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O ensino do léxico de língua italiana em diferentes suportes: impresso e digital
Vanessa Correia Tavares (UNIOESTE)
Rosemary Irene Castañeda Zanette (UNIOESTE)
Resumo: O ensino da língua italiana está presente no contexto educacional brasileiro, que além
da educação dessa língua, busca o reconhecimento de sua importância cultural. Para tanto, é
preciso olhar seriamente os desafios metodológicos do ensino das línguas estrangeiras na
atualidade, uma vez que estamos diante de intercâmbios em nível mundial, e com os desafios
da chamada “era da comunicação”, o acesso à outra língua tem ultrapassado o âmbito da
diversificação de instrumentos de informação. Hoje é possível perceber que além do livro
didático como auxílio para conduzir o aluno, o uso de novos recursos tecnológicos como os
dispositivos móveis, tornou-se crescente, principalmente em contextos fora da sala de aula.
Usados atualmente por 80% da população global, além de serem considerados um dos
principais meios de informação, a capacidade de softwares em proporcionarem o
desenvolvimento do conhecimento tem sido considerada eficaz na motivação para a
aprendizagem. Sendo assim, este estudo tem por finalidade analisar o ensino do léxico da
língua italiana no livro didático Domani 1(2010) e no aplicativo MosaLingua® para telefone
móvel, no que se refere ao nível A1 do Quadro Comum Europeu de Referência (QCER). Como
pressupostos teóricos serão utilizados estudos de Marello (2004), Oliveira e Isquerdo (2001) e
Leffa (2014).
Palavras –chave: Língua Italiana; Léxico; Tecnologia.
Abstract: The Italian language teaching is present on the Brazilian educational system, which
besides the teaching of this language, seeks its cultural importance recognition. For getting
that, it is needed to look seriously at the methodogical challenges of the foreign language
teaching from nowadays, since we are facing exchanges in a world-wide level, and with the
challenges of the so-called “communication era”, the access to another language has overcome
the scope of the infomation tools diversification. Today it is possible to realize that beyond the
textbook to help conducting the student, the use of new technological resources such as the
mobile devices, has increased, especially in contexts out of the classroom. Nowadays they are
used by 80% of the global population, apart of being considered one of the main means of
information, the software capacity of providing the knowledge development has been
considered effective on the motivation for the learning. Having said that, this study’s aim is to
analyze the Italian Language lexicon teaching on the textbook Domani 1 (2010) and on the
application MosaLingua ® for mobile telephone, at the A1 level of the Common European
Framework of Reference (CEFR). As theorectical reference studies of Marello (2004), Oliveira
and Isquerdo (2001) and Leffa (2014) are used.
Keywords: Italian Language; Lexicon; Technology.
Introdução
O uso de dispositivos tecnológicos após o advento da internet vem produzindo um
profundo impacto na sociedade. Não seria diferente no processo de ensino e aprendizagem, as
instituições de ensino da contemporaneidade de redes privadas, por exemplo, fazem uso dos
mais variados recursos de tecnologia. Esses recursos representam uma maneira perfeita de
conciliar mobilidade e aprendizagem, ou seja, não há necessidade de estar sempre no mesmo
ambiente para que se possa aprender.
Nesta perspectiva, encontramos na escola a educação formal, pois é um ambiente onde
o ensino é sistematizado, e para que haja o aprendizado é preciso estar em locais e horários
específicos e determinados. Nesse caso o recurso mais utilizado no processo de ensino
aprendizagem de línguas estrangeiras é o livro didático, sendo um ponto de apoio tanto para o
professor, como para o aluno. Até o século passado esse uso predominante do manual
contribuía para que os demais materiais didáticos fossem apenas auxiliares, tais como aparelho
de som, televisão, DVD e multimídia. No entanto, hoje pode-se dizer que diversos estudantes
de línguas estrangeiras têm caminhado rumo à aprendizagem autônoma, um exemplo seria a
busca do conhecimento em diferentes suportes digitais.
Neste viés, no âmbito do ensino/aprendizagem das línguas estrangeiras, uma nova
perspectiva que trata esta questão vem ganhando força, a criação de aplicativos educacionais
de cursos de línguas estrangeiras como, MosaLingua, Duolingo, Busuu, Fan easy learn e de
aplicativos auxiliares, por exemplo, de dicionários, vêm crescendo gradativamente, tanto nas
formas gratuitas como nas pagas. E essa aprendizagem autônoma de línguas vem sendo uma
tendência nesse sentido, conquistando o público em todo o mundo, até mesmo pela facilidade
de aprender estando em qualquer lugar, apenas com o celular ou tablet em mãos.
Um componente presente nesses aplicativos é a Gamificação, que nada mais é do que
a motivação em aprender através de jogos. A ideia é utilizar elementos que normalmente
operam no universo dos games e aplicá-los fora do ambiente de jogos. Esse recurso torna o
ensino mais atrativo.
Um elemento muito evidente nos cursos disponíveis nos aplicativos é o ensino do
léxico. De acordo com Oliveira e Isquerdo (2001, p. 13), “a geração do léxico se processou e
se processa por meio de atos sucessivos de cognição da realidade e de categorização da
experiência, cristalizada em signos linguísticos: as palavras”. Assim, seja qual for o objetivo
do estudante em aprender outra língua, o léxico estará sempre determinando este aprendizado,
uma vez que “todos os aspectos, da fonologia à pragmática, decorrem naturalmente de
componentes que estão dentro das palavras” ( LEFFA, 2000, p. 40).
Nesse sentido pretende-se fazer a comparação da metodologia aplicada no ensino do
léxico de língua italiana, entre o livro Domani 1 (2010) que ainda é utilizado em vários cursos
presenciais e, o aplicativo MosaLingua® para telefone móvel, no que se refere ao nível A1 do
Quadro Comum Europeu de Referência (QCER).
1 O ensino de línguas ontem e hoje
O ensino vem passando por várias reformas, a começar das primeiras escolas fundadas
pelos jesuítas onde as línguas estavam divididas em clássicas, grego e latim, e modernas,
francês, alemão, inglês e italiano. Durante o período colonial, o grego e o latim eram as
disciplinas dominantes. O ensino de línguas estrangeiras no Brasil do século passado começou
a evoluir para dar ao ensino das línguas modernas um status semelhante ao das línguas
clássicas.
É importante considerar que em todos os documentos de reforma havia instruções
metodológicas específicas. Umas das instruções metodológicas era a utilização do material
didático, como referência no processo de ensino aprendizagem de línguas estrangeiras. Assim,
desde então, o livro didático tem sido a tipologia de material mais presente na sala de aula no
ensino de línguas.
Cunningsworth (1995, p. 7) defende que o livro didático tem “múltiplos papéis”:
Recurso para a apresentação de materiais (falado e escrito), fonte de
atividades para prática do aluno e interação comunicativa, fonte de referência
para os alunos sobre gramática, vocabulário, pronúncia, etc, programa de
ensino, recursos para uma aprendizagem autodirecionada ou trabalho de auto-
acesso e suporte para os professores menos experientes que ainda precisam
adquirir confiança.
Partindo dos papeis apresentados por Cunningsworth, não há dúvida que o livro
didático é tradicionalmente elaborado como guia de curso. Sempre utilizado como peça
fundamental no ensino de línguas estrangeiras desde o século passado.
Quanto aos métodos de ensino, nos dias de hoje contamos com a reforma da Lei de
Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 complementada com os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs). O Art. 3º, Inciso III da LDB, deixa bem claro que a ideia de um único método certo é
finalmente abandonada, já que o ensino será ministrado com base no princípio do “pluralismo
de ideias e de concepções pedagógicas”, dentro de uma grande flexibilidade curricular. Os
PCNs sugerem uma abordagem sociointeracional, com ênfase no desenvolvimento da leitura e
de acordo com condições de aprendizagem e necessidade do aluno.
Nos dias de hoje o livro didático não é mais o único recurso utilizado, pode ser
complementado ou adaptado, prática bastante comum entre os professores.
O momento atual é de um grande interesse na educação, de um modo geral, e
de uma revitalização do ensino de línguas, de modo particular, em que pese
alguns percalços, como as sugestões dos Parâmetros Nacionais. Há, a meu
ver, uma percepção geral de que a riqueza de um país não está apenas no seu
solo ou subsolo, nem mesmo nos seus recursos hídricos ou na sua
biodiversidade, mas no conhecimento e no domínio da tecnologia para saber
usar esses recursos. (LEFFA, 1999, p. 18).
Quando abordado o domínio de tecnologia no ensino e aprendizagem, percebemos uma
grande mudança ocorrendo atualmente no mundo das Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC). A língua é informação e estamos descobrindo agora, as portas de um novo
milênio. O conceito de Web evoluiu, de acordo com Gomes (2016), “passamos de
computadores conectados de uma web 1.0, predominante, não interativa, apenas de um
consumo de informações, para uma web 2.0 criada a partir de 2005, com ferramentas como,
blog, facebook, flickr, Twitter, entre outros”. São novas possibilidades de interação, que não
permitem somente o consumo de informação, mas também a produção de informação, de textos
com e sem imagens, material audiovisual, compartilhamento dos mesmos, além do acesso à
internet móvel em telefones celulares e computadores portáteis. Assim configuramos e
reconfiguramos a web.
Interessante como, com o passar do tempo, novos “caminhos” foram aparecendo em
relação ao ensino de línguas, e um deles está conectado a web 2.0 com o acesso a internet móvel
em telefones celulares. Neste caso, os aplicativos, que são Softwares desenvolvidos para
funcionar em dispositivos móveis usados para atender as necessidades específicas do usuário,
à vista disso, a necessidade de aprender um novo idioma.
2 O ensino e a tecnologia
Pensar em ensino no Brasil é pensar em encontrar o caminho certo, o caminho de
mudanças e o caminho da qualidade. Em se tratando de ensino e tecnologia a complexidade
aumenta, pois estamos falando de múltiplas ações que envolvem pessoas, conhecimentos
específicos, formações e práticas.
Inserir Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na escola, em sala de aula, não
é garantia de maior qualidade e modernização, essa incorporação exige enfrentarmos novas
situações, desafios e fazê-lo com criatividade. É importante abrir novas oportunidades de
associar o conteúdo, pois o aluno necessita de novas abordagens, que sejam capazes de prepará-
los para processar melhor o assunto exposto e adaptar-se à tecnologia no contexto educacional.
Sabemos que o aluno está integrado aos meios de comunicação, mesmo assim, há dificuldades
em despertar interesse da utilização desses meios para a aprendizagem.
A aplicação das TICs no ensino de línguas tem causado um impacto do ponto de vista
metodológico, novas abordagens, novas técnicas em sala de aula auxiliam com o conteúdo.
Com o aparecimento de redes sociais, aplicativos educacionais específicos para o ensino, que
redefinem a aprendizagem de diferentes maneiras, essa aplicação parece ter despertado no
aluno maior interesse em aprender, até mesmo de forma autônoma.
O uso dos dispositivos portáteis como celulares/smartphones e tablets, fez com que o
processo de ensino aprendizagem aconteça a qualquer hora e qualquer lugar. As possibilidades
introduzidas são inúmeras: aprende-se com mobilidade, interatividade, conectividade e
portabilidade. Por exemplo, é comum em sala de aula, os alunos estarem acompanhados do
aparelho celular. A qualquer eventual dúvida sobre o significado de palavras, confirmação de
fatos em sites de notícias, buscas nas redes sociais, é possível utilizar esta ferramenta para
esclarecimentos, seja com aplicativos ou uso da rede, pois se acredita em uma aprendizagem
sem fronteiras, com acesso livre à informação.
Para o professor são estratégias adicionais, facilitadoras do processo de aprendizagem
do aluno. Mas, para o estudante, que já está influenciado a trabalhar ativamente com as TICs,
faz-se necessário um acompanhamento desses novos usos, a fim de um desenvolvimento cada
vez mais motivado, autônomo e assumindo uma responsabilidade própria de aprendizagem.
3 O ensino do léxico nos suportes impresso e digital
Inicialmente, cabe explicar o conceito de léxico. De acordo com Biderman (1987, p.
81), “o léxico de uma língua natural constitui uma forma de registrar o conhecimento do
universo. Ao dar nomes aos objetos, o homem os classifica simultaneamente”, ou seja, o léxico
se relaciona com o processo de nomeação e com a cognição da realidade, esse processo gerou
o léxico geral de uma língua. Assim, a nomeação e a classificação dos seres e objetos vão se
desenvolvendo em um processo contínuo.
O léxico de uma língua também está organizado em campos lexicais, isto é, são
palavras que se relacionam entre si, pertencentes a uma mesma área de conhecimento ou
domínio, por exemplo, no campo lexical de “trânsito” encontramos palavras como “carros”,
“ônibus”, “motocicletas”, “semáforos”, “placas”, “ruas”, entre outros. Sabendo que a língua
está em constante evolução e o vocabulário exerce um papel fundamental na veiculação do
significado, que é afinal, o objeto de comunicação linguística, a informação veiculada pela
mensagem faz-se por meio do léxico. “No seu processo individual de cognição da realidade, o
falante incorpora o vocabulário nomeador das realidades cognoscentes juntamente com os
modelos formais que configuram o sistema lexical” (OLIVEIRA E ISQUERDO, 2001, p. 14).
Para compreender como se dá a aprendizagem do léxico em uma segunda língua,
consideramos as opções existentes hoje, ou seja, o ensino por meio dos suportes impresso e
digital.
O primeiro passo quando se começa a estudar uma língua estrangeira, seja pelo livro
didático ou aplicativos, é o conhecimento da palavra e seu significado, ora por meio de
equivalente na língua materna ou associação a imagens, entre outros. Portanto, no caso do livro
didático cabe ao professor e à instituição em que trabalha, se for o caso, a responsabilidade de
escolha de um manual apropriado. Cabe ressaltar que a avaliação do material didático deve ser
cuidadosa, com foco nos objetivos e nas necessidades dos alunos, além de identificar os pontos
fortes e fracos dos materiais quanto ao auxílio aos professores de língua estrangeira no
encaminhamento do ensino/aprendizagem.
Na escolha do material didático, itens como sua composição, sua organização,
gramática, seu léxico em unidades didáticas, precisam ser considerados. E no caso dos
aplicativos essa escolha é realizada pelo próprio aluno, afinal, sendo um complemento ou um
único material didático, é o caminho escolhido. De acordo com Leffa (2000, p.10):
“Aspectos externos e internos da aquisição lexical”, procura mostrar como os
estudos de aquisição do vocabulário partiram de uma ênfase externa, com
base na modificação do input impresso que é dado ao aluno, evoluindo, daí,
para uma ênfase interna, com base nos aspectos psicolingüísticos da
aprendizagem, envolvendo o processamento, e chegando finalmente à fusão
dos aspectos externos e internos, com o advento da informática. Não são mais
os professores ou autores de livros didáticos que controlam o material ao qual
o aluno é exposto, mas é o próprio aluno que assume o controle sobre o
material ao qual deseja se expor para desenvolver sua aprendizagem.
Pelo viés de quem aprende através destes meios, fatores importantes devem ser
considerados, por exemplo, como são apresentadas as palavras, os campos lexicais, os
significados, os vocabulários receptivo e produtivo, palavras fáceis e difíceis, entre outros.
Tendo em vista essa exposição sobre o léxico, o próximo item apresentado como o tema
é o trabalho em comparação da metodologia aplicada no ensino do léxico de língua italiana,
nos diferentes suportes como o livro didático Domani 1(2010) e aplicativo MosaLingua® para
telefone móvel, no que se refere ao nível A1 do Quadro Comum Europeu de Referência
(QCER).
3.1 Análise do livro didático Domani 1
Neste item, apresentaremos uma análise de como aparece o léxico nas unidades
didáticas do livro Domani 1, relacionados ao nível A1 do Quadro Comum Europeu (QCER).
Na capa do livro “Domani 1”, encontramos o nome dos autores o símbolo da editora, e
o símbolo que representa o nível A1. No verso da capa apresenta-se um mapa da Itália, com as
suas divisões, fornecendo uma localização geográfica. Fator que situa o aluno ao primeiro
contato visível com o País que fala a língua italiana oficialmente. O livro também vem
acompanhado de um CD com atividades e diálogos em áudio relacionados a seus exercícios,
sempre com falantes nativos.
Avançando um pouco mais encontramos o índice indicando 16 unidades, divididas em
seis módulos, com cinco áreas temáticas (geografia, arte, sociedade, história e língua), e cinco
tópicos que formam cada unidade (comunicação, gramatica, léxico, texto escrito e oral e
cultura). Além de exercícios extras ao final do livro correspondentes a cada unidade.
O livro está organizado em unidades didáticas com um tema, cada tema corresponde a
uma classificação de campos lexicais, por exemplo, na unidade 0, “come ti chiami?”, o campo
lexical neste caso será voltado às saudações, também na unidade 6, “di che colore è?”, onde o
campo lexical está voltado aos adjetivos de qualificações e às cores. Em vista disso,
encontramos os léxicos divididos por áreas temáticas, a área de geografia e arte apresentam 15
campos lexicais (saudações, gentilezas, estações e aeroporto, lugares/locais de cidade, tipos de
acomodações, tipos de serviços, nomes de nações, características de pessoas e objetos, cores,
meios de transporte, sinalizações de trânsito, transportes, atividades de lazer, datas, expressões
de tempo), a área de sociedade apresenta outros campos lexicais (profissões, gêneros
cinematográficos, dias da semana, alimentação: bebidas e comidas, ações cotidianas,
parentescos e objetos pessoais). As áreas história e língua não abordam campos lexicais
específicos. Essa organização da apresentação do léxico em todas as unidades é produzida
tentando seguir um modelo, preparado pelos autores do livro seguindo uma padronização em
relação ao Quadro Comune Europeo (QCER), referente ao nível A1, ou seja, correspondente
ao nível iniciante.
Na análise da apresentação do léxico nos exercícios, observamos que são realizadas
através de figuras, fotos e imagens coloridas, de forma individual e também de forma
contextualizada, por exemplo, com legenda ou sem legenda abaixo ou acima da imagem, com
texto tradicional, histórias em quadrinhos, conversações em áudio, glossários ou infográficos.
De acordo com (MEZZADRI, 2003) esses itens levam os alunos a memorizar melhor o léxico
de cada unidade, ainda com base em imagens e fotos apresentadas, o professor tem a
oportunidade de realizar explicações para que o aluno estabeleça as conexões necessárias com
o que observa da imagem, facilitando a compreensão da língua. Além de deixar a unidade
didática diversificada, para que o aluno não perca o interesse pela aprendizagem de uma
segunda língua.
As diversidades de exercícios na apresentação do léxico nas unidades não seguem um
determinado padrão, ou seja, cada unidade apresenta diferentes atividades, das mais simples às
mais complexas. Porém, apesar de os exercícios serem diferentes o léxico em muitas vezes é
apresentado de maneira a estar relacionado com uma imagem, foto ou figura. Quanto a isso, as
fotos/imagens nem sempre são claras e os desenhos muitas vezes se prestam a mais
informações, além disso, é muito fácil apresentar objetos concretos através de imagens, mas, é
difícil representar graficamente as ações (CORDA e MARELLO, 2004). Há um exemplo na
unidade 1, página 14, exercício 4a, onde solicita que combine/ligue a palavra a sua imagem,
porém na imagem da palavra “manifestazione”, somente aparecem muitas pessoas em pé, o
que poderia ser um show ou uma palestra, ou seja, a imagem não representa exatamente aquilo
que se deseja. Mesmo assim, o manual tenta atrair a atenção de seus alunos variando a
construção didática de cada unidade, pois, a facilidade de aprender também varia de aluno para
aluno, e a variação didática consequentemente aumenta a possibilidade de aprendizagem.
Importante citar também, que o livro apresenta em cada unidade didática a gramática
individualizada, e em contexto e combinação com o léxico aprendido, fator positivo que cativa
os alunos a introduzir de forma mais tranquila os conteúdos gramaticais.
Contudo, considerando que a aprendizagem de uma língua estrangeira é um processo
associativo e gradual, e que varia de aluno para aluno, o livro apresenta o ensino do léxico de
forma integrada, com as habilidades ouvir, falar, ler e escrever.
3.2 Análise do aplicativo MosaLínguaItalian®
A empresa criadora do aplicativo MosaLingua® (2016) conta com uma equipe
de nove desenvolvedores. Na página de apresentação é possível identificar que foi criado para
autoaprendizagem dos idiomas inglês, espanhol, francês e italiano por meio de um método
próprio chamado de Mosa Learning. Cada idioma escolhido conta com um falante nativo da
língua estrangeira estudada. Neste tópico abordaremos a análise do léxico no aplicativo móvel
MosaLingua®, de acordo com o nível A1 do Quadro Comum Europeu de Referência (QCER).
O aplicativo é gratuito e traz as seguintes funcionalidades: “criar um login”,
“acessar o conteúdo off-line”, “início”, “aprender”, “explorar” (categoria por campos lexicais:
social, transporte, alimentação, etc.), progresso (pontos, bônus, estatísticas) e mais (com as
opções: revisão, explorar, diálogos, progresso, mãos livres, configurações, contato e versão
Premium). O item “ajuda” explica pedagogicamente as atividades: “autoavaliação”,
“diálogos”, “vocabulário” e “seleção de flashcards”.
Nas primeiras páginas de abertura do aplicativo para aprender o italiano, um tutor
virtual se apresenta e informa em balões com texto escrito na interface desejada, neste caso o
português, que tipo de aprendizado o aplicativo promove. Após concordar com a ideia de
aprendizado através do aplicativo, o sistema pergunta ao usuário qual a finalidade de estudar o
italiano (viajar, conversar e socializar, trabalhar e fazer negócios, melhorar minhas notas ou
estudar fora, passar em um exame e outros).
Para estabelecer quais palavras devem entrar no conhecimento dos estudantes
estrangeiros se deve primeiramente saber qual o propósito de aprender
italiano. Um manual que visa, sobretudo os níveis de situações
comunicativas, apresentará uma determinada escolha lexical, que em grande
parte pode ser inútil aos estudantes com outros propósitos. (CORDA;
MARELLO, 2004, p. 30, tradução nossa).1
De acordo com os autores acima, o aplicativo está percorrendo o caminho certo, pois,
tem o propósito de primeiramente saber qual o objetivo do usuário em aprender italiano, para
então preparar o conteúdo lexical, neste caso os estudantes devem conhecer as palavras de uso
mais frequente naquela opção desejada.
MosaLingua® também apresenta a opção de quanto tempo irá estudar por dia a partir de
cinco minutos. Na sequência solicita que faça um teste de nivelamento ou escolha seu nível por
conta própria, os níveis são de zero a oito e diálogos. Interessante ressaltar que tanto no ensino
formal, como no autônomo o estudante deverá organizar-se com o tempo de estudo.
O aplicativo está organizado em níveis, divididos em lições correspondentes aos campos
lexicais selecionados a partir do objetivo do aluno em estudar, por exemplo, neste caso a opção
escolhida “outros” que envolvem todas as opções, apresenta os seguintes campos lexicais
(saudações, gentilezas, emergências, transporte, comidas e bebidas em restaurantes,
acomodações, compras, turismo, lazer, pessoas, telecomunicações, tempo e localizações),
todos correspondentes às solicitações do Quadro Comum Europeu (QCER) referente ao nível
A1.
Cada nível é composto por cinco etapas (selecionar flashcards, escutar e pronunciar,
memorizar, escrever e autoavaliar-se). Na análise das atividades por etapa, observamos que
todas as atividades proporcionadas são de forma progressiva, das mais simples às mais
complexas. Na primeira etapa acontece a seleção de conteúdo, na segunda há a apresentação
do léxico através de exercícios de áudio/escutar e pronunciar, sem a palavra e, com a palavra e
a tradução (após escutar o áudio do léxico o aluno grava sua reprodução). Na terceira os
exercícios de apresentação do léxico acontecem seguidos de imagens com legendas em italiano
e português (quando a palavra possui significados similares, aparecem em italiano as duas
formas, por exemplo, “il bagno” e “il gabinetto”, e abaixo em português a tradução “o
1 Per stabilire quale parola devono rientrare nelle conoscenze di uno studente straniero ci si deve innanzitutto
chiedere a qual scopo sta imparando l’italiano. Un manuale di lingua che mira soprattutto a metere l’allievo in
grado di far fronte a normali situazioni comunicativa presenterà una determinata scelta lessicale, che sarà in gran
parte inutili agli altro scopi.
banheiro”). Na quarta etapa surgem os exercícios de escrita das palavras em italiano, e por fim
na quinta há uma auto avaliação feita pelo próprio usuário. Ao seu término, o tutor virtual
aparece dando-lhe sugestões de estudo com o próprio aplicativo e incentivando-o a continuar.
Nas diferentes atividades proporcionadas por etapa pelo aplicativo, os primeiros
contatos com o léxico estão acompanhados pelos materiais auditivo e visual, o que facilita a
compreensão da palavra. Está é uma das variedades de apresentação do léxico que tornam as
atividades mais diversificadas, porém todos os níveis seguem o mesmo percurso, o que talvez
fique um pouco monótono. A contribuição para buscar uma atividade diferenciada, ou
aprimorar o conteúdo visto está na função “menu”. Em todas as funções o léxico aparece
contextualizado, em frases e textos. Ao escolher por exemplo, “diálogos”, aparecem quatro
diálogos liberados por unidade: ao selecionar este tema, o sistema lhe fornece as opções “áudio-
legendas em italiano”, “áudio-legendas em português”, ou “memorizar flashcards”. Nesta
última opção o aplicativo oferece o diálogo em italiano e com áudio.
De acordo com Corda e Marello (2004, p.15), a aprendizagem do novo léxico pode
ser pela associação semântica, pelas imagens com seus respectivos significados, por meio da
tradução da palavra estrangeira e, pelo uso do dicionário, mas é importante lembrar que a
contextualização das palavras garante uma melhor fixação do vocábulo.
Todos os exercícios apresentam as opções de “rever” que está em vermelho e
“próximo” em verde. Quando selecionado “rever”, o mesmo exercício é repetido, quando
selecionado “próximo”, apresenta-se uma nova palavra. Na tela de cada exercício, há também
uma expressão que faz referência ao campo lexical das palavras, se o usuário selecionar essa
expressão de referência, tem acesso a outras palavras deste mesmo campo lexical, já estudada,
e todas vêm acompanhadas do áudio na língua estrangeira. Desse modo são trabalhadas as
habilidades auditivas e visuais. Caso o usuário erre a atividade, o aplicativo mostra o que errou
e também a opção correta. O mesmo flashcard aparecerá até que consiga acertar. Na última
atividade “autoavaliar-se”, o usuário é quem avalia a própria dificuldade em memorizar a
palavra, com as opções “rever” (em vermelho), “difícil” (em alaranjado), “bom” (em amarelo)
“perfeito” (em verde). O sistema utiliza essa informação como base para sugerir a prática de
atividades com o intervalo programado de oito horas.
As formas de realização das atividades e o bônus recebido para acessar mais conteúdo
se caracteriza como gamificação, ou seja, busca a motivação e atrativos através da recompensa,
das cores e da ida para um nível acima.
O módulo se encerra com um texto (quantitativo) resumido das atividades realizadas
e sugestões para aprimorar o aprendizado (como aumentar a motivação e qual a importância
de revisar as expressões aprendidas, por exemplo). É possível repetir as atividades quantas
vezes achar necessário. Importante considerar que não há possibilidade de interagir com o tutor
eletrônico que apresenta as orientações do aplicativo, sua função está restrita a isso.
Enfim, apesar de todos os pontos positivos que o aplicativo apresenta como as
habilidades ouvir, ler, escrever e falar, relacionadas ao léxico, podemos citar um negativo em
sua formulação, como a gramática, em nenhum momento o aplicativo apresenta a gramática,
nem em anexos ou diálogos, nem separada de outras habilidades e nem contextualizada em
atividades, no nível analisado.
4 Considerações finais
Esta pesquisa inicial buscou discutir e propor reflexões sobre a apresentação do ensino
do léxico em diferentes materiais didáticos no ensino da língua italiana como língua
estrangeira. De acordo com a tabela de referência do nível A1 do Quadro Comum Europeu
(2002, p. 32), o estudante deve entender e usar as expressões familiares de uso diário, saber se
apresentar, fazer perguntas sobre informações pessoais e responder a perguntas semelhantes (o
lugar onde ele mora, as pessoas que ele conhece, as coisas que ele possui,), deve ser capaz de
interagir de forma simples, desde qua a pessoa de contato fale devagar e claramente.
Vimos em ambos os materias didáticos a procura em corresponder a estes requisitos
solicitados pelo QCER, com atividades diversificadas e uma bela apresentação do conteúdo
abordado. Observamos também o empenho dos autores dos materiais em uma públicação
atraente e moderna dos mesmos.
Verificamos na análise dos dois suportes, uma organização didática com uma sequência
progressiva do conteúdo, sempre partindo do mais simples ao mais complexo. Também a
apresentação do léxico de formas diferenciadas, porém no aplicativo esta apresentação ficou a
desejar no quesito de diversificar não apenas em uma unidade, mas em todas, pois o aplicativo
segue o mesmo percurso em todos os níveis. No entanto, o seu difrencial é a gamificação, ou
seja, mesmo que as atividades estejam seguindo uma mesma formulação, são realizadas através
de jogos. Diferentemente do livro didático que apresenta em cada unidade uma forma diferente,
mesmo que na maioria das vezes relacionadas com imagens, mas que não possuem relações
com materiais de gamificação. Além disso, o livro precisa sempre da mediação do professor,
para indicar as respostas corretas, enquanto a gamificação indica isso para o usuário.
O livro didático possui um repertório de 23 campos lexicais e, o aplicativo apenas 18,
ou seja, o livro apresenta cinco campos lexicais a mais. Mesmo assim, ambos apresentam oito
campos lexicais semelhantes nas unidades didáticas ou níveis de aprendizagem (saudações e
gentilezas, transportes, comidas e bebidas em restaurantes, localização, características de
pessoas e ojetos, atividades de lazer, expressões de tempo, pessoas/parentescos),
correspondentes às solicitações do Quadro Comum Europeu (QCER). Nesta perspectiva, o
livro oferece 15 campos lexicais diferentes do aplicativo. Diante disso, é interessante
mencionar que mesmo sem o livro solicitar ao aluno o que deseja aprender, ele oferece maiores
possibilidades em alcançar os requisitos necessários para as opções de aprendizado solicitadas
pelo aplicativo.
Partindo dos exercícos proporcionados por ambos os materiais, verificamos que o
precesso de aprendizagem do novo léxico acontece pela associação de imagens e figuras, pela
tradução da palavra estrangeira e pela associação auditiva e contextualizada. Neste último o
livro tem um destaque maior, pois essa contextualização aparece em todas as unidades, já no
aplicativo não está relacionada a nenhum exercício, caso o usuário não a busque em outras
funções, ela não aparece.
Notamos também, que apesar da diferença do ensino formal e autônomo, tanto o livro
como o aplicativo exigem um tempo hábil de dedicação do estudante para o aprendizado da
língua estrangeira. A vantagem do aplicativo é que o tempo dedicado ao estudo pode ser a
qualquer hora do dia, diferente do livro didático que sempre está ligado a uma rotina escolar.
Não podemos deixar de apontar que ambos os materiais apresentam áudio e ambos
os áudios são gravados por falantes nativos, o que familiariza o aluno com a forma, tons e
sotaques da língua estrangeira estudada. O aplicativo ganha uma vantagem nesta questão, pois
o mesmo solicita no exercício de áudio que o estudante grave sua pronuncia do léxico
aprendido. Isso lhe proporciona a percepção de seu progresso ao término dos níveis, pois pode
rever a gravação tanto no aplicativo, como em seu e-mail, pois o aplicativo também oferece
essa opção de envio ao email. Já o livro apresenta também atividades comunicativas, porém
uma maior quantidade de exercícios escritos.
Por fim, ressaltamos que a evolução tecnológica influencia a educação em seu processo
de ensino/aprendizagem. Nesta pesquisa percebemos a importância, qualidade e viabilidade do
uso de um novo método. Contudo, o livro ainda é muito útil. O aplicativo traz um novo modo
de aprender que leva o aluno à autonomia, também pelo recurso da gamificação, que já aponta
o seu grau de compreensão do conteúdo. Embora seja atrativo, ainda precisa ser melhorado. O
livro ainda é superior no aspecto de apresentar o maior número de campos lexicais e de forma
contextualizada.
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