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Wilton Palmeira Maia O GERENCIAMENTO ORIENTADO PARA O EQUIPAMENTO – APLICAÇÃO DO PROGRAMA TPM (MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL) PARA MAXIMIZAR O USO DOS ATIVOS Taubaté - SP 2002

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Wilton Palmeira Maia

O GERENCIAMENTO ORIENTADO PARA O EQUIPAMENTO – APLICAÇÃO DO PROGRAMA

TPM (MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL) PARA MAXIMIZAR O USO DOS ATIVOS

Taubaté - SP

2002

1

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e

Secretariado

O GERENCIAMENTO ORIENTADO PARA O EQUIPAMENTO – APLICAÇÃO DO PROGRAMA

TPM (MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL) PARA MAXIMIZAR O USO DOS ATIVOS

Wilton Palmeira Maia

Projeto de monografia apresentada ao

Departamento de Economia, Contabilidade,

Administração e Secretariado da

Universidade de Taubaté, como parte dos

requisitos para aprovação no Curso de

MBA em Gerência de Produção

Orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Mello

Taubaté - SP

2002

2

COMISSÃO JULGADORA

Data: _________________

Resultado: __________________

Prof. Dr. __________________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

Prof. Dr. __________________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

Prof. Dr. __________________________________________________________

Assinatura: _______________________________________________________

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DEDICATÓRIA Dedico este trabalho à todos meus familiares que compartilharam deste momento,

suprindo minha ausência e motivando-me a alcançar o objetivo principal.

4

AGRADECIMENTOS A Prof. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo, pela orientação recebida.

A Universidade de Taubaté, pela excelente oportunidade de aprofundar meus conceitos

e adquirir novos conhecimentos.

A Volkswagen, pelo apoio e estímulo contínuo ao desenvolvimento pessoal e

profissional.

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MAIA, Wilton Palmeira. O gerenciamento orientado para o equipamento – aplicação do programa TPM (Manutenção Produtiva Total) para maximizar o uso dos ativos: 55f. Monografia (MBA em Gerência de Produção) - Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2002.

RESUMO

Este trabalho visa estudar o programa TPM, que trata de uma forma eficaz o

aumento da produtividade global de operações industriais através da maximização do

uso dos ativos.

Este programa está entre os métodos mais eficazes para transformar uma fábrica

em uma operação com gerenciamento orientado para o equipamento, coerente com as

mudanças da sociedade contemporânea.

Este programa contribui ainda o desenvolvimento das lideranças, além de promover o

desenvolvimento de habilidades técnicas junto aos operadores e pessoal de manutenção.

A metodologia utilizada apoiou-se fundamentalmente nos manuais de TPM, nas

pesquisas bibliográficas e na experiência pessoal obtida, durante o processo de

implementação e gestão do programa na Volkswagen do Brasil.

O trabalho é ponto de partida para outros mais abrangentes e que objetivem a

elaboração de metodologia específica para o planejamento estratégico e implementação

do programa TPM.

Palavras-chave:- Manutenção Produtiva Total, TPM, Sistema de Produção.

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MAIA, Wilton Palmeira. O gerenciamento orientado para o equipamento – aplicação do programa TPM (Manutenção Produtiva Total) para maximizar o uso dos ativos: 55f. Monografia (MBA em Gerência de Produção) - Departamento de Economia, Contabilidade, Administração e Secretariado, Universidade de Taubaté, Taubaté, 2002.

ABSTRACT

This work seeks to study the program TPM, that treats in an effective way the

increase of the global productivity of industrial operations through the maximize of the

use of the assets.

This program is among the most effective methods to transform a factory in an

operation with administration guided for the equipment, coherent with the changes of

the contemporary society.

This program still contributes the development of the leaderships, besides

promoting the development of technical abilities close to the operators and personal of

maintenance.

The used methodology leaned on fundamentally in the manuals of TPM, in the

bibliographical researches and in the obtained personal experience, during the

implantation process and administration of the program in Volkswagen of Brazil.

The work is starting point for other including and that aim at the elaboration of

specific methodology for the strategic planning and implantation of the program TPM.

Key words :- Total Productive Maintenance, TPM, Production System.

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SUMÁRIO 1- Introdução................................................................................................................... 12

1.1 – Objetivos Gerais ................................................................................................... 13

1.2 – Objetivos Específicos ........................................................................................... 13

1.3 – Estrutura do Trabalho............................................................................................ 13

1.4 - Metodologia........................................................................................................... 14

1.5 – Delimitação do Trabalho....................................................................................... 15

2- Revisão Da Literatura................................................................................................. 16

2.1– TPM e o 5S............................................................................................................. 16

2.2- Rendimento operacional do equipamento.............................................................. 20

3- TPM............................................................................................................................ 24

3.1 – Os Conceitos sobre TPM...................................................................................... 24

3.2 – A Origem da TPM................................................................................................. 27

3.3 – Objetivos básicos da TPM..................................................................................... 28

3.4 – Modelo Estrutural da TPM................................................................................... 30

4- Os Oito Pilares Da TPM............................................................................................. 32

4.1- Fundamentos da Manutenção Autônoma................................................................ 34

5 – Modelos De Exemplos Práticos De Aplicação .........................................................37

5.1 – A TPM na Pirelli.....................................................................................................38

6 – Proposta De Um Modelo Inicial Para Aplicação Prática...........................................40

6.1 – Status da implantação da TPM na Montagem Final...............................................40

6.2 – Descrição de Máquinas à Bateria .........................................................................43

6.3 – Aplicação do Primeiro Passo da TPM....................................................................45

6.4 – Treinamento TPM...................................................................................................48

6.5 – Início das Atividades..............................................................................................49

7 – Conclusão................................................................................................................. 51

8 – Referências Bibliográficas........................................................................................ 53

8

LISTAGEM DE FIGURAS Figura 01 – Integração TPM............................................................................................29

Figura 02 – Expansão TPM.............................................................................................31

Figura 03 – Pilares TPM..................................................................................................33

Figura 04 – Passos para Implantação da TPM................................................................35

Figura 05 – Prêmio TPM.................................................................................................39

Figura 06 – Controle Mensal de Cartões.........................................................................41

Figura 07 – Controle Mensal de Falhas...........................................................................42

Figura 08 – Máquina parafusadeira à bateria..................................................................43

Figura 09 – Layout do local de implantação...................................................................46

Figura 10 – Cronograma detalhado de implantação........................................................47

Figura 11 – Estrutura de Treinamento.............................................................................48

Figura 12 – Quadro de atividades TPM...........................................................................49

Figura 13 – Cartão TPM..................................................................................................50

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Relação entre os principais benefícios do 5”S” e os oito pilares da TPM....18

Quadro 2 – Significado do 5”S” .....................................................................................19

Quadro 3 – Estrutura de horas perdidas...........................................................................20

Quadro 4 – Passos da Manutenção Autônoma................................................................34

10

LISTA DE EQUAÇÕES Disponibilidade do Equipamento ...................................................................................21

Índice de Performance ....................................................................................................21

Índice da Qualidade ........................................................................................................22

Eficiência Operacional do Equipamento ........................................................................22

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LISTA DE ABREVIATURAS • TPM – Total Productive Maintenance

• GSP – Grupo de Soluções de Problemas

• EOE – Eficiência Operacional do Equipamento

• TQC – Total Quality Control

• TQM – Total Quality Manager

• EUA – Estados Unidos da América

• JIPM – Japan Institute of Plant Maintenance

• PM – Manutenção Preventiva

• 5”S” – Cinco Sensos de organização

• Housekeeping – Organização da casa

• IMCI – Consultoria Brasileira credenciada pela JIPM

• Disponibilidade– Aptidão de um item de estar no estado admissível que permita

cumprir a função exigida;

12

1 – INTRODUÇÃO

Na era da competitividade não é o mais forte que vence o mais fraco – e sim, o

mais veloz em responder às drásticas e rápidas mudanças na demanda e nas expectativas

do cliente.

Para ser veloz, a organização precisa ser enxuta e flexível, com auto-gestão em

todas as áreas, em especial no “chão” da fábrica. Quando os problemas de produção

começam a ser resolvidos no local onde eles ocorrem, o tempo de resposta se reduz

rapidamente, os custos baixam e as melhorias nos equipamentos, processos e produtos

aumentam. É estabelecida uma cultura pró-ativa voltada à prevenção com o

fortalecimento da motivação e a participação de todos nos objetivos comuns da

organização.

A TPM (Total Productive Maintenance) é uma metodologia de gestão voltada à

otimização no uso dos ativos empresariais, através da eliminação total das perdas.

Através da identificação das perdas existentes no processo produtivo e da transformação

dessas perdas em oportunidades de ganhos, o TPM promoverá reduções de custo e

assegurará uma maior competitividade. O TPM também procura intensificar a união

empresa e empregado. A primeira busca mais produtividade (produtos e serviços com

qualidade a baixo custo), enquanto a outra parte busca melhorar as condições

ambientais de trabalho assegurando ao mesmo tempo sua própria empregabilidade.

Esta metodologia permite tal interação através da criação de oito pilares de

sustentação em forma de sub-comitês e a formação de grupos autônomos integrados em

toda a linha organizacional. Deste modo, os conhecimentos gerados em cada um serão

compartilhados e a gestão será cada vez mais autônoma em todos os níveis dando

velocidade às ações a custo decrescentes. Finalmente, o objetivo deste trabalho é

evidenciar esta metodologia, dando maior ênfase em sua fase de preparação,

treinamento e principalmente execução, enfatizando o planejamento pré-implantação

em indústrias automotivas.

13

1.1 – OBJETIVOS GERAIS

Este trabalho tem como objetivo geral apresentar uma proposta para a

metodologia de manutenção produtiva total, conhecida como TPM ( Total Productive

Maintenance ou Manutenção Produtiva Total ), adaptando-a à gestão da empresa,

utilizando-se de conceitos e ferramentas de gestão aplicadas em várias empresas

atualmente.

1.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Este trabalho pretende :

• Adequar a metodologia de TPM ao ambiente de uma Célula de Produção;

• Levantar os benefícios tangíveis e intangíveis que o TPM possa trazer à área piloto

da produção, se comparada a forma tradicional de gestão da manutenção

anteriormente utilizada;

• Identificar e demonstrar os potenciais de ganhos através da eliminação de perdas no

processo;

• Conscientizar a administração da importância que o TPM tem na motivação do

empregado, e por conseqüência, nos resultados da empresa.

1.3 – ESTRUTURA DO TRABALHO

Este Trabalho está estruturado da Seguinte Forma:

• Capitulo 1- Apresentação do Trabalho descrevendo objetivos gerais e

específicos, a estrutura do trabalho, a metodologia empregada e a delimitação do

trabalho;

• Capitulo 2 – Enfoque à correlação do TPM com O 5S, determinando a

importância da implantação do programa em conjunto com outras atividades;

• Capitulo 3 – Enfoca o conceito da TPM, seus objetivos, vantagens da aplicação

desta metodologia na melhoria da produtividade e qualidade;

14

• Capítulo 4 - Este capítulo demonstra o conceito de Manutenção Autônoma,

descrevendo conceitos e as fases de implantação;

• Capítulo 5 - Apresentação do modelo prático TPM de Gestão num ambiente de

alta competitividade e mutante onde se faz necessária a evolução das indústrias

dentro das características da Globalização;

• Capítulo 6 – Apresenta um estudo de caso para demonstrar a fase inicial da

aplicação do programa em uma Célula de Produção.

• Capítulo 7- A conclusão apresenta uma síntese sobre o trabalho realizado,

demonstrando os itens relevantes na implantação do programa.

1.4- METODOLOGIA

A metodologia ora proposta é um estudo de caso a respeito de um sistema para

redução de perdas, aplicável em Ferramentas Manuais na Célula Painel na empresa

Volkswagen do Brasil – Planta Taubaté.

Para examinar o problema de manutenção, inicialmente foi realizada uma

pesquisa bibliográfica, buscando conhecer sua evolução.

Por outro lado, através de contatos pessoais com chefias de produção e

manutenção, buscou-se conhecer a opinião dessas pessoas a respeito da manutenção

industrial na referida Célula. Em uma análise teórica do problema da manutenção, e das

alternativas que se apresentam nas pesquisas e experiências que estudiosos têm

desenvolvido, bem como aplicações práticas e resultados obtidos por empresas,

verificou-se que o TPM é a metodologia que vem sendo adotada com sucesso.

As razões de se tomar este caminho tiveram o consenso da administração da

empresa, após apresentação de resultados advindos da pesquisa bibliográfica e de

opiniões obtidas junto às chefias de manutenção e produção.

Os argumentos foram:

• A empresa já pratica conceitos de gestão da qualidade e produtividade;

15

• A adaptação do TPM utilizando os conceitos e ferramentas de gerenciamento já

existentes facilita a compreensão e aceitação das pessoas que participam da

implantação;

• O tempo de implantação do TPM é menor, se utilizados estes conceitos e

ferramentas;

• As possibilidades de obtenção de resultados positivos são ampliadas."

• Examinadas as diversas ferramentas gerenciais disponíveis, e em uso, na

Empresa , para adaptação à metodologia do TPM, optou-se pela ênfase na

aplicação da seguinte: 5 S's

1.5- DELIMITAÇÃO DO TRABALHO

Para a aplicação deste estudo visou-se atuar em áreas críticas da produção, onde

os problemas de manutenção tendem a se tornar crônicos. Estas áreas caracterizam-se,

invariavelmente, como "gargalos" produtivos, o que normalmente levará a

conseqüências a outros processos produtivos.

Foi escolhida, como área crítica, a de máquinas à bateria, nesta área o estudo

limita-se à analise das atividades de manutenção desempenhadas pelos profissionais de

manutenção, descrevendo-as e classificando-as, buscando identificar e atribuir, dentre

estas atividades, a responsabilidade pela execução aos próprios operadores dos

equipamentos.

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2- REVISÃO DA LITERATURA

2.1 TPM e 5S

A literatura clássica de TPM existente no Brasil (a maioria de língua inglesa)

basicamente é oriunda do Japão. Nela, o 5S é tratado de maneira muito discreta dentro

do pilar “Manutenção Autônoma”. No Brasil e em empresas que têm sérios problemas

de ordem comportamental e cultural, os quais estão espelhados nos aspectos de

desperdício, desarrumação, sujeira, acidentes, doenças ocupacionais e indisciplina, o 5S

deve ser tratado como uma base para mudanças de hábitos, atitudes e valores das

pessoas repercutindo numa preparação ambiental propícia à implantação do TPM.

Apesar do movimento 5S no Brasil ter início na década de 80, foi a partir de

1990 que ganhou maior adesão, impulsionado pela filosofia da Qualidade Total. O 5S é

um conjunto de cinco atividades que visam aperfeiçoar o comportamento das pessoas,

refletindo numa mudança de hábitos e atitudes e melhorando os valores éticos e morais.

Antes de 1990 o 5S era praticado apenas por indústrias de médio e grande

portes, algumas dando-lhe a denominação de “housekeeping”, como é o caso da

Volkswagen do Brasil Ltda. Este programa era liderado pela área industrial da empresa

apoiado pelo órgão de Segurança Industrial. A diferença básica do “housekeeping” para

o 5S é que o primeiro limita-se às atividades de ordem e limpeza, enquanto o segundo é

mais abrangente, incluindo atividades de ordenação, asseio e disciplina.

A seguir são apresentados os significados de cada um dos 5S e seus principais

benefícios:

• SEIRI (Senso de Utilização, Seleção, Descarte, Classificação, Organização)

É saber utilizar sem desperdiçar. Uma maneira prática de desenvolver este Senso

é separar as coisas necessárias das desnecessárias, dando um destino adequado àquilo

que não necessitam serem guardadas em um determinado local ou em uma determinada

quantidade.

Os principais benefícios deste Senso são a redução, e até eliminação, do

desperdício e a melhor utilização dos espaços.

• SEITON (Senso de Ordenação, Arrumação, Lay-out, Organização)

É saber arrumar para facilitar o acesso e a reposição das coisas. Uma maneira de

se praticar este Senso é definir um lugar para cada coisa necessária, como também

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manter cada coisa no seu lugar. Isto pode ser feito observando-se a freqüência de

utilização e o tipo de material que se deseja arrumar.

Os principais benefícios deste Senso são a redução do tempo e dos desgastes

físicos e mentais para acessar àquilo que se deseja.

• SEISO (Senso de Limpeza, Inspeção, Zelo)

É saber usar sem sujar. Este Senso é desenvolvido quando o usuário de um local

passa a ser responsável em limpa-lo, inspecionando o que provoca a sujeira, buscando

uma solução para elimina-la, atenua-la ou bloqueá-la, tornando o ambiente cada vez

mais limpo e aumentando a vida útil das instalações.

Os principais benefícios do Senso de Limpeza são a melhoria da saúde e

aumento da vida útil das instalações físicas.

• SEIKETSU (Senso de Asseio, Saúde, Higiene, Padronização,

Sistematização)

É procurar fazer o asseio permanente do ambiente, do corpo e da mente. As

melhorias promovidas pelos três Sensos anteriores devem ser mantidas e aperfeiçoadas,

através de sua padronização. Esta prática permanente torna-se um hábito e estimula a

revisão dos valores éticos e morais, desenvolvendo a auto-estima.

Os principais benefícios deste Senso são a padronização e a liberação de energia

humana para a construção de um ambiente interior voltada para o bem e a busca

contínua da melhoria.

• SHITSUKE (Senso de Disciplina, Autodisciplina, Autocontrole, Respeito)

É cumprir rigorosamente o que for estabelecido. É respeitar ao próximo. A

autodisciplina é o estágio mais elevado do ser humano, pois representa a educação

comportamental e é constituída por grandes valores, como: amor, cooperação,

honestidade, humildade, liberdade, respeito, responsabilidade, simplicidade, tolerância,

unidade.

Os principais benefícios da Autodisciplina, além dos valores apresentados

acima, são o desenvolvimento de espírito de equipe e a sinergia entre as pessoas.

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O Quadro 1 apresenta uma relação entre os principais benefícios do 5S e os oito

pilares da TPM:

Quadro 1 – Relação entre os principais benefícios do 5S e os oito pilares do TPM

1 2 3 4 5 6 7 8Combate às perdas * * * * * * * *Iniciativa e criatividade * * *Zelo pelos equipamentos * * * *Maior conscientiação * *Padronização * * *Higiene * *Menor desgaste físico e mental * * * *

Principais benefícios do 5S Pialres do TPM

Fonte: Volkswagen do Brasil

Alguns questionamentos são feitos com relação à adaptação das atividades de 5S

com as de Manutenção Autônoma, principalmente naquelas empresas que já vêm

implantando o 5S.

Normalmente as atividades de 5S são conduzidas por toda a empresa com o

objetivo de melhorar o nível comportamental das pessoas. Apesar destas atividades

trazerem resultados positivos aos equipamentos, não faz parte do 5S aumentar o nível de

capacitação profissional do operador, mas sim aumentar o seu nível de consciência.

Com o 5S o operador não é orientado nem capacitado para detectar problemas de

funcionamento do equipamento, mas sim para mantê-lo limpo e cuidar dele. Mesmo em

locais onde o 5S está em um estágio elevado, é normal se encontrar diversas

anormalidades nos equipamentos durante a limpeza, justamente porque a amplitude de

ações e responsabilidades do operador para com a Manutenção Autônoma é maior do

que para o 5S. É bem verdade que o 5S promove uma base física (nos equipamentos,

ferramentas, instrumentos e arredores) e comportamental que facilita bastante a

introdução e eficácia da Manutenção Autônoma.

Podemos afirmar que a Manutenção Autônoma é o 5S do equipamento mais a

habilidade que o operador passa a ter para prevenir, medir e descobrir deterioração no

seu estágio inicial.

Segundo Xenos (1998, p.295): “... na prática, quando os operadores não

entendem como ocorrem as falhas nos equipamentos, o 5S ficará limitado às áreas

óbvias - corredores, passarelas, armários e prateleiras – e não será praticado nas partes

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menos visíveis e evidentes dos equipamentos e que realmente precisam do 5S. O 5S que

não estiver apoiado por um entendimento dos princípios de funcionamento dos

equipamentos será ineficaz como uma medida de prevenção de falhas”.

Concluindo, o 5S é um processo educacional, enquanto o TPM tem uma

abrangência mais ampla e técnica.

No Quadro 2 estão o significados de cada “S” resumidamente:

Quadro 2 – Significado do 5S

JAPONÊS INGLÊS PORTUGUÊS

Utilização

Arrumação

Organização 1º S Seiri Sorting Senso de

Seleção

Ordenação

Sistematização 2º S Seiton Systematyzing Senso de

Classificação

Limpeza 3º S Seisou Sweeping Senso de

Zelo

Asseio

Higiene

Saúde 4º S Seiketsu Sanitizing Senso de

Integridade

Autodisciplina

Educação 5º S Shitsuke Self-disciplining Senso de

Compromisso

Fonte: Volkswagen do Brasil

20

2.2 - RENDIMENTO OPERACIONAL DO EQUIPAMENTO

O objetivo principal do TPM é maximizar a eficiência da produção através da

quebra zero, perda zero, defeito zero e acidente zero. Para este objetivo ser alcançado,

deve-se eliminar as causas que acarretam um desempenho negativo aos equipamentos.

O rendimento Operacional do Equipamento (EOE) do equipamento ou conjuntos

deles está associado às perdas citadas anteriormente. O Quadro 3 apresenta uma

estrutura de horas perdidas.

Este rendimento é calculado com base nas Oito Grandes Perdas, agrupadas em

três índices:

• Disponibilidade;

• Índice de Performance;

• Índice da Qualidade.

No Quadro 3, podemos verificar as perdas em função do tempo:

Quadro 3 –Estrutura de Horas Perdidas

Tempo de Trabalho Perdas por Parada de

Manutenção

Perda por defeitos

Tempo Operacional Efetivo

Perdas de Performance Tempo Operacional Líquido

Perdas em pequenas paradas Tempo Operacional

Tempo Calendário

Fonte: Curso Multiplicadores TPM - IMC

Estes índices são calculados da seguinte forma:

• Disponibilidade

É a relação entre o tempo de funcionamento efetivo (tempo operacional) dos

equipamentos e o tempo potencialmente disponível.

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O tempo operacional é o calendário (mês, dia, hora), subtraído dos tempos de

paradas para manutenção e tempos acumulados em pequenas paradas.

Ou seja, conforme Equação 1:

D = Tc – (Tp) x 100

Tc

Onde:

D = Disponibilidade do equipamento

Tc = Tempo Calendário

Tp = Tempo com Paradas do Equipamento

• Índice de Performance

O Índice de Performance demonstra a relação entre a produção real e a máxima

possível, ou seja, pode ser utilizado para verificar qual o nível de eficiência o

equipamento está operando, verificando o grau de perdas.

Ou seja, conforme Equação 2:

P = Pr

Pi Onde:

P = Índice de Performance

Pr = Produtividade Real

Pi = Produtividade Ideal

A unidade utilizada para mensurar estas produtividades depende de cada

processo. As unidades mais utilizadas são unidade de massa/unidade de tempo (kg/h,

t/h, t/dia), unidade de área/unidade de tempo (m²/h, m²/mês) e unidade de

volume/unidade de tempo (m³/h, m³/mês).

• Índice da Qualidade

Este índice é relativo ao volume processado de acordo com as especificações em

relação ao volume total processado.

22

Ou seja, conforme Equação 3:

Q = Qp – (D+R) x 100

Qp

Onde:

Q = Índice de Qualidade

Qp = Quantidade Produzida

D = Quantidade Defeituosa

R = Quantidade Reprocessada

A Eficiência Operacional do Equipamento (EOE) é o resultado do produto dos

índices calculados nos exemplos acima. Logo, o resultado é determinado conforme

Equação 4:

EOE = D x P x Q

Onde:

D = Disponibilidade do equipamento

P = Índice de Performance

Q = Índice de Qualidade

A partir do levantamento deste índice devem ser estabelecidas umas metas para

que ao longo do tempo este valor seja melhorado.

As grandes perdas que comprometem o resultado final, e que devem ser

levantadas para serem eliminadas. São elas:

• Perdas por controle ou administração (espera de instruções, execução

inadequada por falta de entendimento);

• Perdas por movimentação desnecessária;

• Perdas por deficiência de layout;

• Perdas por deficiência de logística (abastecimento, transporte, etc);

• Perdas por medição e ajustes (dispositivos inadequados, excesso de medições,

falta de habilidade para medir, etc);

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• Perdas por baixo rendimento do material (necessidade de retrabalho);

• Desperdício de utilidades (vapor, água, energia elétrica, ar comprimido).

24

3- TPM – TOTAL PRODUCTIVE MAINTENANCE

3.1 – OS CONCEITOS SOBRE TPM

Conforme 15º curso para formação de facilitadores TPM da IMCI, a palavra TPM

significa Manutenção Produtiva Total, em harmonia com essa definição da TPM, cada

uma das letras (T,P e M) possui o seguinte significado:

T= “Total”

- Total no sentido de eficiência Global;

- Total no sentido de Ciclo total de vida útil do Sistema de Produção;

- Total no sentido de todos os departamentos , desde a alta administração até os

operários estarem envolvidos com o programa.

P= “Produtiva”

Significa a busca do limite máximo da eficiência do sistema de produção, atingindo zero

acidente, zero defeito e zero falha, ou seja, a eliminação de todos os tipo de perdas.

M= “Manutenção”

Significa manutenção no sentido amplo, considerando o ciclo total de vida útil do

sistema de produção, através da preservação deste sistema em sua condição ideal,

mediante formação contínua de uma estrutura empresarial capaz de sobreviver aos

novos tempos, por meio de uma busca constante do limite de eficiência.

(15º Curso para Formação de Facilitadores TPM; Nakazato Koichi; 2001)

Segundo Aroldo Ribeiro, no Brasil há várias traduções para o TPM, sendo as

mais freqüentes:

• Manutenção Produtiva Total;

• Manutenção Total da Produção;

• Melhoria da Produtividade Total;

• Manutenção da Produtividade Total.

A letra M, reflete uma alteração e ampliação do conceito de manutenção na

ordem descrita abaixo:

• Conceito primitivo: Manter é consertar o que quebrou.

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• Conceito tradicional: Manter é conservar o estado dos equipamentos como na

condição de novo. Esta prática não é suficiente para aumentar a receita da

empresa.

• Conceito evoluído: Manter é conservar o nível máximo do volume de produção.

Conquistado pela maior integração entre as funções operação e manutenção.

Esta prática não é suficiente para gerar lucro.

Em função da dificuldade de desvincular o termo “Manutenção” do órgão de

Manutenção, algumas empresas nos Estados Unidos têm preferido utilizar a letra “M”

para se referenciar à palavra Management (que significa gerenciamento). Desta forma o

TPM passa a ser traduzido como Total Productive Management (Gerenciamento da

Produtividade Total).

A letra T, que deriva da palavra total, apresenta os seguintes significados:

• Rendimento total dos equipamentos, proveniente da maximização do rendimento

operacional global;

• Sistema total, proveniente do enfoque global do envolvimento da Engenharia,

Produção e Manutenção;

• Abrangência de todo o ciclo de vida dos equipamentos, desde o projeto

conceitual ata a sua desativação;

• Participação de todos.

Em suma, TPM visa a maximização do rendimento operacional dos

equipamentos.(Manutenção Autônoma, o resgate ao chão de fábrica ; Ribeiro Aroldo;

1995).

Para Takahashi e Osada (1993, p.7) a Manutenção Produtiva Total, é uma

campanha que abrange a empresa inteira, com a participação de todo o corpo de

empregados para conseguir a utilização máxima do equipamento existente, utilizando a

filosofia do gerenciamento orientado para o equipamento.

Com esta campanha, eles entendem que melhorando as máquinas, dispositivos e

acessórios para torná-los mais confiáveis, seguros e de fácil manutenção, treinando todo

o pessoal para operá-los com eficiência e segurança, se estará despertando o interesse

dos operadores, educando-os para que cuidem das máquinas da fábrica e garantindo a

qualidade do produto.

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A análise das diversas definições e conceitos leva a um consenso de que a TPM

busca criar uma nova forma de trabalho, que maximize a eficiência de todo o sistema

produtivo. Por isso, a TPM não deve ser encarada como uma simples ferramenta ou

programa. Afinal a TPM é focada nas pessoas, usando o equipamento como material

“didático” em seu desenvolvimento. (Manutenção Produtiva Total; Osada Takashi,

Takahashi Yoshikazu; 1993).

Para a Consultoria Advanced TPM é um sistema de gestão abrangente, que

transforma os modelos tradicionais de administração e busca a eliminação contínua das

perdas, obtendo assim a evolução permanente da estrutura empresarial, pelo constante

aperfeiçoamento das pessoas, dos meios de produção e da qualidade dos produtos e

serviços. Vem do inglês “Total Productive Management” ou, em português, Gestão

Produtiva Total. (http://www.advanced-eng.com.br; Advanced Consulting and

Training; 2002).

Segundo Mirshawka e Olmedo (1994): “... assim como TQC - Total Quality

Control - TPM também buscou as siglas iniciais do inglês - Total Productive

Maintenance e objetiva promover a integração da manutenção do sistema produtivo, de

forma total, tanto nos aspectos administrativos como operacionais”.

Fazer TPM significa montar uma estrutura onde haja a participação de todos os

escalões, desde os da alta direção até os operacionais de todos os departamentos, ou

seja, uma nova sistemática de manutenção, com envolvimento de todos. Trata-se da

efetivação de um “Equipament Management”, isto é, a administração das máquinas por

toda a organização. Por hábito, quando se lida com equipamentos tem-se uma pré-

concepção de que é até normal ou natural que eles apresentem defeitos e deixem de

operar.

Esse paradigma, é especialmente combatido pela TPM que procura dar às

pessoas a visão de que um equipamento pode alcançar quebra zero, de que o ambiente

em volta dele pode ser mantido impecável e de que não apenas em sonho, pode-se

pensar em usinas nucleares, plantas petroquímicas, em vôos de avião etc., sem falhas.

Na verdade para se chegar a este estágio, é necessário trabalhar muito mais com as

atitudes do que com a habilitação do pessoal para a manutenção.Em primeiro lugar

deve-se terminar com alguns limites, com algumas linhas divisórias, com alguns mitos

como: “eu opero a máquina e quando ela quebrar você conserta”.

27

A TPM institui uma nova perspectiva sob a qual, sem deixar de preocupar-se

com a qualificação técnica, se procura dar ao pessoal de produção um novo sentido de

propriedade e orgulho no fato do seu equipamento estar funcionando, estar limpo e,

mais importante, com o pessoal tendo plena consciência do porque isto está

acontecendo. Além disso, à medida que se desenvolve a parceria entre o pessoal da

manutenção e o de operação pode-se inclusive detectar os prenúncios de falha e tomar

as devidas ações corretivas de forma pró-ativa.

Os autores Victor Mirshawka e Napoleão L. Olmedo (1994) apresentam em seu

livro “TPM à Moda Brasileira” um manual prático para o pessoal envolvido na

manutenção e para o pessoal de produção, incluindo também gerentes, engenheiros e

supervisores que estiverem conduzindo a implantação da TPM.

Neste livro, o grande alerta é para a enorme resistência à mudança que está

presente em todas as pessoas, apresentando um processo passo a passo, de se conseguir

a mudança, de forma que a TPM possa ser adequada à realidade da sua empresa no

Brasil e, quando implantada, venha a produzir resultados almejados.

Os autores destacam também neste livro alguns problemas que podem surgir no

desenvolvimento do seu próprio programa TPM, por isso mesmo, o livro constitui-se

em um excelente suporte para se conseguir sucesso na implantação da TPM.

3.2 – A ORIGEM DA TPM

A TPM é o resultado do esforço de empresas japonesas em aprimorar a

manutenção preventiva que nasceu nos EUA. Este trabalho iniciou-se por volta de 1950,

com a apresentação e adoção da manutenção preventiva. Dez anos depois o Japão

evoluiu para o sistema de produção. Por volta de 1971, a TPM foi formatado no estilo

japonês através do aperfeiçoamento de técnicas de manutenção preventiva, manutenção

do sistema de produção, prevenção da manutenção e engenharia de confiabilidade.

Após a criação do prêmio PM pelo JIPM – Japanese Institute of Plant

Maintenance, órgão responsável pela veiculação e implementação das atividades no

Japão, a TPM ganhou grande importância nas empresas como uma técnica para buscar

de melhor eficácia no relacionamento homem-máquina. O primeiro prêmio foi

concedido justamente em 1971 à uma empresa integrante do grupo Toyota (Nippon

Denso Co. Ltda). Naquela época, empresas como Nissan, Mazda e seus fornecedores

também introduziram estes conceitos em suas linhas de produção.

28

Ao longo do tempo outras indústrias japonesas, tais como microeletrônica,

máquinas operatrízes, plásticos, filmes, alimentícia, refinarias de óleo, químicas,

farmacêuticas, gás, cimento, papel, siderúrgicas e tintas, também implementaram a

TPM influenciadas pelos resultados obtidos.

A quantidade de empresas que adotam a TPM tem crescido vertiginosamente. À

medida que o tema é difundido em eventos, revistas técnicas, livros e até visitas que

empresas fazem entre si, as adesões vão aumentando em função dos resultados tangíveis

alcançados e devido às transformações que a TPM promove nos aspectos físicos do

ambiente de trabalho e na cultura e habilidade do operador e manutentor.

3.3 – OBJETIVOS BÁSICOS DA TPM

Conforme o Manual do curso de Facilitadores TPM (IMC, 2000), os objetivos

são a melhoria da estrutura empresarial através da melhoria da qualidade do pessoal e

do equipamento, para alcançar a eficiência global do equipamento, a TPM visa a

eliminação das grandes perdas que prejudicam a eficiência do equipamento.

Segundo Osada é imprescindível compreender o gerenciamento orientado para o

equipamento, pois a confiabilidade, a segurança, a manutenção e as características

operacionais da fábrica são elementos decisivos para a qualidade, quantidade e custo.

(Manutenção Produtiva Total; Osada Takashi, Takahashi Yoshikazu; 1993).

Segundo Mirshawka e Olmedo (1994, p. 2-5) os objetivos principais são:

• Garantir a eficiência global das instalações;

• Implementar um programa de manutenção para otimizar o ciclo de vida dos

equipamentos;

• Requerer o apoio dos demais departamentos envolvidos no plano de

elevação

da capacidade instalada;

• Solicitar dados e informações de todos os funcionários

da empresa;

• Incentivar o princípio do trabalho em equipe para consolidar

ações de melhoria contínua, sendo este o grande indicador do sucesso do programa

TPM.

29

A Figura 1 mostra o ciclo de integração do programa TPM, onde o homem, a

máquina e a empresa são fatores determinantes para a aplicação do programa TPM:

Figura 1 – Integração TPM Fonte: Criado pelo Autor

30

3.4 - MODELO ESTRUTURAL DA TPM

É fundamental que qualquer organização esteja preparada, hoje em dia, para

absorver mudanças em seu ambiente e reagir rapidamente, transformando-se

constantemente. Estas transformações compreendem, desde pequenas adaptações num

setor específico da empresa, até uma completa mudança no processo, filosofia, sistema

de gestão, ou atividade produtiva da organização, como um todo.

Levando-se em conta que as transformações são inevitáveis, cabe à empresa

estar preparada para elas através da adoção de um modelo ágil e da criação de uma

infra-estrutura técnica, organizacional e principalmente cultural, para enfrentar as

mudanças constantes.Ela deve ter pessoas preparadas para enfrentar este processo,

dentro do conceito de learning organization (organizações de aprendizagem). As

pessoas chaves dessas empresas devem estar preparadas para reconhecer

antecipadamente barreiras comuns ao processo de transformação e conhecer uma

metodologia de condução do processo de mudanças, de forma a ter um modelo mental

bastante claro para a condução do processo.

Ichak Adizes, especialista mundialmente consagrado da firma de consultoria

Price Waterhouse, em entrevista à HSM Management (1998), diz que a empresa deve

ser mais rápida do que a transformação à sua volta. Segundo ele: “Quem se adapta às

mudanças apenas sobrevive. Para realmente ter sucesso, é preciso bem mais, como ter

capacidade de prever as transformações e agir velozmente além de fazer com que o

maior número de pessoas participe do processo de transformação”.e continua: “Os

executivos mais graduados devem acreditar na mudança, desejá-la e depois fazer com

que toda a companhia participe”. Um estudo da Price Waterhouse, publicado na revista

HSM Management (1998), traz as diretrizes obrigatórias para planejar e implementar o

processo de transformações em uma organização, salientando que : “Um exercício

prático é pensar na maneira como a empresa opera na atualidade. Depois imaginar a que

distância se chegaria se os sonhos virassem realidade. Então, é necessário determinar

como operar com mais êxito no futuro e avaliar criteriosamente os recursos a ser

mudados. A idéia é estreitar o abismo entre o futuro e o presente”.

Conforme consulta na Internet (http://www.advanced-eng.com.br/), O

desenvolvimento das atividades TPM tem início nos equipamentos, o que lhe conferiu o

31

significado de Total Productive Maintenance, ou Manutenção Produtiva Total. Após

algum tempo, geralmente de dois a três anos, a TPM rompe a fronteira dos

equipamentos, tomando conta de todo o setor produtivo, quando passa a ter o

significado de Total Productive Manufacturing, ou Manufatura Produtiva Total. A fase

seguinte é quando o programa alcança o seu real potencial, chegando aos setores

administrativos, passando a ter o seu verdadeiro significado: Total Productive

Management, ou Gestão Produtiva Total.

O fato de iniciar suas atividades junto aos equipamentos criou um entendimento

errado de que TPM é uma forma de melhorar a manutenção dos equipamentos. No

Brasil, a TPM ainda é visto por muitas empresas como sendo apenas mais uma

ferramenta que pode, de alguma forma, melhorar o desempenho do seu setor de

manutenção.

Poucas são as empresas que abriram os olhos para o real significado desse

poderoso sistema de gestão. Na Figura 2 podemos verificar os ciclos de expansão da

TPM.

Figura 2 – Expansão TPM

Fonte: www.advanced-eng.com.br

32

4- OS OITO PILARES DA TPM

A estrutura que fundamenta a implantação, garantindo o sucesso e até mesmo a

sobrevivência de um modelo de gestão voltado para a qualidade e produtividade, deve

estar bem fundamentada. Os pilares da TPM devem ser desenvolvidos em equipes,

coordenadas pelos gerentes ou líder de cada equipe.

A estruturação da TPM deve estar em consonância com a estrutura hierárquica da

empresa. Em muitas empresas, o comitê diretor é formado pelo presidente e respectivos

diretores e os comitês regionais são coordenados por seus gerentes e supervisores.

A melhor maneira de se atingir a metas da TPM é conhecer, analisar e eliminar as

grandes perdas que podem ocorrer na empresa. Acidentes no trabalho, fluxo inadequado

de documentos e limpeza inadequada são alguns exemplos de perdas. Para evitá-las, o

trabalho da TPM é dividido em oito pilares, listados na seqüência:

• Melhorias específicas – ajuda a entender as maiores perdas de cada área ou

equipamento e a implantar melhorias para reduzi-las;

• Manutenção autônoma – envolve e ensina os operadores, por meios de trabalhos nos

equipamentos, a trabalhar em equipe, a conhecer e trabalhar melhor nos

equipamentos. Também ajuda a descobrir deficiências dos equipamentos, através

dos planos de limpeza e inspeções, mostrando onde estão as maiores perdas e,

portanto, o potencial de melhorias. Os dois lemas deste pilar são “do nosso

equipamento nós cuidamos” e “limpeza e inspeção”.

• Manutenção Planejada – tem como objetivo aumentar a eficiência do equipamento,

buscando a quebra zero.

• Manutenção de qualidade – busca zerar o número de defeitos que afetam o

consumidor. A busca desta redução é feita de duas maneiras: prevenindo e

corrigindo os problemas. O grupo de trabalho analisa os defeitos e implanta um

plano de ação para que os problemas não voltem a ocorrer. Para prevenir os defeitos,

o grupo faz um levantamento de pontos do equipamento que poderão gerar defeitos

de qualidade. Estes pontos são chamados de “ponto Q”. Após o levantamento destes

pontos, são implantadas melhorias e controles para evitar novos defeitos.

• Controle inicial – objetiva garantir a melhor performance do equipamento adquirido

através de uma abordagem sistemática de especificação, projeto de feedback ao

projeto e fornecedores.

33

• Educação e treinamento – todo o trabalho de implantação de novas tecnologias

exige mudanças nas pessoas. O treinamento e educação básica são fundamentais.

Esse pilar possibilita aumento de conhecimento, desenvolvimento de habilidades e

as mudanças comportamentais. As duas ferramentas mais importantes são: “matriz

de habilidades” (onde os participantes discutem conhecimentos necessários para

executar funções);e “lição ponto-a-ponto” (que é uma maneira de adquirir e de se

transmitir conhecimentos rápidos aos companheiros de equipe, sobre determinado

assunto específico, com duração de cinco minutos, aproximadamente).

• Meio Ambiente Saúde e segurança – objetiva a prevenção de acidentes. Para isso,

deve ser elaborado um programa de Aplicação dos 5S, treinamento preventivo,

gestão visual e de acompanhamento das providências, assim, esse pilar cumpre o

objetivo de,através dos auditores ambientais, preservar o meio ambiente das

influências negativas que os equipamentos de operação possam trazer.

• Melhoria nos processos administrativos – o objetivo deste pilar é aumentar a

velocidade e principalmente a qualidade das informações que passam por estas

áreas, e eliminar a “papelada” desnecessária.

A Figura 3 apresenta os pilares para implantação da TPM e a sua Base que está

relacionada com Produtividade (P), Qualidade (Q), Custo (C), Atendimento ao Cliente

ou Entrega (E), Segurança (S) e Moral (M):

Figura 3 – Pilares TPM Fonte : Volkswagen do Brasil Ltda

34

4.1 – FUNDAMENTOS DA MANUTENÇÃO AUTÔNOMA

Conforme consulta à internet (http://www.advanced-eng.com.br/) Manutenção

Autônoma é o processo de capacitação dos operadores, com o propósito de torná-los

aptos a promover no seu ambiente de trabalho mudanças que garantam altos níveis de

produtividade.

Ao contrário do que muitos pensam, a Manutenção Autônoma não consiste

meramente em cuidar da aparência dos equipamentos, limpando-os e pintando-os

periodicamente, ou ainda, transformando os operadores em eletricistas, instrumentistas

ou mecânicos de manutenção, muito menos, em transformar o pessoal da manutenção

em operadores.

A Manutenção Autônoma está focada no desenvolvimento das habilidades dos

operadores, de forma que os mesmos tenham domínio sobre os seus equipamentos.

O desenvolvimento com enfoque no equipamento é feito em sete passos,

conforme quadro 4:

Quadro 4 – Passos da Manutenção Autônoma

1º passo Limpeza Inicial;

2º passo Eliminação das fontes de sujeira e locais de difícil acesso;

3º passo Elaboração de normas provisórias de limpeza, inspeção e

lubrificação;

4º passo Inspeção geral;

5º passo Inspeção autônoma;

6º passo Padronização;

7º passo Gerenciamento autônomo.

Fonte : Curso Formação de Multiplicadores TPM, IMC

Nos três primeiros passos, a grande mudança é percebida nos equipamentos,

quando o número de quebras, por exemplo, chega a ser reduzido na ordem de 80%.

35

Nos passos 4 e 5, ocorre a mudança das pessoas, que experimentam os bons

resultados e mudam suas formas de pensar e passam a assumir espontaneamente a

responsabilidade por seus resultados. Já nos passos 6 e 7, ocorrem as mudanças no

ambiente de trabalho, pelo rompimento da fronteira do equipamento, e o

estabelecimento de novos desafios pelo gerenciamento autônomo.

A Figura 4 representa quais os passos devem ser alcançados para atingir a gestão

plena da TPM:

Figura 4 – Passos para Implantação da TPM

Fonte: Curso Formação de Multiplicadores TPM , IMC

Quebras e defeitos crônicos ocorrem devido a vários fatores, um deles é o fator

humano. Os erros de operação e as quebras repetitivas são comuns no dia-a-dia, sendo

encarados como ocorrências normais. O conceito de "eu opero, você conserta" tomou

conta dos ambientes fabris e o pessoal da operação acredita que as falhas são de total

36

responsabilidade do pessoal da manutenção. Muitas falhas poderiam ser evitadas se os

operadores desempenhassem tarefas muito simples como limpeza, reaperto de

parafusos, lubrificação e detecção de anomalias.

O TPM busca a cooperação mútua entre os diversos setores da empresa e,

através da Manutenção Autônoma, procura reverter esse quadro.

O desenvolvimento da Manutenção Autônoma implica em mudanças nos papéis

da operação e da manutenção e, conseqüentemente, mudanças nos equipamentos. A

mudança de papéis implica na necessidade de um plano de capacitação da Operação e

Manutenção. A mudança dos equipamentos implica na implementação de um sistema

de controle de perdas e suporte às melhorias que serão implementadas nos

equipamentos.

37

5- MODELOS DE EXEMPLOS PRÁTICOS DE APLICAÇÃO

Várias empresas de renome internacional podem ser citadas como exemplo de

sucesso com a implementação de TPM e que serviram e servem de “benchmarking”

para a divulgação e ampliação do uso deste modelo de gestão.

O Dr. Jacks Roberts (Roberts, 2001) do Departamento de Tecnologia e

Engenharia Industrial da Texas A&M University-Commerce

(htpp://www.tpmonline.com/articles) observa que as empresas, Ford, Eastman,Kodak,

Dana Corp., Allen Bradley, Harley Davidson, são algumas das empresas que têm

implantado TPM com êxito. Conforme relata o autor, todas elas conseguiram um

aumento de produtividade, graças à implantação da TPM. Na Kodak, por exemplo, ele

conta que com um investimento de 5 milhões de dólares, foi conseguido aumentar o

equivalente à 16 milhões de dólares em benefícios de produtividade, diretamente

derivados da TPM.

Em outro exemplo, o autor relata que em uma fábrica de aparelhos domésticos

conseguiu-se a redução do Setup (preparação – troca de ferramentas) através da TPM,

de várias máquinas, de 4 a 6 horas para vinte minutos. Isto equivale a ter disponível, 2 a

3 máquinas a mais, ao valor médio de 1 milhão de dólares cada.

Em algumas divisões da Texas Instruments, comenta o autor, a TPM

proporcionou o aumento de 80% de produtividade. Praticamente, segundo o Dr.

Roberts, todas as empresas acima mencionadas asseguraram haver reduzido o tempo

perdido por falhas nos equipamentos em 50% ou mais, além da redução do inventário e

aumento significativo na pontualidade da entrega, reduzindo também a necessidade de

subcontratar serviços para regularizar a demanda.

Ele coloca ainda que:“... com a competitividade como nunca houve, é

indubitável que a TPM é a diferença entre o êxito e o fracasso para muitas empresas. A

sua eficiência é comprovada não só em plantas industriais, mas também na construção

civil, manutenção de edifícios e várias outras atividades, inclusive vários esportes”.

Um caso de trabalho na área, merece destaque, sendo descrito na seqüência deste

capítulo.

38

5.1 - A TPM NA PIRELLI

Através de consulta na internet (htpp://www.pirelli.com.br), consegue-se

informação a respeito da implantação da TPM na Pirelli, com dados relacionados à

“Introdução e Fase de Expansão”, naquela organização.

No final de 1991, a fábrica turca da Pirelli, em Izmit foi escolhida como a piloto

em que seria desenvolvido o TPM antes do resto do Grupo.

Em meados de 1992, efeitos tangíveis começavam a surgir no resultado final e na

eficiência da fábrica, com um ambiente muito mais limpo. O fator mais significativo

era, entretanto, a redução nas paradas das máquinas,resultante da aplicação da

metodologia TPM.

Segundo a fonte virtual (htpp://www.pirelli.com.br), daquele momento em

diante todas as demais fábricas iniciaram o processo: a Pirelli agora inclui praticamente

todas as suas fábricas no programa TPM. Graças à TPM, os processos produtivos da

Pirelli melhoraram, e demonstram níveis extremamente avançados de eficiência. A

Qualidade e a Uniformidade não são mais variáveis críticas, mas grandezas concretas

que caracterizam os produtos Pirelli em todo o mundo.

Nas fábricas da Pirelli a TPM trabalha para melhorar três principais áreas:

Recursos Humanos, Ambiente de Trabalho e Equipamentos.

De acordo com a fonte de informação (htpp://www.pirelli.com.br), a Pirelli

teve muito de seu crescimento graças aos recursos humanos. Segundo ela, as pessoas

que fazem o trabalho são os recursos essenciais de qualquer empresa. Recursos que

devem ser administrados coerentemente pois são a força guia por trás de todas as

atividades. A principal confiança para o alcance dos objetivos vem do envolvimento, da

motivação, da responsabilidade e das habilidades de toda a força de trabalho. A fonte

conclui que,os resultados quantitativos atingidos através da filosofia da TPM no chão de

fábrica pode ser precisamente medido: melhora generalizada na eficiência do

maquinário, produtos com qualidade, acidentes reduzidos, crescimento da capacidade

profissional. Entretanto, há mais na TPM do que estatísticas. A filosofia tem um efeito

positivo nos métodos de trabalho e no espírito de equipe, vital para uma empresa

competitiva.

O Prêmio TPM, já citado anteriormente, é o mais prestigiado prêmio de

Qualidade Industrial do Japão e é entregue anualmente no JIPM.

39

A fábrica de lzmit, vencedora do prêmio em 1994, foi a segunda fábrica

ocidental (após a Volvo) a receber o Prêmio TPM desde sua criação em 1971.

Em 1995 outras duas fábricas (Manresa e Carlisle) foram premiadas com o

Prêmio TPM. Em 1996 a fábrica de pneus de Santo André foi também premiada. A

fábrica de Campinas foi premiada em 1997.

A Figura 5 apresenta uma foto de prêmio TPM recebido pela Pirelli do Brasil:

Figura 5 – Prêmio TPM Fonte: www.pirelli.com.br

40

6 - PROPOSTA DE UM MODELO INICIAL PARA APLICAÇÃO PRÁTICA

Baseado na teoria apresentada nesta monografia e em exemplos práticos

observados em áreas de Manutenção e Produção, onde foram coletados informações

referente à processos de implantação de TPM, propõe-se um modelo inicial para

aplicação da TPM nas “máquinas apertadeiras elétricas”. O objetivo deste capítulo não

está em definir o certo ou errado, mesmo porque todo trabalho descreve um teoria

comprovadamente funcional, no entanto a fase mais complexa e determinante da

implantação da TPM está na preparação inicial e o primeiro passo, por isso, relaciono

com a teoria um modelo prático para esta fase inicial aplicável ao cotidiano de um dos

“gargalos” da área de Montagem Final da Volkswagen do Brasil – Taubaté.

6.1 – STATUS DA IMPLANTAÇÃO DA TPM NA MONTAGEM FINAL;

Antes de apresentar o modelo proposto, buscou-se obter maiores informações

sobre o processo de implantação da TPM na área.

Atualmente a TPM é uma técnica incorporada no Sistema de Produção da

Volkswagen do Brasil, sendo um módulo que possui um acompanhamento diferenciado

devido à necessidade de um período maior para implantação. Na fábrica existe uma

Secretaria Geral e em cada área existe um coordenador, sendo este o responsável em

planejar e executar o planejamento das atividades TPM na área.

A implantação da TPM vem sendo desenvolvida em um equipamento que foi

considerado o principal gargalo, ou seja o equipamento que possui os mais altos índices

de perda, que são as Alinhadoras de Rodas, localizadas na Célula Pneus. Estes

equipamentos foram considerados Críticos em função da necessidade de otimização da

Produtividade e Qualidade deste Processo.

Os equipamentos desta Célula são considerados os “Pilotos” no processo de

Implantação de TPM na área de Montagem Final. Tendo a TPM iniciado em solenidade

com a presença da gerência da fábrica em Fevereiro de 2001.

Desde a implantação os resultados da evolução da TPM na área são verificados

através de indicadores de apelo visual, que buscam apresentar à todos o processo de

Implantação da TPM.

41

O Processo de controle visual inicia-se pelo controle de cartões conforme

apresentado na Figura 6:

Figura 6 – Controle Mensal de Cartões Fonte : Volkswagen do Brasil Ltda

42

Os indicadores de Perdas são muito importantes para acompanhamento da

Evolução do Processo de Implantação.

A Figura 7 apresenta um modelo de indicador de Perdas.

Figura 7 – Controle Mensal de Falhas Fonte : Volkswagen do Brasil Ltda

43

6.2 – DESCRIÇÃO DAS MÁQUINAS APERTADEIRAS ELÉTRICAS;

A linha de Montagem Final é, como o próprio nome diz, uma área de montagem

de partes. Para unir estas diversas partes existem vários meios e para cada meio,

processos diferentes que visam o mesmo objetivo: partes unidas dentro de uma

especificação. Para avaliar se a qualidade está sendo obtida é necessário que sejam

feitas medidas. Nessas união de partes o importante é a força de junção entre elas, que

evitará separação, vibração, ruídos, trincas e amassamentos. Entre os meios de aperto e

união de partes temos um exemplo atualmente muito utilizado na planta Taubaté que

são as máquinas rotativas à bateria. Estas máquinas possuem um motor elétrico de baixa

voltagem (corrente contínua) alimentadas por baterias de NiCd – 12v. Estas máquinas

são versáteis, leves e de fácil utilização, no entanto a qualidade dos apertos e

funcionamento destas ferramentas são ineficientes se não houver uma rotina diária de

verificação destas ferramentas pelos usuários e pela manutenção.

A Figura 8 apresenta uma imagem da apertadeira Delvo, modelo

DLV1171AKE:

Figura 8 – Máquina Apertadeira à Bateria Fonte : Volkswagen do Brasil Ltda

Atualmente estas máquinas ficam nas Células de Produção, não estando definido

a operação que cada máquina deve realizar. Estas máquinas e as baterias ficam alocadas

em armários e no início do turno, cada operador retira uma máquina para uso. Quando

44

esta máquina apresenta qualquer defeito, elas são enviadas para manutenção, que após a

realização do conserto devolve a ferramenta para a Célula. A durabilidade média do

conserto destas ferramentas gira em torno de sessenta dias, e muitos usuários reclamam

do sistema atual.Nestas condições foram observados os seguintes fatores:

• A durabilidade da máquina em operações que demandam maior esforço e

exigem excessivamente de componentes mecânicos das ferramentas atingem em

média um mês;

• Faltam Ferramentas – Os usuários permitem acúmulos de máquinas na área, em

função da quantidade elevada, e somente encaminha as máquinas para

manutenção quando este “estoque” está no limite.

• Perdas e Danos – As máquinas não são devidamente utilizadas, sendo deixadas

no posto de trabalho, mal armazenadas durante e após a utilização, existindo

casos de furtos das máquinas em melhores condições;

• O custo de manutenção é muito alto em função do representante utilizar peças

importadas e não oferecer como alternativa a nacionalização dos componentes;

• A durabilidade do conserto é baixa e constante, sendo aplicado apenas

manutenção corretiva, ou seja o conserto somente é executado quando a

máquina falha, não existindo a realização de manutenção preventiva;

A título experimental, foram divididas estas máquinas, passando cada operador a

utilizar seu equipamento, guardando a máquina em seus armários pessoais, obtendo-se

uma performance superior em relação à durabilidade, no entanto trazendo outros

problemas:

• Falta de ferramentas- As ferramentas ficavam trancadas, em função de ausência

dos usuários;

• Perdas e danos – Existiram casos de furtos e desaparecimentos de ferramentas e

adulteração de numeração de controles;

• Perdas quanto utilização do Ativo – As máquinas estavam sendo utilizadas

apenas em um turno de produção, permanecendo ociosa durante 2/3 do tempo

produtivo, além das condições de armazenamento inadequadas para estas

máquinas.

Neste contexto, considero aplicável uma rotina baseada nos conceitos TPM,

organizando o fluxo atual, para maximizar o funcionamento destas máquinas.

45

6.3 – APLICAÇÃO DO PRIMEIRO PASSO DA TPM

Para o caso descrito, antes de qualquer trabalho específico com o usuário ou com

a manutenção, é extremamente necessário um planejamento voltado para as condições

atuais, sem pensar momentaneamente em investimentos ou soluções que envolvam

custos.

O primeiro passo, antes de iniciar qualquer trabalho focado em TPM, é

necessário levantar a situação atual, e através de um relatório específico envolver

lideranças, engenharias e gerências. No caso, por exemplo, deveria ser feito o seguinte

Estudo:

• Quantidade de máquinas atuais;

• Operações que utilizam estas máquinas;

• Quantidade de usuários;

• Condições atuais destas máquinas;

• Avaliação do nível de conhecimento dos usuários em relação às máquinas;

• Registro fotográfico da situação atual destas máquinas;

• Avaliação de local para armazenamento destas ferramentas;

• Verificação do nível de conhecimento dos manutentores;

• Analisar propostas de atividades para evitar depreciação dos equipamentos;

• Avaliação das perdas por avarias e tempo ocioso;

• Definição do tempo de vida útil do equipamento

Após a emissão deste relatório, deve ser envolvido lideranças e gerências de

Produção e Manutenção para definição da estratégia de implementação e definir o

planejamento para implantação da TPM na Célula.

46

A Figura 9 apresenta a definição através de Layout de quais são os pontos

críticos da Célula:

Figura 9 – Layout do local de Implantação Fonte: Volkswagen do Brasil Ltda

47

Com base em um relatório, deve ser elaborado um cronograma detalhado de

quais rumos a serem tomados, conforme representado através da Figura 10:

Figura 10 – Cronograma Detalhado de Implantação Fonte: Volkswagen do Brasil Ltda

48

6.4 – TREINAMENTO TPM

Uma das fases mais importantes na implantação do Programa está em fazer com

que todas pessoas conheçam o conceito, isto exige maior esforço da equipe pois é

extremante necessário um treinamento específico para utilização do equipamento e

outro mais abrangente demonstrando a importância e definições sobre TPM.

A Figura 11 representa a situação geral da Montagem Final, onde cada Célula

disponibiliza um colaborador, sendo dois destes representantes, pessoas com habilidade

para multiplicar conhecimentos (Células 3 e 4). Excluindo os membros das Células 03 e

04, temos um grupo formado para complementar os membros da célula programada a

participar de treinamentos relacionados com TPM ou habilitação para atividades de

Manutenção.

Conforme demonstrado na Figura 11, todas pessoas multifuncionais são

enviadas para a célula em treinamento, para executar atividades dos membros da Célula

planejada que estão programados para treinamento com os instrutores das Células 03 e

04.

Figura 11 – Estrutura de Treinamento Fonte: Elaborado pelo Autor

49

6.5 – INÍCIO DAS ATIVIDADES

Em seguida se faz necessário que o Gerente declare oficialmente o início das

atividades TPM na Célula, definindo um superior hierárquico para avaliar e prestar

suporte às Células em relação às essas atividades. Nesta etapa deve ser apresentado no

quadro TPM o registro da Situação atual através de fotos e indicadores.

A Figura 12 traz um modelo de quadro TPM, voltado para gestão visual das

atividades nas Células.

Figura 12 – Quadro de Atividades TPM

Fonte: Volkswagen do Brasil Ltda

A partir deste ponto o processo tende a ser funcional, no entanto é extremamente

importante auditorias e avaliações constantes, sendo que a melhor forma de sabermos se

a TPM está sendo funcional é verificando o volume de colocação dos cartões (cartões

vermelhos são solucionados pela Manutenção e Cartões Azuis pelo Operador),

acompanhando semanalmente a execução dos cartões TPM, através de reuniões de

50

grupos integrados com componentes da manutenção, Engenharia e Produção ou ainda

evidenciando se estão sendo realizada as limpezas e pequenos reparos nos

equipamentos.

Na Volkswagen do Brasil o cartão vermelho é colocado pela produção e

resolvido pela Manutenção e o cartão azul é colocado e resolvido pela produção. A

primeira via apresenta o defeito ou falha no equipamento, entre as vias existe um

carbono e no verso da segunda via, existe um campo para preenchimento e anotações

sobre a resolução do cartão.

A Figura 13 apresenta o modelo de cartão TPM vermelho utilizado pelo

Volkswagen do Brasil:

Figura 13 – Cartão TPM Fonte: Volkswagen do Brasil Ltda

Para o caso das máquinas apertadeiras à bateria, a primeira via dos cartões

devem ficar no quadro TPM e a segunda deve acompanhar a máquina, quando houver

qualquer sinal de avaria na mesma.

A partir da implantação deste passo de forma bem sucedida, certificado através

de auditoria, sugiro que as atividades continuem sofrendo as adaptações necessárias,

porém sempre no rumo do modelo original, descrito nesta monografia e implantado com

sucesso em outras empresas.

51

7 - CONCLUSÃO

A TPM está entre os métodos mais eficazes para transformar uma fábrica em

uma operação com gerenciamento orientado para o equipamento, coerente com as

mudanças da sociedade.

A exigência principal para essa transformação é que todos voltem sua atenção a

todos componentes da fábrica, reconhecendo a importância e valor do gerenciamento

orientado para o equipamento, pois a confiabilidade, segurança e manutenção são

fatores decisivos para a qualidade, quantidade e custo.

Conforme apresentado no caso, a Volkswagen possui um modelo bem planejado

de implantação e com as devidas adequações pode trazer resultados significativos. A

TPM nas Alinhadoras encontra-se em um estágio mais avançado e pode vir a ser

utilizado como um Benchmarking no processo de Implantação proposto , ou seja,

aplicar a experiência adquirida pode ser empregada neste grande potencial que são as

máquinas apertadeiras à bateria, sendo capaz de inserir em todos colaboradores uma

mudança conceitual, otimizando o funcionamento destas ferramentas.

O simples conhecimento das etapas de implantação não é suficiente para a

obtenção do sucesso. Alguns fatores são determinantes para que a tentativa da

implantação não seja esbarrada em dificuldades já conhecidas:

-Como foi abordado, a fase preparatória para a TPM consiste em realizar o

treinamento introdutório em TPM para todos os níveis da empresa e os setores

envolvidos com a implantação. Além dos conceitos básicos de TPM, devem ser

apresentados os motivos pela implantação.

-Dependendo da amplitude inicial que seja dar à TPM, vários setores terão uma

participação direta nas ações e resultados, principalmente Produção, Manutenção,

Engenharias de Projeto e de Processo, Recursos Humanos, Segurança e Medicina do

Trabalho, Meio Ambiente, Logística e Finanças.

-As atividades da Manutenção Autônoma constituem parte do próprio trabalho

diferindo das outras atividades autônomas executadas nos horários disponíveis e livres.

Portanto, a Manutenção Autônoma deverá ser executada dentro do próprio horário de

trabalho.

-O aprendizado com a Manutenção Autônoma se dá pela própria prática, por isto

que ela é desenvolvida em sete passos que possibilitam um gradativo aprendizado das

novas atividades do operador e um maior entendimento entre a Produção e a

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Manutenção. Este aprendizado é um fator de grande motivação para ambos, pois os

operadores se sentem profissionais mais completos e os manutentores profissionais cada

vez mais especializados.

-Propiciar um treinamento apropriado para que cada uma das metas a cada

estágio da evolução possa ser efetivamente alcançada, respeitando as características e

conhecimento de cada operador.

-Apesar da necessidade de se avaliar os resultados práticos, o aprendizado com a

Manutenção Autônoma é o mais importante, pois o operador vai descobrindo ao longo

do tempo o seu verdadeiro potencial.

-Os padrões de referência para limpeza, lubrificação, inspeção, mudança de

linha, operação, organização, ordem e asseio devem ser definidos pelo próprio grupo.

Este autodomínio é importante para o desenvolvimento da autodisciplina visando o

autocontrole.

Concluo que a TPM deve ser implementado nas Células Produtivas da

Volkswagen, para que se torne uma fonte de melhorias contínuas, aprimore os recursos

humanos e desenvolva os funcionários e liderança.

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8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ADVANCED, Consulting and Training. “TPM – Manutenção Produtiva Total –

Definição e Etapas”. (on line). Disponível na Web: http://www.advanced-

eng.com.br;200).

• CURSO DE FACILITADORES TPM, São Paulo. Material de consulta elaborado

por JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance) + IMC International, 02/2000.

• CURSO DE MANUTENÇÃO AUTÔNOMA, São Paulo. Material de consulta

elaborado por JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance) + IMC International.

• KOTTER, John P. “Oito erros fatais”. HSM Management . Dossiê, ano 2, número

11, p. 70, novembro 1998.

• MEYERSON, Mort. “Eu mudei”. HSM Management. Alta gerência, Ano 1,

número 6, p. 34, janeiro-fevereiro 1998.

• MIRSHAWKA, Victor, OLMEDO, Napoleão L. TPM À Moda Brasileira. São

Paulo: Makron Books, 1994. p. 2 – 22.

• QUERNE, Jorge Luís de Souza, Fatores de Competividade na manufatura,

monografia de MBA em Gerência de Produção e Tecnologia, Universidade de

Taubaté, 2001. 73 p.

• RIBEIRO, A., Manutenção Autônoma, o resgate ao chão de fábrica, São Paulo:

Abraman 1995, 150p.

• ROBERTS, Jack. “A Manutenção Produtiva Total – sua Definição e História”.

(on line) 2001. Disponível na Web: http://www.tpmonline.com/articles

• SHINGO, Shigeo. O Sistema Toyota de Produção – Do ponto de vista da

engenharia de produção. Porto Alegre: Bookmann, 1996a. 294p.

• TPM AO REDOR DO MUNDO PIRELLI. Informações sobre implantação da

TPM na Pirelli. (on line) 08/03/2001. Disponível na Web:

htpp://www.pirelli.com.br.

• TPM EM EMPRESAS DIVERSAS. Informações sobre a implantação de TPM

em empresas diversas. (on line) 09/12/2000. Disponível na Web:

htpp://www.imci.com.br.

• TAKAHASHI, Yoshikazu, OSADA, Takashi. Manutenção Produtiva Total. São

Paulo: Instituto IMAN, 1993. 322 p.

54

• XENOS, Harilaus G. Gerenciando a Manutenção produtiva. O caminho para

eliminar falhas nos equipamentos e aumentar a produtividade. Belo

Horizonte:Editora de Desenvolvimento Gerencial, 1998, p. 295.

• WOMACK, James P., Jones, Daniel T. A mentalidade enxuta nas empresas:

elimine o desperdício e crie riqueza. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 448 p.

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Autorizo copia total ou parcial desta obra, apenas para fins de estudo e pesquisa, sendo expressamente

vedado qualquer tipo de reprodução para fins comerciais sem previa autorização especifica do autor.

Wilton P. Maia

Taubaté, janeiro/2003.