O ENSINO DE QUIMICA CONTEXTUALIZADO: AS REAÇÕES … · Química contextualizado com as...

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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA O ENSINO DE QUIMICA CONTEXTUALIZADO: AS REAÇÕES QUIMICAS NO COTIDIANO DO ALUNO ROSIANI MONTOIA INDIANÓPOLIS-PR 2009

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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA – FGF

PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA DE DOCENTES NA

ÁREA DE LICENCIATURA EM QUIMICA

O ENSINO DE QUIMICA CONTEXTUALIZADO: AS REAÇÕES

QUIMICAS NO COTIDIANO DO ALUNO

ROSIANI MONTOIA

INDIANÓPOLIS-PR2009

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ROSIANI MONTOIA

O ENSINO DE QUIMICA CONTEXTUALIZADO: AS REAÇÕES

QUIMICAS NO COTIDIANO DO ALUNO

.

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado em Química no Programa Especial de Formações de Docentes da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF, sob a orientação do Profº. Msc. Jean Carlos de Araújo Brilhante.

INDIANÓPOLIS-PR

2009

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Monografia submetida ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes em

Química, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciado em

Química, autorgado pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza – FGF.

_______________________Rosiani Montoia

______________________________Prof. Msc. Jean Carlos de Araújo Brilhante

Orientador

______________________________Profª. Msc. Célia Diógenes

Coordenadora do Curso

Nota obtida: ______

Monografia aprovada em: ___ / ____ / ___

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“Eu tenho uma espécie de dever.Dever de sonhar,

De sonhar sempre.Pois sendo mais do que um espectador

De mim mesmo,Tenho que ter

O melhor espetáculo que posso [...]”

Fernando Pessoa

DEDICO

A meus pais, pelo empenho, dedicação, carinho, compreensão e incentivo

para que eu estudasse e assim, enriquecer meu crescimento pessoal e ter

mais oportunidades profissionais,

Mantendo minha perseverança,

Mostrando que as dificuldades da vida somente servem para tornar a vitória

mais brilhante.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me dar a vida, saúde, entendimento e capacidade.

Por sempre me iluminar no caminho da vida, cheia de pedras e espinhos,

Mas também cheia de flores e cascatas.

A minha mãe, pelo empenho e esforço nesses anos de estudo.

Mostrando que as dificuldades da vida servem para tornar a vitória mais

brilhante.

Ao orientador,

Jean Carlos de Araújo Brilhante

Que sempre ensina algo para guardarmos por toda vida,

Pela disponibilidade em ajudar, pelo seu profissionalismo e

contribuição para conclusão deste trabalho.

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“A educação faz com que as pessoas sejam fáceis de

guiar, mas difíceis de arrastar; fáceis de governar,

mas impossíveis de escravizar”.

(Henry Peter)

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“Fui aprendendo de mansinho a viver de forma

suave e a aceitar de forma positiva as dificuldades

que a vida me impõe, para poder transformá-las em

aprendizado."

Hermógenes

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RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi abordar o tema proposto na disciplina de Química contextualizado com as experiências vividas em sala de aula, bem como, em laboratório no recinto escolar e fora dele, com duas turmas do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Izolda Rizzato Liutti – Ensino Médio, na cidade de Indianópolis, Estado do Paraná, sendo cada turma com 32 alunos do período matutino A pesquisa foi realizada por meio dos professores graduados na área, no qual o conteúdo sobre as Reações Químicas foi apresentado às duas turmas, sendo que, em uma delas ministrado apenas de forma teórica através da apresentação de fórmulas, de modo tradicional. Enquanto que, na outra turma, o mesmo conteúdo foi ministrado de forma prática. Os alunos receberam exemplos de reações químicas presentes no seu cotidiano, através do qual realizaram aulas práticas, onde tiveram a oportunidade de produzir algumas reações químicas e compreender a ocorrência de tais reações. Após o término das aulas, foi aplicada às duas turmas exatamente a mesma avaliação sobre o conteúdo estudado, e o desempenho de cada turma na avaliação foi analisado, levando a compreender se a inserção do conteúdo de reações químicas no cotidiano do aluno provocou algum impacto na sua aprendizagem. As experiências serviram para confirmar as teorias que embasaram os temas propostos, no caso, o processo de Decomposição natural do lixo orgânico e inorgânico e posteriormente sobre a Lactofermentação na produção de iogurte através de culturas lácteas. Este trabalho fomentou a preocupação dos alunos no que se refere aos cuidados com o meio ambiente e na produção de alimentos presentes no cotidiano dos alunos.

Palavras-Chaves: Senso comum; Reações químicas; Aprendizado

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Entendimento dos alunos em relação às aulas teóricas e práticas.

p.24

Figura 2 Interesse dos alunos em relação às aulas teóricas e práticas p.24Figura 3 Grau de contentamento dos alunos com as aulas. p.25Figura 4 Compreensão do conteúdo p.28

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................11

1.1 OBJETIVOS. ................................................................................................................13

1.1.1 OBJETIVOS GERAIS.................................................................................................13

1.1.2 . OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................................13

2.JUSTIFICATIVA..................................................................................................................14

3. REFERENCIAL TEÓRICO................................................................................................15

3.1 AS REAÇÕES QUÍMICAS NOS ALIMENTOS NATURAIS..................................................................15

3.2 CIÊNCIAS E O SENSO COMUM ................................................................................17

3.3 A CONTEXTUALIZAÇÃO COMO ILUSTRAÇÃO,

OU CONHECIMENTO DO COTIDIANO................................................................................18

4. METODOLOGIA................................................................................................................20

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................................21

5.1 IOGURTE CASEIRO E CULTURAS LÁCTEAS............................................................21

5.1.1 HISTÓRIA DO IOGURTE...........................................................................................21

5.1.2 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO.............................................................................22

5.1.3 A RECEITA DO IOGURTE CASEIRO........................................................................22

5.1.4 A EXPERIENCIA EM SALA DE AULA.......................................................................23

5.2 A DECOMPOSIÇÃO DO LIXO......................................................................................25

5.2.1 A VERIFICAÇÃO DA TEORIA PARA A PRATICA....................................................27

6. CONCLUSÃO....................................................................................................................29

7 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................30

8. ANEXOS............................................................................................................................31

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1 INTRODUÇÃO

O ser humano sempre buscou compreender o funcionamento da

natureza. As ciências naturais permitiram por meio de instrumentos e

metodologias, conhecer a natureza a fim de modificá-la para o seu uso pessoal

e coletivo. A finalidade da disciplina é de que o aluno conheça a importância da

ciência na busca do conhecimento da realidade objetiva e se empregue dele no

seu cotidiano.

O presente trabalho apresenta a pesquisa a ser realizada com alunos

da segunda série do Ensino Médio, na disciplina de Química, com o intuito de

compreender a relação entre as reações químicas que ocorrem na natureza e o

seu cotidiano, conseguindo assim contextualizá-la.

A Química é o conhecimento da matéria e suas transformações,

examinada por meio das diversas características macroscópicas, ou seja, que

podem ser vistas sem auxílio de instrumentos de precisão, podendo assim, ser

desvendada e perscrutada até ao nível microscópico.

A ampliação desta ciência permite ao homem dominar certas

transformações conhecidas e também alcançar um número cada vez maior de

novos compostos e materiais. Os plásticos, as borrachas sintéticas, a aquisição

de metais, os medicamentos, os detergentes, o uso dos combustíveis, os

materiais usados nas construções de casas, móveis, eletrodomésticos, etc.,

são exemplos da importância e aplicação dos procedimentos químicos na vida

cotidiana.

Ao se cozinhar utiliza-se de processos químicos; todos os objetos e

materiais existentes são constituídos por substâncias químicas, por isso, a

Química não é um objeto e sim uma ciência que pode trazer benefícios ou

prejuízos à humanidade e ao meio ambiente, dependendo do ponto de vista

com que seus conceitos são empregados.

O conhecimento produzido através desta ciência juntamente com o

desenvolvimento tecnológico visa a debater o papel da Ciência e da Tecnologia

na melhoria dos padrões de vida da população e dar condições para a

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participação crítica no mundo do trabalho e na realidade social por meio da

abordagem dos temas atuais e da escolha dos conteúdos que possibilitem ao

aluno ter uma extensão visão da Química e de suas aplicações. O

funcionamento dos recursos de química utilizado dá-se através da seguinte

estrutura: aulas teóricas, práticas; discussões e tarefas em grupos.

A compreensão das Ciências da Natureza como área de estudos tem por base uma visão epistemológica [...]. No entanto, compondo a área, encontram-se diferentes componentes disciplinares, entre os quais a Química. Como campo disciplinar, a Química tem sua razão de ser, sua especificidade, seu modo de interrogar a natureza, controlar respostas por meio de instrumentos técnicos e de linguagem peculiares, identificando as pessoas que os dominam como químicos ou educadores químicos. (PCNEM Química, p.104)

O processo de constituição do conhecimento químico é realizado

através de manipulações controladas e orientadas com uso de materiais;

dando início aos assuntos partindo dos acontecimentos cotidianos, ou ainda

obtidos por meio da teoria química da disciplina, permitindo ao aluno que

organize e aliste as informações imprescindíveis na preparação de conceitos

essenciais da disciplina.

Estes conceitos são trabalhados por meio de um sistema de

denominação que é própria da química, tais como: fórmulas, símbolos,

equações químicas e a nomenclatura das substâncias utilizadas e

manipuladas; até que fiquem firmemente fixados através da teoria e prática na

formação intelectual dos alunos.

Vale lembrar que, os alunos do ensino médio enfrentarão desafios na

sua formação continuada, seja, através de vestibulares, concursos e até

mesmo na concorrência pelo mercado de trabalho, que também necessitam de

profissionais capacitados para exercerem a função de químicos, uma área

cada vez mais explorada e em acelerado crescimento, dada a sua amplitude.

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Investigar como os alunos do 2º ano do ensino médio, do Colégio

Estadual Izolda Rizzato Liuti, de Indianópolis, Paraná, compreende a

relação entre as reações químicas que ocorrem na natureza e o seu

cotidiano.

1.1.2 Objetivos Específicos

Perceber que a reação química está sempre presente no seu dia-a-dia;

Entender e reconhecer as reações químicas que ocorrem na natureza

e a transformação da matéria;

Conhecer as evidências que permitem dizer que uma reação química

ocorreu;

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2 JUSTIFICATIVA

A Química participa do desenvolvimento científico-tecnológico com

importantes contribuições específicas, cujas decorrências têm alcance

econômico, social e político. A sociedade e seus cidadãos interagem com o

conhecimento químico por diferentes meios. A tradição cultural difunde

saberes, fundamentados em um ponto de vista químico, científico, ou baseados

em crenças (e formas de pensamento) populares. (Brasil, 1999).

O aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica que

eles compreendam as transformações químicas que ocorrem no mundo físico

de forma abrangente e integrada e assim possam julgar com fundamentos as

informações advindas da tradição cultural, da mídia e da própria escola e tomar

decisões autonomamente, enquanto indivíduos e cidadãos.

Esse aprendizado deve possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos

processos químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico

em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas implicações

ambientais, sociais, políticas e econômicas. Tal a importância da presença da

Química em um Ensino Médio compreendido na perspectiva de uma Educação

Básica (Brasil, 1999).

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná propõem que

a compreensão e apropriação do conhecimento químico aconteçam por meio

do contato do aluno com o objetivo de estudo da Química, que é o estudo da

matéria e suas transformações. Este processo deve ser planejado, organizado

e dirigido pelo professor, numa relação dialógica, em que a aprendizagem dos

conceitos químicos se realize para organizar o conhecimento científico (DCE,

2008, p.24).

Isso é possível com a inserção do aluno na cultura científica através de

experimentação, análise de situações cotidianas e na busca de relações da

Química com a sociedade e a tecnologia. Isso implica compreender o

conhecimento científico e tecnológico além do domínio estrito dos conceitos da

química.

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Nesse sentido e considerando os aspectos sociais, políticos e

econômicos atuais, o ensino da Química possibilita ao aluno compreender o

mundo, as substâncias e materiais presentes, o desenvolvimento tecnológico e

suas aplicações no cotidiano. Além disso, desenvolver a opinião crítica dos

educandos de forma que participem do processo de ensino-aprendizagem

através de experimentação e pesquisas orientadas.

3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 AS REAÇÕES QUÍMICAS NOS ALIMENTOS NATURAIS

A ciência, como um conjunto organizado de conhecimentos, apresenta-

se dividida em várias disciplinas, entre elas a Química, que estuda a natureza

da matéria, suas propriedades, suas transformações, reações e a energia

envolvida nesses processos. A capacidade de articular tudo à nossa volta é

química, pois todos os materiais que nos cercam passaram ou passam por um

tipo de transformação ou reações.

As transformações químicas sempre encantaram a humanidade. A

partir delas surgiram processos que contribuirão para melhorar a vida do

planeta como: os metais, usados para a fabricação de todo os tipos de

utensílios há muitos séculos, são obtidos por meio de transformações feitas

pela metalurgia.

Nas reações químicas, são formadas novas substâncias. Ela está

presente no nosso organismo, em nosso cotidiano, como cozimento dos

alimentos e na queima de combustíveis, sendo responsável pela infinidade de

produtos químicos que usamos diariamente. Na limpeza de casa, usamos

diversas substancias, como detergentes, alvejantes, desinfetantes. Em nossa

higiene pessoal, usamos sabonetes, xampu, creme dental, além de água, que

passa por vários tratamentos químicos antes de chegar às nossas casas.

(Sardella, 2000).

Nossos alimentos naturais precisam de fertilizantes e pesticidas para a

sua produção. (Sardella, 2000). A todo instante ocorrem transformações em

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nossa volta. São inúmeros os produtos industrializados cuja obtenção depende

de transformações químicas: plásticos, vidros, tintas, cimento, papel, fotografia

entre outros. A expectativa de vida aumentou devido ao desenvolvimento da

indústria farmacêutica e da medicina. Esse é o papel da química, a ciência que

estuda a transformação das substâncias.

Nos laboratórios, é possível criar alternativas de transformação dos

resíduos em substâncias que possam ser reaproveitadas. Além de colaborar

com a proteção do meio ambiente, os cientistas ainda são desafiados a

descobrir novos processos e substâncias que possam, entre outras coisas,

reduzir o tempo de trabalho das pessoas, melhorarem a qualidade dos bens de

consumo ou, ainda atuar no corpo humano curando doenças. Por tudo isso,

entende-se que a química está proporcionando um grande progresso,

desenvolvimento e bem estar para a nossa vida.

Outro processo de transformação química nos alimentos é referente à

sua conservação por meios químicos naturais, a lacto-fermentação. Um dos

exemplos é o do soro de leite, substância muito utilizada no passado pelas

diversas culturas ancestrais para a conservação de vegetais em épocas de

escassez, inverno rigoroso com geadas, entre outras intempéries que não

permitiam o cultivo e a colheita diária do alimento. O método de lacto-

fermentação não só preserva o alimento, como também potencializa diversos

nutrientes.

A lacto-fermentação ocorre quando os açúcares e amidos dos legumes

e frutas convertem-se em ácido lático através da ação de um lactobacilo, uma

“bactéria do bem”. Esta lacto-fermentação permite o preparo de cebolas em

conserva, pepinos em conserva, entre outros vegetais, como também é uma

forma de conservar naturalmente estes ingredientes.

A proliferação dos lactobacillus em verduras e legumes fermentados melhora sua digestibilidade e aumenta os níveis de vitaminas. Estes organismos benéficos produzem inúmeras enzimas muito úteis, assim como substâncias naturalmente antibióticas e anticarcinogênicas. Seu principal subproduto, o ácido lático, não só preservam perfeitamente verduras, legumes e frutas, como também promovem o crescimento de

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uma flora intestinal saudável. (Sally Fallon, Nourishing Traditions, pg 89)

A conservação pela adição de solutos é um método em que se utiliza

açúcar ou sal para a conservação de alimentos. É uma forma de controle de

umidade, porém, neste método não há a extração de água. O que ocorre

quando adicionamos um soluto no alimento é a captura da água livre no

alimento pelo soluto, tornando a água indisponível para a sua utilização por

microorganismos e reações químicas. No dia-a-dia utilizamos este tipo de

conservação, mas nem sempre sabemos os princípios físico-químicos

presentes nos métodos.

Na fabricação de geléias caseiras empregamos o açúcar, que além de

conservar, esta técnica também é uma forma de produção e transformação de

outros alimentos. Já o sal, é utilizado, por exemplo, para a produção da carne

de sol e carne seca. Um procedimento empregado em grande parte das vezes

pela ausência de refrigeração e congelamento, ou seja, por parte de

equipamentos ou por parte de energia elétrica. A carne por ser um dos

principais alimentos protéicos, não se pode deixar de ter cuidados referentes a

refrigeração e congelamento, por isso é indispensável alternativas para a

conservação e disponibilidade para o consumo habitual.

3.2 CIÊNCIAS E O SENSO COMUMAs transformações químicas não são estudadas apenas por químicos.

Os cozinheiros estudam constantemente melhores maneiras de combinar

diferentes temperos e técnicas para transformar alimentos em apetitosos

pratos. Muitos dos procedimentos realizados por eles são de natureza química.

Assim ocorre com o carvoeiro, que transforma a madeira em carvão, com o

oleiro que transforma o barro em cerâmica. (Santos & Mól, 2005). Muitos dos

objetos estudados por cientistas são também estudados por pessoas que não

tem conhecimento cientifico sobre o assunto.

Os índios podem conhecer mais sobre os ciclos das plantas os hábitos

dos animais de sua região do que os biólogos. Todavia, o que diferencia o

conhecimento científico do senso comum é a maneira como ele é organizado.

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Ou seja, os cientistas estabelecem critérios e métodos de investigação para

obter, justificar e transmitir o conhecimento científico. No senso comum, o

conhecimento é obtido sem necessariamente seguir métodos e técnicas

específicos.

O senso comum é assistemático, cria um conjunto desorganizado de

crenças, não provocando por parte dos seus criadores um empenho

organizacional. O senso comum é acrítico, significando a ausência de uma

crítica e um exame apurado da situação. A ciência não pode ser acrítica como

o senso comum, é necessário ter um cuidado permanente com a

fundamentação dos conceitos.

Os processos de construção do conhecimento escolar supõem a inter-relação dinâmica de conceitos cotidianos e químicos, de saberes teóricos e práticos, não na perspectiva da conversão de um no outro, nem da substituição de um pelo outro, mas, sim, do diálogo capaz de ajudar no estabelecimento de relações entre conhecimentos diversificados, pela constituição de um conhecimento plural capaz de potencializar a melhoria da vida (PCNEM Química, p.118)

Desde a antiguidade, o homem vem estudando os fenômenos químicos

e interagindo com eles. Os alquimistas buscavam a transmutação de metais,

enquanto que outros procuravam o elixir da juventude ou da saúde. Acontece

que ao misturarem substâncias retiradas de animais e extratos de plantas,

esses químicos.

3.3 A CONTEXTUALIZAÇÃO COMO ILUSTRAÇÃO, OU CONHECIMENTO DO COTIDIANO

Atualmente, em relação ao ensino, o termo cotidiano tem se

caracterizado por ser um estudo de situações corriqueiras ligadas ao dia-a-dia

das pessoas. A função do ensino, nessa perspectiva, é relacionar

conhecimentos ligados à vida diária do aluno com conhecimentos científicos.

Pode-se caracterizar a abordagem do cotidiano como sendo um ensino de

conteúdos relacionados a fenômenos e fatos do dia-a-dia com vista à

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aprendizagem de conceitos (DELIZOICOV et al., 2002, SANTOS e

MORTIMER, 1999b).

Chassot (2001) ressalta que o ensino que promove o estudo do

cotidiano, virou uma espécie de modismo e que traz embutido o propósito de

ensinar pura e simplesmente os conceitos científicos. Para o autor há um

reducionismo nessa perspectiva de contextualização. Essa forma de abordar o

cotidiano no ensino de Química é apresentada também nos PCN+ (BRASIL,

2002):

A Proposta de organização de conteúdos apresentada (...) leva

em consideração duas perspectivas para o ensino de Química

presentes nos PCNEM: a que considera a vivência individual

dos alunos – seus conhecimentos escolares, suas histórias

pessoais, tradições culturais, relação com os fatos e

fenômenos do cotidiano e informações veiculadas pela mídia; e

a que considera a sociedade em sua interação com o mundo,

evidenciando como os saberes científico e tecnológico vem

interferindo na produção, na cultura e no ambiente.

Deste modo, acercar-se em vista essa perspectiva reducionista, o

cotidiano, neste trabalho, será caracterizado como o estudo

predominantemente cientificista de fatos e fenômenos do dia-a-dia do

educando. Um aprendizado pedagógico baseada na utilização de fatos do dia-

a-dia para ensinar conteúdos científicos pode caracterizar o cotidiano em um

papel secundário, ou seja, o cotidiano serve como exemplificação ou ilustração

para ensinar conhecimentos químicos.

Jiménez Lizo et al. (2002) apontam que o estudo nessa perspectiva

utiliza os fenômenos cotidianos nas aulas como exemplos imersos em meio

aos conhecimentos científicos teóricos numa tentativa de torna-lhes mais

compreensíveis. Uma característica marcante da utilização de aspectos do

cotidiano no ensino de Química é a crença no potencial motivacional, ou seja,

situações do cotidiano, quando exemplificadas, servem para motivar o aluno a

aprender.

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Geralmente, tais situações são introdutórias aos conteúdos teóricos e

têm o objetivo de chamar a atenção do aluno, aguçar sua curiosidade, porém

exclusivamente motivacional, com único propósito de ensinar conteúdos

(CAJAS, 2001; LUTFI, 1992). Deste modo, aceitar o estudo de fenômenos e

fatos do cotidiano pode incidir numa apreciação de situações vivenciadas por

alunos e professores, que por diversos fatores, não são problematizadas e logo

não analisadas numa grandeza mais sistêmica como elemento do mundo físico

e social.

4. METODOLOGIA A pesquisa será realizada com duas turmas da segunda série do

Ensino Médio, no período matutino, do Colégio Estadual Izolda Rizzato Liutti –

Ensino Médio, na cidade de Indianópolis, estado do Paraná. O conteúdo de

Reações químicas será explicado às duas turmas, sendo, em uma delas

explicado apenas de forma teórica, através da apresentação de fórmulas, da

forma mais tradicional possível.

Enquanto na outra turma, o mesmo conteúdo será explicado de forma

prática, levando exemplos aos alunos de reações presentes em nosso dia-a-dia

e realizando aulas práticas, onde os alunos terão a oportunidade de preparar

algumas reações e compreender se ocorreu ou não a reação.

Após o término das aulas, será aplicado nas duas turmas exatamente a

mesma avaliação sobre o conteúdo estudado, e o desempenho de cada turma

na avaliação será analisado cuidadosamente e através dos resultados desta

análise, poderemos dizer se a inserção do conteúdo de reações químicas no

cotidiano do aluno, gera algum impacto em sua aprendizagem.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 IOGURTE CASEIRO E CULTURAS LÁCTEAS

O iogurte é um produto fermentado do leite com um sabor ligeiramente

azedo, obtido a partir da ação combinada de duas espécies de bactérias, a

Streptococcus thermophilus e a Thermobacterium bulgaricum. É uma excelente

fonte de múltiplas vitaminas e minerais, incluindo proteína, cálcio, potássio,

fósforo, vitaminas B6 e B12, riboflavina, ácido fólico e niacina.

O iogurte ajuda também na produção de anticorpos, hormônios e

enzimas, importantes para o metabolismo, contribuindo para reforçar o sistema

imunológico e, conseqüentemente, retardar o envelhecimento. Para ser iogurte

é preciso que o leite contenha culturas vivas, estas culturas são compostas de

microorganismos exclusivos, que são responsáveis pelos diversos benefícios à

saúde e nutrição.

5.1.1 HISTÓRIA DO IOGURTE

Apesar da origem exata do iogurte ainda ser um mistério para os

pesquisadores, alguns acontecimentos ao redor do mundo dão boas pistas de

como ele pode ter surgido na Antigüidade. Uma teoria data do período

neolítico, entre 5.000 a 3.500 a.C, quando pastores passaram a se alimentar

com o leite de animais domesticados. Armazenado em marmitas de barro, o

leite ficava exposto às altas temperaturas do deserto, fermentava e virava um

tipo de iogurte.

Outra idéia sobre a origem vem da Turquia. Lá o leite fresco era

guardado em sacos feitos de pele de cabra. Transportados por camelos, os

sacos em contato com o calor do corpo do animal favoreciam a produção de

bactérias ácidas e transformavam o leite em iogurte.

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5.1.2 O PROCESSO DE FABRICAÇÃO

O iogurte é produzido a partir da ação de uma cultura mista dos

microorganismos Streptococcus thermophilus e Lactobacillus bulgaricus. Essas

bactérias consomem a lactose, para obterem energia e em contrapartida

eliminam o ácido lático. O leite coalhado preserva a gordura, os minerais e o

conteúdo de vitaminas do leite puro, mas apresenta bem menos lactose, sendo

então um alimento de mais fácil digestão que o leite.

A lactose presente no leite, vira ácido láctico, que por sua vez age

sobre o caseinato de cálcio (outro componente do leite). Este, ao se desfazer

deixa livre a caseína que se precipita em forma gelatinosa, tornando-se muito

digerível. A relação quantitativa entre Stretococcus thermophilus e

Lactobacillus bulgaricus deve ser de 1;1 até 2;3 aproximadamente, gerando

com isto um iogurte com maior ou menor viscosidade. Durante o período de

incubação a relação entre as bactérias pode sofrer variações, para no final

novamente ser restabelecido.

A causa principal da variação é que o Lactobacillus bulgaricus

desdobra facilmente as proteínas, e origina, assim, o aminoácido valina. Este

vai favorecer o desenvolvimento do Stretococcus thermophilus. A proporção

entre ambos influi também de uma maneira essencial sobre a aromatização do

iogurte. O Lactobacillus bulgaricus é o principal condutor do aroma.

5.1.3 A RECEITA DO IOGURTE CASEIRO

Ingredientes - um litro de leite; um copo de iogurte natural (sem polpa de frutas

nem corantes);

Material necessário - uma colher de pau, recipiente de vidro ou alumínio.

Como fazer:

1) ferva o leite e deixe-o esfriar até 38 °C;

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2) acrescente meio copo de iogurte natural e misture-o bastante usando a

colher de pau;

3) coloque a mistura no recipiente;

4) acondicione o recipiente numa toalha;

5) depois de 24 horas coloque o recipiente na geladeira. Está pronto o iogurte.

5.1.4 A EXPERIENCIA EM SALA DE AULA

Em analogia ao número de aulas utilizadas para a exposição dos

conteúdos houve equivalência nas duas turmas do 2º ano do Ensino Médio. O

conteúdo ministrado foi teorizado e somente colocado em prática por uma das

turmas, onde pôde verificar o processo de fabricação do iogurte caseiro, por

ser este um alimento presente e consumido diariamente em boa parcela da

sociedade. Foram necessários 2 dias de aula para a conclusão do tema

abordado, pois o processo de produção do iogurte necessita de tal tempo de

preparo e conclusão.

No primeiro dia, a turma da 2º série A recebeu o conteúdo no qual foi

apresentado o processo teórico da fabricação do iogurte e suas respectivas

reações químicas, desde o material a ser utilizado, no caso, o leite e as

culturas lácteas possíveis de serem manuseadas na produção. Em

contrapartida a turma do 2ª série B foi ao laboratório para tal abordagem e

prática do tema ministrado.

A turma da 2ª série B colaborou no processo de ensino quando da

utilização dos materiais, desde a limpeza e a higienização dos instrumentos

utilizados. Os ingredientes foram os seguintes: um litro de leite e um copo de

iogurte natural (sem polpa de frutas nem corantes). O material (utensílios)

necessário foi: uma colher de pau, recipiente de vidro ou alumínio.

A margem de entendimento e compreensão do tema abordado, sendo

a teoria e a prática, com as duas turmas do 2º ano é apresentada no gráfico a

seguir:

23

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FIGURA 1 – Entendimento dos alunos em relação às aulas teóricas e práticas.

Quanto ao interesse dos alunos pelas aulas teóricas e práticas foi

observado que uma grande parcela destes se empenhou em conhecer o tema,

sendo este de grande importância e utilidade na nutrição, tendo em vista que

fazem o consumo diário do produto e o conhecimento que podem transmitir aos

pais no fabrico do iogurte caseiro. A 2ª série A teve um percentual menor

devido à falta de visualização por meio da atividade prática. Através do gráfico

apontado, mostramos o seguinte:

FIGURA 2 – Interesse dos alunos em relação às aulas teóricas e práticas.

O resultado obtido pela prática foi satisfatoriamente melhor em relação

às aulas teóricas, não descartando também a importância da teoria, que é o

0102030405060708090

interesse

2ª A2ª B

0

1020

3040

5060

7080

teoria prática

2ª A2ª B

24

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início de toda atividade educativa de transmissão do conhecimento de forma

sistemática, criando assim uma base segura do conteúdo da disciplina de

Química. A aula prática sempre inspirou e criou um maior entusiasmo, até

mesmo pelo fato errôneo de acharmos que não precisaremos ficar preso à

teorias que, por sua vez, exigem mais do pensamento cognitivo de raciocínio.

No segundo dia os alunos da 2ª série B foram levados novamente ao

laboratório para averiguação da atividade prática que realizaram no dia

anterior, onde constataram com êxito a transformação do leite e cultura láctea

(iogurte natural) em iogurte. A atividade é muito simples, não deixando de lado

também o cuidado com a higiene dos materiais utilizados, uma vez que,

somente deixaram o produto repousando de um dia para o outro.

O grau de contentamento dos alunos com as aulas pode assim ser

constatado, tendo em vista que, alguns alunos da 2ª série A, que tinham

aprendido somente o conteúdo teórico, posteriormente relataram que tentaram

produzir o iogurte caseiro com sucesso. Mostramos o seguinte gráfico:

0

20

40

60

80

100

grau de contentamento dos alunos

2ª A2ª B

Figura 3 – Grau de contentamento dos alunos com as aulas.

5.2 A DECOMPOSIÇÃO DO LIXO

A poluição constante das águas, do solo e do ar está afetando a saúde

e ao meio ambiente, levando-nos a pensar sobre o modo racional de consumo

dos produtos necessários à sobrevivência humana. O entulho (lixo) produzido

pela sociedade pode ser reaproveitado, sendo eles: plástico, vidro, papel e

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metais. O tempo que cada material leva para se decompor tem uma pequena

variação de opiniões, mas os valores aproximados podem ser listados a seguir:

Lixo Tempo de decomposição

Cascas de frutas de 1 a 3 meses Papel 03 a 06 meses Pano de 6 meses a 1 ano Chiclete 05 anos Filtro de cigarro de 05 a 10 anos Tampa de garrafa 15 anos Madeira pintada 15 anos Nylon mais de 30 anos Sacos plásticos de 30 a 40 anos Lata de conserva 100 anos Latas de alumínio 200 anos Plástico 450 anos Fralda descartável 600 anos Garrafas de vidro indeterminado Pneu indeterminado Garrafas de plástico (pet)

tempo indeterminado

Borracha tempo indeterminado

Vidro 1 milhão de anos

Todas as espécies vegetais e animais mortos se decompõem, sendo

então, destruídos por larvas, minhocas, fungos e bactérias, voltando à terra os

elementos químicos que eles contêm. Eles ficam no solo, nos mares ou rios e

serão usados mais uma vez por plantas e animais. O lixo sempre é aproveitado

e transformado novamente em compostos necessários à vida na Terra.

Cada tipo de lixo tem seu tempo para decompor, mesmo que ambos

obedecem às faces que a natureza lhes impõe. Uns rapidamente entram no

processo de degradação e putrefação, outros vão acontecendo lentamente. A

decomposição do lixo gera duas fases. Uma delas é líquida e denominamos de

chorume, um líquido de cor escura e odor desagradável que é facilmente visto

quando o lixo permanece muito tempo dentro da lata.

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A composição do chorume varia conforme os resíduos presentes no

lixo e o tempo de decomposição deste. A outra fase é gasosa e composta

principalmente por gás carbônico (CO2), metano (CH4) e pequenas quantidades

de gases sulfídricos (que contêm enxofre), que dão cheiro característico aos

aterros sanitários. Com o passar do tempo de decomposição, a quantidade de

gás metano produzida é tão grande que uma faísca pode detonar uma grande

explosão.

5.2.1 A VERIFICACAO DA TEORIA PARA A PRATICA

As aulas teóricas deram o embasamento aos alunos das duas séries

do 2º ano do Ensino Médio para que posteriormente realizassem ou

apresentassem seus resultados através de experiências ou somente a

apreensão do conhecimento teórico, no caso a 2ª série B.

O conteúdo teórico foi transmitido para as duas séries no primeiro dia

de aula desse conteúdo. A 2ª série A teve a oportunidade de conhecer na

prática o funcionamento do aterro sanitário ou mais popularmente conhecido

como “lixão”. Enquanto que, a 2ª série B ficou em sala de aula, utilizando-se de

alguns recursos, como: imagens em datashow e acesso a internet para

pesquisa e visualização do conteúdo.

Na primeira aula que tiveram simultaneamente com a 2ª série B,

puderam apreender o conteúdo que facilitou na aula prática. Foram

necessárias duas semanas para o término da pesquisa da professora, pois foi

preciso que os alunos da 2ª série A fossem até o aterro sanitário 2 vezes para

verificar o processo de decomposição do lixo.

Somente a partir da segunda aula que a 2ª série A foi para o campo da

prática, onde constataram os efeitos da decomposição do lixo, podendo

vivenciar e sentir a situação prático-educativa através de uma melhor

visualização do material decomposto e até mesmo o odor característico destes

locais provocado pelas reações químicas presentes ali. Permaneceram no local

cerca de 1 hora, no qual receberam orientação da professora no que tange ao

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manuseio dos materiais em decomposição, tomando os devidos cuidados com

a proteção e higiene individual.

Na segunda ida ao aterro sanitário, os alunos registraram um volume

maior de lixo, no qual relataram apreensivos sobre a triste realidade que

assombra a sociedade, a degradação do meio ambiente do qual estão

inseridos. O conhecimento acerca da decomposição do lixo conduz o indivíduo

à consciência ambiental de preservação dos recursos da natureza, criando

assim, a reflexão sobre os materiais que são consumidos pela humanidade,

desde embalagens e até mesmo o alimento que deve ser de forma racional,

evitando o desperdício, que pôde ser visto no aterro sanitário.

A satisfação em participar de uma aula prática foi imensa em relação

aos alunos que permaneceram na escola. Isto pôde ser notado na expectativa

e no ânimo dos alunos. Quanto ao aprendizado teórico as duas 2ªs séries

tiveram quase que o mesmo grau de entendimento, ficando a 2ª série B um

pouco abaixo no nível de aprendizado, visto que permaneceram em sala de

aula, sabendo que a outra turma do 2º ano foi visitar o aterro sanitário, onde

gera uma espécie de desânimo comum entre eles

0 10 20 30 40 50 60 70 80

compreensão do conteúdo

2ª série B2ª série A

Figura 4 – compreensão do conteúdo

6. CONCLUSÃO

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Ao fim deste trabalho de pesquisa pôde ser visto que o processo de

ensino baseado em teoria e experiência entre salas ou turmas do Ensino

Médio, especificamente o 2º ano, obteve êxito nas experiências com aulas

práticas, sendo de fato um fator preponderante na formação e no entendimento

da disciplina de Química e do tema estudado pelos alunos.

As experiências confirmaram toda teoria ensinada, mostrando um

mundo de reações químicas acontecendo simultaneamente ao nosso redor em

várias circunstâncias. A decomposição repleta de reagentes que a

acompanham nesta ação, bem como, a lactofermentação através dos

compostos que a realizam, puderam ser comprovadas pelas duas séries do 2º

ano, cada qual com sua oportunidade de verificação da ocorrência.

A teoria representa em muito a base do conhecimento metodológico,

sendo de grande proficuidade na elaboração de um estudo aprimorado e

sistematizado. As duas séries do 2º ano tiveram seus momentos de

aprendizado do tema, sabendo que nunca esse percentual chega a níveis tão

altos como ao das aulas práticas, mas é a oportunidade que eles têm de

apreender o conteúdo que futuramente lhes proporcionará auxílio na busca de

sua formação profissional.

Com as aulas e situações vivenciadas esperamos que os alunos

consigam colocar em prática cotidianamente o conhecimento das atividades

que realizaram. Por serem úteis as informações que eles receberam, agora vão

poder criar situações semelhantes e se desenvolver a partir destas, dando

continuidade ao processo de aprendizagem e ensino, transmitindo ao próximo

o conhecimento adquirido.

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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BRASIL.Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília:1999.

CAJAS, F. La alfabetización científica y tecnológica: la transposición didática del conocimiento tecnológico. Ensenanza de las Ciencias, v.19, n.2, 2001.

CHASSOT, A. Alfabetização Cientifica: questões e desafios para a educação. 2ª Edição. Ijuí: Editora Unijuí, 2001. (Coleção Educação em Química).

DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J.A. Física - Formação Geral São Paulo: Cortez Editora, 1991. (Coleção Magistério).

JIMÉNEZ LISO, M. R.; SANCHES GUADIX, M. A.; DE MANUEL, E. T. Química cotidiana para la alfabetización científica: ¿ realidad o utopía? Educación Química, v.13, n.4, 2002.

LUTFI, M. Os Ferrados e Cromados: produção social e apropriação privada do conhecimento químico. Ijuí, Ed. UNIJUÍ: 1992.

SANTOS, W. L. P.; MORTIMER, E. F. Concepções de Professores sobre Contextualização Social do Ensino de Química e ciências. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química, 22., 1999, Poços de Caldas, MG. Livro de resumos. São Paulo: Sociedade Brasileira de Química, 1999a.

SANTOS, Wildson Luiz Pereira dos & MÓL, Gerson de Souza. Quimica e sociedade: volume unico, ensino medio - São Paulo: Nova Geração, 2005

SARDELLA, Antônio. Química: Volume único - São Paulo: Ática, 2000.Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Química para a Educação Básica. Curitiba - PR, 2008.

SITES CONSULTADOShttp://www.unb.br/ciord/informacoes/defesa/abnt_nbr6023_2002_referencia.pdf

Acesso em 02/12/2009

http://www.enq.ufsc.br/labs/probio/disc_eng_bioq/trabalhos_grad2005/iogurte/iogurte.ppt Acesso em 15/09/2009

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8. ANEXOS

Questionário aos alunos:

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1- Qual sua impressão geral a respeito da disciplina de química quanto ao grau de

dificuldade de entendimento:

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

2- Em relação ao estudo teórico sobre a decomposição do lixo, você considerou o

conteúdo:

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

3- Para você, aplicar de maneira prática seus conhecimentos sobre decomposição

será:

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

4- Em relação ao estudo teórico sobre reação química nos alimentos, você

considerou:

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

5- Qual o grau de dificuldade na compreensão sobre lactofermentação?

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

6- Qual sua opinião a respeito da nomenclatura dos compostos químicos?

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

7- Qual sua dificuldade ao ler o enunciado de um problema para traduzir para uma

equação química os dados fornecidos?

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

8- Como você avalia seu aprendizado prático em relação aos conteúdos sobre

decomposição do lixo?

( ) fácil ( ) médio ( ) difícil ( ) muito difícil

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9- Como você avalia seu aprendizado prático em relação aos conteúdos sobre

lactofermentação?

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