O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

4
7/25/2019 O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja http://slidepdf.com/reader/full/o-formato-biblico-da-historia-da-salvacao-e-seu-cumprimento-em-jesus-e 1/4 O formato bíblico da história da salvação e seu cumprimento em Jesus e na igreja Frank Thielman Como Lucas entende o elo entre a promessa e o cumprimento? Reformulando a pergunta: Porque Lucas presume que os cristãos aos quais escrevia, a maior parte deles gentios, poderiam se considerar participantes do cumprimento escatolgico das promessas feitas nas !scrituras a "srael? #e pudermos presumir que a teologia de Lucas condi$ com os pronunciamentos de %esus e dos primeiros cristãos, então, uma figura ra$oavelmente clara emergir& a respeito de como, no pensamento de Lucas, os per'odos de %esus e da igre(a constituem o cumprimento do per'odo de "srael) Criação e idolatria * entendimento de Lucas a respeito da histria da salva+ão tem in'cio onde a '-lia come+a . com o relato de /0nesis so-re a cria+ão do universo e de todos os povos da terra) !le não apenas tra+a a linhagem de %esus at1 2dão 3Lc 4)456, mas tam-1m destaca, com certa freq70ncia, que 8eus criou 9os c1us, a terra, o mar e tudo o que neles h&; 32t <)=<> <)@> AB=<> cf) /n )B=@6) 8eus fe$ o primeiro homem 32t A)=> cf) /n )=,=A> =)A6, e assim como 2dão era filho de 8eus 3Lc 4)456, tam-1m todos os povos descendiam de 8eus 32t A)=56) 8eus criou todos os grupos 1tnicos a partir de 2dão e concedeuBlhes um lugar para ha-ita+ão, com suas esta+Des cronolgicas e limites geogr&ficos 32t A)=> cf) #" A<)A6)4 8eus supriu todos os povos com chuvas, colheitas, alimentos e os pra$eres da vida 32t <)A> A)=@> cf) /n )=5B4E6) !sses sinais de sua provid0ncia e so-erania deveriam ter condu$ido esses povos adora+ão divina 32t A)=A6, por1m as pessoas come+aram a adorar 'dolos 32t <)@> A)=4,=G> cf) #- 4)BG6) A rebelião de Israel e o propósito divino de salvação Lucas tam-1m sa-e que, segundo /0nesis, 8eus concentrou seus propsitos salv'ficos em um grupo 1tnico, os descendentes de 2-raão, com quem esta-eleceu uma alian+a 32t 4)=@> cf) Lc )@<,@@,A4> 2t A)=B@> 4)A6)4= 8e acordo com /0nesis ==)5 e =)<, essa alian+a possu'a tr0s termos: 6 8eus daria muitos descendentes a 2-raão, =6 esses descendentes possuiriam Has cidades de seus inimigos;, e 46 por meio desses descendentes 9todas as na+Des da terra; seriam 9a-en+oadas;) Lucas se interessa especialmente pelo terceiro termo dessa alian+a, porque ele oferece o elo decisivo entre os cristãos de origem gent'lica, aos quais 8eus a-en+oou pela inclusão em seu povo por meio do evangelho, e o povo (udeu, com o qual 8eus esta-elecera inicialmente sua alian+a e cu(os profetas falaram do Iessias que poderia ser identificado apenas com %esus) Lucas cr0 que a histria do relacionamento de 8eus com o povo da alian+a revela a persist0ncia dele na re(ei+ão de seus mensageiros e da permanente o-ra de 8eus, a despeito dessas re(ei+Des, de reali$ar seu o-(etivo de a-en+oar todas as na+Des da terra por meio de "srael) !stevão conta a histria da re(ei+ão, por parte de "srael, do propsito divino de salva+ão em seu longo discurso encontrado em 2tos A)=B@4) 8epois do per'odo dos patriarcas, di$ !stevão, a histria de "srael 1 o relato de uma espiral descendente da re(ei+ão das tentativas divinas de salv&Blos) *s irmãos de %os1 vendemBno ao !gito) L&, os escravi$ados filhos de "srael repelem Iois1s, questionando sua (usti+a, deso-edecendo s suas instru+Des e dese(ando retornar escravidão no !gito 3cf) 4)56) 8epois de terem rece-ido a promessa divina de uma terra e terem erigido a 8eus um templo, eles equivocadamente conclu'ram que 8eus ha-itava ali) !les tam-1m perseguiram e mataram os profetas) !ssa perspectiva pessimista da histria de "srael no discurso de !stevão coincide com a perspectiva de %esus no evangelho de Lucas) Jsando material que pode ter sido retirado da fonte hipot1tica K, Lucas registra duas ve$es a advert0ncia de %esus de que %erusal1m e seus l'deres permaneciam na tradi+ão de seus 9pais; que assassinaram os profetas 3Lc )<AB@> 4)4<> cf) It =4)=GB4A6) 8e forma similar, em uma passagem eclusiva do evangelho de Lucas, %esus se recusa a interromper sua (ornada a %erusal1m com a seguinte afirma+ão: 9Certamente nenhum profeta deve morrer fora de %erusal1m; 3Lc 4)4B446) Todavia, (unto com esse relato da deso-edi0ncia a 8eus e da re(ei+ão de seus propsitos salv'ficos, Lucas conta tam-1m a histria inspiradora da marcha cont'nua da inten+ão divina de cumprir esse propsito) 2 primeira parte do sermão de Paulo na sinagoga de 2ntioquia da Pis'dia em 2tos 4)MB== 1 a contraparte positiva do discurso de !stevão) Paulo recorda a seus ouvintes que 8eus escolheu os patriarcas, aumentou a popula+ão de seu povo no !gito, tirouBos poderosamente da escravidão naquela terra e os troue a Canaã, onde ele destruiu os ocupantes e esta-eleceu seu povo) 2li ele proveu l'deres na terra: (u'$es, o profeta #amuel e reis) !ntre os reis, o mais not&vel foi 8avi, homem totalmente devotado a 8eus) Lucas une esse relato positivo do relacionamento de 8eus com uma avalia+ão positiva da histria de "srael nas duas maiores ora+Des de louvor na narrativa da infNncia) !m sua ora+ão, Iaria fala da misericrdia divina de gera+ão a gera+ão 3Lc )@E6, dos poderosos atos reali$ados por 8eus 3)@=,@46 e de como ele reali$ou tudo isso por seu 9servo "srael;, os descendentes de 2-raão 3)@<,@@6) 8e forma similar, a -0n+ão de Oacarias fala da 9santa alian+a; que 9o #enhor, o 8eus de "srael; esta-eleceu por meio de um (uramento feito a 2-raão de salvar seu povo dos inimigos deles 3)5,A=BA@6) Jesus como ponto de convergência das duas histórias !ssas duas vias, a negativa e a positiva . uma segue o propsito divino de salva+ão para seu povo e a outra segue a re(ei+ão de "srael do propsito divino ., encontramBse em %esus de a$ar1, por quem Lucas possui um interesse especial ao apresentar como o ReiBIessias de "srael, o #ervo #ofredor e o profeta escatolgico) O ei!"essias de Israel %esus 1 o 9Filho do 2lt'ssimo; e o prometido 9Filho de 8avi; que, segundo as profecias de =#amuel A)-B e "sa'as G)A, 9reinar& para sempre so-re o povo de %ac; 3Lc )4B44, G,AE> =)4E> 2t 4)=46) !le 1, portanto, o Iessias a quem os (udeus, de forma geral, esperavam vir como instrumento divino prim&rio para a salva+ão de seu povo 3Lc =),=>

Transcript of O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

Page 1: O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

7/25/2019 O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

http://slidepdf.com/reader/full/o-formato-biblico-da-historia-da-salvacao-e-seu-cumprimento-em-jesus-e 1/4

O formato bíblico da história da salvação e seu cumprimento em Jesus e na igreja

Frank Thielman

Como Lucas entende o elo entre a promessa e o cumprimento? Reformulando a pergunta: Porque Lucas presume queos cristãos aos quais escrevia, a maior parte deles gentios, poderiam se considerar participantes do cumprimentoescatolgico das promessas feitas nas !scrituras a "srael? #e pudermos presumir que a teologia de Lucas condi$ comos pronunciamentos de %esus e dos primeiros cristãos, então, uma figura ra$oavelmente clara emergir& a respeito de

como, no pensamento de Lucas, os per'odos de %esus e da igre(a constituem o cumprimento do per'odo de "srael)

Criação e idolatria

* entendimento de Lucas a respeito da histria da salva+ão tem in'cio onde a '-lia come+a . com o relato de/0nesis so-re a cria+ão do universo e de todos os povos da terra) !le não apenas tra+a a linhagem de %esus at1 2dão3Lc 4)456, mas tam-1m destaca, com certa freq70ncia, que 8eus criou 9os c1us, a terra, o mar e tudo o que neles h&;32t <)=<> <)@> AB=<> cf) /n )B=@6) 8eus fe$ o primeiro homem 32t A)=> cf) /n )=,=A> =)A6, e assim como 2dãoera filho de 8eus 3Lc 4)456, tam-1m todos os povos descendiam de 8eus 32t A)=56) 8eus criou todos os grupos1tnicos a partir de 2dão e concedeuBlhes um lugar para ha-ita+ão, com suas esta+Des cronolgicas e limitesgeogr&ficos 32t A)=> cf) #" A<)A6)4 8eus supriu todos os povos com chuvas, colheitas, alimentos e os pra$eres davida 32t <)A> A)=@> cf) /n )=5B4E6) !sses sinais de sua provid0ncia e so-erania deveriam ter condu$ido essespovos adora+ão divina 32t A)=A6, por1m as pessoas come+aram a adorar 'dolos 32t <)@> A)=4,=G> cf) #- 4)BG6)

A rebelião de Israel e o propósito divino de salvação

Lucas tam-1m sa-e que, segundo /0nesis, 8eus concentrou seus propsitos salv'ficos em um grupo 1tnico, osdescendentes de 2-raão, com quem esta-eleceu uma alian+a 32t 4)=@> cf) Lc )@<,@@,A4> 2t A)=B@> 4)A6)4= 8e acordocom /0nesis ==)5 e =)<, essa alian+a possu'a tr0s termos: 6 8eus daria muitos descendentes a 2-raão, =6 essesdescendentes possuiriam Has cidades de seus inimigos;, e 46 por meio desses descendentes 9todas as na+Des daterra; seriam 9a-en+oadas;) Lucas se interessa especialmente pelo terceiro termo dessa alian+a, porque ele oferece oelo decisivo entre os cristãos de origem gent'lica, aos quais 8eus a-en+oou pela inclusão em seu povo por meio doevangelho, e o povo (udeu, com o qual 8eus esta-elecera inicialmente sua alian+a e cu(os profetas falaram do Iessiasque poderia ser identificado apenas com %esus)

Lucas cr0 que a histria do relacionamento de 8eus com o povo da alian+a revela a persist0ncia dele na re(ei+ão deseus mensageiros e da permanente o-ra de 8eus, a despeito dessas re(ei+Des, de reali$ar seu o-(etivo de a-en+oartodas as na+Des da terra por meio de "srael) !stevão conta a histria da re(ei+ão, por parte de "srael, do propsitodivino de salva+ão em seu longo discurso encontrado em 2tos A)=B@4) 8epois do per'odo dos patriarcas, di$ !stevão, ahistria de "srael 1 o relato de uma espiral descendente da re(ei+ão das tentativas divinas de salv&Blos) *s irmãos de%os1 vendemBno ao !gito) L&, os escravi$ados filhos de "srael repelem Iois1s, questionando sua (usti+a,deso-edecendo s suas instru+Des e dese(ando retornar escravidão no !gito 3cf) 4)56) 8epois de terem rece-ido a

promessa divina de uma terra e terem erigido a 8eus um templo, eles equivocadamente conclu'ram que 8eus ha-itavaali) !les tam-1m perseguiram e mataram os profetas)

!ssa perspectiva pessimista da histria de "srael no discurso de !stevão coincide com a perspectiva de %esus noevangelho de Lucas) Jsando material que pode ter sido retirado da fonte hipot1tica K, Lucas registra duas ve$es aadvert0ncia de %esus de que %erusal1m e seus l'deres permaneciam na tradi+ão de seus 9pais; que assassinaram osprofetas 3Lc )<AB@> 4)4<> cf) It =4)=GB4A6) 8e forma similar, em uma passagem eclusiva do evangelho de Lucas,%esus se recusa a interromper sua (ornada a %erusal1m com a seguinte afirma+ão: 9Certamente nenhum profeta devemorrer fora de %erusal1m; 3Lc 4)4B446)

Todavia, (unto com esse relato da deso-edi0ncia a 8eus e da re(ei+ão de seus propsitos salv'ficos, Lucas contatam-1m a histria inspiradora da marcha cont'nua da inten+ão divina de cumprir esse propsito) 2 primeira parte dosermão de Paulo na sinagoga de 2ntioquia da Pis'dia em 2tos 4)MB== 1 a contraparte positiva do discurso de!stevão) Paulo recorda a seus ouvintes que 8eus escolheu os patriarcas, aumentou a popula+ão de seu povo no!gito, tirouBos poderosamente da escravidão naquela terra e os troue a Canaã, onde ele destruiu os ocupantes eesta-eleceu seu povo) 2li ele proveu l'deres na terra: (u'$es, o profeta #amuel e reis) !ntre os reis, o mais not&vel foi8avi, homem totalmente devotado a 8eus)

Lucas une esse relato positivo do relacionamento de 8eus com uma avalia+ão positiva da histria de "srael nas duasmaiores ora+Des de louvor na narrativa da infNncia) !m sua ora+ão, Iaria fala da misericrdia divina de gera+ão agera+ão 3Lc )@E6, dos poderosos atos reali$ados por 8eus 3)@=,@46 e de como ele reali$ou tudo isso por seu 9servo"srael;, os descendentes de 2-raão 3)@<,@@6) 8e forma similar, a -0n+ão de Oacarias fala da 9santa alian+a; que 9o#enhor, o 8eus de "srael; esta-eleceu por meio de um (uramento feito a 2-raão de salvar seu povo dos inimigos deles3)5,A=BA@6)

Jesus como ponto de convergência das duas histórias

!ssas duas vias, a negativa e a positiva . uma segue o propsito divino de salva+ão para seu povo e a outra segue are(ei+ão de "srael do propsito divino ., encontramBse em %esus de a$ar1, por quem Lucas possui um interesseespecial ao apresentar como o ReiBIessias de "srael, o #ervo #ofredor e o profeta escatolgico)

O ei!"essias de Israel

%esus 1 o 9Filho do 2lt'ssimo; e o prometido 9Filho de 8avi; que, segundo as profecias de =#amuel A)-B e "sa'asG)A, 9reinar& para sempre so-re o povo de %ac; 3Lc )4B44, G,AE> =)4E> 2t 4)=46) !le 1, portanto, o Iessias a quemos (udeus, de forma geral, esperavam vir como instrumento divino prim&rio para a salva+ão de seu povo 3Lc =),=>

Page 2: O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

7/25/2019 O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

http://slidepdf.com/reader/full/o-formato-biblico-da-historia-da-salvacao-e-seu-cumprimento-em-jesus-e 2/4

<)<> G)=E> 2t =)4> 4)=E> @)<=> 5)@> G)==> A)4> 5)@,=56) Todavia, nesse ponto alto da o-ra divina de salva+ão a favor deseu povo, a re(ei+ão de seu propsito misericordioso alcan+a o ponto mais -aio) Paulo conclui o sermão na sinagogade 2ntioquia da Pis'dia, com um panorama positivo da histria da salva+ão com a seguinte acusa+ão:

* povo de %erusal1m e seus governantes não reconheceram %esus, mas, ao conden&Blo, cumpriram aspalavras dos profetas que são lidas todos os s&-ados) Iesmo não achando motivo legal para umasenten+a de morte, pediram a Pilatos que o mandasse eecutar 32t 4)=A,=5> cf) =)=4-> 4)4-B@,A><)E,=A> @)4E> E)45,4G6)

Jesus# o $ervo $ofredor 

Lucas tam-1m considera %esus o #ervo do #enhor, a quem "sa'as, o profeta, descreveu)4@ !m um con(unto depassagens sem paralelos nos outros evangelhos, Lucas identifica %esus com o #ervo de modo epl'cito e impl'cito)#imeão fala do menino %esus como 9lu$ para revela+ão aos gentios e para a glria de "srael; 3Lc =)4=6, relem-rando opapel do servo de "sa'as de acordo com "sa'as <G):

9Para voc0 1 coisa pequena demais ser meu servo para restaurar as tri-os de %ac e tra$er de voltaaqueles de "srael que eu guardei) Tam-1m farei de voc0 uma lu$ para os gentios, para que voc0 leve aminha salva+ão at1 os confins da terra; 3cf) "s <=)6)

Pouco antes de ser preso, o prprio %esus di$ que a descri+ão do apuro do #ervo de "sa'as @4)= 39foi contado entre ostransgressores;6 ser& cumprida nele 3Lc ==)4A6) Iais tarde, Filipe eplica ao eunuco et'ope que %esus cumpriu outroaspecto do apuro do #ervo:

!le foi levado como ovelha para o matadouro, e como cordeiro mudo diante do tosquiador, ele nãoa-riu sua -oca) !m sua humilha+ão foi privado de (usti+a) Kuem pode falar de seus descendentes?Pois sua vida foi tomada da terra 32t 5)4=,44> cf "s @4)A,5> LQQ6)

!ssas identifica+Des epl'citas de %esus com o #ervo de "sa'as devem, provavelmente, levarBnos a entender asrefer0ncias a %esus como o 9servo; de 8eus em 2tos 4 e < 34)4,=> <)=A,4E6 e tam-1m como ecos dos CNnticos do#ervo)

Lucas <)B==, outra passagem am-'gua, tam-1m 1, provavelmente, uma afirma+ão de que %esus cumpre o papel do#ervo de "sa'as) 2qui %esus prega um sermão so-re "sa'as ),= na sinagoga de a$ar1, onde morava)

* !sp'rito do #enhor est& so-re mim, porque ele me ungiu para pregar -oas novas aos po-res) !le meenviou para proclamar li-erdade aos presos e recupera+ão da vista aos cegos, para li-ertar osoprimidos, e proclamar o ano da gra+a do #enhor)

%esus alega ser aquele em quem se cumprem as epectativas dessa passagem) 2pesar de Lucas nunca identificar o

pronome 9me; da passagem eplicitamente como o #ervo do #enhor, ele fa$ ecoar o primeiro CNntico do #ervo) essecNntico, 8eus di$ que por& seu !sp'rito no #ervo 3"s <=)6, e que o #ervo a-rir& 9os olhos aos cegos; e li-ertar& 9daprisão os cativos; 3<=)A6) Pelo fato de Lucas ter familiaridade com o primeiro CNntico do #ervo e consider&Bloimportante para o entendimento da missão de %esus 3Lc=)4=6, ele provavelmente tam-1m entende "sa'as ),= lu$do papel do #ervo de %esus)

!ssa passagem tam-1m pode representar o momento em que os conceitos messiNnicos e o papel do #ervoconvergem no pensamento de Lucas) !m "sa'as ), o narrador afirma que o #enhor o 9ungiu;, e, na LQQ, a palavra9ungido; tornaBse echrisen, ver-o que Lucas usa em outras passagens para com refer0ncia a %esus 32t <)=A> E)456)Lucas est& -em cnscio da coneão entre esse ver-o e o su-stantivo 9Cristo;, tradu+ão do he-raico 9Iessias; 32t<)=,=A6) S lu$ disso, Lucas pode ter entendido o cumprimento de %esus do papel do 9ungido; de "sa'as ) como ocumprimento do papel messiNnico)

#e Lucas tam-1m pensa que o narrador de "sa'as ),= 1 o #ervo, e se o sofrimento 1 parte importante da missão do#ervo 3Lc ==)4A> 2t 5)4=,446, então 1 f&cil perce-er como Lucas pode di$er, segundo as !scrituras, que o Iessiassofrer& 3Lc =<)=> 2t 4)5> A)4> =)=46) 8a perspectiva de Lucas, "sa'as demonstrou a identidade do #ervo e do

Iessias, e isso significa que suas descri+Des do sofrimento do #ervo de "sa'as tam-1m predisseram o sofrimento doIessias)

Todavia, no ponto culminante da histria da salva+ão, quando o #ervo tão esperado chegou, "srael o re(eitou em lugarde rece-0Blo) "mediatamente aps a identifica+ão do menino %esus como #ervo de 8eus, #imeão pronuncia umaepressão sinistra:

9!ste menino est& destinado a causar a queda e o soerguimento de muitos em "srael, e a ser um sinalde contradi+ão, de modo que o pensamento de muitos cora+Des ser& revelado) Kuanto a voc0 IariaU,uma espada atravessar& a sua alma; 3Lc =)4<,4@6)

8e forma similar, logo aps se identificar com o narrador de "sa'as )B4, os ha-itantes da cidade de %esus ficaramtão enraivecidos por seus coment&rios positivos so-re os nãoBisraelitas que tentaram linch&Blo 3Lc <)=<B4E6) %esus deveser 9contado entre os transgressores; porque os principais sacerdotes e oficiais da guarda do templo em -reve oprenderão 3==)4A6) *s 9homens de "srael; entregam 9%esus, o servo; de 8eus para ser morto 32t 4)4> cf) <)=A6)

Jesus# o profeta escatológico

%esus não era somente o Iessias e o #ervo esperado, mas tam-1m o profeta a respeito de quem Iois1s falara aoanunciar ao povo de "srael em 8euteronmio 5)@BG:

Page 3: O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

7/25/2019 O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

http://slidepdf.com/reader/full/o-formato-biblico-da-historia-da-salvacao-e-seu-cumprimento-em-jesus-e 3/4

* #enhor, o seu 8eus, levantar& do meio de seus prprios irmãos um profeta como eu> ou+amBno) Poisfoi isso que pediram ao #enhor, o seu 8eus, em Vore-e, no dia em que se reuniram, quando disseram:9ão queremos ouvir a vo$ do #enhor, do nosso 8eus, nem ver o seu grande fogo, se não morremos;)* #enhor me disse: 9!les t0m ra$ão Levantarei do meio dos seus irmãos um profeta como voc0> poreiminhas palavras na sua -oca, e ele lhes dir& tudo o que eu lhe ordenar) #e algu1m não ouvir as minhaspalavras, que o profeta falar& em meu nome, eu mesmo lhe pedirei contas;)

 2pesar de Lucas pensar em %esus como um profeta no sentido gen1rico do termo 3Lc A)> G)5,G> =<)G> 4)446, etam-1m como 9um grande profeta; 3A)6 como !lias e !liseu 3<)=@B=A6, ele tem um interesse especial no cumprimentodo papel de %esus como o profeta semelhante a Iois1s) Como nos outros evangelhos sinticos, Lucas sugere essaidentifica+ão quando, na transfigura+ão, 8eus ordena que Pedro, %oão e Tiago 9ou+am; 3Lc G)4@> cf) It A)@> Ic G)A>tam-1m 8t 5)@,G6 %esus, que est& na presen+a de Iois1s) Lucas da 0nfase especial, entretanto, ao identificar otpico da conversa de %esus com !lias e Iois1s como 9a partida 0odosU de %esus, que estava para se cumprir em%erusal1m; 3G)46) Como Iois1s, %esus liderou o 0odo do povo de 8eus quando 9partiu resolutamente em dire+ão a%erusal1m; uns poucos par&grafos depois 3G)@6)

 2 identifica+ão de %esus com esse profeta escatolgico e o seu significado para Lucas tornamBse mais epl'citos em 2tos, onde Pedro parafraseia 8euteronmio 5)@BG e afirma que as pessoas que re(eitaram %esus são pass'veis damaldi+ão pronunciada contra os que re(eitam o profeta de 8eus de acordo com 8euteronmio 5)G 32t 4)==,=46)<<!stevão tam-1m tem interesse no cumprimento desse papel por %esus) a acusa+ão feita contra "srael, ele se -aseiaem Iois1s 3A)=EB<<6 e o identifica como aquele 9que disse aos israelitas: W8eus lhes levantar& dentre seus irmãos umprofeta como eu; 3A)4A6, uma clara alusão a %esus) 2qui tam-1m os propsitos salv'ficos divinos e a re(ei+ão, da partede "srael, desse propsito se interligam) %esus não 1 apenas outro profeta a morrer em %erusal1m 3Lc 4)44,4<> 2t

A)@=6, mas o profeta semelhante a Iois1s . o qual, como o prprio Iois1s, foi empurrado e re(eitado pelo povo de8eus 32t A)=A,4@,4G6)

!ssa mesma re(ei+ão do Iessias, #ervo e profeta de 8eus, todavia, era parte do 9propsito determinado; 32t =)=46 de8eus para estender a oportunidade de arrependimento e de perdão não somente a "srael, mas a todos os povos emtodos os lugares) 2 re(ei+ão de %esus auiliou esse propsito ao oferecer uma prova irrefut&vel de que %esus era oIessias, porque os profetas haviam predito o sofrimento do Iessias 3Lc ==)==> =<)=,<> 2t 4)5> A)=,4> =)=4,=A6, e8avi dissera que o povo conspiraria contra o ungido do #enhor 32t <)=@,=> cf) #" =),=6) !ssa correspond0ncia entre oque as !scrituras profeti$aram e o que aconteceu na morte de %esus, uma ve$ eplicada, poderia dissipar a dXvida daspessoas que re(eitaram %esus e preparar o caminho para o arrependimento e para o perdão divino dos pecados deles32t 4)ABG6) 2o mesmo tempo, essa correspond0ncia poderia criar certe$a no cora+ão dos seguidores de %esus .seguidores como Tefilo . cu(a f1 em %esus est& -em f irmada 3Lc )4,<> =<)=@B=A,4=6)

A ressurreição e a e%altação de Jesus

!m-ora as alega+Des de que Lucas menospre$a o significado da morte de %esus se(am eageradas, não h& dXvida de

que o acontecimento mais importante da histria da salva+ão para Lucas foi a ressurrei+ão de %esus e sua ealta+ão destra de 8eus) !sses acontecimentos são importantes para Lucas por v&rias ra$Des) !les, da mesma forma que amorte de %esus, cumprem as epectativas de v&rios salmos e de "sa'as e, portanto, confirmam a identidade de %esuscomo o Iessias 3Lc =<)=,=A,<@,<> 2t =)=<B4> 4)4=B45> A)=,4> =)==,=4,=A6)<4 !ssas correspond0ncias a(udamLucas a desenvolver a 9certe$a das coisas; que 9foram ensinadas; 3Lc )<6) 2l1m disso, Lucas conce-e %esusoferecendo arrependimento e perdão de pecados a "srael a partir de sua posi+ão ealtada destra de 8eus 32t@)4E,4> 4)4AB4G6)

 2cima de tudo, por1m, a ressurrei+ão e a ealta+ão de %esus são importantes porque demonstram que 9em %esus; aera da 9ressurrei+ão dos mortos; geral (& tivera in'cio 32t <)=6) !le 1 9o primeiro a ressuscitar dentre os mortos; 3=)=46,e, dessa forma, sua ressurrei+ão inaugura a 1poca da restaura+ão de "srael)< !ste 1 o ponto prim&rio da prega+ão dePaulo em 2tos) Lucas resume a prega+ão de Paulo como 9as -oas novas a respeito de %esus e da ressurrei+ão;3A)5> cf) 4)4=6) as audi0ncias predominantes na parte final de 2tos, Paulo insiste que a questão centrai 1 sua9esperan+a na ressurrei+ão dos mortos; 3=4)> =<)=6, esperan+a correspondente ao 9que 8eus prometeu aos nossosantepassados; 3=)> cf) =<)<6 e s epectativas presentes das 9nossas do$e tri-os; 3=)A,5> cf) =<)@6) Com aressurrei+ão de %esus, iniciaraBse o per'odo da ressurrei+ão geral no qual 8eus cumprir& a 9esperan+a de "srael;

3=5)=E6)Lucas conhece -em o quadro que os profetas -'-licos pintaram so-re esse per'odo da restaura+ão de "srael) !sse 1 otempo em que 8eus não apenas ressuscitar& os mortos, mas tam-1m dar& visão aos cegos, purificar& os leprosos,far& os alei(ados andar e reverter& o estado dos oprimidos 3Lc A)==> cf) "s =)G> 4@)@,> =G)5,G> )6) * tempo emque 8eus esta-elecer& a nova alian+a com seu povo e perdoar& seus pecados 3Lc ==)=E> cf) %r 4)4,4<6) 8eusderramar& seu !sp'rito so-re todo o povo e sua presen+a se far& poderosa e percept'vel entre eles 32t =)A> @)B>G)4> cf) % =)=5,=G> !$ )G> 4)==.4A)<> Oc =)6)

Como (& vimos no eame do entendimento de Lucas acerca da salva+ão, ele est& convencido de que o per'odo darestaura+ão de "srael tam-1m ser& o tempo em que 8eus reconfigurar& seu povo para incluir todos os povos da terra)#er& o tempo em que os marginali$ados e os oprimidos dentre "srael encontrarão aceita+ão e al'vio) *s po-res ouvirãoas -oas novas, os presos serão li-ertados, os cegos energarão, e o ano escatolgico do (u-ileu li-ertar& os oprimidosde sua situa+ão delicada 3Lc <)5,G> A)==> <)=> cf) "s )B46) #er& tam-1m o tempo em que a restaura+ão de "sraelse epandir& para al1m dos limites de "srael e incluir& 9todos os que estão longe; 32t =)4G> 4)=@,=> 4)<> =)=46) 2Palavra do #enhor se epandir& de %erusal1m, para a %ud1ia, a #amaria, at1 os confins da terra para incluir no povorestaurado de 8eus todo o que cr0 sem levar em conta a etnia 3Lc =<)<,<A> 2t )5> cf) E)4B4G6) Portanto, Pedroafirma duas ve$es perante a espantada lideran+a (udaica da igre(a em %erusal1m que o lugar dos gentios no povo de8eus 1 incontest&vel, pois tam-1m eles rece-eram o !sp'rito de 8eus outorgado escatologicamente 32t E).)5>@B56)

Page 4: O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

7/25/2019 O Formato Bíblico Da História Da Salvação e Seu Cumprimento Em Jesus e Na Igreja

http://slidepdf.com/reader/full/o-formato-biblico-da-historia-da-salvacao-e-seu-cumprimento-em-jesus-e 4/4

Lucas afirma que esse conceito procede o das !scrituras de "srael 3Lc =<)<,<A> 2t E)<=,<4> =)==,=46) 2s ve$es, elerevela que as !scrituras são a fonte desse conceito, citando ou aludindo a "sa'as ), =a 3Lc <)5,G> A)==> <)=6,"sa'as <=) 3Lc =)=GB4=6, "sa'as <G) 32t 4)<A6, e 2ms G), = 32t @)4B=> LQQ6) Talve$, al1m desses tetos, eletivesse em mente o padrão refletido em "sa'as =)4 e Iiqu1ias <)=, segundo os quais, nos Xltimos dias:Iuitas na+Des virão, di$endo:

9Yenham, su-amos ao monte do #enhor, ao templo do 8eus de %ac) !le nos ensinar& os seus

caminhos, para que andemos em suas veredas;) Pois a lei vir& de #ião, a palavra do #enhor, de%erusal1m)

!sse movimento da Palavra de 8eus para fora de %erusal1m, em dire+ão s na+Des, articula eatamente o padrãoencontrado no final do evangelho de Lucas e no princ'pio de 2tos) esses dois pontos cr'ticos da narrativa de Lucas,%esus di$ que as !scrituras testificam que 9seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas asna+Des, come+ando por %erusal1m; 3Lc =<)<A6, e s depois disso 1 que os apstolos serão suas testemunhas 9em%erusal1m, em toda a %ud1ia e #amaria, e at1 os confins da terra; 32t )56)

Jma ve$ que 9todos quantos o #enhor, o nosso 8eus, chamar; 32t =)4G6 ouvirão o evangelho, se arrependerão erece-erão o perdão de seus pecados, Lucas cr0 que %esus, o Iessias, voltar& de seu lugar de ealta+ão no c1u e9restaurar& todas as coisas, como falou h& muito tempo, por meio dos seus santos profetas; 32t 4)=6) !sse 1 omomento em que 8eus (ulgar& o mundo todo, quer os (udeus em %erusal1m, quer os gregos em 2tenas, quer vivos,quer mortos, com -ase na resposta de que eles deram proclama+ão a respeito de %esus 3A)5,4> =<)@6) Para os (udeus, ele 1 o profeta semelhante a Iois1s cu(a re(ei+ão significa ser 9eliminado; do povo de 8eus 34)=46) Para osgregos, talve$ ele se(a apenas o (ui$ designado, cu(a posi+ão 8eus confirma mediante o milagre em-as-acante da

ressurrei+ão dos mortos 3A)46) !m qualquer caso 9tanto a (udeus como a gregos, que eles precisam converterBse a8eus com arrependimento e f1 em nosso #enhor %esus; 3=E)=6)

8essa forma, Lucas cr0 que 8eus por& fim aos termos da alian+a por ele esta-elecida com 2-raão, ao prometer: 9Pormeio da sua descend0ncia todos os povos da terra serão a-en+oados; 32t 4)=@6) 2parentemente, o cumprimento dessapromessa tam-1m assinalar& o cumprimento da inten+ão divina de 9restaurar o reino a "srael; 3)> cf) 4)=> Lc =<)=6,e a conclusão dos propsitos salv'ficos de 8eus . tanto os referentes, de modo espec'fico, a seu povo quanto osrelativos cria+ão, de modo geral)

esumo

Lucas conce-e a histria da salva+ão como o plano de 8eus para perdoar os pecados de suas criaturas re-eladas .gentios e (udeus) *s gentios necessitam do perdão divino por terem incorrido na idolatria, e os (udeus precisam delepela re(ei+ão dos mensageiros de 8eus, especialmente seu preeminente mensageiro, %esus, que desempenhou ospap1is de ReiBIessias, #ervo #ofredor e profeta escatolgico) 2gora, com a ressurrei+ão e a ealta+ão de %esus,chegou o tempo para o arrependimento e o perdão, em primeiro lugar para o povo especial de 8eus . "srael . e, na

seq70ncia, para 9todas as na+Des;) %udeus e gentios que se arrependerem de seus pecados e rece-erem o perdãodivino rece-erão um lugar entre o povo de 8eus quando o Iessias %esus vier para 9restaurar o reino a "srael; e 9(ulgaro mundo com (usti+a;) Lucas entende esse plano todo, do come+o ao fim, como nada mais que o plano de 8eusrevelado na lei de Iois1s, nos Profetas e nos #almos)