O Guia Eixo Mouzinho/Flores – Território do Recolhimento e do ...

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EIXO MOUZINHO/FLORES Território do Recolhimento e do Mercadejar

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Eixo Mouzinho/FlorEs Território do recolhimento e do Mercadejar

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FICHA TÉCNICA .......... 03

AGRADECIMENTOS .......... 05

MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CâMARA MuNICIPAl DO PORTO .......... 07

APRESENTAçãO DO PROGRAMA .......... 08

APRESENTAçãO DO ROTEIRO .......... 11

CONSOlIDAçãO DO TERRITóRIO .......... 13

1. CARDOSAS/lóIOS .......... 23

2. FlORES .......... 48

3. S. FRANCISCO/S. DOMINGOS .......... 65

4. INFANTE .......... 87

5. MOuzINHO DA SIlvEIRA .......... 133

BIBlIOGRAFIA .......... 154

ÍNDICE

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FICHA TÉCNICA

TítuloEixo Mouzinho/Flores - Território do Recolhimento e do Mercadejar

EdiçãoPorto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A.

CoordenaçãoAna Paula DelgadoPaulo de Queiroz ValençaMargarida Mesquita Guimarães

Equipa TécnicaBeatriz Hierro Lopes

ColaboraçãoAna Rita SoutoJoana FernandesJosé Pacheco SequeiraJosé BarralJosé Patrício Martins Luís Soares António

Coordenação da EdiçãoBeatriz Hierro LopesGabriela Magalhães

Design e PaginaçãoFilipa Paiva - Fundação da Juventude (versão papel)327 CREATIVE STUDIO (versão ebook)

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ImagensAssociação Comercial do Porto - 122; 123; 124; 125; 126; 127; 128Busílis da Comunicação - 110Casa do Infante - Arquivo Histórico Municipal do Porto - 4; 7; 8; 9; 16; 17; 20; 56; 68; 91; 115; 117; 118; 119; 144Cidade das Profissões - 66Empatia - Arqueologia, Lda. - 11; 12; 13Filipe Pinheiro Campos - 79; 86; 175Francisco Queiroz - 74; 164; 180Foto Freitas - 14; 104Fundação da Juventude - 77; 78Gabinete Alexandre Soares - 25; 26; 27; 28; 29; 32; 34; 36; 38; 40; 41; 42; 44; 47; 48; 49; 50; 51; 55; 57; 58; 61; 64; 67; 69; 70; 71; 73; 80; 81; 83; 84; 85; 92; 93; 95; 96; 97; 101; 102; 103; 107; 108; 109; 111; 112; 113; 120; 129; 131; 132; 134; 135; 136; 137; 138; 139; 140; 141; 142; 145; 146; 148; 149; 150; 151; 152; 153; 154; 155; 158; 159; 161; 162; 163; 165; 166; 167; 168Gestão de Obras Públicas da Câmara Municipal do Porto, EM - 10João Barata Feyo - CapaLuís Aguiar Branco - 5; 6; 18; 21; 22; 30; 31; 33; 39; 43; 52; 54; 59; 60; 62; 65; 72; 76; 82; 87; 88; 89; 90; 94; 98; 106; 114; 116; 121; 130; 133; 143; 147; 169; 179Ourivesaria Luiz Ferreira - 37Ourivesaria Pedro A. Baptista, Lda. - 35; 45; 46 Porto Vivo, SRU - Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A. - 1; 2; 3; 15; 19; 23; 24; 53; 75; 99; 100; 105; 156; 157; 160; 170; 171; 172; 173; 174; 176; 177; 178; 181; 182Roberto Cremascoli, Edison Okumura e Marta Rodrigues arquitectos, Lda. - 63

Impressão Multitema, Soluções de Impressão S.A.Tiragem 2500ISBN 978-989-96862-9-8Depósito Legal

Nota: Nesta publicação foi respeitada a grafia utilizada pelos seus diferentes autores.

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A Porto Vivo, SRU agradece a:

A CercaAdriano Antero Monteiro (Relojoaria Adriano)Ag JewelsAgostinho Jardim (Associação Infante D. Henrique e Centro Social Paroquial de S. Nicolau)Alfredo Ascensão (Alfredo Ascensão & Paulo Henriques, arquitectos Lda.)Alfredo Costa (Busílis da Comunicação)Ana Espregueira Mendes (Hotel Intercontinental)Ana Paula Cunha Nogueira Assucena (Retrosaria das Flores)André Nascimento (Empatia – Arqueologia, Lda.)António Marques de Oliveira (Ourivesaria Eduardo Carneiro & Cª, Lda.)António Martins Teixeira (Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto)António Tavares (Santa Casa da Misericórdia do Porto)Augusto Saldanha (Alfaiate)Bem PortuguêsBritish AssociationCarlos Alberto Loureiro (Empatia – Arqueologia, Lda.)Chocolataria EquadorCristina Lopes (Ourivesaria Neves & Filha, Lda.)Elvira Basílio (Porto Signs)Essência do VinhoFederação das Associações Juvenis do Distrito do PortoFernolFilipe Pinheiro CamposFrancisco QueirozFurtado MendonçaGabriel Pereira (Empatia – Arqueologia, Lda.)Galo LoucoHard ClubIsabel Barros (balleteatro Escola Profissional)Joana Dixo (Dixo’s Oporto Hostel)Joana Oliveira (Mercearia das Flores)João Melo (Casa do Coração de Jesus)

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Joaquim Coelho (Olá Bazar)Jorge Manuel Dias (A Sementeira - Alípio Dias & Irmão)José António Barbosa Livraria Alfarrabista João SoaresLivraria Chaminé da Mota AlfarrabistaLoja 112Luís Pedro Martins (Santa Casa da Misericórdia do Porto)Manuel de Novaes Cabral (Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto)Maria Eduarda Ferreira de Matos (Ferreiras Joalheiros)Maria Geraldes (Fundação da Juventude)Maria Manuel Morais (Memórias)Moura, Pereira & Paiva, Lda. (Casa Mousinho – Loja das Bandeiras)Nuno Guerreiro (Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto)Olga Lacerda (Feitoria Inglesa)Paula Rebelo (Manufaktura)Paulo Lobo (Hats & Cats e Lobo Taste)Pimm’sPortugalidadesPrometeuRui Melo (Tea Point)Rui Moreira (Associação Comercial do Porto)Rui Rio (Presidente da Câmara Municipal do Porto)Sofia Alves (Casa do Infante – Arquivo Histórico Municipal do Porto)Teresa Chaves (Cidade das Profissões)Vladimiro Feliz (Associação Porto Digital)Zof/House Gallery

sem cujos contributos e colaboração, a edição deste Guia não teriasido possível.

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REVISITAR A AlmA Do PoRTo...

Em boa hora a “Porto Vivo, SRU” se propôs editar o Guia Eixo Mouzinho/Flores, que agora chega às mãos dos leitores. Porque para além de evidenciar a relevância da regeneração em curso de uma importante zona da Baixa da Cidade, conduz-nos ao imaginário de outros tempos, onde a alma do Porto respirava iniciativa, exibia o seu bom gosto, enaltecia as virtudes das nossas gentes, gozava os proveitos do sucesso.

As décadas foram-se sucedendo. Os tempos causticaram a ação. Os desafios quebraram o limite da força humana. E a vertigem da mudança superou o ritmo das gerações. Ano após ano foram--se exaurindo os recursos que o passado legou aos herdeiros do nosso tempo. Impunha-se, assim,

fazer renascer o valiosíssimo espólio dos nossos antepassados. E o Eixo Mouzinho/Flores acordou do seu torpor para o século XXI. Ele aí está, a mostrar--se de novo em todo o seu esplendor.

Se hoje o roteiro deste guia é já um percurso que das memórias do passado nos traz até ao sonho do futuro, amanhã – até ao final de 2013 – a conclusão da reabilitação do espaço público que lhe serve de espinha dorsal será o testemunho vivo de uma outra era, oferecendo novos caminhos, estimulantes desafios, e oportunidades de eleição. De S. Bento ao Infante, vai um salto do tamanho da alma do Porto…

Rui RioPresidente da Câmara Municipal do Porto

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PRoGRAmA DE ACção

PARA A REAbIlITAção

URbANA Do EIxo

moUzINHo/FloRES_ CH.2

1. Território de Intervenção.

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O Programa de Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores é mais uma das 10 Operações que constituem a estratégia territorial definida no Plano de Gestão do Centro Histórico do Porto Património Mundial.

É uma zona com 11 ha de território, com 15 quarteirões, 421 parcelas e mais de 200 000 m2 de área construída; deste edificado, 45% está em mau estado, 20% está devoluto e 40% está apenas parcialmente ocupado.

Trata-se de um Programa que em parte está comparticipado pelo QREN / ON.2 no âmbito de um Protocolo de Financiamento assinado em Junho de 2009, e que originou um Programa de Acção dirigido para a regeneração de componentes urbanas que contribuam para a re-habitação da área e também para a sua revitalização económica, isto porque para além de se tratar de uma área classificada como Património Mundial, é um eixo central nos percursos turísticos do Centro Histórico do Porto – da Baixa à Ribeira – com elevada visibilidade, mas deteriorado e deprimido nas suas funções vitais do quotidiano. E por isso o comércio local, a qualidade ambiental e a vivência intensiva, estão prejudicados apesar de o potencial ser enorme.

Para exponenciar a mudança que, de facto, já está em curso, foi definida uma estratégia que se centra na qualificação do espaço público – do seu conforto, das facilidades disponibilizadas e da mobilidade – juntando-se a este vector, outros mais dedicados às actividades económicas, comerciais, de lazer e de turismo. E constituiu-se uma Parceria entre diversas entidades públicas e privadas: Câmara Municipal

do Porto, Porto Vivo, SRU, Associação Porto Digital, Fundação da Juventude, Santa Casa da Misericórdia do Porto e TRENMO-Engenharia, S.A.

O Programa desenhado assenta nas seguintes Operações: • Estudo para a Mobilidade no Centro Histórico – estudo adjudicado a uma empresa com forte experiência neste domínio, e que propôs um modelo de actuação sobre o desenho do espaço público, o estacionamento, os transportes e a mobilidade;• Requalificação do Espaço Público – intervenção municipal em cerca de 35.000 m2 de superfície entre os Lóios e o Infante, que reviu o desenho urbano, gerou novos espaços pedonais e um novo esquema de trânsito, aumentou passeios e substituiu pavimentos e redes de infraestruturas;• Modernização e Qualificação dos Ninhos de Empresas – acção da responsabilidade da Fundação da Juventude, que regenerou os espaços destinados a instalar novas empresas existentes na Casa da Companhia, na Rua das Flores;• Apoio ao Empreendedorismo – projecto da Cidade das Profissões / Associação Porto Digital, tendo em vista o apoio à instalação de empresas e o aumento da dinâmica empresarial;• Feiras Francas – realização de um conjunto de eventos articulados com a actividade do Palácio das Artes - Fábrica de Talentos, cuja responsabilidade recaiu sobre a Fundação da Juventude;• Instalação do Museu da Santa Casa da Misericórdia do Porto – acção desenvolvida tendo em vista estruturar o espólio e preparar conteúdos a integrar no futuro Museu de Arte Sacra;• Criação do Circuito do Vinho do Porto – adaptação de espaços da Casa da Companhia, primeira sede

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1 - Requalificação do espaço público2 - Museu de Arte Sacra da Santa Casa da Misericórdia3 - Ninho de empresas (Casa da Companhia)4 - Circuito do Vinho do Porto (Casa da Companhia)

da Real Companhia Vinícola, no sentido de criar um percurso da produção e do negócio do Vinho do Porto, criando também um local de provas; • Instalação e Operacionalização da Gestão de Área Urbana – expansão da responsabilidade e da presença da Equipa já estabelecida no Morro da Sé e a estender a todo o Centro Histórico, tendo em vista articular programas e políticas de dinamização e animação urbana;• Valorização do Espaço e do Comércio Tradicional através da Memória – criação de uma base de dados das unidades comerciais do Eixo Mouzinho/Flores baseado no historial das actividades, dos comerciantes e das empresas.

O Programa de Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores é um processo integrado que atinge os M€9 e tem comparticipação FEDER, a fundo perdido, de M€6,5, estando a sua conclusão prevista para o final de 2013. Acresce a este investimento, que se sustenta no Programa de Acção, um investimento de cerca de M€70 da responsabilidade primeira dos proprietários do parque edificado existente.

Paulo de Queiroz ValençaCoordenador do Gabinete de Operações Especiaise do Programa de Acção para a Reabilitação Urbanado Eixo Mouzinho/Flores Porto Vivo, SRU

2. Programa de Acção do Eixo Mouzinho/Flores.

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APRESENTAção Do RoTEIRo

O Guia Eixo Mouzinho/Flores – Território do Recolhimento e do Mercadejar é uma acção integrada na Operação Plano de Comunicação que faz parte do rol de operações do Programa de Acção para a Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/Flores _ CH.2, que foi comparticipado pelo QREN / ON2.

Visa estruturar a percepção de um espaço e de um contexto urbanos, quer através da sua realidade actual (e até futura), quer através da sua história e das suas estórias. Uma realidade com 500 anos e que hoje se assume como um dos factores da mudança e da modernização do Centro Histórico do Porto, que a UNESCO entendeu, e bem, classificar como património da humanidade em 1996. Um eixo que surgiu como motivo de organização da cidade medieval e de percurso de escoamento de produtos que chegavam pelo Douro, e que hoje serve de ligante entre a Baixa e a Ribeira e assim de colector dos inúmeros turistas que nos visitam.

No Guia Eixo Mouzinho/Flores – Território do Recolhimento e do Mercadejar identificam-se e caracterizam-se elementos do património construído,

instituições, empresas e actividades, marcas do passado e do presente. Pessoas e agentes, que são parte da existência do local. E situações imateriais que são a argamassa desta construção global.

O Guia, porque trata um eixo, assenta num só circuito – entre S. Bento e o Infante. Inicia-se e desce pelas Flores e sobe pela Mouzinho da Silveira, respeitando assim a idade de abertura destas artérias, mas contrariando o sentido das águas do Rio da Vila que vão desaguar ao Douro. E diverge, pontualmente, aqui e ali, pelas imediações, para salientar mais um marco ou um episódio da vida deste território, onde a Igreja, com os seus Mosteiros e Conventos, e onde o negócio, com as feiras e a actividade comercial, foram sempre a base da sua vivência e da sua vitalidade.

Paulo de Queiroz ValençaCoordenador do Gabinete de Operações Especiais e do Programa de Acção para a Reabilitação Urbana do Eixo Mouzinho/FloresPorto Vivo, SRU

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1. CARDoSAS / lóIoS2. FloRES

3. S. FRANCISCo / São DomINGoS4. INFANTE

5. moUzINHo DA SIlVEIRA

3. Mapa do Roteiro.

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ANTES DA oCUPAçãoCoNSolIDAção Do TERRITóRIo

4. Maqueta do Porto Medieval.

O Porto primitivo nasce e desenvolve-se em redor do núcleo do Monte de Pena Ventosa, onde hoje encontramos a Sé e o Paço Episcopal, dando origem a pequenas ruelas e vielas que se estenderão, primeiramente, à volta do supracitado local, para depois se desenvolverem ao longo do Rio da Vila que bordejava o Morro e que se predispunha à implementação de diversas actividades, como por exemplo o curtume de peles, na área que hoje designamos, por essa razão, dos Pelames. A cidade vai descendo, estendendo-se até ao Rio Douro, zona de rápido crescimento comercial relacionado com actividades portuárias. Contudo, o Porto, a partir do século XIII e XIV, sentirá a necessidade de se expandir para o Morro da Vitória, onde a

partir do século XIV existia já o projecto de aí se criar uma sinagoga e um núcleo destinado à comunidade judaica. Estas duas comunidades, apesar de afastadas, aproximam-se através de inúmeras pontes, que atravessavam o Rio da Vila, e cuja presença se faz ainda hoje sentir entre nós, toponimicamente, em ruas como a Rua da Ponte Nova, cuja ponte ligaria a futura Rua das Flores com a Rua da Bainharia (artéria antiga, cujo nome se deve à concentração de mesteres ligados à produção de bainhas para espadas), ou mesmo como a Rua do Souto, hoje mais reduzida na sua extensão, mas que até ao processo de abertura da Rua de Mouzinho da Silveira, atravessava ambos os morros, prosseguindo pela hoje denominada Rua dos Caldeireiros.

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A Rua das Flores, anteriormente designada por Rua Nova de Santa Catarina das Flores, começou a ser aberta em 1521, segundo ordem régia de D. Manuel I, e localiza-se na margem direita do Rio da Vila, nos terrenos das Hortas do Bispo, do Cabido e da Misericórdia, servindo assim de ligação entre o Largo de S. Domingos e o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria. A abertura deste arruamento cumpre também a função de integrar na cidade o Mosteiro que se começara a edificar em 1518, pois era desejo de D. Manuel I, segundo a regra de S. Bento, concentrar as comunidades de mulheres religiosas num único local, evitando os lugares ermos para sua habitação; só quase vinte anos após o início da sua construção, em 1535, já no reinado de D. João III, estaria terminado este Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria1.

A sua importância reflecte-se, também, no facto de ter sido a primeira rua calcetada do Porto. O seu calcetamento foi financiado pelos moradores que, entretanto, começam a adquirir à Mitra e ao Cabido o foro do terreno para a construção das suas casas. Cumpria ao enfiteuta (arrendatário) pagar anualmente por volta do S. Miguel de Setembro (dia 29 de Setembro) um valor previamente estipulado. Estas casas, dependendo do seu senhorio, eram marcadas com diferentes símbolos: a roda do martírio de Santa Catarina ou roda navalhada de Santa Catarina, que podemos encontrar nos edifícios com os n.os 60-62, 66-76, 130-138 e 277-279, era um signo bispal assinalando a propriedade da Mitra; as marcas no cunhal, em baixo ou alto-relevo, representando S. Miguel, o Arcanjo, eram símbolo do Cabido, podendo encontrar-se, ainda hoje, em vários edifícios desta rua.

A Rua Nova de Santa Catarina das Flores, afirmar-se-ia como um dos mais importantes eixos de circulação da época, retirando importância ao eixo viário existente e que passava pela Rua do Souto e Rua dos Mercadores, unindo a zona ribeirinha à Porta dos Carros e à nova zona urbana do Olival. É de sublinhar que esta nova ligação era de extrema importância, pois relacionava as três zonas de maior actividade económica: junto à Porta dos Carros, no Largo de S. Bento de Avé-Maria, realizava-se, sob protecção das freiras beneditinas, uma feira onde se mercandava leite, hortaliças e fruta2, feira essa que se manteria activa até à extinção do Mosteiro por incumbência da Lei de Extinção das Ordens Religiosas

RUA DAS FloRES

1. Pinho, 2004: p. 2.2. Oliveira, 1973: p.393.

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5. Marcas no cunhal representando S. Miguel e as rodas navalhadas de Santa Catarina.

em 1834; na zona ribeirinha, a feira do peixe, sendo de salientar que, na área que compreendia a Praça da Ribeira e a zona dos Banhos, se encontraria, a partir do século XV, a Rua da Ourivesaria, que congregava ourives de ouro e prata, os quais só a partir de finais do século XVIII se mudariam para a Rua Nova de Santa Catarina das Flores; e, por fim, a zona do Olival, onde se fixaraa comunidade judaica.

Consequentemente, e dada a sua localização, a Rua Nova de Santa Catarina das Flores rapidamente se transformaria numa área que atraiu uma população enobrecida. Testemunhando este facto, encontramos ainda hoje, edifícios que foram residência de famílias importantes, como a Casa dos Constantinos3, a Casa dos Sousa e Silva4, o Solar dos Figueiroa5, a Casa dos Maias ou dos Ferraz Bravo6 e a Casa dos Cunha Pimentel7. Comprovando a importância da Rua das Flores, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, em 1555, transfere do Claustro Velho da Sé do Porto para aqui a Igreja que substitui, assim, a capela de Santiago, onde se reunia desde 1499.

3. Rua das Flores, n.º 135-145.4. Rua das Flores, n.º 77-81.5. Rua das Flores, n.º 69.6. Rua das Flores, n.º 21-37.7. Rua das Flores e Largo de S. Domingos.

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A Rua de Mouzinho da Silveira, data do último quartel do século XIX. A sua localização privilegiada em relação ao conjunto urbano envolvente, permitir--lhe-ia afirmar-se como a principal via de circulação, ligando a cota mais alta à cota ribeirinha da cidade. Tal trajecto foi, durante muitos séculos, pertença do Rio da Vila que desagua no Rio Douro; a cidade, dividida pelo rio, retirava dele proveito para as suas actividades económicas. Contudo, e tendo em conta os cuidados sanitários8 a que o século XIX esteve especialmente atento9, achou-se imprescindível ao desenvolvimento e progresso da cidade, encanar o Rio da Vila o que permitiu criar esta nova via de circulação urbana.

Da autoria de Luís António Nogueira, o “Projecto de abertura da Rua Mouzinho da Silveira – Rua da Biquinha paralela à Rua das Flores”, seria aprovado em 1875, tendo-se iniciado as obras em 1877. Numa primeira fase, procedeu-se ao aumento, em largura, do troço entre o Largo de S. Bento da Vitória e a Rua de S. João, tendo-se prosseguido o projecto, numa segunda fase, prolongando a via até à actual Rua do Infante D. Henrique10.

Tendo presente a configuração da malha medieval da cidade, facilmente se compreenderá a necessidade de desbastar certas infraestruturas e ruas, destruindo-se antigas ligações que uniam o tecido urbano do Morro de Penaventosa ao Morro do Olival11. São disso exemplo: a Ponte Nova, que sendo o rio encanado, perdera a sua função, a Capela e Praça de S. Roque e as ruas da Biquinha e Congostas, que desapareceriam para sempre.

RUA DE moUzINHo DA SIlVEIRA

6. Desenho da Fonte da Rua de Mouzinho da Silveira.

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No início da rua, encontra-se a Estação Ferroviária de S. Bento, aproveitando o local onde existira o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria. Um novo conjunto de fachadas novecentistas, cobre as traseiras das casas do Morro da Sé, e ocupa também antigos jardins dos edifícios da Rua das Flores. Entre estes prédios, distinguem-se o n.º 182, que faz esquina com a Rua da Ponte Nova, relevante pelos vestígios que aí se poderão encontrar de Arte Nova, o n.º 228, onde esteve instalado o Banco Aliança, de linhas neoclássicas. Diante deste, do outro lado da rua, outro edifício é, aparentemente, influenciado pelo traço do Arquitecto Marques da Silva. Junto ao Chafariz da Rua do Souto, na junção da Rua do Souto com a de Mouzinho da Silveira, o muro de granito curvilíneo é o único vestígio existente da Praça de S. Roque; um pouco mais acima, a Fonte da Rua de Mouzinho da Silveira, é de construção recente, 1966.

À semelhança das ruas das Flores, de S. João e dos Mercadores, a Rua de Mouzinho da Silveira, ficou conhecida pelos seus armazéns de venda por grosso de produtos coloniais, óleos, mercearia, vinhos, adubos, cortiça e cereais, sendo que, nos nossos dias, ainda aqui podemos encontrar alguns armazéns de tecidos, lojas especializadas na comercialização de cortiça, lojas de venda de adubos, sementes e alfaias agrícolas.

8 A construção da Rua de Mouzinho da Silveira obrigou à drenagem das águas fétidas do rio da Vila, através de aqueduto, e à eliminação dos aloques, utilizados na curtição das peles (Pimentel, 2002: p. 171).9 Com efeito, após a data de finalização desta via, estes cuidados seriam reforçados, uma vez que, em 1899, se dá no Porto, o último surto de peste, que se terá iniciado na Rua de S.João e na Rua da Fonte Taurina. Deste episódio salienta-se a importância do papel desempenhado pelo Dr. Ricardo Jorge, médico responsável pela descoberta da doença e das medidas que advieram do seu diagnóstico. 10 Pimentel, 2002: p. 170.11 Pimentel, 2002: p. 171.

7. Projeto da abertura da Rua de Mouzinho da Silveira - Rua da Biquinha paralela à Rua das Flores.

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RIo DA VIlA

O Rio da Vila – também conhecido por rio da Cividade, por passar perto do Morro da Cividade – é elemento a destacar no seio do Eixo Mouzinho/Flores pois, em grande parte da sua extensão, é a base do traçado da Rua de Mouzinho da Silveira e da Rua de S. João, e desagua no Douro junto da Praça da Ribeira. O Rio forma-se com as águas de dois mananciais: um deles, que nasce na zona do Monte da Lapa, desce pela Quinta do Laranjal (a Avenida dos Aliados dos nossos dias), passa pelo antigo Campo das Hortas (actual Praça da Liberdade); o outro que tem a sua origem na Fontinha, desce pelo actual Mercado do Bolhão, onde se lhe juntam as águas de mais um pequeno ribeiro, e prossegue pela que é na actualidade a Rua de Sá da Bandeira; os dois ribeiros juntam-se no local onde hoje está a Praça de Almeida Garrett, em frente à Estaçãode São Bento.

A cidade foi, ao longo de tempos mais antigos, utilizando o Rio da Vila como um verdadeiro esgoto a céu aberto. Transformado assim num foco infeccioso, o Rio da Vila acabou por ser totalmente encanado. Em 1763, com a construção da Rua de S. João, foi coberto um primeiro troço tendo o restante sido coberto em 1875, na sequência da abertura da Rua de Mouzinho da Silveira.

8. Mapa do curso do Rio da Vila.

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RUA DE FERREIRA boRGES

Aberta durante os anos 40 do século XIX, a Rua de Ferreira Borges foi construída, pouco tempo após a destruição do Convento de S. Domingos pelo incêndio de 1832. O principal objectivo da sua abertura foio de ligar o Largo de S. Domingos com o local onde existiu o Convento de S. Francisco e onde, a partir de 1841, encontramos o Palácio da Bolsa, no qual se instala a Associação Comercial do Porto. Os despojos arqueológicos do anterior convento serviram para a construção do Pátio das Nações, um dos locais mais carismáticos do Palácio da Bolsa.

9. Projeto de aberturada Rua de Ferreira Borges.

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Esta estrutura urbana de raízes ancestrais, transforma-se de novo no início do séc. XXI. É o seu desenho a ser revisto, e de novo o espaço a ser adaptado de modo a privilegiar o peão sobre o automóvel; é a actividade económica a dar sinais de modernização, o que sempre por aqui aconteceu em cada época de mudança; é a sistematização de eventos que voltam a reanimar o uso do espaço

o TERRITóRIo HojE

10. Requalificação do Espaço Público do Eixo Mouzinho/ Flores.

público; é o sector habitacional a reforçar-se e a repôr o cariz multifuncional deste local.Assim, um território marcado por inovação no séc. XV e modernizado no final do séc. XIX, está de novo a transformar-se, agora num misto de património, contemporaneidade e progresso, articulados com a recuperação de tradições e a revitalização de forças que já teve outrora…

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À REDESCobERTA

As obras de Requalificação Urbana do Eixo Viário Mouzinho da Silveira – Flores foram condicionadas ao acompanhamento arqueológico e à execução de sondagens, previamente definidas, nas zonas previstas para a colocação dos contentores de resíduos sólidos urbanos (RSU). No entanto, dado que a empreitada decorre numa área particularmente rica do ponto de vista arqueológico, verificou-se a necessidade de realizar escavações arqueológicas de emergência que permitiram registar e preservar parte dos 4.000 anos de História do Porto.

São disso exemplos a cerca do antigo convento de S. Domingos (já escavada e protegida) e a necrópole (em parte intervencionada) da Capela da Ordem dos Terceiros, pertença daquele convento. A capela teria sido demolida em 1835, quando se iniciou o processo de abertura da Rua de Ferreira Borges.

A requalificação da Rua de Mouzinho da Silveira permitiu, até ao momento, localizar alguns elementos alinhados com a antiga Rua das Congostas: duas estruturas habitacionais, um aparelho hidráulico de uma antiga indústria da Idade Moderna, dois arcos e um muro medievais, e ainda, um muro de datação romana.

Durante os meses de Setembro e Outubro de 2012 a equipa de arqueologia, que procedia ao acompanhamento na Rua do Infante, identificou e escavou um conjunto de níveis romanos associados a três estruturas. Numa primeira análise o material levantado aponta para uma cronologia entre os séculos I e IV, em consonância com elementos estudados em intervenções anteriores naquela área.

O levantamento histórico cartográfico já realizado aponta ainda para a possibilidade de surgirem outros vestígios na Rua de Mouzinho da Silveira (bairro medieval, Capela de S. Crispim, Capela e Largo de S. Roque e vestígios romanos diversos); Rua de S. João (antiga ponte de S. Domingos, antiga albergaria medieval - mais tarde Hospital Crispiniano - hospital medieval de Santa Clara e vestígios medievais e romanos);

13. Arcaria localizada no início da Rua de Mouzinho da Silveira.

12. Escavação dos níveis romanos na Rua do Infante.

11. Parte da necrópole da antiga Igreja dos Terceiros de S. Domingos (Rua de Ferreira Borges).

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14. Largo de S. Bento, atual Praça de Almeida Garrett (séc. XIX).

Largo de S. Domingos (chafariz da época Moderna e antigo Paço de S. Domingos); Rua de Trás e Rua do Arquitecto Nicolau Nazoni (proximidade das muralhas da cidade) e Largo dos Lóios (Convento de S. Elói), que só poderão ser confirmados no decorrer da obra.

Este trabalho resulta do esforço conjunto de todos os intervenientes envolvidos na Reabilitação Urbana do Eixo Viário Mouzinho da Silveira – Flores, conscientes da ideia de que a preservação e estudo do seu património é um dos pilares do desenvolvimento sustentável da cidade.

André NascimentoCarlos Alberto LoureiroGabriel PereiraEmpatia – Arqueologia, Lda.

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1.CARDoSAS / lóIoS

15. Esquema do percurso.

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Sob os desígnios de D. Manuel I, foi iniciada a construção do Mosteiro em 1518. Porém, o edifício, em estilo gótico com traços românicos, sofreu vários problemas construtivos que demoraram a sua conclusão, arrastando-se esta até ao reinado de D. João III que, deixando-se influenciar por Bartolomeu de Paiva, supervisor daquelas obras, permitiu a execução de alguns apontamentos renascentistas.O Mosteiro só estaria concluído em 1535.

Nele se instalaram monjas que seguiam a regra beneditina, segundo o rito cisterciense, e que eram oriundas de outros mosteiros, mais modestos e em estado de decadência.

Em 1834, com o êxito do Liberalismo, é decretada a extinção das ordens religiosas em Portugal. O decreto de Joaquim António Aguiar, assinado pelo Rei D. Pedro IV, não deixou dúvidas: determinou a extinção imediata de mosteiros e conventos masculinos, proibiu a entrada no noviciado de novas freiras, esperando somente pela morte da última, para acabar, de igual forma, com os femininos.

Nesse contexto a principal preocupação das freiras era dispor da quantia necessária para devolver os dotes dados pelas famílias das raparigas que, conforme o édito, já não podiam professar. Assim, venderam a casa do capelão na Rua do Loureiro, depois as pratarias, e, por fim, leiloaram todas as alfaias religiosas, incluindo o báculo da Abadessa. A última Abadessa morre em 1892. Dois anos depois, as ossadas beneditinas são transladadas para o Cemitério do Prado do Repouso.

moSTEIRo DE S. bENTo DE AVÉ-mARIA

16. Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria: Antiga fachada com acesso para a Rua do Loureiro.

17. Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria: Claustro.

Inicia-se então a demolição do Mosteiro. Se a construção não fora tarefa fácil, a demolição também não o foi, alongando-se durante um considerável período de tempo, sendo que apenas em 1900-1901 é demolida a sua Igreja.

24Cardosas / Lóios

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O plano do ramal, entre esta estação e a rede ferroviária nacional, com o nome de Linha Urbana dos Caminhos de Ferro do Porto, foi apresentado, pelos vereadores António Júlio Machado e José Maria Ferreira, a 8 de Julho de 1887, obtendo-se, no ano seguinte, a autorização de Emídio Navarro, Ministro das Obras Públicas, para a sua construção. Escolhe-se para terminal do ramal um local estratégico, entre a Praça de D. Pedro V e a Ponte Luís I: local onde existia o Mosteiro de S. Bento de Avé-Maria.

1.1ESTAção FERRoVIáRIA DE S. bENTo

Praça aLmeida Garrett

18. Estação Ferroviária de S. Bento.

Em 1896, chega o primeiro comboio à estação, embora, a mesma, não tenha ainda sido inaugurada.A 9 de Novembro de 1903, o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia presidem ao momento do lançamento da primeira pedra da Estação de S. Bento que só seria, inaugurada em 1916.

O projecto, da autoria do arquitecto Marques da Silva, conta, no átrio, com quatro painéis centrais e vários frisos de azulejos, todos da autoria de Jorge Colaço.

25Cardosas / Lóios

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19. Pormenor de um painel de azulejos da Estação Ferroviária de S. Bento.

26Cardosas / Lóios

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CoNVENTo DE SANTA mARIADA CoNSolAção oU DE SANTo ElóI(Convento dos Lóios)

20. Desenho da Praça Nova, lado Sul, em 1833, vendo-se ainda de pé a Igreja dos Lóios, da autoria de J. Vitória Villa-Nova.

Seguindo os costumes do século XV, D. Violante Afonso, encontrando-se viúva e sem descendência, decide legar os seus bens à Igreja, e sob orientação de D. João de Azevedo, Bispo do Porto, dá o seu contributo para a criação de um novo convento. Tal acção permitiu fortalecer o estabelecimento da Congregação de Cónegos Seculares de São João Evangelista em Portugal, que, a partir desse instante, passaria a dispor de um convento na cidade do Porto.

Após autorização Papal, o Convento de Santa Maria da Consolação ou de Santo Elói (Convento dos Lóios) é fundado em 1490, com capacidade inicial para albergar apenas trinta cónegos, visto ser de modestas dimensões. Mais tarde, em 1592, iniciam--se obras de renovação que permitiram o aumento das suas alas e, consequentemente, da capacidade para albergar mais irmãos.

Em pouco menos de dois séculos, tornou-se num dos mais importantes conventos da cidade. Porém, à semelhança do que aconteceria com o Mosteiro deS. Bento de Avé-Maria, também o Convento dos Lóios foi demolido na sequência da extinção das ordens religiosas em Portugal. A pretexto da ameaça de ruína de uma das torres da igreja, D. Maria II decidiu a sua demolição, mandando fundir o metal dos sinos que terá sido utilizado para cunhar moedas.

27Cardosas / Lóios

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1.2PAláCIo DAS CARDoSAS

Praça da Liberdade

No local onde existiu o convento de Santa Maria da Consolação existe agora o Palácio das Cardosas. Encontrando-se em ruínas a Igreja e Convento, a Câmara Municipal do Porto obrigou à sua demolição em 1838. Restou, nessa época, a fachada do Convento que os Lóios haviam começado a construir já no século XIX, obra que interromperam quando abandonaram o País.

A Câmara Municipal tomou posse e colocou à venda em hasta pública os terrenos e restos construídos do Convento, património que passou à propriedade de Manuel Cardoso dos Santos, um abastado negociante com fortuna feita no Brasil, que se comprometeu a acabar a obra da fachada e a reedificar edifício de habitação no mesmo local – assim surgiu o Palácio. Após a sua morte, por herança, o edifício passou para a viúva e filhas, tendo, tal como o passeio fronteiro a norte, passado a denominar-se em função do apelido das suas novas proprietárias, como das Cardosas.

Transformou-se, já durante o século XX, em edifício de serviços, aí se instalando diversas dependências bancárias. Previa a última instituição proprietária, reconverter o Palácio em edifício de escritórios, quando, em boa hora, se inicia o processo de reabilitação urbana da Baixa Portuense que dá prioridade ao quarteirão em causa e redefine o uso deste edifício para equipamento hoteleiro. Daí a instalação do Hotel Intercontinental, que reconverteu o Palácio e recuperou alguma da sua morfologia inicial, anteriormente muito alterada.

São partes marcantes do volume edificado, quer a Farmácia Vitália com a sua fachada modernista, uma intrusão hoje já bem assimilada, quer o Café Astória, que foi reinstalado no gaveto norte / nascente.

21. Desenho do Palácio das Cardosas.

28Cardosas / Lóios

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22. Desenho de pormenor do alçado da Farmácia Vitália.

Farmácia VitáliaFachada da Farmácia Vitália integrada no Palácio das Cardosas, projecto de 1932 do Arq.to Manuel Marques (1890 – 1956). Trata-se de fazer arquitectura contemporânea, ao estilo art-déco,sobre, neste caso, uma fachada neoclássica existente, austera e sóbria. É uma fachada de geometria linear, classificada individualmente como de Interesse Público, onde sobressai o vidro e o ferro.

Cardosas / Lóios29

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A reabilitação urbana do Quarteirão das Cardosas é um projeto estratégico do Município do Porto e da Porto Vivo, SRU, dada a importância deste conjunto urbano no centro da Baixa da cidade.

Antes da intervenção, a situação deste quarteirão era, do ponto de vista da salubridade, da segurança e da estética, uma situação muito crítica, com cerca de 80% do espaço útil da periferia, desocupado ou com subocupação. O interior do mesmo estava preenchido na quase totalidade com construções secundárias, deficientes e insalubres. O procedimento de reabilitação urbana foi desenvolvido ao abrigo do D. L. n.º 104/2004, de 7 de Maio e cumpriu todos os requisitos exigidos pela legislação nacional sobre a matéria, incluindo o devido e sistemático acompanhamento pelas autoridades nacionais responsáveis pela conservação e defesa do Património Histórico e Cultural.O projeto de intervenção contempla a criação de uma unidade hoteleira de elevado standard, a salubrização do interior do quarteirão com um espaço de uso público e um parque de estacionamento subterrâneo, com capacidade para cerca de três centenas de veículos, e a reabilitação generalizada das edificações da periferia do mesmo. Os projetos já aprovados para 25 parcelas, irão disponibilizar 78 fogos e 22 espaços comerciais

REAbIlITAção URbANADo QUARTEIRão DAS CARDoSAS

23. Planta da Unidade de Intervenção das Cardosas.

renovados, o que permite antever um grande impacto, positivo, no coração da Baixa do Porto. A execução da totalidade do projeto atinge um investimento global de M€84, dos quais cerca de M€13 são investimento público. Assim, a cada euro de investimento público corresponderá um investimento privado cerca de 5 vezes maior.

José Patrício Martins, Coordenador do Núcleo de Dinamização dos QuarteirõesPorto Vivo, SRU

30Cardosas / Lóios

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HoTEl INTERCoNTINENTAl

25. Esplanada do Café Astória.24. Fachada.

O Intercontinental Porto Palácio das Cardosas abriu as suas portas em Julho de 2011 em pleno coração da cidade do Porto.

A localização do hotel foi um dos factores determinantes e valorizados pela cadeia Intercontinental para a instalação da sua marca na “Invicta”. Trata-se de uma zona nobre da cidade, inserida no Centro Histórico, classificado como Património Mundial, desde 1996.

O Hotel está instalado num dos quarteirões–piloto identificados no Masterplan da Porto Vivo, SRU e constitui um elemento preponderante no processo de reabilitação e requalificação da Baixa portuense. O próprio Astória (datado de 1932), um local de excelência e prestígio, recuperado e inserido no Hotel, reabre com uma nova finalidade, a de Restaurante, com as suas janelas viradas para os Aliados, com uma integração total a esta nova Baixa, cheia de vida.

Desde a sua abertura o Intercontinental Porto Palácio das Cardosas conseguiu dinamizar a famosa Praça da Liberdade e assume-se como um factor de animação e marca turística do Porto, sendoo primeiro Hotel de luxo a se instalar no centrodo Porto.

Sendo um elemento de impulso, para o desenvolvimento da região, e um pólo atractivo de mais turismo de qualidade para o Porto: um “embaixador” da imagem da cidade junto a mercados estratégicos.

O intuito principal da cadeia é poder criar uma experiência única e memorável àqueles que aqui passam e se hospedam, onde o cliente sente que tem as “chaves da cidade” nas suas mãos, e que simplesmente está no melhor local do Porto, no coração da cidade, num local repleto de história!

Ana Espregueira Mendes

Cardosas / Lóios31

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1.3PoRTo Com ARTELarGo dos Lóios, n.º8

26. Interior.

27. Expositor.

Cardosas / Lóios32

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1.4 EDIFÍCIo Do lARGo DoS lóIoS

LarGo dos Lóios, n.º86-89

28. Fachada.

Cardosas / Lóios33

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1.5PAPElARIA moDEloLarGo dos Lóios, n.º76

29. Fachada.

31. Desenho do interior da Papelaria Modelo.30. Desenho da Fachada.

Cardosas / Lóios34

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1.6EDIFÍCIo Do lARGo DoS lóIoS

LarGo dos Lóios, n.º47

33. Desenho da Fachada.

32. Pedra de armas na fachada do edifício.

Cardosas / Lóios35

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1.7

RElojoARIA ADRIANorua de trindade CoeLho, n.º31

34. Interior.

Venda e reparação de relógios. Fundada em 1965, com atendimento profissional e personalizado. Com um nível de clientes de excelência.

Adriano Antero Monteiro

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... ruas de ourives, do ouro e da prata!

35. Quadro Demonstrativo das Marcas dos Contrastes.

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1.8

oURIVESARIA lUIz FERREIRArua de trindade CoeLho, n.º9

36. Fachada.

37. Publicações sobre a obra de Luiz Ferreira.

“É no cenário da Rua das Flores, o arruamento por excelência dos ourives portuenses, que nasceu, em 1909, Luiz Ferreira, filho e neto de ourives. Com estas circunstâncias específicas, bem se pode dizer que este Artista encarna, geneticamente, a essência desta arte na cidade do Porto. Na década de 30, inicia o percurso profissional, trabalhando com seu pai David Ferreira até que, um ano após a sua morte, ocorrida em 1943, se formava uma sociedade com o nome «David Ferreira, Sucessor & Companhia», com loja na Rua das Flores, sendo no âmbito da sua actividade que Luiz Ferreira pode dar azo a toda a sua veia criativa. A partir da década de 60, passa a juntar à punção «David Ferreira, Suc.» o seu «LF», que viria a caracterizar a fase mais criativa e famosa do seu percurso.

Em 1970 abre a sua loja da Rua Trindade Coelho e é o início da sua afirmação individual, do seu percurso criador e comercial. A evocação desse ano de 1970 ficará marcada numa das diversas punções de ourivesaria que usou, em que as suas iniciais – «LF» – encimam a data de 1970.

Anos mais tarde, já em 1984 e com 75 anos, forma uma sociedade «Luiz Ferreira & Filhos», em que passam a formar parte da própria empresa os seus próprios filhos. Faleceria em 15 de Maio de 1994, na sua cidade do Porto, mas a sua obra não deixaria de ser reconhecida.”

Ferreira, 2012

Cardosas / Lóios38

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1.9

oURIVESARIA DAS FloRESrua de trindade CoeLho, n.º1

38. Fachada.

39. Desenhos do teto, interior e pavimento.

Cardosas / Lóios39

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1.10

CHoColATARIA EQUADoRrua das FLores, n.º298

A Chocolataria Equador é uma marca de chocolate artesanal do Porto, com fabrico próprio que existe desde 2009. Inicialmente começámos por trabalhar apenas algumas referências que vendíamos pela internet e diretamente a amigos. Simultaneamente participámos em feiras como são exemplo as Feiras Francas, onde estivemos representados algumas vezes, logo nas primeiras edições. Abrimos a primeira loja ainda nesse ano, na Rua de Sá da Bandeira, no Porto. Fidelizámos muitos clientes, no entanto, todos portugueses.

40. Chocolates Equador.

Comprendemos que o sítio onde estávamos não era muito turístico, e que devido ao crescimento do turismo na cidade, poderíamos abrir uma loja mais vocacionada para esse efeito. Assim, optámos por abrir uma loja na rua das Flores, o que não foi muito fácil, pelo facto de não existirem lojas disponíveis nesta zona.

A Chocolataria Equador é uma marca de Chocolate 100% Artesanal e 100% Nacional. Mais do que um negócio a Equador é uma experiência.

Chocolataria Equador

Cardosas / Lóios40

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1.11

AUGUSTo SAlDANHA, AlFAIATErua de trindade CoeLho, n.º1C

Aos 14 anos vivia no Largo dos Lóios, mais tarde, já em 1976 abri a Alfaiataria, cujo ofício aprendi com a minha família. Nestes trinta e seis anos em que aqui estou, fui acompanhando as diferentes épocas e como tenho por clientes famílias inteiras, também gerações e gerações. São meus clientes famílias tradicionais da cidade do Porto. Faço fatos, em alguns casos, para pai, filho e neto. Todos os meus clientes têm direito a um tratamento personalizado, sabem todos que podem sempre contar comigo. Gosto muito de estar na Zona Histórica do Porto e os meus clientes pedem-me para não mudar de zona. Agora, com o parque de estacionamento das Cardosas, melhor ainda!, pois é mais fácil para eles virem até aqui. Tenho muita fé na Zona Histórica.

Augusto Saldanha

41. Augusto Saldanha no seu Atelier.

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“O Banco Carregosa é uma instituição financeira privada portuguesa, especializada em banca privada, com sede no Porto.

O nome Carregosa está associado ao sector financeiro há mais de 170 anos. Em 1833 foi criada a L.J. Carregosa, na Rua das Flores, no Porto para negociar em divisas. No final da segunda metade do século passado, a antiga Casa de Câmbios transformou-se, primeiro numa Corretora, e depois numa Sociedade Financeira de Corretagem.

Em Maio de 2009 a L.J. Carregosa, Sociedade Financeira de Corretagem, passou a Banco Carregosa.”

L.J. Carregosa, 2012

1.12bANCo CARREGoSArua das FLores, n.º276-278

43. Desenho da Fachada.

42. Fachada.

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Fundada em 1928, Pedro A. Baptista Lda., é uma das ourivesarias mais conceituadas da cidade do Porto, com muita tradição, prestígio e atendimento personalizado. Amizade, honestidade e transparência são os três atributos constantes desta casa, quase centenária. Um misto eclético de joa-lharia antiga e moderna, em ouro, prata e prata dourada – alfinetes, colares e pulseiras em todas as suas formas – assim como objectos em prata, feitos à mão, com design próprio e elementos decorativos únicos e diferentes, conferem-lhe qualidade, exclusividadee distinção.

Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda.

1.13oURIVESARIA PEDRo A. bAPTISTA lDA.rua das FLores, n.º235

44. Fachada.

45. Fotografia antiga do 1º andar da Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda. 46. Logótipo da Ourivesaria Pedro A. Baptista Lda.

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1.14oURIVESARIA EDUARDo CARNEIRo & C.ª, lDA.

rua das FLores, n.º223-227

Cronologia da FirmaNa segunda década de 1900, abre na Rua das Flores, uma ourivesaria sendo seu proprietário José Alves Carneiro, que poucos anos volvidos a passa a seu irmão Eduardo Alves Carneiro. Em 1928 é associado à firma o seu colaborador António Marques de Oliveira, passando a mesma a denominar-se Eduardo Carneiro & Cª. Em Maio de 1952, Eduardo Alves Carneiro, dada a sua avançada idade, resolve abandonar a firma, entrando para a mesma António Carlos Magalhães Marques Oliveira, seu afilhado e filho do sócio António Marques de Oliveira, que já

47. Fachada.

colaborava na firma desde 1946. Foi resolvido em homenagem a Eduardo Alves Carneiro, manter o seu nome na firma.

Com a morte de António Marques Oliveira, entraram para a firma seus netos Paulo e Alexandra, em escritura realizada em 14 de Agosto de 2002, passando então à designação de Eduardo Carneiro & Cª, Lda.

Ourivesaria Eduardo Carneiro & C.ª, Lda.

Cardosas / Lóios44

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A Minha RuaA minha ligação à Rua das Flores é imensa, pois nasci, em Abril de 1930, no prédio onde está inserida a Ourivesaria e lá tenho vivido até hoje, podendo testemunhar o apogeu da rua e a sua decadência… Era hábito os comerciantes viverem nos prédios onde tinham os seus estabelecimentos e assim acontecia, dando vida intensa à rua e uma saudável convivência entre as diversas famílias, deveras interessante.

Depois das décadas 40/50 houve um êxodo das famílias para as novas centralidades, o que, aliado ao

48. Interior.

desaparecimento de diversas instituições como bancos, companhias de seguros e escritórios de transitários, fez iniciar o declínio da rua, culminando com a desactivação da Alfândega.

Actualmente vive-se a esperança de que as obras de modernização da rua e respectivas estruturas se realizem, respeitando os prazos previstos e com a perfeição devida nos trabalhos de modo a que o sacrifício que a todos é exigido para suportar as obras, seja recompensado.

António Carlos Magalhães Marques de Oliveira

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O gosto pelo contacto com o público, o espírito empreendedor, a noção de ética profissional e o entendimento das necessidades de cada um de acordo com as idiossincrasias de cada qual, entre outros ensinamentos e conjunto de valores, são a mais nobre das heranças que da família se pode receber.

Mas o gosto de viajar e a nossa curiosidade de conhecer diferentes culturas, explorar e experimentar são os principais responsáveis pela presença da Manufaktura em Portugal.

Numa viagem a Praga, tivemos o primeiro contacto com a marca. A imagem atractiva e romântica das

1.15mANUFAkTURA

rua das FLores, n.º213-221

49. Interior.

lojas e dos produtos, os ingredientes naturais e inovadores, os benefícios associados à sua utilização e por último, mas não menos importante, o preço justo, foram sem dúvida, o mote que nos encantoue despertou em nós o desejo de partilhar com todos vós a Manufaktura.

Tornou-se claro de imediato que a Manufaktura reunia todas as características para ser uma referência nos hábitos quotidianos dos portugueses. Tal como nós, deixe-se encantar pela Manufaktura... e sinta tudo a que tem direito!

Paula Rebelo

Cardosas / Lóios46

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1.16EDIFÍCIo DA RUA DAS FloRES

rua das FLores, n.º228

52. Desenho da Marca de S. Miguel.

50. Fachada.

51. Marca de S. Miguel.

Cardosas / Lóios47

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2.FloRES

53. Esquema do percurso.

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2.1A PÉRolA DA ÍNDIA

rua das FLores, n.º218-220

54. Desenho da Fachada.

FLores

2

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2.2oURIVESARIA CoUTINHo, joAlHEIRo

rua das FLores, n.º187-189

55. Fachada.

56. Cartão de Visita.

2

FLores50

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57. Fachada.

Um dia, já lá vão 37 anos, para que um ramo de uma ÁRVORE chamada FERREIRA, plantada nos finais do século XIX não secasse, foi apanhado pela FERREIRAS JOALHEIROS, Mãe e Filha, e assim se concretizou um desejo adormecido de lhe dar vida, para que enraizasse de novo na Rua das Flores, onde gosta de viver e tem um lugar ao sol.

Maria Eduarda Ferreira de Matos

2.3oURIVESARIA FERREIRAS (joAlHEIRoS)

rua das FLores, n.º171

2

FLores51

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2.4EDIFÍCIo DA RUA DAS FloRES

rua das FLores, n.º208-210

58. Pormenor dos azulejos e das telhas do beiral.

2

FLores52

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2

FLores

O Hospital e Albergaria de Santa Maria de Roc’Amador, terá sido fundado ainda durante a dinastia afonsina, no reinado de D. Sancho I. Um compromisso aprovado em 1446, atribui-lhe as seguintes funções: fazer bem aos pobres, tratá-los e socorrê-los na doença, cuidá-los, quando fossem incuráveis, ampará-los na velhice e invalidez, educar órfãos, vestir nus, enterrar mortos e praticar todos os actos de piedade cristã.

2.5HoSPITAl DE D. loPo

rua dos CaLdeireiros, n.º47/ rua das FLores n.º159-189

O interior do Hospital estendia-se pelo quarteirão, incluindo a casa da Hospitalária, a Capela, a Albergaria dos Pobres e, ainda, outro compartimento com capacidade para dezoito camas destinadas aos pobres e outras cinco, num piso superior, para pessoas com mais posses. Dispunha de dois pomares.

59. Desenho dos edifícios que pertenciam ao Hospital de D. Lopo.

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Sob responsabilidade da Misericórdia do Porto, há muito que a manutenção financeira do hospital se revelava difícil. Em 1584, com a morte de D. Lopo de Almeida, a Misericórdia do Porto vê-se agraciada com a totalidade da sua fortuna. Estipulou aquele que o Hospital e Albergaria deviam mandar construir uma capela e que deveria, obrigatoriamente, manter-se a sua missão inicial, usufruindo-se desta sua herança para ajudar e cuidar dos pobres e dos enfermos. A Misericórdia do Porto passou assim a dispor de um montante considerável para a sua obra; porém, àquela época, o Hospital de Roc’Amador encontrava-se ocupado por tropas espanholas (1581-1587).

Após a desocupação espanhola, a Misericórdia do Porto entendeu por bem ampliar o antigo Hospital, comprando para o efeito, entre 1604 e 1605, dois edifícios na Rua das Flores (n.os159-165, n.os167-169) e, já em 1640, um terceiro (n.os171-189). Na capela, concluída em 1589, foram depositados os restos mortais do benemérito.

Mais tarde, em 1770, do Hospital de D. Lopo de Almeida foi extraída a primeira pedra do Hospital de Santo António, pedra essa pintada de azul e com uma cruz dourada.

60. Desenho do Claustro do Hospital de D. Lopo.

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2.6EDIFÍCIo DA RUA DAS FloRES

rua das FLores, n.º200-206

62. Desenho da Marca de S. Miguel.

61. Fachada.

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A Casa dos Constantinos é assim conhecida por ali ter vivido Cons-tantino Alves do Vale Pereira Cabral, fidalgo portuense, que nos princípios do século XIX adquiriu esta propriedade que, desde o século XVI, pertencera à família dos Figueiroa. Uma vez reconstruída a casa, com cinco pisos, a fachada apresentava-se corrida a varandas com guardas de ferro finamente trabalhadas, que alternam conforme o piso onde se encontram, com janelas de peitoril, com dezasseis vidraças. São ainda de salientar

2.7CASA DoS CoNSTANTINoS

rua das FLores, n.º 135-145

63. Alçado do projeto de reabilitação.

os azulejos que a revestem. Terá tido um terreno nas traseiras, com jardim, pomares, hortas, fontes e mirante, que se prolongava até à actual Rua da Vitória, sendo aí possível encontrar um grande portal, cujo frontal é encimado pela pedra de armas da família, que dá acesso a um estabelecimento de alojamento turístico. Esta casa, que se prolongava extensamente pelo miolo do quarteirão, teria ainda acesso pela actual Rua dos Caldeireiros, servindo de serventia ao Hospital de D. Lopo.

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A primeira obra de reabilitação promovida pela Porto Vivo, SRU aconteceu no nº 150/160 da Rua das Flores. Foi uma intervenção que permitiu devolver a função habitação a este edifício, agora num modelo de fracionamento em diversos fogos.

As obras iniciaram-se em Junho de 2005, concluindo-seem Maio de 2006. Cumpriu-se o prazo (muito apertado)e o orçamento estipulados, sem quaisquer desvios.

O prédio é constituído por um total de 6 pisos, no entanto apenas o primeiro, segundo e terceiro se destinam a habitação, sendo que os 3 restantes, sub-cave, cave e rés-do-chão, têm como uso a actividade comercial. Cada piso habitacional, com entradas separadas em 2 caixas de escada, tem 2 apartamentos com tipologia T2, de aproximadamente 100 m2 cada, representando um total de 6 espaços para habitação. A superfície comercial tem uma área total de 650 m2.

O edifício sofreu obras complexas e profundas, resultantes da elevada degradação e desadequação às exigências dos tempos actuais. A fachada foi recuperada e representa uma réplica fiel da que existia antes das obras de reabilitação mantendo-se o grafismo da designação “Papelaria Reis”, conquanto tenham sido introduzidos elementos de maior modernidade no piso recuado.

Este edifício foi reabilitado sobre aquele que foi erigido no séc. XIX, substituíndo uma ancestral edificação que datava da época em que a rua foi aberta e contava com desenho gótico, nas ameias e nos caixilhos dos vãos.

2.8

EDIFÍCIo DA ANTIGA PAPElARIA REISrua das FLores, n.º150-160

64. Fachada.

65. Desenhos das antigas fachadas.

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66. Cidade das Profissões.

A Cidade das Profissões, instalada no local onde foi antes a Papelaria Reis, é um serviço universal que apoia as pessoas na gestão dos seus desafiose transições profissionais, ajudando-as a descobrir o seu potencial empreendedor, de empregabilidade e/ou de crescimento profissional e a definir novas estratégias de abordagem ao actual mercado de trabalho.

Numa intervenção assente no princípio de valorização da pessoa e numa lógica de promoção de responsabilidade e autonomia, o/a consultor/a de percursos profissionais da Cidade das Profissões orienta a pessoa no processo de descoberta do seu potencial profissional e de definição de seu projecto de vida e trabalho, apoiando na identificação de oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional, pelo aperfeiçoamento de competências, técnicas e transversais, na definição de estratégias e na construção e mobilização de ferramentas de empregabilidade.

São, assim, objectivos da Cidade das Profissões:a) capacitar os cidadãos na abordagem ao mercado de trabalho e nos processos de integração, transição e adaptação, b) promover a acessibilidade a informação actual e de qualidade sobre empregabilidade e empreendedorismo,c) habilitar os cidadãos a serem agentes activos de desenvolvimento pessoal e profissional, ed) promover uma cultura empreendedora nos cidadãos, em particular nos jovens.

A Cidade das Profissões é um serviço promovido pela Câmara Municipal do Porto, através da Fundação Porto Social, aberto a todos e que a todos acolhe, informa e orienta, independentemente da idade, do género, da raça, da religião, da aptidão física, da escolaridade ou da situação profissional.

Teresa Chaves

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2.9oURIVESARIA NEVES & FIlHA, lDA.

rua das FLores, n.º117-119

67. Fachada.

68. Cartão de Visita.

Loja de ourivesaria com 160 anos, que herdei dos meus pais e onde procuro aliar a sabedoria e tradição dos meus antecessores, com a modernidade dos modelos de jóias que desenho. Por isso, tenho um vasto leque de clientes tanto portugueses, como do mundo inteiro, junto dos quais divulgo a arte e beleza das jóias portuguesas.

Cristina Lopes

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A Mercearia das Flores abriu em Fevereiro de 2012, no número 110 da Rua das Flores. Aqui temos produtos regionais portugueses e biológicos, com especial destaque para os dos pequenos produtores. Poderá levar as suas compras para casa ou então provar aqui mesmo, num ambiente simpático e acolhedor para que volte!

Quase todos os dias há pão fresquinho a chegar de Trás-os-Montes, aperitivos como a amêndoa torrada e azeitonas, saladas e pratinhos de conservas com a melhor broa d’Avintes que encontrámos. Outras sugestões do nosso menu, incluem vários queijos,

2.10mERCEARIA DAS FloRES

rua das FLores, n.º110

69. Interior.

presuntos e enchidos, tostas, doces e bolachinhas. Com a “matéria-prima” de luxo que temos a sorte de ter, podemos proporcionar um menu genuinamente português, mais ou menos tradicional e muito bom. Podemos também elaborar um cabaz à escolha para levar ou para ser entregue por esse país fora…

Na Mercearia das Flores, todos são bem vindos, os amigos, o portuense, o turista e os vizinhos.

Joana Oliveira

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A Retrosaria das Flores é um espaço para quem deseja adquirir matérias-primas para as mais diversas atividades manuais como costura criativa, bordados, tricot, patchwork, artesanato.

A par desta oferta, a Retrosaria das Flores apresenta propostas criativas de artesanato e é ainda complementada com a realização de oficinas e workshops, que abrangem as diferentes temáticas das manualidades.

O ambiente criado é um convite à exploração deste mágico universo “retroseiro” que vive da

2.11

RETRoSARIA DAS FloRESrua das FLores, n.º104

70. Interior.

multiplicidade de cores, padrões e texturas dos produtos e, simultaneamente, na diversidade de destinos que se pode dar a determinado produto. Durante a visita o cliente disfruta de um espaço gracioso e criativo e atendimento personalizado. A Retrosaria das Flores está instalada no Porto, na deslumbrante e singular Rua das Flores, e partilha com a cidade o “momento” de crescimento e entusiasmo cultural e comercial em que se encontra a zona histórica.

Ana Paula Cunha Nogueira Assucena

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A Casa dos Sousa e Silva, datada de 1703, conta com três pisos e uma fachada revestida a azulejo, onde, ao nível do segundo andar, é visível o brasão de armas dos Sousa (de Arronches) e Silvas. Possuía terreno nas traseiras, que se prolongava até à Rua da Vitória.

Esculpida em granito, encontra-se uma marca, da roda navalhada de Santa Catarina12 que, como já foi anteriormente realçado, servia para assinalar ter sido a Mitra proprietária do terreno onde se ergueu a propriedade.

12As rodas navalhadas, símbolo do martírio de Santa Catarina, integravam o brasão de D. Pedro da Costa (Bispo do Porto entre 1507-1563), que na época administrava na diocese. (Silva, 2008: p.29)

2.12CASA DoS SoUSA E SIlVA

rua das FLores, n.º77-81

71. Pedra de armas na fachada.

72. Roda de Santa Catarina.

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2.13PoRTo DIGITAl

rua da Ponte nova, n.º70

A fixação das instalações da Associação Porto Digital no Centro Histórico do Porto, mais propriamente na Rua das Flores, foi um passo importante na consolidação da atividade desta organização. Não só pela materialização de projetos como a Cidade das Profissões, que ali nasceu, se autonomizou e ganhou o seu espaço próprio, mas acima de tudo pela estabilização da atividade da Associação. Estarmos localizados numa zona ímpar da Cidade, que na minha opinião será uma das ruas de eleição da Baixa e do Centro Histórico e consequentemente do Porto, portanto numa zona premium da Cidade, é, não só inspirador, mas também potenciador do trabalho em rede, aspeto essencial na atividade da Porto Digital.

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73. Interior.

Podemos ainda dizer que a intervenção de requalificação do espaço público, como se impõe promovida por parte dos agentes públicos no sentido de induzir uma mudança no ambiente urbano, apresenta-se como um forte contributo para a dinamização económica desta zona, pois uma Cidade cuidada é uma melhor Cidade para viver, investir, divertir ou trabalhar, e só uma Cidade que revela pertença por parte daqueles que a vivem,é uma boa Cidade para visitar.

É portanto com muita expectativa que estamos inseridos nesta nova vida da Baixa e do Centro Histórico do Porto, mais concretamente nesteEixo Mouzinho/Flores.

Vladimiro FelizPresidente da Associação Porto Digital

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74. Cabeçalho de fatura da Typographia Central.

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3S. FRANCISCo / S. DomINGoS

75. Esquema do percurso.

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Casa da Companhia / Antigo Solar dos Figueiroa, onde actualmente se encontra instalada a Fundação da Juventude. No piso térreo, salienta-se a existência de pequenas janelas oculares ao nível da entrada principal, sendo o andar nobre constituído por seis janelas de sacada, cada qual com uma varanda independente. Subindo a rua do Ferraz, encontra--se a capela e as lojas que pertenciam a esta casa, como de resto, do outro lado da rua, acontecia com a Casa dos Sousa e Silva; desta forma, a Rua do Ferraz, servia de entrada secundária para as capelas e lojas de ambas as casas, podendo-se evitar a entrada principal pela Rua das Flores. Como o seu nome indica, esta casa terá pertencido a Manuel Figueiroa Pinto, nos finais do século XVII. Posteriormente, é arrendada à Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro em 1761, que mais tarde a compraria, motivo pelo qual é também chamada de Casa da Companhia.

3.1CASA DA ComPANHIArua das FLores, n.º69

76. Desenho da Fachada.

77. Interior.

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Circuito do Vinho do PortoFazendo jus à história da Casa onde se instala e num propósito de servir o Centro Histórico do Porto com mais um equipamento de índole turística, a Fundação da Juventude entendeu promover, em parte do seu espaço, um “percurso” em torno da actividade do Vinho do Porto, um ex-libris da cidade e da região do Douro. Assim, propôs desenvolver esta operação explorando as envolvências histórica e turísticas no âmbito da criação de núcleos museológicos temáticos, desenvolvidos em parceria com o Museu do Douro, a Associação dos Produtores / Engarrafadores e Exportadores / Marcas, integrando-se na rota do Vinho do Porto que se estende ao longo do Rio Douro.

Este projecto tenta, também, conjugar a promoção do Vinho do Porto com os objectivos da Fundação da Juventude, que visam o apoio aos jovens para a sua integração no mundo laboral e a mobilização

dos jovens para um consumo de bebidas alcoólicas moderado e responsável.

Desta forma, todas as actividades estão prioritariamente destinadas a um público jovem, abordando a importância do Vinho do Porto para a cidade e as saídas profissionais do ramo vitivinícola.

De entre as várias actividades desenvolvidas destacam-se as exposições e os workshops promovidos em parceria com diversas entidades relacionadas com a Produção, Comercialização, Distribuição, Promoção do Vinho do Porto, e o visionamento de um filme didático sobre a história do Vinho do Porto. Todas as actividades pretendem promover a (re)descoberta e divulgação do Vinho do Porto e da Região do Alto Douro.

Maria Geraldes

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Ninhos de EmpresasA Fundação da Juventude promove, desde 1990, o Programa “Ninhos de Empresas”, instalado na sua sede, na Casa da Companhia. O Programa “Ninhos de Empresas” tem como objectivo fomentar o apoio ao empreendedorismo jovem e contribuir para o reforço do Auto-Emprego, designadamente de jovens licenciados e incentivar a criação de Micro-Empresas. As condições de instalação passam pela apresentação de candidatura por jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos (inclusive), recém-licenciados ou com formação técnica especializada, ou com experiência profissional comprovada ou complementar na sua área de negócio, que se queiram candidatar individualmente ou em grupo, até ao limite de quatro elementos, para constituir a sua empresa. Após a sua aprovação, procede-se à celebração de um contrato e à instalação física da empresa, pagando uma renda desse espaço, por um período de 3 anos, não renovável.

Para a boa operacionalização do Programa, integram-se os projectos empresariais na rede de contactos da Fundação da Juventude, que se compromete a promover os seus serviços e a desafiar o seu envolvimento directo em actividades promovidas pela Fundação, de forma a lançar a empresa, dando-lhe visibilidade que, lançada isoladamente no mercado, teria dificuldade em conquistar. Associa-se, ainda, o apoio prestado por

78. Ninho de Empresas da Fundação da Juventude no Porto.

79. Pormenor de Letra.

uma Equipa de Mentores, constituída por consultores séniores a convite da Fundação da Juventude, que se disponibilizam para assessorar a diferentes níveis: marketing, internacionalização, fiscalidade, planeamento financeiro, estratégia comercial, gestão de clientes, gestão de recursos físicos e humanos, entre outras, conforme a necessidade específica da empresa instalada no Ninho de Empresas.

Maria Geraldes

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3.2CASA moTA & FARIA, lDA.

rua das FLores, n.º74

80. Edifício reabilitado.

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3.3 VIDRARIA FoNSECArua das FLores, n.º50-52

A Vidraria Fonseca inicia a sua actividade em 1908 na Rua das Valas, hoje Rua de Nª Sª de Fátima, pela mão de Manuel Francisco da Fonseca. Em 1909 muda-se para o centro histórico do Porto, para a Rua dos Caldeireiros, onde hoje ainda se encontra e em 1992, abre a segunda das suas actuais três filiais na Rua das Flores.

A Vidraria Fonseca comercializa todo o tipo de vidros para cons-trução e decoração – desde vidro de segurança a vidro colorido, vidro duplo ou vidro lacado, laminados e películas, vidro para vitrais, vidro opalino, protecções para varandas – bem assim como molduras e outros acessórios em vidro e metal.

81. Fachada.

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3.4CASA DoS FERRAzES E CAPElADE NIColAU NASoNIrua das FLores, n.º21-37

“Mais conhecida por Casa dos Maias, nome da última família que a habitou, esta casa apalaçada foi construída ainda no século XVI, pelo fidalgo Martim Ferraz, descendente de uma família nobre de Entre Douro e Minho. Os Ferrazes Bravo, por consórcio da família Ferraz com o também fidalgo Manuel Bravo, foram proprietários da casa até ao século XIX, altura em que foi adquirida por Domingos de Oliveira Maia. Trata-se de um amplo edifício com loja, sobreloja e andar nobre, cuja feição quinhentista foi radicalmente alterada por obras setecentistas. Na fachada principal, de linhas barrocas, rasgam-se oito janelões sobrepujados por frontões triangulares, com varandas de ferro forjado, sobre igual número de janelas da sobreloja, duas das quais, enquadrando os dois portais centrais, ficam parcialmente obstruídas pelas grandes pedras de armas onde figuram os brasões partidos dos Bravos e Ferrazes. Estes brasões são constituídos por escudos de armas que podem ser quinhentistas, embora estejam montados numa estrutura ornamental composta por volutas e enrolamentos barrocos, talvez em resultado das

82. Desenho da Fachada. 83. Pedra de armas na fachada.

intervenções realizadas no século XVIII. Sobressai ainda, como característica particular desta fachada, o beiral muito saliente, assente numa série de cachorros em granito. No interior, a casa possui uma larga escadaria em granito, com dois lanços laterais e um lanço central, em cujo corrimão se apoiam seis colunas elevadas até ao piso nobre. Nos salões existem tectos de estuque trabalhado. A planta do conjunto é em “U”, definindo um pátio nas traseiras, pavimentado em lajes de granito, onde terá existido uma fonte barroca, da qual resta a taça e o grande golfinho que serviria de bica. Data da época das obras de renovação do imóvel, certamente meados do século XVIII, a construção de uma capela no pátio, atribuída ao risco do artista italiano Nicolau Nasoni. A capelinha, de planta octogonal, era revestida a talha, mais tarde recolocada na capela da Quinta do Vale de Abraão, em Lamego, pertencente aos mesmos proprietários.”

IGESPAR, 2012

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3.5lIVRARIA joão SoARES AlFARRAbISTA

rua das FLores, n.º40

Abriu ao público em Janeiro de 1998 para dar continuidade ao “vício” dos sócios pela divulgação do livro antigo. Reformados bancários, havia mais a fazer do que ocupar o tempo numa actividade a seu gosto?

Se procura há muito algum livro, se tem temas de sua preferência, é só consultar-nos.

A ocupação do livreiro é colocar o livro ao alcance do comprador.

João Soares

84. Interior.

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3.6

lIVRARIA CHAmINÉ DA moTAAlFARRAbISTArua das FLores, n.º28

Livraria Chaminé da Mota fundada em 1981 pelo Sr. Pedro Chaminé da Mota e D. Laura Isabel Rodrigues Teixeira, situada na conhecida Rua das Flores no nº28 na cidade Invicta.

Actividade principal: Livreiro-Alfarrabista compra e venda de livros raros ou vulgares, revistas, cartografias, clássicos, ciências, artes, literatura, novelas, educação e devoção. Revistas de literatura e Tripeiros (todas as séries), banda desenhada, policiais, curiosidades, postais ilustrados, tudo do antigo ao moderno.

Ao entrar na Livraria Chaminé da Mota encontra-se num dos maiores Alfarrabistas do País composto por quatro pisos onde se deparam com mais de um milhão de livros autênticas raridades e antiguidades assim como objectos que nos fazem recuar nos

85. Interior.

tempos, tendo a sensação que entramos num museu, uma imensidade de belas peças que se encontram no seu interior visíveis por todo o lado marcam a diferença, coisas bizarras que para uns são menores para outros maiores onde nas Livrarias comuns e nas outras casas não encontram, fazem-nos também sonhar.

As nossas montras temáticas, alusivas a acontecimentos relevantes são também apreciadas pelos transeuntes. Teremos muito gosto em que nos visite e será sempre bem-vindo, a um dos ícones da cidade do Porto, a nossa Loja, na certeza porém que será recebido com humildade, por pessoal paciente e atencioso como é nosso apanágio.

Chaminé da Mota

86. Pormenor de Letra.

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3.7

SANTA CASA DA mISERICóRDIA Do PoRTorua das FLores

Fundada em 1499 por D. Manuel I, a Santa Casa da Misericórdia (SCMP), pela natureza da missão que há mais de cinco séculos vem desenvolvendo, assume--se como uma das mais importantes instituições da cidade. Instalada, depois de transferida do Claustro Velho da Sé, na recém-aberta rua das Flores a partir de 1550, o conjunto edificado da SCMP, desde a sua construção até aos nossos dias é o testemunho material dessa pujança. O património edificado ilustra as diversas fases de construção e as diferentes correntes artísticas, desde a casa do despacho, a primeira dependência a ser construída, passando pela igreja, obra de Manuel Luís, que utiliza o esquema de nave de duplo quadrado, característico das “igrejas caixa”. A capela-mor, cuja construção se inicia a partir de 1584, obra do mesmo mestre Manuel Luís, apresenta uma solução maneirista, à qual se associa a gramática flamenga. A partir de 1748, a igreja foi reedificada, segundo o projecto de Nicolau Nasoni. Na nova fachada, Nasoni concretiza uma das suas mais requintadas composições, inserida no barroco. No interior, a intervenção consta de um aditamento ornamental no arco cruzeiro, no entablamento e no arco recortado do coro. São deste período os estuques decorativos do tecto da igreja. No século XIX o claustro existente vai ser adaptado, tendo como objectivo a exposição permanente dos retratos dos benfeitores, porventura a maior galeria de retratos do país. Foi escolhida a solução de uma estrutura em ferro com cobertura 87. Desenho da Fachada da Igreja da Misericórdia.

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envidraçada, inserida na corrente da “arquitectura do ferro”. Já no século XX, o edifício-sede foi alvo de uma intervenção profunda, da autoria de Rogério de Azevedo, que contemplou a obra da actual fachada e o acrescento de um piso.

O museu, contempla a conservação da casa do despacho, da provedoria e da galeria dos benfeitores. O Museu da Misericórdia do Porto (MMIPO) aqui instalado, tem uma forte componente de arte sacra, mas também os acervos enquadrados na história da ciência e da técnica, ligados à acção da SCMP nos domínios da saúde, educação e diversas componentes sociais. Igual relevância é dada aos seus beneméritos, à sociedade portuense, com particular ênfase na burguesia do século XIX. É ainda dado relevo à Arte Contemporânea. A Jóia da

Coroa do MMIPO é a pintura “Fons Vitae”, obra maior da escola flamenga, datada de cerca de 1520. No painel está patente a imagem do Cristo Crucificado, com forte carga dramática e simbólica, assim como a de D. Manuel I e família real. Convocados foram igualmente a nobreza e a burguesia do Porto do início do século XVI, sendo um testemunho da pujança da cidade e das suas ligações com o norte europeu, período que corresponde à primeira internacionalização da cidade do Porto.

O objectivo último do museu, conforme preconiza o seu programa museológico, é a celebração da memória da instituição e contribuir para a regeneração urbana do Centro Histórico do Porto.

Santa Casa da Misericórdia do Porto

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3.8EDIFÍCIo DA RUA DAS FloRESrua das FLores, n.º32-36

Esta casa pertenceu a D. Micaela Freire, casada com D. António Távora, que a herdou de seu pai, Roque Pires Picão, fidalgo da Casa Real. Aqui viria a nascer uma das principais figuras da primeira metade de Setecentos, o Deão Jerónimo de Távora Noronha Leme e Cernache, mecenas de Nicolau Nasoni e unificador/criador da Irmandade dos Clérigos, assim como presidente da mesma durante o período que precede a decisão da edificação da Igreja dos Clérigos.

Como se sabe, Jerónimo de Távora viria a ter por morada a Casa da Vandoma que, com ele, vive o seu momento áureo de ampliação, agregando não só o cubelo das feiticeiras, o Arco da Vandoma, sobre o qual se construiria capela, e ainda outros edifícios, sendo um deles parte do antigo Aljube. Ora, residindo numa das maiores e imponentes casas da cidade, sua mãe, viúva, decide fazer seu subenfiteuta João da Silva Guimarães, escrivão do auditório eclesiástico, pagando-lhe este a renda de 60 000 réis, pelo edifício localizado nos nºs 32-36 da Rua das Flores. Desta forma se compreende, quer através da sua localização, diante da Igreja da Misericórdia, quer pela família que serviu, a importância desta casa, pela qual se pagaria tão avultada renda.

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91. Papel timbrado da Nova Drogaria Medicinal Santos e Santos que existiu neste Edifício.

92. Fachada Azulejada.

89. Desenho do teto.

90. Pormenores do teto.

88. Desenho da Fachada.

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3.9mEmóRIAS

rua das FLores, n.º18

Memórias conheceu a luz do dia a 29 de Junho de 1999, numa rua de artífices – a dos Caldeireiros – da cidade invicta, pela mão de Maria Manuel Morais. Actualmente, está sediada no Centro Histórico do Porto, na histórica rua das Flores.

Nasceu com a finalidade de mostrar a importância de que se reveste o artesanato português na decoração requintada da festa do quotidiano, dando a conhecer ao público em geral a beleza da obra saída dos artesãos – mãos e rostos iluminados pelo sopro criador – e oferecendo ao olhar dos turistas estrangeiros a riqueza do nosso país, sempre surpreendidos pela excelência e pela multiplicidade de poéticas artesanais, que resultam da diversidade dos materiais que as corporizam: os linhos, as rendas, os bordados, a pedra, o ferro, a cerâmica,

93. Interior.

o azulejo, o barro, a madeira, cuja luz anima o coração das peças. O espaço está invadido pelos cheiros das rosas, da alfazema, e dos sabonetes que renasceram de tempos antigos. A cor, o cheiro, a tranquilidade, o requinte das peças em exposição e o atendimento personalizado contribuem para a fidelização dos clientes e para a qualidade do nosso turismo. Lugar privilegiado, é particularmente conhecido pela excelente variedade de presépios. Lugar de memória é espaço acolhedor a que acorrem clientes fiéis, para apreciarem apenas a exposição ou para encontrarem a peça singular que trazem na imaginação. Lugar de criatividade, onde se preparam, cuidadosa e requintadamente, peças únicas marcadas pela originalidade.

Maria Manuel Morais

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95. Pedra de armas no cunhal da Casa dos Cunha Pimentel.

3.10CASA DoS CUNHA PImENTEl

rua das FLores, n.º2-12

94. Desenhos das Fachadas.

Em 1523, o mercador Francisco Dias e sua mulher Grácia Lopes emprazam os terrenos para a construção de cinco casas (com os actuais números 2-6, 8-12, 14-18, 20-24, 26-30), no gaveto da Rua das Flores. Foram herdeiros destas casas o cavaleiro fidalgo vereador e juiz pela ordenação, João Dias, que foi vedor da Imperatriz D. Isabel de Portugal, e sua mulher, Joana Serrã, moça de câmara da dita Imperatriz.

Em 1699, o desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel compra as cinco casas. Mantiveram-se na posse desta família as duas primeiras casas, ostentando na esquina da rua das Flores com o Largo de S. Domingos o brasão de armas da família Cunha Pimentel. Nesta casa nasceu o poeta Pedro Homem de Mello (Porto, 6 de Setembro de 1904

- Porto, 5 de Março de 1984). Em 1918, a casa foi vendida pelos herdeiros, tendo sido propriedade da Companhia de Seguros Garantia.

A Santa Casa da Misericórdia do Porto adquiriu o imóvel na década de 90 do século XX para aí instalar alguns dos seus serviços administrativos.

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3.11TEA PoINT

LarGo de s. dominGos, n.º78

A seguir à nossa paixão pelo chá, logo veio outra de igual ou superior força, a paixão pelo Largo de São Domingos. E, assim, nasceu o Tea Point enquadrado numa pequena praça, que será, talvez, a mais bonita desta renascida baixa do Porto.

Basta parar alguns minutos e contemplar a beleza dos edifícios que o enquadram, com a fantástica Igreja da Misericórdia servindo de guardiã do Largo, observar as pessoas que passam, com um equilíbrio crescente entre os seus habitantes de sempre e turistas de múltiplas nacionalidades, ouvir os sinos das igrejas, os risos das crianças que brincam ou os gritos das gaivotas que passam.

Naturalmente, o Tea Point e as suas ofertas gastronómicas foram evoluindo para dar resposta a

96. Interior.

este enquadramento tão desafiante, quer através dos pratos e bebidas que fazem a ponte entre a tradição e o cosmopolitanismo , quer pela música que nos bem dispõe ou quer pela muita alegria e paixão nas conversas que fluem nas suas mesas ou na rua, à volta de um copo ou de uma fumaça. Outro aspecto importante, é o papel activo que queremos ter no renascer da vida neste Eixo Mouzinho/Flores. Através das degustações gastronómicas que promovemos, da música e das danças que levamos ao Largo ou mesmo do apoio que sempre prestamos a todos os querem desenvolver iniciativas culturais no Largo.

Rui Melo

s. FranCisCo / s. dominGos

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97. Entrada.

3.12ESColA SUPERIoR ARTÍSTICA Do PoRTo

LarGo de s. dominGos, n.º81

A actual ESAP, Escola Superior Artística do Porto, com sede no Largo de S. Domingos no centro histórico do Porto, é uma das duas escolas superiores artísticas tituladas pela CESAP, Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto, localizando-se a outra escola no centro histórico de Guimarães. A origem da actual CESAP em 1982, 30 anos comemorados este ano,

está relacionada com a Árvore, Cooperativa de Actividades Artísticas, da qual partilhou o nome Árvore até 1989.

A localização da escola no Porto não se reduz hoje ao largo de S. Domingos, estando assim disseminada por vários edifícios todos no centro histórico, nas

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ruas de Mouzinho da Silveira, Belmonte, Comércio do Porto e Infante D. Henrique, que fomos ocupando e reabilitando, transformando a escola e a cidade num campus universitário ligado às artes. O mútuo benefício, autêntica simbiose entre a escola e o centro histórico, é visível em inúmeros aspectos, nomeadamente: Primeiro, o centro histórico é simultaneamente fonte e recurso no processo de ensino e aprendizagem da nossa escola, através das suas ruas, gentes, edifícios, características e história acumulada. A escola está portanto também na rua, sente-se a sua presença quer os alunos estejam ou não dentro das salas de aula.

Por outro lado a escola, com os fluxos que gera, contribui para germinar e influenciar o surgimento de ateliers na sua proximidade, atraindo para além de alunos e professores outros criativos e actividades profissionais, favorecendo assim uma ocupação diversificada e renovada do centro histórico.

Por último é assumido o reconhecimento e a adequação de muitas actividades comerciais tradicionais ou não, ao ritmo e calendário escolar o que reflecte um sistema implícito de funcionamento ajustado à presença da escola.

Foi fundamental em todos estes processos a integração na comunidade local, processo gradual que contou com o contributo de toda a comunidade escolar e a boa aceitação da sua presença.

Assim, muito antes dos processos de reabilitação urbana agora em curso, já a CESAP e a ESAP nela participavam, principalmente pela vivência e presença diária de aproximadamente 1000 alunos, professores e funcionários. Desta forma a CESAP e a ESAP continuarão a contribuir para a qualificação do Centro Histórico do Porto.

António Martins TeixeiraPresidente da Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto (CESAP)

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3.13PAPElARIA ARAújo & SobRINHoLarGo de s. dominGos, n.º50

98. Desenho da Fachada. 100. Pormenor da fachada azulejada.

99. Estátua de Sta. Catarina no interior da Papelaria.

“Fundada em 1829, a Araújo & Sobrinho é uma das mais antigas papelarias do mundo. O seu edifício--sede inscrito na Zona Histórica do Porto, representa um património inestimável, apresentando na fachada um exclusivo painel de azulejos. No interior da loja, um vasto conjunto de peças museológicas conta a história de sucessão que se mantém desde sempre, no seio da família.”

Papelaria Araújo & Sobrinho

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3.14oPoRTo ToURISTIC APARTmENTS

E RESTAURANTE TRAçALarGo de s. dominGos, n.º88-94

102. Pormenor das telhas do beiral.

101. Fachada.

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3.15FARmáCIA moRENoLarGo de s. dominGos, n.º44

103. Fachada.

“A Farmácia Moreno remonta ao início do século XIX, mais precisamente a 1804. Nestes mais de dois séculos de existência atravessou inúmeros momentos históricos marcantes, sejam sociais, políticos, culturais, naturais. A eles se procurou adaptar, sobrevivendo nalguns, destacando-se noutros.

É desde sempre um marco arquitetónico de relevo na cidade do Porto, fruto da sua magnífica e imponente fachada.

Nas suas instalações, e na área do medicamento, a Farmácia Moreno desde sempre foi pioneira no fabrico, distribuição e representação de diversos produtos farmacêuticos. Diversos deles distribuídos por todo o continente e com elevado reconhecimento e reputação.

Hoje, fruto da evolução de todo o sector do medicamento, dedica-se integralmente à sua actividade de Farmácia Comunitária, sendo no entanto detentora de algumas especialidades farmacêuticas e patentes nacionais.”

Farmácia Moreno, 2012.

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104. Arco Triunfal construído na Rua das Flores para a receção festiva feita a D. Pedro II, por ocasião do seu regresso a Portugal

(séc. XIX).

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4INFANTE

105. Esquema do percurso.

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Localizado no Largo de S. Domingos no Porto, foi construído no mesmo local do antigo Convento de S. Domingos, fundado no séc. XIII e que sofreu um incêndio em 1832, durante o Cerco do Porto, tendo sido objecto de diversas intervenções ao longo do tempo. Posteriormente, o edifício foi cedido ao Banco de Lisboa (hoje, Banco de Portugal), que o reconstruiu, aproveitando algumas das antigas estruturas do edifício setecentista. A última ocupação é feita em 1934 pela Companhia de Seguros Douro, da qual o edifício herdou o nome.

4.1

EDIFÍCIo DoURo / PAláCIo DAS ARTES - FábRICA DE TAlENToS

LarGo de s. dominGos, n.º16-22

inFante

106. Desenho do Palácio das Artes.

Em 2001, a Fundação da Juventude adquiriu o imóvel com o objectivo de aí instalar o “Palácio das Artes - Fábrica de Talentos” um projecto ambicioso que transformou o edifício num local vocacionado para a promoção de jovens artistas em diferentes áreas de actividade.

Em 2005, a firma Alfredo Ascensão & Paulo Henriques, arquitectos, Lda. assumiu a elaboração do projecto de recuperação do Palácio, dando resposta a um programa que contemplou a

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inFante

Feiras FrancasÉ um projecto inspirado numa antiga tradição da cidade do Porto, as Feiras Francas, que tiveram o seu início em 1451, todos os dias 1 de cada mês, nas arcadas do Convento de S. Domingos.

O projecto “Palácio das Artes - Fábrica de Talentos”, recupera esta tradição, realizando-a também mensalmente, reavivando a história, numa envolvente comercial e económica, interagindo de forma dinâmica com o Centro Histórico, com a comunidade residente, com o Turismo e com os agentes culturais, potenciando a associação patrimonial, tradicional, económica e cultural, abrindo novos circuitos comerciais. No piso nobre são apresentados trabalhos (mostra) de jovens criadores de várias áreas artísticas e criativas, que vendem os seus produtos e apresentam as suas performances nas áreas da dança, teatro e música, colaborando ainda na produção e divulgação das Feiras Francas numa vertente pedagógica de formação.

As Feiras Francas desenvolvem-se em torno de um tema. Este tema serve de guia à seleção de projectos mas também de fio condutor e conceito de toda a Feira. Em vários casos (como na área de ilustração), os temas servem de “provocação” para vários criadores, no sentido de desenvolverem projectos especificamente direccionados para a edição das Feiras Francas em que participam. A participaçãoé gratuita e o acesso livre.

Maria Geraldes

instalação de vários ateliers, salas de formação, áreas de exposições, permanentes e temporárias, um restaurante e algumas lojas comerciais. Ao carácter e monumentalidade exterior do edifício, correspondia um interior labiríntico e bastante alterado por intervenções pouco criteriosas, fruto das sucessivas adaptações do espaço às necessidades em cada momento. O projecto de recuperação assumiu como princípio, a reposição da escala original do edifício e a restituição da sua monumentalidade. O sistema construtivo adoptado assentou, sempre que possível, na recuperação das estruturas originais do imóvel. A equipa integrou também alguns técnicos de várias áreas, com particular relevância para os trabalhos arqueológicos, onde foi possível expor algumas das paredes e estruturas, até aí desconhecidas, do antigo Convento de S. Domingos.

Em 2010, a firma Alfredo Ascensão & Paulo Henriques, arquitectos Lda. e a Fundação da Juventude, ganharam o Prémio João de Almada, atribuído pela Câmara Municipal do Porto à melhor obra de recuperação de património edificado no biénio 2008/2010.

Alfredo Ascensão

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4.2lobo TASTE

LarGo de s. dominGos, n.º20

A Lobo Taste instalada no Palácio das Artes comercializa produtos de origem portuguesa tendo 3 princípios/vertentes fundamentais: produção e comercialização de produtos de artesanato puro em extinção; redesenhar produtos utilizando as bases dos já produzidos pelos artesãos; utilização de técnicas seculares na produção de peças de desenho contemporâneo onde o designer se funde com a técnica e alma do artesão. A abertura deste espaço permite proximidade entre os jovens que iniciam o seu percurso propondo-nos desenhos e produtos que poderão ser seleccionados e produzidos por nós. A nossa localização permite mostrar os nossos produtos a muitos turistas.

Paulo Lobo

107. Interior.

inFante90

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4.3DoP

LarGo de s. dominGos, n.º18

108. Interior.

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4.4TAkEAwAy PoRTo

rua de Ferreira borGes

109. Interior.

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4.5bUSÍlIS DA ComUNICAçãorua de Ferreira borGes, n.º92

Busílis da Comunicação, um nome controverso mas adequado a um mercado em que toda a gente diz que as coisas não estão fáceis. Alfredo com formação na área gráfica e engenharia civil e Raquel com formação em jornalismo e pós-graduação em marketing e comunicação, decidiram resolver o busílis, não da questão, mas da comunicação.

Busílis da Comunicação, uma boutique de produção gráfica, localizada bem no Centro Histórico do Porto, num edifício do séc. XIX reabilitado mas respeitando a traça original. Uma zona privilegiada e em franca expansão, onde gravita a criatividade e as ideias se materializam, junto do Palácio das Artes, da ESAP e dos inúmeros ateliers, que tanto têm feito para trazer de volta o encanto que a Cidade do Porto merece. E porquê uma boutique de produção gráfica? Até há pouco tempo, determinadas técnicas de impressão e encadernação estavam acessíveis apenas a profissionais da área e para grandes quantidades. Queremos democratizar o consumo e mostrar que é possível comunicar sem quaisquer restrições, sejam elas de quantidade ou preço. Dar um aspecto profissional a uma tese, livro ou desenvolver uma encadernação personalizada para apenas 1 unidade, adicionando-lhe uma pitada de criatividade e bom gosto, são apenas exemplos do que podemos fazer. Aqui não há problemas de comunicação.

110. Fachada.

A estratégia passa por contrariar o clima de pessimismo em que vivemos, pegando em frases típicas do marasmo popular, transformando-as em ação: “Eu vou ver o que posso fazer” passa a “Eu vou fazer”, “Eu não quero gastar muito” transforma-se em “Eu quero muito”, “Olha para o que digo não olhes para o que eu faço” pede um “Olha para o que eu faço” ou o “Para já fica assim, depois vê-se” dá lugar a um definitivo “Fica assim”.

Alfredo Costa

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4.6HoTEl DA bolSA

rua de Ferreira borGes, n.º101

111. Fachada.

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4.7A CERCA

rua de Ferreira borGes, n.º63

112. Interior.

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4.8GAlo loUCo

rua de Ferreira borGes, n.º57

113. Interior.

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4.9INSTITUTo DoS VINHoS Do

DoURo E Do PoRTorua de Ferreira borGes, n.º27

O vinho, e muito em particular o vinho do Porto, é o elemento identitário do centro histórico do Porto.

Num tempo em que o turismo é global, quem anda pelo mundo cada vez mais procura os elementos que definem o caráter dos territórios. No Porto temos a sorte de ter essa identidade bem definida através do vinho e, tantas vezes por desconhecimento da nossa própria história, não nos damos conta da força que o vinho tem para o turismo moderno.

A criação da Rota Urbana do Vinho em 2011 pela Câmara Municipal do Porto, a qual identifica 23

114. Desenho do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.

pontos do centro histórico da cidade, incluindo as caves de vinho do Porto situadas em Vila Nova de Gaia, é um passo importante nesse sentido. Perguntarão qual a razão deste argumentário num texto sobre a reabilitação do centro histórico do Porto.

Entendemos que a reabilitação é um processo dinâmico e transversal. A reabilitação física é uma parte da equação. Tem de ser acompanhada pela reabilitação do espaço público e, sobretudo, tem de ser capaz de cativar os diferentes públicos para habitarem e viverem este velho-novo espaço. Sem pessoas não há reabilitação sustentada.

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115. Fotografia antiga do Edifício do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto.

O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto está instalado no Centro Histórico do Porto desde a sua fundação, em 1933, num magnífico edifício que foi sede do Banco Comercial do Porto desde 1833 – em cuja fundação e existência estiveram bem presentes os comerciantes de vinho do Porto!

Todo o louvável trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos anos para reabilitar o património construído e o espaço público é manifestamente um bem para alguns dos objetivos que fazem parte da missão do IVDP: mostrar a quem nos visita, numa casa aberta e dinâmica, o vinho do Porto, produzido na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo, o Douro Vinhateiro, também ele

classificado pela Unesco como património da humanidade em 2001.Que melhor poderia querer quem nos visita e quer conhecer o vinho do Porto do que iniciar a sua visita nesta Casa do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, integrada num centro histórico com caráter e identidade, devidamente preservado e vivido, continuando depois para as caves de Vila Nova de Gaia, subindo depois o Douro, para se deixar maravilhar com o Douro Vinhateiro, afinal a realidade mais séria que temos em Portugal, como dizia Torga?

Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto

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4.10mERCADo FERREIRA boRGES

Praça do inFante d. henrique

116. Desenho do Mercado Ferreira Borges

Criado em 1885, por iniciativa da Câmara Municipal do Porto, o Mercado Ferreira Borges tinha a finalidade de vir substituir o antigo e deteriorado Mercado da Ribeira, papel que acabará por não desempenhar de forma cabal. Em 1900, a Câmara estabeleceria que o Mercado já não possuía boas condições para a sua finalidade.

O complexo fora projectado pelo engenheiro João Carlos Machado, por solicitação da Câmara Municipal. A ideia da sua construção nascera em 1882. Todo o processo de construção foi conturbado, tendo o início da sua edificação sido impedido por diversos problemas. Finalmente adjudicada à Companhia Aliança (Fundição de Massarelos) a obra apresentava várias inovações técnicas, designadamente a utilização do ferro fundidoe do vidro.

As estruturas metálicas interiores assentam em colunas de ferro, e são rematadas por capitéis coríntios, assim sustentando a cobertura de vidro. No interior das referidas condutas canalizavam-se as águas pluviais para o rio, dezenas de metros a sul do edifício. Degradado e deixado ao abandono, albergou ocasionalmente tropas do exército, ou serviu como depósito de materiais de guerra. Na década de cinquenta do século XX, o espaço serve à Junta Nacional das Frutas, que nele acomoda o Mercado Abastecedor de Frutas do Porto. O espaço, porém, perdia consistência e, já nos anos setenta, voltou a ser abandonado. A Câmara Municipal, por iniciativa do Comissariado para a Renovação Urbana da Área da Ribeira/Barredo (CRUARB) procedeu, em 1983, à recuperação estrutural do antigo Mercado, um século passado após a sua edificação.

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A Câmara Municipal do Porto, em 1983, presidida pelo Excelentíssimo Senhor Eng.º Paulo Vallada e apoiada no mecenato da Fundação Calouste Gulbenkian, decidiu conservar um testemunho da construção em aço e vidro, do último quarteldo séc. XIX.

A construção de um mercado coberto inscreve-senas medidas de salubridade pública, em curso na cidade, nos finais de novecentos, substituindoa feira da Ribeira.

Dos livros das vereações da Câmara Municipaldo Porto extraem-se momentos significativos,de como nasceu o novo mercado “de FerreiraBorges”, tais como:

A 9 de Março de 1882, manda realizar um anteprojecto, pelos seus serviços.

Em 31 de Janeiro de 1884, deliberou… expô-lo ao público e adiar a decisão da sua aprovação para a

118. Fotografia antiga do Mercado Ferreira Borges.

próxima sessão. É aprovado sete dias depois. A 15 de Maio de 1884, abre as primeiras propostas… aprecia-as e manda-as para os competentes serviços para examinar e dar o seu parecer.

A 18 de Dezembro de 1884... sendo esta uma obra importante e de embelezamento do local não podia por isso decidir-se a preferência unicamente pela barateza… e propôs que se nomeasse um júri de reconhecida competência para examinar as propostas e projectos… para resolver este assunto… precisava de reflectido estudo.

A 5 de Fevereiro de 1885, aceitou a proposta que mais se aproximava do projecto e adjudicou-a à “Companhia Aliança”, com a condição de apresentar as modificações indicadas pela comissão de engenheiros.

Em Maio de 1888, a Companhia Aliança, entrega a obra realizada.

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117. Fotografia antiga da construção do Mercado Ferreira Borges.

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119. Fotografia antiga do Mercado Ferreira Borges num dos seus dias de glória: o lançamento da primeira pedra para o Monumento ao Infante D. Henrique (1894).

Esta empresa restaurou a sua obra cem anos depois e extinguiu-se!

Resumindo, a administração municipal, desde o início, reflecte e, mune-se de pareceres ponderados para decidir acertadamente e é capaz de aceitar a nova estética saída da utilização do aço e do vidro considerando-a embelezante da praça e à altura dos edifícios circunstantes.

Como entender? O comportamento elevado destes autarcas municipais decorre do quadro mental e físico (cultural) em parte imanado da vivência das respostas rápidas às necessidades humanas em todos os domínios induzidas pelas deslocações velozes da máquina a vapor e pelo fascínio das recentes realizações em aço e vidro de infra-estruturas e equipamentos, tanto na Cidade, como no País.

A trajectória.Primeiro, há hesitações na sua utilização e até da função, depois a decadência por falta de convicção na utilidade e consequente débil gestão deste equipamento, e nos finais dos anos cinquenta, do século passado, fecha e entra em fase de colapso.

Estão estes valores dentro e fora de nós! Cuide-se dele como coisa preciosa e delicada!

Furtado Mendonça

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Após concurso público promovido pela Câmara Municipal do Porto, o projecto Hard Club - Turismo de Animação Cultural, obteve, por 17 anos, o direito de superfície do Mercado Ferreira Borges, inaugurando ao público em Setembro de 2010. O Monumento Histórico, datado de 1888, classificado pelo IGESPAR como Edifício de Interesse Público, foi assim devolvido à cidade após décadas de inactividade, constituindo um exemplo de regeneração e preservação arquitectónica, com assinatura do Arquitecto Francisco Aires de Mateus. As infra-estruturas, as condições técnicas e acústicas, a capacidade logística e a inovação do conceito contribuíram para que rapidamente obtivesse o reconhecimento nacional e internacional.

No seu interior, às Salas 1 e 2, com capacidade para 1000 e 300 pessoas, respectivamente, e que recebem a um ritmo diário concertos, teatro, cinema, feiras, actividades performativas, educativas e turísticas, junta-se o Main Floor, com acesso livre, espaço que estimula a apresentação de exposições

120. Interior do Hard Club.

e actividades gratuitas no seu palco acústico. Renovado desde Junho de 2012, o novo conceito de restauração do Hard Club assenta na tradição portuense das cervejarias, envolvido por um ambiente descontraído, muito ao estilo industrial, tendo, por trás do seu conceito criativo, Luís Américo, um dos mais conceituados chefs da actualidadeno Porto.

Com um importante papel na contribuição para que as artes, a cultura e o turismo se assumam como vectores decisivos de competitividade, o Hard Club tem-se concertado com distintos sectores de actuação e segmentos de público-alvo, no sentido de se revestir de uma transversalidade capaz de integrar criadores artísticos consagrados, novas gerações de artistas e diversos produtores culturais, abraçando áreas tão distintas como as artes plásticas, a música, a dança, o cinema, o teatro, entre outras.

Hard Club

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4.11PAláCIo DA bolSA

rua de Ferreira borGes

Associação Comercial do PortoFundada em 1834, a Associação Comercial do Porto, instituição de utilidade pública sem fins lucrativos, é herdeira da Bolsa de Comércio do século XIII e da Juntina, a congregação que nos finais do século XVIII reunia os negociantes do Porto para defesa dos seus interesses. Com mais de 175 anos de existência é a mais antiga associação empresarial portuguesa.

121. Desenho do Palácio da Bolsa.

Nos seus estatutos releva-se como principal função “indagar as necessidades do comércio e defender os interesses e direitos dos comerciantes (banqueiros, corretores, comissionistas, negociantes de fábrica, mercadores) e promover o desenvolvimento de tudo o que directa ou indirectamente possa contribuir para a sua prosperidade e ilustração”.

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122. Pátio das Nações.

A Associação Comercial do Porto tem como missão promover a prosperidade e a ilustração da Região do Porto e do Norte em geral e da sua comunidade de negócios em particular.

Inspirando-se nos princípios da livre iniciativa, do livre cambismo e do primado do indivíduo, sempre desempenhou funções de Câmara de Comércio e Indústria, estatuto que lhe foi reconhecido pela Portaria 176/82, de 8 de Fevereiro, no âmbito da Lei-quadro que regula a actividade das Câmaras do Comércio e Indústria em Portugal (Decreto-Lei n.º 244/92, de 29 de Outubro).

A Associação Comercial do Porto está ligada a projectos de inegável valor para o desenvolvimento da Região, como o ante-projecto do primeiro código comercial português, a construção do Palácio da Bolsa, do qual é proprietária, a criação do Centro de Estudos Económicos e Financeiros, que deu origem à Faculdade de Economia do Porto, a criação dos dois primeiros bancos e da primeira companhia de seguros, bem como a criação da Bolsa de Valores do Porto.

Foi também impulsionadora da construção da 1ª fase do Porto de Leixões e mais recentemente, da Associação para o Museu dos Transportes e Comunicações, tendo estado na origem da criação do destino turístico “Porto/Norte de Portugal” e do 1º Cartório de Competência Especializada do Porto, entre muitos outros projectos, ideias e iniciativas.

Rui MoreiraPresidente da Associação Comercial do Porto

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Palácio da BolsaO Palácio da Bolsa é sede e propriedade da Associação Comercial do Porto que iniciou em 1842 a sua construção. Ao longo de três gerações, muitos mestres e artífices trabalharam para a edificação desta jóia arquitectónica do séc. XIX.

Edifício de inspiração neoclássica, conhecido, principalmente, pelos seus aspectos arquitectónicos, possui também um acervo notável em termos de pintura, escultura, mobiliário e artes decorativas de interiores, para além de uma Biblioteca, Centro de Documentação e Arquivo Histórico.

Classificado como Monumento Nacional, o Palácio da Bolsa, um dos principais ex-libris e pólos de atracção da Cidade e da Região, recebe anualmente mais de 200.000 visitantes. Autêntica sala de visitas da região, ali se realiza a maioria das recepções oficiais do Estado no Norte de Portugal. Pelo Palácio da Bolsa têm passado governantes e dignatários de quase todos os países do Mundo.

Localizado na área classificada pela UNESCO como Património da Humanidade, o Centro Histórico do Porto, tem merecido especial atenção por parte da Associação Comercial do Porto, que desde sempre tentou contribuir para a sua promoção e revitalização.

O Palácio é um espaço vivo e activo, aberto à comunidade, onde se dá continuidade aos objectivos e razões que presidiram à sua edificação: ser um

ponto de encontro, uma sala de visitas, local onde se trocam impressões, onde se promovem negócios, onde se realizam eventos, onde se forma opinião ou simplesmente se convive.

Centro Cultural e de Conferências, o Palácio da Bolsa é um espaço com condições únicas para a realização de concertos, palestras, seminários, apresentações, acções de formação, assembleias-gerais, recepções, congressos, incentivos, mostras e tertúlias literárias, leilões, exposições da mais variada índole, passagens de modelos e outros eventos de médio porte, espaço a ser utilizado por iniciativas que tenham a excelência e a promoção cultural da cidade por atributos.

Para além de disponibilizar espaços, o Palácio da Bolsa presta serviços de apoio que vão do catering à decoração de salas, passando pela instalação de equipamentos técnicos ou a utilização do Restaurante “O Comercial”.

Rui MoreiraPresidente da Associação Comercial do Porto

inFante105

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123. Escadaria Nobre.

125. Sala Dourada.

127. Sala dos Retratos.

124. Biblioteca.

126. Sala das Assembleias-gerais.

128. Sala do Tribunal.

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Salão ÁrabeIniciada a sua construção em 15 de Setembro de 1862, sob projecto de Gonçalves de Sousa, ficou concluído em 12 de Julho de 1880, data em que foi inaugurado aquando das comemorações do Centenário de Camões. Para o seu traçado serviu de modelo o belo Palácio de Alhambra.

Os efeitos visuais da bizarra e sumptuosa policromia oriental em que o oiro jorra incandescências entre a polifonia luminosa das cores vivas e berrantes, e as suas janelas, tecto e portas onde facilmente se adivinham as regras tradicionais e as combinações arquitectónicas do classicismo ocidental, tornam difícil, senão impossível, traduzir em palavras a imagem visual que oferece o esplendoroso Salão

129. Salão Árabe.

Árabe, sobretudo quando iluminado na sua vasta amplitude por intensos focos de luz que o revestem de singulares e maravilhosos efeitos cromáticos.

Por esse motivo, o Salão Árabe é justamente considerado o Salão de Recepções da cidade. Aí têm sido levadas a efeito brilhantes festas em honra de Chefes de Estado em visita oficial ao Porto, desde El-Rei D. Luís ao actual Presidente da República, homenageadas altas personalidades e realizados inúmeros eventos solenes, nacionais e internacionais.

Rui MoreiraPresidente da Associação Comercial do Porto

inFante107

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4.12IGREjA E CoNVENTo DE S. FRANCISCo

rua do inFante d. henrique

A Ordem de S. Francisco foi a primeira a estabelecer--se no Porto, no decurso do século XIII, tendo-lhe sido oferecido um terreno para esse efeito. Porém, a sua instalação ver-se-ia dificultada devido a uma antiga querela que opunha o poder eclesiástico ao régio e que se prendia com a limitação do burgo. Esta questão só viria a ser resolvida através da interferência do Papa Inocêncio V, que confirma, na Bulla Doelentis Accepimus, a posse do terreno. A construção da Igreja e Convento de S. Francisco vai-se estender desde 1244 até 1410. Ao longo dos

130. Desenho da Igreja de S. Francisco.

tempos vários estilos arquitectónicos foram sendo integrados no edifício, razão pela qual é possível encontrar vestígios do gótico, maneirismo, barroco, rococó e neoclássico. Durante a Guerra Liberal, 1833, o Convento é bastante danificado pelos miguelistas. Terminada a guerra, a Associação Comercial do Porto, pede à Rainha D. Maria II que doe o terreno onde se encontravam ainda vestígios do convento para a construção do que viria a ser o futuro Palácio da Bolsa. Em 1910 a Igreja de S. Francisco foi classificada como Imóvel de Interesse Público.

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4.13

HATS & CATSrua do inFante d. henrique, n.º117

A Hats & Cats tem como protagonista: o chapéu.Os “Cats” são objectos cosmopolitas com tradição e simplicidade que propomos. Estes objectos que promovem o étnico e o design provenientes de todo o mundo confrontam-se, fundem-se mesclando cores e texturas, pureza e alma. Objectos de arte africana contrastam com arrojo e design Italiano assim como a cor de objectos da América Latina toca com o rigor e tecnologia de objectos de origem Alemã.

131. Interior.

Os “Hats” também de todo o mundo trazem-nos o entrançado dos panamás do Equador contrapondo design de moda de escolas Holandesas e Suecas. A localização no triângulo Ribeira / Bolsa / S. Francisco é fundamental para apresentar este conceito aos Portuenses mas também aos inúmeros turistas que nos visitam.

Paulo Lobo

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4.14PImm’S

rua do inFante d.henrique, n.º95

132. Interior.

inFante110

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4.15IGREjA DE S. NIColAU

rua do inFante d. henrique

133. Desenho da Igreja de S. Nicolau.

inFante111

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4.16oURIVESARIA TRADICIoNAl PoRTUGUESA

rua do inFante d. henrique, n.º91

Situada numa das zonas mais nobres da cidade do Porto, a Ag Jewels é sinónimo da verdadeira ourivesaria tradicional portuguesa. Implantada num edifício do século XIX, o qual foi totalmente restaurado, tendo existido um cuidado em manter a originalidade do mesmo, também a decoração da loja foi executada respeitando a traça antiga do prédio, criando assim uma harmonia perfeita para a exposição das peças por nós executadas, na qual poderemos destacar as filigranas e os marcassites, ambas produzidas com uma dedicação enorme e entrega a uma arte: a ourivesaria.

134. Interior.

Para oferta de uma lembrança ou para uso próprio a Ag Jewels tem uma variedade enorme em anéis, berloques, medalhas, brincos, pulseiras, fios, relógios, etc... todas as nossas peças são manufaturadas em prata de lei e quando por encomenda poderão ser executadas em ouro de lei.

Visite-nos e conheça uma arte tipicamente portuguesa.

Ag Jewels

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inFante

A Portosigns (“sinais do Porto e de Portugal”!) está totalmente direcionada e vocacionada para o Turismo Nacional e Internacional.

Expõe, divulga e vende produtos e conceitos com qualidade exclusivamente portuguesa:

• Artigos em cortiça e em tecido de cortiça, que comercializa há já 6 anos e que cada vez mais, pela divulgação que se tem feito, está em grande evolução – é a maior loja comercial na Cidade do Porto, com quantidade, variedade e qualidade destes produtos.• Artesanato contemporâneo de vários criadores nacionais, com raízes culturais portuguesas – todo o tipo de “Gifts” do Porto e de Portugal são os

135. Interior.

hábitos e os símbolos nacionais sempre bem presentes duma forma moderna e distinta.• Saboaria portuguesa, desde a tradicional à mais moderna, merece destaque pelos diversos aromas e embalagens requintadas que despertam os sentidos de qualquer consumidor!• Joalharia e bijutaria tradicional ou contemporânea – peças de autor – únicas pela criatividade e inspiração profundamente lusitana.

A Portosigns faz ligação do tradicional com o moderno duma forma simples, mas sofisticada, sempre a pensar no futuro sem esquecer o passado!

Elvira Basílio

4.17PoRToSIGNS

rua do inFante d. henrique, n.º71

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4.18CAUSAEFEITo

rua de mouzinho da siLveira, n.º1-11 e 27-39

136. Interior.

inFante114

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4.19

CASA DAS RolHASrua de mouzinho da siLveira, n.º13-15

137. Fachada.

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4.20

CHANCE - FUxIArua de mouzinho da siLveira, n.º17-23

138. Interior.

inFante116

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4.21zoF/HoUSE GAllERy

rua de mouzinho da siLveira, n.º88

139. Interior.

Uma loja urbana e contemporânea, onde pode descobrir Fracomina, Fracomina Mini, Religion e Dr. Denim; Al&Ro, DR. Martens, Claus e DMD noutra gama de artigos. O espaço funciona, também, como palco de objectos que nos fascinam porque embora possa parecer à 1ª vista, não é mais uma loja de roupa. Uma mesa de estilo vintage, um espelho romântico e um tapete relvado que demarca uma zona de inspiração lounge. Um ambiente sugestivo para quem se deixar seduzir pelo glamour da ZOF.

Zof/House Gallery

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4.22DIxo’S oPoRTo HoSTEl

rua de mouzinho da siLveira, n.º72

140. Interior.

O Pedro e a Joana dão-te as boas vindas ao Dixo’s Oporto Hostel, a tua casa longe de casa! Aqui podes encontrar um espaço acolhedor, onde nossa equipa bilingue, está disponível 24 horas por dia e ao teu dispor para tudo o que precisares. O Dixo’s Oporto Hostel, é o resultado da renovação de uma casa Portuguesa do Século XIX. Se tiveres a oportunidade de nos visitar, vais poder usufruir da tua estadia num confortável edifício classificado pela UNESCOcomo Património Mundial, na melhor localizaçãoda cidade do Porto.

Joana Dixo

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A EV-Essência do Vinho lidera a comunicação e divulgação do vinho em Portugal, estando também presente em força no Brasil.

Criada em 2004, nas vésperas da realização da primeira edição do emblemático “Essência do Vinho – Porto”, a EV é liderada por Nuno Botelho e Nuno Guedes Vaz Pires, dois jovens empreendedores portugueses mas já com vasta experiência e know-how na produção de eventos enogastronómicos.

Entre outros aspetos, a EV diferencia-se por disponibilizar uma solução all in one aos seus clientes, podendo executar as diferentes etapas de um longo processo, como é o da preparação e execução de um evento - da logística à proposta de programação, criação de imagem, marketing e assessoria mediática.

A EV conta ainda um trajeto de internacionalização que inclui a produção de eventos e ações promocionais para instituições, empresas, marcas,

4.23ESSêNCIA Do VINHorua de mouzinho da siLveira, n.º56

bens e produtos em mercados como Brasil, Espanha, Suíça, Dinamarca, Angola e Estados Unidos. No caso específico do Brasil, no início de 2012 foi criada a Essência do Vinho Brasil, empresa direcionada para atuar naquele mercado e que, entre outras ações, promove anualmente a “Brasil International Wine Fair”, feira profissional de vinhos, no Rio de Janeiro.

A EV - Essência do Vinho é também detentora dos projetos WINE-A Essência do Vinho (revista mensal, disponível em Portugal e no Brasil), Essência do Vinho TV (televisão online) e Escola Essência do Vinho by Teka (cursos de cozinha e vinho, em Lisboa e Porto).

No universo online, a EV ultrapassou a fasquia dos 2 milhões de visitas num só ano, contabilizando ainda mais de 67.000 seguidores nas redes sociais. Em 2011, mais de 400.000 pessoas visitaram os nossos eventos.

Essência do Vinho

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inFante

141. Interior.

142. Perspetiva do saguão.

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4.24CASA Do INFANTErua da aLFândeGa, n.º 10

A Casa do Infante é um edifício multifacetado que oferece um conjunto de valências diversificadas inerentes às suas funções de Arquivo Municipal, Biblioteca de Assuntos Portuenses, Centro de Interpretação do Edifício e Loja de Vendas.

Este edifício é sede do Arquivo Histórico Municipal do Porto, cujo acervo é constituído pela documentação camarária acumulada desde a Idade Média até à contemporaneidade, assim como por arquivos de instituições públicas já extintas e vários arquivos privados e coleções.

Através das suas Salas de Leitura, Sala Memória, Sala de Exposições e Auditório, a Casa do Infante tem desenvolvido uma série de atividades complementares da sua vocação original de apoio à Administração e aos investigadores. Entre elas, destacam-se iniciativas como o Documento e Peça do Mês, os Circuitos Gastronómicos e exposições temporárias relacionadas com a identidade e história da cidade do Porto, assim como todo um conjunto de visitas e oficinas disponibilizadas pela área de extensão cultural. O Centro de Interpretação do Edifício permite rever a história da cidade desde o período da ocupação romana até aos nossos dias.

143. Desenho da Casa do Infante.

Através destas diferentes valências e variedade programática, dirigida a todos os públicos e faixas etárias, a Casa do Infante afirma-se como local de visita incontornável para os habitantes da cidade do Porto, assim como ponto de referência obrigatória a todos os que a visitam.

Casa do InfanteArquivo Histórico Municipal do Porto

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O Infante D. HenriqueFilho do Rei D. João I, fundador da II Dinastia, e de D. Filipa de Lencastre, o Infante D. Henrique, imortalizado historicamente como O Navegador, nasceu na cidade do Porto em 1394, tendo falecido em 1460. Apadrinhou e estimulou as primeiras viagens náuticas portuguesas de envergadura, que conduziriam à gesta dos Descobrimentos. Assenhoreia-se do Norte de África e do Atlântico. Este homem, com uma personalidade lendária, de contornos misteriosos, apesar do seu enorme poder (Infante, se intitulava, e não Duque), possuía uma sólida educação, à qual aliava uma fé devotadíssima e um carácter austero: Protector da Universidade de Lisboa, atribui renda ao curso de Teologia. O seu empenho pela navegação terá possibilitado o patrocínio de uma escola de cartografia. D. Henrique é tenaz na tomada e conservação de Ceuta; suporta o revés de Tânger; organiza a armada das Canárias; afronta a pirataria; tem um desempenho notável na colonização das ilhas Atlânticas, especialmente da Madeira. Figura incontornável da Cidade do Porto, D. Henrique, o Infante de Sagres, revelar-se-á como uma das mais importantes personagens da História de Portugal.

144. Infante D. Henrique -pormenor dos Painéis de S. Vicente.

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4.25bAllETEATRo ESColA PRoFISSIoNAl

rua do inFante d. henrique, n.º28

145. Aula no balleteatro.

O balleteatro apresenta-se como um espaço informal e criativo com programas ao nível da produção, formação, programação e residência de artistas.

É uma estrutura única no país pelas suas características de formato e missão. De 1983, ano da sua fundação, a 1995 foi-se estruturando até se apresentar como uma forma múltipla interdisciplinar e plurifuncional: Auditório, Companhia, Escola Profissional e Serviço Educativo.

Enquanto Escola Profissional, oficializada pelo Ministério da Educação e financiada pelo programa

POPH Tipologia 1.2, o balleteatro proporciona uma formação de nível 4 em dança e teatro, equivalente ao 12º ano de escolaridade. Numa abordagem pluridisciplinar, o plano de estudos pressupõe que os alunos trabalhem a um nível profissional em criações, orientadas por artistas convidados portugueses e estrangeiros em regime de residência, e ainda criem projectos individuais em pequenos formatos apresentados no contexto Mostras.

Isabel Barros

inFante123

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4.26CARRIS HoTElES PoRTo RIbEIRA

rua do inFante d. henrique, n.º9

146. Fachada.

“Situado em pleno Centro Histórico do Porto, com vista para o Rio Douro, o Carris Hoteles Porto Ribeira está junto à Praça da Ribeira, ao Palácio da Bolsa e muito próximo do Centro de Congressos da Alfândega.

Resultado de uma reabilitação integral de 5 edifícios, o Hotel, um quatro estrelas superior, conta com um total de 90 quartos, sendo que 10 deles são suites. Dispõe de salões perfeitamente equipados e com diferentes estruturas para a celebração de reuniões e banquetes. Conta também com um restaurante próprio, “Forno Velho”, com Show Cooking.”

Carris Hoteles, 2012.

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4.27FEIToRIA INGlESA

rua do inFante d. henrique, n.º2-14

A Feitoria Inglesa, situada na Rua Infante D. Henrique, anteriormente conhecida como Rua Nova dos Ingleses, foi desenhada no estilo Palladian, e construída entre 1785 e 1790 pelo Consul Britânico John Whitehead, no local de uma construção anterior. Inicialmente o edifício alojou o consulado e funcionou também, durante muitos anos, em diferentes épocas, como Câmara de Comércio, estalagem, clube, e centro da vida social da comunidade Britânica. A decoração interior, que sobrevive virtualmente intacta é

147. Desenho do Edifício.

inFante

mais característicamente inglesa que portuguesa, sendo grande parte do seu mobiliário e recheio proveniente de Inglaterra. A construção da Feitoria foi financiada por um imposto conhecido como “Contribution Fund”, e que também era utilizado para providenciar o bem estar da Comunidade Britânica. Das várias Feitorias originalmente estabelecidas pelos mercadores ingleses, esta é indubitávelmente o único exemplar sobrevivente.

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inFante

148. Escritório.

149. Sala dos Mapas.

Hoje em dia os membros da Feitoria Inglesa continuam a ser, como dita a tradição histórica, representantes dos interesses ingleses no comércio do Vinho do Porto e, de forma semelhante aos directores dos museus, são responsáveis pela conservação do edifício e das suas colecções. Todos os anos é nomeado rotativamente um novo Tesoureiro, que supervisiona a manutenção e gestão da Feitoria. Além de funcionar como espaço onde os comerciantes do Vinho do Porto se reunem periódicamente, as salas são por vezes alugadas para jantares, sob autorização dos sócios. A histórica colecção está agora aberta a visitas, com marcação prévia, de escolas, universidades, universidades sénior. O tradicional “Almoço de Quarta-feira” continua a realizar-se regularmente para os sócios e seus convidados, que no fim da refeição têm de adivinhar o ano do Vintage servido nesse almoço, selecionado ao acaso pelo Tesoureiro. O ponto alto do ano é o Baile de Natal, que se realiza no deslumbrante salão de baile.

British Association

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150. Salão de Baile.

152. Átrio de Entrada.

154. Sala de Jantar.

151. Biblioteca.

153. Corredor de acesso ao Salão de Baile. gerais.

155. Cozinha.

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4.28FACHADAS AlmADINASrua de são João

Como surgiu a composição dos desenhos das fachadas Almadinas?

Em meados do séc. XVIII houve um grande desenvolvimento social, económico e industrial na cidade do Porto, que até aí vivia ainda ao ritmo da dinâmica medieval com uma estrutura urbana e muralhas da mesma época.

Gerou-se assim uma mudança de mentalidades com a introdução de novos pensamentos que, resultaram em novas diretrizes políticas de governação, sob a égide do Marquês de Pombal.

Com este novo desenvolvimento e a nova expansão urbana consequente, houve a necessidade de abrir novas vias entre a parte alta (atual Estação de São Bento) e a parte baixa da cidade (Ribeira), eixos fundamentais para permitir o tráfego comercial. A Rua Mouzinho da Silveira e a Rua de São João foram artérias que responderam a este problema.

Criada por João de Almada e Melo, primo do Marquês de Pombal, que se estabeleceu no Porto, em 1757, como 1º Governador das Armas, a Junta das Obras Públicas assumia-se como um organismo autónomo, mas em contacto direto com o governo central. Atuava no processo de transformação da cidade, através da criação de condições urbanísticas, procura de financiamento, expropriações e modos de

execução de novos espaços, arruamentos e edifícios de uso público.

Com a abertura das novas vias sobre a cidade medieval, houve a necessidade de criar novas composições arquitetónicas tanto a nível dos espaços urbanos como a nível das fachadas, adotando-se os recentes conceitos urbanísticos do Iluminismo.

Nasce assim uma nova filosofia urbana, designada por regularidade urbana, que impôs uma nova conceção, algumas regras de composição e uma correta integração no ordenamento de conjunto, o que fez valorizar o Porto em termos paisagísticos, estéticos e monumentais. Com isto pretendeu-se também criar um equilíbrio harmonioso, reduzindo o contraste entre as velhas construções da Idade Média e os edifícios que dominavam a imagem do burgo. Um dos critérios adotados foi a correção das cérceas, com o objetivo de estabilizar uma mesma escala e a continuidade da métrica dos vãos nos pisos superiores.

Com o aumento de cérceas, a composição de fachadas e sua morfologia sofreram grandes transformações baseadas na herança Maneirista e Protoneoclássico. É neste contexto que surge o desenho, nunca totalmente executado, das fachadas da Rua de São João.

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156. Alçado realizado pela Junta de Obras Públicas para a Rua de S. João.

157. Alçado atual da Rua de S. João

Porque se encontram hoje diferenças face ao projeto da Junta das Obras Públicas?Hoje em dia, com o passar do tempo, o alçado Almadino da Rua de São João, encontra-se bastante modificado face às prescrições do projeto da Junta de Obras Públicas, não se sentindo a lógica da fachada de arruamento. Por um lado, o aumento

arbitrário das cérceas introduziu alterações morfológicas que não respeitam a leitura do conjunto; por outro lado, as fusões de parcelas modificaram os desenhos das fachadas; por fim criaram-se fachadas que não se adaptaram ao parcelamento fundiário.

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4.29olá bAzAR

rua de são João, n.º86

A OláBazar existe desde 2009 e tem como objectivo a comercialização de produtos 100% produzidos em Portugal, é nosso ponto de honra tudo fazer para que tal seja uma realidade, onde o lema: “comprar português é comprar qualidade aliada a uma boa dose de criatividade”.

OláBazar não é simplesmente um nome, nós preferimos chamar-lhe um conceito:

Olá - palavra que não sendo exclusivamente portuguesa se torna numa expressão aglutinadora

158. Interior.

da nossa imagem de simpatia e afabilidade.Bazar – com mais ou menos um “a” na sua construção, é sem dúvida uma palavra sem pretensões de credos, crenças ou religiões; pois quando falamos em Bazar, estamos sempre a tratar de compra, venda, ou troca de produtos e também de saberes e experiências vividas. Na OláBazar, com certeza irão encontrar a peça certa, para colocar no lugar certo, para a pessoa certa, e recordar com nostalgia o Porto, o Douro e, claro, Portugal.

Joaquim Coelho

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4.30CENTRo SoCIAl PARoQUIAl DES. NIColAU E ASSoCIAção INFANTED. HENRIQUErua de são João, n.º77-79

Centro Social Paroquial de S. NicolauO Centro Social Paroquial de S. Nicolau é uma Instituição Particular de Solidariedade Social do Centro Histórico do Porto que desenvolve a sua acção desde 1991, sediada na Rua de S. João 77-79, possuindo igualmente uma entrada de serviço pelo Pátio S. Salvador (Rua de Mouzinho da Silveira).

A instituição tem como missão promover o espírito comunitário através da mobilização dos seus próprios recursos, saberes e experiências tendo como fim último o desenvolvimento económico--social da comunidade de S. Nicolau. Procura actuar com a comunidade e para a comunidade tendo em vista transformá-la em agente da sua própria mudança e desenvolvimento. Regendo-se por valores como a reciprocidade, a justiça, o respeito e a autonomia o Centro Social Paroquial de S. Nicolau assenta em três grandes objectivos de intervenção:

Promover a participação activa da população de S. Nicolau e do Centro Histórico do Porto; Desenvolver capacidades/potencialidades e promover competências; Consolidar o trabalho em rede através de mais e melhores mecanismos de comunicação inter e intra institucional.

Para a concretização destes objectivos, possui um conjunto de áreas de intervenção:Educação: Centro de Apoio ao Estudo para jovens do 5º ao 9º ano; programa de férias; grupo de jovens; Participação, Cultura e Lazer: Promoção de festas comunitárias (ex: S. Nicolau, Presépio ao vivo, Festa de Reis, Celebração Pascal); festas cíclicas (ex: Magusto, Santos Populares); exposições/feiras dos trabalhos realizados pelos utentes; participação em vários eventos culturais (ex: teatro, revista, concertos); passeio/convívio anual; grupo de teatro; Trabalho em Rede/Projectos e Parcerias: parcerias estabelecidas com segurança social; Rede Europeia Anti-Pobreza, Solidariedade Porto Histórico - Soporthis, Câmara Municipal do Porto, Associação metropolitana de Serviços, Instituições locais, entre outras; Serviço Social: Atendimento no âmbito da Acção social, RSI e Sem Abrigo; Centro Distribuição de Géneros Alimentares; grupos de desenvolvimento para sem abrigo e mulheres; Psicologia: consulta de psicologia; orientação vocacional; apoio à transição escolar e clube de emprego; Formação/Sensibilização: Cursos de formação; acções de sensibilização e grupos de desenvolvimento.

Padre Agostinho Jardim

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Associação Infante D. HenriqueA Associação Infante D. Henrique – Associação para o Desenvolvimento do Centro Histórico do Porto (AIDH) é uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, constituída a 12 de Julho de 2011 que visa a promoção do desenvolvimento económico, do desenvolvimento social, do desenvolvimento ambiental, da capacitação para a concertação e da inovação, numa óptica de promoção da qualidade de vida do Centro Histórico da cidade do Porto.

159. Interior.

Reconhecendo a urgência de um agir comum, a AIDH não se constitui para substituir os agentes meritórios que já se encontram no território - instituições, empresas, associações e movimentos cívicos da população. Assume-se assim como um movimento de congregação e de sinergias que nasceu para ajudar a fazer acontecer, para concertar ideias e para desempenhar um papel complementar na recuperação do património habitacional, cultural, social e humano do Centro Histórico do Porto.

Associação Infante D. HenriqueAssociação para o Desenvolvimento do Centro Histórico do Porto

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5moUzINHo DA SIlVEIRA

160. Esquema do percurso.

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5.1lojA 112

rua de mouzinho da siLveira, n.º112

Uma loja um pouco ao estilo “Carnaby Street”, onde o mundo da moto está presente em acessórios pessoais e de décor, onde encontra o capacete Retro para a sua old scooter, a T-shirt, bem como as luvas também necessárias à sua segurança, mais aqueles óculos motard que o avô tinha!

Um mundo de novidades exclusivas no Porto e muitas mesmo em Portugal.

Tudo num espaço incomum, oldtimer mas integrado no “novo” comércio tradicional do Porto! Welcome!

Loja 112

161. Interior.

mouzinho da siLveira134

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5.2

CASA moUSINHo - lojA DAS bANDEIRASrua de mouzinho da siLveira, n.º118

Iniciámos a nossa atividade, em 21 de Dezembro de 1961, com produção e venda de bandeiras estampadas ou bordadas, bem como galhardetes, emblemas, mastros, estandartes, etc.

Iniciou-se com três sócios, atualmente conta apenas com um sócio-gerente, Moisés Luiz da Rocha Paiva, tendo os outros sócios já falecido.Ao longo de 50 anos, fomos desenvolvendo o serviço de bandeiras, executando e fornecendo diversas entidades, câmaras, juntas, coletividades recreativas e desportivas, bombeiros, bandas de música, vendas ao público em geral tomando por encomenda, mediante as indicações dos clientes.

Moura, Pereira & Paiva, Lda.

162. Fachada.

mouzinho da siLveira135

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5.3PRomETEU

rua de mouzinho da siLveira, n.º136

163. Interior.

164. Cabeçalho de fatura.

mouzinho da siLveira136

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5.4bEm PoRTUGUêSrua de mouzinho da siLveira, n.º148

No coração da cidade do Porto, um espaço “bem português”, uma acolhedora e atraente combinação entre artesanato e sabores, sons e imagens que nos reportam para o que de melhor existe em Portugal.

À entrada podemos encontrar várias peças de artesanato, numa original colecção de símbolos característicos, verdadeiros fragmentos de história harmonizados com o presente pela mão dos seus autores.

Subindo ao 1º piso temos o privilégio de reencontrar sabores típicos reunidos numa variedade de conservas portuguesas recuperadas para trazer de novo o prazer dos sabores tradicionais e saudáveis, em embalagens que nos reportam ao passado, mas nos fazem apreciar o presente, e desfrutar deste espaço único e singular, que se enche de tradição, música e sabor... “bem português”.

Bem Português

165. Piso térreo.

166. Piso superior.

mouzinho da siLveira137

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5.5FERNol

rua de mouzinho da siLveira, n.º156

167. Interior.

mouzinho da siLveira138

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5.6PoRTUGAlIDADES

rua de mouzinho da siLveira, n.º172

168. Interior.

mouzinho da siLveira139

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5.7A SEmENTEIRA AlÍPIo DIAS& IRmão, lDA.rua de mouzinho da siLveira, n.º178

A completar oitenta anos ao serviço da Agricultura, a contribuir para a criação de mais vida, de vida melhor e mais farta. A pequena semente de 1933 é hoje, quase oitenta anos volvidos, uma árvore mais estável enraizada em amizades profundas e em dedicações que nunca esqueceremos. Aos nossos clientes, agricultores, engenheiros agrónomos, técnicos agrários, serviços oficiais, devemos agradecimentos sinceros pela confiança em nós depositada, pela lealdade e pela exigência, que tanto nos ajudaram a aperfeiçoar os nossos serviços e nos levam, a olhar o futuro com esperança. Aos nossos colaboradores devemos também palavras gratas pelo esforço e dedicação que nunca regatearam. A ultrapassar os oitenta anos – marco apreciável na vida de uma empresa – e encorajados pelas amizades conquistadas, olhamos de frente os anos que hão--de vir e os seus desafios. Abertos aos novos conhecimentos e ao espírito dos tempos, vamos também permanecer fiéis a princípios que sempre nortearam a nossa vida comercial e estão invariavelmente na base de todas as obras que perduram.

Jorge Manuel Dias169. Desenho do Edifício.

mouzinho da siLveira140

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5.8

PoRTo VIVo, SRUrua de mouzinho da siLveira, n.º212

A Porto Vivo, SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana da Baixa Portuense, S.A. é uma empresa de capitais públicos, constituída a 27 de Novembro de 2004, detida pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, I.P. (IHRU) e pela Câmara Municipal do Porto, na proporção de 60% e 40%, respetivamente. A sua criação estabelece como missão, à luz do Decreto-Lei n.º 104/2004, de 7 de Maio, promover e conduzir a reabilitação e reconversão do património degradado da Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística do concelho do Porto, estabelecida no Decreto Regulamentar n.º 11/2000, de 24 de Agosto.

Depois de executados diferentes estudos sobre o edificado, população e tecido económico da Baixa Portuense e do seu Centro Histórico, foi possível definir 5 grandes objetivos estratégicos ou vetores de desenvolvimento, tal como são identificados no Masterplan da Porto Vivo, SRU (2005):•A re-habitação;•O desenvolvimento e promoção do negócio;•A revitalização do comércio;

170. Logótipo.

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•A dinamização do turismo, cultura e lazer;•A qualificação do domínio público.A Porto Vivo, SRU cumpre o papel de orientar o processo de reabilitação e reconversão, elaborar a estratégia de intervenção e atuar como mediador entre proprietários e investidores, entre proprietários e arrendatários e, em caso de necessidade, tomar a seu cargo a operação de reabilitação, com os meios legais que lhe foram conferidos. A delimitação de uma Zona de Intervenção Prioritária (ZIP), onde se concentra o esforço de reabilitação urbana, permitiu redirecionar sinergias e maximizar estratégias, bem como definir polos e fileiras de desenvolvimento sustentável, identificando e envolvendo atores e parceiros.

Por força do Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro, deu-se início ao processo de conversão da Zona de Intervenção Prioritária em Áreas de Reabilitação Urbana, havendo sido concluído o processo de delimitação da Área de Reabilitação Urbana do Centro Histórico do Porto, conforme Aviso n.º 9562/2012, de 12 de julho. O “Projeto de Delimitação da Área de Reabilitação Urbana do Centro Histórico do Porto” foi aprovado, a 4 de junho de 2012, pela Assembleia Municipal do Porto, tornando-se a Porto Vivo, SRU na entidade gestora,

coordenando a execução da respetiva Operação de Reabilitação Urbana em estreita relação com os particulares, no que diz respeito à reabilitação dos edifícios privados, e com o Município, no âmbito das operações urbanísticas planeadas para o espaço público, recorrendo aos meios legais à sua disposição para a realização de intervenções urbanísticas sempre que não seja obtido acordo para a sua realização.

A Porto Vivo, SRU dá a conhecer e promove um conjunto de incentivos à reabilitação, nomeadamente, por via da ação da Loja de Reabilitação Urbana e usando o Site institucional. No âmbito dos incentivos à reabilitação contam-se benefícios fiscais, redução de taxas municipais, o SIM Porto, o Programa Viv’a Baixa, e o Protocolo Bancário, que assegura condições especiais de financiamento. Mais informação pode ser obtida nos seguintes contactos:

Rua de Mouzinho da Silveira, nº 212Tlf.: 222 072 700/Fax: 222 072 709Email : [email protected].

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171. Fachada.

5.9EDIFÍCIo ToTTA & AçoRES

rua de mouzinho da siLveira, n.º228

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172. Fachada.

5.10

GAlERIAS VANDomA - ANTIGUIDADES E lEIlõES

rua de mouzinho da siLveira, n.º175

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173. Tabuleta da loja.

5.11moySÉS CARDoSo & Cª lDA.

rua de mouzinho da siLveira, n.º223-233

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175. Pormenor de Letras.

174. Interior.

5.12CASA FARIA

rua de mouzinho da siLveira, n.º237

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5.13

CASA DAS ASSoCIAçõESrua de mouzinho da siLveira, n.º234

A Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto (FAJDP) foi fundada em Novembro de 1986 e nasceu da necessidade de encontrar um pólo agregador dos objectivos e reivindicações do movimento associativo juvenil no distrito do Porto. Atualmente a FAJDP representa mais de 90 associações juvenis filiadas que envolvem mais de 20.000 jovens oriundos dos vários concelhos do distrito do Porto.

O projeto “Casa das Associações” da FAJDP resulta de uma necessidade identificada de dotar a cidade e a região com um espaço que promovesse espírito empreendedor dos jovens no domínio associativo, que dignificasse este movimento e afirmasse a participação dos jovens na sociedade. Este espaço, que funciona em molde similar a um “ninho de empresas” no sector associativo, procura estimular e oferecer condições para o desenvolvimento do empreendedorismo jovem na área social, cultural, desportiva, animação, ambiental, etc.

É constituído por um edifício situado na Rua Mouzinho da Silveira, n.º 234, que recentemente abriu as portas a diferentes associações em início de atividade. A Casa das Associações compreende, assim, várias valências a conhecer: espaço público de convívio que privilegia a informação juvenil; Gabinete de Inserção Profissional apoiado pelo IEFP; espaço dedicado ao acesso às novas tecnologias de informação; área polivalente para realização de

eventos associativos como seminários, iniciativas culturais, entre outras; área administrativa onde as associações têm o seu “espaço sede”; um espaço de convívio – o “Bar do Mundo” com produtos do Comércio Justo; área comprometida à formação de dirigentes associativos.

Salienta-se a grande versatilidade do modelo de funcionamento do espaço que facilmente se adapta às necessidades pontuais de utilização apresentadas pelas Associações Juvenis e grupos de jovens.

Este “sonho”, tornado realidade, resulta de um esforço persistente de sucessivas direcções da federação e de um processo negocial e efectivo apoio de varias entidades, das quais destacamos o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a Câmara Municipal do Porto e a Sociedade de Reabilitação Urbana.

Federação das Associações Juvenis do Distrito do Porto (FAJDP)

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176. Piso térreo.

177. Piso superior.

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5.14VIElA Do ANjo E EDIFÍCIoS ENVolVENTESLarGo do duque da ribeira

A urbe, nos primórdios desenvolvia-se entre a cota alta, do Morro da Sé, e a cota baixa, do Cais da Ribeira. O casario do Porto cresceu ao longo dos percursos de ligação entre estes dois pólos, em especial aproveitando parte da Via Romana, que contornava o morro para vencer o desnível em espiral através das actuais ruas dos Mercadores, Bainharia e Escura. A abertura da Rua de Mouzinho da Silveira no séc. XIX, cobrindo o Rio da Vila e demolindo diversos edifícios, permite criar novos espaços e introduzir uma nova lógica na circulação viária. A Viela do Anjo passa a ficar definida pelo tardoz dos novos edifícios da Rua de Mouzinho da Silveira e da Rua da Bainharia, adquirindo assim um carácter secundário e marginal. Os logradouros são progressivamente ocupados por construções de carácter precário que invadem os espaços público e privado.

O projecto da Viela do Anjo e Edifícios Envolventes, insere-se na estratégia global de recuperação do Centro Histórico do Porto, iniciada pela Câmara Municipal do Porto nos anos 70 do séc.XX, e pelo Projecto-Piloto Urbano do Bairro da Sé, programa comparticipado pela Comunidade Europeia a partir de 1993, data de início do projecto. A intervenção situa-se no quarteirão definido pelas antigas ruas do Souto, da Bainharia, da Ponte Nova e Viela do Anjo e pela nova Rua de Mouzinho da Silveira. A proposta prevê a criação de uma pequena praça que permite

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178. Vista do Largo.

dotar de maior salubridade uma zona da cidade que se encontrava por cerzir desde a abertura da Rua de Mouzinho da Silveira. Procuramos estabelecer novas ligações, articulando percursos existentes e propostos, ligando a cota alta à cota baixa, a cidade antiga à cidade nova. Recuperamos os edifícios envolventes, introduzimos novos alinhamentos e definimos novos acessos, utilizamos uma linguagem contemporânea que foi materializada com o recurso a materiais de tradição local, como o granito, as madeiras, o aço, o azulejo, o reboco e as tintas à base de cal e de óleo. Os edifícios de habitação têm no rés-do-chão espaços comerciais e na praça existe um equipamento de apoio. A grande diferença de cotas, e a dimensão da intervenção, permitiu criar um estacionamento subterrâneo em dois pisos.

José António Barbosa

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5.15CASA Do CoRAção DE jESUSrua de mouzinho da siLveira, n.º302

A Casa do Coração de Jesus nasceu a 18 de Outubro de 1885, numa altura em que o cerimonial das celebrações religiosas era mais rico e complexo que nos nossos dias. Daí a viabilidade da criação de um atelier de fabrico de paramentaria e outras alfaias religiosas destinadas ao culto.

Conhecendo o mercado, Joaquim da Silva Melo, abalançou-se aos 25 anos a abrir uma loja de artigos religiosos na Rua do Corpo da Guarda, nº 19 a 21. Aproveitando a circunstância de sua esposa ser bordadeira criou desde logo uma secção de fabrico na Rua de D. Hugo, nº 37, onde trabalhavam quatro outras bordadeiras. Joaquim da Silva Melo ao criar a Firma, deu-lhe logo a designação social de Joaquim da Silva Melo & Cª, embora os únicos sócios fossem ele e a mulher.

À medida que o negócio se ia desenvolvendo, foi chamando, um após outro, os seus sobrinhos.Devido à abertura da Avenida da Ponte, parte

daquela rua foi demolida e a loja transferiu-se para a vizinha Rua de Mouzinho da Silveira, nº 302, em 1950, onde ainda se mantem.

Hoje como ontem, na Casa do Coração de Jesus a arte de comerciar adquire tonalidades próprias. Pode-se comprar quase tudo o que se relaciona com o culto católico.

Apesar de viver desde sempre uma estabilidade razoável, a simplificação do culto e a modernização da forma de estar na Igreja, operadas pelo Concílio Vaticano II, vieram modificar um pouco a natureza dos artigos disponíveis na casa, trazendo naturalmente quebras significativas nas vendas.

Hoje a Firma é liderada por João Melo, neto de um dos sobrinhos do Fundador, tendo efectuado a renovação da loja, dando-lhe um novo alento.

João Melo

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179. Desenho da fachada do antigo Banco Joaquim Alves d’Oliveira, atual Casa do Coração de Jesus.

180. Cartão de visita.

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5.16CoRPo DA GUARDArua de mouzinho da siLveira, n.º306-348

181. Frente urbana do Quarteirão Corpo da Guarda.

Na Unidade de Intervenção do Corpo da Guarda, que incide no quarteirão delimitado pelas ruas de Mouzinho da Silveira, do Corpo da Guarda, dos Pelames e do Souto, foi desenvolvida, sob a gestão da Porto Vivo, SRU, enquanto proprietária, uma operação urbanística em parceria com os restantes proprietários privados, em 8.200 m2.

Tratou-se de reabilitar 27 prédios, dos quais 50% estava em mau estado de conservação, e, destes, cerca de 75% devolutos. Nesta operação conjugada, entre proprietários e segundo um modelo de emparcelamento físico, gerou-se estacionamento para 18 viaturas, fogos habitacionais de diversas tipologias e espaços para acolhimento de actividades comerciais.

A solução arquitectónica pugnou pela manutenção da imagem exterior do edificado de origem, quer no que concerne à individualidade de cada prédio, quer no que concerne aos materiais, revestimentos e desenhos de vãos. O interior surpreende pela estruturação funcional, onde surge o espaço de estacionamento num piso elevado voltado à Rua de Mouzinho da Silveira, mas à cota da Rua do Corpo da Guarda por onde se faz o acesso automóvel. O piso térreo e a mezzanine têm uso comercial e os pisos superiores destinam-se a habitação.

Este empreendimento encontra-se actualmente em comercialização, sendo um dos primeiros acontecimentos que contribui para a mudança do ambiente global do Eixo Mouzinho/Flores.

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182. Início das ruas de Mouzinho da Silveira e das Flores.À esquerda os edifícios reabilitados do Quarteirão Corpo da Guarda; ao centro o edifício que encabeça o Quarteirão, já reabilitado, de Trindade Coelho; à direita, o Quarteirão das Cardosas. De salientar que na obra de reabilitação do Quarteirão de Trindade Coelho se manteve, no edifício do topo, os reclamos que constituem imagem de marca deste quarteirão.

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bIblIoGRAFIA

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Co-FINANCIAmENTo