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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 631 Setembro de 2006 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec A bioética examinada à luz do Espiritismo Nubor Orlando Facure (foto), médico e conhecido estudioso do Espiritismo, examina em artigo especial que fecha esta edição a atualíssima questão relacionada com a bioética em face do paradigma espírita. No artigo, ele alude ao progresso vertiginoso da ciência de nossos tempos e repor- ta-se à ousadia dos cientistas que “parece atropelar a ficção e pro- Uma visão espírita sobre violência e educação Cabe à educação a tarefa de modificar para melhor e mais feliz a paisagem moral dos ha- bitantes da Terra. Este é o sen- tido da matéria especial que compõe as páginas centrais desta edição, com textos de Joanna de Ângelis e Manoel Vem aí o 3º Encontro da Primavera Realiza-se em Londrina em setembro um grande evento liga- do à área da Infância e da Juven- tude - o 3º Encontro da Primave- ra, que será válido como 1ª Prévia do próximo Encontro Confraterna- tivo de Juventudes Espíritas do Pa- raná. O encontro será dias 16 e 17 de setembro, na Chácara Shekinah (Estrada do Limoeiro, km 6). Coordenado por Cosme Massi, Terezinha Colle e Ricar- do Ribeiro, todos de Curitiba, o encontro se destina aos jovens espíritas com idade entre 14 a 21 anos. Pág. 11 Quem é o Brasileiro da História? A revista Época está reali- zando uma campanha com vis- tas a descobrir quem é, na opi- nião de seus leitores, o Brasilei- ro da História. Os internautas entram no site www.epoca. com.br e escolhem. Dentre as 50 personalidades listadas não constava, até o final de agosto, o nome do Chico Xavier. Os es- píritas que quiserem participar devem proceder assim: a) Entrar no site citado; b) Procurar o qua- dro ÉPOCA QUER SABER; c) Clicar o item “outro” e escre- ver “Chico Xavier”. Assim, nos- so saudoso Chico passará a par- tir daí a concorrer. vocar uma rotura no mito da cri- ação”. “A cada nova descoberta que nos surpreende – afirma Facure – ficamos com a impres- são de que estamos indo longe demais e o sistema de frenagem parece que ficou fora do nosso alcance.” A ciência já consegue identi- ficar as subpartículas da matéria e sua equivalência com a ener- gia, mas ainda ignora de onde provém a matéria que nos im- pressiona e não tem, igualmen- te, a menor noção dos fundamen- tos do Universo, o que coloca muitos cientistas não-espíritas na dúvida de como proceder ante questões como o aborto e a eu- tanásia, assuntos de que trata a bioética. Pág. 16 Opinião d’O Imortal Nubor Facure, em seu escritório em Campinas (SP) Joanna de Ângelis, mentora do médium Divaldo P. Franco Manoel Philomeno de Miranda, autor de “Loucura e Obsessão” Philomeno de Miranda (fotos). A violência, segundo o Es- piritismo, encontra-se ínsita no animal que, pelo instinto, man- tém a existência nutrindo-se de outros, que se lhe transformam em alimento indispensável à continuidade da vida. Mesmo no estado de humanidade do ser, ainda remanesce esse ins- tinto que se subordina à lei de destruição, com o que os se- res preservam a própria exis- tência, um fato fundamental ao prosseguimento da caminhada evolutiva na Terra. Com o tempo, à medida que o Espírito se depura das heran- ças primárias e supera os atavismos perturbadores, me- nos violento ele se apresen- ta, avançando pela senda do progresso em clima de paz e de realização dignificadora. Págs. 8 e 9 Ainda nesta edição A Revue Spirite há 140 anos ............................ 15 Aiglon Fasolo .................................................. 10 Cid Toledo ....................................................... 13 Clássicos do Espiritismo ................................... 5 Crônicas de Além-Mar .................................... 12 De coração para coração ................................... 4 Divaldo responde ............................................... 5 Editorial ............................................................. 2 Emmanuel .......................................................... 2 Espiritismo para as crianças .............................. 6 Estudando as obras de André Luiz .................. 10 Grandes Vultos do Espiritismo .......................... 7 Jane Martins Vilela .......................................... 14 Joamar Zanolini Nazareth ............................... 13 Joanna de Ângelis .............................................. 2 José Viana Gonçalves ...................................... 12 Palestras, seminários e outros eventos ............. 11 Thiago Bernardes .............................................. 3 Um minuto com Chico Xavier ........................ 13 Leia na pág. 2 o editorial A força do fenômeno espí- rita , que examina a importância dos fa- tos espíritas na conversão das pes- soas e adverte, em face disso, que não podemos subesti- mar a força do fe- nômeno, uma vez que os Espíritos podem realizar numa escala maior e mais abrangente aquilo que aconte- ce individualmen- te, em escala me- nor, na vida das pessoas. Os fenô- menos de Hydesvi- lle, que deram ori- gem ao Espiritis- mo moderno, são um atestado dessa força na vida de nosso mundo.

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 631 Setembro de 2006 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

A bioética examinada à luz do Espiritismo

Nubor Orlando Facure (foto),médico e conhecido estudioso doEspiritismo, examina em artigoespecial que fecha esta edição aatualíssima questão relacionadacom a bioética em face doparadigma espírita. No artigo, elealude ao progresso vertiginoso daciência de nossos tempos e repor-ta-se à ousadia dos cientistas que“parece atropelar a ficção e pro-

Uma visão espírita sobreviolência e educação

Cabe à educação a tarefa demodificar para melhor e maisfeliz a paisagem moral dos ha-bitantes da Terra. Este é o sen-tido da matéria especial quecompõe as páginas centraisdesta edição, com textos deJoanna de Ângelis e Manoel

Vem aí o 3º Encontroda Primavera

Realiza-se em Londrina emsetembro um grande evento liga-do à área da Infância e da Juven-tude - o 3º Encontro da Primave-ra, que será válido como 1ª Préviado próximo Encontro Confraterna-tivo de Juventudes Espíritas do Pa-raná. O encontro será dias 16 e 17

de setembro, na Chácara Shekinah(Estrada do Limoeiro, km 6).

Coordenado por CosmeMassi, Terezinha Colle e Ricar-do Ribeiro, todos de Curitiba, oencontro se destina aos jovensespíritas com idade entre 14 a 21anos. Pág. 11

Quem é o Brasileiroda História?

A revista Época está reali-zando uma campanha com vis-tas a descobrir quem é, na opi-nião de seus leitores, o Brasilei-ro da História. Os internautasentram no site www.epoca.com.br e escolhem. Dentre as 50personalidades listadas nãoconstava, até o final de agosto,

o nome do Chico Xavier. Os es-píritas que quiserem participardevem proceder assim: a) Entrarno site citado; b) Procurar o qua-dro ÉPOCA QUER SABER; c)Clicar o item “outro” e escre-ver “Chico Xavier”. Assim, nos-so saudoso Chico passará a par-tir daí a concorrer.

vocar uma rotura no mito da cri-ação”. “A cada nova descobertaque nos surpreende – afirmaFacure – ficamos com a impres-são de que estamos indo longedemais e o sistema de frenagemparece que ficou fora do nossoalcance.”

A ciência já consegue identi-ficar as subpartículas da matériae sua equivalência com a ener-gia, mas ainda ignora de ondeprovém a matéria que nos im-pressiona e não tem, igualmen-te, a menor noção dos fundamen-tos do Universo, o que colocamuitos cientistas não-espíritas nadúvida de como proceder antequestões como o aborto e a eu-tanásia, assuntos de que trata abioética. Pág. 16

Opinião d’O Imortal

Nubor Facure, em seu escritório emCampinas (SP)

Joanna de Ângelis, mentora do médiumDivaldo P. Franco

Manoel Philomeno de Miranda, autorde “Loucura e Obsessão”

Philomeno de Miranda (fotos).A violência, segundo o Es-

piritismo, encontra-se ínsita noanimal que, pelo instinto, man-tém a existência nutrindo-se deoutros, que se lhe transformamem alimento indispensável àcontinuidade da vida. Mesmono estado de humanidade doser, ainda remanesce esse ins-tinto que se subordina à lei dedestruição, com o que os se-res preservam a própria exis-tência, um fato fundamental aoprosseguimento da caminhadaevolutiva na Terra.

Com o tempo, à medida queo Espírito se depura das heran-ças primárias e supera osatavismos perturbadores, me-

nos violento ele se apresen-ta, avançando pela senda doprogresso em clima de paz ede realização dignificadora.Págs. 8 e 9

Ainda nesta ediçãoA Revue Spirite há 140 anos ............................ 15Aiglon Fasolo .................................................. 10Cid Toledo ....................................................... 13Clássicos do Espiritismo ................................... 5Crônicas de Além-Mar .................................... 12De coração para coração ................................... 4Divaldo responde ............................................... 5Editorial ............................................................. 2Emmanuel .......................................................... 2Espiritismo para as crianças .............................. 6Estudando as obras de André Luiz .................. 10Grandes Vultos do Espiritismo .......................... 7Jane Martins Vilela .......................................... 14Joamar Zanolini Nazareth ............................... 13Joanna de Ângelis .............................................. 2José Viana Gonçalves ...................................... 12Palestras, seminários e outros eventos ............. 11Thiago Bernardes .............................................. 3Um minuto com Chico Xavier ........................ 13

Leia na pág. 2 o

edi tor ia l A forçado fenômeno espí-rita, que examina a

importância dos fa-

to s e sp í r i t a s na

conversão das pes-

soas e adverte, em

face disso, que não

podemos subest i -

mar a força do fe-

nômeno, uma vez

que os Esp í r i t o s

podem rea l i za r

numa escala maior

e mais abrangente

aquilo que aconte-

ce individualmen-

te, em escala me-

nor, na v ida das

pessoas. Os fenô-

menos de Hydesvi-

lle, que deram ori-

gem ao Espiritis-

mo moderno, são

um atestado dessa

força na v ida de

nosso mundo.

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O IMORTALPÁGINA 2 SETEMBRO/2006

EditorialEMMANUEL

É conhecido o nome que ArthurConan Doyle, em sua “História doEspiritismo”, deu ao conjunto defatos que, em meados do século 19,deram origem ao Espiritismo. “In-vasão organizada”, assim ConanDoyle designou o movimento rea-lizado pelos Espíritos na Américae, em seguida, na Europa e nos de-mais continentes do mundo.

Não se pode, portanto, subesti-mar a força do fenômeno espírita,uma vez que os Espíritos podem re-alizar numa escala maior e maisabrangente aquilo que acontece in-dividualmente, em escala menor, navida das pessoas. Muitos médiunse estudiosos importantes do Espiri-tismo nele ingressaram por força dofenômeno. O exemplo de BeneditaFernandes é, nesse sentido, extra-ordinário, como o são igualmenteos casos de conversão de JésusGonçalves, de Cairbar Schutel etantos outros que não puderam re-sistir à força dos fatos.

Em nossa região, três casosmerecem registro. Mencioná-los-emos aqui, ocultando propositada-mente os nomes das pessoas envol-vidas.

Determinada mulher, ao assis-tir na igreja ao casamento de umaamiga, sentiu-se desfalecer justa-

Vês definhar o ser querido, quea enfermidade implacável consome.

Preocupas-te e disfarças a tua ago-nia, ante o inexorável acontecimento.

Anotas o nome de pessoa que-rida que a desencarnação violentaarrebatou, e tens o coração dorido.

Oras, em silêncio, sem que nin-guém saiba o que experimentas emforma de melancolia.

Recebes informação sobreacontecimentos rudes, afetando co-rações afetuosos que são convida-dos a dores extenuantes.

Padeces choque emocional,

É razoável que o homem se con-sagre à solução de todos os proble-mas alusivos à esfera que o rodeia nomundo; entretanto, é necessário sai-ba a espécie de contas que prestaráao Supremo Senhor, ao termo dasobrigações que lhe foram cometidas.

Inquieta-se a maioria das cria-turas com o destino dos outros, des-cuidadas de si mesmas. Homensexistem que se desesperam pelaimpossibilidade de operar a melho-ria de companheiros ou de determi-nadas instituições.

Todavia, a quem pertencerão, defato, os acervos patrimoniais domundo? A resposta é clara, porqueos senhores mais poderosos des-prender-se-ão da economia plane-tária, entregando-a a novos operá-rios de Deus para o serviço da evo-lução infinita.

O argumento, contudo, suscitarácertas perguntas dos cérebros menosavisados. Se a conta reclamada refe-re-se ao círculo pessoal, que tem ohomem a ver pelas contas de sua fa-

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A força do fenômeno espíritamente na hora em que os noivos sebeijaram. No dia seguinte, ela jáestava internada num dos hospitaisda cidade. O processo obsessivoganhou vulto, o tratamento afigu-rava-se à família muito difícil, atéque amigos a conduziram a umaCasa Espírita, onde ela se equili-brou e o processo chegou ao fim,ganhando o movimento espírita dacidade uma nova médium e traba-lhadora incansável que muito fez etem feito pela causa evangélica nolugar em que vive.

Professor e escritor ilustre, do-tado de recursos intelectuais inve-jáveis, tinha, no entanto, dificulda-de de aceitar Deus como ensinadopelas religiões tradicionais e vivia,em face disso, apartado de qualquerreligião e das preocupações atinen-tes aos trabalhadores da seara cris-tã. Certa tarde, após o almoço, osogro – que havia falecido algunsanos atrás – lhe aparece. O fenôme-no repete-se nos dias seguintes ecom tal nitidez que morreu ali omaterialista para dar lugar a umnovo espiritista, que inscreve noslivros que publica as noções espíri-tas acerca do Criador e suas leis.

Pais católicos de dois filhos jo-vens, o casal sucumbiu à perda docaçula de 15 anos, encontrado mor-

to em condições misteriosas que in-dicavam, pelo menos na aparência,a idéia do suicídio. Levado a um mé-dico psiquiatra, ele os encaminhoua uma Casa Espírita, advindo da fre-qüência às reuniões e dos estudos es-píritas um equilíbrio diferente, umapaz desconhecida e, por incrível quepossa parecer, a eclosão da faculda-de mediúnica na mãe do jovem de-saparecido. Graças a essa faculda-de, ela passou a sentir a presença dofilho, tornando-se em seguida instru-mento dele, como médiumpsicógrafa que é, para auxílio a tan-tas pessoas que passaram, em perío-do recente, por prova semelhante.

Quando o Iraque se viu livre doditador que o dominava até ser de-posto, os médiuns apareceram e pu-seram, como se diz popularmente,“suas mangas de fora”. Conformeo relato da grande imprensa, algunsse especializaram na arte de desco-brir o paradeiro de pessoas desapa-recidas, enquanto outros se dedicamàs curas. E isso num país muçulma-no, livre portanto das influênciascristãs, comprovando que nada sepode fazer contra os fatos, porqueos fenômenos fazem parte das leisde Deus, não são fruto do ensina-mento e não pertencem a essa ouàquela seita.

Um minuto com Joanna de Ângelisconstatando a tua carência de recur-sos diante de tão graves provações.

Chega-te o apelo angustiado deamigos queridos, que despertam nasoledade ante as infaustas partidasdaqueles a quem amam.

Constatas a precariedade daexistência física e sofres calado,embora sorrindo.

Defrontas os companheiros dajuventude, agora deformados,combalidos, sem rumo.

Nublam-se-te os olhos com lá-grimas que não deixas cair, a fimde que ninguém perceba a tua com-

Conta de si

mília, de sua casa, de sua oficina?Cumpre-nos, então, esclarecer que oscompanheiros da intimidade domés-tica, a posse do lar, as finalidades doagrupamento em que se trabalha, per-tencem ao Supremo Senhor, mas ohomem, na conta que lhe é própria, éobrigado a revelar sua linha de con-duta para com a família, com a casaem que se asila, com a fonte de suasatividades comuns. Naturalmente,ninguém responderá pelos outros; to-davia, cada espírito, em relacionan-do o esforço que lhe compete, serácompelido a esclarecer a sua quali-dade de ação nos menores departa-mentos da realização terrestre, ondefoi chamado a viver.

“De maneira que cada um denós dará conta de si mesmo a

Deus.” – Paulo. (Romanos, 14:12.)

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JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Felicidade (Livraria Es-pírita Alvorada Editora, 1990), doqual foi extraído o texto acima.

EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco Cândido Xa-vier e coordenador da obra mediú-nica do saudoso médium mineiro, éautor, entre outros livros, de “Cami-nho, Verdade e Vida” (FEB, 1948),de onde foi extraído o texto acima.

punção.Multiplicam-se, em toda parte,

as enfermidades mutiladoras,debilitantes, perturbadoras, queacometem os seres vivos e dilace-ram as criaturas humanas, deixan-do vazios terríveis nos corações.

*Não te desalentes, porém.A desencarnação é etapa final

do fenômeno biológico, e ninguémse eximirá de experimentá-la.

Não te entristeças ante os infor-túnios e padecimentos daqueles aquem amas.

Canta, aos ouvidos desses quepadecem, a canção da imortalida-de, acenando-lhes com a esperançade libertação próxima que virá.

Dize-lhes que a existência cor-poral é veste que dura um dia e ador é fenômeno de desgaste quedescerra a luz guardada no íntimo.

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O IMORTALSETEMBRO/2006 PÁGINA 3

A faculdade mediúnica não constitui um privilégioexclusivo e raros são os que não a possuem

Lemos no item 159 d´O Li-vro dos Médiuns a clássica de-finição que Allan Kardec esta-beleceu reportando-se à mediu-nidade:

“Todo aquele que sente,num grau qualquer, a influên-cia dos Espíritos é, por essefato, médium. Essa faculdadeé inerente ao homem; nãoconstitui, portanto, um privilé-gio exclusivo. Por isso mesmo,raras são as pessoas que delanão possuam alguns rudimen-tos. Pode, pois, dizer-se que to-dos são, mais ou menos, mé-diuns. Todavia, usualmente,assim só se qualificam aque-les em quem a faculdade me-diúnica se mostra bem carac-terizada e se traduz por efeitospatentes, de certa intensidade,o que então depende de umaorganização mais ou menossensitiva. É de notar, além dis-so, que essa faculdade não serevela, da mesma maneira, emtodos. Geralmente, os médiunstêm uma aptidão especial paraos fenômenos desta ou daque-la ordem, donde resulta queformam tantas variedadesquantas são as espécies de ma-nifestações”.

A definição acima é com-pleta e abrangente, mas é pre-ciso acrescentar-lhe um dadoimportante, ou seja, que a fa-culdade mediúnica não libe-ra o homem, por si só, das in-fluências dos Espíritos malé-volos.

A sintonia é fundamentalna prática mediúnica

A faculdade em si é, na re-alidade, neutra. O uso que ohomem faz dela é o que impor-ta. Ao empregá-la, podemosnos harmonizar com os bonsEspíritos ou relacionar-nos

THIAGO [email protected]

De Curitiba

com os maus. A sintonia é, por-tanto, fundamental na práticamediúnica.

Dando-nos a oportunidade derejeitar as más influências espi-rituais e acatar as que provenhamdos bons Espíritos, a mediunida-de torna-se desse modo um ins-trumento de aperfeiçoamento es-piritual.

Como sabemos, os Espíritosbenfazejos procuram inspirar-nos

para o bem, enquanto Espíritosinferiores buscam induzir-nos aomal.

Em nossa caminhada evolu-tiva, somos todos instrumentosdas forças com as quais sinto-nizamos. Todos somos médiunsdentro do campo mental quenos é próprio. Se nosso pensa-mento flui na direção da vidasuperior, associamo-nos àsenergias edificantes. Se nos es-cravizamos às sombras da vidaprimitivista ou torturada, entra-mos em sintonia com forçasperturbadoras e deprimentes.

Cada criatura emite raios es-pecíficos e vive na onda espiri-tual com que se identifica.

Agimos e reagimos, semcessar, uns sobre os outros

A mente – como já vimosem artigo precedente (cf. OImortal de agosto/2006, pág. 3)– permanece na base de todosos fenômenos mediúnicos.

Cada alma se envolve no círcu-lo de forças vivas que transpi-ram do seu “hálito mental”.Agimos e reagimos uns sobreos outros, por meio da energiamental em que nos renovamosconstantemente.

Assevera Emmanuel que osmédiuns, em sua generalidade,“são Espíritos que resgatam dé-bitos do passado”, o que explicapor que é difícil à criatura huma-na cumprir integralmente, semenfrentar obstáculos, os deveresque a faculdade mediúnica lheassinala na existência.

No cap. XXXI d´O Livro dosMédiuns, Kardec inseriu diver-sas dissertações em que vultosimportantes na obra da Codifica-ção do Espiritismo tratam dotema que ora focalizamos.

Lembremos trechos de algu-mas dessas mensagens:

“Todos os homens são mé-diuns, todos têm um Espírito queos dirige para o bem, quando sa-bem escutá-lo.” (Channing.)

“O dom da mediunidade é tãoantigo quanto o mundo. Os pro-fetas eram médiuns.” (PierreJouty.)

O mais cruel inimigo domédium é o orgulho

“As faculdades de que gozamos médiuns lhes granjeiam oselogios dos homens. As felicita-ções, as adulações, eis, para eles,

A mediunidade pode serclassificada em dois grandesgrupos: mediunidade de efei-tos físicos e mediunidade deefeitos intelectuais.

Os médiuns de efeitos físi-cos, tão comuns na época daCodificação do Espiritismo, sãoprovavelmente menos numero-sos nos dias atuais, em que maiscomuns são os médiuns de efei-tos intelectuais. Mas têm sur-gido, de tempos em tempos,variedades especiais, como osmédiuns músicos, pintores, po-etas, cirurgiões etc.

Na época de Kardec predo-minavam, no tocante às varie-dades de efeitos intelectuais, apsicografia e a psicofonia.

A mediunidade apresenta,como vemos, uma variedadeinfinita de matizes, de que de-correm os chamados médiunsespeciais, dotados de aptidõesparticulares que variam de in-divíduo a indivíduo, indepen-dentemente das qualidades econhecimentos dos Espíritosque se manifestam.

A mediunidadeapresenta uma variedade

infinita de matizesA natureza das comunica-

ções guarda, no entanto, rela-ção com a natureza do Espíritoe traz o cunho de sua elevaçãoou inferioridade, de seu saberou de sua ignorância.

Há Espíritos que têm predi-leção para as manifestações fí-sicas e, dentre os que dão co-municações de caráter inteli-gente, existem os poetas, osmúsicos, os desenhistas, os sá-bios etc. Obviamente, de parcom a aptidão do Espírito, exis-te a aptidão do médium, queserá para ele um instrumentomais ou menos cômodo, maisou menos flexível.

Fenômenos físicos comopancadas, ruídos, deslocamentode móveis e objetos, de tão cor-riqueiros, não chegam a impres-sionar a criatura humana, que,com toda a certeza, se encanta-ria com determinados efeitos fí-sicos belíssimos e surpreenden-tes, como as materializações eos transportes, infelizmente tãoraros na época em que vivemos.(Thiago Bernardes)

o escolho. (...) Nunca me cansa-rei de recomendar-vos que vosconfieis ao vosso anjo guardião,para que vos ajude a estar sem-pre em guarda contra o vossomais cruel inimigo, que é o or-gulho.” (Joana D´Arc.)

“Quando quiserdes recebercomunicações de bons Espíritos,importa vos prepareis para essefavor pelo reconhecimento, porintenções puras e pelo desejo defazer o bem, tendo em vista oprogresso geral.” (Pascal.)

“Falar-vos-ei hoje do desin-teresse, que deve ser uma dasqualidades essenciais dos mé-diuns, tanto quanto a modéstia

e o devotamento. (...) Não éracional se suponha que Espí-ritos bons possam auxiliarquem vise satisfazer ao orgu-lho ou à ambição.” (Delfinede Girardin.)

“Todos os médiuns são, in-contestavelmente, chamados aservir à causa do Espiritismo,na medida de suas faculdades,mas bem poucos há que não sedeixam prender nas armadilhasdo amor-próprio. (...) Lem-brem-se sempre destas pala-vras: Aquele que se exalçar seráhumilhado e o que se humilharserá exalçado.” (O Espírito deVerdade.)

Emmanuel, mentor da obra do saudosoChico Xavier

Fac-símile da capa do livro “Emmanuel”

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O IMORTALPÁGINA 4 SETEMBRO/2006

Sempre entendi que a discussãoem torno da obra Os Quatro Evan-gelhos, dada a lume pelo advoga-do J.-B. Roustaing, devia – e aindadeve – cingir-se exclusivamenteaos seus aspectos doutrinários, ouseja, primeiro é preciso conhecer aobra para depois criticar oudefendê-la. Eis o motivo pelo qual,até este momento, jamais tratei doassunto, seja aqui, seja na tribuna.

Alguém, porém, me perguntaque problemas há na referida obrae – caso existam – por que a edito-ra da Federação Espírita Brasileira(FEB) a divulga e tantos nomesilustres em nosso meio a defendem.

Os adeptos do chamado rous-tainguismo formam, de fato, umcontingente numeroso. Pelo menosé o que informa Luciano dos Anjosem seu livro “Os Adeptos de Rous-taing”, publicado em agosto de1993 pela Associação Espírita Es-tudantes da Verdade, de Volta Re-donda (RJ).

Respondendo à indagação inici-al, digo que é fácil perceber na obrade Roustaing a existência de quatropontos que a tornam incompatívelcom a Doutrina Espírita exposta nasobras de Kardec, Delanne, AndréLuiz e Emmanuel. Claro que,excetuados esses problemas, apre-

senta ela coisas atraentes, especial-mente no que se refere à apresenta-ção primorosa que a FEB lhe deu,um cuidado que jamais a editorateve com quaisquer outras obras.

Os quatro pontos a que me re-firo são estes:

I. A tese de que a encarnação nãoé obrigatória, nem mesmo necessá-ria, e só se dá em caso de queda doEspírito. A evolução da criatura hu-mana, após a passagem do princí-pio inteligente pelos reinos inferio-res da criação, ocorreria, segundoRoustaing, em cidades espirituaisnas quais o Espírito reveste tão-so-mente um corpo fluídico – o peris-pírito. Se o indivíduo apresentarnessa condição algum defeito a sercorrigido (vaidade, inveja etc.), aísim, por castigo, terá de encarnar. Areencarnação seria uma conseqüên-cia dessa primeira encarnação. Oassunto é tratado no volume 1, pp.317 e 321, no volume 3, p. 91, e novolume 4, p. 292, da 8a edição, deagosto de 1994, publicada pela FEB.

II. Ao ter de encarnar, o Espíri-to fá-lo-á em um mundo primitivo,encarnando-se aí num corpo rudi-mentar que viverá, como os ani-mais, do que encontrar no solo.“Não poderíamos compará-los me-lhor do que a criptógamos carnu-

dos”, diz o livro em seu volume 1,p. 313. Um exemplo conhecido decriptógamo carnudo são as nossaslesmas. O livro de Roustaing estádizendo, portanto, que uma almahumana, depois de viver numa ci-dade espiritual, encarnará numaforma animal que nem mesmo che-gou ao nível dos vertebrados, umensinamento que reedita a doutri-na da metempsicose, rejeitada for-malmente pela Doutrina Espírita. Oassunto é tratado ainda nas pp. 299e 312 do volume citado.

III. A encarnação, que normal-mente não é necessária, só se dá emcaso de queda do Espírito, uma alu-são à retrogradação da alma, que oEspiritismo não admite. Os moti-vos, diz a obra, são diversos e seusresultados, terríveis. “Qualquer queseja a causa da queda, orgulho, in-veja ou ateísmo, os que caem, tor-nando-se por isso Espíritos de tre-vas, são precipitados nos tenebro-sos lugares da encarnação huma-na, conforme ao grau de culpabili-dade, nas condições impostas pelanecessidade de expiar e progredir”,eis a lição transmitida na obra emseu volume 1, p. 311.

IV. Afirma Roustaing que Jesusnão encarnou para vir à Terra tra-zer-nos a Boa Nova. Seu corpo te-

ria sido fluídico. Ele fora, assim,um agênere, um Espírito materiali-zado e desse modo se explicariamseu desaparecimento dos 12 aos 30anos, período do qual ninguém fala,e o sumiço do corpo material nosdias seguintes à crucificação. Oassunto é tratado nos quatro volu-mes da obra, constituindo um dosaspectos mais conhecidos da dou-trina roustainguista e, por isso mes-mo, o mais criticado.

Allan Kardec examinou emsuas obras os quatro assuntos aci-ma focalizados: a encarnação doEspírito como requisito indispen-sável à evolução espiritual e ao pro-

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

O roustainguismo e seus problemas

O Espiritismo respondeMaria Luísa me indaga: “Exis-

te diferença entre metempsicose ereencarnação?”

Sim. A reencarnação é o ins-trumento que o Criador nos con-cede para atingirmos a meta danossa evolução, do nosso pro-gresso individual e do mundo emque vivemos. Não se deve, con-tudo, confundi-la com a metemp-sicose, porque a reencarnação dacriatura humana só se dá na es-pécie humana, enquanto a doutri-na da metempsicose, que o Espi-ritismo não aceita em nenhumahipótese, admite a retrogradação,ou seja, a encarnação da almahumana em corpos de animais evice-versa.

A Doutrina Espírita é, no to-cante a esse assunto, bastante pre-cisa: o homem pode estacionar,mas nunca retroceder na sua ca-minhada rumo à perfeição.

A doutrina da reencarnação,tal como ensinada pelo Espiritis-mo, se funda na marcha ascenden-te da Natureza e no progresso dohomem, dentro de sua própria es-pécie. Ele pode, numa existência

futura, renascer em um meio maishumilde, mais singelo, menos do-tado de recursos materiais, masserá sempre ele mesmo, com a in-teligência e as virtudes adquiridasao longo do tempo pelo Espíritoque o anima.

A doutrina da metempsicoseconstitui um equívoco, mas é pro-vável que sua origem repouse numfato verdadeiro, relacionado coma evolução anímica, assunto tra-tado em diversas obras espíritas,especialmente na questão 607 d´OLivro dos Espíritos e nas obras deAndré Luiz e Gabriel Delanne.

Em sua caminhada evolutiva,o princípio inteligente se elabora,se individualiza pouco a pouco ese ensaia para a vida, em um pro-cesso bastante lento por meio doqual o princípio inteligente sofreuma transformação e se torna Es-pírito. É então que entra no perío-do da humanização, do qual nãoretrocederá jamais para animar es-pécies próprias do chamado reinoanimal, uma possibilidade inexis-tente que a Doutrina Espírita re-jeita firmemente.

Atenção especial devemos terno uso do vocábulo inclusive, queestará corretamente utilizado quan-do significar “com inclusão de” ouo oposto de “exclusive”.

Vejamos alguns exemplos doseu uso correto: À festa de Ricardo,iremos todos nós, inclusive vovó.No acidente morreram oito pesso-as, inclusive o motorista. Chegueiao capítulo 17 do livro inclusive.

Não podemos, no entanto,utilizá-lo como sinônimo de até, atémesmo, ainda, além de, a ponto de.

Pílulas gramaticaisEstão, em face disso, erradas

estas construções: João o amea-çou inclusive fisicamente. Lem-bro-me inclusive do rosto de mi-nha primeira namorada. Ele jásaiu e disse inclusive que nãovolta mais. O pai mostrou-se cha-teado inclusive com a má-educa-ção das crianças. O craque decep-cionou e inclusive não fez nemmesmo um gol.

*Com relação à pronúncia, lem-

bremo-nos de que é aberto o tim-

bre da vogal tônica dos vocábulosseguintes:• leso (paralítico, lesado, idiota) (é)• lesto (é)• morna (ó)• mornos (ó)• portos (ó)• primevo (é)• reforços (ó)• refrega (é)• sestro (é)• Tejo (é)• tremoços (ó)• tropo (ó).

gresso dos planetas; a metempsico-se, que rejeitou expressamente; oprincípio da não-retrogradação daalma e a natureza corpórea do cor-po de Jesus, ao qual dedicou ositens 64 a 67 do cap. XV de seu li-vro “A Gênese”.

A conclusão que podemos tirar,à vista do exposto, é uma só: osespíritas que apóiam a obrade Roustaing certamente não a le-ram; pelo menos é o que deve terocorrido com escritores importan-tes que a elogiaram em certa épocae depois mudaram de idéia, comoos saudosos confrades Carlos Im-bassahy e Henrique Rodrigues.

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O IMORTALSETEMBRO/2006 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

A Alma é Imortal (Parte 8)

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

Continuamos a publicar o textocondensado da obra A Alma é Imor-tal, de Gabriel Delanne, traduzidapor Guillon Ribeiro e publicada pelaEditora da FEB. As páginas citadasreferem-se à 6a edição.

*101. Cahagnet, o célebre mag-

netizador, diz ter conhecido mui-tas pessoas com quem se deramfatos desses - desdobramentos -que, diz ele, são muito freqüentesem estado de doença. (Pág. 113)

102. Observa Delanne que, demodo geral, os relatos mostramque para a alma desprender-se épreciso que o corpo esteja mergu-lhado em sono, ou que os laços quea prendem ao corpo se hajamafrouxado por uma emoção forteou por doença. As práticas mag-néticas ou os agentes anestésicosacarretam também, por vezes, osmesmos resultados. (Pág. 114)

103. Outra constatação impor-tante, resultante dos exemplos ci-tados, é que a forma visível da almaé cópia absolutamente fiel do cor-po terrestre. A identidade entre apessoa e seu duplo é completa, enão se limita à reprodução dos con-tornos exteriores do ser material,pois que alcança até a íntima estru-tura perispirítica, ou seja, todos osórgãos do ser humano existem nasua reprodução fluídica. (Pág. 114)

104. Em seu livro A Humani-dade Póstuma, Dassier relata ocaso de uma mulher que procurouum adivinho que vivia recluso, nascercanias de Filadélfia (EUA),com o objetivo de obter notíciasde seu marido, um capitão de na-vio que partira para longa viagempela Europa e pela África. O adi-vinho adormeceu num aposento

contíguo ao da consulta e, desdo-brando-se, encontrou o capitãonum café em Londres, colhendo ainformação de que em breve eleregressaria ao lar. De volta à casa,o marinheiro confirmou ter-se en-contrado realmente com o adivinhoem Londres. (Págs. 115 e 116)

105. Delanne encerra o capítu-lo transcrevendo um caso de des-dobramento provocado relatado naRevista Espírita de 1858 e o conhe-cido episódio que se deu com Afon-so de Liguori, constante do livro AHistória Geral da Igreja, escritapelo barão Henrion. Como se sabe,estando adormecido em sua casa pordois dias, Afonso de Liguori, aodespertar, informou ter assistido opapa Clemente XIV, que havia aca-bado de morrer. O fato ocorreu a 22-9-1774 e reza a história que Cle-mente XIV deixou de viver às 7horas da manhã do referido dia, as-sistido, entre outros, por Afonso deLiguori. (Págs. 118 e 119)

Maria de Agreda notabilizou-sepor seus inúmeros casos

de desdobramento

106. Casos análogos, diz Delan-ne, ocorreram com Santo Antôniode Pádua, S. Francisco Xavier e,sobretudo, com Maria de Agreda,cujos desdobramentos se produzi-ram durante muitos anos. (Pág. 119)

107. Sob o título Aparição realde minha mulher depois de morta,o dr. Woetzel publicou em 1804 umlivro que causou grande sensaçãonos primeiros anos do século XIX.Woetzel pedira à sua mulher, quan-do enferma, que, se ela viesse amorrer, lhe aparecesse. Algumassemanas depois de sua morte, umajanela do seu quarto se abriu e eleviu a forma de sua esposa, que lhedisse com voz meiga: “Carlos, souimortal; um dia tornaremos a ver-

nos”. A aparição e essas palavrasrepetiram-se segunda vez, mos-trando-se a falecida vestida debranco e com o aspecto que tinhaem vida. (Págs. 120 e 121)

108. Um cão, que da primeiravez não dera sinal de ter percebidocoisa alguma, da segunda se pôs afarejar e a descrever um círculo,como se o fizesse em torno de al-guma pessoa conhecida. (Pág. 121)

109. O dr. Justinus Kerner, emsua obra sobre a vidente dePrévorst, refere também que, todavez que o Espírito lhe aparecia, umgalgo negro parecia sentir-lhe apresença e corria para junto de al-guém logo que a aparição se tor-nava perceptível à vidente. Desdeo dia em que viu o vulto, o cãonunca mais quis ficar sozinho du-rante a noite. (Pág. 121)

110. Vários fatos, relatados naseqüência por Delanne, demons-tram que as aparições, como veri-ficado pelo dr. Kerner, produzemimpressões sobre os animais. Ora,conforme observou o naturalistaAlfred Russel Wallace, isso nãoocorreria se fossem verdadeiras asteorias da alucinação e da telepa-tia. (Págs. 121 e 122)

111. Além disso, se nas apari-ções ocorrem fenômenos físicosproduzidos por ela, evidente se tor-na que não é uma imagem mentalquem as executa. (Págs. 123 e 124)

O Espírito dispõe de umórgão capaz de produzir

sons articulados

112. A obra As Alucinações Te-lepáticas traz relatos de diversasaparições de pessoas falecidas,como a narrada pela sra. StellaChieri, da Itália, que lia um livrojunto da lareira, quando a porta dorecinto se abriu e Bertie (que mor-rera minutos antes) entrou. Ela se

Do livro Moldando o Terceiro Milênio, de Fernando Worm, 2a

edição, cap. 9, obra publicada pelo Centro Espírita Caminho da Re-denção, de Salvador-BA.

Divaldo responde- Que observações você pode

fazer em face do problema dasobsessões, angústias e depressõesque acometem a criatura humana?

Divaldo P. Franco – Afir-mam nossos amigos da Espiritu-alidade que o exercício do amor,das iniciativas altruísticas e a pre-ce habitual são verdadeiros antí-dotos contra estados obsessivose nervosos.

Qualquer que seja a religião,crença, filosofia ou seita do indi-víduo, a terapêutica de profundi-

dade é, sempre e igualmente, ado Evangelho de Jesus.

As entidades obsessorasdesencarnadas perdem o poder deintervir nas mentes escudadas nopoder da fé, do agir corretamen-te e com caridade. E mesmo nasprovas cármicas de moléstias ner-vosas de caráter irrecuperávelnuma existência, tal remédio é oúnico viável com vistas à ameni-zação que se obterá no presente,além dos resultados eficazes alongo prazo.

levantou bruscamente, a fim deaproximar do fogo uma poltronapara ele, pois lhe pareceu que o jo-vem estivesse com frio e não traziacapote, embora na ocasião nevas-se. Depois que a aparição se desfezé que a sra. Chieri ficou sabendo,através do sr. G..., que Bertie haviamorrido em seu quarto meia horaantes. (Págs. 124 e 125)

113. Relato semelhante foi fei-to pela sra. Bishop, em março de1884. Segundo essa escritora, umíndio de nome Mountain Jim, queela conhecera na América, apare-ceu-lhe no quarto de um hotel naSuíça no dia exato em que seu cor-po morrera em sua aldeia.Mountain Jim surgiu de repentediante dela e lhe disse: “Vim, comoprometi”. Depois, fez um sinalcom a mão e disse: “Adeus!”, fatoque prova que o Espírito dispõe deum órgão para produzir sons arti-culados e de uma força para acioná-lo. (Págs. 127 e 128)

114. Morto na baía de HongKong a 21-8-1869, em conseqüên-

cia de um ataque de insolação, osr. Cox apareceu, algumas horasdepois, no quarto de seu filho, ummenino de sete anos, emDevonport (Irlanda), e logo depoisa uma irmã, sra. Minnie Cox, jun-to da lareira da casa. Como a sra.Cox não sabia de sua morte, elaficou aterrada e cobriu a cabeçacom um lençol, mas pôde ouvi-lonitidamente a chamá-la pelonome, o que foi repetido três ve-zes. (Págs. 128 e 129)

115. Delanne transcreve em se-guida um relato datado de 19-5-1883,extraído da obra As Alucinações Te-lepáticas, em que se registrou a apa-rição de três Espíritos e, na seqüên-cia, reproduz um caso em que o mor-to pôde ser visto por diversas pesso-as. Diz Delanne que, além desses, aobra citada apresenta 63 outros fatosanálogos, o que desmonta a tese daalucinação, porque é ir muito longeimaginar que várias pessoas possamser vítimas de uma mesma ilusão.(Págs. 129 a 133) (Continua no pró-ximo número.)

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O IMORTALPÁGINA 6 SETEMBRO/2006

A LIÇÃO DOESPELHO

Armindo era um menino queestava sempre irritado. Não tinhapaciência com nada.

Vivia a reclamar de tudo: o al-moço que não tinha saído na horacerta, a fila de ônibus que tinha deenfrentar para ir à escola, a tarefaque precisava fazer.

Por essa razão estava sempre decara feia e emburrada.

Um dia sua mãe lhe disse:— Alguma vez você já se olhou

no espelho quando está zangado?Armindo respondeu, intrigado:

— Não. Por que?— Quando estiver bravo, olhe-

se no espelho e teráuma surpresa, meu fi-lho — aconselhou amamãe com um sor-riso.

Certa manhã emque Armindo tinhalevantado particular-mente mal-humora-do, ele lembrou-se doque a mãe sugerira eolhou-se no espelho.Não que não se mi-rasse no espelho to-dos os dias, mas na-quele dia o fez commais atenção.

Levou um susto.Aquela cara brava, defeições carregadas,boca contraída e olhos vermelhos,não poderia ser a sua!

Que horror! Como estava feio!Sua mãe tinha razão!

Sentando-se para tomar o caféda manhã, contou à mãe o queacontecera e ela afirmou com gra-vidade:

— Está vendo, meu filho, o quesignifica o nosso pensamento?

— Pensamento? — perguntouo menino sem entender.

— Sim, meu filho. O seu rostonão é feio. É que naquele momen-to ele refletia o seu pensamento,suas disposições íntimas, como oespelho faz com sua imagem.

Para completar a lição, levou ogaroto até perto do espelho e lhedisse:

— Pense em algo agradável oualguma coisa de que você gostemuito.

Armindo pensou... pensou... eachou:

— Algo que eu goste muito?Ah! Já sei. Lembrei daquele cão-zinho que eu vi outro dia e que opapai prometeu me dar. Ele é tãolindo! Tão fofinho!

Nesse momento a mãe colocouArmindo defronte do espelho. Amudança foi total. Era outro rosto,sereno, radiante de felicidade eolhos brilhantes que o contempla-vam.

A partir desse dia,todas as vezes queArmindo ia irritar-sepor alguma coisa, ouperder a paciênciapor uma bobagemqualquer, lembrava-se da lição do espe-lho e procurava con-trolar-se.

No início não foifácil; ele se domina-va com dificuldade.Com o passar dosdias, porém, os resul-tados não se fizeramesperar e passou asentir um bem-estarmuito grande em seuíntimo.

Em pouco tempo Armindo eraum garoto completamente diferen-te. Simpático e afável, tratava atodos com gentileza e estava sem-pre com um sorriso nos lábios.

E quando alguém ao seu ladoperdia a paciência ou ficava zan-gado por qualquer motivo ele di-zia, sorridente:

— Cuidado! Lembre-se da li-ção do espelho!

TIA CÉLIA

Olá, meusamiguinhos!

A estação dasflores chegou!Este ano não tive-mos um invernorigoroso, com diasnublados, chuvo-sos e frios, daque-les que a gente seenche de roupaspesadas de lã: ca-saco, blusa, gorroe meias.

Tivemos um inverno sem chu-va e as paisagens ficaram tristes,queimadas pelo sol e os dias maisquentes.

Mas, de repente, percebemosbrotinhos nascendo aqui e ali, elogo as árvores ficam cobertas defolhas novas e verdinhas, as gra-mas perdem o aspecto seco e ama-relado e ganham nova força, asflores se abrem nos jardins, en-feitando a vida.

É a primavera que chegou, tra-zendo um colorido todo especiale alegrando as pessoas. Um espe-táculo que se repete todos os anos,como bênção de Deus.

É a melhor época tambémpara plantar. Que tal ajudarmos anatureza, plantando uma novamuda de árvore, uma flor ou umaverdurinha?

Não acham uma boa idéia?Que tal fazer uma pequena hortaem casa? É muito fácil e diverti-do!

Você pode usar qualquer pe-dacinho de terra, um vaso ou atémesmo uma caixa para plantarflores, temperos como salsa,cebolinha, hortelã; ou verdurascomo alface, almeirão, couve, etc.

O importante é ter boa-vonta-de e paciência.

Você vai precisar escolher umterreninho, um vaso ou colocaruma caixa com terra em local quepegue bastante sol durante o dia.

As plantinhas precisam muito decalor.

Em seguida, afofe bem a ter-ra. Um pouco de adubo tambémé bom. Peça para alguém, mudasou sementes do que deseja plan-tar, ou compre numa casa de pro-dutos agrícolas.

Lance as sementes no chão,cobrindo com cuidado; ou façaum buraquinho e deposite ali amuda que vai plantar, cobrindoem seguida com a terra.

Não se esqueça de regar to-dos os dias. As plantas precisamde calor, luz e água.

Depois, é só esperar. Você fi-cará surpreso com a rapidez comque brotam as plantas.

Vamos trabalhar? Tenho cer-teza de que o papai e a mamãeficarão muito contentes, e vocêestará aprendendo a lidar com aterra, fazendo uma tarefa impor-tante e útil.

As vantagens serão muitas.Além de colher verduras fres-quinhas que irão diretamentepara a sua mesa (depois de la-vadas, é claro!), elas não con-terão agrotóxicos, que são subs-tâncias utilizadas nas lavourase consideradas prejudiciais àsaúde.

Além disso, a verdura teráoutro sabor, pois é fruto do seutrabalho. E as flores enfeitarãosua casa.

BOA SORTE!

VIVA A PRIMAVERA!

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O IMORTALSETEMBRO/2006 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

caráter ocultista incluem-se os conheci-mentos das doutrinas orientais e um pou-co mais tarde ele procurou também intei-rar-se sobre as revelações através decriteriosa e sensata pesquisa de um outronotável francês, o ilustre professor Rivail,mais tarde Allan Kardec. Optou por asi-lar-se na Bélgica a princípio e depois, em1852, na ilha inglesa de Jersey, uma ilhado Canal da Mancha. Sua família: esposae filhos vieram unir-se a ele. Foi um lon-go exílio: 18 anos. A partir de 1855 elesmudaram para a ilha de Guernesy. Regres-sando a terra mãe somente em 1870,reingressando à política. O estudo em tor-no do “sobrenatural” o apaixonou sobre-maneira. O contato com os espíritos cons-tituiu-se-lhe numa necessidadeintransferível. Foi exatamente durante oexílio e mais particularmente em Jersey,uma ilha do Canal da Mancha, que os fa-tores mediúnicos mais extraordinários su-cederam , mudando inteiramente o seumodo se ser. Instalando-se na Ilha, Hugoe sua família passaram a residir numa mo-desta casa que ficaria conhecida como“Marine Tarraxe” (Terraço Marinho).

O Terraço Marinho era amplamentefreqüentado, normalmente por outrosexilados franceses. A rotina do localmudou radicalmente a partir do dia 6 desetembro de 1853, data em que chegouali, vinda de Paris, a poetisa, romancistae teatrólogo Madame Delphine deGirardin, trazendo em sua bagagem asúltimas novidades então em voga nagrande capital, onde se sobressaia de ma-neira inusitada o contato com os mortosatravés da tipologia (batida dadas poruma mesa). Hugo, evidentemente, mos-trou-se incrédulo, muito embora MadameDelphine tenha lhe afiançado, sob jura-mento, que “as mesas não só davampancadinhas e se inclinavam misteriosa-mente, como, também, podiam serinduzidas a bater palavras inteiras e sen-tenças em código”. Tudo isso era demaispara o grande escritor, mesmo já inicia-do no estudo das coisas do Além. Ele foialém, a curiosidade fora maior do que adúvida. As experiências com o mobiliá-rio da casa tornaram-se logo uma impo-sição. Todavia, o resultado foi decepcio-nante e a Madame Girardin apressou-seum justificar o fracasso; “Os espíritosnão são como cavalos de carro de alu-guel, prontos a qualquer hora para aten-

Victor Hugo

Victor Marie Hugo imortalizou-seno mundo das letras como Victor Hugo,tornando-se universalmente respeitadocomo o mais refinado poeta, romancistae dramaturgo do século XIX. Nasceu nacidade de Besançon no dia 26 de feve-reiro de 1802. Seu pai foi o generalnapoleônico Joseph Leopold SigisbertHugo, também conhecido como o con-de “Sigisberto” Hugo. Victor Marie Hugoviveu os seus primeiros anos na França,na Itália e pertenceu durante muito tem-po à Espanha. Aos dez anos de idade sa-bia como ninguém versejar. Já, nessa ten-ra idade dominava as técnicas da rima eda métrica com perfeição. Sua poesia erasublime e sua prosa um verdadeiropoema. E foi exatamente a sua maravi-lhosa arte de escrever que o levou a in-gressar na Academia de Letras Francesaem 1841. Fez sua estréia literária em1822, aos 20 anos de idade. O seu pri-meiro volume com o livro “Odes e Poe-sias Diversas”. Em 1923, é dado a públi-co o romance “Han de Islândia”; Seu ro-mance “Nossa Senhora de Paris” maisconhecido como O Corcunda de Notre-Dame, em 1824, um segundo volume de“ODES”; em 1825, BUG JARGAL: nomesmo ano, um terceiro volume de“ODES”, seguido de “Baladas”; em1827, o drama Gromwell, cujo prefáciose transformaria no manifesto do roman-tismo. As principais produções líricas, naprimeira partem de sua carreira, são: os“OS ORIENTAIS” (1828), admiráveispelo estilo e riqueza de ritmo. “AS FO-LHAS DE OUTONO” (1831); “CAN-TOS DOS CREPÚSCULOS” (1835)“AS VOZES INTERIORES” (1837); os“RAIOS E AS SOMBRAS”. (1840). De-pois de “Gromwell”, “Hernani” (1830);os “Marion Del orne” (1830); O “Rei Di-verte-se” (1832); “Lucrecia Borges e Naria Tudor” (1833); “Ângelo” (1835).Eleito membro da Academia Francesaem 1841 e nomeada par da França em1845. A partir daí Victor Hugo volta-separa a política, tornando-se chefe da es-querda democrática, e em (1862), publi-cou provavelmente seu mais famoso ro-mance: “Os Miseráveis”, um romance defortíssimo conteúdo social e humanitá-rio. Após a revolução de 1848, da qualfoi co-participante, ingressou na Assem-bléia Constituinte e também na Assem-bléia Legislativa. Em 1851, inesperada-mente surgiu o golpe de Estado, lidera-do por Luís Napoleão Bonaparte(Napoleão III) contra o qual o deputadoVictor Hugo organizou uma base de re-sistência, mas nos estudos filosóficos de

der uma ordem”. E ela tinha razão, poisque conhecera de perto o fenômeno edele não tinha a menor dúvida. Foi aocomércio da Ilha e comprou umamesinha de três pernas. No retorno aoTerraço convenceu Hugo a participar deuma nova sessão, em que ela esperavaestabelecer contato com os espíritos. Na-quela noite memorável a mesinha bateuas letras que, juntas, formavam o nomeLèopoldine, nome da filha de VictorHugo, desencarnada em, 1843 num aci-dente de barco no rio Sena . E este foi oprimeiro Espírito que se apresentou emMarine-Terrac: -Onde estás? - pergun-ta o poeta; -Luz ; -Que é preciso fazerpara ir ter contigo? ; -Amar. Então napequenina casa, tão triste, todos chora-ram, todos acreditaram. A morte da jo-vem o deixara inconsolável. E a mesinhade três pernas não mais parou de dar oseu “recado”, mesmo depois da partidade Madame Delphine. As experiênciascontinuaram até 1855, contando semprecom a presença de Victor Hugo, sua es-posa, a Sra. Adèle Foucher, de sua filhade mesmo nome e seus dois filhos,Charles Victor (que era médium) eFrançois Victor, de Auguste Vacquerie,que fora cunhado de Léopoldine e deconvidados. Os famosos acontecimentosespirituais de Hydesville, nos EstadosUnidos, com a família Fox, considera-dos historicamente como as primeirassementes do Espiritismo, lançadas naTerra, deram-se em 1848. Os fenôme-nos das mesas falantes, que surpreende-ram os europeus, têm como marco o anode 1850. E já em 1853, Victor Hugo jáparticipava de experiências mediúnicase firmava suas idéias filosóficas em tor-no da imortalidade, da sobrevivência eda reencarnação: “quem nos diz que eunão me torne a encontrar aqui? Quandome curvar no túmulo, não direi como tan-tos outros: terminei a minha jornada.Não, a sepultura não é um beco sem sa-ída, é uma avenida: ela se fecha no cre-púsculo, ela reabre na aurora!”. Ao vol-tar do exílio (1872) publica uma sériede obras de magnífico valor literário,entre os quais a segunda série das “Len-das dos Séculos” (1877), “Religião e Re-ligiões” (1880), “Os Quatro Ventos doEspírito” (1881). Vitor Hugo desencarna,aos 83 anos, Eis as suas últimas vonta-des consignadas em testamento confia-

do a Augusto Vacquerie: Deixo 50.000francos aos pobres. Desejo que me le-vem ao cemitério na carreta dos pobres.Recuso as orações de todas as igrejas.Creio em Deus. Deixou uma produçãoliterária imensa, que o eleva á posiçãode um dos mais talentosos escritores epoeta não apenas da França, mas de todoo mundo. Allan Kardec, em 1863, já con-siderava Victor Hugo um precursor doEspiritismo, em face de suas idéias emtorno da imortalidade, da sobrevivênciae da reencarnação, tendo publicado umanora na Revista Espírita de agosto da-quele ano, tecendo comentário, acerca deuma carta que Victor Hugo enviou aLamartine de Alphonse, poeta francês,(1790-1869), em face da desencarnaçãode sua esposa. André Mauro is em “TeLife of Victor Hugo”, escrevera: “VictorHugo acolheu as revelações com serie-dade mortal” (...) “estava profundamen-te emocionado por descobrir que os es-píritos falavam sua própria filosofia. Assessões em Marine Terrace desempenha-ram um grande papel na evolução do seucaráter. Ele acreditou ser perfeitamentenatural que as almas desencarnadas hou-vessem escolhido uma mesa em Jersey,como um meio para se comunicar. Acre-ditou, com sinceridade, que sua filoso-fia recebera por este meio e diretamenteda fonte divina, uma espécie de soleneconsagração”. Somente em 1873, Hugovoltou a relacionar-se com os mortos.Agora, porém, mais experiente e maisresponsável. Contudo teve de enfrentarcríticas ácidas dos “entendidos”, sofreupressões dos reacionários, etc. VictorHugo prosseguia lutando em prol da li-berdade, da fraternidade e do amor entreos homens. Com essa preocupação de im-plantar Deus no íntimo de cada um elechegou ao congresso pela paz, realizadoem Lausanne, em que afirmou:

Victor Hugo e o princípioda reencarnação

Além da imortalidade da alma, cria,também, o poeta maior, na reencarnaçãoquando afirmou: “Quem nos diz que eunão me torne há encontrar nos séculos?Shakespeare escreveu: ‘A vida é um con-to de fadas que se lê pela Segunda vez’.Ele teria podido dizer: pela milésima vez!Por que não há século em que eu não veja

passar a minha sombra”. E finalizou:“Há meio século que escrevo meu pen-samento em prosa e verso: história, fi-losofia, dramas, romances, lendas, sá-tiras, odes, canções, etc. tudo tenho ten-tado, mas sinto que não disse a milési-ma parte do que está em mim. Quandome curvar para o túmulo, não direicomo tantos outros: terminei minha jor-nada. Não, a sepultura não é um becosem saída, é uma avenida; ela se fechano crepúsculo, ela se abre na aurora!”Nas revelações das mesas, Hugo vê adeslumbrante confirmação das suasidéias religiosas. E é nessa convicçãoque escreve a 19 de setembro de 1854:“Tenho uma pergunta grave a fazer”.Os seres, que povoam o Invisível e quelêem os nossos pensamentos, sabemque há vinte e cinco anos me ocupodos assuntos que a mesa suscita eaprofunda. Mais duma vez a mesa metem falado desse trabalho; a Sombrado Sepulcro incitou-me a terminá-lo.Nesse trabalho, evidentemente conhe-cido no além, nesse trabalho de vinte ecinco anos, encontrara, apenas pela me-ditação, muitos resultados que com-põem hoje a revelação da mesa; viramdistintamente confirmados alguns des-ses resultados sublimes; entrevira ou-tros que viviam no meu espírito numestado de embrião confuso. Os seresmisteriosos e grandes que me escutam,vêem, quando querem, no meu pensa-mento, como se vê numa gruta com umarchote; conhecem a minha consciên-cia e sabem quanto tudo o que eu aca-bo de dizer é rigorosamente exato, quefiquei por momentos contrariados, nomeu miserável amor-próprio humano,pela revelação atual, que veio lançar àvolta da minha lampadazinha de mi-neiro o clarão dum raio ou dum mete-oro. Hoje, tudo o que eu vira por intei-ro é confirmado pela mesa: e as meiasrevelações a “mesa” as completa. Nesteestado de alma escrevi: “O ser que sechama” Sombra do Sepulcro aconse-lhou-me a terminar a obra começada;o ser que se chama Idéia foi mais lon-ge ainda e “ordenou-me” que fizesseversos atraindo a piedade para os serescativos e punidos, que compõem o queparece aos não videntes a Naturezamorta; obedeci. Fiz versos que Idéiame impôs.

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JOANNA DE ÂNGELIS(Espírito)

Violência e Educação

A violência encontra-se ínsitano animal que, pelo instinto man-tém a existência nutrindo-se deoutros, que se lhe transformamem alimento indispensável àcontinuidade da vida.

Mesmo no estado de huma-nidade do ser, ainda remanesceesse instinto que se subordina àlei de destruição, mediante cujocomportamento preserva o deconservação, fundamental aoprosseguimento da caminhadaevolutiva na Terra.

À medida, porém, que o Es-pírito se depura das heranças pri-márias e supera os atavismos per-turbadores, menos violento seapresenta, avançando pela sen-

da do progresso em clima de paze de realização dignificadora.

Do ponto de vista sociológico,a violência é o fruto espúrio dasinjustiças sociais, da indiferençadas autoridades que administramas comunidades em relação à edu-cação, ao trabalho, à saúde, ao es-pairecimento das criaturas que,sentindo-se relegadas ao abando-no, deixam que irrompa a fúria in-terior que as devora, tomando aclava da justiça nas mãos destrui-doras, para agredir, roubar e ma-tar... Esses governos que não sepreocupam com o povo, antes oexploram, lembrando-se dele ape-nas quando o necessitam, por oca-sião das eleições, são, em verda-de, os tecedores da rede de per-versidade social que se espraia emforma de loucura e violência.

Nos bolsões de mi-séria, onde estorcegamesses seres humanossem identidade, semdignidade, a que foramrelegados, e se encon-tram dominados pelamiséria moral que se de-senvolve à larga, explo-dem os vulcões da vio-lência no grupo, quelogo atira suas lavas ter-ríveis além dos limites,avançando na direção dasociedade que os ex-cluiu do seu meio.

Não lhes sendo doa-dos os recursos que dig-nificam o ser, ei-los,perversos e impulsivos,tomando-os à força, porpensarem que têm direi-to à sua conquista de

qualquer forma, e assim, tresva-riados, roubando também as vidasque se lhes surgem pela frente...

Psicologicamente, existemcausas mais profundas que resul-tam das dilacerações da alma quese encontra aturdida, em razão daausência do amor que não rece-beu, do respeito que nunca lhe foioferecido, da oportunidade de umlar que nunca teve, porque rara-mente existe, do convívio saudá-vel que nunca experienciou.

Aí, nesse reduto sombrio, ondeo ódio e a indiferença, a agressãomoral e a física fazem a sua mora-da, e a disputa por um pedaço dechão para dormir torna-se vital, éque os vírus da revolta se desenvol-vem e tomam o organismo das suasvítimas, decretando-lhes a morte daesperança e da alegria de viver.

Desenvolve-se o indivíduo,nesses antros, marcado profunda-mente pela ignorância e insensi-bilidade, que o predispõem parao crime, que se lhe torna uma nor-mal condição de vida, não lheconstituindo motivo de repúdio,mas antes de atração, porque o fazconhecido, temido e admirado noaglomerado escuso onde vive...

Uma grande maioria dosviolentos procede das faixasinferiores da Erraticidade

Naturalmente que a droga res-ponde igualmente por altíssimosíndices de violência, em razão dadegradação moral da educação eda família, surgindo como solu-ção para filhos órfãos de pais vi-vos, para jovens inseguros ou mal-tratados, para pessoas insatisfei-

tas e atormentadas, a todos atiran-do na loucura e na criminalidadede uma ou de outra forma.

Partindo-se dessa violênciapessoal e logo grupal, defronta-sea dos Chefes de Estado que ati-ram umas contra outras Nações,sob o amparo de leis arbitráriasque fazem, gerando nesses seresatormentados e inseguros que são,mais insânia e crueldade quedirecionam contra todos.

Simultaneamente, os vícios dosexo e seus desvios, das bebidasalcoólicas e seus condicionamen-tos, constituem armas que truci-dam vidas em total insensibilida-de na hebetação que domina assuas vítimas.

A cultura hedonista do prazer aqualquer preço e o êxito da inutili-dade, da projeção da imagem, nocampeonato da embriaguez dos sen-tidos, empurram aqueles que se con-sideram esquecidos, ignorados, àsfaçanhas dantescas da criminalidade,cada vez mais hedionda, em deses-perada conquista das migalhas dafama inditosa e das quinquilhariasque adornam a ilusão.

Cabe à educação a tarefa de modificar para melhor e mais feliz a paisagem moral dos habitantes da Terra

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Em seu livro “Loucura e Ob-sessão”, o Espírito de ManoelPhilomeno de Miranda examinatambém, graças à mediunidadede Divaldo P. Franco, a questãoda violência, como o leitor podeconferir no cap. 21, págs. 270 a272, do qual extraímos as anota-ções adiante sintetizadas:

*Anselmo havia proposto à es-

posa que recordassem o filho quedesencarnara, sem o atrair aosapegos materiais, mediante ob-jetos e roupas, mas sim atravésda memória da ternura e do afe-to, que permanecem vencendo asdistâncias e os limites físicos.

A idéia de doar seus perten-ces podia ser executada mais tar-de, mas a sugestão de fazê-lo deimediato tinha por fim acostu-marem-se com a nova situação,evitando lembrá-lo jungido aosofrimento, com o que lhe seri-am enviados pensamentos oti-mistas, ao invés de recordaçõesamargas ou deprimentes.

D. Clotilde concordou comas ponderações de Anselmo. Oapego às coisas, sub-repticia-mente mascarado de homena-gem à memória dos seres ama-dos que desencarnaram, atesta oprimarismo das emoções, queainda não se libertaram do ins-tinto de posse. O verdadeiroamor liberta, repartindo bênçãosque lhe caracterizam a empatiade que se reveste. Quando seama, realmente, a generosidade

A indiferença dos maisabastados e a violência

aflora nos sentimentos, mesmonos indivíduos mais avaros que,em abrindo o coração, igual-mente abrem as mãos em ges-tos de bondade.

Quantos lares se encontramlotados com o supérfluo, guar-dando roupas e agasalhos dequem não mais os pode usar, di-ante da farândola dos nus edesabrigados, que padecem frioe necessidade? O excesso, emuns, normalmente produz a in-diferença pelo carente. Quemnão se exercita em dar algumacoisa, dificilmente chegará adoar-se.

A essas reflexões, Felintoacrescentou:

“A violência, na Terra, naatualidade, além dos fatores eco-nômicos, sociológicos e psico-lógicos muito conhecidos e de-batidos, também tem gênese naindiferença dos que possuem,em relação àqueles que preci-sam. A ostentação campeia, ab-surda, ferindo a miséria que, re-voltada, se arma de agressivida-de para tomar; o desperdíciocresce, chocante, humilhando aescassez, que se levanta paraarrebatar; o luxo excessivo tran-sita, indiferente, produzindo có-lera sem necessidade, que inves-te, odienta, para o aniquilar...Enquanto os homens não com-preenderem que os recursos sãooportunidades de cooperação eo poder é investimento para ajustiça e o equilíbrio entre ascriaturas, essas guerras, urbanae doméstica, devastadoras, pros-seguirão fazendo incalculávelnúmero de vítimas, que as esta-tísticas não poderão registrar.”

Uma grande maioria de vio-lentos, porém, procede das faixasinferiores da Erraticidade espiri-tual inferior, experienciando oprocesso evolutivo, infelizmentede maneira equivocada, doentia...

... E a violência alastra-se apa-vorante!

***À educação cabe a tarefa de

modificar para melhor e mais fe-liz essa paisagem moral dos habi-tantes da Terra. Não, porém, comoacentua o Codificador do Espiri-tismo, a educação exercida pelasgrades e programas escolares, res-ponsáveis pela instrução, pelatransmissão apenas de conheci-mentos teóricos e tecnológicos.

Será pela educação moral, es-pecialmente no lar, na família,mediante o exemplo dos pais e dasua dedicação, que serão transfor-madas as estruturas espirituais doser humano desde a gestação, se-guindo pela infância, adolescên-cia, no seu processo de evolução.

A constância do amor e a pre-sença da bondade em todas as ho-ras difíceis junto aos filhos, o res-peito que se devem manter reci-procamente os genitores, consti-tuem a mais segura pedagogiapara diminuir e mesmo erradicara violência do comportamento doser humano.

Como esperar que professorese preceptores remunerados, igual-mente portadores de conflitos,atendendo a deveres que abraçamna área da formação dos alunos,consigam o que a família deixa derealizar?!

Nesse sentido, é o egoísmo demuitos pais, que preferem dar coi-

sas a dar-se, que se faz o geradorde insegurança na prole e de totaldesconhecimento entre todos.

Investir em assistência moral,ao invés de contribuições doura-das em forma de coisas inúteis,sem o calor da presença física, tor-na-se fundamento básico paraeducação na família.

A educação, ao disciplinaros maus pendores, gera noindivíduo hábitos saudáveis

A iluminação da consciênciados filhos em torno de Deus, daCriação, de Jesus, da Vida e dosdeveres que todos devemos man-ter em relação a nós próprios, aopróximo e ao Criador, deverimpostergável que se inicia no lar,prosseguindo por toda a existên-cia carnal e mesmo após a suaconsumpção.

Filhos esquecidos, embora asjustificações indevidas, que sãoapresentadas, entregues a funcio-nários remunerados bem ou mal,ou às atuais babás eletrônicas,apesar de receberem recursos, nãoexperimentam o amor nem a com-preensão, a diretriz nem a segu-rança moral para agir com equilí-brio quando enfrentam os desafi-os que surpreendem.

Não atendidos pelo carinhodos genitores, tornam-se adotadospor pessoas inescrupulosas ou pe-los traficantes de drogas, ouressumando ressentimentos que seexpressarão em violência e agres-sividade ao primeiro ensejo.

A educação, que fortalece ocaráter e disciplina os maus pen-dores, as inclinações infelizes, tra-

balha o ser interior gerando nelehábitos saudáveis e comporta-mentos lúcidos, que facultam acompreensão da vida e dos fenô-menos que lhe dizem respeito.

São os pais os mais responsá-veis educadores, que deverãoinsculpir no Espírito que lhes foiconfiado, sobretudo pelo amor,paciência e bondade, os sentimen-tos de dignidade e de entendimen-to em relação à existência e à suafinalidade evolutiva.

Igualmente aos mestres e pre-ceptores, também cabem os deve-res da boa conduta, do exemplode honradez com que se apresen-tam no apostolado, de maneiraque demonstrem a validade dosprincípios morais que transmiteme que lhes servem de alicerce parauma existência feliz.

A interrupção da vida do vio-lento, seja sob qual for o pretex-to, qual vem acontecendo, repre-senta um fracasso do educador emais alucinada violência do seuexecutor.

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

Como se acredita que paz é afalta de luta,quando muitos paisenfrentam os combates naturaisdo processo de crescimento, nãoestando equipados moralmentepor valores reais, entregam-se àsações infelizes que podem rece-ber aplauso e não penalização dasleis que governam os povos, noentanto, a consciência e os Divi-nos Códigos apresentar-se-lhes-ãodepois diferentes e mais severos...

A divulgação do crime e aexaltação que recebe dos meios decomunicação em massa, infeliz-mente ao alertar a sociedade, pelamaneira como se apresenta, esti-mula personalidades psicopatas aagir da mesma forma, buscandolugar ao sol da glória infame.

***A violência, à semelhança de

tempestade destruidora, desapare-cerá quando o amor passar a con-duzir as vidas, qual bonança fe-liz, sucedendo-a.

O amor no lar, ao próximomais próximo, trabalha pela paze faculta-a.

Jesus, o Educador por Excelên-cia, enfrentando a violência do Seutempo, arrostou-a e suportou-a empaz, perdoando os Seus algozes,porque eles não sabiam o que es-tavam fazendo, como também nãoo sabem todos aqueles que perma-necem nesse clima de agressivida-de e de ressentimento.

(O texto ora transcrito foi psi-cografado pelo médium DivaldoP. Franco, na sessão mediúnica danoite de 23 de abril de 2003, noCentro Espírita Caminho da Re-denção, em Salvador, Bahia.)Joanna de Ângelis, mentora do médium Divaldo P. Franco

Fac-símile da capa do livro“Loucura e Obsessão”

Manoel Philomeno de Miranda,autor de “Loucura e Obsessão”

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O IMORTALPÁGINA 10 SETEMBRO/2006

Sobre a evolução das religiões, ou como Kardec chegou ao Espiritismo(8ª Parte)

AIGLON [email protected]

De Londrina

O Cristianismo no primeiroséculo – Dos diversos instrumen-tos que o homem dispõe para per-petuar suas idéias, sem dúvida apalavra escrita ocupa o primeirolugar. No entanto os maiores pen-sadores, criadores das doutrinasmais conhecidas, optaram por nãodeixar nenhuma palavra escrita.

Sócrates, o maior filósofo gre-go, é conhecido pelas obras escri-tas por Platão, seu discípulo, e re-almente não sabemos por elas se equando se misturam os pensamen-tos de mestre e discípulo.

Sidarta Gautama ou SaquiaMuni, o Buda histórico (porquehouve outros Saquias), que viveuno século 5 antes de Cristo, tam-bém nada escreveu, delegou a seudiscípulo Ananda, que continuas-se a divulgar a sua doutrina, tarefareforçada pelo Rei Ashoka, no sé-culo 3 antes de Cristo, que depoisde conquistar desde o norte da Ín-dia até a Macedônia e a Grécia,converteu-se ao pacifismo budistae divulgou a doutrina aos gregos.

Pitágoras não escreveu delibera-damente. Não escreveu porque sen-tiu que “a letra mata e o espírito vi-vifica” , que a palavra falada é dinâ-mica, enquanto a escrita perpetuaerros mais que acertos, como viriadepois na Bíblia. Então Aristótelesnunca fala de Pitágoras, porém dospitagóricos. Como exemplo, é porAristóteles que sabemos que ospitagóricos acreditavam no eternoretorno, a reencarnação.

De Jesus, sabemos que sabia lere escrever porque aos doze anos te-ria discutido a lei com os sacerdo-tes do templo, e escrito algumaspalavras na areia no episódio doapedrejamento da adúltera. Porisso, após sua morte seus discípu-

los e seguidores tiveram que sebasear nos relatos de alguns após-tolos para alicerçar a doutrina.

A Comunidade Joanina e oEvangelho de João - Durante oprimeiro século, com a separaçãodos apóstolos e suas peregrinaçõespelo mundo então conhecido, vá-rias correntes cristãs surgiram cominterpretações diferentes da pala-vra de Jesus. Enquanto os segui-dores de Pedro pregavam que paraser cristão é preciso ser judeu, Pau-lo de Tarso criava a igreja univer-sal, na qual qualquer um, seja ju-deu ou gentio, pode seguir Jesus,desde que siga seus ensinamentos.

Uma das importantes associa-ções de estudos desta época foi aComunidade Joanina, que teria com-pilado o Evangelho dito de João,além de suas epístolas. Historiado-res modernos admitem ter essa co-munidade sido fundada e financia-da por Maria Madalena, a quem re-almente teria Jesus entregue nocalvário a guarda de João (mulher,eis aí teu filho), extremamente jo-vem, e que já em idade avançadadeslocou-se para a ilha de Patmosonde então ele mesmo escreveu olivro de Revelações, hoje chamadode Apocalipse (ver, entre outros,“Who Wrote the Bible?” pelo his-toriador Washington Gladden).

No primeiro século da era cristão termo “gnósticos” veio denominarum segmento heterodoxo do novocristianismo. Entre os seguidores deprimeira hora de Cristo que aparece-ram havia grupos que não reivindi-caram uma convicção simplesmenteno Cristo e a mensagem dele, masuma “testemunha” especial oureveladora do divino. Era este conhe-cimento (do grego gnosis) que reve-lava o verdadeiro seguidor de Cristo,assim eles afirmaram. O estudiosognóstico Stephan Hoeller explica queestes cristãos sentiam uma convicção

de que o conhecimento pessoal e ab-soluto das verdades autênticas daexistência é acessível a seres huma-nos, e, além disso, que alcançar talconhecimento sempre será a realiza-ção suprema de vida humana. O quesignificam as “verdades autênticas deexistência” como definida pelognósticos será revisado brevementeadiante, mas uma avaliação históricada Igreja primitiva poderia ser útil.

A influência do gnosticismosobre o Cristianismo - A primeirametade do século inicial do Cristi-anismo é o período em que nósachamos a primeira menção de“gnósticos” cristãos. Nenhum for-mato aceitável de pensamento cris-tão ainda tinha sido definido. Du-rante este período formativo ognosticismo era uma de muitas cor-rentes que se moviam dentro daságuas fundas da nova religião. Ocurso final do cristianismo, mescla-do à cultura ocidental, e a que istolevaria no futuro, era indeciso nes-te momento inicial. O gnosticismofoi um das influências seminais quemoldaram este destino.

Este gnosticismo que esteve,pelo menos brevemente, na corren-te principal do cristianismo é tes-temunhado pelo fato de que um deseus professores mais influentes,Valentinus, foi considerado duran-te a metade do segundo século paraeleição como Bispo de Roma.

Nascido em Alexandria ao re-dor do ano 100 d.C., Valentinus sedistinguiu desde cedo como profes-sor extraordinário e líder na altamen-te educada e diversificada comuni-dade cristã alexandrina,. Na meiaidade migrou de Alexandria para aque seria a capital da Igreja, Roma,onde tomou para si um papel ativonos negócios públicos da Igreja.

Uma característica principal dosgnósticos era a reivindicação deles/delas de serem os guardiões de tra-

dições sagradas e assuntos esotéricospara os quais muitos cristãos nãoestavam corretamente preparados ousimplesmente não eram inclinados.Valentinus, voltado a essas predile-ções gnósticas, aparentemente pro-fessou ter recebido uma sanção apos-tólica especial por Theudas, um dis-cípulo e iniciado do Apóstolo Pau-

lo, como guarda de doutrinas negli-genciadas pela ortodoxia cristã daépoca. Embora membro influente daigreja romana no segundo século, foimarcado com ferro como herege pelaortodoxia da Igreja em desenvolvi-mento. (A seguir: Plotino, Orígenese Marcion, e o princípio da heresiacatólica, com Constantino.)

Estudando as obrasde André Luiz

Neste mês, vamos apresentarum estudo muito interessante, ondeAndré, através de benevolentesorientadores, recebe uma preciosalição para ajudá-lo a entender aquestão das mortes coletivas. Elapode ser encontrada no cap. 18 dolivro “Ação e Reação”, publicadopela Federação Espírita Brasileira.

Trata-se de um caso de desas-tre de avião, através do qual cator-ze pessoas deixam a vida física.

O primeiro ensinamento colhi-do pelo escritor é sobre o socorroespiritual. André percebia que dascatorze entidades desencarnantes,apenas seis seriam imediatamen-te retiradas do local por equipesespecializadas do plano espiritu-al. E Druso assim explica:

“O socorro no avião sinistradoé distribuído indistintamente, con-tudo, não podemos esquecer quese o desastre é o mesmo para todosos que tombaram, a morte é dife-rente para cada um. No momentoserão retirados da carne tão-somen-te aqueles cuja vida interior lhesoutorga a imediata liberação.”

Questionado por André sobreo destino dos outros, o orientador

assim responde:“Quanto aos outros, depende do

grau de animalização dos fluidosque lhes retêm o Espírito à ativida-de corpórea... O gênero de vida quealimentamos no estágio físico ditaas verdadeiras condições de nossamorte. Quanto mais chafurdarmoso ser nas correntes de baixas ilusões,mais tempo gastamos para esgotaras energias vitais que nos aprisio-nam à matéria pesada e primitiva deque se nos constitui a instrumenta-ção fisiológica, demorando-nos nascriações mentais inferiores a que nosajustamos, nelas encontrando com-bustível para dilatados enganos nassombras do campo carnal, propria-mente considerado. E quanto maisnos submetamos às disciplinas doespírito, que nos aconselham equi-líbrio e sublimação, mais amplas fa-cilidades conquistaremos para aexoneração da carne em quaisqueremergências de que não possamosfugir por força dos débitos contraí-dos perante a Lei. Assim é que a´morte física´ não é o mesmo que´emancipação espiritual´.”

Na matéria do mês que vem,citaremos um exemplo de dois jo-vens que desencarnaram vitima-dos por um acidente aeroviário,bem como as explicações para otipo de desencarnação.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

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O IMORTALSETEMBRO/2006 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosLuz - Alceu Augusto de Moraes: “ABíblia e o Espiritismo”; dia 24, às 9horas: Comunhão Espírita Cristã deLondrina – Jane Martins Vilela: “Je-rônimo Mendonça”; dia 28, às 20horas: Centro Espírita Bom Samari-tano – Dorotéia Ziel Silveira: “Ca-ridade e amor”.

“Nosso Lar”: 60 anosde amor e ciência

A Instituição Beneficente Nos-so Lar, de São Paulo (SP), comemo-rou no mês de agosto 60 anos. A ins-tituição oferece tratamento e apoioao portador de deficiência múltiplae a seus familiares, e conta com vo-luntários que exercem atividades ad-ministrativas e pedagógicas, ofere-cem apoio às famílias das pessoasatendidas e realizam oficinas cultu-rais e cursos.

Tal como as pessoas, “NossoLar” não permaneceu igual durantetodo esse tempo, mas passou por umcontínuo processo de mudanças.Uma das fundadoras da organização,Maria Augusta Ferreira Puhlmann,faz no livro “Olhai as Aves do Céu”uma revisão histórica das atividadesda instituição, dividindo-as em pe-ríodos marcados por acontecimen-tos que abriam horizontes. Assimidentificou o dia 8 de agosto de1946, data da fundação, como o iní-cio da “Primeira Hora”, com o de-senvolvimento de um lar para bebêse crianças carentes. A “SegundaHora” necessitou de programaçãodiferente, pois as crianças entraramna adolescência, e exigiu-se a for-mação para o trabalho e a prepara-ção para a constituição de família.Considera-se, de certa forma, que foia hora das despedidas. Já a “Tercei-ra Hora” foi acionada pelo apareci-mento de “Henriquinho”, o bebê re-jeitado por ser portador de paralisiacerebral, fato que motivou a criaçãodo departamento de atendimento apessoas com deficiências. A “Quar-ta Hora” ampliou os cursos e as es-colas, e iniciaram-se encontros anu-ais para a troca de experiências, bus-cando soluções dos problemas desaúde e de educação especializadas.Ao mesmo tempo, foram criados

postos de assistência à famílias, cre-ches e atendimentos ambulatorial. A“Quinta Hora” desenvolveu aspec-tos socioculturais, idéias de co-par-ticipação, responsabilidades social erelacionamento comunitário. Tam-bém foi implantado um programa devoluntariado organizado e atuante,ampliou-se o setor de OficinasProfissionalizantes e criou-se o pro-jeto Habilitação Comunitária. Ago-ra em 2006, “Nosso Lar” considerainiciada uma jornada nova em suahistória, revisando ações e atualizan-do programas. Neste ano, inicia o quese chama a “Sexta Hora”, reforçan-do sua filosofia de trabalho: amor aopróximo sustentado em ciência a ser-viço do desenvolvimento integral fí-sico, psicológico, social e espiritualdas pessoas. Nosso Lar inicia essemomento com eventos comemorati-vos, palestras especiais, reencontroscom pessoas e grupos, centros, asso-ciações, parceiros e comunidade.

Palestras no Centro EspíritaAllan Kardec de Cambé

A programação de palestras aserem realizadas no Centro Espíri-ta Allan Kardec em setembro apon-ta os seguintes palestrantes: dia 6 -Carlos Augusto de São José (Curiti-ba); dia 13 - Dorotéia Cristina ZielSilveira (Londrina); dia 20 - JoséGonçalves de Oliveira (Cambé), edia 27 – Paulo Costa (Londrina). Aspalestras começam todas as quartas-feiras às 20h30.

O 3o Encontro da Primaveraserá em Londrina

Em setembro realiza-se um gran-de evento ligado à área da Infância eda Juventude - o 3º Encontro da Pri-mavera, válido como 1ª Prévia dopróximo Encontro Confraternativo deJuventudes Espíritas do Paraná. O en-contro será dias 16 e 17 de setembro,na Chácara Shekinah (Estrada do Li-moeiro, km 6), em Londrina, coor-denado por Cosme Massi, TerezinhaColle e Ricardo Ribeiro, todos de Cu-ritiba. Destina-se aos jovens espíri-tas com idade entre 14 a 21 anos. In-formações: Rosana Silveira(43.9957-4786) e Magali Almeida

(43.3321-7672), para Londrina e re-gião, e com a Janaína Dalla Costa(43.3423-5665), em Apucarana.

“O Imortal” é visto nomundo todo pela internet Conforme já divulgado neste

periódico, o jornal “O Imortal” seencontra desde abril de 2004 na in-ternet. Conforme os registros de con-sulta ao site que o divulga, os leito-res residentes nos Estados Unidosquase empatam, em número, com osleitores do Brasil. E temos consul-tas feitas no Japão, na Suíça, na In-glaterra, na Espanha etc. O site emque as pessoas podem ler as ediçõesdo jornal, na íntegra, desde abril de2004, é este: www.editoraleopoldom a c h a d o . c o m . b r / i m o r t a l /indice.htm. Basta clicar no endere-ço citado e a página será aberta, mos-trando o índice de todas as edições.

“Amor e Caridade”comemora 50 anos

O Centro Espírita Amor e Cari-dade completa 50 anos de ativida-des no dia 2 de setembro. Suas ati-vidades começaram na antiga Vila doGrilo, atualmente Vila da Fraterni-dade, fundado em 1956 pelo casalAnésia Alves Borges e Edemar Fer-nandes Borges. Em 1962 construiusua sede própria na Rua Bituruna,Vila Matos, depois desapropriadapara a construção da atual Rodoviá-ria de Londrina. Durante 15 anosfuncionou no Vila Izabel, em imó-vel pertencente à Sociedade MiguelCouto. Algum tempo depois, insta-lou-se novamente em sede própria,onde funciona atualmente, na ruaJayme Americano, 794 - JardimCalifórnia, em Londrina (PR). Nodecorrer desses anos desenvolveuatividades sociais em bairros caren-tes, atendendo atualmente a Favelado Jardim OK com evangelização,distribuição de sopa e alimentos, tan-to para adultos como para crianças,às segundas-feiras. Foi o segundocentro espírita de Londrina a fundara Mocidade Espírita, que ali se cha-mou Mocidade Espírita Ismael. Atu-almente a presidente da Casa é ÉliaBomba, sendo diretora doutrinária

“Época” quer saber quem éo Brasileiro da História

A revista Época está realizan-do uma campanha com vistas a des-cobrir quem é o Brasileiro da His-tória, na opinião de seus leitores. Osinternautas entram no sitewww.epoca.com.br e escolhem.Dentre as 50 personalidades listadasnão constava, até o final de agosto,o nome do Chico Xavier, que foirecentemente escolhido “O Minei-ro do Século”. Os espíritas que qui-serem participar devem procederassim: a) Entrar no site citado; b)Procurar o quadro ÉPOCA QUERSABER; c) Clicar o item “outro” eescrever “Chico Xavier”. Assim, onosso saudoso Chico passará a par-tir daí a concorrer.

Eventos programados pelaUSEL em Londrina

Roberto Camargo dá início nodia 1o de setembro, às 20 horas, noCentro Espírita Nosso Lar, ao Ci-clo Mensal de Palestras organiza-do pela USEL – União das Socie-dades Espíritas de Londrina. Otema de sua palestra será: “As Afli-ções do Mundo”. As demais pales-tras de setembro serão: dia 2, às 20horas: Centro Espírita Amor e Ca-ridade - Marli Trannin: “50 Anosde Atividade”; dia 3, às 9h15: Cen-tro Espírita Meimei – Natal Spos-ti: “Epístolas de Paulo”; dia 08, às20 horas: Centro Espírita Apren-dizes do Evangelho – Nadyr Dutra:“Esperança”; dia 11, às 20 horas:Sociedade de Divulgação EspíritaMaria Nazaré – Paulo Costa: “Há-bitos mentais”; dia 15, às 20 ho-ras: Centro Espírita Caminho deDamasco - Cilene Dias Soares daSilva: “Perdão”; dia 16, às 16 ho-ras: Núcleo Espírita Benedita Fer-nandes – Naudemar Nascimento:“Parábola da ovelha perdida”; dia17, às 9h30: Centro Espírita AnitaBorela de Oliveira – PedroWanderley: “Sim,Sim; Não, Não”;dia 19, às 20 horas: Centro Espíri-ta Allan Kardec – Paulo Fernando:“Os Dez Mandamentos nos DiasAtuais”; dia 21, às 19h50: Centrode Estudos Espirituais Vinha de

nossa estimada irmã Marli Tran-nin Ferreira, coordenadora daUSEL.

Grupo Espírita JésusGonçalves se inicia dia 2No dia 2 de setembro, às 16

horas, na rua Guararapes, 331, emLondrina (PR) iniciam-se as ativi-dades do Grupo Espírita Jésus Gon-çalves, vinculado à Comunhão Es-pírita Cristã de Londrina. A reuniãoinaugural terá a participação de

Célia Xavier Camargo (à direita),que fará palestra sobre “Vida e obrade Jésus Gonçalves”. É mais um lo-cal destinado a palestras públicas epasses na cidade de Londrina, asquais se realizarão sempre aos sá-bados, a partir das 16 horas.

Estudo do Esperanto em Caruaru

O Grupo de Estudos Espíri-tas “Chico Xavier” promove emCaruaru (PE) mais um curso bá-sico de Esperanto numa depen-dência do Quartel do Exército, a22a CSM, no centro da cidade,em frente da Estação Ferroviária.O curso é grátis. A aula inaugu-ral será dada pelo professor LuizMárcio, com doutorado na Ingla-terra. Informações: tel. (81)9254-0317.

Círculo de Leitura “AnitaBorela de Oliveira”

Em setembro o Círculo de Lei-tura “Anita Borela de Oliveira” re-úne-se no dia 10 na casa de Mariade Lourdes e Getúlio, para conclu-são do estudo do romance “Calvá-rio de Libertação”, de Victor Hugo,psicografado por Divaldo P. Fran-co, e no dia 24, na casa de Terezi-nha Demartino, quando será inici-ado o estudo da “Revista Espíritade 1869”.

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O IMORTALPÁGINA 12 SETEMBRO/2006

ELSA [email protected]

De Londres

... Estes são dias diferentes!A Inglaterra passa por um cli-

ma quente como nunca houve an-tes. Jornais noticiam a seca, os in-cêndios, os cortes no fornecimentode água, os reservatórios estão comsua capacidade abaixo do nível de-sejado, os idosos - não acostuma-dos ao calor intenso - passam mal echegam mesmo a desencarnar porproblemas ocasionados pelo calor.Tempos mudados, dizem em qual-quer idioma os filósofos populares.

Naquela sala alugada com a ca-pacidade para 80 pessoas, nosQuakers, estávamos reunidos nosábado à tarde, dia 29 de julho. Éra-mos mais de 50 pessoas. Naquelerecinto parecia que o calor nem nosincomodava. Em pleno verão lon-drino, estávamos sob a sombra deum gigante abacateiro espiritualouvindo o Geraldo Lemos Neto, oquerido Geraldinho, como é conhe-cido entre os amigos, discorrer so-bre a vida do mais ilustre médiumdo mundo, o querido filho da cida-de de Pedro Leopoldo, Minas Ge-rais: nosso Chico Xavier.

Enquanto Geraldo falava, be-bíamos de suas palavras entãoamplificadas em nossos ouvidos,sorvendo com deleite todas as vír-gulas, exclamações, interrogações,na gramática da escrita da alma,que ali era derramada. O silêncioimperava. Nada se perdia! Sentia-se presença espiritual, comprova-da ao final do encontro.

O projetor e o computador dei-xavam chegar até a tela, para agrande maioria dos presentes, fo-tos inéditas. Apenas poucos naque-le recinto tinham tido a oportuni-dade de estar com nosso Chico,tocado em suas santas mãos, rece-bido seu abraço e o doce ósculoque costumada depositar nas mãosque segurava entre as suas.

Com certeza, nossa amiga JanetDuncan, que fazia parte do públicopresente, estava plenificada de emo-ções e lembranças, ao rever as ima-gens do querido Chico na tela! Eumesma recordava-me com muitocarinho daquela visita que fizemosa Uberaba em novembro de 1997,em companhia da estimada amigaMarlene Nobre. Ela, sim, tivera agrande oportunidade de convivercom o Chico por muito tempo, tra-balhando a seu lado, a convite dopróprio Chico, que lhe depositavaconfiança insofismável e que ela,dra. Marlene, sabe guardar em seucoração muitas das conversas e pro-sas de nosso Chico, assim como opalestrante que ora nos presentea-va com as históricas palavras de luz.

Geraldo é filho da mesma cida-de de Pedro Leopoldo, onde nasceuo querido médium. Seus familiaresconviveram com Chico, fato com-provado pelas dezenas de cartas ecartões fraternais que eram trocadasentre a avó de Geraldo e Chico Xa-vier. Sempre o consolo, a palavra ilu-minada, o carinho, a atenção extre-mados que o amigo irradiava a to-dos. Pudemos ler algumas dessascartas no grande portfólio que Ge-raldo portava; vermos os cartões,com a letrinha do Chico. Ele, Chico,distribuíra milhares de cartas rece-bidas psicograficamente dos espíri-tos, para o consolo de familiares queo buscavam em Uberaba.

Emocionava-nos ver em algunscartões originais os desenhos pre-parados pelo Chico decorando asbordas dos cartõezinhos manufa-turados com amor e depois recor-tados. Fico imaginando esse santoespírito, quando encarnado, prepa-rando suas cartinhas aos amigosmais chegados, nos aniversários,que nunca esquecia, as palavrasque a cada um eram dirigidas comsuas emoções especiais em diasespeciais, ou simplesmente apenasuma frase, como exemplo: “Meuamigo fulano de tal, o sol brilha

sempre! Assinado: Chico”. E láestava colado um amor perfeito, aonatural, fazendo parte da cartinha.Com certeza, cartinha e decoraçãoeram impregnados de bons fluidosdestinados aos seus destinatários.

Foram centenas de fotos proje-tadas e pessoas ali já desencarna-das fazia anos, que conviveram comChico, algumas de tanta proximi-dade, mostrando a família espiritu-al que retornou para o apoio nocumprimento da missão do estima-do amigo, hoje no plano Maior.

O ambiente era de tal alegriapelas novidades, tantas informa-ções, perguntas eram feitas e Ge-raldo, com galhardia, respondia atodos os questionamentos, saben-do informar sem polemizar, mes-mo nas questões mais diferentes.

Eram esclarecimentos que vi-nham ao encontro dos nossos co-rações, dos quais não tínhamosdúvidas.

Temos mania de nos inquietarpor assuntos que nem nos perten-cem. Alugamos, emprestamos,mas não somos dono desses assun-tos. Dúvidas foram esclarecidas, esentia-se no ambiente fluídico, umaroma de alegria, aquela que vocêmesmo sem fazer gestos, mexer oslábios, ou emitir sons, sabe queexiste, porque sente através de seusporos, já que o espírito vê por to-dos os lados.

Como foi bom saber da “Casade Chico Xavier”, que fora inaugu-rada recentemente na cidade PedroLeopoldo. A casinha que pertenciaao Chico foi adquirida com a fina-lidade de se ter ali documentos, fo-tos, e um ambiente para a realiza-ção do Evangelho no Lar, o quevem acontecendo aos domingospela manhã, segundo Geraldo. Po-demos imaginar quanta benesseparticipar ou realizar o estudo doEvangelho em nossos lares e quelá, naquele espaço em Pedro Leo-poldo, esse estudo é aberto e se es-tende a quem desejar participar.

Com certeza, dezenas de pesso-as de nosso recinto londrino não ti-veram a oportunidade de visitar oChico, de tocar-lhe as santas mãos,de abraçá-lo, de receber o ósculo quesempre depositava em mãos femi-ninas, verdadeiro gentleman que era.

Manuseava o pequeno laptop,mudando os slides. Em dado mo-mento, peguei de minha câmera,para registrar em fotos aquela tar-de que pudesse ficar viva em nos-sas memórias para sempre. Assimfiz. Levantei-me discretamente efiz algumas fotos, que após a re-velação no computador, no dia se-guinte, deixou-me admirada peloque via. Algumas fotos revelavamcírculos luminosos, dois, três, euma interrogação discreta perma-nece em nossas mentes. A presen-ça espiritual também homenagea-va nosso Chico em Londres. Ami-gos seus do passado da terra deAlbion com certeza vieram saudá-lo. Outros, que tanto fizeram porderrubá-lo enquanto encarnados,

Crônicas de Além-Mar

Um abacateiro em Londreshoje se apresentam prostrados, amente curvada, rendendo graças ehomenagem ao Chico, espírito deluz que tudo perdoa.

E assim, sabemos que com osfios espirituais são costurados osmovimentos espíritas de todos ospaíses e que a mensagem e o es-clarecimento histórico da mensa-gem de Jesus não são contidos porbarreiras, pois as fronteiras domundo todo são derrubadas, paraque a imensidade e grandeza daMensagem do Amor, através donosso Codificador, floresça e seengrandeça entre todos os povos debem, para os povos de todas as ter-ras de além-mar.

Câmbio do bem

Cada um de nós, por certo, é uma medalhaQue vale pela cotação corrente;

Seu valor cresce para quem trabalhaE faz da caridade um bem, presente.

O seu reverso, às vezes, atrapalha,Porque é o espelho que comanda a mente.

Se a gente faz o mal – eis a fornalhaNa consciência em que o bem está ausente.

Jesus, o inigualável Professor,Nos ensina com seu imenso amorComo aumentar a nossa cotação.

E em palavras de luz e de belezaNos adverte que a maior riquezaÉ a que ilumina o nosso coração!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é diretora do Depar-tamento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacional e vice-presidente da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

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O IMORTALSETEMBRO/2006 PÁGINA 13

Diz o “Código de MANU”(MANARVA DHARMA-SASTRA) – 1300 a.C., citado peloRIG VEDA (RIG quer dizer lou-vor), que o homem é como a se-mente que se transforma em frutoe que retorna à semente, e está sub-metido à Lei de SAMSARA (Re-encarnação). Após a morte, as al-mas dos homens que cometerammás ações serão submetidas às tor-turas nas regiões inferiores, depoisretomam novo corpo e voltam aomundo para concluir sua evolução.

No PAPIRO ANANA (1320a.C.), o sacerdote MANEHTONafirmava que o homem retorna àvida muitas vezes, mas não se re-corda de suas existências prévias,exceto algumas vezes, em um so-nho, ou como pensamento ligadoa algum acontecimento de umavida precedente. Ele não consegueprecisar a data ou o lugar desseacontecimento, apenas nota que lheé familiar. No fim, todas essas vi-das ser-lhe-ão reveladas. Os ho-mens não vivem somente uma vezpara em seguida desaparecer parasempre; vivem diversas vidas emlugares diferentes, mas nem sem-

CID TOLEDODe Londrina

Reencarnaçãopre neste mundo. E entre cada vidahá um véu de trevas. Os Espíritosou almas de uma encarnação seencontrarão talvez em outra encar-nação, e será como se eles fossematraídos por um ímã sem que pos-sam compreender o por quê.

O BHAGAVAD GITA (cantodo bem-aventurado), belo poemamístico-filosófico do século Va.C., cuja autoria é atribuída aVYASA, faz parte do sexto livroMAHABARATA, muito popularna Índia, uma das obras mais im-portantes da antiga literaturaVÍDICA. Nele encontramos o se-guinte: “Eu tive muitos nascimen-tos e tu também”. Assim como umacriatura se desnuda de velhas rou-pas para vestir novas, assim tam-bém a alma rejeita esse corpo paratomar outro.

ORFEU e PITÁGORAS, se-gundo os historiadores, afirmavampoder lembrar de suas vidas ante-riores e se referiam com seguran-ça ao fenômeno das vidas sucessi-vas.

HERÓDOTO menciona que adoutrina da Reencarnação, comumà filosofia grega, seria oriunda do

Egito. No FEDON, SÓCRATESafirma: “Efetivamente, CEBES,nada é mais verdadeiro, segundocreio, e nós não nos enganamos emreconhecer. É certo que há um re-torno à vida, que os vivos nascemdos mortos, que a sorte das almasboas é a melhor, aquela das más éa pior”.

A BÍBLIA também testemunhaa Reencarnação em várias alusões:“Quando o homem está morto, vivesempre. Acabando os dias de mi-nha existência terrestre, esperarei,porquanto a ela voltarei de novo”.(Job, cap. XIV, v. 10 e 14) – tradu-ção da Igreja grega.

Igrejas católica e evangélica:“Em verdade, em verdade vosdigo: ninguém pode ver o Reino deDeus se não nascer de novo”. –João, cap. III, v. 1 a 12. “Sequiserdes compreender o que vosdigo, ele mesmo (João Batista) é oElias que há de vir” – Mateus, cap.XI, v. 12 a 15.

Para o Espiritismo, a alma, ouEspírito, passa por sucessivasencarnações até atingir a perfeição.Ela retorna quantas vezes foremnecessárias para o seu aprendiza-

do, até atingir mundos superioresà Terra.

Para os antigosBABILÔNIOS, INDIANOS,EGÍPCIOS e PERSAS, a fênix erao pássaro mitológico que simboli-zava a reencarnação, pois semprevoltava a renascer das próprias cin-zas.

Os CELTAS, DRUIDAS,TEUTÕES, ao tempo de César,acreditavam na reencarnação.

Os CÁTAROS (séculos 11 e 12d.C.) acreditavam na sucessão devidas corporais.

Os DRUSOS acreditavam nareencarnação.

Os índios TLINGIT e os ES-QUIMÓS acreditavam na reencar-nação.

Os BAGONGOS e osBASSONGOS da África acredita-vam na reencarnação.

Os índios WINNIBAGOS e osCHIPPEWAY acreditavam na re-encarnação.

Em várias tribos de índios doBrasil, os pajés entram em conta-to com os Espíritos para saberquem o recém-nascido foi na vidaanterior.

Um minuto com Chico Xavier

Sentado no ônibus que o le-varia a Belo Horizonte, Chiconotou que seu companheiro debanco era um Irmão Sacerdote.

Cumprimentou-o e entre-gou-se à leitura de um bom li-vro.

O Sacerdote também corres-pondeu-lhe ao cumprimento,abrira um livro sagrado e fica-ra a lê-lo.

Em meio à viagem, passouo ônibus perto de um lugarejoembandeirado, que comemora-va o dia de S. Pedro e S. Paulo.

O Sacerdote observou aqui-lo e, depois, virando-se para oChico, comentou:

– Vejo esta festividade emhonra de dois grandes Santos,e neste livro, leio a história, deS. Paulo, cujo autor lhe dá pro-

escreva e prometa-me respon-der minhas cartas, pois tenhomuita coisa para lhe perguntar.Faça-me este favor. Afinal, ve-rifico que Deus... nos perten-ce...

– Pode escrever, de bomgrado responder-lhe-ei. Assim,trabalharemos não apenas paraque Deus nos pertença, maspara que pertençamos tambéma Deus, como nos ensina o nos-so benfeitor Emmanuel.

E, até hoje, Chico recebecartas de Irmãos de todas ascrenças, particularmente de Sa-cerdotes bem intencionados,como o irmão com quem via-jou e de quem se tornou amigo.

E tanto quanto lhe permiteo tempo, lhes responde e nasrespostas vai distribuindo o PãoEspiritual a todos os famintos,ovelhas do grande redil, embusca do amoroso e Divino Pas-tor, que é Jesus.

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

Pedimos ao leitor deste jornal que anote e divulgue paraos seus amigos, radicados aqui ou no exterior, as informa-ções abaixo:

1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br/imor-tal/indice.htm você pode ler, na íntegra, as últimas 30 ediçõesdo jornal “O Imortal”.

2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assis-tir ao programa “Reflexão Espírita”, que é também apresenta-do aos sábados, às 17h30, pela TV Tropical de Londrina (CNT).

Ligue-se e acompanhe pela internetos programas espíritas

eminência sobre S. Pedro. Não sepode concordar com isto. S.Pedro é o Príncipe dos Apósto-los, aquele que recebeu de Jesusas chaves da Igreja.

Chico, delicadamente, deusua opinião, e o fez de forma tãosimples, revelando grande cultu-ra, que o Sacerdote, que não sa-bia com quem dialogava, surpre-endeu-se e lhe perguntou:

– O senhor é formado em Te-ologia, ou possui algum curso su-perior?

– Não. Apenas cursei até oquarto ano de instrução primária.

– Mas, como sabe tanta coisada vida dos santos, principalmen-te de S. Paulo, de S. Estêvão, deS. Pedro, e de outros, realçando-lhes fatos que ignoro?

– Sou médium...– Então, o senhor é o Chico

Xavier, de Pedro Leopoldo?– Sim, para o servir.– Então, permita-me que lhe

Amigos, ao despertarmospela manhã reclamando do diade chuva, por não estarmos deférias, por haver na vida muitascoisas “chatas”, estamos na re-alidade matando a alegria de umnovo amanhecer. Reclamar doque fazemos todos os dias nãoé atitude sensata e inteligente,pois de qualquer modo temosque viver as experiências coti-dianas, e ao reclamarmos emdemasia de todo detalhe que nosdesagrada, minamos os recursosde que dispomos para melhorarnossas horas.

Todos os dias de nossa vidatêm sua lição, seu charme eseus encantos. Quando apren-demos a descobrir a satisfaçãoque há em cada dia, demons-tramos sabedoria. De início,

Os fatos de cada diaporque a forma melhor de su-perar os obstáculos é medir osbenefícios que nos cercam, e,depois, porque as coisas boasda existência sempre são emmaior número. São mais diasde sol do que de chuva, maisamigos que desafetos, maisalegrias que tristezas, maismomentos de saúde que de do-ença, etc. E, além disso, todasas ocorrências, mesmo que aprincípio pareçam cruéis ounegativas, nos são ensinamen-tos ricos.

O que seria da Natureza sema chuva? Se só tivéssemos ami-gos, quem nos apontaria os nos-sos defeitos, para os corrigirmos?Valorizaríamos tanto a alegria senão houvéssemos experimentadoo gosto amargo da tristeza? Nãoserá a doença que nos ensina avalorizar a saúde? Descubramoso prazer que há nos fatos de cadadia e sejamos mais felizes!

JOAMAR ZANOLININAZARETH

De Uberaba - MG

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O IMORTALPÁGINA 14 SETEMBRO/2006

Dolorosa convivência

Estávamos numa área paupérrima,das mais pobres que já tivemos opor-tunidade de visitar. Uma equipe dasaúde estava conosco, atendendo a umsenhor de meia idade que ali mora so-zinho. Ele usa prótese no local da per-na amputada, a qual está em bom es-tado. Seu problema são as escarasmuito profundas na área posterior dascoxas, próximo às nádegas. Esse se-nhor estava fazendo seus curativos so-zinho. Imaginemos então sua dificul-dade, porque não enxerga o local, quefica atrás, e por isso as mãos tambémnão o alcançam direito. Uma situaçãolamentável, como também lamentávelera o estado das escaras.

Uma enfermeira especializadanessas lesões afirmou-nos que era bemoutro o quadro quando ele moravacom a irmã, mais perto. As lesões es-tavam quase cicatrizadas porque aequipe da saúde conseguia na residên-cia dela fazer os curativos diariamen-te. A irmã daquele senhor, uma senhorasimpática, cabelos embranquecidos,que estava ali naquele dia limpando acasa, não agüentou e, num desabafo,disse, aos prantos:

– Eu tenho um marido que nin-guém merece. Ele é cego, diabético,mas oh! homem ruim! Ninguém me-rece!

A enfermeira concordou:– É sim! O marido dela é terrí-

vel! Ela agüenta demais! Ela não éassim! Está descompensada!

Ao que a senhora respondeu:– Estou! Estou nervosa! Aquele

homem está acabando comigo! Andoirritada! Estou vendo que estou sen-do rude com as pessoas! Sempre fuicalma, mas que difícil!...

E chorava!Dissemos-lhe que podia desaba-

far, que falasse à vontade. E ela conti-nuou:

– E isso é vida? Meu irmão nesseestado, aqui, sozinho, porque meu ma-rido não quer que ele fique lá. E eu pre-ocupada, de longe, venho aqui toda vezque posso, mas não dá! Tenho de cui-dar do outro lá também, mas que ho-mem, meus Deus! Meus filhos pergun-tam se está tudo bem; não tenho cora-gem de dizer que não. Esse meu irmãotem filhos que não cuidam dele, meusoutros irmãos também não ligam...

Continuou desabafando:– Meu marido é tão ruim, tão ruim,

que eu fico me imaginando dando umamachadada na cabeça dele... Não seiaté quando vou agüentar!

Conversamos com ela, após o de-sabafo, buscando dar-lhe forças nessadificuldade, para que mantenha o equi-líbrio e a calma, considerando que se ofardo estava pesado, que confiasse emDeus, pedindo-lhe forças para suportarcom dignidade e que, sempre que pre-cisasse desabafar, porque isso ajudamuito, que fosse à nossa área de saúde,que tem um grupo de apoio, um grupode escuta, para casos como o dela.

Quando dali saímos nossa enfer-meira, uma pessoa corretíssima, fezeste comentário:

– Ela está se desequilibrando. Omarido dela é terrível mesmo. Se fosseeu, não estaria pensando em rachar suacabeça. Já a teria rachado faz tempo!

É claro que ela não falava com se-riedade, mas essa é apenas mais umahistória de dor que neste planeta Terrapresenciamos. Os sofrimentos campei-am em toda parte. Espíritos imortaisnuma trajetória de crescimento, lida-mos com outros Espíritos de váriosgraus evolutivos, a maioria iniciante nosentimento do amor com profundeza.Muitas criaturas que ainda não enten-dem o respeito devido ao outro, muitoegoísmo ainda intenso.

Situações dolorosas como a dessa

senhora, há muitas. Incompreensão nolar, reunião de Espíritos antipáticos,processo obsessivo no local, tudo issopode estar ocorrendo.

Dentro dessa provação, na convi-vência com pessoas de trato difícil, so-mente o amor e o perdão incondicional,aliado à prece, considerando tudo comouma grande lição de paciência, poderáajudar a suportar a problemática.

Joanna de Ângelis, no livro Liber-tação pelo Amor, por Divaldo Franco,anota:

“Por mais graves hajam sido asofensas e agressões sofridas, sempremais infeliz é aquele que aos demaisperturba, mesmo que, conscientemen-te, não tenha idéia da gravidade sobrea conduta infeliz.

“São essas pessoas enfermos gra-ves da alma, que ignoram as doençasou preferem continuar nesse estágioainda primário da evolução.

“Qualquer tipo de revide às suasagressões somente lhes constituirá es-tímulo mórbido para que prossigam nainfame conduta.

“Perdoa todos quantos te ofendem,sem manter qualquer tipo de ressenti-mento em relação ao mal que pensa-ram fazer-te.

“Se considerares a agressão que tefoi dirigida como uma experiência deque necessitavas para evoluir, perma-necerás invulnerável às suas sórdidasconseqüências...

“Perdoa sempre, porque os maus einfelizes, quando detestam e malsinamo seu próximo, não sabem o que estãofazendo.

“Nunca cedas ao mal, descendo aonível dos maus...

“Perdoar não significa concordarcom o ato infame nem com a pessoadesatinada. Constitui o ato de nãorevidar com o mesmo mal aquele quelhe é dirigido, permanecendo em me-lhor situação emocional do que o seuantagonista e em paz.”

JANE MARTINS [email protected]

De Cambé

Jesus bem exemplificou o amor eo perdão, deixando claro para nós queessas criaturas não sabem o que fazem.

Na conjuntura atual do planeta,quando violência e agressão abundam,lembremo-nos do amor e nos mantenha-mos vigilantes com o Cristo, trabalhan-do o nosso coração na arte da paciência,a ciência da paz, e mantenhamos a con-vicção de que tudo o que nos sucede é

grande lição para os nossos Espíritos.Mantenhamo-nos em paz, sem

nunca fomentar discórdia ou aflição,mas sim entendimento e fraternida-de. Dentro do lar, tratemos a todoscom respeito e dignidade, consideran-do que por nossa vez é assim que de-sejamos ser tratados e, fora do lar, se-jamos os mesmos, educando nossosespíritos para um amanhã melhor.

O IMORTAL na internetDesde abril de 2004, o jornal O

IMORTAL pode ser lido, na íntegra,pela internet.

Conforme os registros de con-sulta ao site que o divulga, os lei-tores residentes nos Estados Uni-dos quase empatam, em número,com os leitores do Brasil. E te-

mos consultas feitas no Japão, naSuíça, na Inglaterra, na Espanhaetc.

O site em que as pessoas podemler as edições do jornal, na íntegra,desde abril de 2004, é este:www.editoraleopoldomachado.com.

br/imortal/indice.htm

Basta clicar no endereço citadoe a página será aberta, mostrando oíndice de todas as edições.

Os contatos com a Redação dojornal devem, contudo, ser feitospor intermédio do e-mail abaixo in-dicado:

[email protected]

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O IMORTALSETEMBRO/2006 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1866 (Parte 9)

Continuamos a publicar o textocondensado da Revista Espírita de1866. As páginas citadas referem-seà versão publicada pela Edicel.

*143. Podem colocar-se na mes-

ma categoria as visões da irmãElmerick, que dizia ter visto todasas cenas da Paixão do Cristo e en-contrado o cálice no qual Jesus be-bera. Ela provavelmente tenha vistoesse e outros objetos que descreveu,mas pelos olhos da alma, e certamen-te uma imagem fluídica deles, cria-da por seu pensamento. (Pág. 244.)

144. Pode uma criança de seteanos, ao desencarnar, tornar-se guiaespiritual de sua mãe? Sim; pelo me-nos é o que informa mensagem medi-única, transcrita pela Revista, na qualo próprio Espírito da criança informaque o primeiro anjo de guarda de suamãe permaneceu nessa tarefa até queele o substituísse. (Págs. 244 e 245.)

145. Por que as mães que cho-ram com a ausência de seus filhosdesencarnados não conseguem co-municar-se com eles, mesmo em so-nho? Kardec explica que, além dafalta de aptidão especial, que não éconcedida a todos, há por vezes mo-tivos que só a Providência conhece.Nas pessoas de caráter fraco, essascomunicações reavivam a dor, emvez de a acalmar. Para outras pesso-as, o impedimento constitui muitasvezes uma prova para a fé e a perse-verança. As mesmas razões ocorremno que concerne aos sonhos, embo-ra aí, muitas vezes, a pessoa apenasnão guarde a lembrança de um en-contro ocorrido. (Págs. 246 e 247.)

146. O Espírito de Moki confirmaque os Espíritos, mesmo chegados aograu máximo de perfeição, jamais po-derão igualar-se ao Criador. Dois sãoos motivos: I) Até as ciências reconhe-cem que a parte jamais poderá igualaro todo. II) A natureza de Deus é umobstáculo intransponível a que isso serealize. (Págs. 248 e 249.)

147. A Revista transcreve notí-cia do periódico Le Salut Public, deLyon, de 3/6/1866, segundo a qual arainha Vitória, da Inglaterra, acredi-tando obedecer à voz do falecidopríncipe Alberto, tudo estava fazen-do para evitar o conflito austro-prussiano. Kardec lembra que emmarço de 1864 a Revista já haviainformado que, segundo notícia pu-blicada na época por diversos jor-nais, a rainha Vitória mantinha con-

tato com o Espírito de Alberto e le-vava a sério os conselhos que delerecebia. (Págs. 249 e 250.)

148. Dois poemas mediúnicos, umassinado pelo Espírito de J. Méry eoutro por Casimir Delavigne, sãotranscritos pela Revista, cujo númerode agosto de 1866 traz como derradeiranotícia referência a uma Cantata Espí-rita, letra e música de conteúdo espíri-ta, mas não mediúnicas. A 1 franco e50, a venda da canção se fazia em be-nefício dos pobres. (Pág. 255.)

149. A Revista de setembro de1866 se inicia relatando a passagem dosirmãos Davenport por Bruxelas, ondesuas apresentações ocorreram pacifica-mente, sem as cenas lamentáveis quese registraram em Paris. Do jornalOffice de Publicité, de Bruxelas, Kar-dec transcreve dois artigos assinadospelo sr. Bertram, publicados nos dias 8e 22 de julho. (Págs. 257 e 258.)

Os espíritas não são tãosimplórios a ponto de evocar

Dom Quixote ou o Judeu errante

150. Com um tom irônico,Bertram descreve o que viu, mas dizque, a seu ver, o que os Espíritos têmdito nas sessões espíritas são coisassabidas há muito tempo e para obtê-las não haveria necessidade de evo-car tantos mortos ilustres. Nada, po-rém, escreveu contra a veracidadedos fenômenos. (Págs. 258 a 262.)

151. Depois, ao transcrever car-ta de um leitor que fez vários elogi-os ao Espiritismo e à mudança queele produziu em sua vida, o sr.Bertram declarou: “Jamais fiz obje-ção à moral espírita; ela é pura. Osespíritas são honestos e benfeitores:seus donativos para as creches moprovaram. Se se apegam aos seusEspíritos superiores e inferiores, nãovejo nisso inconveniente. É umaquestão entre o seu instinto e a suarazão”. (Págs. 262 a 264.)

152. Comentando o fato, Kardecdiz que se o sr. Bertram houvesselido os livros espíritas com a aten-ção necessária saberia que os espíri-tas não são tão simplórios a pontode evocar o Judeu Errante e DomQuixote (personagens sem existên-cia real, a não ser em livros). Quan-to à ancianidade da moral dos Espí-ritos, o codificador não vê nisso nadade surpreendente, visto que, não sen-do a moral senão a lei de Deus, essalei deve ser de toda a eternidade, nãohavendo nada que o homem possaacrescentar-lhe. (Págs. 265 a 267.)

153. Concluindo seu comentário,Kardec concorda com a tese de quenão é no armário dos irmãos

Davenport que encontraremos a dou-trina espírita, embora suas demons-trações houvessem feito com quemuitos, inclusive o sr. Bertram, fa-lassem dos Espíritos, mesmo semacreditar neles. (Pág. 268.)

154. É um fato constatado, dizKardec na seqüência, que a crítica aoEspiritismo, desde os seus primórdios,mostrou a mais completa ignorância deseus princípios, ainda os mais elemen-tares, situação que começava a ser al-terada naquele momento. “Não oacham mais tão estranho e tão ridícu-lo”, assevera o codificador, “porque oconhecem melhor.” (Págs. 268 e 270.)

155. Em apoio a essa idéia, Kar-dec transcreve um artigo publicado emmaio de 1866 no jornal Soleil, no qualo articulista trata o Espiritismo commaior profundidade e respeito, comose pode ver no trecho seguinte: “Sejamais houve uma doutrina consola-dora, certamente é esta: a individuali-dade conservada além do túmulo, apromessa formal de uma outra vida,que é realmente a continuação da pri-meira. A família subsiste, a afeição nãomorre com a pessoa; não há separa-ção. Cada noite, no sul e no oeste daFrança, as reuniões espíritas atentastornam-se mais numerosas. Oram,evocam, crêem. Gente que não sabiaescrever, escreve; sua mão é guiadapelo Espírito”. (Págs. 270 e 271.)

Não devemos atribuir auma causa oculta fenômenos

aparentemente espíritas

156. Apesar dessas referênciaselogiosas, o artigo ironiza de certo modoa obra Os Quatro Evangelhos, do sr.Roustaing, embora lembre que o sr.Renan, conhecido escritor e autor dosApóstolos, faz nessa obra numerosasalusões à nova doutrina, cuja importân-cia parecia não desconhecer. (Pág. 271.)

157. Não era, porém, apenas naEuropa que os jornais davam umamelhor acolhida aos fatos espíritas. A15 de junho de 1866 o jornal ProgrèsColonial, de Port-Louis, na IlhaMaurícia, publicou uma mensagemassinada pelo Espírito de Lázaro, an-tecedida por uma nota em que o edi-tor informa que seu jornal recebia to-dos os dias duas ou três comunicaçõessemelhantes, as quais só não haviamsido publicadas porque o jornal nãotinha ainda condições de consagrar umlugar “a essa coisa extraordinária cha-mada Espiritismo”. (Pág. 273.)

158. Comentando notícia divulga-da pelo jornal Événement, de 2 deagosto de 1866, Kardec recomendamais uma vez que se deve evitar atri-buir a uma causa oculta fatos aparen-

temente espíritas. É preciso investi-gar todas as possibilidades, porque,existindo uma causa material, semprese pode descobri-la. A dúvida é emtais casos, diz Kardec, “o partido maissábio”. (Págs. 274 e 275.)

159. Toda a cautela se fazia ne-cessária, porque os adversários doEspiritismo, supondo que ele se en-contra inteiramente nos efeitos físicose não pode viver sem isto, imagina-vam matá-lo desacreditando-o oupondo-o em condições ridículas. Osjornais da América não ficavam atrásnisso, como se pode ver no relato daexecução de um condenado à morteocorrida em Cleveland, Ohio, o qual,antes de morrer, falou sobre a imorta-lidade da alma e sobre o Espiritismo.Suas palavras produziram profundaimpressão sobre o auditório, do queteriam resultado singulares efeitos,como visões do falecido relatadas comevidente exagero pelo jornal Herald,de Cleveland. (Págs. 277 e 278.)

160. Outro fato destacado pelaimprensa americana é o caso de Tom,um jovem negro de 17 anos, cego denascença, dotado de um maravilho-so instinto musical. Tom viu pela pri-meira vez um piano aos 4 anos e des-de então, segundo o Harpers Weekly,de Nova York, fez progressos tão rá-pidos e admiráveis que o piano se fezeco de tudo o que ele ouvia. Agora,ele tocava a mais difícil música dosgrandes autores com uma delicade-za de toque, um poder e uma expres-são raramente ouvidas. (Pág. 279.)

161. Como em Filadélfia, seten-ta professores de música, após ouvi-lo, admitiram formalmente ser im-possível explicar tal talento por qual-quer das hipóteses que podem forne-cer as leis da arte e da ciência, Kar-dec esclarece que o fato encontra ex-plicação na doutrina da reencarna-ção, porquanto uma faculdade instin-tiva tão precoce não poderia ser se-não uma lembrança intuitiva de co-nhecimentos anteriormente adquiri-dos. (Págs. 279 a 281.)

A mediunidade de vidênciaé muito comum nas crianças,

e isto é providencial

162. Pode um sonho tornar grisa-lhos os cabelos de uma pessoa? O fatoteria ocorrido na Bretanha, segundoinformou o Petit Journal de 14 demaio de 1866. Kardec admite que issoocorra em razão dos laços fluídicosque unem a alma ao corpo e transmi-tem a este as impressões que a almasinta quando dele esteja afastada. Issose verifica durante o sono, mas a almanão se dá conta dessa separação. Na

visão do engenheiro que teve os ca-belos encanecidos, havia duas partesdistintas: uma, real e positiva, cons-tatada pela exatidão da planta da minaonde certamente esteve durante a noi-te; a outra, puramente fantástica: a doperigo que correu. Esta poderia serefeito da lembrança de um acidentereal ou uma advertência para o futu-ro. (Págs. 282 a 285.)

163. Kardec refere um exemploda impressão que se pode conservardas sensações já experimentadas.Uma senhora quando passava emcerta rua tinha a impressão de queseria jogada num abismo. A explica-ção: ela fizera parte de um grupo depessoas que concorreram para a de-fesa da cidade contra os ingleses,quando todas haviam sido precipi-tadas nos fossos existentes então emRuão. O fato é relatado na históriadessa cidade. (Pág. 285.)

164. Um fato de vidência numacriança de quatro anos, verificado emCaen, motivou Kardec a informar quea mediunidade de vidência é muitocomum nas crianças, e isto é provi-dencial. “Ao sair da vida espiritual”,diz o codificador, “os guias da crian-ça acabam de a conduzir ao porto dedesembarque para o mundo terreno,como vêm buscá-la em seu retorno.A elas se mostram nos primeiros tem-pos, para que não haja transição mui-to brusca; depois se apagam pouco apouco, à medida que a criança crescee pode agir em virtude de seu livrearbítrio.” (Págs. 286 e 287.)

165. A Revista de outubro inicia-se com um artigo intitulado “Os tem-pos são chegados”, em que Kardec dizque de todos os lados ouvia-se a infor-mação de que grandes acontecimen-tos se realizariam para a obra de rege-neração da Humanidade. Eis de for-ma resumida os pontos principais doreferido artigo: I) A Terra, como tudoo que existe, está submetida à lei doprogresso. Fisicamente, ela progridepela transformação dos elementos quea compõem. Moralmente, pelo desen-volvimento da inteligência, do sensomoral e do abrandamento dos costu-mes, o que leva à depuração dos Espí-ritos encarnados e desencarnados quea povoam. II) Esses dois progressosse seguem e marcham em paralelo,porque a perfeição da habitação estáem relação com o habitante. III) O pro-gresso se realiza de duas maneiras:uma lenta, gradativa e insensível; ou-tra por mudanças mais bruscas, em quese opera um movimento mais rápido,que marca, por caracteres marcantes,os períodos progressivos da Humani-dade. (Págs. 289 e seguintes.) (Conti-nua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

Page 15: O IMORTAL · Grandes Vultos do Espiritismo ... lizado pelos Espíritos na América e, em seguida, na Europa e nos de-mais continentes do mundo. Não se pode, portanto, subesti-

O IMORTALPÁGINA 16 SETEMBRO/2006

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

O progresso científico nos fazcrer que estamos rompendo as fron-teiras do impossível e a ousadia doscientistas parece atropelar a ficçãoe provocar uma rotura no mito dacriação. A cada nova descoberta quenos surpreende ficamos com a im-pressão de que estamos indo longedemais e o sistema de frenagem pa-rece que ficou fora do nosso alcan-ce. Cada descoberta, no entanto, re-vela o paradoxo que expõe commais ênfase as nossas contradições:o que passamos a saber demonstracom mais força o que ainda não sa-bemos.

Identificamos as subpartículasda matéria, sua equivalência com aenergia e dissecamos um feixe deluz em ondas e em “quantas” deenergia. Desconhecemos, porém,qual é a essência da energia, deonde provem a matéria que nosimpressiona e não temos ainda amenor noção dos fundamentos doUniverso.

Dissecamos a célula, recombi-namos sua química, traduzimos seucódigo reprodutor e ousamos alte-rar o abecedário genético. Podemosfazer cópias de qualquer forma devida e dotá-las de aparências ou ap-tidões previamente escolhidas. Des-conhecemos porém qual é a essên-cia que produz a vida e de onde pro-vém esta força que dá vida às célu-las. Não temos a menor noção dosfundamentos que nos aponta qual éa origem da vida.

Os aparelhos de ultra-som nospermitem “ver” a criança dentro doútero em três dimensões. Podemosidentificar seus defeitos estruturaisconfirmando precocemente a exis-tência de malformações fetais. Abiópsia das células da cavidadeamniótica dentro do útero nos dáum registro de identidade da crian-ça bem antes dela nascer. Ficam as-

Nubor Orlando Facure sim, os pais e o médico com a possi-bilidade de decidir sobre o ônus decontinuar ou não a gestação de umacriança que se apresentará com pa-ralisias ou retardo pela vida toda.Precisamos saber, porém, se inter-romper esta vida não significa per-turbar o desenrolar de uma outra vidaque transcende as expressões da ma-téria, para a qual, a deformação físi-ca faz parte das suas necessidades.Não há como fazermos esta pergun-ta para esta criança antes que ela ve-nha ao mundo, mas sabemos que asque estão entre nós, mesmo ferindosuas pernas quando tentam caminhar,contorcendo suas mãos quando ten-tam escrever ou mastigando as pala-vras quando tentam falar, estas, mes-mo assim, querem viver. E, se possí-vel, de mãos dadas com as suas mães.

Os meios de cultura, os micros-cópios e os delicados instrumentos demanipulação das células nos permiti-ram lidar com o óvulo e o espermato-zóide com a mesma facilidade comque Mendel combinou as flores e aservilhas do seu jardim. As cores daservilhas e das flores podem variar coma mesma facilidade com que podemosescolher o sexo, a cor da pele e a cordos olhos para as nossas crianças. Es-tes filhos, porém, não trazem consi-go, a certeza da felicidade, do respei-to à vida ou a obediência aos paisquando estes souberam apenas forne-cer o material genético que a repro-dução assistida facilitou. Precisamosesclarecer se antecedendo a forma fí-sica não existe um ser transcendentecujas qualidades e aptidões nos sãointeiramente desconhecidas.

Os transplantes de órgãosdão ao paciente a oportunidade

de renascer para a vida

Os equipamentos médicos de res-piração assistida prolongam a vidade milhares de pacientes que a UTIteima em salvar. Os transplantes deórgãos dão ao paciente a oportuni-dade de um renascer na jornada davida. Os imunossupressores contro-lam a rejeição nos transplantados ereduzem as respostas indesejáveisem inúmeras doenças que a imuno-logia está esclarecendo a causa. Apli-cações que atingem diretamente osistema nervoso estão controlandodores terríveis que incomodam os pa-cientes com câncer. Estes progressos

todos, porém, não conseguirão nun-ca solucionar o dilema da morte e dosofrimento que ás vezes a antecede.Por outro lado, estes recursos quealiviam e prolongam a vida, podem,com a mesma competência, serempostos a disposição para decidir adata da morte ou a interrupção do so-frimento. O recurso da tecnologiaveste a toga de juiz no médico quenão sabe ver um sentido purificadorde almas quando a dor cronifica ouse torna incontrolável. Precisamossaber se aliviar o sofrimento físiconão precipita um compromisso mai-or ou se compromete um resgate queestaremos adiando.

O homem está acostumado a usarsua inteligência para fragmentar seusproblemas e com isto poder dominá-los. Hoje, a extensão do nosso co-nhecimento nos permite perceber queesta separação “espedaça o comple-xo do mundo em fragmentos descon-juntados”, fraciona um problema es-pecífico, mas, cria um dilema gigan-tesco pela repercussão no todo. Estemodelo de fragmentação e a compe-tência tecnológica que ele proporci-onou, não são suficientes para resol-ver as contradições do nosso mundointerior. Temos de rever nossas po-sições éticas com argumentos queextrapolem os limites e o alcance daCiência. Principalmente, por que nosfalta responder aquelas perguntas es-senciais que esclareçam quem so-mos, de onde viemos e para ondevamos. Nos dias de hoje estes dile-mas nos parecem serem inadiáveis.

Os dilemas da ética de hoje nosempurraram precipitadamente para oaborto que descarta a criança malfor-mada; a eutanásia que apressa a mor-te pressupondo alívio do sofrimento;a gestação de crianças sem vínculoafetivo com os pais; a manipulaçãogenética que poderá escolher a apa-rência física; a vida psicossocial doorganismo completo, em contraposi-

ção à vida biológica de meia dúziade células embrionárias fecundadasem laboratório. Parece que não nosdamos conta de estarmos esticando oucortando o fio da “teia da vida”.

Em 1857 Allan Kardec codificouuma Doutrina de bases científicas, fi-losóficas e religiosas. Entre seus prin-cípios se afirma que a fé tem de sesubmeter ao critério de racionalida-de. Seus enunciados científicos nãose prendem às amarras de uma ciên-cia que só consiga enxergar o mundomaterial que impressiona nossos limi-tados sentidos. Suas verdades estãosujeitas ao progresso humano que aprópria Ciência tende a promover.

O seu conteúdo foi fornecido porEspíritos que acompanham e promo-vem o desenvolvimento da Humani-dade. Eles afirmaram que somos to-dos Almas imortais que ocupamosprovisoriamente um corpo físico quenos permite viver experiências que,de simples e ignorantes, nos torna-rão sábios e puros de coração. Esteprocesso de evolução se faz numasérie incontável de reencarnaçõesque se processam na Terra e em ou-tros planos da criação divina.

A eutanásia adia o resgatee a reparação dos débitoscontraídos pelo espírito

Esta Doutrina nos revela que oaborto destrói a vida biológica e im-pede a reencarnação do espírito quehabita este corpo desde a fecunda-ção, comprometendo sua evoluçãoespiritual.

A eutanásia adia o resgate e a re-paração de débitos contraídos pelo es-pírito, cujo corpo sofre para possibili-tar sua redenção. Isto não significaevitar meios de aliviar a dor ou o so-frimento, mas, de impedir que se utili-ze a morte como recurso terapêutico.

Cada um de nós recebe, ao reen-carnar, o corpo mais adequado àssuas necessidades espirituais. A ma-nipulação genética visando os bene-fícios e as dificuldades que este cor-po venha a se manifestar, são esta-belecidas por entidades espirituaisque zelam por nosso progresso. Aevolução do conhecimento humanovai possibilitar que o médico-cien-tista participe e favoreça nossas pos-sibilidades físicas, mas, jamais noslivrará dos compromissos cármicosque nossos débitos pretéritos im-

põem como conta a pagar em nos-so próprio benefício.

Nossa vinculação familiar jáesteve ligada ao sobrenome ou aostítulos de nobreza. Hoje, está de-terminada pelos laços matrimoni-ais ou pela paternidade reconheci-da no DNA. As técnicas de repro-dução estão desmontando todosestes vínculos físicos, carnais, masnão conseguirão nos desfazer doscompromissos que deixamos decumprir diante de irmãos de outrasvidas, que mais cedo ou mais tar-de, cruzarão nosso caminho, atraí-dos pela vibração que as algemasda culpa ou os laços de amor nosimpulsionarem.

Ensinam os Espíritos que a re-encarnação tem início no momen-to da fecundação através de pro-cessos complexos que exigem a“regressão” do corpo espiritual doreencarnante, a ordenação do pa-trimônio genético que ele vai re-ceber e a conjunção de forças deatração exercidas pelos futurospais. Estes Instrutores espirituaisnos anteciparam premonitoriamen-te que a fecundação e o desenvol-vimento do embrião pode ocorrersem a presença de um espírito as-sumindo este corpo. Este fato podenos permitir imaginar que a fecun-dação em laboratório ocorre des-provida de um espírito em suas cé-lulas e a gravidez só será bem su-cedida quando a conjunção de di-versos fatores ligados a participa-ção de um espírito e a conjunçãode vibrações dos pais promoverema sintonia desta união.

Quando Allan Kardec pergun-tou aos Espíritos, qual o nosso mai-or direito, eles responderam que éo direito de viver. A vida é a maiorexpressão da criação de Deus. Ain-da não temos alcance suficientepara compreender a extensão dacriação divina que expressa vidaem tudo que existe. Os Espíritos,no entanto, ensinaram que o prin-cípio inteligente deverá percorrertoda jornada de evolução, do áto-mo ao arcanjo.

A bioética e o paradigma espírita

Facure e sua colega Lígia Almeida,presidente da AME Porto (Portugal)

Nubor Facure, em seu escritório emCampinas (SP)

Nubor Orlando Facure é médi-co neurocirurgião, diretor do Ins-tituto do Cérebro de Campinas(SP), ex-professor catedrático deNeurocirurgia da Unicamp, escri-tor e expositor espírita.