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Universidade de Brasília FRANCISCA EDNÚSIA FONSECA CASTRO O ESPORTE ESCOLAR E SEUS BENEFÍCIOS NO SENTIDO DE RESGATAR A CIDADANIA Fortaleza 2007

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Universidade de Brasília 

 

 

 

 

FRANCISCA EDNÚSIA FONSECA CASTRO

O ESPORTE ESCOLAR E SEUS BENEFÍCIOS NO SENTIDO DE RESGATAR A CIDADANIA

Fortaleza 2007

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FRANCISCA EDNÚSIA FONSECA CASTRO

O ESPORTE ESCOLAR E SEUS BENEFÍCIOS NO SENTIDO

DE RESGATAR A CIDADANIA

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Prof. Ms. Antonio Carlos Lopes Pinto.

Fortaleza – Ceará 2007

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FICHA CATALOGRÁFICA

C355e Castro, Francisca Ednúsia Fonseca

O esporte escolar e seus benefícios no sentido de resgatar a cidadania: monografia/ Francisca Ednúsia Fonseca Castro. — Fortaleza, 2007.

45 f. : il.; 30 cm. Orientador: Prof. Ms. Antonio Carlos Lopes Pinto. Monografia (Especialização em Esporte Escolar) –

Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.

1. Esporte escolar. 2. Educação Física. 3.

Cidadania. I. PINTO, Antonio Carlos Lopes. II. Título. CDD: 613.707

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FRANCISCA EDNÚSIA FONSECA CASTRO

O ESPORTE ESCOLAR E SEUS BENEFÍCIOS NO SENTIDO DE RESGATAR A CIDADANIA

Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:

______________________________________

Presidente: Professor Ms. Antonio Carlos Lopes Pinto

Universidade Estadual do Ceará ______________________________________

Membro: Professora Doutora Ana Cristina de David

Universidade de Brasília

Fortaleza (CE), ____ de ___________ de 2007.

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A meu pai, José Carneiro de Castro (in memoriam).

A minha mãe (Geraldina), a quem devo muita fé e força para concretizar as diversas etapas da minha vida.

A meus filhos André e David, dois pontos de luz que iluminam minha mente sonhadora.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por haver guiado meus pensamentos em busca dos conhecimentos para concretizar este trabalho.

Ao Ministério do Esporte, o Centro de Ensino a Distância da Universidade de Brasília, por oferecer esta Capacitação Continuada em Esporte Escolar a qual fui agraciada por esta experiência tão gratificante.

À amiga professora de Educação Física Lília Braga Maia, doutoranda em atividade física e saúde pela Universidade do Porto – Faculdade de Ciência do Desporto e de Educação Física.

As minhas estimadas irmãs Maria Júlia, Denise, Núbia e Silvia Helena, pelas inúmeras demonstrações de amizade, pela grande sinceridade da ajuda, nos momentos mais difíceis.

A tia Lainha, pelo carinho no decorrer de minha vida.

A alguns amigos que me fazem mais feliz: Nerivaldo, Rosemir, Eugênia e Márcia.

Ao Professor Antonio Carlos o qual tive o privilégio de conhecer e admirar pelo seu saber e por sua dedicação. E, em especial, a Antonio Cassiano Rocha, homem forte e companheiro de todas as horas.

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“[...] Em relação a todos os atos de iniciativa, de criação existe uma verdade fundamental, cujo desconhecimento mata inúmeras idéias e planos esplêndidos, a de que no momento em que nos comprometemos definitivamente a Providência move-se também. Toda uma corrente de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a nosso favor toda sorte de incidentes e encontros e assistência material que nenhum homem sonharia que viesse em sua direção. O que quer que você possa fazer, ou sonhe que possa, faça-o. Coragem contém genialidade, poder e magia. Comece-o agora ”.

Göethe

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RESUMO

O presente trabalho tem como objeto de estudo a importância dos esportes e os seus benefícios. A revisão bibliográfica inicia-se com o conceito de esporte e sua classificação abordando um pouco da história da educação física. Em seguida discutimos o esporte nas aulas de educação física, o esporte escolar como prática transformadora de comportamento e o jogo, buscando um referencial teórico para melhor compreender o esporte e abordando o jogo como um recurso pedagógico no processo de ensino e aprendizagem do esporte. A pesquisa será uma monografia de caráter descritivo. A metodologia utilizada serão as observações de mudanças no comportamento, no que diz respeito à atitudes de cooperação, solidariedade, respeito e auto-estima. A amostra foi composta por 30 alunos, de um total de 200, com idade entre doze e quatorze anos, que participam das aulas de esporte do programa segundo tempo. Este estudo teve como resultados que o P.S.T proporcionou uma maior participação e integração nas atividades escolares, mostrando realmente a mudança do comportamento dos alunos através das aulas de esportes. Os fundamentos teóricos estão baseados na seleção de várias obras relacionados ao tema e no pensamento de autores como: Cagigal (1974), Tubino (2000), Santin (1996), Lovisolo (1996), dentre outros. Palavras-Chave: Esporte na Escola; Perspectiva no resgate da cidadania.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1 – Sentimento do aluno quando joga limpo sentir-se parte do time

antes e após a prática do PST. Fortaleza-CE, 2006.................... 32

Gráfico 2 – Esforço do aluno em manter a calma mesmo quando não está

jogando bem, antes e após à prática do PST. Fortaleza-CE, 2006..............................................................................................

33

Gráfico 3 – Sentimento do aluno ao ajudar os colegas que precisam de

apoio, antes e após o PST. Fortaleza-CE, 2006.......................... 34

Gráfico 4 – O esforço do aluno em jogar limpo e agradar o professor, antes

e após o PST. Fortaleza-CE, 2006............................................... 35

Gráfico 5 – Esforço do aluno em jogar limpo e demonstrar que é um

jogador responsável, antes e após o PST. Fortaleza-CE, 2006.. 36

Gráfico 6 – A tentativa do aluno de se comportar adequadamente durante

os jogos para causar uma sensação de bem-estar, antes e após o PST. Fortaleza-CE, 2006..................................................

37

Gráfico 7 – Sentimento do aluno em relação ao que ele deseja para o

futuro, antes e após a prática do PST. Fortaleza-CE, 2006......... 38

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SUMÁRIO  

RESUMO......................................................................................... 8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................ 9

1 INTRODUÇÃO................................................................................. 11

2 OBJETIVOS..................................................................................... 132.1 GERAL............................................................................................................. 132.2 ESPECÍFICOS................................................................................................. 13

3 REVISÃO DA LITERATURA........................................................... 143.1 O ESPORTE.................................................................................................... 143.1.1 Conceituação de esporte........................................................................... 143.2 EDUCAÇÃO FÍSICA: UM POUCO DE HISTÓRIA.......................................... 163.3 O ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA....................................... 223.4 O ESPORTE COMO AGENTE TRANSFORMAÇÃO DO COMPORTAMENTO 243.5 ASPECTOS TEÓRICOS DOS JOGOS PARA A EDUCAÇÃO........................ 253.6 ASPECTOS PEDAGÓGICOS DOS JOGOS ESPORTIVOS NO SISTEMA

EDUCACIONAL................................................................................................ 28

4 METODOLOGIA............................................................................... 31

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................... 325.1 BENEFÍCIOS DO ESPORTE ESCOLAR......................................................... 32

6 CONCLUSÃO................................................................................... 39

REFERÊNCIAS................................................................................ 41

APÊNDICE....................................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

O presente estudo consiste em refletir a importância do esporte escolar e

seus benefícios, pois o esporte possibilita ao aluno, além do conhecimento sobre

corpo e de técnicas de execução, a possibilidade de discussões importantes sobre

éticos, sociais e a vivência de socialização e formação de hábitos.

Considerando o esporte como uma atividade presente em diferentes

setores da sociedade e que pode atingir diversas porções desta como o comércio, a

família, o bairro, a escola, dentro outras, vamos restringir nosso campo de estudo e

discussão especificamente para o ambiente escolar, inserido num contexto global de

sociedade e não isolado das interferências que pode sofrer.

O esporte é muitas vezes confundido com a Educação Física, porém o

esporte pertence à Educação Física que é a disciplina aonde ele é tratado. No

campo da Educação Física Escolar o esporte tem sido ou foi o centro de debates por

muito tempo foi o conteúdo hegemônico das aulas; por se tornar a expressão

dominante da cultura corporal de movimento no mundo moderno; pela sua alegada

contribuição para a educação e a saúde que era uma das bases de legitimação da

área; porque a escola era vista como uma via de contribuição para o

desenvolvimento das “bases” e porque surgiram dúvidas quanto ao valor educativo

do esporte (BRACHT, 2000).

Justifica-se esta pesquisa por entender que crianças e jovens necessitam

conhecer os efeitos do acesso à prática desportiva de forma lúdica e prazerosa e

que a atividade física beneficia o ser humano na sua totalidade.

Este estudo terá como linha de ação a discussão em torno do esporte

escolar e a sua relevância numa perspectiva de resgatar a cidadania, na qual

entendemos significar participação. Nesse sentido a participação se dará através de

uma mudança de comportamento e o resgate dos valores afetivos e sociais.

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Dessa forma, os fundamentos teóricos estão buscados na relação de

várias obras relacionadas ao tema e no pensamento de autores como:

Cagigal(1974), Tubino(2000), Freire(1992), Kishimoto(1998), dentre outros.

O procedimento metodológico caracteriza-se por uma pesquisa descritiva

baseada em observações no comportamento dos alunos. Para tanto, o estudo

encontra-se dividido em três capítulos, onde o primeiro faz uma reflexão do esporte,

conceito e classificação. No segundo capítulo, abordamos o esporte nas aulas de

educação física e o esporte escolar como prática de transformação do

comportamento. Para finalizar, no terceiro capítulo, destacamos a importância dos

jogos esportivos para a educação, ressaltando os aspectos teóricos e pedagógicos.

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2 OBJETIVOS 2.1 GERAL

Refletir o esporte escolar e seus benefícios no contexto de resgatar a

cidadania aos praticantes de esportes.

2.2 ESPECÍFICOS

• Conhecer os benefícios do esporte através das avaliações nas atividades

físicas;

• Entender que o esporte é um agente transformador de comportamento;

• Compreender o que é cidadania dentro das atividades físicas desenvolvidas

pelo educando.

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3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 O ESPORTE

Atualmente, o esporte, vem adquirindo espaço e importância cada vez

maiores em nossa sociedade.

O esporte participa das nossas vidas possui espaço garantido em todos

os jornais, em horários nobres da TV, está presente nas atividades de lazer em

competições e nas aulas de Educação Física.

O esporte chega a ser um estilo de vida, afirma Cagigal (1974) é um dos

hábitos que caracteriza o nosso tempo, ou como cita Tubino (2001), o maior

fenômeno do século XX.

3.1.1 Conceituação de esporte

Defendo o esporte como uma estratégia de elevação pessoal que envolve

corpo e mente para a educação em sociedade.

Elaborar um conceito não é tarefa fácil, existindo diversas maneiras de

classificá-lo. Assim sendo, podemos expor aqui alguns conceitos de classificação

sobre o esporte na concepção de Tubino et al. (2000) e Tubino (2001), mediante três

aspectos de sua manifestação.

• O esporte-educação

Durante um longo período, o esporte-educação esteve associada ao

esporte institucionalizado, competitivo. O esporte entendido como componente da

educação escolar, deve atuar como meio auxiliar na formação cidadão do educando.

Tem por finalidade alcançar o desenvolvimento integral do individuo e a sua

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formação para a cidadania e a prática do lazer, evitando a exclusão e a hiper

competitividade.

Entender o esporte de forma a criticá-lo sob vários aspectos: drogas,

performance, corrupção, geração empregos e etc... É necessário formar um ser

humano integral, para a vida, desenvolvendo todas as suas potencialidades.

• O esporte participação

Abrange as modalidades esportivas com intuito de facilitar a integração,

dos praticantes, completando a vida em sociedade, com atenção à promoção da

saúde e da educação, além da consciência ambiental, sendo caracterizado pela

prática voluntária (BRASIL, 1998). Também conhecido como esporte-popular e/ou

esporte-lazer (TUBINO, 2002), o esporte participação possui muita relação com o

tempo livre e as atividades de lazer dos indivíduos, e desenvolve-se em ambientes

desvinculados das tarefas do dia-a-dia e sem compromisso com o tempo, tendo

como característica e objetivo maior a descontração, as relações interpessoais e a

diversão. Além disso, tem como maior função o oferecimento de “oportunidades de

liberdade e a cada praticante, a qual se inicia na própria participação voluntária”.

O esporte-participação, por partir da premissa de total interatividade dos

praticantes, permite uma atuação e/ou desenvolvimento com completa atenção

apenas na satisfação pessoal, sem preocupação com a performance, com o

resultado, com a consagração mundial.

• O esporte-performance

Esta dimensão do Esporte encontra-se, na sua concepção, no campo

completamente oposto ao esporte-educação e ao esporte-participação. É também a

mais clara, difundida e reconhecida dimensão do fenômeno esportivo. Participam do

esporte-performance, ou esporte-rendimento, somente os mais aptos, aqueles com

melhores resultados e/ou que apresentam maior potencial esportivo (sucesso). É

sobre esta manifestação esportiva que recaem as maiores criticas e o maior número

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de trabalhos científicos (que englobam o fenômeno esportivo, desde seu lastro

antropológico até seu aspecto físico). O esporte-rendimento representa para muitos

a decadência da sociedade, e para outros, a luta do homem em busca do melhor

que há no individuo, a superação dos próprios limites.

3.2 EDUCAÇÃO FÍSICA: UM POUCO DE HISTÓRIA

A exemplo do que ocorre com outros setores da vida nacional, a

educação tem sofrido influência de diferentes tendências pedagógicas, filosóficas,

científicas e políticas que marcaram cada época. Em se tratando do componente

curricular Educação Física, objeto de estudo deste documento, a história não foi

diferente, sendo, também, semelhante ao que acontece com os demais

componentes curriculares, no que se refere à constatação de que há uma grande

distância entre as concepções teóricas e a prática desenvolvida nas escolas.

A importação de modelos tem sido uma marca da história da educação

Física no Brasil. Nas décadas de 10 e 20, por exemplo, foram importados modelos

de práticas corporais dos sistemas ginásticos alemão e sueco e o método francês.

Ressalte-se que até a década de 50, a Educação Física sofreu influências da

filosofia positivista, da área médica (um exemplo é o higienismo), de interesses

militares (nacionalismo, instrução pré-militar), além do “escola-novismo”,

pensamento pedagógico da época, embora a co-educação (meninos e meninas na

mesma turma), uma vertente dessa tendência pedagógica, não tenha sido

incorporada.

Na década de 70, em plena vigência do governo militar, foi muito forte a

influência das questões relacionadas ao nacionalismo e à integração e segurança

nacionais. No tocante, especificamente, à Educação Física, o Decreto nº 69.450, de

1971, deu ênfase à aptidão física e à iniciação esportiva, a partir da 5ª série, como

forma de que fossem descobertos talentos para representarem a pátria em

competições internacionais. Fortalecia-se o desporto de elite, com a seleção de

indivíduos aptos para competir dentro e fora do país.

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Na década de 80, sem que os resultados esperados de tornar o Brasil

uma nação olímpica acontecessem, esse modelo é contestado e tem início uma

profunda crise de identidade nos pressupostos e na prática da Educação Física.

Passa-se a priorizar-se a Educação Física desde a pré-escola, objetivando-se o

desenvolvimento psicomotor do aluno e se propondo retirar da escola a promoção

dos esportes de alto rendimento.

Ampliam-se os debates com a criação dos primeiros cursos de Educação

Física e o retorno ao Brasil de professores que foram cursar doutorado fora do país.

Aumentando os números de congressos da área e a publicação de livros e revistas,

passando-se a realizar as discussões sob a ótica das teorias críticas da educação.

Assim, a partir do final da década de 70, se fortalece a oposição aos

modelos tecnicista, esportivista e biologicista, saindo-se para abordagens em que a

Educação Física se volte para o desenvolvimento integral do ser humano. Dentre as

de maior impacto estão:

Trazida por Lê Boulch, é a chamada psicomotricidade, cuja metodologia

de trabalho baseou-se em experiências com grupos de crianças de todas as idades,

com mais ou menos dificuldades de adaptação escolar e social (LAPIERRE;

AUCOUTURIER apud SOARES et al., 1992), foi difundida através de cursos de

aperfeiçoamento promovidos pelo Ministério da educação. Nesta o conteúdo era o

desenvolvimento das condutas motoras: lateralidade, coordenação, equilíbrio,

percepção sonora, tátil, visual.

Uma outra tendência que surge no final da década de 80 é a

Desenvolvimentista, preocupada em descrever os processos de desenvolvimento da

criança. Neste sentido, Tani et al. (1988) se interessam em fornecer a Educação

Física uma fundamentação teórico-cientifica capaz de orientar a escolha de

objetivos, tarefas de aprendizagem, ensino e avaliação. Estas contribuições à

fundamentação pedagógica da Educação Física são oriundas de estudos onde é

investigado a “seqüência normal do desenvolvimento” com os respectivos estágios e

características próprias de maturação fisiológica e motora, permitindo assim nas

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aulas de Educação Física, descobrir e atender as “necessidades reais” das crianças,

fazendo com que elas compreendam as mudanças de seu comportamento motor e

identifique, deste modo, suas necessidades. Assim, o objetivo central é o

desenvolvimento de habilidades motoras básicas, sendo proposto uma hierarquia

destas, onde as tarefas de aprendizagem mantêm correspondência com a

seqüência de desenvolvimento “natural” da criança, incluindo os aspectos fisiológico,

cognitivo e afetivo-social. Esses movimentos formariam a base para as habilidades

esportivas específicas.

Também nesta linha se identificam os conteúdos trabalhados por Freire

(1989), porém ele apresenta outra proposta, apoiando-se em Piaget, opta pela

noção de “esquema motor” ou “organizações de movimentos construídos pelo

sujeitos” na dependência tanto de recursos “biológicos e psicológicos de cada

pessoa” quanto de seu meio ambiente.

Freire (1989), referindo-se ao desenvolvimento infantil discorre sobre a

importância da compreensão de que o mundo da criança “é repleto de movimentos,

de jogos, da fantasia”, formando uma verdadeira “cultura infantil”, alegando que

incorporar estes elementos ao conteúdo da Educação Física garantiria a esta um

contexto de aprendizagem significativa.

Este autor propõe uma aplicação de princípios teórico-metodológico

piagetianos a partir da “cultura infantil” de jogos e brincadeiras, legitimando uma

“pedagogia do movimento da escola de primeira infância”. Segundo Oliveira (1984),

Freire aponta sua proposta numa concepção do meio no qual se processa o

desenvolvimento humano como “meio físico”; “não histórico”.

Nessa perspectiva, através da aplicação de princípios teórico-

metodológico piagetianos, de acordo com Freire (1989), assegura-se o

desenvolvimento de “outras aquisições mais elaboradas [...] aquisições não motoras,

como por exemplo, as intelectuais e as sociais”; porém neste sentido deixa-se a

desejar a questão da legitimidade da educação Física na escola, pois segundo

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Farinatti (1992) a “sua justificativa deve repousar sobre objetos concretos de ensino

que apenas ela pode trabalhar com o aluno”.

Nos últimos tempos apareceram outras propostas de tematização dos

conteúdos, entre elas a Concepção Aberta da Educação Física, defendida por

Hildebrandt (1986), onde o principal objetivo é a participação dos alunos no

planejamento, com a intenção de modificar a realidade social na qual ele está inserido,

a fim de que esta se transforme ao ponto de estar de acordo com suas necessidades e

interesses. Ao professor cabe o papel de conscientizar o aluno para que este possa

discutir, rever e modificar os valores e normas impostas pela classe dominante.

Nesta mesma direção aparecem os estudos do Grupo de Trabalho

Pedagógico UFPE-UFSM (1991), este trabalha a Educação Física aberta às

experiências dos alunos. Considera a aula de Educação Física um fato histórico-

social, acreditando ser possível veicular no processo de ensino “certas idéias sociais

de valores e normas”.

Estes autores acreditam que a meta da educação é que os alunos

adquiram “a capacidade de ação” para que tenham as habilidades para atuarem e

modificarem a sociedade. Isso seria possibilitado através da aprendizagem escolar

com a vida de movimento dos alunos, da consideração dos aspectos psicológicos,

da vivência do caráter lúdico nas atividades, da interligação entre “movimento,

percepção e realização” (GRUPO DE TRABALHO..., 1991) e da participação dos

alunos no processo de planejamento e construção da aula.

Nessas perspectivas os conteúdos deveriam estar relacionados com a

vida do dia-a-dia dos alunos, isto é, os alunos teriam espaço, durante as aulas, para

trabalhar as formas de jogos e movimentos familiares a eles no seu cotidiano.

Através desta tematização aumentariam as possibilidades de jogos e de movimento,

podendo-se transformar os espaços da prática deste, segundo a realidade, e

também elaborar, fabricar novos aparelhos e matérias em vista nessas atividades.

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Outro grupo de estudiosos preocupados com a realidade da Educação

Física é o Coletivo de Autores (1992), estes, inspirados no pensamento dialético a

partir do materialismo histórico, trabalham o que denominaram de pedagogia crítico-

superadora, com a intenção de construir a hegemonia popular, voltada aos

interesses das classes trabalhadoras. Defendem a visão de currículo, ampliando

onde se destaca a função social de cada uma das disciplinas do currículo. Propõe

que a área do conhecimento de que trata a Educação Física pode ser chamada de

cultura corporal, ou seja, diferentes formas de representação do mundo,

exteriorizadas pela expressão corporal, constituindo-se nos saberes produzidos

historicamente e que seriam da responsabilidade da Educação Física, e que a nível

escolar apresentam-se a partir de grandes temas: a dança, o jogo, o esporte e a

ginástica, entre outras.

A Educação Física é a disciplina do currículo que tratará temas da cultura

corporal, cujo objeto de estudo é a expressão corporal como linguagem, em

contrapartida a propostas que têm na aptidão física o seu objeto de estudo, que

espelham e servem a estrutura social capitalista.

Os conteúdos da cultura corporal devem estar relacionados com a

realidade social, tendo o professor o papel de orientar para uma nova leitura da

realidade, onde o aluno, de forma crítica, pode constatar, interpretar, compreender e

explicar a mesma.

Destacarmos o pensamento de Soares et al. (1992), quando dizem que

se intenciona buscar a “apreensão crítica da expressão corporal enquanto

linguagem através do trato do conhecimento sobre estes grandes temas”.

Nesse enfoque é defendida a integração de conhecimentos desde as

ciências biológicas, até aqueles próprios das ciências sociais, passando pelas

questões culturais, buscando evidenciar não somente o caráter prático, mas

justamente com este, o caráter histórico e social. Desse modo torna-se

imprescindível analisar a origem do conteúdo, o porquê da necessidade de seu

conhecimento, tendo sempre presente a realidade material da escola.

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Kunz (1994) é um autor que se referencia na teoria crítica propondo uma

educação crítico-emancipatória, no sentido de proporcionar o desenvolvimento da

razão crítica e assim libertar os alunos das suas limitações no agir social, cultural e

esportivo, por meio de um ensino dialógico-problematizador.

Ele trabalha a questão do conteúdo “esporte”, sugerindo uma

transformação didático-pedagógica, propondo uma visão alternativa às experiências

ligadas ao mundo do esporte de rendimento, onde para isso, entre outras coisas,

conforme Brodtman e Trebels (apud KUNZ, 1994), deveria ter-se a capacidade de

colocar-se no lugar dos outros praticantes do esporte, e também ser capaz de

enxergar o contexto sócio-cultural do mundo esportivo, conseguindo questionar o

real sentido do esporte e assim avaliá-lo criticamente.

Para haver esta possibilidade seria necessário a inclusão de conteúdo

teórico-práticos no sentido dos esportes, desenvolvidos através das categorias de

trabalho (treinamento das habilidades técnicas), da interação (social) e da

linguagem.

A emancipação seria conquistada baseada no desenvolvimento de um

saber crítico, originado no mundo vivido dos alunos, e passando também por um

saber elaborado pelo “processo interativo e comunicativo num contexto livre de

coerção” (KUNZ, 1994).

Este autor expressa uma abordagem dialógica de movimento humano, o

qual é percebido como uma das possibilidades para questionar o mundo e

responder a ele através do “se – movimentar”, já que este é fundado na

intencionalidade. Esse mundo de movimentos seria construído a partir do sentido e

significações atribuídas pelas pessoas conforme o seu contexto de vida. Nega-se,

assim, a mera preocupação com os procedimentos de ensino ou aquisição de

conhecimento desvinculado das intenções, ou do objetivo onde se queira chegar, e

afirma-se a importância de transcender esses objetivos e perceber o modo como se

dão as relações sociais e humanas na construção do mundo.

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3.3 O ESPORTE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

O esporte educacional ocorre no interior da escola e não fora dela.

Sabemos das dificuldades dos profissionais de Educação Física na organização de

horários, quadras e turmas para a prática esportiva e isso reforça o argumento de

que a escola deve ser um espaço privilegiado de atração e ocupação do esporte

escolar, pois as nossas crianças permanecem durante parte do seu dia, nas suas

horas de maior apreensão e em seus melhores anos de vida dentro da escola. Com

isso as realizações de atividades prazerosas vão solidificar suas estruturas.

O esporte prevalece como principal conteúdo da educação física escolar.

O esporte participa da vida das pessoas, está nas atividades de lazer, nas

competições e nas aulas de Educação Física.

Sabendo que o esporte faz parte do nosso contexto social e, por saber

contribuir para o desenvolvimento do ser humano, devemos refletir sobre como

poderemos trabalhar o esporte na escola, qual a sua contribuição, o que poderemos

oferecer para educação dos nossos alunos.

Quando Santin (1996) diz que “é a educação que deve definir o esporte e

não o esporte ser o elemento principal da educacional idade, caso queiramos que a

força pedagógica esteja na ação educativa e não na pratica esportiva”.

E como devemos ensinar as regras? As regras podem ser modificadas,

mas não podemos deixar de ensinar o gesto esportivo correto, pois o aluno deverá

ser capaz de praticar qualquer modalidade esportiva. Nós, professores de Educação

Física, temos que deixar claro que o objetivo das aulas não é o treinamento e sim

um local de aprendizado, de aulas prazerosas, um espaço de solidariedade, em

busca de uma vida melhor.

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23

O que poderemos fazer para intervir nos momentos de confusão, quando

ocorrem brigas? Não devemos concordar e sim conscientizar os alunos a evitar

faltas, pois elas não devem ser usadas em benefício do resultado final.

Então, Lovisolo (1996), nos diz que deveríamos resgatar o velho valor

esportivo do fair-play, em que os jogadores mesmo na busca da vitória não podem

esquecer as regras e as atitudes de respeito físico e psicológico entre os jogadores,

tendo sempre em vista o prazer de jogar. Nessas situações, fazer tomada de

consciência, até que ponto, uma infração poderá ser feita, sendo que ela poderá por

em risco a integridade física do nosso colega. Devemos trabalhar nas aulas de

Educação Física o ganhar e o perder.

Segundo Cagigal (1981), uma coisa é a busca da vitória inerente a toda

competição, outra é ter que ganhar acima de tudo. Menosprezar os perdedores não

é uma atitude digna a ser feita. Podemos então, trabalhar a sensibilidade dos nossos

alunos, que conforme Santin (1996), o jogador sensível é capaz de perceber que a

sua festa de vitória tem o custo da humilhação, pela derrota do outro.

Conseguir despertar esta sensibilidade não é tarefa muito fácil, pois cada

vez mais a nossa sociedade competitiva e individualista, reprime nossos

sentimentos. Aceitar a atividade esportiva como lúdica deve ser bastante

incentivadora.

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24

3.4 O ESPORTE COMO AGENTE TRANSFORMAÇÃO DO COMPORTAMENTO

• A postura do profissional de Educação Física

O professor deve elaborar seu trabalho compreendendo melhor o que

ensinar e como ensinar. É certo que, por trás da prática do professor de Educação

Física, está a sua concepção de ser humano e de educação que influenciará na

forma de ensinar o esporte.

O esporte, pela sua dinâmica de jogo, pelas situações que se apresentam

no seu decorrer, como a vitória, a derrota, a infração, oferece ao professor de

Educação Física elementos para trabalhar questões educacionais que extrapolam o

aprendizado do esporte em si. Exemplificamos algumas situações para clarear essa

afirmação. Quando as regras do jogo são estabelecidas, elas devem ser respeitadas

para que o jogo ocorra e haja um entendimento entre os alunos. Muitas vezes, no

entusiasmo e na vontade de vencer, alguns alunos poderão tentar ocultar

determinada conduta incorreta que cometeram. Mas, é papel do professor de

Educação Física, fazer tomada de consciência sobre o ocorrido com a turma. Essa

tomada de consciência, não deve ridicularizar o aluno perante os outros, mas sim,

mostrar o quanto se faz necessário o respeito com os colegas e que isso irá

influenciar no futuro cidadão que pretendemos formar.

Recorro a Hellison (1985), que atribui ao esporte a função de

transformação de conduta de alunos através das aulas de Educação Física e a

Verenguer (1989), que atribui a esse fenômeno uma função formadora de opinião e

reestruturada de costumes e valores.

Existe uma preocupação na prática docente da disciplina Educação Física

que é a de socializar meninos e meninas. Sempre surgirá a discussão e objeção dos

meninos a brincar com as meninas, ou deixar que elas joguem. E para trabalhar

essa questão do desrespeito ao sexo feminino, ninguém melhor do que o

profissional de Educação Física.

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25

O planejamento deverá ser coerente com a prática pedagógica. Não

deverá ser feito fora da realidade do aluno, ficando assim somente no papel.

3.5 ASPECTOS TEÓRICOS DOS JOGOS PARA A EDUCAÇÃO

As teorias sobre o jogo são muito variadas; existem umas que se

propõem a determinar as motivações biológicas do jogo; outras que se referem a

suas motivações sócio-culturais, que tratam de estabelecer as conexões do jogo

com as atividades superiores da arte, com a ciência e a ética. Teorias que se

concentram no aspecto fenomenológico de adaptação aos estímulos externos;

outras destacam o significado profundo de expressão simbólica.

De acordo com Kishimoto (1998), o jogo é fenômeno geral da existência;

tanto os homens como os animais jogam; adultos e crianças também jogam. No

adulto, o jogo geralmente perde suas características originais de atividades

relativamente livre de objetivos concretos, tendendo facilmente a uma atividade

competitiva.

Mas o que é o jogo? É uma atividade difícil de se definir. Segundo uma

primeira interpretação; é uma atividade que tem um fim em si mesmo, uma finalidade

sem fim, que é agradável por si mesma, que se furta às categorias temporais tal se

opõe à atividade de trabalho. Entretanto, a distinção entre o jogo e trabalho pode ser

menos rígida; o jogo também tem sua finalidade, embora mais inconsciente e menos

objetiva.

O que caracteriza a atividade lúdica no jogo é a sua plasticidade,

adaptabilidade e liberdade como acontece na fantasia, com a qual está

estreitamente ligada. No que, segundo Spencer (apud KISHIMOTO, 1999), o jogo é

puramente biológico, é essencialmente uma manifestação de energia excedente da

energia que ultrapassa a necessária para as necessidades vitais, ou ainda, são

formas de exercício de expressão e expansão da personalidade, formas de

antecipar e superar o real.

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26

A psicologia dinâmica contemporânea muito contribuiu para o estudo das

relações entre a atividade inconsciente e a função imaginativa e a interpretação

funcional do fenômeno. Considera-a como uma espécie de regressão infantil do

pensamento, que prescinde das estruturas causais e temporais, sem continuidade e

critica e determinada pela emotividade, como ocorre tipicamente na criança.

Entretanto, antes de se abordar o fenômeno do jogo propriamente dito, é importante

passar em revista as grandes teorias. Estas são, com efeito, representativas dos

pontos de vista sucessivos adotados pelos filósofos e psicólogos infantis.

Teoria do excesso de energia, segundo Kishimoto (2002), desde a

metade do século XIX, Schaller e Lazarus viam no jogo uma simples recuperação

após o trabalho. Spencer considera, um pouco mais tarde, que as crianças brincam

para gastar seu excesso de energia. Essa idéia é essencialmente evolucionista na

medida em que postula que os seres vivos superiores têm mais energia disponível,

pois fazem menos esforços para sobreviver.

Teoria recapitulativa, para Kishimoto (2002) se deve essencialmente a

Hall. A criança reviveria, ao longo de seu desenvolvimento, a história da espécie a

que pertence. A ontogênese seria o resumo da filogênese. Os defensores dessa

teoria afirmaram que certos tipos de jogo seguem a evolução da espécie. Essa teoria

foi certamente abalada ao se colocar em dúvida a hereditariedade dos caracteres

adquiridos. Ela está, portanto, ultrapassada, mas ainda é estimulante.

Teoria da utilização das competências: Kishimoto (2002), essa teoria

pertence basicamente a K. Groos que se apóia na teoria da seleção natural,

segundo a qual os seres que sobrevivem são os melhores adaptados e, portanto, os

que melhor aperfeiçoaram suas funções.

O jogo é visto, nesse caso, como um exercício que aperfeiçoa as

competências necessárias para sobreviver até a idade adulta. Essa teoria pode ser

comparada ao fenômeno de antecipação funcional de que fala Wallon. Em sua

opinião, os jogos poderiam ser a prefiguração e a aprendizagem das atividades que

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27

se imporão mais tarde. A criança utiliza suas funções e se antecipa ao futuro dessas

funções.

O jogo como atitude para J. Sully e K. Groos (apud KISHIMOTO, 2002),

dizem que toda função pode ser objeto de jogo. “[...] O que se observa, sobretudo é

uma disposição para jogar, uma atitude jovial que tem no riso um elemento central”.

O jogo é visto essencialmente como uma atitude. Pode-se ressaltar duas características inerentes ao jogo: a escolha possível das atividades: essa perspectiva é extremamente rica, pois permite ampliar o termo “jogo” que poderia torna-se um qualificativo. O jogo seria visto, então, como um certo modo de manejar, utilizar, experimentar as funções habituais (KISHIMOTO, 2002).

A visão da referida autora se distancia das teorias mencionadas acima,

pois define o jogo como uma certa amostragem do comportamento. É a partir daí

que é possível falar da psicologia do jogo. Pode-se tentar descobrir todas as

significações possíveis (funcionais e mais profundas) do jogo e também seu valor de

aplicação. Os estudos que tentam fazer um inventário das condutas lúdicas dos

jogos são os mais numerosos. Cada autor tentou estabelecer por sua própria conta e

por conta de sua teoria pessoal, a classificação que ele estabeleceu. As

classificações foram feitas em função de duas linhas diretrizes principais: em função

dos tipos de jogos: em função das etapas de desenvolvimento.

Para Kishimoto (2002), o interesse do jogo para a psicanálise é seu valor

de intervenção terapêutica. Inicialmente, o jogo era utilizado apenas para facilitar

certas aprendizagens, observar uma criança e brincar com ela reforçando seu

aprendizado. Pouco a pouco, o jogo se revelou como um “instrumento” terapêutico

importante. A esse respeito Melanie Klein e Anna Freud foram as responsáveis por

essa transformação e tornaram-se especialista no assunto.

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28

3.6 ASPECTOS PEDAGÓGICOS DOS JOGOS ESPORTIVOS NO SISTEMA

EDUCACIONAL

É possível compreender o jogo na educação infantil a partir de teorias

pedagógicas que lhe dão suporte. Segundo Freire (1992), os jogos esportivos

constituem-se num dos principais conteúdos da disciplina em Educação Física,

servindo tanto para o ensino escolar quanto ao ensino dos esportes. De modo, geral,

pode-se chamar de conteúdos da educação física o jogo e o exercício corporal.

No exercício corporal os movimentos estão relacionados ao esporte.

Segundo Freire (1992), os movimentos fundamentais vão servir de base para as

combinações em habilidades esportivas. As habilidades são progressivamente

refinadas, combinadas e elaboradas. Observam-se atividades motoras mais

complexas e com objetivos específicos, como a cortada no voleibol, o chute no

futebol, o arremesso à cesta e a bandeja no basquetebol. Esta etapa está dividida

nos seguintes estágios:

- Estágio Geral ou Transitório (7 aos 10 anos): começa a combinar e aplicar

habilidades motoras fundamentais para a performance de habilidades

relacionadas ao esporte;

- Estágio de Habilidades Motoras Específicas (11 aos 13 anos): o indivíduo

é capaz de realizar habilidades mais complexas. Há um interesse por

jogos mais difíceis;

- Estágio das Habilidades Motoras mais Especializadas (14 anos...): a

especialização representa o ápice do processo de desenvolvimento e é

caracterizado pelo desejo do indivíduo, de participar de um número

limitado de atividades motoras, em determinado período.

Para Rodrigues (1992), o crescimento da criança exige um grande

consumo de energia, portanto, não é possível mantê-la calma e quieta quando ela

mais precisa de movimento.

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29

Para Curtis (1988), no desenvolvimento infantil as habilidades básicas são

atividades caracterizadas por uma meta geral e que servem de base para a

aquisição de habilidades mais específicas. São elas: locomoção, manipulação e

equilíbrio.

- Locomoção: É o que permite à criança, a exploração do espaço. São

incluídos aqui, o andar, saltar e correr, que são considerados básicos

para a criança. Mas há ainda, nesta categoria, trepar, rolar, galopar e

saltar;

- Manipulação: envolve o relacionamento do indivíduo com um objeto, que

pode aproximar-se do corpo da pessoa, e que tem o propósito de

interromper ou mudar a sua trajetória; ou pode o objeto afastar-se do

corpo da pessoa, propulsionado por ela, utilizando-se das mãos e

braços, ou pés. Nesta categoria se enquadram os movimentos de

arremessar, receber, rebater, no qual se utiliza um objeto;

- Equilíbrio: Permite à criança uma postura no espaço e em relação à força

da gravidade. Encontramos aí, padrões básicos, estar em pé e estar

sentado, movimentos axiais do corpo todo e/ou de um segmento do

corpo, como girar os braços, girar o tronco. Além disso, tem-se ainda os

movimentos em posição invertida, como parada de mão, rolamentos,

equilíbrio num só pé e caminhar sobre uma superfície de pequena

amplitude.

A partir do exposto, concluímos que no processo de aprendizagem da

criança com necessidades especiais, o desenvolvimento motor da criança se

caracteriza basicamente pela aquisição, estabilização e diversificação das

habilidades básicas. Os educadores têm necessidade de conhecer todos os

aspectos do desenvolvimento da criança para o emprego de um trabalho global,

dinâmico, bastante flexível e, sobretudo, recreativo, para atender às suas reais

necessidades, determinadas pelo nível de maturação.

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30

Nesse entender, os jogos esportivos como o futebol, o voleibol, a natação

dentre outros, são de grande influência no desenvolvimento psicomotor das

crianças, constituído-se modelos educativos e funcionais. É através da atividade

física, orientada e compatível com a necessidade de sua etapa de desenvolvimento,

que a criança encontrará prazer nas atividades, suprindo até mesmo, carências e

descompensações advindas do meio familiar.

Toma-se assim, a atividade física, através dos jogos esportivos uma arte,

a partir do momento que novas oportunidades surgem, e novas descobertas são

comprovadas pela criança.

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31

4 METODOLOGIA Este estudo foi uma monografia de caráter descritivo observacional. A

metodologia utilizada foi a observação no comportamento dos alunos que

participaram das aulas Esporte Programa Segundo Tempo, na EMEIF José Ramos

Torres de Melo.

Optou-se por desenvolver um estudo comparativo descritivo longitudinal

para que fosse possível descobrir como as aulas de esporte influenciarão no

comportamento para o exercício da cidadania.

Este estudo realizou-se no ano de 2006, no período extra-classe, durante

as aulas de Esporte do PST, de 2ª a sábado, abrangendo as seguintes modalidades

esportivas: vôlei, handebol, futsal e atividades recreativas.

A população objeto do estudo foi composta dos alunos que se

inscreveram espontaneamente no PST, perfazendo um total de 200 alunos.

Foram sorteados aleatoriamente 30 alunos dos 200 inscritos, na faixa

etária de 12 a 14 anos. A amostra corresponde a 15% do total.

Com a coleta de dados obteve-se, também vários resultados que foram

analisados antes e após a prática do Programa Segundo Tempo descritos,

mostrados separadamente por meio de gráficos, sendo ainda os dados coletados

inseridos e tabulados, utilizando para o programa Microsoft Office Excel 2003.

Ressaltamos que, em cada gráfico, os dados foram mostrados por percentuais

estatísticos.

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32

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 BENEFÍCIOS DO ESPORTE ESCOLAR

Analisando a pergunta, quando sobre o aluno ao jogar limpo, ele se

sentirá parte do time, antes e após o PST verificou-se antes: 1 (3%) nada; 10 (33%)

muito pouco; 10 (33%) mais ou menos, 7 (23%) bastante; 2 (7%) extremamente.

Após a prática do PST: nenhum marcou a opção nada; 1 (3%) muito pouco; 1 (3%)

mais ou menos; 20 (67%) bastante e 8 (27%) extremamente.

 

Gráfico 1 – Sentimento do aluno quando joga limpo sentir-se parte do time antes e

após a prática do PST. Fortaleza-CE, 2006 

3% 

33%  33%23%

7% 0% 3% 3%

67%

27% 

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 

100% 

antesdepois

nada  extremamente muito pouco mais ou bastantemenos

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33

Ao se estudar sobre o esforço para manter a calma, mesmo quando não

estou jogando bem antes e após o PST, verificou-se: 10 (33%) nada; 4 (13%) muito

pouco; 8 (27%) mais ou menos, 6 (20%) bastante; 2 (7%) extremamente. Após a

prática do PST: 14 (47%) nada; 10(33%) muito pouco; 3 (10%) mais ou menos; 1

(3%) bastante e 2 (7%) extremamente.

Gráfico 3 - Esforço do aluno em manter a calma mesmo quando não está jogando bem, antes e após à prática do PST

33%

13%27%

20%7%

47%33%

10%3% 7%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

nada muito pouco mais oumenos

bastante extremamente

antes

depois

Gráfico 2 – Esforço do aluno em manter a calma mesmo quando não está jogando

bem, antes e após à prática do PST. Fortaleza-CE, 2006 

A difícil tarefa dessa pergunta é avaliar o comportamento dos alunos em

uma situação de jogo onde são vários os aspectos que influenciam o

comportamento dos alunos. Como manter a calma não é algo tão comum em nossos

alunos, é provável que somente com mais tempo de execução do PST é que

mudanças mais profundas de comportamento sejam construídas.

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34

Ao se estudar a preocupação de ajudar os colegas que precisam de

apoio, antes e após o PST, verificou-se: 3 (10%) nada; 10 (33%) muito pouco; 9

(30%) mais ou menos, 8 (27%) bastante; nenhum extremamente. Após a prática do

PST: nenhum respondeu nada; 1 (3%) muito pouco; 4 (13%) mais ou menos; 16

(53%) bastante e 9 (30%) extremamente.

am de apoio, antes

e após o PST. Fortaleza-CE, 2006

Gráfico 4 - Sentimento do aluno ao ajudar os colegas que precisam de apoio, antes e após o PST

10%

33% 30% 27%

0%0% 3%13%

53%

30%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

nada muito pouco mais ou menos bastante extremamente

antes

depois

Gráfico 3 – Sentimento do aluno ao ajudar os colegas que precis

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35

Ao se estudar sobre quando o aluno esforça-se para jogar limpo e

agradar o professor e os colegas antes e após, verificou-se antes: nenhum aluno

marcou a opção nada; 4 (13%) muito pouco; 13 (43%) mais ou menos, 12 (40%)

bastante; 1 (3%) extremamente. Após a prática do PST: nenhum aluno marcou as

opções nada, muito pouco e mais ou menos; 21 (70%) bastante e 9 (30%)

extremamente.

Gráfico 4 – O esforço do aluno em jogar limpo e agradar o professor, antes e após o

PST. Fortaleza-CE, 2006

Gráfico 5 - O esforço do aluno em jogar limpo e agradar o professor, antes e após o PST

0%

13%

43% 40%

3%0% 0% 0%

70%

30%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

nada muito pouco mais ou menos bastante extremamente

antes

depois

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36

Verificando-se a pergunta quando o aluno joga limpo e demonstra ser um

jogador responsável, verifica-se que antes da prática: nenhum aluno escolheu a

opção nada; 9 (30%) muito pouco; 14 (47%) mais ou menos, 5 (17%) bastante; 2

(7%) extremamente. Após a prática do PST: nenhum respondeu nada e muito

pouco; 9 (30%) mais ou menos; 16 (53%) bastante e 5 (17%) extremamente.

Gráfico 6 – Esforço do aluno em jogar limpo e demonstrar que é um jogador responsável, antes e após o PST

0%

30%

47%

17%7%

0% 0%

30%

53%

17%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

nada muito pouco mais oumenos

bastante extremamente

antes

depois

Gráfico 5 – Esforço do aluno em jogar limpo e demonstrar que é um jogador

responsável, antes e após o PST. Fortaleza-CE, 2006

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37

Ao se estudar a pergunta sobre comportamento adequado do aluno

durante o jogo, faz com que ele se sinta bem, verificou-se antes e após: 10 (33%)

nada; 4 (13%) muito pouco; 8 (27%) mais ou menos, 6 (20%) bastante; 2 (7%)

extremamente. Após a prática do PST: 14 (47%) nada; 10(33%) muito pouco; 3

(10%) mais ou menos; 1 (3%) bastante e 2 (7%) extremamente.

Gráfico 7 – A tentativa do aluno de se comportar adequadamente durante os jogos para causar uma sensação de bem estar, antes e

após o PST

33%

13%27%

20%7%

47%33%

10%3% 7%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

nada muito pouco mais ou menos bastante extremamente

antes

depois

o PST. Fortaleza-CE, 2006

A análise a ser feita nessa pergunta é similar à que foi feita no gráfico 3. A

ituação de jogo é mais complexa do que a um estado “normal” e por mais que

o dos alunos, no primeiro momento,

devemos ficar contentes com as melhoras positivas e, até certo ponto, aceitar que

spectos negativos também apareçam nos momentos de jogo.

Percebe-se que em muitos aspectos, a fase inicial do projeto melhorou o

comportamento dos alunos em diversos aspectos e que, em outros, somente a sua

detecção e continuação do projeto é que poderão permitir a sua mudança.

Gráfico 6 – A tentativa do aluno de se comportar adequadamente durante os jogos

para causar uma sensação de bem-estar, antes e após

s

esteja-se buscando um bom comportament

a

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38

Ao se estudar sobre comportamento dos alunos nos jogos, ter uma

relação com o que ele deseja para o futuro, antes a após o programa, verifica-se

antes da prática do PST: 3 (10%) nada; 10 (33%) muito pouco; 9 (30%) mais ou

menos, 8 (27%) bastante; nenhum extremamente. Após a prática do PST: nenhum

respondeu nada; 1 (3%) muito pouco; 4 (13%) mais ou menos; 16 (53%) bastante e

9 (30%) extremamente.

. Fortaleza-CE, 2006

Gráfico 8 – Sentimento do aluno em relação ao que ele deseja para o futuro, antes e após a prática do PST

10%

33% 30% 27%

0%0% 3%13%

53%

30%

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

nada muito pouco mais oumenos

bastante extremamente

antes

depois

Gráfico 7 – Sentimento do aluno em relação ao que ele deseja para o futuro, antes e

após a prática do PST

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39

6 CONC

Acredita-se, assim, que este ser que constrói, que aprende, conhece,

realiza seu próprio desenvolvimento.

Nesse exposto, a importância de atividades esportivas na formação de

crianças e jovens são fundamentais para o seu desenvolvimento. Considerando a

escola um meio social de inter-relações, ambiente no qual a criança permanece

durante parte do seu dia, nas suas horas de maior apreensão em seus melhores

anos de vida, a realização de atividades prazerosas vai solidificar suas estruturas.

A cooperação que é relacionada com a solidariedade e organização

consegue estabelecer relações humanas, saudáveis ao crescimento e

esenvolvimento da criança. O jogo desenvolve um espírito construtivo entre as

Temos, portanto, como reflexão central que os jogos não são apenas

portantes no processo educacional, mas sim centrais para um processo

mbasado na cooperação entre cidadãos.

Após a analise e discussão dos resultados pode-se concluir deste

abalho que o programa Segundo Tempo, provocou mudanças significativas e

ositivas, em relação as habilidades sociais , da socialização, auto estima,respeito,

solidariedade, valorização social, responsabilidade e cidadania.

Observando os dados, obteve-se que a prática do esporte, contribuiu para

a aproximação dos praticantes, ou seja, beneficiou a socialização entre os alunos,

aquisição de novas amizades.

LUSÃO

O verdadeiro sentido da educação é o de contribuir para o

desenvolvimento do ser humano, a fim de que esta realize todas as suas

potencialidades.

d

pessoas e desperta a sua imaginação tendo seus meios e fins.

im

e

tr

p

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40

Observou-se, também, que o comportamento adequado nos jogos,

mereceu elogio dos professores e coleg ignificativamente a auto

stima dos praticantes do PST.

outro objetivo do PST que é desenvolver a solidariedade entre os

praticantes.

-se que nos momentos de confusão, os alunos

acalmaram os ânimos e evitaram brigas, ou seja, desenvolveu-se de forma positiva

as habilid

a.

Sugere-se que o Governo invista neste programa.

as, aumentando s

e

Percebeu-se a preocupação dos praticantes em apoiar e ensinar os

colegas, atingindo

Durante os jogos, observou

ades do autocontrole, da disciplina, do respeito mútuo. Conclui-se,

portanto, que a implantação do PST, nesta escola, atingiu o seu objetivo

Educacional principal que é desenvolver um cidadão responsável e futuramente um

bom profissional, percebeu-se o aumento significativo do interesse dos alunos pelos

esportes e atividades lúdicas e principalmente pela continuidade do PST na escol

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41

REFERÊ

BRACHT, V. Esporte na escola e esporte de rendimento. Movimento, Porto Alegre, v. 6, n. 12,

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APÊNDICE

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QUESTIONÁRIO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO

1. DADOS PESSOAIS:

1.1 Data de Nascimento:____/_____/20____. Idade

1.2 Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )

1.3 Período em que você estuda: manhã ( ) tarde ( ) noite ( )

1.4 Série em que você estuda: 5ªsérie( ) 6ªsérie( ) 7ªsérie( ) 8ªsérie ( )

Questionário Programa Segundo Tempo (PST) Habilidades Sociais Prezado aluno (a),

• O propósito desta avaliação é verificar o quanto a sua participação no

Programa Segundo Tempo contribuiu para o desenvolvimento para as

habilidades sociais: socialização; solidariedade; disciplina; responsabilidade;

controle emocional; valorização pessoal; inclusão social e cidadania.

Em cada item abaixo faça um X no número que melhor indica sua opinião

considerando a seguinte escala:

1 - Nada – em cada 10 situações, isso acontece 1 a 2 vezes. 2- Muito pouco – em cada 10 situações, isso acontece 3 a 4 vezes. 3- Mais ou menos – em cada 10 situações, isso acontece 5 a 6 vezes. 4- Bastante – em cada 10 situações, isso acontece 7 a 8 vezes. 5- Extremamente – em cada 10 situações, isso acontece 9 a 10 vezes.

Nas aulas do Programa Segundo Tempo...

1. Eu procuro jogar limpo e isso me faz sentir parte do time.

1 2 3 4 5 2. Eu me esforço para manter a calma mesmo quando não estou jogando bem.

1 2 3 4 5

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3. Eu me preocu

2 3 4 5 mpo e poder agradar ao professor e aos colegas.

que sou um jogador responsável.

2 3 4 5 tamento nos jogos tem uma relação direta com o que eu desejo para

futuro.

po em ajudar os colegas que precisam de apoio.

14. Eu me esforço para jogar li

1 2 3 4 5 5. Eu me esforço para jogar limpo e demonstrar

1 2 3 4 5 6. Eu tento me comportar adequadamente durante os jogos porque isso me faz

sentir bem.

17. Meu compor

o

1 2 3 4 5