O ESTADO DA ARTE DA LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA …S)/O ESTADO... · (2001), segundo quem a...

19
International Congress of Critical Applied Linguistics Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015 872 O ESTADO DA ARTE DA LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA NO BRASIL: Um diagnóstico das pesquisas de LAC publicadas em periódicos THE STATE OF THE ART OF CRITICAL APPLIED LINGUISTICS IN BRAZIL: A diagnostic of CAL researches published in journals Ana Luísa de Castro SOARES [email protected] Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) Prof.ª Dr.ª Junia Claudia Santana de Mattos ZAIDAN [email protected] Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) RESUMO Este artigo é parte de um projeto do Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC) que se propõe a conhecer o estado da arte nas pesquisas em Linguística Aplicada Crítica (PENNYCOOK, 2001, MOITA LOPES, 2006) no Brasil, desde 2001. A Linguística Aplicada Crítica trata de questões relacionadas ao uso da linguagem problematizando o que é normalmente tido como o centro, e que concentra poder e privilégio; através desses trabalhos, a Linguística Aplicada Crítica tenta revisar os aspectos linguísticos e políticos que sustentam esse centro. (PENNYCOOK, 2001). Neste subprojeto, especificamente, nos dedicamos a levantar e mapear as atividades de pesquisas de Linguística Aplicada Crítica de dois periódicos especializados em Linguística Aplicada brasileiros, o DELTA (Documentação de estudos em Linguística Aplicada e Teórica), da PUC-SP, e a RBLA (Revista Brasileira de Linguística Aplicada), da UFMG, no período compreendido entre os anos de 2001 e 2014. Orientados pelo conceito de crítico estabelecido por PENNYCOOK (2001), segundo quem a Linguística Aplicada Crítica é sobre “tornar a linguística aplicada mais responsável politicamente”, elegemos indicadores que mostrassem um engajamento político dos trabalhos nos periódicos que analisamos, a fim de encaixá-los no campo da Linguística Aplicada Crítica. O mapeamento consistiu, então, em um estudo criterioso de todas as edições dos periódicos, desde 2001 até 2014. A partir da listagem dos artigos de cada edição, procuramos, no título, resumo e palavras- chave, pelos indicadores por nós eleitos, que demonstrariam o alinhamento dos artigos com a definição de crítico proposta por Pennycook. Os resultados obtidos demonstram que os trabalhos com a orientação crítica são a minoria, constituindo aproximadamente um décimo de todos os trabalhos publicados por ambos os periódicos no intervalo de tempo analisado. Estes resultados sugerem um alheamento no que diz respeito ao envolvimento com questões políticas, de poder, disparidade e diferença. A proliferação de ensaios, resenhas e livros alegadamente situados na perspectiva crítica em L.A. parece, de modo geral, não reverberar nos objetos eleitos para as pesquisas na área. Palavras-chave: Linguística Aplicada, Linguística Aplicada Crítica, Mapeamento da Linguística Aplicada Crítica, DELTA, RBLA. ABSTRACT

Transcript of O ESTADO DA ARTE DA LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA …S)/O ESTADO... · (2001), segundo quem a...

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

872

O ESTADO DA ARTE DA LINGUÍSTICA APLICADA CRÍTICA NO BRASIL:

Um diagnóstico das pesquisas de LAC publicadas em periódicos

THE STATE OF THE ART OF CRITICAL APPLIED LINGUISTICS IN

BRAZIL: A diagnostic of CAL researches published in journals

Ana Luísa de Castro SOARES

[email protected]

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Prof.ª Dr.ª Junia Claudia Santana de Mattos ZAIDAN

[email protected]

Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

RESUMO

Este artigo é parte de um projeto do Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica

(PIVIC) que se propõe a conhecer o estado da arte nas pesquisas em Linguística Aplicada

Crítica (PENNYCOOK, 2001, MOITA LOPES, 2006) no Brasil, desde 2001. A Linguística

Aplicada Crítica trata de questões relacionadas ao uso da linguagem problematizando o que é

normalmente tido como o centro, e que concentra poder e privilégio; através desses trabalhos, a

Linguística Aplicada Crítica tenta revisar os aspectos linguísticos e políticos que sustentam esse

centro. (PENNYCOOK, 2001). Neste subprojeto, especificamente, nos dedicamos a levantar e

mapear as atividades de pesquisas de Linguística Aplicada Crítica de dois periódicos

especializados em Linguística Aplicada brasileiros, o DELTA (Documentação de estudos em

Linguística Aplicada e Teórica), da PUC-SP, e a RBLA (Revista Brasileira de Linguística

Aplicada), da UFMG, no período compreendido entre os anos de 2001 e 2014. Orientados pelo

conceito de crítico estabelecido por PENNYCOOK (2001), segundo quem a Linguística

Aplicada Crítica é sobre “tornar a linguística aplicada mais responsável politicamente”,

elegemos indicadores que mostrassem um engajamento político dos trabalhos nos periódicos

que analisamos, a fim de encaixá-los no campo da Linguística Aplicada Crítica. O mapeamento

consistiu, então, em um estudo criterioso de todas as edições dos periódicos, desde 2001 até

2014. A partir da listagem dos artigos de cada edição, procuramos, no título, resumo e palavras-

chave, pelos indicadores por nós eleitos, que demonstrariam o alinhamento dos artigos com a

definição de crítico proposta por Pennycook. Os resultados obtidos demonstram que os

trabalhos com a orientação crítica são a minoria, constituindo aproximadamente um décimo de

todos os trabalhos publicados por ambos os periódicos no intervalo de tempo analisado. Estes

resultados sugerem um alheamento no que diz respeito ao envolvimento com questões políticas,

de poder, disparidade e diferença. A proliferação de ensaios, resenhas e livros alegadamente

situados na perspectiva crítica em L.A. parece, de modo geral, não reverberar nos objetos eleitos

para as pesquisas na área.

Palavras-chave: Linguística Aplicada, Linguística Aplicada Crítica, Mapeamento da

Linguística Aplicada Crítica, DELTA, RBLA.

ABSTRACT

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

873

This paper is part of a project of the “Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica”

(PIVIC) that intends to know the state of the art in the researches in Critical Applied Linguistics

(PENNYCOOK, 2001 MOITA LOPES, 2006) in Brazil since 2001. Critical Applied Linguistics

address issues related to the use of language, problematizing what is normally taken as the

center, and that concentrates power and privilege; through these works, Critical Applied

Linguistics attempts to review the linguistic and political aspects that support this center.

(PENNYCOOK, 2001). In this subproject, specifically, we are dedicated to collect and map the

Critical Applied Linguistics research activities of two Brazilian journals specialized in

Linguistics, DELTA Documentação de estudos em Linguística Aplicada e Teórica), of PUC-SP,

and RBLA (Revista Brasileira de Linguística Aplicada), of UFMG, in the period between 2001

and 2014. Guided by the concept of critical established by Pennycook (2001), according to

whom Critical Applied Linguistics is about "making Applied Linguistics more politically

accountable" we have elected indicators that showed a political engagement of the works in the

journals that we analyzed, in order to fit them in the field of Critical Applied Linguistics. The

mapping consisted, then, in a careful study of all the issues of the journals, from 2001 to 2014.

From the listing of articles of each issue, we sought, in the title, abstract and keywords, the

indicators we have elected, which would demonstrate the alignment of articles with the

definition of critical proposed by Pennycook. The results show that the works with critical

orientation are the minority, constituting approximately one-tenth of all works published by

both newspapers in the time lapse by us analyzed. These results suggest a detachment as long as

the engagement with political, power, difference and disparity issues is concerned. The

proliferation of essays, reviews and books allegedly located in the critical perspective in LA

seems, in general, to not reverberate in the elected objects for research in the area.

Keywords: Applied Linguistics, Critical Applied Linguistics, Critical Applied Linguistics

Mapping, DELTA, RBLA

1. INTRODUÇÃO

Este artigo se dedica a analisar os resultados de uma pesquisa do Programa

Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC), que consistiu em um

levantamento e mapeamento das atividades de pesquisas de Linguística Aplicada Crítica

em dois periódicos especializados brasileiros, o DELTA (Documentação de estudos em

Linguística Aplicada e Teórica), da PUC-SP, e a RBLA (Revista Brasileira de

Linguística Aplicada), da UFMG, no período compreendido entre os anos de 2001 e

2014.

A Linguística Aplicada é um campo amplo que se preocupa com questões

relacionadas ao uso da linguagem. A LA não é recente: Cavalcanti a discute ainda em

1986 com a obra “A propósito da linguística aplicada”. Sobre o foco de ação da LA,

Cavalcanti afirma:

Uma vez que a LA se interesse por problemas de uso de linguagem

(em L1, L2 ou LE) dentro ou fora do contexto escolar, vejo seu foco

de ação como sendo a interação face-a-face (conversação) ou ouvido-

a-ouvido (conversação telefônica) e a interação à distância mediada

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

874

pelo texto. Estes dois tipos de interação em sua abrangência incluem o

ensino de línguas. (CAVALCANTI, 1986, p. 4)

Inicialmente, a LA dedica-se, então, a discutir problemas relacionados à

linguagem, mas seus trabalhos demonstram um alheamento no que diz respeito ao

envolvimento com questões políticas. Mesmo que haja uma preocupação com a práxis,

esta se encontra voltada para questões cognitivas, discursivas, pedagógicas ou

puramente linguísticas.

Em 2001, Pennycook publica a obra “Critical Applied Linguistics: A Critical

Introduction”, a pedra fundamental da LAC. Há, então, uma mudança do foco dos

problemas abordados pela LA para uma perspectiva mais crítica, o que faz com que

surja a Linguística Aplicada Crítica (LAC). Esta perspectiva crítica, segundo

Pennycook, não é puramente adição de uma dimensão crítica à LA. O autor afirma que

“Linguística Aplicada Crítica é mais do que apenas uma dimensão crítica adicionada à

Linguística Aplicada: ela envolve um ceticismo constante, um constante

questionamento dos pressupostos normativos da Linguística Aplicada” (PENNYCOOK,

2001, p. 10)1. Moita Lopes (2006) compartilha da visão de Pennycook, e afirma que a

LA deve trazer “para o centro de atenção vidas marginalizadas do ponto de vista dos

atravessamentos identitários de classe social, raça, etnia, gênero, sexualidade,

nacionalidade” (MOITA LOPES, 2006, p. 25)

A LAC trata de questões relacionadas ao uso da linguagem, mas o faz através

de trabalhos que desafiam o que é normalmente tido como o centro, e que concentra

poder e privilégio; através desses trabalhos, a LAC tenta revisar os aspectos linguísticos

e políticos que sustentam esse centro. (PENNYCOOK, 2001). Para tanto, a LAC adota

cada vez mais uma abordagem hermenêutica, ao invés de um empirista, mais presente

na muitas vezes referida como ciência-mãe Linguística.

2. JUSTIFICATIVA

1 “Critical Applied Linguistics is more than just a critical dimension added on to Applied

Linguistics: it involves a constant skepticism, a constant questioning of the normative

assumptions of the givens of applied linguistics” (PENNYCOOK, 2001, p. 10, tradução nossa)

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

875

A necessidade de se mapearem os periódicos especializados em Linguística

Aplicada é decorrente da crescente importância atribuída à publicação científica em

nosso país, tornando assim estas fontes um relevante indicador do estado de arte da

Linguística Aplicada Crítica.

Primeiramente, é necessário discutir a relevância das publicações em

periódicos. Santos (2011) define periódico da seguinte maneira: “Sob esta denominação

foram acolhidas todas as publicações periódicas ou seriadas, direta ou indiretamente

vinculadas a instituições de ensino – a maioria destas com programas de pós-graduação

– ou a centros de pesquisa” (p. 4). Serra, Ferreira e Fiates (2008) afirmam: “Para a

consolidação de uma carreira acadêmica, a pesquisa e posterior divulgação de seus

resultados são fundamentais, por isso a busca por periódicos que publiquem seus artigos

ultrapassa as fronteiras do país.” (2008, p.3).

A tendência de se publicar em periódicos é ainda incentivada por instituições

como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), por

exemplo. No Brasil, a Capes utiliza a lista Qualis para indicação da qualidade da

produção intelectual. Cada periódico recebe uma classificação, que pode ser, em ordem

decrescente quanto à importância atribuída a cada categoria, A1, A2, B1, B2, B3, B4,

B5 e C, que é nulo. Estas categorias estão ligadas a fatores de impacto, expressos pelos

seguintes valores:

Categoria Fator de impacto

A1 igual ou superior a 3,800

A2 entre 3,799 e 2,500

B1 entre 2,499 e 1,300

B2 entre 1,299 e 0,001

B3

B4

B5

C

sem fator de impacto

sem fator de impacto

sem fator de impacto

irrelevante, com peso zero

Tabela 1. Fatores de impacto da lista Qualis

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

876

É importante frisar que a publicação em revistas científicas com uma boa

classificação na lista Qualis / com alto fator de impacto contribuem para os programas

de pós graduação (PPGs), que têm um reconhecimento maior e podem ganhar bolsas de

estudos para seus pesquisadores financiadas pela própria Capes. Além da possibilidade

de ganhar bolsas de estudos para pesquisas, muitos concursos para professores também

levam em consideração a publicação em periódicos para a prova de títulos, geralmente

atribuindo certa pontuação para cada publicação – sendo esta pontuação normalmente

mais alta quanto maior o fator de impacto do periódico. Assim, cria-se uma indústria de

publicação científica, que faz com que aqueles que almejem uma carreira de

pesquisador e/ou de professor estejam sempre buscando publicar artigos em periódicos

bem classificados, uma vez que a manutenção e a evolução de suas carreiras pode

depender disto.

3. OBJETIVOS

Devido à crescente importância atribuída à publicação científica em periódicos

em nosso país e orientados pelo conceito de crítico estabelecido por PENNYCOOK

(2001), segundo quem a Linguística Aplicada Crítica precisa “tornar a linguística

aplicada mais responsável politicamente” e pela proposta de Moita Lopes (2006) de

trazer à tona também as narrativas que contemplem aqueles que estão à margem da

sociedade, “do ponto de vista dos atravessamentos identitários de classe social, raça,

etnia, gênero, sexualidade, nacionalidade” (MOITA LOPES, 2006, p. 25), nos

propusemos a levantar e mapear as atividades de pesquisas de LAC da DELTA

(Documentação de estudos em Linguística Aplicada e Teórica), da PUC-SP, e a RBLA

(Revista Brasileira de Linguística Aplicada), da UFMG, no período compreendido entre

os anos de 2001 e 2014, com o objetivo de descobrir o movimento que a LA tem feito

em direção a uma abordagem mais crítica em seus estudos. Portanto, os objetivos

específicos são:

- Explorar os temas presentes nos periódicos de grande circulação na

Linguística Aplicada no Brasil, a saber: A DELTA (Documentação de Estudos em

Linguística Teórica e Aplicada); A RBLA (Revista Brasileira de Linguística Aplicada)e

Trabalhos em Linguística Aplicada;

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

877

- Verificar se os temas voltados para as questões de cognição prevalecem em

relação àqueles relacionados às questões sociais e políticas do uso da língua;

- Comparar os temas e orientações das pesquisas com a proposta de Pennycook

(2001) e de Moita-Lopes (2006).

4. METODOLOGIA

Para conhecer o estado de arte da LAC no país, escolhemos levantar dados de

dois periódicos especializados em Linguística Aplicada brasileiros, a DELTA

(Documentação de estudos em Linguística Aplicada e Teórica), da PUC-SP, e a RBLA

(Revista Brasileira de Linguística Aplicada), da UFMG.

A DELTA: Documentação de estudos em linguística teórica é um periódico

publicado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUC-SP. O periódico foi

inaugurado em 1985 e desde 1992 tem duas edições anuais, em fevereiro e agosto. De

acordo com informações do próprio periódico na SciELO, o jornal é direcionado a todas

as áreas de estudo relativas a língua e fala, sejam teóricas ou aplicadas. Apenas

contribuições inéditas são consideradas para avaliação” . O conteúdo do periódico é

indexado por “Sociological Abstracts” e “Linguistics and Language Behavior Abstracts.

A classificação da DELTA na Qualis é A1.

A RBLA: Revista Brasileira de linguística aplicada é um periódico publicado

pela Universidade Federal de Minas Gerais / UFMG. Foi fundado em 2001,

inicialmente com 2 edições por ano, mas desde 2010 passou a ter 4 edições anuais,

sendo 2 delas sempre focadas em um tema específico. Possui o sistema de revisão por

pares, ou seja, os trabalhos submetidos são examinados por outros especialistas da

mesma área. A RBLA é patrocinada pelo Programa de Estudos Linguísticos (POSLIN)

da UFMG e as agências de pesquisa CNPq e FAPEMIG. O conteúdo do periódico é

indexado por: MLA (Modern Language Association of America), Linguistics Abstracts,

Linguistics and Language Behavior Abstracts, EBSCO, DOAJ (Directory of

Open Access Journals), OCLC WorldCat, Latindex, SIS e Redalyc. A classificação da

RBLA na Qualis é A1.

Realizou-se a leitura e classificação dos títulos e resumos/abstracts nos

periódicos mencionados, considerando-se o período entre o ano de 2001 e 2014. A

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

878

análise compreendeu uma abordagem interpretativa, baseada em indicadores e,

posteriormente, uma análise estatística.

4.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS DOS PERIÓDICOS

Como a natureza desta pesquisa é interpretativa, os dados qualitativos a serem

coletados foram analisados através do estabelecimento de indicadores de análise. Um

indicador é a representação de uma ideia, conceito ou construto a fim de torná-los

concretos e mensuráveis. Neste trabalho, a operacionalização do construto “crítico” foi

feita através da eleição de indicadores – termos, expressões – relacionados ao campo

semântico da LAC (Cf. Tabela 2 abaixo). Também foram estabelecidos indicadores para

as ocorrências de trabalhos que não se encaixavam na perspectiva crítica. Portanto, os

artigos por nós analisados foram agrupados nas seguintes categorias: artigos com

orientação crítica, artigos com orientação linguística, artigos com orientação cognitiva,

artigos com orientação discursiva e artigos voltados para a prática pedagógica. A

ocorrência dos indicadores no título ou no resumo/abstract foi levada em consideração

para alocar cada trabalho em uma das categorias mencionadas acima. Descrevemos cada

categoria nas seções que se seguem.

4.1.2. ARTIGOS COM ORIENTAÇÃO CRÍTICA

A definição de crítico que buscamos foi baseada nos trabalhos de teóricos

como Pennycook (2001) e Moita Lopes (2006). Pennycook (2001) estabeleceu um

compromisso da LAC com questões políticas, dizendo que o propósito desta ciência é

justamente tornar a linguística aplicada mais responsável politicamente:

Enquanto o sentido de pensamento crítico que discuti anteriormente –

um conjunto de habilidades de pensamento – tenta quase por definição

permanecer isolado de questões políticas, de questões de poder,

disparidade, diferença, ou desejo, o sentido de crítico que eu quero

tornar central para a lingüística aplicada crítica é um que leva estes

como condição sine qua non do nosso trabalho. Linguística aplicada

crítica não é sobre o desenvolvimento de um conjunto de habilidades

que vai tornar o fazer da lingüística aplicada mais rigoroso ou mais

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

879

objetivo mas sim sobre tornar a lingüística aplicada mais responsável

politicamente (PENNYCOOK, 2001, p.7).2

Orientados por esta definição de crítico e pelos atravessamentos identitários

trazidos por Moita Lopes (2006), elegemos então indicadores que mostrassem um

engajamento político dos trabalhos nos periódicos que analisamos, a fim de encaixá-los

no campo da LAC. Optamos por levantar indicadores com sua respectiva tradução em

inglês, uma vez que a maioria dos trabalhos publicados em ambos os periódicos

analisados possui, além da língua em que o texto foi escrito, resumo (abstract) e

palavras-chave (keywords) redigidos na língua inglesa, o que facilitaria nosso processo

de busca.

A tabela abaixo apresenta os indicadores por nós eleitos:

Indicador Tradução para o inglês

Análise do Discurso Crítica Critical Discourse Analysis

Crítica(o) Critical

Empoderamento Empowerment

Feminismo

Feminista

Gênero

Identidade

Feminism

Feminist

Gender

Identity

Miséria

Poder

Político(a)

Relações de Poder

Sexismo

Sexista

Sofrimento

Misery

Power

Political

Power Relations

Sexism

Sexist

Suffering

Tabela 2. Indicadores eleitos: orientação crítica

2 While the sense of critical thinking I discussed earlier – a set of thinking skills – attempts

almost by definition to remain isolated from political questions, from issues of power, disparity,

difference, or desire, the sense of critical that I want to make central to critical applied

linguistics is one that takes these as the sine qua non of our work. Critical applied linguistics is

not about developing a set of skills that will make the doing of applied linguistics more rigorous

or more objective but is about making applied linguistics more politically accountable

(PENNYCOOK, 2001, p.7, tradução nossa).

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

880

Depois de eleitos os indicadores, utilizando como fonte de pesquisa os sites dos

periódicos na SciELO, www.scielo.br/rbla e www.scielo.br/delta, demos início à

análise dos artigos. O processo consistiu em um estudo criterioso de todas as edições

dos periódicos, desde 2001 até 2014: a partir da listagem dos artigos de cada edição,

procurávamos, no título, abstract/resumo e palavras-chave/keywords, indicadores que

demonstrassem o alinhamento dos artigos com a definição de crítico proposta por

Pennycook. A seguir, apresentamos um exemplo:

Figura 1. Exemplo de artigo com orientação crítica. . Fonte: Fabrício, B. (2004).

Classificamos este artigo como possuindo orientação critica pois indica uma

preocupação com questões de disparidade ao abordar questões de gênero e discutir uma

representação depreciativa do sexo feminino pela mídia. Esta postura demonstra um

alinhamento com o sentido de crítico proposto por Pennycook (2001), pois, ao

denunciar esta prática em sua constituição pela linguagem, apresenta-se como um objeto

de engajamento político, voltado para o questionamento dos pressupostos que trabalham

a favor da opressão sofrida pelo sexo feminino em nossa sociedade.

4.1.3. ARTIGOS COM ORIENTAÇÃO COGNITIVA

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

881

Para a classificação de artigos de orientação cognitiva, nos orientamos pelo

sentido de cognição tal como no Longman Dictionary of Language Teaching and

Applied Linguistics, “The various mental processes used in thinking, remembering,

perceiving, recognizing, classifying, etc.3”(RICHARDS & SCHIMIDT, 2002, p. 82). Os

campos da Psicologia e da Ciência Cognitiva também oferecem conceituações de

cognição que interessam à pesquisa em Linguística Aplicada:Para a Psicologia

Cognitiva, trata-se de “processos tais como atenção, percepção, compreensão, memória

e aprendizagem.” (RICHARDS & SCHIMIDT, op.cit. p. 84) e, na Ciência cognitiva, “o

pensamento, o raciocínio e os processos intelectuais (...) o modo como o conhecimento

é representado na mente, como a língua e as imagens são entendidas (...) os processos

mentais subjacentes de inferência, aprendizagem, resolução de problemas e

planejamento.” (IDEM, p. 84). Estes princípios foram levados em consideração para a

eleição de indicadores que nos ajudassem a fazer a classificação dos artigos como

orientados pela cognição.

A tabela abaixo apresenta os indicadores por nós eleitos:

Indicador Tradução para o inglês

Aquisição Acquisition

Aquisição da

linguagem

Aquisição de LE

Language acquisition

LE acquistion

Aquisição de L2 L2 acquisition

Aprendizagem

Classificação

Cognição

Compreensão

Ciência cognitiva

Memória

Obtenção

Pensamento

Percepção

Processo(s) mental(is)

Reconhecimento

Learning

Classifying

Cognition

Comprehension

Cognitive science

Memory

Obtaining

Thinking

Perceiving

Mental process(es)

Recognizing

Tabela 3. Indicadores eleitos: orientação cognitiva

3“Os vários processos mentais usados no pensamento, memória, percepção, reconhecimento,

classificação, etc.” (RICHARDS & SCHIMIDT, 2002, p. 82, tradução nossa)

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

882

Depois de eleitos os indicadores, repetimos o processo realizado para

classificação dos artigos com orientação crítica: buscamos a presença de nossos

indicadores no título, abstract/resumo e palavras-chave/keywords dos artigos

analisados. A seguir, apresentamos um exemplo:

Figura 2. Exemplo de artigo com orientação cognitiva. Fonte: CONCEIÇÃO, S. (2006).

Classificamos este artigo como possuindo orientação cognitiva pois analisa

aquisição de um aspecto da língua (matrizes infinitivas no português brasileiro) por uma

criança, portanto, está interessado em como se dá a obtenção de um conhecimento

linguístico.

4.1.4. ARTIGOS COM ORIENTAÇÃO LINGUÍSTICA

Para a classificação de artigos como possuindo uma orientação linguística,

consideramos os artigos que apresentam descrições e análise linguísticas (fonologia,

morfossintaxe, semântica, léxico), porém não relacionados à aprendizagem – e, por isso,

diferentes dos artigos com orientação cognitiva. Com base nestes fundamentos,

elencamos os seguintes indicadores:

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

883

Indicador Tradução para o inglês

Análise linguística

Classes de palavra

Linguistic analysis

Word classes

Fonologia

Gramática

Léxico

Linguística

Linguístico

Phonology

Grammar

Lexicon

Linguistics

Linguistic

Morfossintaxe Morphosyntax

Semântica

Sintaxe

Semantics

Syntax

Tabela 4. Indicadores eleitos: orientação linguística.

Depois de eleitos os indicadores, repetimos o processo realizado para

classificação dos artigos com orientação crítica e cognitiva: buscamos a presença de

nossos indicadores no título, abstract/resumo e palavras-chave/keywords dos artigos

analisados. A seguir, apresentamos uma amostra de artigo classificado como possuindo

orientação linguística:

Figura 3. Exemplo de artigo com orientação linguística. Fonte: CAMACHO, R. (2007).

Classificamos este artigo como possuindo orientação linguística pois dedica-se

a discutir o comportamento de uma estrutura da língua (nomes deverbais).

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

884

4.1.5. ARTIGOS COM ORIENTAÇÃO DISCURSIVA

Para a classificação de artigos como tendo orientação discursiva, consideramos

aqueles trabalhos que analisam amostras linguísticas em sua ocorrência na comunicação

social, ou seja, em uso, seja na conversação, no texto ou em outras situações de

enunciação. É importante assinalar que para ser alocado nesta categoria, o artigo não

poderia incluir explicitamente indicações consoantes com a definição de “critico”

apresentada anteriormente, embora reconheçamos que a distinção nem sempre poderá se

manter, caso uma análise longitudinal fosse feita. Orientados por esta definição,

elegemos os seguintes indicadores:

Indicador Tradução para o inglês

Alternância de código Code-switching

Análise do Discurso Discourse analysis

Ato(s) de fala

Comunicação

Speech act(s)

Communication

Comunicação social

Conversação

Dialogismo

Discursiva(o)

Discurso

Enunciação

Evento comunicativo

Fala

Marcadores discursivos

Social communication

Conversation

Dialogism

Discoursive

Discourse

Enunciation

Communicative event

Speech

Discoursive markers

Tabela 5. Indicadores eleitos: orientação discursiv.

Depois de elegermos os indicadores, repetimos o processo realizado para

classificação dos artigos das categorias anteriores: buscamos a presença de nossos

indicadores no título, abstract/resumo e palavras-chave/keywords dos artigos

analisados. A seguir, apresentamos uma amostra de artigo com orientação discursiva:

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

885

Figura 4. Exemplo de artigo com orientação discursiva. Fonte: SILVA, R. (2009).

Nesse exemplo, a pesquisadora se interessa por questões relacionadas à língua

em uso, recorrendo ao Dialogismo e à Análise da Fala, sem aparentemente ter (ou

explicitar) interesse em sua situacionalidade no que tange às questões sociopolíticas.

4.1.6. ARTIGOS VOLTADOS PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Para a classificação de artigos como voltados para a prática pedagógica,

consideramos aqueles que discutem temas e problemas da sala de aula, porém,

diferentemente dos artigos com orientação cognitiva, são especificamente direcionados

à prática pedagógica dos educadores. Norteados por este conceito, elegemos os

seguintes indicadores:

Indicador Tradução em inglês

Crenças do professor Teachers’ beliefs

Ensino reflexivo Ensino reflexivo

Investigação na sala de

aula

Classroom investigation

Prática pedagógica

Problemas da sala de

aula

Professor reflexivo

Pedagogical Practice

Classroom Problems

Reflexive teacher

Reflection

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

886

Reflexão

Tabela 6. Indicadores eleitos: artigos com orientação voltada para a prática pedagógica

Finalmente, realizamos o processo da busca dos indicadores – anteriormente

explicitado – uma vez mais; desta maneira, classificamos os artigos com a orientação

voltada para a prática pedagógica, como o seguinte exemplo:

Figura 5. Exemplo de artigo voltado para a prática pedagógica. Fonte: STREIECHEN, E;

KRAUSE-LEMKE, C. (2014).

Classificamos este artigo como voltado para a prática pedagógica pois discute

implicações para a prática pedagógica a partir de um problema de pesquisa oriundo de

observação dentro da sala de aula.

5. RESULTADOS

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

887

Após a análise interpretativa e a classificação dos artigos analisados dentro das

4 categorias por nós propostas – com orientação linguística, cognitiva, discursiva e

voltada para a prática pedagógica –, procedemos à quantificação de todos os textos

publicados pela RBLA e pela DELTA.

Os resultados obtidos mostraram, para a DELTA, uma porcentagem de

aproximadamente 10% de artigos com o que consideramos uma orientação crítica para

um total de 270 trabalhos. O gráfico abaixo ilustra estes resultados:

Figura 6. Gráfico com os resultados da quantificação da DELTA

Para a RBLA, os resultados foram bem próximos: dos 381 artigos totais, 11%

têm uma orientação crítica. Estes resultados estão ilustrados no gráfico a seguir:

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

888

Figura 7. Gráfico com os resultados da quantificação da RBLA

Somando todas as publicações do período estudado, obtivemos um total de 651

artigos. Destes, consideramos 68 (aproximadamente 10%) como possuindo orientação

crítica, como demonstrado abaixo:

Figura 8. Gráfico com os resultados da quantificação dos dois periódicos

6. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

Esta pesquisa teve como objetivo principal mapear dois dos maiores periódicos

de LA do Brasil, a fim explorar se a LA tem feito algum movimento em direção a uma

abordagem mais crítica (PENNYCOOK, 2001, MOITA-LOPES, 2006) em seus

estudos.

Os resultados obtidos demonstram que os trabalhos com orientação crítica são

a minoria, constituindo aproximadamente um décimo de todos os trabalhos publicados

por ambos os periódicos no intervalo de tempo analisado, a saber, entre os anos de 2001

e 2015. A notável proliferação de ensaios, resenhas e livros alegadamente situados na

perspectiva crítica em LA parece, de modo geral, ainda não exercer grande impacto nos

objetos eleitos para as pesquisas na área. Ressaltamos, porém, que embora a

porcentagem de trabalhos com orientação crítica possa não parecer tão expressiva,

pode-se concluir que, comparativamente às décadas que precederam o ponto de corte da

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

889

pesquisa (2001), há um grande avanço em relação às temáticas comumente abordadas

anteriormente. Zaidan (2013, p.11), em seu trabalho sobre o Inglês Menor no âmbito da

Linguística Aplicada Crítica e da Filosofia Política, sublinha a necessidade de estudos

que problematizem os velhos modelos com vocação dogmática nos estudos da

linguagem (...) [o que] não cessa de apontar para a [necessidade da] transposição

constante dos muros disciplinares – traço constituinte da própria Linguística Aplicada.

Na perspectiva em que este projeto se situa, este diálogo com outros campos do

conhecimento – traço inerente da LA – e o abandono do dogmatismo vão mobilizar os

estudos cada vez mais para o seio social em que as desigualdades, opressões,

sofrimentos, privações – que se constituem sobretudo pela linguagem – acontecem.

REFERÊNCIAS

CAMACHO, R. Valência do nome deverbal e nominalidade prototípica. DELTA, São Paulo,

v.23, n.2. 2007

CAVALCANTI, M. A propósito da linguística aplicada. Trabalhos em Linguística Aplicada,

Campinas, v. 7. 1986.

Classificação de periódicos no QUALIS/CAPES. Disponível em

<http://www.biblioteca.ics.ufpa.br/arquivos/QUALIS-rev_26_11.pdf> Acesso em 10/06/2014.

CONCEIÇÃO, S. Aquisição de sentenças matrizes infinitivas no português brasileiro em uma

criança de 20-24 meses. DELTA, São Paulo, v. 22, n.1. 2006.

DÖRNYEI, Z. Research methods in applied linguistics: Quantitative, qualitative and mixed

methodologies. Oxford: Oxford University Press, 2007

FABRÍCIO, B. Mulheres emocionalmente descontroladas: Identidades generificadas na mídia

contemporânea. DELTA, São Paulo, v. 20, n. 2. 2004.

Indexadores x Qualis. Disponível em <http://www.ufrgs.br/bscsh/servicos/registro-de-

producao-intelectual-pi/indexadores-x-qualis/> Acesso em 10/06/2014.

MOITA LOPES, L. Por uma linguística aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial,

2006.

PENNYCOOK, A. Critical and alternative directions in Applied Linguistics. Disponível em:

<http://www.nla.gov.au/openpublish/index.php/aral/article/view/2049>. Acesso em 18/05/2014.

PENNYCOOK, A. Critical applied linguistics: a critical introduction. Londres: Routledge,

2001

RICHARDS, J., SCHIMIDT, R. Longman dictionary of language teaching & Applied

linguistics. Harlow: Longman, 2002.

SILVA, R. Espacialidade em Bakhtin e Pêcheux: semelhanças e dessemelhanças. RBLA, Belo

Horizonte, v.9, n.1. 2009

SANTOS, G. Fontes de indexação para periódicos científicos: um guia para bibliotecários e

editores. Campinas: E-Color, 2011.

SERRA, F. FERREIRA, M. FIATES, G. O desafio de pesquisar e publicar em revistas

científicas: a perspectiva de editores e revisores internacionais. Working Paper, Leiria, n. 12.

2008

STREIECHEN, E; KRAUSE-LEMKE, C. Análise da produção escrita de surdos alfabetizados

com proposta bilíngue: implicações para a prática pedagógica. RBLA, Belo Horizonte, v.14,

n.4. 2014

International Congress of Critical Applied Linguistics

Brasília, Brasil – 19-21 Outubro 2015

890

WebQualis. Disponível em <http://qualis.capes.gov.br/webqualis/principal.seam>. Acesso em

12/06/2014.

ZAIDAN, J. Por um inglês menor: a desterritorialização da grande Língua. 2013. 241 f. Tese

(Doutorado em Linguística) - IEL – Instituo de Estudos da Linguagem. Universidade Estadual

de Campinas, Campinas, SP.