O ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DE UM PLANETA SUSTENTÁVEL E ... · A sustentabilidade veio de encontro...
Transcript of O ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DE UM PLANETA SUSTENTÁVEL E ... · A sustentabilidade veio de encontro...
O ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DE UM PLANETA SUSTENTÁVEL E SUA REGENERAÇÃO ATRAVÉS DE IMAGENS
Salete Aparecida Mercurio Straliote1
Rafaela Harumi Fujita2
RESUMO:
Este estudo aborda ações sobre o uso indiscriminado de recursos que causa um impacto muito grande à natureza, provocando a escassez destes que são indispensáveis a sobrevivência humana. O tema proposto incentiva e conscientiza sobre a importância de adotar práticas sustentáveis no dia a dia favorecendo amenizar o problema em longo prazo. Dentro do tema proposto analisamos a regeneração da natureza, com o intuito de esclarecer sobre a necessidade da regeneração da natureza dentro do seu tempo. Aliamos teoria e prática para que tenham a sensibilidade de observar e registrar a renovação da natureza através dos tempos, sua adaptação e vitalidade na busca pela preservação das espécies. O foco deste estudo é conscientizar os alunos sobre as causas e consequências da degradação ambiental a médio e longo prazo, buscando mostrar possíveis metas e possibilidades para redução dos impactos já existentes. Para empreender tal tarefa foram abordados temas que enfocam degradação e regeneração ambiental, e também utilizadas diversas ferramentas didático-pedagógicas com os alunos.
Palavras-chave: desenvolvimento sustentável. regeneração da natureza. meio
ambiente. degradação ambiental. recursos naturais
INTRODUÇÃO:
O mundo como um todo, vive numa busca constante de crescimento e
desenvolvimento, mas por outro lado, este causa impactos na natureza que muitas
vezes são irreparáveis. O modo de vida das pessoas é regido sob a égide do
capitalismo, consumismo exagerado, e como consequência a produção de resíduos
que não são destinados adequadamente. Isso acaba repercutindo na qualidade de
vida da população e na conservação do meio ambiente.
1 Professora do Quadro Próprio de Magistério da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, participante do Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) turma 2012.
2 Professora Orientadora. Universidade Estadual do Oeste do Paraná
A sustentabilidade veio de encontro para propor um modo de vida capaz de
adequar os avanços econômicos sem agredir o meio ambiente. Montibeller-Filho
(2001, p.54) define o desenvolvimento sustentável como o “processo contínuo de
melhoria das condições de vida (de todos os povos), enquanto minimize o uso de
recursos naturais, causando um mínimo de distúrbios ou desequilíbrios ao
ecossistema”.3
O desenvolvimento sustentável apresenta-se como um projeto destinado a
erradicar a pobreza, satisfazer as necessidades básicas, melhorar a qualidade de
vida da população e promover a conservação ambiental. Constitui-se num projeto
social e político que aponta para o ordenamento ecológico e a descentralização
territorial da produção, assim como para a diversificação dos tipos de
desenvolvimento e dos modos de vida das populações que habitam o planeta
(LEFF, 2001).
Áreas que ficam isoladas, naturalmente apresentam regeneração da sua
vegetação e ampliação de espécies animais e vegetais. A variedade das espécies
depende do banco de sementes existente no solo ou na flora da região e dependem
também de dispersores como o vento e animais. A regeneração
é responsável pela manutenção das espécies.
Em florestas, o processo dinâmico de regeneração natural pode ser favorecido pela ocorrência de distúrbios no habitat, decorrentes da queda de galhos ou de árvores senis, tempestades, chuvas, desabamento de terra, queimadas, entre outros. Dessa forma, a abertura de clareiras no dossel da floresta propicia condições adequadas à germinação das sementes e estabelecimento de plântulas, iniciando o processo natural de sucessão, Chami,(apud WHITMORE, 1978).
Dentro deste contexto, este trabalho propõe ações que possam viabilizar e
amenizar os problemas causados por esse modo de vida inviável dentro do
pensamento ecologicamente correto.
ROMEIRO (2003) comenta que é necessário criar condições
socioeconômicas, institucionais e culturais que estimulem não apenas um rápido
crescimento tecnológico, poupador de recursos naturais, mas também uma
alteração no sentido dos padrões de consumo que não acarretem o crescimento
contínuo e ilimitado do uso de recursos naturais per capita. Para o autor supracitado,
a estabilização dos níveis de consumo per capita pressupõe uma mudança de
atitude, de valores, que contraria a lógica prevalecente, a da acumulação de capital.
De acordo com Reigota (2006), a Educação Ambiental deve ser uma
educação política objetivando a conscientização do cidadão em relação ao mundo,
para que possam ter uma melhor qualidade de vida no meio natural e social.
Este trabalho foi desenvolvido com alunos do 1º ano do Ensino Médio do
Colégio Estadual Marechal Arthur da Costa e Silva, da cidade de Medianeira -
Paraná e foram abordados temas referentes a degradação ambiental, queimadas,
erosão, utilização de agrotóxicos e suas consequências, também houve as saídas
de campo para verificarem na prática as ações que agridem a natureza, como a
visita a uma área com erosão e a visita a uma horta orgânica onde puderam verificar
a possiblidade de produzir alimentos saudáveis sem comprometer a qualidade de
vida do planeta. Além disso, puderam verificar através do teste da pegada ecológica
se o seu modo de vida está dentro dos padrões normais ou seu estilo de vida está
degradando o ambiente onde vive.
Métodos e estratégias
Para esse trabalho foi desenvolvido um roteiro de aula e atividades de
implementação que está descrito no quadro 1.
Quadro 01 - Desenvolvimento das atividades de implementação:
AULAS DESENVOLVIMENTO
Questões problematizadoras
O método utilizado consiste em disponibilizar aos alunos questões problematizadoras, a fim de perceber quais conhecimentos prévios os alunos detinham sobre estes assuntos. Foram tais questões:
- Como você observa a sua volta a renovação da natureza?
- O que significa para você o termo Sustentabilidade?
- Para você o que significa o degradação ambiental?
- Descreva uma área de preservação ambiental.
Aula expositiva Após verificar quais eram os conhecimentos dos alunos sobre os assuntos a serem abordados, foram utilizadas imagens disponibilizadas na internet, para provocar nos alunos o interesse de conhecer sobre os assuntos inerentes a sustentabilidade, preservação da natureza, regeneração ambiental, animais
ameaçados de extinção, o antes e o depois de áreas desmatadas do Oeste Paranaense.
Texto “Sustentabilidade”
Disponibilizado em http://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/sustentabilidade.htm
Este texto foi utilizado para que os alunos pudessem ao final definir o termo sustentabilidade e as ações sustentáveis que são desenvolvidas em algumas empresas e na agropecuária e também ações diárias de cada um para ajudar na manutenção da natureza.
Texto “A natureza agradece”
O texto “A natureza agradece” está disponível em http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/conteudo_293406.shtml foi utilizado para que os alunos percebessem que dependendo do modo de vida de cada pessoa, ela acarreta impactos ao meio ambiente, e que o Brasil é um país privilegiado em relação a espaço/pessoa, que ainda detém recursos para que haja crescimento populacional.
Vídeo documentário “O mundo sem ninguém”
Disponível em:
http://www.documentarios.org/video/detalhar/1554/o_mundo_sem_ninguem/
Este documentário retrata a terra sem seres humanos, sua regeneração acontece e a natureza toma conta de todos os ambientes, desde ambientes urbanos até os animais domésticos que se adaptam ou não a nova vida. No documentário os espaços são transformados e pode se perceber a resistência de materiais e ambientes antes adaptados a vida humana em sociedade e depois sendo tomadas pela natureza que invade e transforma estes espaços.
O teste da “Pegada Ecológica”
Adaptado do site: http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2012/04/calcule-sua-pegada-ecologica-e-saiba-que-habitos-podem-ser-melhorados.html Este teste foi adaptado para ser mais preciso dentro da realidade dos alunos. Ele foi elaborado com o objetivo de fazer uma estimativa da quantidade de recursos necessários, ou seja, a área de terra para atender a demanda para produzir os bens e serviços que você consome e a quantidade de resíduos que produz. Quanto mais consumista for o seu estilo de vida maior será a sua pegada ecológica. A média brasileira segundo o texto utilizado “Planeta sustentável” é de 2,4 ha por pessoa, bem menos que em países mais desenvolvidos como os Estados Unidos que é de 9,7 ha por pessoa.
Visitas de campo
Para o fechamento das atividades foram efetivadas as visitas de campo que são de fundamental importância para medir o conhecimento adquirido. Dentro da geografia podemos usar o campo como ferramenta de trabalho, o dia a dia para demonstrar através do nosso cotidiano que podemos nos apropriar e
demonstrar o conhecimento de forma prazerosa.
RESULTADOS
No atual estágio da humanidade é impossível pensar em retrocesso frente ao
desenvolvimento urbano/industrial, mas este processo sabe-se também pode se
tornar insustentável, se não pudermos aliar o desenvolvimento com a proteção ao
meio ambiente. Cabe ainda inserir em nossa sociedade a capacidade de analisar
os meios que podem fazer do planeta um lugar melhor para viver no futuro, depende
de ações voltadas a manutenção das espécies e do próprio ser humano.
Nesse contexto, há a necessidade de conceber o meio ambiente atrelado à
ideia de que a humanidade faz parte de um sistema vivo, no caso o planeta Terra.
Pensando neste cenário é que surgem as preocupações de várias
organizações e setores da sociedade inclusive por parte de professores e gestores
de escolas.
A forma como a educação, por exemplo, enfrenta o atual contexto
socioambiental, só vem perpetuando os valores da sociedade industrial. A
humanidade necessita de uma mudança epistemológica nos conceitos de meio
ambiente, ciência, tecnologia e educação (BRÜGGER, 2004). Somos uma parcela
da população responsável por inserir nos jovens a preocupação sobre o ambiente
que vivem e também por amenizar os problemas já existentes, fazer com que
percebam que suas ações podem ajudar ou ser prejudiciais ao meio onde vivem.
Com este intuito foram desenvolvidas estas ações que beneficiaram alunos que a
princípio não tinham, ou tinham pouco conhecimento dos assuntos inseridos durante
as aulas.
A implementação foi proveitosa, com base principalmente nas questões
problematizadoras que a princípio muitos alunos não souberam responder aos
questionamentos, por exemplo quando foi perguntado sobre o que significa o termo
sustentabilidade a aluna G.B. respondeu: “proteger a natureza e não jogar lixo no
chão”. Ao final da implementação a mesma aluna respondeu o seguinte: “está
diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material, sem agredir o
meio ambiente, usando recursos naturais de forma inteligente para que eles se
mantenham no futuro”.
A aluna A.A. não respondeu 03 das 04 perguntas no início da implementação
e ao final respondeu as 04 questões de forma correta. Dos 60 alunos que
participaram da aula quando foi introduzido o assunto com as questões
problematizadoras, 26 deles deixaram em branco a resposta da questão : O que
significa para você o termo Sustentabilidade? Ao final da implementação todos os
alunos souberam responder ao mesmo questionamento.
Diante das respostas dos alunos percebe-se o estágio de conhecimento que
detinham, muitos alunos deixaram as respostas em branco, pois não tinham
conhecimento sobre os temas, outros responderam vagamente sobre o assunto.
Percebeu-se também a pouca importância que davam ao tema. Motivo pelo qual,
incentivou ainda mais relevá-lo.
Estes temas chamaram a atenção, pois tratavam da realidade vivida na nossa
região, lugares que alguns conhecem, e as imagens falam por si, foi promissor a
utilização de imagens e textos para abordar tais assuntos.
Os alunos perceberam que ações simples como a separação dos vários tipos
de lixo, a compostagem, a reciclagem, a economia de água potável, enfim, ações
simples do dia a dia pode fazer a diferença no todo. Muitos alunos já relataram que
diminuíram o tempo de banho, que estão aproveitando melhor a água de reuso, e já
conseguem perceber que existem ações voltadas a sustentabilidade no cotidiano,
como as esterqueiras, a utilização de energia solar para aquecimento, entre outras
ações.
Os alunos ficaram impactados em perceber que os países mais
desenvolvidos estão utilizando os recursos naturais e degradando muito mais que
países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento como é o caso do Brasil.
E é interessante que todos os alunos assistiram atenciosamente
documentário e puderam perceber que a natureza se regenera a seu tempo, que a
natureza segue seu curso se não for interrompida.
O teste da Pegada Ecológica foi aplicado para 56 alunos o qual responderam
de acordo com seu estilo de vida. O resultado chocou a maioria dos alunos, a soma
dos pontos variou de 335 a 630 pontos, o que mais pesou segundo os alunos na
soma dos pontos foi a utilização de meios de transporte movidos a combustíveis
fósseis, como os automóveis, e as viagens que fazem com frequência. Ficou
evidente também que a maioria não separa o lixo orgânico do lixo reciclável para
sua destinação adequada que é a reciclagem.
O gráfico 1 demonstra a quantidade de pontos e o número de alunos que
responderam o teste.
Gráfico 1: Resultado do Teste da “Pegada Ecológica”
A soma dos pontos alertou os alunos sobre seu modo de vida consumista,
visto que a maioria deles somaram mais de 400 pontos o que de acordo com a
interpretação do teste indica que para essa quantidade e de pontos seria necessário
entre 6 e 8 ha de terra para sustentar este modo de vida, e não esquecendo que a
média brasileira é de 2,4 há. Este alerta foi evidenciado quando entre os alunos
debateram quais os motivos que fizeram somar tantos pontos. Mesmo tendo uma
clientela de alunos de vários estratos sociais, percebe-se que a média de consumo é
elevada.
Para efetivar esta implementação foi novamente introduzidas as mesmas
questões problematizadoras do início, e para surpresa, todos os alunos souberam
responder as questões, uns com mais riqueza de detalhes outros de forma mais
simples, pude perceber que de maneira geral a sementinha está plantada e
devemos também sempre lembrar das atitudes ambientalmente corretas e que
sejam repassadas para que surta os efeitos desejados, que é de manter o planeta
habitável para as futuras gerações.
Como Diz Justen:
Frente a isto, os trabalhos de campo têm importância significativa, pois levam o aluno a observar e também a questionar seu espaço de vivência, fazendo com que ele produza o seu próprio conhecimento e possa agir e ser um agente transformador desse meio. Poderá, ainda, compreender as relações que existem entre aspectos físicos e humanos no espaço, podendo assim
perceber que o espaço está em constante movimento, ele é dinâmico, não é estático, fragmentado. (JUSTEN, 2009, p. 08).
Foram feitas visitas de campo em uma área de floresta da Empresa
Frimesa, esta foi acompanhada de técnicos e durante o percurso foi explicado como
deve ser uma área protegida, quais os benefícios para o solo, clima, e entorno
desta, puderam verificar a regeneração da natureza neste ambiente, quando
perceberam também que o solo está protegido pela camada de folhas e galhos, que
a área está colaborando para a manutenção da vida tanto da fauna como a flora da
região. As imagens que captaram foram essenciais para demonstrar o que
aprenderam sobre sustentabilidade e regeneração da natureza. Esta visita instigou
os alunos a perceberem que uma área de preservação pode restabelecer a fauna e
também a flora da região, protegendo o solo e as nascentes, mantendo a qualidade
da água e do solo.
Durante o percurso perceberam as lixeiras apropriadas para os diversos tipos
de lixo (figura 2), neste contexto, foi abordado a importância de recolher o lixo
produzido e separado, para posterior aproveitamento na reciclagem. Os alunos
puderam perceber que em vários ambientes pode ser feita a separação dos vários
tipos de resíduos.
Figura 2: Lixeiras para depósito de lixos recicláveis
Fonte: Arquivo pessoal B.T.
A figura 3 identifica a diversidade de vegetação e sua regeneração trazendo
as questões de proteção do solo, e manutenção de espécies da região, onde
percebe-se que para extrair tal imagem é necessário conhecimento sobre
diversidade biológica, solo, água entre outros fatores interligados. Percebendo a
importância da preservação de áreas remanescente, como esta, os alunos
destacaram a diversidade de espécies da flora, que existe nesta área e que sua
manutenção depende de ações conjuntas de empresas e pessoas. E que se estas
áreas forem destruídas, muitas espécies da fauna e da flora, poderão ser extintas.
Figura 03 - Diversidade de vegetação e sua regeneração e manutenção de espécies da região.
Fonte: Arquivo pessoal Prof. Salete
Outra questão que foi possível abordar com os alunos foi sobre o solo, que é
composto entre outros elementos de uma grande variedade de sementes, que se
mantém durante muito tempo e quando há possibilidade elas nascem (figura 4). Esta
imagem foi captada com o intuito de mostrar a quantidade de sementes contidas no
solo que nascem naturalmente. Concluindo que o solo é um organismo vivo e que
pode guardar inúmeras sementes capazes de restituir a flora da região.
Figura 4:Recomposição da vegetação a partir de sementes contidas no solo.
Fonte : Arquivo pessoal Prof. Salete
Durante a visita os alunos tiveram a possibilidade de verificar o tratamento
adequado da água para ser destinado aos cursos de água. Na figura 5, é observado
a represa de tratamento da empresa frigorífica e o cuidado para não contaminar o
solo e o lençol freático. Ao verificar este local, os alunos puderam assimilar os
conhecimentos vistos em sala de aula como por exemplo, o risco de contaminação
do lençol freático e o destino adequado desses na natureza.
Figura 5: Represa de tratamento da água dentro da FRIMESA.
Fonte: Arquivo pessoal G.T.
Para analisar problemas causados pelo mau uso do solo, fomos visitar uma
outra localidade, numa propriedade agrícola nas imediações da cidade de
Medianeira, próximo ao Bairro Belo Horizonte. Aqui representada pela Figura 06.
Nesta propriedade é possível identificar muito bem a nas proximidades do plantio a
existência de uma ravina, possivelmente formada a partir da ausência de técnicas de
combate a erosão, por meio da concentração de águas pluviais. Ocasionando
grande perda de solo e prejuízo agrícola, além de ser depósito de lixo de vários
tipos, o que proporciona depredação do meio ambiente e contaminação do solo e
cursos de água.
Figura 6: Propriedade agrícola com ravinas e nela depósitos de resíduos sólidos.
Fonte: Arquivo pessoal C.F.
Dando continuidade a saída de campo, os alunos perceberam a importância
de utilizar madeira de reflorestamento para fornecer energia para aquecedores e
fornos da cooperativa (figura 7). Com isso aprenderam que a vegetação natural deve
ser preservada. É uma prática sustentável, pois as plantas são cultivadas
especificamente para este fim, o que demonstra preocupação com o meio
ambiente. Com a utilização da madeira de reflorestamento não corre-se o risco de
usar madeira proveniente de corte ilegal.
Figura 7: Área com presença de madeiras de reflorestamento empilhadas.
Fonte: Arquivo pessoal Prof. Salete
Logo em diante, pudemos observar o uso de adubação orgânica (figura 8),
onde foi possível visualizar o cultivo sem a utilização de agrotóxicos e fertilizantes
químicos, além dos alunos aprenderam outras técnicas para o controle de pragas
além daquelas que associam uma cultura a outra.
A adubação orgânica além de beneficiar a produção, melhoram a aeração e
ajudam na retenção de umidade e na drenagem do excesso de água no solo,
evitando a erosão. Além de perceberem que os produtos químicos causam mal a
saúde e contaminam o solo, prejudicando o bem estar. A compostagem é feita com
matéria orgânica animal e vegetal.
Figura 9: Solo preparado com adubo orgânico
Fonte: Arquivo pessoal Aluna G.B.
Dando seguimento, fomos observar as árvores plantadas ao redor da área
cultivada, o chamado quebra-vento, que diminui sensivelmente a incidência das
doenças de insetos trazidas pelo vento, serve como barreira natural para proteger a
vegetação das propriedades vizinhas que são tradicionais e dos ventos frios na
estação do inverno (figura 9).
Ao observar a paisagem a percepção por parte dos alunos é que a área
cultivada sofre menor interferência das áreas vizinhas que não são tradicionais e
que podem prejudicar o cultivo orgânico, por isso faz-se necessário tal utilização.
Figura 10: Plantação de Quebra vento ao lado do cultivo.
Fonte: Arquivo pessoal aluna D.Z.
Durante a visita, os alunos se apropriaram de conhecimentos sobre irrigação
e a utilização de água de poço. Toda água utilizada para irrigação das plantas
provém do poço da propriedade.
Perguntas como: Quando e porque irrigar? Estavam embutidos vários
conhecimentos que vão deste o tipo de cultivo praticado, a época do ano e o modelo
de irrigação utilizado. A irrigação é feita por gotejamento que propicia a economia de
água. Por meio destes, o aluno percebe que técnicas simples, mas eficientes, são
capazes de efetuar grandes avanços para a produção de vário tipos de produtos
principalmente hortifrutigranjeiros, como observamos na figura 10.
Figura 10: Produção de diversos produtos hortifruti.
Fonte: Arquivo pessoal aluna B.M.
O cultivo de hortaliças é feito associado às ervas que nascem naturalmente,
para proteger das pragas. A figura 11 foi capturada com objetivo de mostrar a
harmonia que há entre ervas daninhas e as plantas comerciais. O aluno percebeu
que quando ervas daninhas crescem juntamente a planta comercial, elas dificultam e
até inibem o ataque de pragas e se desenvolve melhor. Nesta saída de campo os
alunos aprenderam também que não retirar as ervas daninhas pode melhorar a
produtividade.
Figura 11: Plantação de alfaces com ervas daninhas
Fonte: Arquivo pessoal aluna E.M.
A figura 12 demonstra a capacidade de regeneração da natureza que ocorre
naturalmente no decorrer do tempo, e se realiza em todos os tipos de vida que se
desenvolve na natureza.
O aluno atento ao espaço que vive, percebe que ao seu redor, em espaços
diversos, a natureza se reinventa a sua maneira, se adequando para se manter,
soltando galhos, brotos, raízes, se fortalecendo para sobreviver. Para chegar a
essas conclusões os alunos tiveram a sensibilidade de observar ao seu redor
concluindo que toda forma de vida necessita de tempo e espaço para se recompor.
Figura 12: Capacidade de regeneração da natureza.
Fonte: Arquivo pessoal Prof. Salete
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Este artigo é o resultado da implementação da Unidade Didática elaborada e
objetivada a fortalecer nos alunos ações socioambientais sustentáveis, capazes de
amenizar os impactos da geração consumista e produtora de resíduos, que sejam
capazes de minimizar os impactos, vivendo de forma harmoniosa com o meio. Ser
capaz de restabelecer esta harmonia, e repassar para outros os benefícios que as
ações positivas são capazes de efetivar.
Não podemos ser neutros e ver os problemas que afetam o mundo e ficarmos
inertes, devemos tomar decisões e participar ativamente com ações em benefício
próprio e do ambiente.
...meu papel no mundo não é o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da história mas seu sujeito igualmente. No mundo da história, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar. No próprio mundo físico minha constatação não me leva a impotência. O conhecimento sobre os terremotos desenvolveu toda uma engenharia que nos ajuda a sobreviver, não podemos eliminá-los mas podemos diminuir os danos que nos causam. Constatando nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela. É por isso também que não me parece possível nem aceitável a posição ingênua ou, pior astutamente neutra de quem estuda, seja o físico, o biólogo, o sociólogo, o matemático, ou o pensador da educação. Ninguém pode estar no mundo, com o mundo e com os outros de forma neutra. Não posso estar no mundo de luvas nas mãos constatando apenas. A acomodação em mim é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção na realidade (FREIRE, 1996, P. 85,86).
E como professor o principal objetivo é incitar o aluno a aprender, usando de
artifícios para despertar o interesse pelo aprendizado.
(...) meu papel como professor, ao ensinar o conteúdo a ou b, não é apenas o de me esforçar para, com clareza máxima, descrever a substantividade do conteúdo para que o aluno fixe. Meu papel fundamental, ao falar com clareza sobre o objeto, é incitar o aluno a fim de que ele, com os materiais, que ofereço, produzam a compreensão do objeto em lugar de recebê-la, na íntegra de mim. Ele precisa de se apropriar da inteligência do conteúdo para que a verdadeira relação de comunicação de estabeleça. (FREIRE, 1996, p. 143).
A construção do conhecimento se dá quando o aluno consegue dar
significado ao que aprende e passa a praticar de forma crítica e objetiva no seu dia a
dia.
Nós educadores e a sociedade, sabemos por meio de diversas mídias quais
os problemas enfrentados pela sociedade e sabemos também quais são as
melhorias que podemos empreender. E devemos tomar a iniciativa em nossa tarefa
diária de propor mudanças que proporcione um planeta mais saudável para todos.
Foi possível constatar que com a manutenção dos recursos ambientais é
viável a agricultura sustentável, garantindo a sustentabilidade ambiental,
econômica e social. E proporcionou um conhecimento mais elaborado para que
pudessem utilizar os recursos sem destruí-los de maneira conjunta e que essa
relação possa contribuir para o equilíbrio e manutenção da vida no Planeta.
REFERÊNCIAS:
BRÜGGER, P. Educação ou adestramento ambiental? 3. ed. Chapecó: Argos\Letras Contemporâneas, 2004, p. 199. CHAMI, Luciane Belmonte, Vegetação e Mecanismos de Regeneração Natural em Diferentes Ambientes da Floresta Ombrófila Mista na Flona de São Francisco de Paula, RS, Universidade Federal de Santa Maria, disponível em http://www.vsdani.com/ppgef/tesesdissertacoes/DISSERTACAO%20Luciane%20Belmonte%20Chami.pdf acessado em 15.ago.13 FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia.19ª Edição. São Paulo: editora Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo, Pedagogia da Indignação.6ª reimpressão. São Paulo: Editora Unesp, 2000. JUSTEN, Rosangela, Importância dos Trabalhos de Campo na Disciplina – Geografia: Um Olhar sobre a Prática Escolar em Ponta Grossa (PR), Unicamp, 2009, disponível em http://www.agb.org.br/XENPEG/artigos/GT/GT4/tc4%20(64).pdf acessado em 15.ago.13 LEFF, H. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade e poder. Petrópolis: Vozes. 2001. p. 343. MONTIBELLER FILHO, G. O mito do desenvolvimento Sustentável: meio ambiente e custos sociais no moderno sistema produtor de mercadorias. Florianópolis: Ed. Da UFCS, 2004. NASSIF, V. M. J.; et al. Afinal, quem é o Líder voltado aos Princípios do Desenvolvimento Sustentável? ENCONTRO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO, XXVIII., 2004, Curitiba. Anais... REIGOTA. M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2006.