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O HOMEM A AGRICULTURA A HISTÓRIA LEOPOLDO FELDENS 2018

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  • O hOmem, a agricultura e a histriaLeopoLdo FeLdens

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    O HOMEM

    A AGRICULTURA

    A HISTRIA

    LEOPOLDO FELDENS2018

  • Leopoldo Feldens

    O homem, a agricultura e a histria

    1 Edio

    Lajeado, 2018

  • F312 O homem, a agricultura e a historia

    O homem, a agricultura e a histria / Leopoldo Feldens - Lajeado : Ed. Univates, 2018.

    171 p.

    ISBN 978-85-8167-241-0

    1. Agricultura 2. Histria I. Ttulo

    CDU: 631(091)

    Catalogao na publicao Biblioteca da UnivatesBibliotecria Andrieli Mara Lanferdini CRB 10/2279

    As opinies e os conceitos emitidos, bem como a exatido,adequao e procedncia das citaes e referncias,

    so de exclusiva responsabilidade dos autores.

    Copyright: Leopoldo Feldens

    Editora UnivatesCoordenao: Ana Paula Lisboa Monteiro

    Editorao: Glauber Rhrig e Marlon Alceu Cristfoli

    Avelino Talini, 171 - Bairro Universitrio - Lajeado - RS, Brasil

    Fone: (51) 3714-7024 - Fone/Fax: (51) 3714-7000

    E-mail: [email protected] - http://www.univates.br/editora

    Capa: Dinor Feldens

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    Sobre o Autor

    Prezados senhores,

    Leopoldo Feldens, Engenheiro agrnomo formado pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Ps-graduado latu sensu em Ecologia humana pela UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos). Autor dos Livros, A DIMENSO ECOLGICA DA PEQUENA PROPRIEDADE, Editora CORAG Companhia Rio-Grandense de Artes Grficas, 1989; AINDA H TEMPO, Editora Grfica Odisseia 2014; e de diversos artigos cientficos em Revistas e reportagens tcnicas em Jornais. Diretor Geral da Secretaria da Agricultura do Estado R.G. Sul, 1989. Secretrio de Estado Adjunto da Secretaria Agricultura do R.G.do Sul, 1989 a 1990. Secretrio de Estado da Secretaria Agricultura do R.G.do Sul, 15 a 20 de maro e 14 novembro a 04 dezembro 1989. Membro do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), representando o Ministrio da Agricultura, 1986. Diretor Nacional do Fiset Reflorestamento IBDF Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal ( hoje IBAMA) Braslia, 1985 a 1986. Delegado Estadual do IBDF, - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1986 a 1988. Diretor de Reflorestamento FISET - Delegado Estadual do IBDF- Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1985. Prefeito de Lajeado, RS, 1993 a 1996: Instituiu o Cdigo Municipal de Meio Ambiente; criou o Jardim Botnico de Lajeado, a Secretaria de Meio Ambiente e diversa rea de preservao ambiental. Perto de cinquenta anos de atividades nas reas de Preservao e Educao Ambiental.

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    Sumrio

    Prefcio.....................................................................................................................................9Apresentao .........................................................................................................................11

    Captulo I A antiguidade .....................................................................................................17O Homem Primitivo ................................................................................................................18O nascimento da Agricultura ..................................................................................................20Egipcios ..................................................................................................................................22Os Gregos ...............................................................................................................................23Romanos .................................................................................................................................24

    Captulo II Evoluo e Desenvolvimento da Agricultura ...................................................25Tecnologias primitivas ............................................................................................................26O Fogo ....................................................................................................................................27Projeo do Elemento Fogo nos Dias de Hoje - (Um parntesis) ...........................................28A Roda ....................................................................................................................................32Evoluo das Tecnologias Agrcolas ........................................................................................33A Mquina ..............................................................................................................................33A Mquina Agrcola na Antiguidade .......................................................................................33A Mquina Agrcola na Idade Mdia ......................................................................................34A Mquina Agrcola Renascimento ......................................................................................34A Mquina Agrcola nos Dias de Hoje.....................................................................................35

    Captulo III - Origem da Ocupao das Terras pelos Homens ............................................36Amrica ..................................................................................................................................37Brasil .......................................................................................................................................41O Sistema de Capitanias Hereditrias e suas Consequncias. ................................................43

    Captulo IV - As Revolues Agrcolas ..................................................................................46A Primeira Revoluo Agrcola da Histria ............................................................................47Revoluo Agrcola nos Sistemas de Produo ......................................................................48Sistemas de Cultivo Temporrio de Derrubada e Queimada ..................................................48Sistema de Alqueive e Trao Leve .........................................................................................50Sistema de Alqueive e Trao Pesada .....................................................................................51

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    Captulo V A Revoluo Industrial e Seus Efeitos na Agricultura ....................................53A Primeira etapa da Revoluo Industrial ..............................................................................54A Segunda etapa da Revoluo Industrial ..............................................................................55A Terceira Etapa da Revoluo Industrial ...............................................................................58

    Captulo VI - Revoluo Verde ...............................................................................................60Brasil .......................................................................................................................................61

    Captulo VII - Reformas Agrrias ...........................................................................................63Conceituao Oficial de Reforma agrria ..............................................................................64A Reforma Agrria ao longo dos Anos e Sculos ....................................................................65Os gregos ................................................................................................................................65Os Romanos............................................................................................................................66A Reforma Agrria no Brasil ....................................................................................................67Assentamentos agrrios no Brasil: .........................................................................................67Assentamentos no Rio Grande do Sul ....................................................................................67Sarandi 1962 ...........................................................................................................................68O que era o Movimento Social de Sarandi ............................................................................69A Antiga Fazenda Sarandi: Hoje, 2017, a Fazenda Anonni ......................................................69O Banhado do Colgio - 1962 .................................................................................................70O Banhado do Colgio: hoje, 2016 .........................................................................................72Nova Santa Rita ......................................................................................................................72Secretaria da Agricultura Governo Simon .........................................................................74Assentamentos no Brasil Alguns para ilustrao .................................................................75Assentamento Conquista na Fronteira ................................................................................75Anlise Crtica e Estatsticas....................................................................................................78Concluso ...............................................................................................................................82

    Captulo VIII - Prticas Agrcolas ..........................................................................................87Prticas Agrcolas sob Ponto de Visa do Uso da Terra no Brasil .............................................88Sistema Extensivo ...................................................................................................................88Sistema Intensivo ...................................................................................................................89A Prtica da Agricultura com Foco no Socioantropolgico .....................................................90A Agricultura Escravagista .....................................................................................................90O Indgena no Brasil ...............................................................................................................92A Agricultura Coletiva .............................................................................................................97A Agricultura Coletiva Socialista na Rssia (URSS) ..................................................................98A Agricultura Coletiva Socialista na China ............................................................................101A Agricultura Coletiva de Israel ............................................................................................101

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    A Agricultura Coletiva em Cuba ............................................................................................102A Agricultura Coletiva no Brasil ............................................................................................103A Agricultura Coletiva Indgena ............................................................................................103A Agricultura Coletiva em Assentamentos ...........................................................................104O Cooperativismo nos Assentamentos .................................................................................106

    Captulo IX A Agricultura Familiar ...................................................................................107A Agricultura Familiar Institucional .....................................................................................109A Agricultura Familiar Histrica da Pequena Propriedade ...................................................110A Imigrao ...........................................................................................................................111Os Portugueses .....................................................................................................................111Os Alemes ...........................................................................................................................113Os Italianos ...........................................................................................................................117Os Japoneses ........................................................................................................................120Os Poloneses ........................................................................................................................121Os Holandeses ......................................................................................................................121Extrativismo na Pequena Propriedade .................................................................................123

    Captulo X A Agricultura Urbana (Ecolgica) ...................................................................126Cuba, um Caso Especial de Agricultura Urbana e Orgnica ..................................................129

    Captulo XI - A Prtica da Agricultura sob Ponto de Vista Tecnolgico ............................131Agricultura Orgnica ou do Eco desenvolvimento ................................................................132A Agroecologia .....................................................................................................................138PRV Pastoreio Rotativo Voisin: Origens, Mtodos e Resultados .......................................139Leis Universais do Pastoreio Voisin .......................................................................................141Lei do repouso .....................................................................................................................141Lei da ocupao ...................................................................................................................141Lei do rendimento mximo ..................................................................................................141Lei do rendimento regular ...................................................................................................141Permacultura: Origens, mtodos e resultados .....................................................................142Os princpios da Permacultura .............................................................................................143A Agricultura Biodinmica ....................................................................................................144A Agrofloresta e seus Colecionadores .................................................................................145Quem Ernst Gtsch ............................................................................................................145Origens .................................................................................................................................145O que Agrofloresta? ...........................................................................................................146Propriedade de Seu Nego ...............................................................................................146Mtodos ou Prtica Agrcola ................................................................................................147

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    Resultados ............................................................................................................................147Propriedade do Seu Tupi, Engenheiro Agrnomo Evandro Almeida Tupinamb (Visita em 03/ 12 de 2015) ...................................................................................................148Propriedade de Marcel Nauer - Colecionador - Visita realizada no dia 30/11/2015 ............150

    Capitulo XII - Agricultura Convencional .............................................................................151O advento da mquina .........................................................................................................153A descoberta do adubo mineral sinttico.............................................................................153A Agricultura Convencional na Pequena Propriedade Rural ................................................155A Agricultura Convencional na Grande Propriedade Rural ...................................................157O Agronegcio ......................................................................................................................157

    Capitulo XIII - Mito e Cincia (mitos e logos) ....................................................................161A Conscincia e Movimentos Ecolgicos ..............................................................................162

    Captulo XIV - Esperanas e Certezas de Mudana ............................................................166

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    Prefcio

    O eng. agr. Leopoldo P. Feldens pertence, a uma espcie em extino: os agrnomos eclticos!

    Este texto de agradvel leitura, transita com desenvoltura por vrias reas do conhecimento humano: agronomia, agricultura, ecologia, dialtica, ambiente, cincia e tecnologia, poltica, histria, sociologia, economia, paleontologia. So saberes que o autor trabalha com segurana, erudio, oportunidade e simplicidade. Este o agrnomo ecltico que estuda e trabalha com o todo, que rene assim, melhores condies para compreender e enfrentar o dia a dia profissional. Como a cincia convencional aborda reducionisticamente apenas as consequncias, os problemas!, o profissional que tem formao ecltica possui melhores possibilidades de atuar corretamente na soluo dessas consequncias. No se trata de saber tudo, o que impossvel; se trata de ter saberes, alm dos especficos da agronomia. A formao reducionista, venerada pela agronomia convencional, com as excees que tem toda regra, enche a cabea do profissional com receitas, tornando-o incapaz de compreender o todo, a natureza, sua base fsica de atuao.

    O objetivo da agronomia produzir alimentos e produtos limpos, sem os venenos dos agrotxicos, nem os diablicos efeitos das sementes transgnicas. A agronomia , por definio, a cincia da vida. E isto s entendido e exercido pela ecleticidade.

    O texto rico em notas autobiogrficas, me chamando a ateno a expresso no meu tempo de guri, frase to prpria da lembrana da vida dos gachos mais velhos...

    O livro aborda, com propriedade, as contradies entre o progresso e a qualidade de vida atual. Ao analisar o progresso civilizatrio discute a descoberta do fogo, assunto pouco referido e discutido nos textos de histria, mas que tem um significado transcendental no progresso e evoluo humanos. Assim, com a mesma simplicidade e erudio vai tratando de temas da sociedade brasileira, desde o latifndio criado pela invaso portuguesa, at a agricultura familiar, outra espcie em extino e que merece mais respeito e ateno.

    Posso resumir o contedo de O homem, a agricultura e a histria, dizendo tratar-se de um texto erudito, de qualidade, de fcil e agradvel leitura e cheio de ensinamentos que o autor expe e analisa com propriedade e seriedade, numa redao leve e objetiva.

    Ao final, colho a oportunidade e a tribuna para alertar aos colegas e deixar um conselho aos estudantes de agronomia (como aos estudantes das demais profisses): este livro deve ser leitura obrigatria dos jovens agrnomos, dos estudantes de agronomia e,

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    bvio, dos leitores em geral, para entenderem que o abandono do currculo ecltico e o advento do reducionismo na academia, foi um enorme retrocesso, cujas consequncias a sociedade e o ambiente brasileiro esto pagando e cujo resgate verdade cientfica, social e humana, este livro um belo e oportuno exemplo.

    Luiz Carlos Pinheiro Machado1Porto Alegre, 2018

    1 Luiz Carlos Pinheiro Machado - Possui graduao em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1950) e doutorado em Agronomia pela mesma universidade(1959). Professor catedrtico aposentado de Zootecnia Especial da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e professor titular aposentado. Reconhecido por uma extensa produo bibliogrfica e de pesquisa, tem a trajetria profissional marcada tanto no Brasil quanto no exterior. Luiz Carlos teve sua vida acadmica dedicada Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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    Apresentao

    A presente obra um relato, o mais preciso possvel, de conhecimentos, dvidas, experincias, concepes, vises de reminiscncias histricas, posturas filosficas e polticas que acompanha, como um dos atores neste andar por 50 nos afora na profisso de um Engenheiro Agrnomo que vive no Sculo XXI, pesquisando, inserido na moderna tecnologia e tecnocracia - agora na nanotecnologia - em relao a agricultura seu foco profissional.

    Trata-se de um espao nfimo, no caminho e tempo da histria humana neste planeta, mas me perdoe a certeza, um momento implacavelmente importante na historia da humanidade.

    Em fim, acho que toda insero das atividades humanas no contexto da histria fundamental, assim teremos uma viso clara do aconteceu ao longo dos sculos desde a interveno do Homo Sapiens at os dias de hoje.

    Hoje vivemos uma fase de grande efervescncia cientfica, onde o homem passa por grandes eventos e dvidas quanto a seu destino.

    De Homo sapiens estamos a um passo de incertezas quanto a abordagens muito ousadas de uma engenharia biolgica, onde o homo dispensaria o crebro orgnico, por robs, as redes neurais seriam substitudas por softwares inteligentes, que poderiam surfar em mundos virtuais e no virtuais livres das limitaes orgnicas. Que loucura.

    Mesmo assim, homem nunca se desvincula de seu passado, trazendo todo um conhecimento e formao emprica atravs dos sculos, mesmo que este vnculo seja mais importante para evitar novos erros e hecatombes que nos arrasaram no passado.

    Sou um curioso desta matria que me encantou durante toda minha vida e me ajudou a entender um mundo com uma viso holstica do universo.

    A histria nos fornece uma viso que no se restringe ao passado, mas reflete toda a inerente realidade nos dias de hoje.

    Para entendermos melhor o presente e visualizarmos o futuro no podemos abrir mo de nossa histria.

    O homem o mesmo, tem a mesma natureza e somente deslocado no tempo com suas transformaes biolgicas e culturais.

    At a chegada do homo sapiens, na chamada revoluo cognitiva o gnero homo, entre eles o Homo Eretus Homo de Neandertal , e outros viviam como caadores-coletores.

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    Sua relao com a natureza at ento, era harmoniosa.

    A revoluo cognitiva uma etapa primordial na evoluo do homem - e o surgimento da agricultura jogou o homem na aventura desmedida.

    Entre suas necessidades primarias estava a comida.

    Inicialmente a coleta e a caa, depois agricultura.

    Mesmo que a primazia sempre foi a busca de alimento, outras necessidades fundamentais explodiram na chamada revoluo cognitiva, como a cultura, e o conhecimento.

    o salto dialtico naquele momento de evoluo da humanidade.

    Quatro momentos picos em sua trajetria na terra:

    - a 3,8 bilhes anos, o surgimento da vida

    - a 200 mil, surgimento do homo sapiens na frica Oriental.

    - a 70 mil anos a Revoluo Cognitiva. Surge a linguagem ficcional. Comeo da histria. Os sapiens se espalham a partir da frica.

    - a 10 mil anos o Surgimento da agricultura. Sapiens comeam a manipular a vida de plantas e espcimes animais.

    - a 500 anos - Revoluo Cientfica

    - a 200 anos Revoluo industrial

    A partir da ao infinito.

    Yuval Noah Harari, pensador Israelita, professor em historia pela Universidade de Oxford, chamou este momento histrico como a maior fraude da histria.

    Vamos analisar e discutir esse importante momento do homo sapiens.

    O homem primitivo da sia e da frica, fez sua morada na Austrlia, na Europa e depois na Amrica, sempre na busca incansvel de alimento, eis porque a agricultura e alguns animais eram sagrados para os homens.

    Vamos caminhar a partir da agricultura da antiguidade, os povos mediterrneos, Fencios, Gregos e os Cartagineses.

    Na antiguidade dependiam dos deuses da chuva e da fertilidade do solo e outros elementos da natureza.

    Os gregos tinham como smbolo da agricultura bem sucedida a deusa chamada Demeter ou Demetra, deusa da terra cultivada, das colheitas e das estaes do ano.

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    propiciadora do trigo, planta smbolo da civilizao. Na qualidade de deusa da agricultura, fez vrias e longas viagens com Dioniso ensinando os homens a cuidarem da terra e das plantaes.

    Os romanos veneravam Ceres deusa celebrada na primavera poca do ano em que a natureza desperta de seu sono hibernal.

    Na idade mdia, iniciou a era feudal, onde a organizao poltica comeou a influenciar diretamente na produo agrcola.

    Comeou a era das grandes propriedades rurais, tanto dos senhores feudais como da igreja.

    Os pequenos agricultores usavam prtica agrcola para subsistncia, para produzir alimentos, e os outros senhores feudais e igreja para dominao.

    A agricultura indgena em toda a Amrica apresenta aspectos de extrema beleza e riqueza cultural, os colonizadores trataram de destruir esta estrutura de produo de alimentos associado coleta e caa. Vamos abordar esta passagem do homem na histria.

    A contribuio fundamental do negro, sua histria e a insero na evoluo agrcola do Brasil.

    A fome num perodo da idade mdia, e ps-primeira e segunda guerra despertaram necessidades de alimento extraordinariamente grande, o que projetou revolues agrcolas, e a revoluo verde.

    A revoluo industrial interagiu com revolues agrcolas. Foi causa e consequncia de grandes mudanas na produo de alimentos.

    Era um momento de ebulio nas artes, nas cincias, e na interao significativa do homem junto ao planeta. Grandes migraes aconteceram neste perodo.

    A Amrica tornou o quintal da Europa e da sia e do Oriente.

    A maquina, a cincia, servio da colonizao, da interao e da aproximao dos povos.

    A ocupao de solo na Amrica Latina e no Brasil pelos colonizadores Portugueses, Espanhis, (Franceses e Holandeses mesmo que temporariamente, mas marcante) os imigrantes Alemes, Italianos, Japoneses, Poloneses e novamente os Holandeses recentemente, e outras etnias europeias e asiticas nos levaram a constataes histricas que projetam a realidade de hoje e concepes futuras sobre a agricultura.

    Houve um aumento de oferta de alimento aos homens.

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    Comeou a transmutao do produto agrcola em mercadoria. Era o surgimento de um novo momento na humanidade. Inicialmente era comercializado o excedente, depois o suprfluo, depois esse plus transformou-se em essencial.

    Esse fenmeno antropolgico-economico trouxe ao humano uma mudana de comportamento em relao natureza ou meio ambiente.

    A natureza que era um componente parceiro na produo de alimento, passou a ser explorada pela moderna agricultura servindo de sustentculo de poderosos exploradores da terra.

    Neste momento surge a ganncia, onde o homem sem viso global da natureza, em que o meio ambiente no tem valor econmico, social duradouro, provoca se a contaminao dos homens e animais-salinizao da microflora e fauna destruio da estrutura e qualidade dos solos, em resumo o desequilbrio total dos ecossistemas.

    o crescimento econmico se contrapondo ao ecolgico.

    Os produtos agrcolas e alimentares no so mercadorias como as outras: seu preo o da vida e abaixo de um certo patamar a morte. (Marcel Mazoyer e Laurence Roudart)

    Esse nosso momento histrico.

    Estamos navegando em mar revolto.

    o momento das grandes corporaes agrcolas de exportao de onde o produto agrcola tido como a salvao econmica, de uma regio de um Pas e de planeta gerenciado pelo capitalismo crescente.

    Disto resultou que o homem moderno est morrendo mais de obesidade do que de fome, mas esta persiste em grandes pores do planeta terra.

    Ironia...

    Vamos abordar problemtica da Reforma agrria, seu aspecto histrico, tcnico e poltico.

    A concentrao de terras nas mos de poderosos, no inicio a igreja, os monarcas, os latifundirios e as grandes corporaes modernas.

    A importncia da pequena propriedade e das agriculturas alternativas na produo de alimentos.

    Ao longo do livro, com lentes mais profundas, procuramos buscar na histria uma viso mais global, mais sbia, mais universal do que passou na mente dos homens ao longo deste tempo em que conviveu com a natureza.

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    So relatos concretos que trazem do homem histrico como um espelho importante em nossa vivencia atual.

    Nestes relatos procuramos no tomar posies definitivas, mas passar informaes que possa criar um esprito crtico aos leitores.

    um alerta modesto de quem conviveu neste tempo profissional, de cidado e de eterno curioso.

    O autor

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    Histria da agricultura. Fonte: https://www.google.com.br arteespana.com.

  • Captulo i a antiguidade

  • O Homem Primitivo

    Nos dias tumultuados de hoje, as relaes humanas vo desde a grandeza sublime at as iniquidades inimaginveis.

    Ouvimos, s vezes, nas relaes humanas, a expresso: Sabes com quem ests falando? Este ser humano deve saber que ele e seu semelhante com quem est falando fazem parte de um Universo infinitamente grande do qual ambos fazem parte de uma parcela nfima, to pequena, insignificante que sua interlocuo extremamente ridcula no tempo e no espao. (O autor)

    Vejamos:

    Milhes de anos depois do alvorecer da vida, o homem iniciou sua longa trajetria pelos caminhos da terra.

    O sopro da vida - era primitiva - surgiu h cerca de 3,8 bilhes de anos. As primeiras florestas pantanosas, plantas, insetos, peixes, rpteis, anfbios e fsseis de animais surgiram na Era Primria, h 300 milhes de anos.

    Na chamada Era Secundria, h 150 milhes de anos, surgiram plantas floridas e frutferas; plantas conferas e as primeiras aves; os primeiros mamferos; rpteis gigantes (os dinossauros).

    Na Era Terciria, h 50 milhes de anos, ocorreu a formao de cadeias de montanhas rochosas; o desenvolvimento dos primatas; o desenvolvimento dos smios (macacos). E, h 2,5 milhes a 2 milhes de anos, apareceram os homdeos (Australopithecus, Erethus, Neandertal, entre outros).

    Estudos antropolgicos nos asseguram que, h 100.000 anos, o homem perdeu o pelo, reafirmando-se como o homo sapiens de hoje.

    Nesse espao de tempo, infinitamente grande, o homem existia no seio da natureza como um ser integrante, constituindo um todo harmonioso junto com os demais seres e elementos da natureza, mas avana contnua e sincronizadamente no caminho da evoluo.

    Desde os primeiros antropoides at o homem de Neanderthal e at mesmo em eras bem recentes, o homem vivia exclusivamente da apreenso de alimentos, seja de frutas silvestres, seja da caa de animais. Eram os caadores-coletores. As tribos viviam em ambientes que suportavam sua necessidade de alimentos.

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    Grupos pequenos iam tomando mais espaos na natureza para sua sobrevivncia. Havia um perfeito equilbrio ecolgico. medida que os anos passam, a humanidade torna-se mais numerosa e seu espao ambiental no supre mais sua necessidade de alimentos.

    O ser pensante, fundado nesta necessidade, comea a buscar solues para os problemas. A primeira delas foi a migrao para outros nichos ecolgicos, para outras regies, com mais abundncia de gua e comida.

    Os alimentos, no caso, frutas, razes e pequenos vegetais, comeavam a faltar, s vezes, por causa de fatores climticos, outras vezes, por causa do excesso de consumo, devido ao aumento anual do nmero de pessoas, o acrscimo populacional.

    Somente uma alternativa era clara: a sada para outras regies onde a natureza mais prdiga pudesse suprir as necessidades bsicas. O homem empreende a primeira fuga abandona seu habitat antigo. Neste momento, tambm acontece a primeira ruptura entre aquele homem e o nicho ecolgico.

    o marco histrico do primeiro desequilbrio ecolgico provocado pelo homem.

    Sabe-se que as tribos pr-histricas destas eras remotas buscavam este tipo de soluo. Porm, sabemos que tribos que at poucos anos viviam em estado selvagem no Sul da Austrlia, os esquims e outras tribos na Malsia buscam solues bem mais radicais, como o infanticdio e o aborto, para suprir as necessidades alimentares dos grupos.

    No foi por nada que, ao escrever este livro, lembrei um autor que li h mais de 45 anos, cuja fonte busquei para tentar entender a evoluo histrica do homem na natureza.

    Uma viso semelhante e muito rica encontramos em Frederich Engels, em A origem da famlia, da propriedade privada e do Estado Edies Bestbolso, R. Janeiro 2014. O estudo, relacionado com as investigaes de L.H. Morgan, brinda-nos com uma viso histrica no necessariamente diferente do que relatamos acima, mas calcada em estudos cientficos muito interessantes numa data bem significativa (1891). (Lewis Henry Morgan, 21 de novembro de 1818/17de dezembro de 1881. Advogado, antroplogo, etnlogo e escritor estadunidense. Considerado um dos fundadores da Antropologia moderna).

    A pr-histria foi dividida por Morgan em trs pocas: a do Estado Selvagem; da Barbrie; e da Civilizao.

    Estado Selvagem Fase inferior: Neste perodo, que durou muitos milnios, o homem vivia nas matas tropicais e subtropicais, nas rvores, alimentando-se de frutas, nozes e razes.

    Estado Selvagem Fase mdia: Nesta fase, o homem alimentava-se de peixes, crustceos, moluscos e de outros animais aquticos. Este perodo, em que tambm surgiu o fogo, corresponde ao perodo Paleoltico (Idade da Pedra). Ainda, neste perodo, o homem

    https://es.wikipedia.org/wiki/21_de_noviembrehttps://es.wikipedia.org/wiki/21_de_noviembrehttps://es.wikipedia.org/wiki/1818https://es.wikipedia.org/wiki/17_de_diciembrehttps://es.wikipedia.org/wiki/1881https://es.wikipedia.org/wiki/Antroplogohttps://es.wikipedia.org/wiki/Etnologahttps://es.wikipedia.org/wiki/Antropologa
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    comea a espalhar-se por todos os continentes. A antropofagia surgiu nesta poca, pois o homem, em alguns stios, no conseguia sobreviver somente da caa.

    Estado Selvagem Fase superior: Nesta fase, houve a inveno do arco e da flecha. A caa, alm de suprimento alimentar, passou a ser uma atividade ldica para os humanos.

    Segundo Morgan, alm da residncia fixa, inicia-se, nesta fase, a fabricao de utenslios (vasos de cermica, de madeira). Com machado de pedra e fogo, construram as chamadas pirogas, as primeiras habitaes.

    A Barbrie - Fase inferior: Esta fase caracteriza-se pela fabricao de cermicas, a domesticao e a criao de animais e o cultivo de plantas. Na Amrica do Sul, um mamfero domesticvel era a lhama e o cereal cultivado era o milho. Alis, este cereal tambm era cultivado pelos ndios americanos ao sul do Mississpi.

    A Barbrie Fase mdia. No oeste do Oriente Mdio, surgiu o plantio de hortalias, abbora e melo, inclusive, com irrigao. Fabricavam-se casas de madeira e as aldeias eram protegidas por paliadas.

    Observao importante: as fases inferior e mdia da Barbrie acontecem em pocas diferentes no leste e no oeste, nos centros americano e peruano. Estes povos, na poca das conquistas, j se encontravam na fase mdia da Barbrie.

    Barbrie Fase superior: Essa fase caracteriza-se pela fundio de minrios; arado de ferro tracionado por animais; derrubada de florestas; aumento da produo de alimentos; aumento ilimitado da populao mundial.

    Civilizao Inicia-se o perodo da Indstria e da Arte.

    O nascimento da Agricultura

    A palavra agricultura deriva do nome da deusa Ceres. Sua etimologia vem de ker, que significa crescer,criar. Por Tiago Ferreira da Silva - (http://www.a lmanaquedocampo.com.br/)

    Desde h aproximadamente 50 anos, mais especificamente, desde as dcadas de 60 e 70, sou um leitor inveterado.

    Na poca da Universidade, eu estava engajado no movimento poltico universitrio e nas lutas pela liberdade, pelo socialismo, pela luta contra a Ditadura Militar no Brasil. Enfim, estava engajado na vanguarda em moda naquela poca.

    Naquela poca, queria conhecer tudo sobre as teses de Marx, Engels, Hegel, Kant, Heideger, Theilard de Chadin, dos brasileiros Alceu de Amoroso, Celso Furtado, entre outros socilogos em voga.

    http://www.infoescola.com/autor/tiago-ferreira-da-silva/360/http://www.a/
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    Essa miscelnea cultural contribuiu muito para qualificar minha formao. Hoje, mesmo sendo engenheiro agrnomo, adoro filosofia, histria e leio os socilogos contemporneos. Procuro ficar sempre a par dos movimentos polticos culturais no mundo, com uma sede insacivel de conhecer e de participar dos dias de hoje.

    Voltando histria, a finitude ou a dificuldade da soluo migratria na pr-histria levou o homem, h cerca de 10.000 anos, a buscar novas alternativas em busca da sua alimentao. At ento, o homem era essencialmente caadorcoletor.

    Percebeu, ento, que se ele, homem, zelasse, tomasse certos cuidados, cultivasse certos tipos de plantas, a natureza, as plantas seriam mais ricas e generosas com ele.

    Observando as plantas, o homem percebeu que elas desprendiam sementes, que, ao carem na terra, germinavam, dando origem a uma nova planta. Muitas germinavam, mas muitas se perdiam em solo imprprio.

    Ciente da importncia das sementes que se perdiam, o homem rasgou o solo para ajudar a natureza a preparar um leito melhor para aquela vida que germinava. Surgia assim a Agricultura, primitiva ainda, mas intensamente ligada natureza. Alm disso, era uma oportunidade mais cmoda de sobreviver.

    Numa visita a Sergipe a meu colega eng agrnomo, Tupinamb, colhi uma sentena linda: Nunca devemos chamar de cova, mas de bero (Eng AgrEvandro Tupinamb Embrapa).

    As primeiras prticas agrcolas eram um prolongamento da vida natural. Em vez de agresso, se que havia, melhor seria a palavra interveno do homem, que era mnima. Iniciava, sim, uma interveno consciente do ser humano no meio ambiente.

    Este fenmeno aconteceu no planeta terra, em pocas diferentes, mas dentro de uma cronologia aps o nascimento da agricultura e difundiu-se at pocas recentes. Este tema vai ser revisto no captulo da Revoluo Agrcola.

    Fruto da necessidade e da conscincia do homem pensante, temos assim talvez a primeira e mais importante ruptura ecolgica do homem com o meio em que vivia. O primeiro salto dialtico. o comeo do desenvolvimento; uma nova relao entre uma sociedade que comea a estruturar-se e a natureza.

    Gosto de interpretar este momento histrico da humanidade com a explicao cientfica da teoria de Hegel:

    Georg Wilhelm Friedrich Hegel (Stuttgart, 27 de agosto de 1770 Berlim, 14 de novembro de 1831), numa outra viso, no esttica, mas dinmica, criou a dialtica hegeliana.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Stuttgarthttp://pt.wikipedia.org/wiki/27_de_agostohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1770http://pt.wikipedia.org/wiki/Berlimhttp://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_novembrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/14_de_novembrohttp://pt.wikipedia.org/wiki/1831
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    Hegel desenvolveu uma estrutura filosfica abrangente (ou sistema) do Idealismo Absoluto a fim de referir, mediante um modo integrado e desenvolvido, a relao entre mente e natureza, sujeito e objeto do conhecimento, psicologia, Estado, Histria, Arte, Religio e Filosofia. E, particularmente, ele desenvolveu o conceito de que a mente (ou esprito) Geist manifesta-se em um conjunto de contradies e oposies que, no final, integram-se e se unem, sem eliminar qualquer um dos polos ou reduzir um ao outro. Exemplos de tais contradies incluem aqueles entre natureza e liberdade e entre imanncia e transcendncia. Estes paradigmas da dialtica hegeliana nos sugerem uma viso dinmica do homem e da histria do homem no universo. At onde o homem que faz a histria? Ou, at onde o homem produto da histria? (Wikipedia Enciclopdia livre)

    Entendo este momento o surgimento da agricultura como um salto dialtico explicado pela teoria hegeliana.

    Bem, voltemos histria.

    A agricultura aparece apenas no Neoltico, perodo compreendido entre 8000 e 5000 a.C. O homem comea a dominar os metais - cobre, estanho e, enfim, o ferro -, forjando-os no fogo. Surgem as ferramentas de trabalho.

    Diversos historiadores afirmam que a agricultura nasceu na Mesopotmia (terra entre rios), h aproximadamente 4 a 5.000 anos a.C. Os responsveis seriam grupos de tribos da sia Central e das montanhas da Eursia procura de reas frteis e prximas a rios, onde encontravam pesca e alimentao.

    Outros historiadores relatam que os Egpcios, que ocupavam as margens do Rio Nilo, h 6.000 anos a.C., aproveitavam as cheias espordicas para a prtica da agricultura.

    No podemos esquecer os Babilnios que, com a primeira Lei criada pelo Rei Hamurabi, j instituam uma legislao que ajudava a controlar os abusos cometidos pelo homem contra a natureza e contra a sociedade.

    Os Jardins Suspensos e a Torre de Babel tambm foram criados por esses povos, nesta mesma poca.

    Todos estes povos j praticavam uma agricultura com base em diversas tcnicas. s vezes, surpreendente para seu tempo e difcil para o homem moderno entender como chegaram a este nvel.

    Egipcios

    Fara, escribas, sacerdotes e camponeses

    Os documentos antigos (papiros, afrescos de tmulos, gravuras etc.) sobre o Egito faranico so testemunhos essenciais da vida e das preocupaes materiais e espirituais de uma pequena frao dessa sociedade, incluindo o fara, sua corte, a administrao e

    http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Idealismo_Absoluto&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Idealismo_Absoluto&action=edit&redlink=1
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    o clero. Raras so as informaes sobre o cotidiano da maioria da populao, constituda, principalmente, de camponeses, artesos, soldados e alguns escravos.

    Proprietrio eminente de toda a terra do Egito, da gua do Nilo, de todos os seres vivos e de todos os bens, o Fara era o mestre absoluto, por direito divino, de todo o pas. Proclamado filho de R ( o Deus Sol) desde a quinta dinastia, ele era o executor terrestre da vontade divina, organizador e garantidor da cheia, da produo e da vida (Wikipedia Enciclopdia livre).

    Nesse contexto sociolgico, floresceu uma forma especial de prtica de agricultura. claro que o Fara mantinha uma equipe especializada e hierarquizada, comandada por um vizir, uma espcie de primeiro Ministro.

    A populao, a maioria camponeses, agrupava-se em vilas, com casas feitas de barro. Vivendo no fim do perodo neoltico, usavam alguns utenslios agrcolas como a foice, a enxada e o arado escarificador.

    As tcnicas hidrulicas (cheias sazonais) permaneceram anos e at sculos atendendo demanda de alimento da populao e, s vezes, at oportunizando a sanha de povos vizinhos.

    A grande produo de trigo, de cevada e de lentilha nem sempre dependia da irrigao, pois as prprias cheias atendiam a demanda de gua destas culturas.

    Os cultivos irrigados foram se formando medida que reas mais distantes (no inundveis) tiveram que ser implantadas para atender a fome dos Egpcios.

    Os Egpcios de 2.300 a.C. j aplicavam tcnicas de irrigao artificial, por meio de canais com vazo controlada. Criaram um sistema de bombeamento de gua chamado shaduf, que consistia num processo elevatrio que levava a gua at locais naturalmente no inundados, a fim de aumentar a rea produtiva. O shaduf usado at hoje, principalmente, no bombeamento de pequenas quantidades de gua ou em situaes em que o custo da implantao de um sistema automtico no compensador. A roda para bombear gua movida a trao animal tambm originria do Egito, no tempo dos romanos, entre 30 a.C. e 395 d.C.

    Gregos, romanos e rabes contriburam significativamente para a grande expanso tecnolgica.

    Os Gregos

    Inicialmente, os gregos tomaram o Egito que, h sculos, vivia em decadncia, principalmente, em funo do seu arcaico sistema de governo.

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    Sendo mais exato, em 332 a.C., Alexandre Magno, da Macednia, que j tinha conquistado a Grcia, a sia Menor, a Palestina e a Fencia, ocupou o Egito.

    O salto tecnolgico foi enorme. Equipamentos de irrigao em terras altas que possuam boa fertilidade e que no eram atingidas pelas cheias e canais que apenas desviavam a gua foram substitudos por mquinas, que elevavam a gua at a altura de outros solos frteis.

    A tecnologia de povos invasores (gregos, romanos, e rabes) no foi apenas muito importante para os Egpcios, mas tambm trouxe uma grande contribuio para o desenvolvimento da tecnologia da agricultura mundial, principalmente, na rea da irrigao.

    Alguns nomes colhidos na literatura como - parafuso de Arquimedes, roda elevatria com vasilha em terracota, shadouf - do francs puits balancier, dispositivo para elevar a gua constitudo de uma alavanca sob forma de vara articulada, ajudaram e muito a irrigar terrenos mais altos.

    Romanos

    Os romanos eram povos guerreiros e conquistadores. Durante muitos anos, dominaram o Mediterrneo e seus arredores. Impuseram sua fora blica a muitos povos contemporneos, levando tambm sua cultura, principalmente, atravs de seus Cdigos Jurdicos, at hoje dominantes em grande parte do Ocidente.

    No entanto, outros fatores resultantes desta dominao foram altamente prejudiciais ao desenvolvimento de Roma, sendo um deles o grande problema de no mais produzir alimentos em solo prprio e depender exclusivamente dos povos dominados.

    Esse fato foi, com certeza, um dos fatores que, futuramente, desencadeou a queda do domnio de Roma sobre esses pases e em boa parte do mundo.

    O regime agrrio imposto pelos romanos aos Egpcios no trouxe grandes modificaes: as terras reais e sagradas tornaram-se terras imperiais e mesmo as terras de proprietrios privados eram controladas pelo imperador. Muitas delas foram confiscadas. Para alm do grande domnio sobre este setor da economia, o imperador ainda tinha o monoplio das minas, das salinas e da produo de papiros.

    Na agricultura, o que os romanos mais sugavam dos egpcios era, principalmente, a produo e a exportao de trigo para alimentar uma Roma faminta e em decadncia pelos excessos de suas conquistas e o tamanho de seu imprio.

    Na rea tecnolgica, no houve grandes progressos em relao agricultura hidrulica, alm do que os egpcios j praticavam e, em parte, haviam aprendido dos gregos.

    http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/alexandre-o-grande-como-o-rei-da-macedonia-construiu-seu-imperio.htm
  • Captulo ii evoluo e deSenvolvimento da agriCultura

  • Tecnologias primitivas

    A pr-histria divide-se em Idade da Pedra, do Bronze e do Ferro. A Idade da Pedra foi dividida em trs perodos: Paleoltico ou Idade da Pedra Lascada, Mesoltico, fim da pedra lascada e Neoltico ou Idade da Pedra Polida. Neste ltimo perodo, aparece o cultivo e a criao.

    A criao dos primeiros instrumentos agrcolas, conforme ilustrao a seguir:

    Ferramentas do perodo quaternrio, h 12.000 anos. Fonte: www.almanaquedocampo.com.br.

    No incio, era uma pedra ou um galho de rvore para rasgar o solo; depois a pedra foi lascada de propsito para melhor cortar; e, mais tarde, sua lmina foi aparada.

    Bem mais tarde, surgiu o ferro, dando-se, novamente, um salto grande na evoluo, pois a ao do homem no solo tornou-se mais precisa, mais racional.

    Naquela poca, a agricultura j era uma prtica absorvida e fundamental para a sobrevivncia da humanidade. Como meio de subsistncia, a produo de alimentos, , ao longo da histria, a grande preocupao do homem. Esta preocupao se projeta pelos sculos afora, cruzando a pr-histria, os povos antigos, gregos, romanos, fencios, afundando e emergindo na Idade Mdia, explodindo na era da Revoluo Industrial e se tornando ainda maior na era eletrnica dos tempos atuais.

    Durante todos esses milnios, o percurso do homem sobre a terra foi longo e difcil. Sua ao junto natureza foi marcante, quase sempre fundada num interesse primordial: a busca do bem-estar, sendo o primeiro objetivo, a busca do alimento. Nesta trajetria, ficou uma marca indelvel: a agresso natureza e aos ecossistemas. A modificao do meio

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    ambiente, a marca poderosa de um ser pensante, o homem, que parece no entender seu papel no seio do Universo.

    Marcel Mazoyer e Laurence Roudart, em seu livro, Histrias das agriculturas no mundo - Editora UNESP, 2010, p. 41, tecem o seguinte comentrio:

    (...) se o homem abandonasse todos os ecossistemas cultivados do planeta, estes retornariam rapidamente a um estado de natureza prximo daquele no qual ele se encontrava h 10.000 anos. As plantas cultivadas e os animais domsticos seriam encobertos por uma vegetao e por uma fauna selvagem infinitamente mais poderosas que hoje. Nove dcimos da populao humana pereceria, pois neste jardim de den, a simples predao (caa, pesca e colheita) certamente no permitiria alimentar mais de meio milho de homens. (...)

    O Fogo

    O fogo foi a descoberta mais importante do perodo paleoltico. O homem primitivo observou o surgimento desse fenmeno, espontaneamente.

    No incio tinha muito medo. Quando perdeu o medo, comeou a us-lo de forma desorganizada, como fonte de iluminao e de aquecimento. Para mant-lo aceso, o homem observou que, a partir das brasas, bastava o sopro ou o vento da natureza.

    Diz a histria que a partir do atrito entre pedaos de madeira seca, tambm se conseguia produzir fogo.

    No meu tempo de guri, seguindo os ensinamentos da minha professora de Histria, tentei, muitas vezes, esfregar dois pedaos de galho seco ou duas pedras lascadas, mas, apesar da insistncia, no consegui fogo. Faltou pacincia...

    O homem primitivo, atravs da observao, tambm encontrou outras maneiras de produzir fogo.

    Antes de dissertar sobre como o homem fez a ocupao e o uso do solo em busca de seus objetivos de sobrevivncia, isto , na busca de alimentos, vamos discorrer sobre o elemento fogo, que no deixa de ser uma tecnologia muito ligada a uma das formas mais importantes de energia usadas ao longo dos sculos.

    Elemento importante na vida do homem, o uso do fogo tem sido faca de dois gumes: ora fantstico, poderoso, assombroso, extremamente til amigo efetivo -, assustadoramente eficiente, principalmente ao homem primitivo e tambm ao destruidor homem moderno. Para o homem da caverna, ele significava a luz, o calor; posteriormente, passou a ser utilizado para cozinhar alimentos.

    Ao longo da histria, o elemento fogo foi de extrema utilidade, servindo at de proteo contra os animais. Bem mais tarde, o homem descobriu que o fogo lhe proporcionava

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    algo muito mais importante: a energia. A partir deste momento, a utilizao do elemento fogo se torna ainda mais til, mas, tambm, mais perigoso.

    Sem perceber, por longos milnios, as pessoas ficaram sem saber o que fazer com a inveno mais importante da histria da produo de energia.

    Mais tarde, quando o homem usava panelas ou chaleiras para preparar ou aquecer a comida, muitas vezes, observava a tampa saltar longe. Era o calor que se transformara em energia e produzia o movimento. Assim, o homem aprendeu a transformar o calor em movimento.

    Somente 600 anos depois da descoberta da plvora na China, ainda no Sc, IX, o fogo foi aproveitado para a produo de energia, geralmente, com fins militares.

    Perigoso para o homem e destrutivo para a natureza, pois de sua prpria essncia a combusto, a destruio da matria orgnica dos elementos naturais.

    Projeo do Elemento Fogo nos Dias de Hoje - (Um parntesis)

    Em tempos modernos, utilizamos o fogo ou sua energia para movimentar mquinas, mas at chegar a essa etapa, o fogo tambm serviu para abrir novas fronteiras agrcolas. Durante milnios, o fogo foi um perigoso aliado nosso, na derrubada de matos para o estabelecimento de lavouras.

    Interpondo uma longa viagem na histria, h fatos recentes em nosso Estado, o Rio Grande do Sul, onde ocorreu uma triste epopeia de destruio da natureza por este poderoso elemento.

    A trajetria da histria agrcola do Rio Grande do Sul baseada na imigrao europeia, que aqui se estabeleceu no sculo passado. O processo de estabelecimento de lavouras pelos colonos foi calcado na derrubada de florestas e no uso indiscriminado do fogo. Milhes de toneladas de matria orgnica foram destrudas neste perodo de incio da colonizao.

    Enfim, a histria da agricultura gacha, em especial, da pequena propriedade formada a partir da colonizao, tem toda uma tradio baseada no uso do fogo. Alm disso, os gachos que foram colonizar o Paran, o Mato Grosso e agora a Amaznia levaram junto esta instituio perniciosa.

    A Amaznia, maior floresta tropical do mundo, est acabando. So mais de 800 mil quilmetros quadrados devastados. A cada ano, perdemos o equivalente a duas vezes o tamanho da cidade de So Paulo para as queimadas. At 2005, 10 espcies de animais j estavam extintas e mais 342 ameaadas de sumir. O relatrio GEO Amaznia, divulgado em fevereiro pelo Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), coloca o Brasil em posio vergonhosa ao traar o descaso com que a floresta vem sendo tratada. Ocupamos o quarto lugar em emisso de gases de efeito estufa do planeta: 500 milhes de toneladas de carbono so lanadas, anualmente, na atmosfera em decorrncia do

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    corte e das queimadas na floresta amaznica, o que contribui para o aquecimento global. Um outro estudo, da Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO), mostrou que 42% de todo o desmatamento ocorrido no mundo entre 2000 e 2005 aconteceu no Brasil. Fonte: andreadip.wordpress.com/2009/10/28/terra-do-fogo.

    O levantamento de uma ONG do Par mostra a devastao da Floresta Amaznica. Segundo o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amaznia (Imazon), s em junho do ano passado, uma rea do tamanho de uma capital foi desmatada na floresta.

    A rea que desapareceu da floresta no ano passado to grande que caberiam nela quase 406 mil campos iguais ao do Maracan. Foram destrudos 2.898 km.

    rvores e mais rvores foram derrubadas. Pouco mais da metade dessa rea desapareceu no primeiro semestre de 2014. Em junho, mais de 800 km de verde sumiram, a maior taxa do ano passado. Comparando com uma capital do pas, pode-se dizer que uma rea do tamanho de So Lus, no Maranho, foi toda destruda.

    Agora tempo de chuvas na Amaznia e fica mais difcil monitorar o desmatamento. por isso que o boletim do Imazon preocupa. Mesmo com o cu encoberto por muitas nuvens, os satlites revelaram que, em novembro de 2014, a destruio da floresta aumentou 427% em relao a novembro de 2013.

    O Mato Grosso (18%) e o Par (70%) foram os estados que mais desmataram. Em Mato Grosso, para aumentar a produo de soja e milho. J no Par, so as obras de infraestrutura e a construo de usinas hidreltricas que vm contribuindo para a especulao de terras pblicas e a derrubada da floresta.

    Essas obras de infraestrutura que esto sendo implementadas na regio tm atrado um volume muito grande de pessoas para c. Isso acaba favorecendo a ao de grileiros na regio, que tentam tomar posse atravs do desmatamento de novas reas, para tentar regularizar e, posteriormente, tentar vender essas reas, afirma Antnio Fonseca, pesquisador do Imazon. O que a gente tem feito como medida para conter o desmatamento publicar uma lista com reas embargadas, porque a eu impeo e crio uma restrio em cima dessas reas, eu impeo que haja financiamento pblico, atravs dos rgos de financiamento do estado; eu impeo que haja uma regularizao fundiria. So medidas para combater e impedir o desmatamento, explica Hildemberg Cruz, secretrio adjunto do Meio Ambiente.

    Segundo os pesquisadores do Imazon, esse aumento significativo explicado, principalmente, porque, em novembro de 2013, a rea analisada foi menor, por causa da grande concentrao de nuvens na regio. Na medio de 2014, os satlites registraram novos focos de desmatamento, especialmente, no nordeste do Par, que no tinham sido detectados antes, pois a rea de abrangncia do satlite estava encoberta.

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    O Ministrio do Meio Ambiente no comenta os dados de desmatamento da ONG Imazon por no se tratar de informaes oficiais. Os dados oficiais do desmatamento na Amaznia so do Projeto de Monitoramento da Floresta Amaznica por Satlites, do Inpe. (Jornal-hoje/noticia/2015/01/desmatamento-na-floresta-amazonica-aumenta-mais-de-400.html)

    Fato humilhante, vergonha nacional, foi a visita do Presidente Temer Noruega, em 2017.

    Meio ambiente

    Na quinta-feira, 22, o encontro de Temer com as autoridades norueguesas provocou um episdio de humilhao internacional ao Brasil. Em novembro, dados oficiais do governo brasileiro mostraram que, entre agosto de 2015 e julho de 2016, o Pas destruiu quase 8 mil quilmetros quadrados da Floresta Amaznica, um aumento de 29% em relao ao levantamento anterior.

    Os dados preocuparam o governo da Noruega, principal pas financiador do Fundo Amaznia, com repasses que chegam a 2,8 bilhes de reais. Antes da chegada de Temer, em entrevista Deutsche Welle, parceira de CartaCapital, o ministro do Meio Ambiente na Noruega, Vidar Helgesen, fez crticas abertas ao Brasil e lembrou que o programa de doao preservao da Amaznia baseado em resultados. O dinheiro repassado se o desmatamento reduzido, e foi o que vimos nos ltimos anos. Isso significa que se o desmatamento est subindo, haver menos dinheiro, afirmou Helgesen.

    Na quinta-feira, veio o resultado. Com Temer no pas, o governo da Noruega anunciou o corte de metade do repasse anual ao Fundo Amaznia. Sero cerca de 170 milhes de reais a menos para a proteo da floresta brasileira. Helgesen falou sobre o caso, em Oslo, ao lado do ministro do Meio Ambiente brasileiro, Sarney Filho (PV). Em entrevista coletiva, Sarney Filho culpou o governo Dilma Rousseff pelo desmatamento e no deu garantias de que haver mais preservao da Amaznia. Apenas Deus poderia garantir isso. Mas eu posso garantir que todas as medidas para reduzir o desmatamento foram tomadas. Nossa expectativa e esperana que diminua, afirmou.

    uma deciso humilhante para os brasileiros. O pas pediu dinheiro para reduzir o desmatamento, mas o que est acontecendo o contrrio, disse Folha de S. Paulo, Jaime Gesisky, da organizao no-governamental ambientalista WWF. Nesta sexta-feira, manifestantes ambientalistas brasileiros e noruegueses protestaram contra Temer. Uma das bases de sustentao do governo Temer a bancada ruralista na Cmara e no Senado. O Congresso aprovou nas ltimas semanas alteraes nas medidas provisrias 756 e 758, que reduzem a proteo em unidades de conservao na Amaznia e estuda um projeto de lei que afrouxa as regras do licenciamento ambiental. Em carta enviada a Sarney Filho (PV), Helgesen j havia manifestado preocupao com essas medidas.

    https://cartacapital.com.br/sustentabilidade/a-destruicao-da-amazonia-prosseguehttps://cartacapital.com.br/sustentabilidade/a-destruicao-da-amazonia-prosseguehttps://cartacapital.com.br/politica/politica-ambiental-do-brasil-esta-indo-na-direcao-errada-diz-noruegahttps://cartacapital.com.br/blogs/brasil-debate/dia-internacional-do-meio-ambiente-o-que-comemorarhttps://cartacapital.com.br/politica/mps-756-e-758-ampliam-exploracao-na-amazonia-entendahttps://cartacapital.com.br/politica/mps-756-e-758-ampliam-exploracao-na-amazonia-entenda
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    Num momento em que os dados oficiais so, no mnimo, discutveis, devemos ficar atentos a todas as informaes que nos chegam. Nestas reas de colonizao (que no deveriam ser agricultadas), milhes de hectares de florestas foram destrudas com machado e fogo para, no respectivo ritual macabro, destruir as ltimas e preciosas reservas naturais, que so, no s patrimnio brasileiro, mas, tambm, da humanidade.

    Situao idntica, ou mais grave ainda, foi a ocupao dos solos pelos portugueses e espanhis, no perodo colonial, especialmente, nos sculos VI, VII, VIII e XIX. Mais recentemente, a imigrao de italianos, alemes, japoneses, poloneses, entre outras etnias, que vieram para produzir no Brasil, defenestrados pela Revoluo Industrial Europeia.

    O elemento fogo no foi usado somente na pr-histria e na antiguidade; a histria moderna nos revela o que desastrosamente aconteceu em todas as pequenas, mdias e grandes reas no s no nosso Pas, mas no mundo inteiro. Foi o mtodo precursor do estabelecimento de lavouras, pastos, como tambm de povoados, vilas, stios e cidades.

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    A Roda

    A descoberta da roda deu um salto enorme no desenvolvimento do processo de mecanizao das atividades humanas.

    A prova mais antiga do seu uso, que data de cerca de3500 a.C., vem de um esboo numa placa de argila encontrada na regio da antiga Sumria, na Mesopotmia (atual Iraque), mas certo que j era utilizada em perodos muito mais remotos.

    Vejo que a diferena que a roda trouxe para o destino humano incalculvel. Um pouco de matemtica pode ajudar a entender.

    Um homem adulto e treinado percorre, num dia de caminhada, cerca de 30 quilmetros. A carga mxima que consegue carregar cerca de 40 quilos, alm do seu prprio peso. Com a domesticao de animais, por volta de 5.000 a.C., a capacidade de carga no lombo de burros ou mulas aumentou para 100 quilos. No entanto, quando se criou a carreta de bois, ou seja, uma madeira sobre um eixo com duas rodas, a capacidade de carga atingiu um aumento considervel, passando para 1.200 quilos, o que equivale a 30 vezes mais do que o homem conseguia carregar caminhando. (http://claudiofilosofo.blogspot.com.br/2010/06/roda-como-grande-invento-da-humanidade.html).

    Em duas situaes importantes e distintas, a inveno da roda influenciou o desenvolvimento humano: Primeiro, no transporte; segundo, no aprimoramento das mquinas.

    Nos transportes, houve a diminuio da frico entre dois pontos numa superfcie. O eixo sempre reduz a transmisso da distncia percorrida pela borda da roda.

    Nas mquinas, a roda age principalmente acoplando-se a outras rodas, de modo a transmitir velocidade e toque atravs do seu tpico movimento circular. Exemplos de rodas especializadas usadas em mquinas so a engrenagem e a polia.

    Grandes e modernas mquinas, hoje, em 2016, participam do desenvolvimento da humanidade, especialmente, na agricultura, onde seu uso foi essencial.

    Fonte: www.infoescola.com/Sociedade/Cultura

    Um Pulo para a Modernidade. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jogos_Paralmpicos_de_Vero_de_2016.

    http://www.infoescola.com/historia/civilizacao-sumeria/http://www.infoescola.com/historia/mesopotamia/http://www.infoescola.com/cultura/roda/http://claudiofilosofo.blogspot.com.br/2010/06/roda-como-grande-invento-da-humanidade.htmlhttp://claudiofilosofo.blogspot.com.br/2010/06/roda-como-grande-invento-da-humanidade.htmlhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Eixo_(rotao)https://pt.wikipedia.org/wiki/Bordahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Mquinahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Velocidadehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Torquehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Movimento_circularhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Mquinahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Engrenagemhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Polia_(mecnica)
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    Especialmente no captulo em que vamos analisar o agronegcio, voltaremos a tratar mais detalhadamente sobre o assunto.

    Numa tarde de julho de 2016, ao assistir aos Jogos Paraolmpicos, fiquei impressionado com a capacidade da roda na substituio da mobilidade dos atletas, o que me permitiu avaliar o benefcio fsico, psicolgico e espiritual que a roda trouxe, no s para essas vidas humanas, mas para toda a humanidade, tanto em eventos importantes, como nos mais prosaicos e cotidianos.

    Tenho uma idade em que j no cozinho na primeira fervura. Mas, tudo bem, vamos l! Ainda hoje fui ao supermercado dizem que sou o provedor da casa e a lista preparada era grande e pesada para ser transportada em bolsas, ainda mais, considerando meu preparo fsico. Ento, o simples carrinho de mercado me deu uma enorme fora e ficou fcil carregar as mercadorias. Mais um exemplo concreto que nos permite valorizar este invento to importante para o homem.

    Evoluo das Tecnologias Agrcolas

    A Mquina

    A Mquina Agrcola na Antiguidade

    A primeira mquina deve ter sido um galho de rvore que o homem usou como alavanca para mover uma pedra, ou, quem sabe, uma pedra lascada primeira enxada - para rasgar o solo.

    A roda uma mquina? Ou um complemento de mquina? O resultado final do trabalho exige menos esforo? Ou apenas a diminuio do atrito?

    Se tomarmos a alavanca como exemplo de primeira mquina, claro que a roda tambm uma mquina. So hipteses que podem ser verdadeiras, mas extremamente interessantes no mundo da fsica.

    As mquinas antigas usavam como energia somente a fora muscular humana e animal. Essa energia produzia trabalho, que o elemento de atuao e de transformao nas e das coisas naturais.

    Um arado tracionado por animais e conduzido pelo homem produz certo trabalho no solo que chamamos de arao. Durante muitos anos, o homem usou e criou ferramentas

    Fonte: https://www.google.com.br/.

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    (mquinas primitivas), que removiam o solo para que se pudesse fazer germinar sementes e cultivar vegetais. Com o passar dos tempos, houve o aperfeioamento em todo o processo, que desembocou no momento em que descobrimos e dominamos certas energias naturais. Enfim, a mquina nos trouxe ou nos propiciou as revolues agrcolas.

    A Mquina Agrcola na Idade Mdia

    O perodo de mil anos entre a queda de Roma, no sculo V, e o comeo do Renascimento no sculo XV, conhecido como Idade Mdia.

    Foi um perodo de atraso e de trevas no que diz respeito ao conhecimento humano. Neste perodo, a economia dependia praticamente da agricultura. Por essa razo, ela sofreu alguns avanos importantes, entre eles, a inveno do moinho e do arado charrua, o surgimento de tcnicas de adubao e de rodzio de reas de plantio. Os moinhos de vento e de gua e o arado de ferro eram as mquinas mais importantes. Porm, era muito pouco para a humanidade, que crescia em nmeros assustadores no mundo inteiro.

    A Idade Mdia, principalmente na Europa, , muitas vezes, vista como uma poca em que ocorreram poucas invenes e descobertas cientficas, em funo da grande influncia religiosa exercida pela Igreja Catlica.

    Porm, em outras reas, surgiram inventos importantes, tais como: os culos, o relgio mecnico, o guindaste para uso em porto, ferraduras de cavalo, a imprensa, o arado pesado, o forno (metalurgia), o compasso seco (navegao), garfo e colher, caravela, alm de muitos outros.

    Foi um perodo de dificuldades em que a humanidade passou fome. Nesse contexto, a mquina realmente foi um elemento fundamental na produo de alimentos.

    Mais adiante, vamos voltar a esse tema, quando tratarmos das crises de fome da humanidade.

    A Mquina Agrcola Renascimento

    Renascimento, Renascena so os termos usados para identificar o perodo da Histria da Europa aproximadamente entre fins do sculo XIV e o fim do sculo XVI. Os estudiosos, contudo, no chegaram a um consenso em relao a essa cronologia. Conforme o autor, h variaes considerveis nas datas. Seja como for, o perodo foi marcado por transformaes em muitas reas da vida humana. Apesar de as transformaes serem bem evidentes na cultura, na sociedade, na economia, na poltica e na religio, caracterizando a transio do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas cincias. Mas foi extremamente evidente tambm na rea da agricultura.

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Histria_da_Europahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Histria_da_Europahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Culturahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedadehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Economiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Polticahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Religiohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Feudalismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Artehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Cincia
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    A evoluo da mquina a servio da agricultura em todos os continentes do mundo seguiu o parmetro do crescimento da populao e da necessidade de produzir alimentos.

    A partir da ebulio cientfica do Renascimento, a tecnologia deu um salto muito grande. A mquina a vapor, a eletricidade, a energia fssil e, atualmente, a informtica tm colaborado significativamente para este progresso. Nos diversos continentes ou pases, em pocas diferentes, houve avanos considerveis, com base em diversas causas.

    Na Europa, a principal motivao foi o crescimento demogrfico e as guerras napolenicas, que provocaram entraves no comrcio de algodo para os britnicos e de outras matrias-primas que vinham do Egito e da ndia. No Brasil, outros fatores motivaram a industrializao no campo.

    No final do sculo XVIII e nas primeiras dcadas do sculo XIX, a minerao entrou em crise, ao mesmo tempo em que a economia colonial se reorganizou com base na grande lavoura mercantil exportadora, dando origem ao renascimento agrcola. O caf, o algodo, o cacau, o tabaco e o arroz foram os principais atores. O desenvolvimento da mecanizao foi uma das boas consequncias.

    A Mquina Agrcola nos Dias de Hoje

    Partimos do revolucionrio arado de ferro com trao animal para chegar s mais modernas plantadeiras e colheitadeiras, controladas por comando eletrnico e digital. medida que a mquina foi se aperfeioando e aumentando seu desempenho, maior foi sua ao agressiva natureza. Eis o grande PARADOXO! o grande desafio dos tcnicos.

    Cabe s geraes atuais e futuras desconstruir este paradigma. A cincia certamente tem caminhos mais adequados, mas cabe aos homens assimilar esta realidade.

    Fonte: https://www.google.com.br/.

  • Captulo iii - origem da oCupao daS terraS peloS HomenS

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    Amrica

    Numa matria interessante de Zero Hora em Planeta Cincias, de 21 de agosto de 2015, sob o ttulo, Como chegamos Amrica?, o jornalista Guilherme Justino expe algumas hipteses sobre o tema, com base em dados obtidos de fontes de renomados cientistas, entre eles, geneticistas, pesquisadores da UFRGS, como o Prof. Francisco Salzano, a Profa. Maria Catira Bortolini, alm da Profa. Maria Luiza Petzel-Erler da Universidade Federal do Paran e da Profa.Tabita Hnemeier, da USP.

    At ento, os conhecimentos de histria, de antropologia, de paleontologia e de geografia nos davam como parmetro que os atuais povos da Amrica seriam oriundos somente da sia, atravs do Estreito de Bering. No entanto, estudos atuais mostram que, geograficamente, possvel esta origem ser tambm de outras regies do mundo.

    A introduo de estudos genticos neste caminho cientfico, especialmente, o estudo do genoma dos ndios brasileiro revelou semelhanas com aborgenes da Austrlia, da Papua Nova Guin, da Austromelansia.

    O texto de Zero Hora ainda afirma: O parentesco fica ainda mais claro nas feies das populaes indgenas da Amaznia e do cerrado brasileiro. Pesquisas anteriores envolvendo a morfologia de crnios encontrados no continente j haviam apontado algumas semelhanas entre o povo de Luzia e o austromelanesios, mas nunca antes qualquer sinal gentico fora detectado.

    O resultado que obtivemos nos surpreendeu muito, pois no havia nenhum indcio gentico anterior que apontasse nessa direo de uma populao povoadora da Amrica vinda do sudeste da sia afirma a professora da Universidade de So Paulo (USP) Tbita Hnemeier.

    Estes povos, que so a matriz gentica de nosso povo da Amrica Latina, evidenciam a complexidade da formao dos povos da Amrica, seus costumes, suas crenas, suas primitivas prticas agrcolas.

    Meu nome Juan. Este meu nome para morrer. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Inca.

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    Poucas vezes nos atentamos para o grau de influncia que as plantas exercem na cultura humana. Nomes como Marco Polo, Simbad, Cristvo Colombo, Pedro lvares Cabral e Vasco da Gama so lembrados, tanto na Literatura, quanto na Geografia e na Histria, como homens que se aventuraram em terras distantes, redesenharam o mapa-mndi, descreveram homens de costumes exticos e viram criaturas fantsticas. Nem sempre nos lembramos que todos estes personagens, fossem ficcionais ou histricos, tinham como grande motivador, a busca pelas desejadas especiarias. No obstante, o aparente uso frugal que tais condimentos tinham na alimentao, o homem do Renascimento no mediu esforos para conseguir dispor em sua mesa e despensa estas sementes, frutos, verduras, legumes, cascas, polpas, razes, rizomas, bulbos, tubrculos, talos, gros, resinas, folhas, ervas e bagos conhecidos como especiarias (Revista Brasileira de Pesquisa em Alimentos, Campo Mouro (PR), v.2, n.1, p.11-16, jan./jun., 2011. 11 REBRAPA A AMRICA CONQUISTA O MUNDO: UMA HISTRIA DA DISSEMINAO DAS ESPECIARIAS AMERICANAS A PARTIR DAS VIAGENS MARTIMAS DO SCULO XVI - Fabiano Bracht*; Gisele Cristina da Conceio; Christan Fausto Moraes dos Santos. UEM - Universidade Estadual de Maring, Maring, PR.

    Eram povos nmades que j traziam consigo cultivares oriundos do seu nicho de origem; assim como animais domesticados por eles ao longo dos sculos. Cada cultivar ou grupo de cultivar tem sua origem em locais diversos.

    Segundo a pesquisa dos professores acima citados, esses deslocamentos, principalmente, da Austrlia e da Austromelansia datam de 20.000 anos a.C.

    O milho, por exemplo, era consumido h 5.000 a.C. na Amrica. Ser que no foi trazido pela migrao destes povos? O arroz veio do oriente; o trigo, dos povos mediterrneos. medida que passavam pelos diversos locais, os povos nmades implantavam suas culturas, que eram aprimoradas por aqueles que ficavam. Assim nasceu e desenvolveu-se a agricultura nas diversas partes do mundo.

    Na Amrica no foi diferente.

    Os povos aqui existentes, com uma cultura prpria, muitas vezes, com tecnologias bem superiores em alguns setores da prtica agrcola, foram atropelados pelos invasores europeus. Foi uma ao intempestiva, uma ruptura no desenvolvimento humano destes povos americanos.

    A ganncia pela conquista, a volpia da pregao religiosa destruram civilizaes maravilhosas, culturalmente ingnuas, mas de enorme dimenso para humanidade.

    Segundo alguns autores, com o incio da revoluo cientfica, a humanidade comea a conquistar a Amrica e os oceanos. O planeta inteiro passa a ser um nico palco histrico.

    Veja os principais atores desta epopeia histrica.

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    Em torno de 1498, portanto, antes do descobrimento do Brasil, os reis catlicos da Espanha, Isabel e Fernando, j promoviam grandes expedies martimas em busca de novas terras.

    Isabel nasceu em 22 de abril de 1451. Fernando, em 10 de maro de 1452. Na poca, ainda no existia um pas chamado Espanha. O territrio espanhol era dividido em vrios reinos. O pai de Isabel era rei de Castela, localizada na regio central. O pai de Fernando era rei de Arago, no nordeste da Espanha atual. Em 1469, Fernando e Isabel casaram.

    Isabel herdou o trono de Castela em 1474. Seus direitos foram contestados pelo rei Afonso V de Portugal. Aps uma guerra que durou at 1479, Isabel foi reconhecida como rainha. No mesmo ano, Fernando se tornou rei de Arago. Unidos, os dois reinos deram incio formao da Espanha moderna. (Fernando e Isabel. In Britannica Escola Online. Enciclopdia Escolar Britannica, 2015. Web, 2015. Disponvel em: http://escola.britannica.com.br/article/481269/Fernando-e-Isabel. Acesso em 18 de junho de 2015).

    Cristvo Colombo, grande navegador Genovs - cuja vida contm muitas incertezas e obscuridades promovidas por ele prprio e pelo filho Fernando, que ocultou ou evitou certas passagens da vida do pai, - a mando destes reis, foi procura de novas terras para a expanso do Imprio Espanhol. Financiado pela Coroa Espanhola, encontrou uma enorme poro de terras que no haviam sido exploradas, a oeste da Europa.

    Em seu Livro, O Espelho Enterrado, Carlos Fuentes, citando o autor mexicano Edmundo OGorman, comenta que a Amrica no foi descoberta: foi inventada. Foi inventada pela Europa, porque era necessria imaginao e ao desejo dos europeus. Tinha de haver um lugar feliz, a restaurao de uma Idade de Ouro, onde o homem vivesse conforme as leis da natureza. Em suas cartas Rainha Isabel, Colombo descreveu o continente descoberto comparando-o a um paraso terrestre.

    No entanto, acreditou que afinal descobrira o mundo antigo do Catai e do Cipango, imprios da China e do Japo.

    Amrico Vespcio, explorador florentino, foi o primeiro europeu a dizer que o nosso continente, na realidade, era o novo mundo; por isso, merecemos seu nome. Foi ele quem enraizou a ideia da Amrica como utopia. A utopia, para Vespcio, estava aqui e era uma sociedade cujos habitantes viviam comunitariamente e desprezavam o ouro: O povo vive de acordo com a natureza, escreveu Vespcio em seu Mundus Novus, em 1503. No possui propriedade; em vez disso, todas as coisas se desfrutam comunitariamente.

    Fico encantado com esta descrio do autor e, especialmente, com a viso de Vespcio. No entanto, na Amrica espanhola, crimes horrendos foram cometidos pelos colonizadores depois de Vespcio. Crimes contra seus habitantes e contra a natureza at ento intacta e respeitada pelos americanos. Os verdadeiros donos da terra foram desalojados, mortos, vilipendiados.

    http://escola.britannica.com.br/article/481269/Fernando-e-Isabelhttp://escola.britannica.com.br/article/481269/Fernando-e-Isabelhttp://escola.britannica.com.br/article/481269/Fernando-e-Isabelhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Colombo
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    Ainda, no Livro O Espelho Enterrado, na pg. 119, Carlos Fuentes refere-se ao Rei Inca Atahualpa: Confiando demasiadamente nos espanhis e, acreditando, talvez, na sua prpria imortalidade, Atahualpa aproximou-se da localidade de Cajamarca, desarmado. Ao que se disse, no pode resistir beleza e novidade dos cavalos. Francisco de Jerez, atuando como secretrio de Pizzarro (que era iletrado), deixou-nos impressionante retrato do imperador ndio: Atahualpa era um homem de trinta anos, bem apessoado e bem disposto, um tanto corpulento, com o rosto grande, bonito e feroz, olhos rtilos de sangue. Ele discutia com vivacidade Era um homem alegre, embora spero.

    Quando Atahualpa aproximou-se de Pizarro, os espanhis saram correndo das casas onde haviam se escondido. Perplexos, os ndios da comitiva, surpreendidos, tentaram proteger o Inca, mas os espanhis cortaram-lhes as mos, enquanto sustinham a liteira de Atahualpa.

    Nenhum dos soldados espanhis foi morto ou sequer ferido...

    Para resgate de sua liberdade, o imperador capturado ofereceu a Pizzaro ouro suficiente para encher uma grande sala at a altura que ele pudesse alcanar Quanto ao Atahualpa, a promessa de Pizarro de libert-lo nunca foi cumprida. Prisioneiro, foi lhe dada somente a oportunidade de escolher entre ser queimado vivo como pago ou converter-se ao cristianismo e ser estrangulado. Preferiu o batismo. Diz-se que suas ltimas palavras foram: Meu nome Juan. Este meu nome para morrer

    Fernan Cortez no Mxico e Francisco Pizzaro no Peru foram alm dos limites da crueldade e da desumanidade, a ponto de serem repreendidos e desautorizados pela Rainha Isabel.

    O desdobre desses acontecimentos na agricultura.

    Principalmente no Mxico, a tomada (distribuio?) das terras foi feita de forma esdrxula e desproporcional. O que chamavam de encomienda, primeiramente em Cuba e depois no Mxico, era um descalabro jurdico, socialmente injusto. Alis, a questo da legtima propriedade da riqueza da Amrica espanhola no foi resolvida. Estas encomiendas geraram as grandes propriedades rurais improdutivas e socialmente injustas.

    No Mxico, entre os frades que tentavam proteger os indgenas, o franciscano Vasco de Quiroga (1530) discpulo de Tomas Morus (Utopia) - quis implantar a forma de propriedade comunal, a jornada de trabalho de seis horas para os ndios e a distribuio equitativa do produto do trabalho.

    Nada disso prosperou. As comunidades rurais foram se dividindo, fruto da disputa de terras entre indgenas e mestios descendentes de espanhis.

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    A economia rural, diante destas adversidades, gerou o grande domnio territorial chamado de hacienda, que sucedeu a incomienda. Mesmo socialmente injusta, continuava sob o controle dos frades.

    O sistema hacienda foi a matriz socioeconmica que gerou a formao da grande propriedade rural nas principais regies da Amrica Espanhola.

    Carlos Fuentes, no livro, O Espelho Enterrado, pg. 135, citando Charles Gibson, autor do livro, Espanha na Amrica, comenta:

    Terras que, originalmente, foram outorgadas em extenses relativamente pequenas foram logo adquiridas pelos especuladores coloniais e vendidas vrias vezes antes de adquirirem a forma atual de hacienda(...)

    ()Este fenmeno se prolongou ao longo dos sculos, da administrao colonial s republicanas, e tambm serviu como base ao desempenho, pela Amrica Latina, do seu papel internacional como provedora de matrias-primas e importadores de capitais e manufaturados. Revelou tambm as fezes da corrupo poltica sobre a qual se fundou todo o sistema econmico e a hipocrisia moral, que, pelo deslocamento do trabalho para a terra, permitiu at mesmo que a Igreja abandonasse as fantasias utpicas e adquirisse vastas propriedades, como fundamento de seu poder poltico e econmico verdadeiro.

    Tambm na Amrica do Sul, especialmente na Argentina, a formao da propriedade rural est ligada a este formato de ocupao do solo.

    Brasil

    Ainda na escola primria do Grupo Escolar de Arvorezinha, ouvamos com muita ateno o que nos falava a profe Dona Diva Sabedotti Fornari, grande e saudosa mestra.

    Pedro lvares Cabral, o descobridor aureolado como heri, o grande descobridor de nosso Brasil. Sem o tal feito, no existiramos. Depois soube-se que Pedro era tambm grande em tamanho, pois tinha quase 2 metros de altura.

    Na primeira missa, a cruz foi feita com uma rvore de pau-brasil. Significativo, esse primeiro corte de rvore. Os ndios, nus e ingnuos, logo foram explorados e escravizados pelos poderosos brancos.

    Mas, enfim, tal cidado portugus merece nosso respeito e admirao pelos seus conhecimentos e coragem como navegador numa poca em que as tcnicas de navegao eram, no mnimo, precrias. Os navios ou barquinhos com os quais arriscavam cruzar o Atlntico e outros mares eram magistralmente conduzidos.

    A Wikipdia, enciclopdia livre que a Profe no dispunha naquela poca 1948 a 1950 - nos ajuda a conhecer um pouco melhor esse senhor.

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    Pedro lvares Cabral[A] (Belmonte, 1467 ou 1468 Santarm, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador eexplorador portugus, creditado como o descobridor do Brasil. Realizou a primeira explorao significativa da costa nordeste da Amrica do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma famlia nobre, radicada num provncia do interior e que recebeu uma boa educao formal.

    Foi nomeado para chefiar uma expedio ndia, em 1500, seguindo a rota recm-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a frica. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relaes comerciais na ndia contornando o monoplio sobre o comrcio de especiarias, ento nas mos de comerciantes rabes, turcos e italianos. No entanto, sua frota, de 13 navios, afastou-se bastante da costa africana, talvez intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou tratar-se de uma grande ilha qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz), a que Pro Vaz de Caminha faz referncia. Explorou o litoral e percebeu que a grande massa de terra era provavelmente um continente. Despachou em seguida um navio para notificar o rei Manuel I da descoberta das terras. Como o novo territrio se encontrava dentro do hemisfrio portugus de acordo com oTratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa. Havia desembarcado na Amrica do Sul, e as terras que havia reivindicado para o Reino de Portugal, mais tarde constituiriam o Brasil. A frota reabasteceu-se e continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo ndia.

    Nessa mesma expedio, uma tempestade no Atlntico Sul provocou a perda de sete navios. As seis embarcaes restantes encontraram-se eventualmente no Canal de Moambique antes de prosseguirem para Calecute, na ndia. Cabral, inicialmente, obteve sucesso na negociao dos direitos de comercializao das especiarias, mas os comerciantes rabes consideraram o negcio portugus uma ameaa ao monoplio deles e provocaram um ataque de muulmanos e de hindus ao entreposto portugus. Os portugueses sofreram vrias baixas e suas instalaes foram destrudas. Cabral vingou-se do ataque, saqueando e queimando a frota rabe e, em seguida, bombardeou a cidade em represlia incapacidade de seu governante, de explicar o ocorrido. De Calecute, a expedio rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com o governante e carregou seus navios com as cobiadas especiarias, antes de retornar Europa. Apesar da perda de vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi considerada um sucesso aps o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinrios resultantes da venda das especiarias reforaram as finanas da Coroa Portuguesa e ajudaram a lanar as bases de um Imprio Portugus, que se estenderia das Amricas ao Extremo Oriente.[B]

    Mais tarde, possivelmente por causa de uma desavena com Manuel I, Cabral foi preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presena mais robusta na ndia. Tendo perdido a preferncia do rei, aposentou-se da vida pblica, havendo poucos registros da parte final de sua vida. Suas realizaes caram no esquecimento por mais de 300 anos. Algumas dcadas depois da independncia do Brasil de Portugal, no sculo XIX, a reputao de Cabral comeou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II do Brasil. Desde ento, os historiadores tm discutido se Cabral foi o descobridor do Brasil e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira dvida foi resolvida pela observao de que os poucos encontros superficiais feitos por exploradores antes dele mal foram notados e em nada contriburam para o futuro desenvolvimento e a histria da terra que se tornaria o Brasil, nica nao das Amricas onde a lngua oficial o portugus. Quanto segunda questo, nenhum consenso definitivo foi formado e a hiptese de descoberta intencional carece de provas slidas. No obstante, embora seu prestgio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da poca, Cabral hoje considerado uma das personalidades mais importantes da Era dos Descobrimentos. (Fonte: wikipedia.com.br)

    https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_lvares_Cabral#endnote_notabene_Anonehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Belmonte_(Portugal)https://pt.wikipedia.org/wiki/1467https://pt.wikipedia.org/wiki/1468https://pt.wikipedia.org/wiki/Santarm_(Portugal)https://pt.wikipedia.org/wiki/Circahttps://pt.wikipedia.org/wiki/1520https://pt.wikipedia.org/wiki/Fidalgohttps://pt.wikipedia.org/wiki/Comandantehttps://pt.wikipedia.org/wiki/Exploradorhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Portugueseshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Descobrimento_do_Brasilhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Amrica_do_Sulhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Imprio_Portugushttps://pt.wikipedia.org/wiki/ndiahttps://pt.wiki