está caracterizado por possuir menor
qualidade em comparação ao ensino privado. Muitas pesquisas têm mostrado o quanto o
ensino público, de modo geral, encontra-se em situação precária.
Um dos principais dilemas encontrados para o trabalho com essa
disciplina, é o fato de que de um lado tem-se a Gramática Tradicional, que muitos
professores afirmam ser fundamental para os alunos a noção do seu estudo. Por outro lado,
sabe-se que o ensino dessa disciplina também pode ser muito mais eficiente a partir do
momento em que se perceber a língua como um sistema comunicativo e, assim, no que se
refere ao seu ensino, ir além de categorias gramaticais e funções sintáticas.
O resultado desse velho modo de ensino acarreta dificuldades facilmente
observadas nos alunos, os quais, muitas vezes, se sentem perdidos sempre que o professor
lhes pede para elaborarem textos pertencentes a diversos gêneros. Fica evidente que os
conteúdos aprendidos pouco contribuíram para o que realmente é mais importante, que é
levar o aluno a conseguir compreender o que um texto quer dizer (captar não apenas o
explícito, mas também o implícito) e argumentar a respeito dele. Não são poucas as vezes
em que a dificuldade de compreensão do que pedem os enunciados dos exercícios é quase
que absoluta.
O desprendimento do ensino de categorias gramaticais e de suas funções
na sentença não significa que a gramática não deva ser ensinada na escola, pelo contrário,
ela é fundamental para o ensino de Língua Portuguesa. O que também se sugere é o ensino
de uma gramática, de fato, contextualizada a partir de diferentes gêneros textuais para que
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se facilite tanto a internalização do conhecimento quanto a própria produção textual. Dessa
forma, o aluno poderá aprender os conteúdos gramaticais e, ao mesmo tempo, reconhecer a
qual gênero pertence o texto que lhe foi apresentado.
O que fazer então diante de tantas teorias e sugestões de trabalho?
Com o propósito de refletir mais a respeito dos problemas, dificuldades e
desafios do sistema público, optou-se por fazer uma pesquisa que traga dados reais a
respeito do que pensam alguns professores da área e o que eles acabam levando para os
alunos em suas aulas. Este artigo, então, buscou verificar como está sendo trabalhado o
ensino de Língua Portuguesa e a prática docente na atualidade. Para isso foi desenvolvida
uma pesquisa nas escolas públicas estaduais urbanas da cidade de Curiúva – PR, por meio
de aplicação de questionários a todos os professores que lecionam a disciplina de Língua
Portuguesa no Ensino Fundamental. Tratou-se de verificar com isso, o perfil profissional do
docente, sua maneira de atuação em sala de aula com os alunos, bem como também sua
metodologia de ensino. Além do questionário, mediante aprovação das escolas e dos
professores, foram feitas observações das aulas desses mesmos docentes com todas as
turmas que eles trabalham.
Para a realização dessa pesquisa, seguiram-se os seguintes passos:
Visita as quatro escolas urbanas da rede estadual pública,
localizadas no município de Curiúva /PR;
Observação das aulas de Língua Portuguesa (Ensino
Fundamental) dos professores que atuam nessas escolas;
Aplicação de um questionário aos professores, sobre sua
atuação frente ao ensino dessa disciplina;
Finalização com uma análise geral, entre revisão
bibliográfica, observação das aulas e aplicação dos questionários.
O presente trabalho conta também com várias pesquisas bibliográficas de
grandes autores da área. A conclusão desta pesquisa apresenta um resultado final entre o
que se propõe nas bibliografias de alguns autores consagrados, o que pensam os professores
diante do questionário que lhes foi apresentado e o que de fato acontece e é levado para os
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alunos nas aulas de Língua Portuguesa. A intenção da pesquisa foi verificar como a Língua
Portuguesa está sendo trabalhada, se o seu ensino está voltado para a gramática tradicional,
para o trabalho com gêneros, ou até mesmo se essas duas metodologias caminham juntas.
Essa pesquisa não pretendeu, de forma alguma, fazer qualquer tipo de comparação e/ou
julgamento em relação aos professores observados, mas sim entender como se dá o
processo prático de ensino dessa disciplina.
1- O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ATUALIDADE
O ensino de Língua Portuguesa continua sendo alvo de atenção e
questionamentos de vários profissionais da área, que em meio a tantas formas sugestivas de
se trabalhar com a língua, acabam ficando perdidos e revelando total despreparo em relação
ao que ensinar e à forma de aplicação dos conteúdos.
Percebe-se, muitas vezes, que os professores de Língua Portuguesa estão
presos a um determinado ensino, preocupados sempre com a gramática normativa, gastando
tempo demais ao ensinar sujeito, adjetivo etc, que, por vezes, nem mesmo os mestres
dominam totalmente. Deixam, então, de trabalhar atividades como leituras, exposições e
abordagens das variações linguísticas a partir de exemplos trazidos pelos próprios alunos
para a sala de aula.
O ensino da língua materna acaba encontrando dois caminhos paralelos:
de um lado consideram-se as pesquisas e investigações de vários cientistas ao procurarem
respostas nas ciências da linguagem; e de outro, verifica-se o descompasso entre o que é
estudado e até falado aos e pelos professores e suas ações em sala de aula. Diante disso, o
que fica claro é que é necessário haver uma melhoria, ou seja, uma junção que facilite a
relação mútua entre teoria e prática.
Sem dúvida, princípios teóricos devem fundamentar o entendimento do
professor, para que este possa intervir de maneira mais significativa na escola. O professor
também deve estar ciente das amplas funções que o uso da língua desempenha no
desenvolvimento dos grupos sociais e na construção das identidades nacionais.
Segundo Irandé Antunes (2007, P.23):
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É preciso reprogramar a mente dos professores, pais e alunos em geral, para
enxergarmos na língua muito mais elementos do que simplesmente erros e
acertos de gramática e de sua terminologia. De fato, qualquer coisa que foge um
pouco do uso mais ou menos estipulado é vista como erro. As mudanças não são
percebidas como “mudanças”, são percebidas como erros.
Na verdade, todo professor de Língua Portuguesa precisa:
- Interar-se de como aplicar ensino e avaliação, avaliação e ensino;
- Conhecer dentro da diversidade de gêneros textuais, as funções
gramaticais, lexicais e discursivas;
- Promover a inserção do aluno no mundo da escrita e da cultura letrada;
Esses são aspectos imprescindíveis para que o professor possibilite o
contato do indivíduo com o letramento, aperfeiçoando assim as competências de fala,
leitura, escrita, análise etc. E para que isso ocorra, é primordial que haja uma mudança na
maneira de apresentar os conteúdos aos alunos de modo que eles não decorem, mas sim,
internalizem os conhecimentos adquiridos, promovendo assim, um bom resultado tanto na
língua falada quanto na escrita.
1.1 A Gramática Tradicional
Há algumas críticas sobre a Gramática Tradicional (GT), ao longo do
século XX, como por exemplo, “ciência” do que “está parado”, tratando-se apenas de uma
língua esmiuçada e prescritiva, tida como a ideal.
Falar sobre a GT é como voltar ao passado, onde o ensino e o trabalho
linguístico limitavam-se a oferecer textos de consagrados clássicos da literatura como único
modelo a ser seguido e a recusar a aceitar as variações linguísticas já existentes naquela
época.
Na realidade, pode-se dizer que havia medo de uma aceitação de
mudanças na língua. Os autores, defensores da GT, preferiam que ela fosse estática,
obedecendo a regras apenas. Para eles, o progresso de um povo, muitas vezes trazia para a
língua, algo que a deturpava e a tornava pobre e cheia de vícios.
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Se as gramáticas eram escritas, eram para ser obedecidas e fixadas como
regras padronizadas pelos escritores, os quais eram dignos de admiração e tidos como
modelos, ou seja, incontestáveis.
Sobre isso, Marcos Bagno (2000, p.158;159) comenta:
“Não acredito, portanto, na validade de uma “norma pedagógica”, nem sequer,
aliás, na possibilidade de estabelecê-la. Em que se basearia? No uso exclusivo
dos “clássicos”, postura elitista e antidemocrática, como querem as gramáticas
normativas e os comandos paragramaticais? na língua dos jornais?
Foi a partir desse e de vários outros comentários parecidos que se iniciou
uma nova concepção sobre o modo de ver a linguagem. Não é que na escola não exista
espaço para o ensino da gramática em sala de aula. Pelo contrário, existe uma defesa para o
ensino de gramáticas, desde que seja um ensino plural, em que haja preocupação com
análise da funcionalidade e da crítica dos valores sociais pertencentes a cada uma delas.
Na escola, o trabalho com a disciplina de Língua Portuguesa, deve então,
propor atividades de pesquisa que despertem no aluno curiosidades sobre a linguagem. Para
que isso possa acontecer, é necessária a conscientização do professor, de que é um
estudioso da língua, produtor de conhecimentos e de materiais didáticos adequados que
venham suprir as reais necessidades dos alunos.
Todo aluno passa desde o terceiro ano primário até o terceiro colegial
estudando análise sintática e classes de palavras. Esse tempo todo estudado, não permitiu
que o aluno conseguisse entender sobre o assunto. Daí que surgem algumas concepções de
que a gramática é matéria que dificilmente alguém conseguirá aprender.
Acredita-se que a GT possa ser a grande responsável por esse tipo de
visão que ocorreu ao longo da história e ainda permanece até os dias atuais. Ficou como
algo inatingível, em que muitas vezes imagina-se ser um assunto a ser dominado somente
por grandes autores, aqueles consagrados, tidos como modelos, por isso a grande
dificuldade em discuti-la, apresentá-la e até mesmo, para muitos docentes, que acabam
encontrando dificuldades de ensiná-la.
Os PCN, por exemplo, surgiram com o intuito de se rever a forma de
como a língua materna é apresentada. O documento sugere que se proponha aos alunos o
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contato e o trabalho com diversos tipos de textos, pelos quais se possam desenvolver
habilidades de compreensão, recepção e produção dos discentes.
Segundo Bagno (2000), um bom estudo da língua deve oferecer e
trabalhar textos literários modernos e clássicos, histórias em quadrinhos, notícias de jornais,
programas de televisão, entrevistas, filmes, novelas, programas de rádio, entre outros, que
mostrem o registro de fala de pessoas de várias classes sociais e geográficas.
1.2 Gêneros textuais como suporte
Trazer o gênero como referência para o trabalho em sala de aula seria,
talvez, uma forma de revigorar e dinamizar o ensino da gramática, deixando assim, de
apresentar o texto apenas como um espaço no qual se identificam as classes de palavras (o
chamado texto como pretexto). Uma forma de mudança metodológica seria a promoção do
contato dos alunos com textos que possuem feições concretas, que têm o seu gênero
determinado, pois isso facilitaria o entendimento do aluno toda vez que o professor lhe
pedisse para escrever, por exemplo, uma carta, um aviso, um convite, entre outros.
Segundo Antunes (2007), a única forma de se usar a língua é por meio do
texto, não existindo outra mais adequada. E quanto mais o professor puder explorar
atividades textuais e discursivas, com toda certeza suas aulas serão muito mais atrativas e
menos monótonas.
Com o estudo dos gêneros, os conceitos de certo e errado que as escolas
costumam avaliar, podem sofrer algumas mudanças positivas. Um texto não pode ser
considerado bom somente porque foi escrito gramaticalmente correto, pois pode estar fora
das características de seu gênero, por exemplo, podendo então, não ser modelo de
linguagem. Quando não se sabe fazer a colocação certa de uma palavra no texto, ela pode
gerar complicações, as quais poderão afetar o entendimento devido à falta de clareza com
que foi escrita. Segundo Antunes (2009), não se pode reduzir a linguagem ao fato de
sempre falar certo e sem erros. É preciso ir além dos textos e não centrar-se apenas no
estudo da gramática e é a partir do estudo dos gêneros que as habilidades para falar e
escrever atingem a variedade da interação verbal dos diferentes grupos sociais.
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Foi grande a multiplicação dos gêneros, depois da criação da escrita,
por volta do século VII A.C, com as várias tipicidades da escrita. A partir do século XV,
com o surgimento da cultura impressa é que se percebe uma grande transformação. Nos
dias atuais com a TV, o telefone, o rádio, o computador e a internet, nota-se um grande
aumento de gêneros e novas maneiras de comunicação, tanto oral quanto escrita.
Os gêneros, então, podem ser entendidos como formas verbais de ação
social em textos de práticas sociais e em controle de discursos exclusivos. Quanto à
expressão “tipos de texto”, facilmente observada no dia a dia, não significa um tipo, mas
sim um gênero textual. Ocasionalmente, um mesmo gênero poderá realizar dois ou mais
tipos. Por isso é que um texto pode ser tipologicamente heterogêneo.
Considerando que todos os textos se revelam sempre em um ou em outro
gênero textual, torna-se necessário aprofundar os conhecimentos sobre a funcionalidade dos
gêneros textuais, tanto no momento da produção quanto no momento da compreensão de
determinado gênero. É basicamente o que se prevê nos PCNs (Parâmetros Curriculares
Nacionais), ao sugerirem que o trabalho com textos (orais ou escritos), seja realizado com
base nos gêneros.
Se existe, na sociedade, uma grande diversidade de textos exigidos pelas
várias e complicadas relações sociais, torna-se necessário um aumento das variações
textuais do livro. O ensino de Língua Portuguesa deve girar em torno do texto,
desenvolvendo competências linguísticas, textuais e comunicativas aos alunos, a fim de
incluí-los no convívio do mundo letrado de hoje, ampliando assim, a competência
linguística e textual do aluno.
Renovações no ensino da língua devem enfatizar a leitura, análise e
produção de textos, sejam eles: conversacionais, narrativos, expositivos, descritivos,
argumentativos, levando-se em conta os aspectos discursivos, temáticos, enunciativos,
linguísticos e estruturais, embora ainda se observe insuficiência dessas ações na prática.
2 – A PRÁTICA: OBSERVAÇÃO DAS AULAS NAS ESCOLAS
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Para a realização deste trabalho, foram selecionadas quatro (04) escolas
da rede pública estadual, localizadas no município de Curiúva – PR, referenciadas pelas
cores: Amarela, Branca, Verde e Rosa, para serem feitas algumas observações das aulas de
Língua Portuguesa, direcionadas ao Ensino Fundamental. É claro que a intenção da
pesquisa não foi julgar qual a escola que melhor ensina, muito menos julgar a competência
do professor. Pelo contrário, pretendeu-se colaborar com os estudos já existentes a respeito
do ensino de Língua Portuguesa, mostrando como esta disciplina vem sendo trabalhada,
quais as maiores dificuldades, como é a relação professor x aluno na atualidade e,
principalmente, refletir a respeito de certos equívocos metodológicos.
O primeiro contato foi feito com as diretoras das escolas, que,
gentilmente, forneceram o horário das aulas. Logo depois, foi estabelecido contato com os
professores. Cabe salientar que não foi feita qualquer seleção de professores, pois a
pesquisa foi feita com todos que trabalham a disciplina de Língua Portuguesa no Ensino
Fundamental, nas quatro escolas estaduais urbanas existentes no município de Curiúva/PR.
3 - APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS AOS PROFESSORES
Para a aplicação do questionário dirigido aos professores de Língua
Portuguesa que trabalham com o Ensino Fundamental, foram selecionadas quatorze (14)
perguntas para um total de dez (10) participantes. As perguntas foram:
1. Sexo?
Foram dez (10) participantes, sendo que 90% pertenciam ao sexo
feminino e 10% ao sexo masculino.
2. Idade?
Com relação à idade dos participantes, 10% tinham até 24 anos, 20%
tinham entre 25 a 29 anos e 70% dos entrevistados pertenciam ao número de 30 a 49 anos.
Não houve nenhum participante com idade acima de 50 anos.
3. Há quanto tempo leciona?
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Quanto ao tempo que esses profissionais estão em sala de aula, verificou-
se que 20 % lecionam há menos de três anos, 10% de 3 a 5 anos, 40% de 6 a 9 anos e 30%
de 10 a 15 anos. Não houve respostas para as opções acima de 15 anos.
4. Quantas horas por semana você dedica ao planejamento das aulas?
No que se refere à dedicação dos profissionais ao planejamento de suas
aulas, constatou-se que 40% dedicam-se até 4 horas semanais, 50% de 4 a 8 horas e apenas
10% chegaram ao tempo de 8 horas ou mais.
5. Você costuma ler?
Nessa pergunta, 90% dos entrevistados responderam “Sim”,
demonstrando gosto pela atividade da leitura e 10% optaram por não responder. Verifica-se
com isso, que a maioria dos profissionais dispõe de um tempo para leitura.
5.1 Se sim, assinale os gêneros que lê com mais frequência.
Aqui, os profissionais apresentaram os gêneros que mais apreciam, sendo
40% para revistas em quadrinhos, 50% literatura brasileira, 10% preferem ler revistas
específicas da área, jornais e informativos.
6. Em relação às atividades propostas com seus alunos, assinale quais são mais
trabalhadas:
Quanto às atividades mais trabalhadas com os alunos em sala de aula,
obteve-se resposta de 80% para discussão de textos, diferenciando-se fatos e opiniões, uso
de poesias, contos, crônicas e outros gêneros que trabalham gramática contextualizada,
20% trabalham atividades mais voltadas para a gramática tradicional, e atividades propostas
no livro didático.
É possível notar, por meio desses dados, que são poucos os profissionais
que voltam suas atividades de ensino para a gramática tradicional e o uso do livro didático.
A grande maioria opta por levar na sala de aula, diferentes tipos de textos, com os quais os
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alunos possam discutir, reconhecer, diferenciar opiniões, fazer críticas, demonstrando seu
ponto de vista conforme o que lhe é apresentado.
7. Você passa lição de casa?
Nesse quesito, a maioria (80%) dos professores, às vezes, passam lição de
casa. Acabou sobrando um número pequeno para quem respondeu “sim” (10%) e “não”,
(10%).
Na realidade, o que os professores comentam sobre esse ponto, é que o
tempo é muito curto. Não existe resultado positivo na atividade de cobrar tarefas dos
alunos, principalmente porque quase não há tempo para a correção nem na aula seguinte.
São muitos os conteúdos a serem trabalhados por bimestre, sem contar que cada aluno
reage ao conteúdo de uma forma e não são todos que conseguem acompanhar ao mesmo
tempo. Pensando nisso, é importante que o professor planeje sua aula, sabendo do tempo
que terá que dispor para trabalhar de forma diferenciada com esse aluno, então, trabalhos
como lição de casa não devem ser descartados, mas sim cobrados de forma coerente e
equilibrada.
8. Você costuma corrigir as lições?
Aqui, 100% dos entrevistados responderam afirmativamente: “Sim, em
sala, junto com os alunos”.
9. Você trabalha usando diferentes tipos de gêneros textuais em suas aulas?
Nessa pergunta 80% dos professores responderam ”Sim” e 20% “Às
vezes”. Nenhum respondeu que “Não”, que não trabalha com gêneros textuais em suas
aulas.
10. Quais os gêneros que você mais costuma trabalhar?
Entre os gêneros mais trabalhados, destacaram-se 80% para notícia,
propaganda, música, e 20% para carta e entrevista.
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A música é um texto de grande aceitação pelos alunos. Acredita-se, ser
esse o motivo pelo qual os professores optam por trabalhar com esse gênero
(principalmente se for escolhida uma música que esteja na mídia e no gosto da maioria).
Observou-se um grande número destacado para o trabalho com textos
(notícia, propaganda), talvez pelo fato de desenvolver nos alunos a habilidade de observar
as críticas presentes por meio das notícias do dia a dia, a realidade do mundo que se vive, as
desigualdades sociais, a constante espera de que um dia todos poderão participar de uma
sociedade mais justa em que pelo menos, cada cidadão consiga ter acesso ao básico.
11. Com que frequência?
Nessa pergunta, 40% responderam que trabalham “uma vez ou outra”, o
mesmo número (40%) trabalha “em todas as aulas” e 20% “não responderam”. Nenhum
professor marcou a opção que “não trabalha”.
12. Qual o resultado desse ensino?
Nenhum professor acredita ser “ruim” o trabalho com gêneros. Pelo
contrário, 70% acreditam ser “ótimo” e outros restantes (30%) acham “bom”. Tais
respostas levam a crer que a maioria dos profissionais oportuniza aos seus alunos o contato
com diferentes tipos de textos, onde podem identificar a linguagem utilizada para cada tipo
de produção textual.
13. Como você prefere ensinar a Língua Portuguesa?
Mais uma vez, por meio dessa pergunta, verificou-se a porcentagem
maior para o trabalho com gêneros textuais, um total de 90%, enquanto que para o ensino
da língua de maneira tradicional, apenas 10%.
14. Como os alunos assimilam melhor?
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Outra vez, mais um ponto para o trabalho com gêneros, devido à resposta
em que 90% dos alunos assimilam melhor por meio de gêneros e apenas 10% de maneira
tradicional.
Considerações finais
De acordo com as pesquisas bibliográficas realizadas neste trabalho, ficou
evidente que há a preocupação de grandes autores em relação ao ensino da língua materna.
O que muitas teorias sugerem é o trabalho com textos que, de fato, desenvolva nos alunos,
habilidades de compreensão da língua, em diversas situações de comunicação.
No que diz respeito à opinião dos professores questionados, frente ao
ensino de Língua Portuguesa, a maioria desses profissionais mostrou estar de acordo com
as teorias mais atualizadas, aquelas que trazem os gêneros para a sala de aula, que atendem
ao que se pede como nova forma de trabalho com a língua.
Houve casos de respostas contraditórias, por exemplo, no momento que
se questiona se o docente usa diferentes tipos de gêneros textuais em suas aulas, em um
mesmo questionário que respondeu “Às vezes”, surpreendentemente, respondeu que prefere
ensinar a Língua Portuguesa por meio de gêneros textuais e que, dessa forma, os alunos
assimilam melhor.
Outra contradição encontrada foi na pergunta em que o professor
responde que costuma trabalhar com gêneros apenas “uma vez ou outra”, mas ao mesmo
tempo considera que o resultado desse ensino é “ótimo” e tanto a sua preferência quanto a
dos alunos está de acordo com os gêneros textuais. Bom, se assim é a preferência de ambos
e o resultado é ótimo, o que impede o profissional de realizar esse trabalho com maior
frequência?
Sobre as formas de ensino, 90% dos professores entrevistados preferem
utilizar os gêneros e 10% assumem preferir a maneira tradicional. Um dos professores
pertencentes a esses 10% explica que prefere trabalhar dessa última forma, mas que
também leva os gêneros para a sala de aula, principalmente, notícias, propagandas.
Contudo, isso ocorre uma vez ou outra e o resultado é sempre regular. Devido a isso, ele
prefere trabalhar de forma tradicional por acreditar que assim os alunos aprendem melhor.
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Quanto às atividades mais trabalhadas com os alunos, torna-se pertinente
ressaltar a minoria (20%) que marcou a opção de trabalhar as atividades propostas no livro
didático. Já 80% dos participantes não declararam usar desse meio de ensino. O que se tem
a dizer sobre isso é que 70% desses docentes que deram essa resposta, usam, sim, o livro
didático em suas aulas e o seguem até com bastante frequência.
Com relação à observação das aulas, estas foram previamente avisadas, o
que colaborou com o professor que pôde planejar bem sua aula a ser observada. Isso porque
houve um participante, que na hora da pergunta sobre a possível observação de sua aula,
disse um sim receptivo. Instantes depois, este mesmo voltou-se e pediu para que deixasse
bem certo, o dia, a hora, confirmando pelo celular.
Analisando a observação dessas aulas, chegou-se à conclusão de que na
escola Amarela, nas quatro aulas observadas, apenas uma foi trabalhada com gêneros, no
caso, o gênero notícia, ao ser distribuído recortes de jornais, em que os alunos tinham que
fazer exposição do que dizia a reportagem. As outras três aulas, trataram de textos teóricos
com exercícios simples e, em uma dessas aulas, o livro didático foi utilizado.
Já na escola Branca, das quatro aulas observadas, em uma, o gênero
História em Quadrinhos foi passado em sala com ótima aceitação por parte dos alunos, e
nas outras aulas, foram trabalhados exercícios e crônicas tirados do livro didático, com
exceção do texto “Ana Z” (Marina Colasanti), no qual os alunos trabalharam interpretação
de texto. Nesse último dia de trabalho pôde-se notar que os alunos não apresentaram tanto
entusiasmo, devido ao texto que era muito extenso, voltado apenas para a interpretação,
sem oferecer atividade dinâmica.
Quanto à escola Verde, das nove aulas observadas, seis aulas usaram
gêneros como: poemas, crônicas, anúncio publicitário, histórias em quadrinhos, contos e
poesias. Dos seis gêneros trabalhados, três foram retirados do livro didático. Nas outras três
aulas, trabalhou-se substantivo próprio e comum com alguns exercícios, interpretação de
texto e correção de atividades também retiradas do livro didático. Dentre as quatro escolas
observadas, acredita-se ser essa a que desenvolveu maiores trabalhos atrativos com gêneros
em sala.
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Por fim, na escola Rosa, nas quatro aulas observadas, uma explorou a
criatividade dos alunos em apenas uma produção de desenho (que melhor ilustrasse o texto
“Preta de Piche e os Sete Negrões”), demonstrando muito entusiasmo por parte dos alunos,
que puderam desenhar, colorir e ao mesmo tempo, ter o contato com a linguagem oral, ao
ouvir o texto lido pela professora, e a linguagem visual, ao ilustrar em forma de desenho as
pistas mais marcantes do texto. Em uma outra aula, fez-se um trabalho mais voltado à
gramática, com entrega de uma lista de exercícios, para serem feitos em duplas e entregues
ao término da aula. As outras duas aulas retiraram exercícios do livro didático. Embora em
menor quantidade, com exceção da aula que tiveram que fazer ilustrações com desenhos,
nessa escola, percebeu-se participação de alguns alunos que se sobressaíam durante as
aulas.
Pode-se então, chegar à conclusão de que, na maioria das aulas, mesmo
os professores respondendo, conforme se observou no questionário aplicado, que procuram
levar sempre os gêneros para a sala de aula, verifica-se que eles ainda utilizam exercícios
prontos, ofertados pelo livro didático, que apesar de muito trabalhado nas aulas, muitos
preferem não declarar a sua utilidade. Não se trata de uma crítica, mas acima de tudo, de
uma preocupação, pois é o que de fato pôde ser constatado nas aulas observadas e nos
questionários respondidos.
Com esta pesquisa, além de possibilitar um melhor entendimento de
como está o ensino de Língua Portuguesa nos dias atuais com base em alguns dados,
espera-se também servir aos profissionais da educação, inclusive aos que colaboraram para
a realização deste trabalho. É importante ressaltar que esses professores têm consciência
dos problemas e, por isso solicitam ofertas de mais cursos, capacitações, para que eles
possam se atualizar e, consequentemente, diminuir os problemas que tais equívocos acabam
causando no aluno e na sociedade. Eles querem ver como podem trabalhar as novidades na
prática, pois muitos já estão perdidos em meio a tantas teorias.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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_______________Língua, texto e ensino: outra escola possível; São Paulo: Parábola
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BAGNO, Marcos. Dramática da Língua Portuguesa: tradição gramatical, mídia e
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Brasília: MEC/SEF, 1998. (Língua Portuguesa).
BEZERRA, Maria Auxiliadora; DIONÍSIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel.
Gêneros textuais e ensino (Org.); 4ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2005.
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