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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 668 Outubro de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Hugo chega aos 96 anos em plena atividade Nascido em 1913, Hugo Gonçal- ves (fotos), que todos nós admiramos e estimamos muito, comemora no dia 3 de outubro 96 anos de idade, a que chega com saúde e dotado de plena lucidez, como a mostrar que uma existência dedicada ao bem e destituída de vícios pode prolongar- se, com saúde, por muito tempo. Diante de uma data tão impor- tante, a equipe de redação deste jor- nal não poderia ficar de braços cru- zados. Esta reportagem, que marca a página de abertura da edição de ou- tubro, é, por isso mesmo, inteiramen- te dedicada ao querido amigo, que é mais que um simples fundador e di- retor deste periódico, mas é também sua alma, sua mente, seu coração. Fundado em 1953, quando Hugo mal havia completado 40 anos de idade, este jornal levou a notícia do seu extenso trabalho a todos os re- cantos, de tal modo que, onde esti- vermos, se falarmos no nome do Hugo a lembrança do jornal vem à mente, e a mesma coisa se dá se fa- larmos no nome d´ O Imortal. Nos textos adiante reproduzidos vamos mostrar três aspectos da vida do Hugo, e serão apenas três aspec- tos porque uma página seria insufi- ciente para falar de tudo o que ele representa para o movimento espí- rita de nossa região e do nosso país. O primeiro texto, extraído de uma entrevista concedida em 2005 à nossa colaboradora Elza Guapo, diz respeito a ele mesmo, trata de aspectos pessoais de sua vida. Os outros dois dizem respeito ao jor- nal O Imortal, à sua origem e às dificuldades dos primeiros tempos. “Sinto-me como um jovem que nada fez até agora” À companheira Elza Guapo, autora das perguntas, Hugo deu as respostas que se seguem. Lembre- mo-nos de que elas foram ditas quatro anos atrás: - O senhor é um exemplo para todos os espíritas de nossa região, pelos anos de vivência na Doutri- Aiglon Fasolo ......................... 6 Crônicas de Além-Mar ......... 12 De coração para coração ........ 4 Dermeval Carinhana Junior ... 3 Divaldo responde ................. 15 Editorial .................................. 2 Emmanuel ............................... 2 Entrevista com Valci Silva ... 16 Espiritismo para as crianças .. 14 Estudando a série André Luiz .. 5 Eugênia Pickina .................... 12 Grandes vultos do Espiritismo . 7 Histórias que nos ensinam ... 13 Jane Martins Vilela ............... 15 Joanna de Ângelis .................. 2 José Soares Cardoso ............. 13 José Viana Gonçalves ........... 13 Palestras, seminários e outros eventos .................... 11 Passamento ........................... 13 Rogério Coelho .......... 8, 9 e 10 na Espírita e pelos seus exemplos. Como se sente ao completar 92 anos? “Eu me sinto ainda como um jovem que nada fez até agora, ansioso por realizar alguma coisa. Gostaria de já ter realizado, mas sinto que ainda há muito por fazer.” - Quantos anos o senhor tem de Doutrina Espírita? “Nasci em berço espírita. Quem me pegou, me deu os primeiros tapas ao nascer, foi Cairbar Schutel. Eu tive esta felicidade de ter nascido pelas mãos dele. Ele foi para mim um grande mes- tre e um grande amigo, além de um pai. Sou espírita, portanto, há 92 anos.” - O que mais o emociona ou emocionou em sua vida, tão cheia de fatos marcantes? “Duas datas foram marcantes para mim: o dia do meu casamento com Dul- ce e o dia em que eu recebi a primeira mensagem dela depois de desencarna- da. Esta mensagem me trouxe muita força, muita coragem, orientações que ela me passou, conselhos, estímulo para continuar vivendo. Ela foi uma grande companheira, não foi uma esposa, foi uma namorada. Nós tivemos 70 anos de namoro, graças a Deus.” - O senhor gostaria de comen- tar alguma coisa sobre o dia de seu casamento? “Lembro-me dele como se fosse hoje. Casamo-nos no dia 21 de setem- bro, dia da árvore, em Matão, a cidade onde eu nasci, cresci, fiquei bobo e ca- Um dia, fomos a Curitiba, Luiz Picinin e eu. Estávamos visitando uma ala nova no Hospital Bom Retiro, jun- to com o presidente da Federação, o Sr. João Ghignone. Passávamos em- baixo de uma mangueira, ali havia um monte de ferro no chão e um caixote. Estão vendo isso aí? É uma máquina que imprimiu o primeiro número de “O Mundo Espírita”, disse João Ghignone. – Eu falei: Mas jogada aqui? – Ah! Nós já temos outras máqui- nas. Essa aí não tem valor nenhum. Se vocês quiserem levar, podem levar. Eu vou levar isso o quê! Nem pensei, fui embora. Um dia ele mandou um caminhão com um monte de coisa de lá para cá. Fez limpeza no quintal e mandou a máquina junto. Um monte de ferro e um caixote cheio de tinta, tudo empastelado, enferrujado.” Foi com aquele equipamento rudimentar, graças à boa vontade de Dalci Guimarães, um baiano de Vi- tória da Conquista, que o montou, dando início, dessa forma, à gráfi- ca do Lar Infantil Marília Barbosa, que O Imortal pôde ser impresso em oficina própria, a partir de 1955. Ainda nesta edição A festa de aniversário será dia 3 de outubro, um dia que nos traz à lembrança a data de nascimento de Kardec, o Codificador do Espiritismo sei... (risos) Isso foi em 1935, na pre- sença de Cairbar Schutel, que foi quem fez o discurso, me estimulou muito, me mostrando a nova caminhada que inici- ávamos naquele momento. Foram be- las palavras que me marcaram até hoje.” - O senhor ainda lê muito? O que tem lido? Faz palestras? Viaja a con- vite de outros Centros Espíritas? “Eu leio tudo, sempre gostei de ler, sempre fui curioso. Não sei dormir sem antes ler alguma coisa. Leio aqui- lo que é bom. Coisas que não me inte- ressam, que dizem respeito só à vida material, eu evito, mas há coisas des- ta vida material que precisamos saber, então eu leio tudo e procuro fazer como recomenda o apóstolo Paulo: ler tudo e abraçar o que é bom.” Como nasceu a ideia do jornal O Imortal nasceu numa conver- sa entre mim e Luiz Picinin” – conta Hugo Gonçalves. “No ano em que vim para o Lar Infantil Marília Barbosa, em 1953, nós já tínhamos criado a aula de Evangelização Infantil, que não existia antes. Já tínhamos criado o programa radiofônico espírita. Faltava alguma coi- sa. Estávamos conversando e Picinin perguntou: ‘E se nós fundássemos um jornal?’ Da- quela pergunta nasceu o jor- nal. No dia seguinte os arti- gos estavam prontos. Levei a uma gráfica aqui na cidade mesmo. Imprimiu mal. Vinha a pro- va, corrigia; levava de volta, saía com os mesmos erros. Foi uma luta muito grande. Ele começou a circular no dia 25 de dezembro de 1953.” As dificuldades dos primeiros tempos Antes de ser impresso nas oficinas da Folha de Londrina, o que vem ocor- rendo há 26 anos, O Imortal foi im- presso numa gráfica de Cambé e de- pois na própria gráfica do Lar Infantil Marília Barbosa, pelo antigo método de composição usual em todas as tipogra- fias antes do advento das máquinas de ofsete. As dificuldades eram, como se vê, muito grandes, como Hugo explica no depoimento seguinte: “O jornal estava sendo impresso numa gráfica estranha. Ia pensando um dia poder fazer o jornal. Mas como fazer? A despesa era muito grande, a renda quase nenhuma. Hugo comemorando Hugo falando Hugo cantando

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 668 Outubro de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Hugo chega aos 96 anos em plena atividadeNascido em 1913, Hugo Gonçal-

ves (fotos), que todos nós admiramose estimamos muito, comemora nodia 3 de outubro 96 anos de idade, aque chega com saúde e dotado deplena lucidez, como a mostrar queuma existência dedicada ao bem edestituída de vícios pode prolongar-se, com saúde, por muito tempo.

Diante de uma data tão impor-tante, a equipe de redação deste jor-nal não poderia ficar de braços cru-zados. Esta reportagem, que marcaa página de abertura da edição de ou-tubro, é, por isso mesmo, inteiramen-te dedicada ao querido amigo, que émais que um simples fundador e di-retor deste periódico, mas é tambémsua alma, sua mente, seu coração.

Fundado em 1953, quando Hugomal havia completado 40 anos deidade, este jornal levou a notícia doseu extenso trabalho a todos os re-cantos, de tal modo que, onde esti-vermos, se falarmos no nome doHugo a lembrança do jornal vem àmente, e a mesma coisa se dá se fa-larmos no nome d´ O Imortal.

Nos textos adiante reproduzidosvamos mostrar três aspectos da vidado Hugo, e serão apenas três aspec-tos porque uma página seria insufi-ciente para falar de tudo o que elerepresenta para o movimento espí-rita de nossa região e do nosso país.

O primeiro texto, extraído deuma entrevista concedida em 2005à nossa colaboradora Elza Guapo,diz respeito a ele mesmo, trata deaspectos pessoais de sua vida. Osoutros dois dizem respeito ao jor-nal O Imortal, à sua origem e àsdificuldades dos primeiros tempos.

“Sinto-me como um jovemque nada fez até agora”

À companheira Elza Guapo,autora das perguntas, Hugo deu asrespostas que se seguem. Lembre-mo-nos de que elas foram ditasquatro anos atrás:

- O senhor é um exemplo paratodos os espíritas de nossa região,pelos anos de vivência na Doutri-

Aiglon Fasolo ......................... 6Crônicas de Além-Mar ......... 12De coração para coração ........ 4Dermeval Carinhana Junior ... 3Divaldo responde ................. 15Editorial .................................. 2Emmanuel ............................... 2Entrevista com Valci Silva ... 16Espiritismo para as crianças .. 14Estudando a série André Luiz .. 5Eugênia Pickina .................... 12Grandes vultos do Espiritismo . 7Histórias que nos ensinam ... 13Jane Martins Vilela ............... 15Joanna de Ângelis .................. 2José Soares Cardoso ............. 13José Viana Gonçalves ........... 13Palestras, semináriose outros eventos .................... 11Passamento ........................... 13Rogério Coelho .......... 8, 9 e 10

na Espírita e pelos seusexemplos. Como se sente aocompletar 92 anos?

“Eu me sinto ainda comoum jovem que nada fez atéagora, ansioso por realizaralguma coisa. Gostaria de játer realizado, mas sinto queainda há muito por fazer.”

- Quantos anos o senhortem de Doutrina Espírita?

“Nasci em berço espírita.Quem me pegou, me deu osprimeiros tapas ao nascer, foiCairbar Schutel. Eu tive estafelicidade de ter nascido pelas mãosdele. Ele foi para mim um grande mes-tre e um grande amigo, além de um pai.Sou espírita, portanto, há 92 anos.”

- O que mais o emociona ouemocionou em sua vida, tão cheiade fatos marcantes?

“Duas datas foram marcantes paramim: o dia do meu casamento com Dul-ce e o dia em que eu recebi a primeiramensagem dela depois de desencarna-da. Esta mensagem me trouxe muitaforça, muita coragem, orientações queela me passou, conselhos, estímulo paracontinuar vivendo. Ela foi uma grandecompanheira, não foi uma esposa, foiuma namorada. Nós tivemos 70 anosde namoro, graças a Deus.”

- O senhor gostaria de comen-tar alguma coisa sobre o dia de seucasamento?

“Lembro-me dele como se fossehoje. Casamo-nos no dia 21 de setem-bro, dia da árvore, em Matão, a cidadeonde eu nasci, cresci, fiquei bobo e ca-

Um dia, fomos a Curitiba, LuizPicinin e eu. Estávamos visitando umaala nova no Hospital Bom Retiro, jun-to com o presidente da Federação, oSr. João Ghignone. Passávamos em-baixo de uma mangueira, ali havia ummonte de ferro no chão e um caixote.

– Estão vendo isso aí? É umamáquina que imprimiu o primeironúmero de “O Mundo Espírita”,disse João Ghignone.

– Eu falei: Mas jogada aqui?– Ah! Nós já temos outras máqui-

nas. Essa aí não tem valor nenhum. Sevocês quiserem levar, podem levar.

Eu vou levar isso o quê! Nempensei, fui embora. Um dia elemandou um caminhão com ummonte de coisa de lá para cá. Fezlimpeza no quintal e mandou amáquina junto. Um monte de ferroe um caixote cheio de tinta, tudoempastelado, enferrujado.”

Foi com aquele equipamentorudimentar, graças à boa vontade deDalci Guimarães, um baiano de Vi-tória da Conquista, que o montou,dando início, dessa forma, à gráfi-ca do Lar Infantil Marília Barbosa,que O Imortal pôde ser impressoem oficina própria, a partir de 1955.

Ainda nesta edição

A festa de aniversário será dia 3 de outubro, um dia que nos traz à lembrança a data de nascimento de Kardec, o Codificador do Espiritismo

sei... (risos) Isso foi em 1935, na pre-sença de Cairbar Schutel, que foi quemfez o discurso, me estimulou muito, memostrando a nova caminhada que inici-ávamos naquele momento. Foram be-las palavras que me marcaram até hoje.”

- O senhor ainda lê muito? O quetem lido? Faz palestras? Viaja a con-vite de outros Centros Espíritas?

“Eu leio tudo, sempre gostei de ler,sempre fui curioso. Não sei dormirsem antes ler alguma coisa. Leio aqui-lo que é bom. Coisas que não me inte-ressam, que dizem respeito só à vidamaterial, eu evito, mas há coisas des-ta vida material que precisamos saber,então eu leio tudo e procuro fazercomo recomenda o apóstolo Paulo: lertudo e abraçar o que é bom.”

Como nasceua ideia do jornal

“O Imortal nasceu numa conver-sa entre mim e Luiz Picinin” – conta

Hugo Gonçalves. “No ano emque vim para o Lar InfantilMarília Barbosa, em 1953,nós já tínhamos criado a aulade Evangelização Infantil, quenão existia antes. Já tínhamoscriado o programa radiofônicoespírita. Faltava alguma coi-sa. Estávamos conversando ePicinin perguntou: ‘E se nósfundássemos um jornal?’ Da-quela pergunta nasceu o jor-nal. No dia seguinte os arti-gos estavam prontos. Levei auma gráfica aqui na cidade

mesmo. Imprimiu mal. Vinha a pro-va, corrigia; levava de volta, saía comos mesmos erros. Foi uma luta muitogrande. Ele começou a circular no dia25 de dezembro de 1953.”

As dificuldades dosprimeiros tempos

Antes de ser impresso nas oficinasda Folha de Londrina, o que vem ocor-rendo há 26 anos, O Imortal foi im-presso numa gráfica de Cambé e de-pois na própria gráfica do Lar InfantilMarília Barbosa, pelo antigo método decomposição usual em todas as tipogra-fias antes do advento das máquinas deofsete. As dificuldades eram, como sevê, muito grandes, como Hugo explicano depoimento seguinte:

“O jornal estava sendo impressonuma gráfica estranha. Ia pensandoum dia poder fazer o jornal. Mascomo fazer? A despesa era muitogrande, a renda quase nenhuma.

Hugo comemorando

Hugo falando Hugo cantando

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O IMORTALPÁGINA 2 OUTUBRO/2009

EditorialEMMANUEL

Cataclismos, mudanças climá-ticas, fome, miséria, violência des-medida, guerras. Há pessoas queveem nisso tudo o final dos tempos.

Jesus, no Sermão Profético, dis-se que haveria, sim, tudo isso, masque ainda esse não seria o fim. Ofim viria depois, viria no tempo emque o Evangelho do Reino passas-se a ser ensinado em todos os luga-res. O final dos tempos, segundo aspalavras de Jesus, corresponderiaassim, no entendimento espírita, àtransformação deste globo em umMundo de Regeneração, e não à suadestruição, como ingenuamenteimaginam certas pessoas.

Quando isso se dará? Ninguémo sabe, disse Jesus, somente o Pai.

O que acontece hoje é que umamultidão imensurável de Espíritosque jaziam nas trevas está tendo aoportunidade de reencarnar paraque tenha a evolução impulsiona-da. Se não aproveitar as oportuni-dades de elevação terá por destinoos mundos inferiores.

Até mesmo a qualidade de nos-sas músicas se ressente desse im-pacto. Daí as monstruosidades noplano da violência que temosvivenciado, com requintes de cru-eldade e de aberrações jamais vis-

A miséria sócio-econômica,que entulha as avenidas do mun-do, mistura-se à de natureza mo-ral, que atulha os edifícios e resi-dências de luxo como os guetos dapromiscuidade libertina.

O que podes fazer, parece-tequase sem sentido ou significação,tão grande e volumoso é o proble-ma. Apesar disso, não te escusesde auxiliar.

Tudo na vida é afinidade e co-munhão, sob as leis magnéticas quelhe presidem os fenômenos.

Tudo gravita em torno dos cen-tros de atração e sustentação de for-ças determinadas e específicas, noplano em que evoluímos para a Or-dem Superior.

A mediunidade não pode igual-mente escapar a semelhantes impo-sitivos.

Almas ignorantes atraem criatu-ras ignorantes.

Doentes afinam-se com doentes.Há entidades espirituais que se

dedicam ao serviço do próximo, emcompanhia daqueles que estimam aprática da beneficência, tanto quan-to existem inteligências desencarna-das que, em desequilíbrio, se devo-tam a lamentáveis alterações datranquilidade alheia, junto das pes-soas indisciplinadas e insubmissas.

Obsessores vivem com quemestima perseguir e vampirizar ecomunicantes irônicos somente en-contram guarida nos companheirosdo sarcasmo.

Eis por que, acima da práticamediúnica, examinada sob qualqueraspecto, situamos o imperativo daeducação em nossos círculos doutri-nários.

Amontoam-se vermes onde secongregam frutos desaproveitadosou apodrecidos, assim como a luz

Regeneração e final dos tempostos. O que sempre aconteceu emponto pequeno parece multiplicar-se entre todos os povos, em todosos segmentos sociais.

Nunca foram revelados aomundo tantas anormalidades noplano da sexualidade, envolvendotodo tipo de gente, de padres a in-telectuais, de criaturas comuns ahomens de Estado. Os crimes con-tra a economia pública, que preju-dicam toda a massa de trabalhado-res, jamais haviam assumido asproporções de corrupção como nosdias atuais. As guerras fratricidascampeiam entre povos que até oalvorecer do 3º Milênio convivi-am em paz e harmonia. As pande-mias se sucedem de alguns anospara cá. Os desastres da natureza,incluindo as consequências doaquecimento global, assustam atodos nós e atingem milhares depessoas.

Nada disso, no entanto, é mo-tivo para medo ou alarme. Sãooportunidades de crescimento. Aexpiação e a prova jamais devemassustar quem detém o conheci-mento espírita. As tragédias sãoocasiões de auxiliar. Se a crençaespírita já faz parte de nós mesmos,então temos o dever de consolar e

socorrer. O adepto do Espiritismoé contemplado com algo – o co-nhecimento espírita – que deve serposto a serviço da humanidade.Mas não se deve propalá-lo irre-fletidamente, causando assim maisdesconforto que consolação, por-que nem todos estão preparadospara certas verdades, como ocorrecom algumas pessoas que não ad-mitem que seu filho imobilizado natetraplegia esteja expiando algumato praticado no passado. Elas pre-ferem, certamente, crer que o fi-lho sofre assim porque Deus o quis.

Agir com bom senso, mas semesconder a verdade, é o caminhodo meio no consolo aos desespe-rados da sorte. Jesus não negou quehaveria tribulações, até mesmo asdetalhou para que isso servisse desinal aos crentes, mas nos deu anotícia consoladora de que, ao che-gar o fim, o mundo conheceria aBoa Nova e haveria, enfim, frater-nidade entre os homens.

Os princípios espíritas hão defazer parte da crença de todos ospovos. Não sabemos sequer se seráainda chamado de Espiritismo, mastemos a certeza que a Doutrina dacaridade será a cartilha pela qual oshomens pautarão seus caminhos.

Um minuto com Joanna de ÂngelisSe não consegues ir à causa do

problema, minimiza-lhe os efei-tos. Desde que não podes erradi-car, de um golpe, a fome, a enfer-midade, a ignorância, contribuicom a tua quota de amor, por mí-nima que seja.

Sempre podes dividir do quepossuis, com aquele que nadatem.

Quando repartes com amor,

Prática mediúnicabrilha onde encontra força ou mate-rial que lhe sirvam de combustíveis.

O médium receberá sempre deacordo com as atitudes que adotapara si mesmo, perante a vida.

Se irado, sintoniza-se com asenergias perturbadas do desespero;se preguiçoso, vive à vontade comos desencarnados ociosos.

Quem deseje crescer para a Es-piritualidade Superior não pode me-nosprezar o alfabeto, o livro, oensinamento e a meditação.

*Mediunidade não é exaltação da

inércia ou da ignorância.O médium, para servir a Jesus

de modo positivo e eficiente, nocampo da Humanidade, precisa afei-çoar-se à instrução, ao conhecimen-to, ao preparo e à própria melhoria,a fim de que se faça filtro de luz epaz, elevação e engrandecimentopara a vida e para o caminho das cri-aturas.

Jesus é o nosso Divino Mestre.Eduquemo-nos com Ele, a fim

de que possamos realmente educar.

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Episódios Diários, doqual foi extraído o texto acima.

multiplicas a esperança, favorecen-do a alegria.

Menos tem, aquele que se negaa doar algo.

Afirma-se que esse gesto deamor gera o paternalismo, promo-ve o vício...

Não têm razão os que assiminformam.

Muitos males e alguns crimessão abortados quando uma atitudede amor interrompe o passo do in-feliz que padece fome, desesperoe dor...

Somente quem aprende a abrira mão, descerra o bolso, terminan-do por oferecer o coração.

Faze o que te esteja ao alcancee a vida fará o resto.

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EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco CândidoXavier e coordenador da obra me-diúnica do saudoso médium minei-ro, é autor, entre outros livros, deMediunidade e Sintonia, do qualfoi extraído o texto acima.

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O IMORTALOUTUBRO/2009 PÁGINA 3

As Associações de Divulgado-res do Espiritismo de São Paulo eCampinas promoveram no dia 6 desetembro de 2009 o 6º SimpósioPaulista de Comunicação SocialEspírita. O evento foi realizado noGrupo de Estudos Espíritas “Casado Caminho”, na cidade de Cam-pinas, e contou com cerca de ses-senta participantes inscritos (fotos).

Idealizado pela primeira vezem 1994, o Simpósio tem por ob-jetivo apresentar e discutir assun-tos que contribuam para o aprimo-ramento da comunicação dasideias espíritas, tanto no meio es-pírita como também na sociedadede maneira geral.

Com o tema “ComunicaçãoSocial Espírita e Educação”, nes-ta sexta edição o evento abordou,sob a óptica espírita, como ambosos processos, comunicação e edu-cação, podem contribuir no escla-recimento da criatura humana. Odesenvolvimento do tema foi rea-lizado em quatro exposições: “Co-municação: A Principal Ferramen-ta da Educação”; “Educação: a Fi-nalidade Nobre da Comunicação”;“Uma proposta educacional cha-mada Espiritismo”; e “Um Apren-diz Chamado Espírito Humano”.

Na primeira exposição do dia,“Comunicação: A Principal Ferra-menta da Educação”, Ivan Fran-zolim destacou que a comunica-ção é tudo e tudo envolve comu-nicação, de modo que a comuni-cação permeia todas as atividadeshumanas. No meio espírita, me-lhorar a comunicação é condiçãoprimeiro de sobrevivência, e de-pois de estratégia para alcançarseus objetivos e resultados. Ivanmostrou ainda a existência de duascomunicações: a superficial e atransformativa. O primeiro casotem como características o monó-logo, a transmissão do que é es-

DERMEVALCARINHANA [email protected]

De Campinas, SP

6º Simpósio Paulista de Comunicação Social Espírita

Espíritos” foi o primeiro marco daunião entre comunicação e educa-ção a serviço do Espiritismo.

“Uma proposta educacional cha-mada Espiritismo” foi o assunto de-senvolvido por Dermeval CarinhanaJr. O ponto central da exposição foimostrar que, apoiando-se em argu-mentos e observações da natureza, oEspiritismo procura dar sentido acoisas que aparentemente não se en-caixam dentro da harmonia do uni-verso que o Homem é capaz de en-tender e observar no mundo materi-al, como a morte, por exemplo. Aofinal, destacou que, para atingir esseobjetivo, o Espiritismo, tal comoapresentado por Allan Kardec, con-ta com duas características básicas:a universalidade e a simplicidade.Pela primeira, o Espiritismo escla-rece que os fenômenos ditos espiri-tuais podem ser observados por to-dos os que deles se interessem, poiseles estão na natureza. Pela segun-da, demonstra que esses fenômenossão simples o suficiente para que to-dos possam compreendê-los.

Por fim, Milton Felipeli apre-sentou o tema “Um Aprendiz Cha-mado Espírito Humano”. Seu des-taque foi para a ideia de que, na Ter-ra, o aspecto educacional do homemobedece rigorosamente às fasesevolutivas do Espírito reencarnado.Nesse sentido, dois aspectosmarcantes devem ser levados emconsideração: o projeto de reencar-nação que cada um realiza e a esco-lha voluntária das provas que o ser

Realizado na cidade de Campinas, evento focalizou o tema “Comunicação Social Espírita e Educação”

deseja cumprir, ao lado das conse-quências naturais que são resultan-tes de causas anteriormente criadas.A finalidade da reencarnação, comoprocesso, é possibilitar a realizaçãode novas experiências no campo doaprendizado. E isso se dá pelas in-fluências que uns promovem sobreoutros. De maneira bastante didáti-ca, Milton ao final concluiu que to-das as experiências são válidas aoaprendizado do Espírito. Por essemotivo, pode-se afirmar que o ho-mem é um grande aprendiz.

A Rádio Espírita de Campinas(www.radioespirita.org.br)

transmitiu ao vivo o Simpósio

Ao final de todas as exposições,houve grande participação dos par-ticipantes. A mediação das questõese comentários endereçados aos ex-positores ficou a cargo de JefersonBetarello, que também conduziu odiálogo final com o público.

Além das exposições, o Simpó-sio contou com uma sessão de pai-néis em que por cerca de duas horasos participantes puderam conheceros trabalhos selecionados pela Co-missão Organizadora que ilustramo papel da Comunicação Social Es-pírita no processo de educação dacriatura humana: “Um exemplo deTV espírita caseira”, apresentadopor Marcia Bonfim, Carlos Garciae Gustavo Montagner; “Como trans-formar informações colhidas emreuniões mediúnicas em material

perado, o uso de temas e exemplosrepetitivos, não há aprofundamentonem propostas, ausência de críticase questionamentos e, por fim, a ên-fase é na informação. A comunica-ção transformativa, por sua vez, émarcada pelos conceitos opostos:tendência ao diálogo, transmissão decoisas novas, elaboração de críticas(educadas) e, o mais importante, aênfase está na educação.

“O Livro dos Espíritos” foi oprimeiro marco da união entre

comunicação e educação aserviço do Espiritismo

Marcus De Mário, com o tema“Educação: a Finalidade Nobre daComunicação”, mostrou que Kardecrealizou o trabalho de estruturaçãodo pensamento espírita levando emconta que estavam sendo apresen-tados à humanidade novos concei-tos, como a imortalidade da alma, areencarnação, a lei de causa e efeitoe tantos outros. Para tanto, foi ne-cessário ser claro, objetivo, lógicoe didático, daí a forma de diálogoescolhida por Kardec, tanto com res-peito aos temas gerais como tambémpara com os específicos. Kardec sa-bia que era fundamental para o su-cesso de seu trabalho provocar aidentificação com o leitor. Em ou-tras palavras, era extremamente im-portante comunicar os novos conhe-cimentos de forma integrada, numcorpo de doutrina. Como conclusão,Marcus lembrou que “O Livro dos

para divulgação espírita”, porSuely Venturini e Leda Vialta;“Formação de um grupo de estu-dos espíritas – o exemplo do Gru-po de Estudos Espíritas deSumaré”, por Ricardo Galdino eRogélio Bonil; e, por fim, “Res-gate histórico: a tradução para oportuguês do último livro escritopor Kardec por Eduardo CarvalhoMonteiro”, por Milton Felipeli.

Participaram do evento represen-tantes ou pessoas ligadas à União dasSociedades Espíritas Intermunicipalde Campinas (USEIC), Associaçãode Divulgadores do Espiritismo deSanta Catarina, Associação Brasileirados Divulgadores do Espiritismo,Centro de Cultura, Documentação ePesquisa do Espiritismo “EduardoCarvalho Monteiro”, Federação Es-pírita do Estado de São Paulo, Jor-nal “Correio Fraterno”, “Revista Es-pírita Harmonia”, Jornal “Desperta-dor”, Programa de TV “A Vida Con-tinua”, canal 8 da NET Campinas,União das Sociedades EspíritasDistrital de Pinheiros e da cidade dePirituba, e de espíritas das cidadesde Campinas, São Paulo, Rio Claro,Sumaré, Cosmópolis, entre outras.

O Simpósio contou ainda coma transmissão ao vivo pela RádioEspírita de Campinas (www.radioespirita.org.br) e pela TV Espíritade Campinas (www.tvespirita.org.br), além do apoio da RádioBoa Nova de Guarulhos. As apre-sentações e resumos elaboradospelos expositores estão disponí-veis no site do Simpósio,www.simposio2009.adecampinas.org.br, que em breve também dis-ponibilizará as gravações emvídeo das exposições.

Flagrante da plenária final do evento Aspecto parcial do público presente

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O IMORTALPÁGINA 4 OUTUBRO/2009

De coração para coração

Um dos meus irmãos consanguíne-os mais queridos, que desencarnou emCuritiba dez anos atrás, foi durante cer-to tempo entusiasta das ideias do Dr.José Lacerda acerca da apometria, umtermo que poucos conheciam àquelaépoca e que, obviamente, não suscita-va as discussões que hoje se tornaramfrequentes no meio espírita.

Passando alguns dias em sua casa,o que era então muito comum em facedos meus compromissos profissionais,pude ler o que, segundo meu irmão, eraa obra mais importante do Dr. Lacerdaacerca do assunto. A leitura exigiu pou-cas horas, mas me deixou intrigado por-que a ritualística então sugerida feriaum dos princípios conhecidos da prá-tica espírita, que é a completa ausên-cia de rituais. Minha estranheza inicialdecorria do fato de que, no tocante aotema desobsessão, além de todas asobras que falam com profundidade so-bre o método e a finalidade da práticaespírita, ninguém pode ignorar a sin-geleza do que Kardec escreveu, primei-ro na Revista Espírita, depois em OEvangelho segundo o Espiritismo, cap.28, itens 81 e seguintes.

A metodologia espírita, exposta alipelo Codificador, é por demais simplese pode ser resumida num conceito co-nhecido: - Não se resolve o problemada obsessão sem cuidarmos do agentee do paciente. A proposta exorcista, tãocomum em certa época no meio católi-co e no seio das igrejas protestantes, éabsolutamente ineficaz, como ineficazé a prática umbandista quando preten-da tão-somente o afastamento dos liti-gantes.

Sintetizando o que inúmeros auto-res já escreveram, Suely CaldasSchubert nos diz em sua obra Obses-são/Desobsessão (1ª Parte, cap. 14,págs. 76 e 77) que para atendermos aoobsidiado é necessário socorrer simul-taneamente toda a falange de algozesque o cerca. Aos poucos essas entida-des menos felizes são atraídas para areunião de desobsessão, de tal modoque, quando o chefe da turba se comu-nica, quase todos os seus prepostos jáforam atendidos e encaminhados.Obsessor e obsidiado são criaturas en-fermas e, como tal, merecem o carinho

e a atenção dos que se dedicam a essemister. Se estes ingredientes faltaremà prática desobsessiva, estaremos di-ante de outra coisa, mas não do Espiri-tismo codificado por Kardec.

*Eis o que o conhecido confrade

Divaldo Franco disse sobre a Apome-tria, em palestra proferida em agostode 2001, conforme registrado pelo pro-grama Presença Espírita da Rádio BoaNova, disponível em http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=91 na internet:

“O médico carioca residente emPorto Alegre Dr. José Lacerda desde osanos 50, espírita que era então, come-çou a realizar numa pequena sala doHospital Espírita de Porto Alegre, cha-mada A Casa do Jardim, atividadesmediúnicas normais. Com o tempo elerecebeu instruções dos Espíritos e rea-lizou investigações pessoais que desa-guaram em um movimento ao qual eledeu o nome de Apometria.

Não irei entrar no mérito nem noestudo da apometria porque eu não souapômetra, eu sou espírita. O que possodizer é que a apometria, segundo osapômetras, não é Espiritismo, porquan-to as suas práticas estão em total desa-cordo com as recomendações de O Li-vro dos Médiuns.

Não examinaremos aqui o méritoou demérito porque eu não pratico aapometria, mas segundo os livros quetêm sido publicados, a apometria, se-gundo a presunção de alguns, é umpasso avançado do movimento espíri-ta no qual Allan Kardec estaria ultra-passado. Allan Kardec foi a propostapara o século XIX e para parte do sé-culo XX e a apometria é o degrau maisevoluído no qual Allan Kardec encon-tra-se totalmente ultrapassado – tesecom a qual, na condição de espírita, eunão concordo em absoluto.

Na prática e nos métodos de liberta-ção dos obsessores, a violência que di-tos métodos apresentam, a mim, a mimpessoalmente, me parece tão chocanteque faz recordar-me da lei de Talião queMoisés suavizou com o código legal eque Jesus sublimou através do amor.

Quando as entidades são rebeldes,os doutrinadores, depois de realizarem

uma contagem cabalística ou de teremo gestual muito específico, expulsampela violência esse Espírito para omagma da Terra, a substância ainda emebulição do nosso planeta.

Colocam-no em cápsulas espaciaise o disparam para o mundo daerraticidade. Não iremos examinar aquestão esdrúxula desse comportamen-to, mas se eu, na condição de Espíritoimperfeito que sou, chegasse desespe-rado num lugar pedindo misericórdiae apoio na minha loucura, e outrem, omeu próximo, me exilasse para omagma da Terra, para eu experimentara dureza de um inferno mitológico ouser desintegrado, eu renegaria aqueleDeus que inspirou esse adversário dacompaixão.

Ou se me mandasse numa cápsulaespacial para que fosse expulso da Ter-ra. Com qual autoridade? Quando Jesusdisse que o seu reino é dos miseráveis.

Na parábola do Festim de Bodas,ele manda buscar os mendigos, aque-les que estão nos lugares escabrosos jáque os eleitos recusaram e mataram osseus embaixadores.

A Doutrina Espírita centraliza-seno amor e todas essas práticas novas,das mentalizações, das correntesmentomagnéticas, psicotelérgicas, paranós espíritas merecem todo respeito,mas não têm nada a ver com Espiritis-mo. Seria o mesmo que as práticas daTerapia de Existências Passadas nós re-alizarmos dentro da casa espírita ou dacromoterapia ou da cristalterapia, fu-gindo totalmente da nossa finalidade.

A Casa Espírita não é uma clínicaalternativa, não é lugar onde toda ex-periência nova vai colocada em exe-cução.

Tenho certeza de que aqueles queadotam esses métodos novos, primei-ro, não conhecem as bases kardequia-nas e, ao conhecerem-nas, nunca asvivenciaram para terem certeza. Issoseria desmentir todo o material revela-do pelo mundo espiritual nestes 144anos de codificação, no Brasil e nomundo, pela mediunidade incompará-vel de Chico Xavier, as informaçõesque vieram por esse médium ímpar,pela notável Yvonne do Amaral Perei-ra, por Zilda Gama, por tantos médiuns

Apometria não é EspiritismoASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

nobres conhecidos e nobres desconhe-cidos no seu trabalho de socorro.

Então se alguém prefere a apome-tria, divorcie-se do Espiritismo. É umdireito! Mas não misture para não con-fundir. A nossa tarefa é de iluminar, nãoé de eliminar. O Espírito mau, perver-so, cruel, é nosso irmão na ignorância.

Poderia haver alguém mais crueldo que o jovem Saulo de Tarso? Elehavia assassinado Estêvão a pedradas,havia assassinado outros, e foi a Da-masco para assassinar Ananias. Jesusnão o colocou numa cápsula espacial eo disparou para o infinito. Apareceu aele! Conquistou-o pelo amor: “Saulo,Saulo, por que me persegues?” Podehaver maior ternura nisso? E ele toma-do de espanto perguntou: “Que é isto?”“ – Eu sou Jesus, aquele a quem per-segues”. E ele então caiu em si.

Emmanuel usa esta frase: E cain-do em si, quer dizer aquela capa do egocedeu lugar ao encontro com o ser pro-fundo, caindo em si. Ele despertou, egraças a ele nós conhecemos Jesus pelasua palavra, pelas suas lutas, pelo altopreço que pagou, apedrejado váriasvezes até ser considerado morto, joga-do por detrás dos muros nos lugares do

lixo, dos dejetos ele foi resgatado pe-los amigos e continuou pregando.

Então os Espíritos perversos mere-cem nossa compaixão e não nosso re-púdio. Coloquemo-nos no lugar deles.Que sejas como conosco quando nóséramos maus e ainda somos aqui comnós. Basta que alguém nos pise no cal-canhar ou nos tome aquilo que supomosque é nosso, para ver como irrompe anossa tendência violenta e nós nos trans-formamos de um para outro momento.

Não temos nada contra a Apome-tria, as correntes mentomagnéticas,aquelas outras de nomes muito es-drúxulos e pseudocientíficos. Não te-mos nada. Mas como espíritas, nós de-veremos cuidar da proposta Espírita. Eda minha condição de espírita exercen-do a mediunidade há mais de 54 anos,os resultados têm sido todos colhidosda árvore do amor e da caridade.

Não entrarei no mérito dos méto-dos, que são bastante chocantes para anossa mentalidade espírita, que nãoadmite ritual, gestual, gritaria, nemdeterminados comportamentos, porquea única força é aquela que vem de den-tro. Para esta classe de Espíritos sãonecessários jejum e oração.”

O vocábulo “frente”, que é bastan-te utilizado pelas pessoas, oferece-nosinúmeras opções de uso. Eis algumasdelas, seguidas do seu significado:

Frente a frente - O mesmo queface a face.

Frente de trabalho - Nova opor-tunidade de emprego, criada sobre-tudo em épocas em que há excessode mão-de-obra disponível.

Frente fria - Superfície que sepa-ra duas massas de ar, a mais fria (e,portanto, mais densa) das quais avançae toma o lugar da massa mais quente.

Frente polar - Frente quase per-manente, de grande extensão, das la-titudes médias, que separa o ar polar,um tanto frio, do ar tropical, relati-vamente quente.

À frente - Na dianteira; na van-guarda. Na direção; no comando.

De frente - De face.

Pílulas gramaticaisEm frente - Defronte, perante,

diante. Na presença (própria oualheia). Adiante; além.

Em frente de - Em face de.Fazer frente - Ficar diante; dar

para. Defrontar, enfrentar.Ir para a frente - Progredir,

prosperar.Levar à frente - Persistir em, não

deixar malograr-se (uma ideia, umplano, um propósito).

Na frente de - Antes de; anteri-ormente a.

Observe-se que não é correta alocução frente a, que deve ser subs-tituída por “em frente de” ou “defron-te de”. Exemplos: O menino escor-regou defronte do colégio. Ele a bei-jou em frente do cinema.

Igualmente errônea é a frase“Para frente, Brasil”. O certo é “Paraa frente, Brasil”.

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O IMORTALOUTUBRO/2009 PÁGINA 5

Texto para leitura24. O Ministério do Auxílio – Em

“Nosso Lar”, um fato que o impres-sionou muito foi o espetáculo dasruas. Avenidas vastas, enfeitadas deárvores frondosas. Ar puro, atmosfe-ra de profunda tranquilidade espiri-tual. Ele se encontrava no Ministé-rio do Auxílio, onde se atendem osdoentes, ouvem-se rogativas, seleci-onam-se preces, preparam-se reen-carnações terrestres, organizam-seturmas de socorro aos habitantes doUmbral ou aos que choram na Terra,e estudam-se soluções para todos osprocessos que se prendem ao sofri-mento. (Cap. 8, pp. 50 e 51)

25. Os demais Ministérios – A co-lônia “Nosso Lar”, dirigida por umGovernador Espiritual, divide-se emseis Ministérios, orientados cada qualpor doze Ministros: Ministérios daRegeneração, do Auxílio, da Comu-nicação, do Esclarecimento, da Ele-vação e da União Divina. Os dois úl-timos ligam a colônia ao plano supe-rior; os quatro primeiros a aproximamdas esferas terrestres. “Nosso Lar” ézona de transição. (Cap. 8, pág. 51)

26. A origem da colônia – “Nos-so Lar” foi fundada por portuguesesdistintos, desencarnados no Brasil,no século XVI. No início, foi enor-me e exaustiva a luta. Os trabalhosprimordiais foram desanimadores,mesmo para os espíritos fortes. Ondehoje se congregam vibrações delica-das e nobres, edifícios de fino lavor,misturavam-se as notas primitivasdos silvícolas do país e as constru-ções infantis de suas mentes rudimen-tares. Os fundadores da colônia co-meçaram o esforço, partindo da pra-ça onde se localiza hoje a Governa-doria – um palácio de magnificentebeleza, encabeçado de torres sobera-nas, que se perdem no céu. Ali é oponto de convergência dos seis mi-nistérios. Todos começam da Gover-nadoria, estendendo-se em forma tri-angular. (Cap. 8, pp. 52 e 53)

27. O Governador – A colôniapossuía, para os trabalhos adminis-trativos, três mil funcionários. O maisinfatigável deles era o Governador,que já estava 114 anos no cargo, semjamais tirar férias e quase nunca re-pousar, embora concedesse aos ha-bitantes da colônia períodos de des-canso e os obrigasse a férias periódi-cas. Raramente o viam até mesmo emfestividades públicas, pois sua gló-ria parecia ser o serviço perene. (Cap.8, pág. 53)

Continuamos a apresentar o tex-to condensado da obra “Nosso Lar”,de André Luiz, psicografada pelomédium Francisco Cândido Xaviere publicada pela editora da Federa-ção Espírita Brasileira.

Questões preliminaresA. Quando e como surgiu a co-

lônia espiritual “Nosso Lar”?R.: A colônia “Nosso Lar” foi fun-

dada por portugueses desencarnados noBrasil, no século XVI. No início, foienorme e exaustiva a luta. Os fundado-res da colônia começaram o esforço,partindo da praça onde se localiza hojea Governadoria, um palácio de magni-ficente beleza, encabeçado de torressoberanas, que se perdem no céu, pon-to de convergência dos seis ministéri-os. (Nosso Lar, cap. 8, pp. 52 e 53.)

B. De que os habitantes de“Nosso Lar” se alimentam?

R.: Suprimento de substânciasalimentícias que lembram a Terra sóexiste em dois ministérios: os da Re-generação e do Auxílio, onde há sem-pre grande número de necessitados.Nos outros há somente o indispen-sável, isto é, o serviço de alimenta-ção obedece a inexcedível sobrieda-de, em que a utilização da água e aabsorção de princípios vitais da at-mosfera têm grande importância.(Nosso Lar, cap. 9, pág. 57.)

C. Em que consiste o aeróbus?R.: O aeróbus é um carro

suspenso do solo a uma altura de cin-co metros, do tipo funicular, em queo sistema de tração é por meio de ca-bos, como os teleféricos. Constituí-do de material muito flexível, tinhaele enorme comprimento e parecia li-gado a fios invisíveis. Muito veloz,constituía na época o meio de loco-moção mais usado na colônia. (Nos-so Lar, cap. 10, pp. 59 e 60.)

D. Onde se localiza na colôniao Bosque das Águas?

R.: Situado a 40 minutos de via-gem de aeróbus, o Bosque dasÁguas, um lugar dotado de muitavegetação, com flores azulíneas eárvores frondosas, localiza-se àsmargens do Rio Azul, um grande riode água cristalina que é inteiramen-te absorvido em grandes caixas dedistribuição, para servir de alimentoe remédio na colônia. (Nosso Lar,cap. 10, pp. 60 e 61.)

28. Alimentação em “NossoLar” – Não há em “Nosso Lar” umMinistério da Economia. As ativida-des de abastecimento ficaram redu-zidas a simples serviço de distribui-ção, sob o controle direto da Gover-nadoria, mas, um século atrás, tudoera diferente. Muitos espíritos recém-chegados a “Nosso Lar” duplicavamexigências. Queriam mesas lautas,bebidas excitantes. Só o Ministérioda União Divina ficou imune a taisabusos. A pedido do Governador, 200instrutores de uma esfera muito ele-vada vieram a “Nosso Lar” para en-sinar novos conhecimentos relativosà ciência da respiração e da absor-ção de princípios vitais da atmosfe-ra. Houve, porém, grandes lutas paraque isso fosse aceito. Após muita dis-cussão e anos de estudos e excursõesa planos mais elevados, os adeptosdos métodos de espiritualização fo-ram aumentando e a ideia prevale-ceu. (Cap. 9, pp. 54 e 55)

29. Protestos e rebeldia – Antesdisso, registraram-se protestos públi-cos e atos de rebeldia, principalmenteno Ministério do Esclarecimento e naRegeneração, então departamento.Ocorreram cisões nos órgãos coleti-vos de “Nosso Lar”, dando ensejo aperigoso assalto das multidões obs-curas do Umbral, que tentaram in-vadir a cidade, aproveitando brechasnos serviços de Regeneração, ondegrande número de trabalhadores en-tretinha certo intercâmbio clandesti-no, em virtude dos vícios de alimen-tação. (Cap. 9, pág. 56)

30. A vitória do bom senso – OGovernador agiu energicamente: fe-chou o Ministério da Comunicação,isolou os recalcitrantes, advertiu oMinistério do Esclarecimento, cujasimpertinências suportou por mais de30 anos consecutivos, proibiu tem-porariamente os auxílios às regiõesinferiores e mandou ligar as bateriaselétricas das muralhas da cidade, paraa defesa comum. “Por mais de seismeses, os serviços de alimentação,em “Nosso Lar”, foram reduzidos à

inalação de princípios vitais da at-mosfera, através da respiração, eágua misturada a elementos solares,elétricos e magnéticos.” A colônia fi-cou sabendo, então, o que vem a sera indignação do espírito manso e jus-to. Mas, findo o período mais agu-do, a Governadoria estava vitoriosae o próprio Ministério do Esclareci-mento reconheceu o erro e cooperounos trabalhos de reajustamento. Des-de então, só existe maior suprimentode substâncias alimentícias que lem-bram a Terra nos Ministérios da Re-generação e do Auxílio, onde há sem-pre grande número de necessitados.Nos demais há somente o indispen-sável, isto é, o serviço de alimenta-ção obedece a inexcedível sobrieda-de, reconhecendo todos que a supos-ta impertinência do Governador re-presentou medida de elevado alcan-ce para a libertação espiritual da pró-pria colônia. (Cap. 9, pág. 57)

31. Aeróbus – André Luiz des-creve o aeróbus como sendo um car-ro suspenso do solo a uma altura decinco metros, do tipo funicular, emque o sistema de tração é por meiode cabos, como os teleféricos. Cons-tituído de material muito flexível, ti-nha ele enorme comprimento e pare-cia ligado a fios invisíveis. Muitoveloz, o aeróbus fazia ligeiras para-das de três em três quilômetros. (Cap.10, pp. 59 e 60)

32. Bosque das Águas – Situadoa 40 minutos de viagem de aeróbus,o Bosque das Águas, um lugar dota-do de muita vegetação, com floresazulíneas e árvores frondosas, loca-liza-se às margens do Rio Azul, umgrande rio de água cristalina que éinteiramente absorvido em grandescaixas de distribuição, para servir dealimento e remédio na colônia. Lísiasexplicou que o Bosque é uma dasmais belas regiões de “Nosso Lar”.“Trata-se de um dos locais predile-tos para as excursões dos amantes,que aqui vêm tecer as mais lindaspromessas de amor e fidelidade, paraas experiências da Terra”, acrescen-

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

tou o amigo de André. (Cap. 10, pp.60 e 61)

33. A água em “Nosso Lar” –Muito mais tênue e pura, quasefluídica, a água do Rio Azul é mag-netizada pelos Ministros da UniãoDivina, detentores do maior padrãode espiritualidade superior em “Nos-so Lar”. (Cap. 10, pp. 61 e 62)

Frases e apontamentosimportantes

XLIV. Muitas entidades, aodesencarnar, permanecem agarradasao lar terrestre, a pretexto de ama-rem os que ficaram. Todavia, o ver-dadeiro amor, para transbordar embenefícios, precisa trabalhar sempre.(Mãe de André Luiz, cap. 16, pág.91)

XLV. Após a morte do corpo fí-sico, a alma se encontra tal qual viveintrinsecamente. (Mãe de AndréLuiz, cap. 16, pág. 91)

XLVI. Precisamos da adesãomental de Laerte, para conseguirlevantá-lo e abrir-lhe a visão espiri-tual. Não é possível acender luz emcandeia sem óleo e sem pavio... (Mãede André Luiz, cap. 16, pág. 92)

XLVII. Instrua-se. Não percatempo. O interstício das experiênci-as carnais deve ser bem aproveita-do. (Clarêncio, cap. 17, pág. 96)

XLVIII. Os escritores de má-fé,os que estimam o veneno psicológi-co, são conduzidos imediatamentepara as zonas obscuras do Umbral, epor aqui não se equilibram, nemmesmo no Ministério da Regenera-ção, enquanto perseverem em seme-lhante estado d’alma. (Laura, cap.17, pág. 98)

XLIX. As refeições em “NossoLar” são muito mais agradáveis quena Terra. Há residências na colôniaque as dispensam quase por comple-to, mas, nas zonas do Ministério doAuxílio, não se pode prescindir dosconcentrados fluídicos, tendo emvista os serviços pesados e o grandedispêndio de energias. (Laura, cap.18, pág. 100) (Continua na pág. 15desta edição.)

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(4ª Parte)

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O IMORTALPÁGINA 6 OUTUBRO/2009

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

O I Ching ou Livro das Transmu-tações, apesar de ser o livro mais an-tigo do mundo, é atual porque ensinaa aplicação prática da filosofia do Ex-tremo Oriente. Conta a tradição que abase dele teria sido escrita pelo reiWên e seu filho, o Duque Chou, aoredor de 1150 antes de Cristo, e o co-mentário que se seguiu, e hoje formaparte integrante do livro, a Confúcio.

Essa filosofia é fácil de ser com-preendida e, de acordo com ela, bastaque se aprendam duas palavras novas:yin e yang. Na introdução para aAcupuntura, George Oshawa explicaque yang é firmeza, plenitude de ener-gia, tendência ao dinamismo, ativida-de, positividade; fisicamente manifes-ta-se pela tonicidade, dureza, calor,gosto salgado ou amargo, cores quen-tes. Yin é doçura maleável, a ausên-cia de energia, a tendência para a inér-cia e a passividade, a força negativa;fisicamente se traduz pela atonia,inconstância, dilatação passiva, frio,gosto doce ou ácido, cores frias.

Yin e yang podem ser aplicados atodos os domínios da vida. Todos osseres, coisas ou fenômenos pertencema um ou outro grupo. O bem e o mal,a justiça e a injustiça, o agradável e odesagradável, a simpatia e a antipa-tia, a atração e a repulsão, o amor e oódio, a alegria e a tristeza, a beleza ea feiúra, a inteligência e a estupidez,são estados aparentemente contráriosmas intimamente ligados na sua pro-fundidade. Eis por que se transfor-mam com tanta facilidade um no ou-tro, no seu oposto, no seu contrário.

O Princípio Único, yin-yang, é,pois, um compasso, uma bússola apli-cável a todas as artes, ciências, técni-cas etc. É um princípio sutil e profun-do que deu origem à teoria dos ele-mentos chineses do I Ching ou Livrodas Transmutações.

Yin e yang são as duas mãos do in-finito que animam e destroem tudo nouniverso. Constituem a base do mun-do, que sem elas não poderia existir.

Desde as galáxias até os átomoso Princípio Único se manifesta. O uni-verso é povoado por oscilações deduas forças: yin e yang. Os seres, as

Do equilíbrio entre luz e sombra necessárioà evolução do planeta - Yang e Yin

coisas, os fenômenos que constituem ouniverso são combinações múltiplas evariadas de yin e yang, polarização daenergia cósmica fundamental de Tao ouDeus. Yin e yang nada mais são do quemetamorfoses da energia primordial,metamorfoses de Deus. Assim, os se-res, as coisas e os fenômenos são equi-líbrios dinâmicos de yin e yang. Nadaé absoluto, estável, imutável ou com-pleto no universo. Tudo é movimentoperpétuo porque as alterações das tor-ças yin e yang são dentro delas mes-mas perpétuas, pois yin e yang se atra-em sem cessar.

Nada é totalmente yin ou totalmen-te yang. Yin e yang são relativos. A açãoe as manifestações de yin e yang são in-cessantes e universais. Com o tempo e oespaço yin se transforma em yang e yangse transforma em yin. O I Ching é, por-tanto, também uma cosmogonia, umaconcepção do mundo. Ensina que a or-dem do universo é governada por seteleis que constituem a lógica universal:1 - Tudo que tem um começo tem um fim.2 - Tudo que tem uma face tem um dorso.3 - Não existe nada completamenteidêntico.4 - Quanto maior é a face, maior é odorso.5 - Todos os antagônicos são comple-mentares.6 - Yin e yang são as classificações detodas as polarizações, são antagonistase complementares.7 - Yin e yang são os dois braços deUM (infinito.)

Sendo dinâmicos, podem estesprincípios ser aplicados a todas as coi-sas existentes no universo relativo, eunificá-las.

O universo infinito se bifurca paraformar um universo de dois polos. Oschineses chamam a bifurcação de co-meço do “sexto céu” e nela se encontraa fronteira do infinito e de todos osmundos finitos que vão do sexto ao pri-meiro céu. Naquela fronteira, ali, yin eyang aparecem. Os cinco mundos infe-riores à bifurcação são dominados poryin e yang. Nada pode escapar à influ-ência das duas forças, nem a vida nema criação. Por sua vez, yin e yang sebifurcam, e assim sucessivamente for-mando sempre polaridades em que yinou yang preponderam.

Estas polaridades formam todas ascoisas, seres e fenômenos existentes em

nosso mundo. Voltando ao conceitochinês dos céus, poderíamos dizer quea criação de energia é constante nosdois polos, sem começo nem fim, masa energia magnética tem seu começono sexto céu ou o céu da polarizaçãoyin-yang. No terceiro céu, aparecemos elementos, os planetas, as estrelas,e o magnetismo se diferencia em ele-tricidade.

Yin e yang são, portanto, a ori-gem de tudo no mundo. Sua manifes-tação pode ser mais bem entendidaatravés das doze leis formuladas porGeorge Oshawa no seu livro “A EraAtômica e a Filosofia do ExtremoOriente”, que definem e explicam ofuncionamento do mundo da relativi-dade:1 - Yin e yang são os dois polos queentram em jogo quando a expansãoinfinita se manifesta no ponto de bi-furcação.2 - Yin e yang são produzidos cons-tantemente pela expansão infinita.3 - Yin é centrífugo, yang é centrípeto.Yin e yang produzem a energia.4 - Yin atrai yang, yang atrai yin.5 - Yin e yang se combinam em pro-porções variáveis formando todos osfenômenos.6 - Todos os fenômenos são efêmeros.São constituições infinitamente com-plexas e constantemente em modifi-cação dos seus componentes yin eyang. Todas as coisas existem em mo-vimento, sem repouso.7 - Nada é completamente yin ouyang, mesmo nos fenômenos aparen-temente mais simples. Todas as coi-sas contêm polaridade que se modifi-ca em todos os estágios da sua com-posição.8 - Nada é neutro. Yin e yang apare-cem em excesso em cada caso.9 - A força de atração é proporcionalà diferença dos componentes yin ouyang.10 - Yin repele yin, yang repele yang.A repulsão e a atração são inversa-mente proporcionais à diferença dasforças yin e yang.11 - Com o tempo e o espaço yin pro-duz yang e yang produz yin.12 - Todo o corpo físico é yang nocentro e yin na superfície.

(No próximo artigo, um pouco deTeoria da Relatividade, Carl GustavJung e Física Quântica.)

AIGLON [email protected]

De Londrina

Algumas explicações dadas por John Bloefeld, tradutor do I Ching do chinês para o inglês

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O IMORTALOUTUBRO/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Fernando de Lacerda

Fernando Augusto de Lacerda eMello, médium português, mais co-nhecido simplesmente como Fer-nando de Lacerda, nasceu emLoures, em 6 de agosto de 1865 edesencarnou no Rio de Janeiro em 6de agosto de 1918. Seus pais foramFrancisco Augusto de Lacerda eMello e Maria de Gertrudes Rita.

Fernando passou os primeirosanos de sua vida em Loures. Aos 13anos de idade seguiu para Lisboa,onde viveu até os 18 anos em casade um tio, irmão de seu pai. Nesseperíodo, declararia mais tarde terprofessado ideias republicanas, ten-do-se desiludido com as intrigas dapolítica e, até mesmo, perdido a féreligiosa materna.

De regresso à casa paterna em1884, passou a auxiliar o pai, agoraviúvo, na criação dos irmãos maisnovos. Nesse período, envolveu-secom o socorro aos aflitos, dedicou-se aos analfabetos, ensinando-os aler e a escrever, e preocupou-se comas questões comunitárias. Dessemodo, juntamente com alguns jo-vens de sua idade e outros tantosadultos, fundou a Associação dosBombeiros Voluntários de Loures,de que foi escolhido como primei-ro-comandante no ano de 1887. Foitambém nesta época, entre 1886 e1887 que iniciou sua colaboração naimprensa e, em 1889, se manifestousua mediunidade no terreno dapsicografia.

A faculdade mediúnica causou-lhe verdadeira surpresa, uma vez queseu braço era tomado involuntaria-mente por uma entidade que conhe-cera encarnada, e que escrevia coma mesma caligrafia e assinatura queele conhecera em vida. O teor des-sas mensagens era sarcástico e inju-

rioso contra o próprio médium, tendoo fenômeno perdurado por largo tem-po.

Em 1898 ingressou na polícia ad-ministrativa do Governo Civil, em que,gradualmente, ascendeu até chegar aocargo de subinspetor, tendo sempre sedestacado por sua probidade e com-petência. No ano seguinte, herdou deum tio a Fábrica a Vapor de Baguettese Galerias, em Lisboa, cuja gestão tam-bém assumiu.

Passada a fase das manifestaçõesiniciais, a partir de outubro de 1906,Fernando de Lacerda começou a rece-ber diversas mensagens do plano es-piritual, assinadas por escritoresrenomados e personalidades do mun-do social já desencarnados.

O livro Do País da Luzsurgiu em Portugal em 1908

Uma noite percebeu uma voz ema-nada de uma entidade invisível, infor-mando que desejava transmitir umamensagem a uma personalidade co-nhecida no mundo das letras. Obede-cendo, o médium dirigiu-se a sua mesade trabalho, tomou do lápis e imedia-tamente recebeu comovedora mensa-gem de Camilo Castelo Branco ao seuamigo, ainda encarnado, António Joséda Silva Pinto, vigoroso polemista econhecido escritor.

De modo geral, Fernando deLacerda sentia a aproximação do Es-pírito que desejava se comunicar, enormalmente o via em seguida. Tam-bém ouvia, com frequência, as pala-vras que uma segunda personalidadequeria lhe ditar. Enquanto o médium,em estado de vigília, mantinha conver-sação com os encarnados presentes, olápis que empunhava rapidamente pre-enchia as laudas de papel. Nessas oca-siões encontrava-se alheio ao teor dasmensagens, desconhecendo muitasvezes o significado de palavras e ex-pressões, bem como fatos nelas refe-ridos. Por vezes, chegou a receber duasmensagens simultaneamente, com ouso das duas mãos.

As primeiras mensagens foram

publicadas em livro – Do País da Luz –em 1908, cuja primeira edição se esgo-tou, pela curiosidade em torno das pa-lavras de autores desencarnados, portu-gueses e estrangeiros, queridos e vivosna memória popular: Eça de Queiroz,Camilo Castelo Branco, Fialho deAlmeida, Alexandre Herculano, ÉmileZola, Napoleão Bonaparte, AntónioVieira, Júlio Dinis, João de Deus ouAntero de Quental, entre muitos outrosque figuram nos quatro volumes da obra.Nesse mesmo ano, saiu o segundo vo-lume e foi reeditado o primeiro.

Ele dividia o tempo entre suas fun-ções na polícia, a educação de Laura, suasobrinha, órfã de mãe desde os 2 anos deidade, e Fernando, filho do gerente da fá-brica, também órfão de mãe, com a mes-ma idade de Laura, e o trabalho mediúnico.

Quando veio para o Brasil, entregouaos seus irmãos a direção da fábrica, cujasituação financeira não era das melhoresà época, bem como a educação das cri-anças, então já com 12 anos e que, atéentão educadas na sua residência, passa-ram a estudar em escolas públicas.

Com um empréstimo que aceitoudo médico da Polícia, seu amigo par-ticular, adquiriu a passagem de navio.Embarcou em Lisboa em 10 de julhode 1911, com destino ao Rio de Janei-ro, onde aportou em 23 de julho, sen-do acolhido e albergado por outroamigo, o Dr. Fernando de Moura, queo conhecera numa viagem realizada aPortugal alguns anos antes, e foi poreste apresentado, no mesmo dia, à Fe-deração Espírita Brasileira, onde ime-diatamente foi convidado a participarda sessão que ali se realizava.

O quarto volume do livro Do Paísda Luz saiu após sua morte

Fernando de Lacerda alugou umquarto num sobrado com quartos parasolteiros e começou a busca por empre-go. Inicialmente dirigiu-se à Polícia doRio de Janeiro, onde lhe foi oferecido omesmo cargo que desempenhara em Lis-boa, com as mesmas regalias e melhorvencimento, com a única condição deque teria que se naturalizar brasileiro,uma vez que os cargos públicos não po-diam ser exercidos por estrangeiros.Fernando de Lacerda, cidadão e patrio-ta português, agradeceu a generosa ofer-ta que se sentiu obrigado a recusar.

Sem função, veio a conhecer priva-ções, minoradas pelos esforços do Dr.Fernando de Moura, que com os seusfamiliares muito o estimava. É ele quem,evitando que o médium português sesentisse constrangido pela situação de

dependência em que vivia neste exí-lio autoimposto, colocou em práticaum estratagema: fez a Fernando deLacerda uma venda fictícia de dois so-brados na antiga praia do Flamengo,então inscritos em projeto de demoli-ção pela municipalidade, passando omédium a viver dos magros aluguéisdos seus apartamentos.

No Brasil, o médium continuou areceber as comunicações dos amigosespirituais, entregando-as aos jornaiscariocas para publicação, enquantoprosseguia sua tarefa mediúnica coma função também de doutrinador dosEspíritos em sofrimento.

Quando chegou ao Rio de Janei-ro seu afilhado que, concluído o cur-so de Contabilidade, vinha trabalharno Banco Nacional Ultramarino(BNU), uma hérnia de que vinha so-frendo por anos rebentou, sendo omédium conduzido a um hospitalpara uma cirurgia de emergência, àqual não resistiu, vindo a falecerde septicemia no dia 6 de agosto de1918, por volta das 18 horas. O seucorpo foi sepultado no dia seguinte,no Cemitério São João Batista, nobairro de Botafogo, vindo os seusrestos a ser transladados, em setem-bro de 1939, para um jazigo que elepróprio mandara erguer, no Cemité-rio do Alto de São João, em Lisboa,em última homenagem à sua mãe.

À época de sua desencarnação,trabalhava na preparação do quartovolume de “Do País da Luz”. Umamigo retomou os originais deixa-dos pelo médium e foi assim publi-cado o último volume da série.

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Fernando de Lacerda

Capa do livro Do País da Luz

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Como nasceu o diabo

“(...) Acreditar que Deus hajacriado um ser eternamentevotado ao mal, sabotador

contumaz de Sua obra, é atitudeingênua que tange as raiasda mais sórdida blasfêmia.” -

François C. Liran

Satã, Demo, Belzebu, CoisaRuim, Lúcifer, o Bicho, Pé-Racha-do, Capeta, Belfegor, tais as deno-minações pelas quais se notabilizouo diabo, sendo esta última (Belfe-gor) cunhada por Jean Weier, queimprevidentes autoridades da Igre-ja permitiram se espalhasse nos cír-culos católicos para nomear os ti-tulares antípodas do Bem, dando-lhes (pasmem!) “status” de rivaisde Deus. Até mesmo Goethe, parao seu Fausto, aumentou as já abun-dantes denominações para oindigitado Senhor das Trevas, cha-mando-o Mefistófeles, senhor dosvândalos e perversos...

Ser temível engendrado pormentes adoecidas e encharcadaspelos interesses subalternos, len-da viva e verdadeiro anti-herói,cuja figura se conserva até hoje noimaginário cristão, tal criaturamalfazeja tem sido excelente au-xiliar das religiões medievais econtemporâneas que necessitamdesse tipo de terrorismo para quesejam aquietadas suas ingênuasovelhas nos estreitos e áridosapriscos dogmáticos.

Tal terrorismo adquire contor-nos dramáticos quando, extrapolan-do as fronteiras do mundo físico,invade o Mundo Espiritual, no qual,através de ideoplastias, as criaturasdesencarnadas portadoras declichês mentais criados e nutridospor elas mesmas, acabam ficandofrente a frente com essa demoníaca

entidade, que na verdade é a fanta-sia de algum Espírito mau que dessaforma se mostra para aterrorizar suaindefesa e crédula vítima.

As mesmas instruções eclesiásti-cas que mandaram queimar livros es-píritas na fogueira aprovaram (coeren-temente) o livro de autoria de Collinde Plancy que traz a descrição minu-ciosa de diversos demônios.

Silas (1) explica que as ideiasmacabras da magia aviltante, quaissejam as da bruxaria e do demonis-mo que as igrejas denominadas cris-tãs propagam, a pretexto de comba-tê-los, mantendo crendices e supers-tições, ao preço de conjurações eexorcismos, geram os clichês men-tais demoníacos nos desencarnadosde cérebros fracos e desprevenidosque acoroçoam tais absurdos, esta-belecendo epidemias de pavoralucinatório. Por outro lado, as inte-ligências desencarnadas, entregues àperversão, valem-se desses quadrosmal contornados que a literatura fe-tichista ou a pregação invigilante dis-tribuem na Terra, a mancheias, e im-primem-lhes temporária vitalidade,assim como um artista do lápis seaproveita dos debuxos de uma cri-ança, tomando-os por base nos de-senhos seguros com que passa a im-pressionar o ânimo infantil.

Quanto mais próxima umacriatura está de Deus, maior a

sua inteligência e sua liberdadede escolha

Torna-se, portanto, evidente efácil de “reconhecer que cada co-ração edifica o inferno em que seaprisiona, de acordo com as pró-prias obras. Destarte, temos conos-co os diabos que desejamos, segun-do o figurino escolhido ou modela-do por nós mesmos”, conclui Silas.

Ora, se Deus é a Infinita Bonda-de, (e disso não podemos duvidar),como a partir d’Ele, o Sumo Bem,

poderia ter surgido um Ser que Lhefosse a antítese? Tal a polêmicasurgida no seio da Igreja Católica nabaixa Idade Média. Mas, Santo Agos-tinho (hoje redimido pelo conheci-mento espírita) deu, àquele tempo,uma solução que satisfez às “lúcidas”cabeças medievais: Livre-arbítrio.

Segundo esse Pai da Igreja,quanto mais próxima uma criaturaestá de Deus, maior a sua inteligên-cia e sua liberdade de escolha. E nouso de tal liberdade até mesmo osAvatares da mais alta hierarquia,criações mais perfeitas do Todo-Poderoso, podem escolher livre-mente entre o certo e o errado. As-sim, o diabo, outro não é senão oAnjo de Luz (Lúcifer) que fez a es-colha errada (!?), levando com eletoda uma coorte de áulicos e turife-rários. Tal teoria agostiniana nãoprevalece nos dias de hoje quandoo Espiritismo vem nos explicar queo Espírito não retrograda (2).

A imaginação de Santo Agostinho(bem entendido: o Santo Agostinhoencarnado na Idade Média, ainda nãoiluminado pelas claridades do Espiri-tismo) vai mais longe: Com seu con-ceito filosófico de LUZ (do “FiatLux” bíblico), localiza nas claridadesdo dia o momento inicial da atuaçãodivina. Por contraste, a noite e sua es-curidão passam a incorporar as horasdemoníacas, o período temporal demaior vigor do mal, originando aí aexpressão “Espírito das Trevas”.

Essa diabólica figura mitológi-ca, conservada no sal insosso dosdogmas gerados no útero estéril daIgreja, experimentou o auge da suafama e glória com São Tomás deAquino que a colocou em um pe-destal de importância tão marcanteque a sua presença na religião aca-ba rivalizando e, não raro, superan-do a presença de Deus, criando, en-tão um clima de terror.

Em uma pregação de menos devinte minutos, determinados líderes

(cegos guiando cegos) religiososmencionam a palavra “diabo” nãopoucas dezenas de vezes, ficandobastante esmaecidas ou totalmentenulas as cogitações sobre Deus e/ou de Jesus.

A palavra demônio, originária daGrécia clássica, não possuía a

conotação atual de gênio das trevas

Faz-se mister voltar séculos notempo para podermos assistir aonascimento do diabo, porque já aotempo de Jesus, segundo aponta-mento feito por Marcos, o MeigoRabi foi acoimado de parceria comele quando Seus inimigos disseram:“(...) Pelo príncipe dos demôniosexpulsa os demônios”. (3)

O diabo é o anti-herói criadocom a finalidade de amedrontar opovo ignaro para tê-lo submisso aosdogmas absurdos e manter o “sta-tus” da casta sacerdotal com seuparasitismo ancestral.

A palavra demônio, de “daï-mon”, originária da Grécia clássi-ca, não possuía a conotação atual degênio das trevas. Lembra-nos oMestre Lionês (4) que este verbetenão era tomado à má parte na anti-guidade tal como o temos conheci-do nos tempos contemporâneos,uma vez que não designava exclu-sivamente seres malfazejos, mastodos os Espíritos em geral, dentreos quais se destacavam os EspíritosSuperiores chamados deuses, e osmenos elevados, ou demônios pro-priamente ditos, que se comunica-vam diretamente com os homens.

Sócrates dizia ser íntimo de um“daïmon” de quem aprendia altosconceitos filosóficos, e afirmavaque após a morte o daïmon (enten-da-se Espírito protetor) que nos foradesignado durante a vida leva-nosa um lugar onde se reúnem todos osque têm de ser conduzidos aoHades, para serem julgados.

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ROGÉRIO [email protected]

De Muriaé, MG

O Mestre Lionês teve o zelo deestudar este tema à exaustão nos ca-pítulos IX e X, 1ª parte, do livro bási-co: “O Céu e o Inferno”, onde comsua habitual, contundente e insofis-mável lógica, conclui que a crença naexistência de tal Ser resultaria no se-guinte trágico e inadmissível corolá-rio: Deus enganou-Se, logo, só pode-mos com a Igreja, absurdamente con-cluir: Deus não é infalível (!?).

Com o escopro de seu raciocíniolúcido, Allan Kardec leva-nos à raiz doberçário do diabo ao levantar a velhaquestão do Bem e do Mal. Diz ele (5):“Provada e patente a luta entre o bem eo mal, triunfante este muitas vezes so-

bre aquele, e não se podendo racional-mente admitir que o mal derivasse deum benéfico poder, concluiu-se pelaexistência de dois poderes rivais nogoverno do mundo. Daí nasceu a dou-trina dos dois princípios, aliás lógicanuma época em que o homem se en-contrava incapaz de, raciocinando, pe-netrar a essência do Ser Supremo.

O duplo princípio do beme do mal foi, durante muitos

séculos, a base de todasas crenças religiosas

Como compreenderia, então, queo mal não passa de estado transitó-rio do qual pode emanar o bem, con-duzindo-o à felicidade pelo sofri-mento e auxiliando-lhe o progresso?Os limites do seu horizonte moral,nada lhe permitindo ver para alémdo seu presente, no passado como nofuturo, também não lhe permitiamcompreender que já houvesse pro-gredido, que progrediria ainda indi-vidualmente, e muito menos que asvicissitudes da vida resultavam dasimperfeições do ser espiritual neleresidente, o qual preexiste e sobre-vive ao corpo, na dependência deuma série de existências purificado-ras até atingir a perfeição.

Para compreender como do malpode resultar o bem é preciso con-siderar não uma, porém, muitasexistências; é necessário apreendero conjunto do qual — e só do qual— resultam nítidas as causas e res-pectivos efeitos.

O duplo princípio do bem e domal foi, durante muitos séculos, esob vários nomes, a base de todasas crenças religiosas. Vemo-lo as-sim sintetizado em Oromase e Ari-mane entre os persas, e em Jeová eSatã entre os hebreus. Todavia,como todo soberano deve ter minis-tros, as religiões geralmente admi-tiram potências secundárias, oubons e maus gênios.

Os pagãos fizeram deles indivi-dualidades com a denominação ge-nérica de deuses e deram-lhes atri-buições especiais para o bem e parao mal, para os vícios e para as vir-tudes. Os cristãos e os muçulmanosherdaram dos hebreus os anjos e osdemônios. Conclui-se, portanto, fa-cilmente que a doutrina dos demô-nios tem origem na antiga crençados dois princípios: O Bem e o Mal.

Por outro lado, o fato que per-mitiu a gênese de doutrina tão ab-surda foi a total ignorância que en-tão existia acerca dos verdadeiros

difícil de pressentir: os relatos de ori-gem do Universo em diferentes cul-turas revelam que é preciso unir for-ças construtivas, organizadoras, comdifusos jorros criativos multidirecio-nados para a realização da tarefa.

A cultura hebraica, que legouherança à religião cristã, banhou-seno caldo cultural jorrado da rica fontedos primitivos e ancestrais cultos. “Opovo judaico” - explica Laterce (6) -,“ligado por raízes à Mesopotâmia eao politeísmo, definiu, em torno doséculo VI a.C., Jahvet como Deusúnico e mais perfeito que os deusesde outras culturas.

Acossados permanentemente porpersas, babilônios e mesopotâmios, oexterior e o desconhecido têm para oshebreus o caráter de ameaça. O estran-geiro vira o lugar das divindades desegunda ordem e também o territóriodo adversário, que em hebraico signi-fica satã. Mas, junto com a promessado além e a ideia dualista de dois mun-dos – influências de persas e caldeus –, surgem as noções de Céu e Inferno, adivisão mais marcada de bem e mal etambém alguns mitos que narram a vi-agem para um mundo superior, celes-te... O Deus é único, mas o mal estádisperso em um grupamento de enti-dades.

Os santos de hoje são ossucedâneos dos antigos ídolos

pagãos, uma vez que a Igreja nãoconseguiu erradicar a idolatria

Segundo Carlos Roberto No-gueira, a concentração do mal emuma personagem só fica visível noNovo Testamento. Aí satã (substan-tivo) passa a ser Satã (nome pró-prio). De um adversário vira Ad-versário. O modelo do inimigo deJesus, aquele que coloca Sua bon-dade à prova, está composto.

Gregos – Com a unificação re-ligiosa realizada por Roma no sé-culo 4 d.C., o Cristianismo, de seita

perseguida (lembremos que Paulode Tarso até ter sua visão divinano deserto sírio era um rabino ju-daico que caçava cristãos), passaa perseguir: transforma-se no cul-to oficial e obrigatório de todoImpério. Pleno de correntes diver-gentes em seu começo ganha cadavez mais o aspecto fechado egeneralista do catolicismo (católi-co = universal). Pagão passa a sertodo o passado e o presente alheioao Império Romano.

Com o crescente poderio latinocristão, temos um caso à parte: atentativa de extermínio de toda atradição cultural grega. Algumasmanifestações são facilmente visí-veis, como os oráculos destruídose os narizes e braços quebrados dasesculturas gregas, tal como o fize-ram em passado recente os líderes“religiosos” do Afeganistão, des-truindo as enormes estátuas repre-sentativas do Budismo. Quaisquerformas de cultos paralelos ligadosà fecundidade e à Natureza, comoas festas rurais sagradas da prima-vera, passam a ser terminantemen-te proibidos. Só que a interdiçãomuitas vezes era sem sucesso. Pornão conseguir coibir essas práticasda forma como gostaria, o cristia-nismo usa as armas do inimigo.Mantém o Deus único lá em cima,mas produz uma multiplicidade emum nível mais baixo: os santos”.

É evidente que os santos dehoje são os sucedâneos dos anti-gos ídolos pagãos, uma vez que aIgreja não conseguiu erradicar aidolatria. É a velha história: se nãose pode com o inimigo, melhorunir-se a ele. Nem mesmo as anti-gas festas rurais deixaram de acon-tecer: foram substituídas pelas fes-tas urbanas que sobreviveram atéhoje. Basta ver o que acontece aoredor das Igrejas católicas nosmeses de maio e junho. (Continuana pág. 10 desta edição.)

atributos de Deus: Único, Eterno,Imutável, Imaterial, Onipotente,Soberanamente Justo e Bom, Infi-nito em todas as Perfeições. Tal oeixo em torno do qual – necessaria-mente – precisa girar todo e qual-quer conceito filosófico ou doutri-nário que queira alinhar-se com averdade e com a lógica.

Hades representava a divindadegrega que protegia os ladrões eguardava também os rebanhos

Em um périplo na história dascivilizações antigas, com o histori-ador Carlos Roberto F. Nogueira,com base em seu livro: “O Diabono Imaginário Cristão”, EDUSC,e na companhia de Sávio Laterce,mestrando em Filosofia pela IFCS-UFRJ, em uma reportagem publi-cada no Jornal do Brasil, edição de30.06.2001, podemos observar aeterna e interminável luta do Malcontra o Bem, com seus respectivosexércitos e armas de combate, bemcomo a nítida característica anfibo-lógica dos deuses, vez que entre osantigos povos orientais, certos deu-ses já incorporavam potências des-truidoras, negativas, e - invariavel-mente – portavam a especificidadetípica da lógica do mito que os mar-cava: a ambiguidade.

Baal era, ao mesmo tempo, o deusmesopotâmio do furacão e da fecun-didade. Hades representava a divin-dade grega que protegia os ladrões etambém a que guardava os rebanhos.Apolo, o deus grego da beleza, damúsica e do equilíbrio, tinha a suafaceta obscura ligada a rituais de adi-vinhação, à falta de clareza nas pala-vras e a punições sumárias.

Até o Deus hebraico do VelhoTestamento segue essa mesma linha:é bom, mas só com aqueles que Lhesão bons ou simpáticos, tendo um for-te lado ciumento e vingativo. O mo-tivo para tamanha dicotomia não é

Lenda viva e verdadeiro anti-herói, o Demo se conserva até hoje no imaginário cristão

Rogério Coelho, autor do estudo

O diabo e suas representaçõesObra que fala sobre o

diabo no imaginário cristão

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O IMORTALPÁGINA 10 OUTUBRO/2009

Então, na verdade, o que temoshoje em dia não difere do que os pa-gãos tinham a seu tempo. Era, defato, – absolutamente -, necessário oadvento do “Consolador prometido”para colocar ordem na Casa Plane-tária que nos acolhe.

Tomás de Aquino potencializa afigura do diabo em uma ordem tal

que inventa uma ciência paracombatê-lo: a demonologia

Apesar do destaque crescenteque o demônio vai ganhando dentrodo Cristianismo, até aí a vitória deDeus sobre o Diabo é considerada in-contestável. Este último existe nomundo para ser superado e dar maisglória ao poder absoluto celestial. Oquadro só muda em um momentohistórico bem posterior com um ou-tro grande teórico da religião cristã:São Tomás de Aquino.

Estamos no século XIII e a Igre-ja Católica vive o apogeu de seu do-mínio territorial, político e econômi-co. Para se manter assim, precisa de-monstrar seu poder com cada vezmais visibilidade, poderíamos mes-mo dizer: com atrevida e violentaostensividade. Nesse contexto, e nes-sa imperiosa necessidade de a Igrejasustentar seu domínio escravocrata,São Tomás de Aquino potencializa afigura do diabo em uma ordem talque, a partir das simbologias do fol-clore popular, inventa uma ciênciapara combatê-lo: a demonologia.Nesse festival de ignorância os ca-tólicos ainda conseguem ser supera-dos pelos ditos Evangélicos (protes-tantes) onde a mise-en-scène dos pas-tores raia pela violência na tentativade expulsar o dito cujo do corpo dasapavoradas ovelhas de seus dóceisrebanhos de raciocínio obturado.

Destarte, passam a existir regrasbem definidas para identificação dopersonagem do mal, que só poderiaser derrotado com a imprescindívelajuda da fé cristã. Assim o diabo ga-nha contornos físicos mais precisos,inclusive com a ajuda de grandespintores que trabalhavam para a Igre-ja com exclusividade, não economi-zando os recursos para colorir comas cores fortes da ignorância os pai-néis infernais destinados a apavorar.

“O hibridismo homem/animal” –continua esclarecendo Laterce5 –,“forma dos antigos povos orientaisrepresentarem o sobrenatural, vai ser

a base para compor uma figura es-sencialmente deformada. Uma pre-sença recorrente são as patas debode, que era o animal escolhido pormuitas culturas pré-cristãs para ritu-ais de sacrifício e louvor aos deuses(daí a expressão bode expiatório).

Além disso, um deus grego par-ticularmente ameaçador para osdogmas do Cristianismo eraDionísio, patrono da dança, da mú-sica, do teatro e da embriaguez; ouseja, o desregramento próprio daefervescência caótica da criação ar-tística. E qual é a característica maismarcante na aparência de Dionísio?Suas patas de bode. A presença des-ses membros inferiores no imaginá-rio popular ajudaria a colocar, deuma só vez, a tradição religiosa gre-ga e oriental em uma íntima cone-xão com as forças malignas.

Uma família foi condenadaà fogueira pela “Santa”

Inquisição por trocar a roupa decama numa sexta-feira

Destarte, o diabo vira uma ob-sessão onipresente e vai deixando deser um indivíduo para se caracteri-zar como um grupo de combatentes(legião de demônios) e, portanto,qualquer um em qualquer lugar podeestar “possuído”, e consequente-mente necessitado da ajuda exorcistada Igreja.

As perseguições da “Santa”Inquisição atingem a todos aquelesque divergem do padrão pré-deter-minado de cristão, e que no parecerdas atentas autoridades eclesiásticastinham parte com o demo. Qualquerrebento filosófico que começasse aflorescer e despontar acima do rígi-do contexto dogmático imposto erapresto e impiedosamente ceifado. Asacusações que via de regra levavamo condenado à morte constituíam-senos mais absurdos, banais e arbitrá-rios libelos: Uma família foi conde-nada à fogueira por trocar a roupade cama numa sexta-feira; ruivos têmna cor dos cabelos um sinal da rela-ção com o fogo dos infernos e defi-cientes físicos constituem, por ana-logia, deformados espirituais e es-quecidos de Deus, portanto, foguei-ra neles!

No século XIV, um movimento“incensado” pela Igreja para aumen-tar o seu poderio em direção ao Ori-ente, as Cruzadas (o desenho dasuástica nazista é constituído porduas cruzes superpostas, isto é: “cru-zadas” – Coincidência?!...), tinhacomo lema o conceito de Guerra

Santa contra o paganismo e como ob-jeto a expulsão dos árabes da regiãoonde nasceu e viveu Jesus. A com-posição do diabo ganha novos itens:barbicha e tom de pele escuro, ca-racterística dos mouros. E assim,nutrido pela placenta da ignorânciae dos inconfessáveis interesses su-balternos, o diabo vai sendo adere-çado até atingir seu “status” atual.

O modelo monárquico absolutistada Idade Média ajuda a compor a ideiado líder de todo o exército demonía-co: Satã é agora o Príncipe das Trevas,o reverso do Cristo, o Anticristo, queum dia reinaria sobre a Terra. Mas ha-via ainda mais um motivo importan-tíssimo – econômico – que navegavanas correntes subterrâneas desse real-ce das forças demoníacas: a lucrativavenda das indulgências.

Expliquemos: O Apocalipse bí-blico parecia estar se concretizandoem virtude da instalação das guerrase do surgimento da peste. E com ospainéis infernais sendo pintados doalto dos púlpitos com as tintas fortesdo terror, estava aí criada a depen-dência necessária da qual a Igreja seutilizou fartamente para obter lucro:passagens garantidas para o Céupodiam ser compradas a partir davenda das indulgências a peso deouro para os nobres. Aí temos o dia-bo nomeado ministro da economiada Igreja. Sem ele, não haveria ter-rorismo e ninguém se interessariapelo precioso “passaporte”.

Gravitar para Deus, eis o objetivoda Humanidade e três coisas lhesão necessárias: a justiça, o amor

e a ciência

Porém, como não há situação quedure para sempre, a partir do séculoXVI, com o avanço da ciência mo-derna e os novos conceitos filosófi-cos humanistas, temos um decrésci-mo da importância da religião navida cotidiana. Com isso, o diabotambém perdeu espaço...

Hoje, apesar de nosso mundocada vez mais racionalista e dessacra-lizado, ele está presente em rituais dealgumas correntes protestantes, emcultos satânicos e no mundo da fic-ção em um número razoável de fil-mes de qualidade duvidosa, entre osquais se salvam “O Bebê de Rosema-ry”, de Roman Polanski, e “O Exor-cista”, de William Friendkin.

Finaliza Laterce com sabedoriafilosófica:

“A Leitura do Diabo no imagi-nário cristão leva a pensar que a nos-sa vontade sempre foi transportar o

Como nasceu o diabo

ROGÉRIO [email protected]

De Muriaé, MG

mal para um mundo distante de nós,transcendente, só que cada vez maistemos evidências de que ele é mes-mo da ordem humana”.

Na conclusão de “O Livro dosEspíritos”, Paulo de Tarso deixou aseguinte neocarta para todos nós,cristãos da atualidade:

“Gravitar para a unidade divina,eis o fim da Humanidade. Para atin-gi-lo, três coisas são necessárias: aJustiça, o Amor e a Ciência. Três coi-sas lhe são opostas e contrárias: a ig-norância, o ódio e a injustiça. Poisbem! digo-vos, em verdade, quementis a estes princípios fundamen-tais, comprometendo a ideia de Deus,com o lhe exagerardes a severidade.Duplamente a comprometeis, dei-xando que no Espírito da criatura pe-netre a suposição de que há nela maisclemência, mais virtude, amor e ver-dadeira justiça, do que atribuís ao serinfinito. Destruís mesmo a ideia doinferno, tornando-o ridículo e inad-missível às vossas crenças, como oé aos vossos corações o horrendo es-petáculo das execuções, das foguei-ras e das torturas da Idade Média!Pois quê! Quando banida se achapara sempre das legislações huma-nas a era das cegas represálias, é queesperais mantê-la no ideal? Oh!crede-me, crede-me, irmãos em Deuse em Jesus-Cristo, crede-me: ou vosresignais a deixar que pereçam nasvossas mãos todos os vossosdogmas, de preferência a que semodifiquem, ou, então, vivificai-os,abrindo-os aos benfazejos eflúviosque os Bons, neste momento, derra-mam neles. A ideia do inferno, comas suas fornalhas ardentes, com assuas caldeiras a ferver, pôde ser to-lerada, isto é, perdoável num séculode ferro; porém, no século dezenove,não passa de vão fantasma, próprio,quando muito, para amedrontarcriancinhas e em que estas, crescen-do um pouco, logo deixam de crer”.

O castigo só tem por fim areabilitação, a redenção.

Querê-lo eterno é negar-lhetoda a razão de ser

“Se persistirdes nessa mitologiaaterradora, engendrareis a incredu-lidade, mãe de toda a desorganiza-ção social. Tremo, entrevendo todauma ordem social abalada e a ruirsobre os seus fundamentos, por faltade sanção penal. Homens de fé ar-dente e viva, vanguardeiros do diada luz, mãos à obra, não para manterfábulas que envelheceram e se desa-creditaram, mas para reavivar, revi-

vificar a verdadeira sanção penal,sob formas condizentes com os vos-sos costumes, os vossos sentimentose as luzes da vossa época.

“Quem é, com efeito, o culpado?É aquele que, por um desvio, por umfalso movimento da alma, se afastado objetivo da criação, que consisteno culto harmonioso do belo, do bem,idealizados pelo arquétipo humano,pelo Homem-Deus, por Jesus-Cristo.

“Que é o castigo? A consequên-cia natural, derivada desse falso mo-vimento; uma certa soma de dores ne-cessária a desgostá-lo da sua defor-midade, pela experimentação do so-frimento. O castigo é o aguilhão queestimula a alma, pela amargura, a sedobrar sobre si mesma e a buscar oporto de salvação. O castigo só tempor fim a reabilitação, a redenção.Querê-lo eterno, por uma falta nãoeterna, é negar-lhe toda a razão de ser.

“Oh! em verdade vos digo,cessai, cessai de pôr em paralelo, nasua eternidade, o Bem, essência doCriador, com o Mal, essência da cri-atura. Fora criar uma penalidadeinjustificável. Afirmai, ao contrário,o abrandamento gradual dos castigose das penas pelas transgressões econsagrareis a unidade divina, ten-do unidos o sentimento e a razão.”(PAULO, apóstolo.)

Criado com fins lucrativos e paraatender à ânsia de dominação de umacasta parasita, o diabo foi morto esepultado pelo conhecimento espíritaque nos informa de maneira límpidae cristalina não ser crível que nossoPai Celestial, o Deus de Amor e Bon-dade, possa criar um ser eternamen-te votado ao mal, afirmando, poroutro lado, que todos os Espíritos sãocriados simples e ignorantes, sendoos maus simplesmente Espíritos deevolução ainda incipiente, mas sus-cetíveis de se alcandorarem aos maisaltos postos da hierarquia espiritualno decorrer do infinito dos tempos.

Notas:(1) XAVIER, Francisco Cândido.Ação e Reação. [Pelo Espírito AndréLuiz]. 5.ed. Rio: FEB, 1975, cap. 4.(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Es-píritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB,2006, q. 118.(3) Marcos, 3:22.(4) KARDEC, Allan. O Evangelhoseg. o Espiritismo. 125.ed. Rio [deJaneiro]: FEB, 2006, Introdução.(5) KARDEC, Allan. O Céu e o In-ferno. 51.ed. Rio [de Janeiro]: FEB,2003, IX, itens 4 a 6.(6) Sávio Laterce é mestre em Filo-sofia pela IFCS-UFRJ.

Lenda viva e verdadeiro anti-herói, o Demo se conserva até hoje no imaginário cristão(Conclusão do artigo publicado nas págs. 8 e 9 deste número.)

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O IMORTALOUTUBRO/2009 PÁGINA 11

Cambé – Todas as quartas-feiras,às 20h30, o Centro Espírita AllanKardec promove em sua sede naRua Pará, 292, um ciclo de pales-tras, com palestrantes especial-mente convidados. – “De quebrador de pedras aquebrador de angústias e desamor”- Um jantar em comemoração aoaniversário de 96 anos de HugoGonçalves, diretor do jornal OImortal, será realizado no dia 3 deoutubro, às 20h, no salão de festasda Loja Maçônica Regeneração 3ª(Rua Alagoas 760 – Centro de Lon-drina). Quem tiver interesse emprestigiar o evento, que contarácom a presença do aniversariante,pode adquirir os convites por R$25,00 (individual) ou R$ 12,00(crianças de 5 até 12 anos). Bebi-das como refrigerante e água esta-rão inclusos na aquisição do con-vite que pode ser comprado ante-cipadamente no Lar Marília Bar-bosa de Cambé, com Maria José,3254-3264; Terezinha, 3322-1355ou também com Fúlvia pelo tele-fone 3338-8557.

Curitiba – Um seminário com otema “Vivência humanizada doatendimento espiritual na CasaEspírita – Módulo I, promovidopelo Centro de Estudos e Pesqui-sas Espíritas (CEPE), foi realiza-do nos dias 22 e 24 de setembro,das 19h30 às 21h30, sob a coorde-nação de Maria da Graça Rozetti eda equipe do setor de Atendimen-to Espiritual. O local foi o auditó-rio da Sede Histórica da FEP, lo-calizada na Alameda Cabral, 300.– Será realizado nos dias 17 e 18de outubro o VIII Encontro Es-tadual de Coordenadores de Ju-ventudes Espíritas. O eventoacontece na sede da FederaçãoEspírita do Paraná (FEP) (Alame-da Cabral, 300) sob coordenaçãode Alberto Almeida. A aberturado encontro ocorre no dia 17 (sá-bado) às 9h30 e tem encerramen-to programado para o dia 18 (do-mingo) às 13h. Outras Informa-ções com o diretor do DIJ da suaURE.

Palestras, seminários e outros eventos

– O Coral do Centro EspíritaIldefonso Correia realizou duas apre-sentações no mês passado, uma nodia 26 de setembro, e outra no dia27, no Teatro da FEP (AlamedaCabral, 300). Os ingressos paraquem quiseram prestigiar as apresen-tações foram duas latas de leite empó. Mais informações pelo telefone(41) 3223-6174.

Londrina – O Centro Espírita Nos-so Lar promoveu em setembro maisum curso sobre passes. O evento foirealizado às terças-feiras, no horá-rio das 14h30 às 15h30, sob coorde-nação de Leda Negrini. O curso foiaberto a todos trabalhadores da casae demais interessados.– Realizou-se nos dias 12 e 13 desetembro no Centro Espírita NossoLar (Rua Santa Catarina, 429) umaJornada de Estudos Espíritas coor-denada pelo confrade Cosme Massi.O evento foi promovido pela 5ªUnião Regional Espírita (URE).– O Centro Espírita Maria deNazaré, localizado na Rua Giras-sol, 411 (Vila Ricardo), Zona Les-te de Londrina, está precisando detrabalhadores espíritas para ajudarnas atividades da casa. Além de pa-lestra pública realizada toda sex-ta-feira às 20h, o Centro conta como trabalho de fluidoterapia queacontece todas as segundas-feiras,às 19h30; Estudo da Doutrina Es-pírita aos domingos, às 16h30 eEvangelização Infantil aos sábados

também às 16h30. Interessadosentrar em contato pelos telefones3323-1483 ou 3325-2028.– Novos voluntários para a tarefa deevangelização infantil estão sendorecrutados pela Comunhão EspíritaCristã de Londrina, localizada naRua Tadao Ohira, 555 (JardimPerobal). As atividades de evange-lização das crianças realizam-se nosábado, a partir das 14h30, e aosdomingos, a partir das 8h30. Os in-teressados podem contactar EuniceCazetta pelo telefone 3304-2792) ouMarinei no 3324-6843.– Realiza-se nos dias 3 e 10 de ou-tubro, das 14h30 às 16h30, na Co-munhão Espírita Cristã de Londrina(Rua Tadao Ohira, 555 – JardimPerobal), a Semaninha Espírita. Se-rão realizadas 3 Oficinas – Ofici-nas do Saber, do Construir e de Mú-sica, voltadas para as crianças queparticipam das atividades de evan-gelização infantil naquela institui-ção. A coordenação da Semaninhaestá a cargo de Jenai OliveiraCazetta, com apoio da USEL –União das Sociedades Espíritas deLondrina.– Realiza-se a partir do dia 2 de ou-tubro o Ciclo Mensal de Palestraspromovido pela USEL – União dasSociedades Espíritas de Londrina.Eis a programação geral do Ciclo:dia 2, sexta, 20h, Flávio Abreu falano auditório do Centro Espírita Nos-so Lar; tema livre.dia 3, sábado, 15h, Maria Cândidafala na Casa Fabiano de Cristo;tema: Parábola das Bodas.dia 3, sábado, 20h, Katia Cilene falano Centro Espírita Amor e Carida-de; tema livre.dia 4, domingo, 9h30, PedroVanderlei fala no Centro EspíritaMeimei; tema livre.dia 9, sexta, 20h, Manoel Figueiredofala no Centro Espírita Aprendizesdo Evangelho; tema: Prece.dia 10, sábado, 15h, Antonio Lou-renço Jr. fala no Núcleo EspíritaHugo Gonçalves; tema: Estudo doEvangelho segundo o Espiritismo.dia 13, terça, 20h, Gisele Martinsfala na Sociedade de DivulgaçãoEspírita Maria de Nazaré; tema: Vida

e obra de Eurípedes Barsanulfo.dia 15, quinta, 19h50, Déa fala noCentro de Estudos Espirituais Vinhade Luz; tema: A dor.dia 16, sexta, 20h, Jane MartinsVilela fala no Centro Espírita Cami-nho de Damasco; tema livre.dia 17, sábado, 10h, Wilson Marconifala no Núcleo Espírita BeneditaFernandes; tema: Lei do Progresso.dia 17, sábado, 20h, Osny Galvãofala no Centro Espírita Anita Borelade Oliveira; tema livre.dia 20, terça, 20h, Dogomar Ferrazfala no Centro Espírita Allan Kar-dec; tema livre.dia 21, quarta, 20h, WalquíriaFerracini fala no Centro EspíritaNosso Lar; tema: Amor materno efilial.dia 22, quinta, 20h, Antônio Savianifala no Centro Espírita BomSamaritano; tema: Felicidade.dia 23, sexta, 20h, Naudemar Nas-cimento fala no Centro Espírita Ma-ria de Nazaré; tema: Preconceito.dia 24, sábado, 14h30, AlcidesMeleiro fala no Núcleo Espírita IrmãScheilla; tema livre.dia 24, sábado, 15h, Maria EloízaFerreira fala na Comunhão EspíritaCristã de Londrina; tema: Família.– O Núcleo Espírita Irmã Scheilla(NEIS), (Rua Ameixeiras, 655) so-licita voluntários para a evangeliza-ção de jovens com idade entre 13 a18 anos. As atividades acontecemaos sábados pela manhã. Atualmen-te o NEIS conta com cerca de 170jovens sendo evangelizados, mas ademanda passa de 200 e a casa nãoestá podendo atendê-los por falta devoluntários. Interessados deverãoentrar em contato com Magali pelotelefone (43) 3325-1334 ou e-mail:[email protected].

Campo Mourão – Realizou-se nodia 12 de setembro, na Sociedade Es-pírita Meimei, o seminário “Estra-tégia do Modelo e Guia na Exposi-ção Doutrinária”, ministrado pela 2ªvice-presidente da FEP, Maria He-lena Marcon.

Ivaiporã – A 6ª União RegionalEspírita (URE) realizou no dia 20

de setembro, das 9h às 15h, aXIV CRES – ConfraternizaçãoRegional Espíritas. O evento foicoordenado por Francisco FerrazBatista que abordou o tema “Vi-ver em Família”. Também foramabordados assuntos ligados aocasamento na visão espírita e àfamília como agente educador. Oevento teve o apoio da Federa-ção Espírita do Paraná (FEP) eaconteceu na Associação de Mo-radores da Vila de Furnas (VilaResidencial de Furnas).

Paranavaí – Um seminário como tema “Jesus, Modelo e Guia naComunicação Social”, coordena-do pela segunda vice-presidenteda FEP, Maria Helena Marcon, foirealizado no dia 27 de setembro,no Centro Espírita Fé, Amor e Ca-ridade (Rua Guaporé, 1576 – Cen-tro), das 8h30 às 12h30. Foramabordados aspectos sobre Jesus eos fatos momentosos; os nichos esegmentos – a criança, o jovem,o homem, a massa popular. Maisinformações pelos telefones (44)3423-4904 e (44)8412-0820.

Santo Antônio da Platina – Rea-liza-se em outubro o XXXIII MêsEspírita da cidade, com palestrasno auditório da União Espírita Je-sus Nazareno, localizado na Av.Coronel Oliveira Mota, 1069.Eis as palestras programadas: dia9 - 6ª feira - 20h - Paulo Abud (SãoPaulo-SP). Tema - Espíritas: Ins-truí-vos; dia 16 - 6ª feira - 20 h -César Kloss (Curitiba - PR). Tema- Transformação pelo Amor; dia 17- sábado – 15h às 18h - Semináriocom César Kloss. Tema - Expia-ções Coletivas na Visão Espírita;dia 23 - 6ª feira - 20 h - Luís Mau-rício Resende (Ponta Grossa - PR).Tema - Jesus: referência em diasde desafio; dia 24 - sábado – 15hàs 18 - Seminário com Luís Mau-rício Resende. Tema - Técnicas detrabalho para o estudo da Doutri-na Espírita; e dia 30 - 6ª feira - 20h- José Lázaro Boberg (Jacarezinho- PR). Tema - O Segredo das Bem-Aventuranças.

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O IMORTALPÁGINA 12 OUTUBRO/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

A viagem no dia 13 de setembropara visitar o Grupo Espírita deSheffield já estava preparada faziasemanas. No sábado dia 12, aconte-cera em Londres o Seminário paraPreparação do Aplicador do PasseEspírita, ministrado por coordenado-res de 4 Grupos Espíritas de Londres,sob a coordenação da BUSS - BritishUnion of Spiritist Societies, facilitan-do assim, aos grupos, reciclarem e pre-pararem seus trabalhadores nessa área.

A plataforma em Saint PancrasStation em Londres, fora anunciada. A

partida se daria em 45 minutos. Tem-po suficiente para um “English cup oftea”, uma xícara de chá inglês com lei-te, tradicional na Grã-Bretanha.

Antes uma passadinha para lavaras mãos, naquela manhã de umensolarado domingo. Numa cidadeturística, pode-se imaginar fila emtoda parte. Também ali, no “LadiesRoom”. Mantendo a limpeza, a mu-lher franzina ia e vinha com balde epano, deixando permanentemente oespaço em condições de uso, dado ogrande tráfego de pessoas. Duranteaqueles minutos na fila, estive obser-vando-a, aguardando um momento emque ela levantasse a cabeça, a qualmantinha sempre baixa, para eu po-

der oferecer-lhe um sorriso, dar-lhebom dia, com a voz e com os olhos.Em vão, pois todo o trabalho era feitocom a cabeça abaixada. Fiquei a ima-ginar o que se passava por trás daque-le rosto franzino demonstrando dor.Ou era dor moral, ou podia-se imagi-nar tudo. Respeitando as regras de so-cialização, apenas enderecei à irmã da

Crônicas de Além-Mar

Visitando o Grupo Espírita de Sheffield

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do Conse-lho Espírita Internacional, diretorado Departamento de Unificação paraos Países da Europa, organismo doConselho Espírita Internacionale secretária da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

limpeza pensamentos de luz, muitaluz, para que pudesse receber um pou-co do que eu podia oferecer.

Sentei-me no trem, no espaço járeservado com antecedência. Vencidoo tempo de 3h40 da viagem apesar dosatrasos, tudo se passou muito tranqui-lamente. Durante a viagem a imagemda mulher da limpeza vinha à minhamente. Pensava eu: Meu Deus! Nãoprecisamos ir longe para ajudar, a dorna grande maioria das vezes está aonosso lado e sempre é tempo de colo-car em prática as lições do amor aopróximo. Enderecei as vibrações eprocurei me concentrar no encontroque teria com os amigos de Sheffield.

Como era bom dar uma saída,mesmo que rápida, das atividades deLondres, trocar abraços fraternos eretornar energizada para continuida-des de tarefas! Aliás, o lazer do es-pírita é a mudança de tarefas; já vi-mos algumas vezes essa referência.

Em Sheffield, que alegria! Lá es-tava a querida amiga dirigente do Gru-po me esperando. Em seguida, o novoencontro com mais amigos, e se pas-saram os dois dias, sem que eu perce-besse, pois a acolhida, na visita ao gru-po, completou a alegria da viagem.

Sempre vale a pena manter acesa achama da amizade, do calor humano,expandindo esse calor aos menos afor-tunados da sociedade, visto que semeles seria um caos a vida, pois, assimcomo o relógio, para que o mecanismoperfeito possa funcionar com pontua-lidade, é necessário que cada pecinha,por mais insignificante que seja, estejafazendo a sua parte, em concordânciae sintonia com todas as demais.

Assim, nestas terras de além-mar,queremos nos manter como o reló-gio, fazendo cada um a nossa parte,para que o todo se enobreça e possa-mos usufruir os maravilhosos escla-recimentos da nossa Doutrina deAmor, junto aos amigos daqui e daí.

*É grande a expectativa para a re-

alização do II Congresso Britânico deMedicina e Espiritualidade, previstopara os dias 7 e 8 de novembro de2009 em Londres. Contactos, reuni-ões com voluntários, detalhes discu-

tidos, hospedagem dos palestrantes,enfim, tudo o que envolve um even-to desse porte está sendo considera-do pelos organizadores. Esse evento,conjugado entre a Associação Médi-co-Espírita Internacional e a BUSS -British Union of Spiritist Societies,vai se realizar pela segunda vez, nosmesmos moldes do primeiro.

Desta feita a Associação Médico-Espírita Internacional estará levandoos palestrantes médicos brasileiros, nomesmo período, para seis países daEuropa: França, Alemanha, Suíça,Holanda, Reino Unido e Portugal. A movimentação será grande, pois nomesmo dia em que acontecerá o even-to em Londres estarão também acon-tecendo eventos semelhantes na Suí-ça e Holanda. A Suíça já possui suaAssociação Médico-Espírita, a AME-CH (Confederação Helvética). Portu-gal já tem a Associação Médico-Espí-rita Portuguesa e em Londres existe oNúcleo de Profissionais da Área daSaúde. Na Holanda, na França e naAlemanha, os eventos contarão commédicos nativos do país, proferindopalestras juntamente com médicosespíritas brasileiros.

O movimento espírita carece deser permanentemente fortalecido nassuas bases e no seu tríplice aspecto.Como dizem os Espíritos: quem lheadmire a ciência, que assim o faça,quem lhe admire a filosofia, ou quemlhe admire a religião, divulgue e tra-balhe na área que melhor lhe falar aocoração. Assim os médicos espíritasbrasileiros vêm dar essa contribuiçãomaravilhosa aos nativos desses paí-ses, que vêm, ao logo de gerações,sofrendo as perseguições da religiãoe, em nome da religião, se afastamde Deus, mas se aproximam de Deuspor meio da ciência.

Reencarnação: umaoportunidade para o Espírito

“A fé esclarecida pela razão,pela compreensão, dar-lhes-á aforça necessária para cumpri-rem os seus deveres, nesta horade confusões sombrias por quevai passando o nosso planeta,

às vésperas de uma novaaurora espiritual, prestes a

brilhar sobre todo o mundo.”(Herculano Pires)

A vida é um caminho fecun-do. Nela são armazenadas nossasescolhas, equívocos, conquistas elatências, que constituem nossaindividualidade, tecendo, na tra-ma da memória, passado, presen-te e futuro – o vir-a-ser.

O tempo, assim, é um nave-gador que serve ao Espírito, poisele registra nossa construção,nosso querer profundo, refletin-do nossos esforços ligados aoBem e ao Belo, que são manifes-tações do divino.

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

É já na infância que o Espíritoencontra as primeiras instruções paradar reinício à reconfiguração de va-lores e propósitos. Estes servirãocomo indicadores para as novas ex-periências, segundo a tarefa doautoconhecimento, implicado coma espiritualização da existência, istoé, a integração dos bens essenciais ea construção íntima do Reino.

E se a época atual reflete o atri-to entre paradigmas socioculturaisdistintos, o modelo cristão-espíritapode dar segurança ao ser existen-te para o enfrentamento equilibra-do do seu cotidiano e desafios.

Ao mesmo tempo, esse modelo,que não é impositivo, mas baseadono amor, na caridade e na esperança,ajuda aquele em nova experiênciacorpórea a consolidar discernimentoe paz íntima, à medida que éestruturado nas lições de Jesus.

Uma das principais vantagensdo conhecimento espírita é dar umavisão espiritual da vida, porquan-to, “toda religião e toda doutrinaespiritualista, sejam quais forem,têm por finalidade afastar o homem

da condição animal, para huma-nizá-lo”, já dizia Herculano Pires.

Assim, a fé esclarecida pelarazão, pela atitude básica da indul-gência, dá ao Espírito-espírita aforça necessária para o cumprimen-to dos tarefas e, ao mesmo tempo,promove situações para o servirespontâneo, meio sadio que libertao ser humano de si mesmo, gratifi-cando-o com a alegria verdadeira.

Além disso, o entendimentodas Leis Divinas é o necessáriorecurso que contribui com a sa-dia sintonia entre pensar, sentir eagir, atuando na vida de maneiraa fornecer, ao existente, múltiplosestados de compreensão e paci-ência, que sempre ajudam o pro-cesso individual de regeneração.

A reencarnação é uma opor-tunidade abençoada, pois, atravésdas diversas experiências e docontato com as pessoas, podemosreestruturar sentimentos e pensa-mentos e, despertos, sair da ig-norância para, conscientes dojugo leve de Jesus, crescer na for-ça do Bem e da esperança.

Vista central da cidade de Sheffield

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O IMORTALOUTUBRO/2009 PÁGINA 13

Eu creio num Cristo novo,Humano perto do povo,Verberando a servidão.

Cristo que a ninguém se dobre,Um Cristo amigo do pobre,Com livro e trigo na mão.

Creio num Cristo social,Condenando o crime e o mal

Com o poder de sua Fé.Creio num Cristo atuante,

Que lute e se levante,

Pondo os humildes de pé.

Creio num Cristo pastor,Espalhando a luz do amor

Sobre os corações humanos.Creio num Cristo humanista,

Universal, pacifista,Inimigos dos tiranos.

Cristo liberto dos ritos,Cristo apoio dos aflitos,

Construtor de um mundo novo.Cristo que traga esperança,

Paz, justiça, segurança

E alegria para o povo!

Cristo de fraternidade,Luzeiro da liberdade,

Unindo os povos da Terra.Cristo do amor sem fronteiras,

Cristo acima das bandeiras,Cristo inimigo da guerra.

Cristo acima das igrejas,Cristo contrário às pelejas

Dos interesses venais.Cristo lançando às platéias

As sementes das idéias

Em prol de um mundo de paz.

Cristo dos injustiçados,Cristo irmão dos explorados

E terror dos opressores.Cristo amigo das crianças,

De todos os sofredores.

Cristo que seja um farolQue combata e lute em prol

Dos deserdados da sorte,Cristo em cuja mão erguidaTraga a mensagem da vida,Pela vida e além da morte!

O Cristo novoJosé Soares Cardoso

PassamentoFaleceu em Londrina no dia

14 de setembro último, aos 83anos de idade, nosso estimadoamigo e confrade Antonio Pon-tes Campos (foto).

Natural de Presidente Pruden-te (SP), onde nasceu em 12/8/1926, Antonio era casado com D.Jandira M. Campos e pai de 7 fi-lhos que lhes deram 17 netos e10 bisnetos. Espírita e trabalha-dor no Centro Espírita Nosso Larhá mais de 40 anos, ele fazia par-te de vários grupos no referidoCentro: o grupo Bezerra de Me-nezes, o grupo Fraternidade e ogrupo Nosso Lar, em que atuounos últimos dez anos e no qualera pessoa querida de todos.

Ao estimado confrade, o nos-so abraço e votos de pronta recu-peração para o retorno às ativida-des que certamente o aguardam noPlano Espiritual. A D. Jandira eseus familiares, a nossa estima eo nosso preito de solidariedade.

Histórias que nos ensinam

É sabido, no movimentoespírita, que um dia ChicoXavier teria recusado vultosaquantia em dinheiro, que mui-to lhe seria útil na tarefa querealizava junto aos menosaquinhoados, uma vez que jáhavia doado todos os direitosautorais de suas obrasmediúnicas à Federação.

Nesta coluna, apresentare-mos a carta pessoal de Chicoao então presidente da Fede-ração Espír i ta Brasi leira,Wantuil de Freitas, na déca-da de 40 (missiva de 30 de ja-neiro de 1947), registrada nolivro “Testemunhos de ChicoXavier”, escrito por SuelyCaldas Schubert e editadopela FEB.

Escreve Chico:“A partida do nosso ines-

quecível amigo Fígner en-cheu-me de grandes sauda-des. Ele foi um companheiroadmirável. Convivi com ele,epistolarmente, durante de-zessete anos consecutivos.Dele recebi as maiores pro-vas de abnegação que umamigo pode dar a outro. E aseparação dele, no plano in-visível, consterna-me a alma.Deus o fortaleça no reino dapaz e lhe restaure as forçaspara em breve, volte ao mi-nistério de auxílio à Humani-dade sofredora. Tive conheci-

JOSÉ ANTÔNIOV. DE PAULA

[email protected] Cambé

mento, através das senhorasfilhas dele, do legado de cemmil cruzeiros que ele me dei-xou em Obrigações de Guerraque se encontram à minha dis-posição aí no Rio. Ele semprecuidou de minhas necessidadespaternalmente, preocupando-se excessivamente por minhacausa. Sabia ele que, nos últi-mos anos, minha luta materialse intensificou muito e, no úl-timo semestre, escreveu-me,reiterando suas expressões dezelo. Entretanto, meu caroWantuil, a melhor homenagemque posso prestar ao nossoinolvidável amigo é renunciarao referido legado, em favorda nova organização que a Fe-deração vem fazendo, com ainstalação de novas oficinaspara o livro espírita. Nessesentido, escrevi hoje às senho-ras filhas do venerável compa-nheiro que partiu, pedindo aelas entrarem em entendimen-to contigo, para que recebas,tu mesmo, esse patrimônio,transferindo-o para crédito daCasa de Ismael, em face da dí-vida a que a FEB se impôs pelaaquisição de novas oficinas.

De fato, minhas lutas ma-teriais aumentaram muito.Confesso-te que tem sido difí-cil manter-me em PL (PedroLeopoldo), em face da fileirade irmãos que me procuram di-ariamente. Sou obrigado a for-necer alimento de 20 a 50 pes-soas novas por semana, de trêsanos para cá, sem falar de

grande número de doentes,cegos e leprosos, de passa-gem por aqui, à minha pro-cura, aos quais preciso socor-rer. Isso me compele a gastarduas a três vezes, por mês, aimportância de meu saláriomensal. Nosso Fígner sabiadisso e preocupava-se muito.E aqui te conto estas coisaspara comentarmos a situa-ção. E, para tranquilizar-te,revelo-te também que nadame falta e que não há sacrifí-cio nenhum da minha parte,porque, providencialmente,Jesus me aproximou do nos-so amigo Sr. Manoel JorgeGaio que tem me auxiliado asustentar a luta. Se os deve-res aumentaram para mim,aumentou Jesus a sua prote-ção, porque o Sr. Gaio meprovê do que preciso; sua se-nhora, D. Marietta Gaio,chama-me “filho”, ajudando-me também com a sua ternu-ra e abnegação. Além disso,tenho o amor e o cuidado detodos vocês, os companheirosda Federação. E, como sópreciso o necessário, creioque os cem mil cruzeiros denosso querido amigo ficarãomuito bem empregados nasoficinas novas da FEB.. .Rogo-te para que estes assun-tos fiquem reservados entreos nossos círculos mais ínti-mos. Evitar qualquer publici-dade, em torno do que ocor-re, é uma caridade que vocêsme farão.”

Cristo que traga a certezaDe erradicar a pobreza,Pondo fim à espoliação.

Cristo que faça entre os povosFlorescer ideais novos,Para a nossa redenção.

Redenção pela cultura,Redenção pela fartura,

No altar da fraternidade,A fim de que, no seu nome,

O mundo inteiro retomeOs caminhos da verdade!

Não pare!

Divulgue sempre, amigo, esta doutrinaA mais bela e feliz Revelação

Que revive o Evangelho e nos ensinaO que Jesus deixou como lição!

É do Amor e da Fé pura oficinaDe trabalho em esplêndida função,

Incentivando o Bem que eliminaToda mágoa que fere o coração!

Escreva, meu irmão. Não pare; escreva!Porém, em sua vida, não se atreva

De achar que é seu o que lhe vem à mente,

Porque não é. Mantenha o compromissoDe receber e divulgar tudo isso

Que há de fazer o bem a muita gente!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

Antonio Pontes Campos e esposa

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O IMORTALPÁGINA 14 OUTUBRO/2009

Deus vai nos ajudar!A família de Dorinha saiu do sí-

tio onde moravam porque não haviamais condição de ficar ali.

O sítio era longe da cidade, etoda a alimentação vinha da terra.Assim, comiam o feijão, o milho, amandioca, as vagens, os tomates, ascenouras e as verduras que seu paiplantava na horta.

Porém viera uma grande seca etodas as plantações tinham morrido.Até as árvores frutíferas não resisti-ram porque o riacho que banhava apropriedade e a fonte que lhes forne-cia a água para beber também tinhamsecado. Então, nem água tinham.

Sem ter o que comer e sem águapara beber, depois de muito pensar,o pai de Dorinha resolveu abando-nar a roça e ir para a cidade.

— Deus vai nos ajudar! — diziaDorinha.

Fizeram o trajeto de carroça, an-dando por muitas léguas com solforte, sem água e com muita fome.

Dorinha não reclamava para nãopreocupar seus pais. Porém, deixar osítio, onde tinha nascido e onde foratão feliz, para ir morar na cidade onde

João, agradecido pela atenção,respondeu:

— Moço, nós acabamos de che-gar. Você pode me dizer onde possoarrumar uma casa para ficar com afamília?

Penalizado, o rapaz considerou:— Arrumar uma casa assim, de

uma hora para outra, é difícil. Po-rém, você pode ir até o albergue no-turno. Lá eles recebem pessoas quenão têm onde dormir.

O moço indicou ao João comochegar lá e, meia hora depois, Dori-nha e seus pais estavam defronte doAlbergue Noturno.

Foram atendidos prontamente.Depois de responderem algumasperguntas, foram jantar. A alegria eratanta que não cabiam em si de con-tentes. Fazia algum tempo que nãotinham uma verdadeira refeição.

— Não disse que Deus iria nosajudar?

Antes de dormir, Dorinha agra-deceu a Jesus pela ajuda que esta-vam recebendo.

No dia seguinte, após tomar café,ela foi dar um passeio. Logo, encon-trou um bando de crianças que ca-minhavam numa mesma direção fa-zendo a maior algazarra. Até semperceber, acompanhou-as.

Ao aproximar-se de uma cons-trução grande, viu que as criançaspararam. Logo, as crianças começa-ram a entrar e Dorinha foi empurra-da para dentro do salão.

Uma das meninas olhou para elae sorriu. Dorinha atreveu-se a lheperguntar:

— O que está acontecendo?A garota respondeu, satisfeita:— Pois não sabe? Haverá distri-

buição de brinquedos e doces!Dorinha estava surpresa. Mais

do que isso: encantada!— Mas por quê?— Hoje é o Dia das Crianças!

— respondeu a menina, com enor-

Você já percebeu que tudo serenova?

Não? Então, observe o mundoao seu redor.

A natureza, o tempo, as pesso-as, tudo muda, se transforma.

Se assim não fosse, não have-ria progresso.

E sua existência, está precisan-do de uma renovação?

Claro que está! Temos o hábitode nos acostumarmos com as coi-sas e nem percebemos. Por isso,guardamos papéis, objetos e quin-quilharias que nunca vamos usar.

Por que nãocomeçar por ar-rumar o seuquarto? Guardeaqueles brinque-dos que sempreficam jogadospelo chão. Sele-cione os quevocê ainda quer, daqueles que nãodeseja mais, e doe a uma criançaque tem menos do que você.

Faça o mesmo com suas rou-pas e calçados. Separe tudo o quenão lhe serve mais e leve a umacreche. Tenha certeza de que ou-tras crianças ficarão muito felizesem recebê-los.

Os livros escolares que vocênão usará mais e os de histórias,que já conhece de cor; as fitas devídeo que você já cansou de assis-tir, levarão muita alegria a muita

Transformaçãonão conhecia ninguém e onde não ti-nham onde ficar, a deixava com von-tade de chorar. Com o coração aperta-do de tristeza, intimamente suplicavaao Alto que não os abandonasse.

Era de tarde quando chegaram à

cidade. João parou para descansaremum pouco. Logo apareceu um moçoe, ao ver João, perguntou:

— Pelas coisas que traz na car-roça, vejo que estão de mudança.Conhecem nossa cidade?

gente.Pense nisso.E olhe que falamos somente de

coisas materiais, por enquanto.Todavia, a renovação em sua

vida deve ser realizada também noseu interior.

Assim:Procure ser mais amigo dos

seus amigos.Ter mais paciência com os mais

velhos.Usar de tolerância, desculpan-

do os erros dos outros.Seja mais prestativo em casa,

ajudando nosserviços domés-ticos.

Procure sermais organiza-do, colaborandona conservaçãoda limpeza dacasa.

Liberte-se do egoísmo, deixan-do seus amigos também brincarcom seus brinquedos.

Exercite o amor, exigindo me-nos para si e aprendendo a reparti-lo com outras pessoas.

Estas e muitas outras coisasvocê poderá mudar em sua vida.

Lembre-se de que no Evange-lho de Jesus você encontrará tudo ode que precisa para ser feliz e parafazer felizes aqueles que o rodeiam.

Basta que tenha vontade paramudar e perseverança para vencer.

me sorriso estampado no rosto.Dorinha arregalou os olhos. Dia das

Crianças? Nem sabia que existia isso!No sítio, nunca tinha ouvido falar.

Era uma linda festa com músi-ca, teatro e brincadeiras. Depois,duas moças distribuíram bolo, umsaco com balas e doces, e um paco-te de presente:

— Obrigada! — disse Dorinha.— Agradeça a Jesus.Dorinha, ansiosa, abriu o paco-

te e viu que era uma bonequinha. Aprimeira boneca que Dorinha ganha-va de presente em sua vida! Semprequisera ter uma, mas seu pai nãopodia comprar.

Então, com o coração cheio dealegria, Dorinha agradeceu a Jesus

pelas coisas boas que lhe tinha man-dado. Voltou para o albergue e con-tou aos pais o que tinha acontecido.Seu pai também contou que tinhaencontrado um serviço numa cháca-ra e teriam uma casa para morar.

Abraçaram-se felizes e Dorinhafalou:

— Tinha certeza que Deus ia nossocorrer. Tenho orado e sabia que oPai não nos deixaria ao desamparo.

A mãe de Dorinha chorava deemoção. João considerou:

— É verdade, minha filha. Deusé nosso pai e sempre nos socorre nashoras de dificuldade. Diz a sabedo-ria popular que, quando Ele fechauma porta, abre uma janela.

Tia Célia

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O IMORTALOUTUBRO/2009 PÁGINA 15

Pedro e Angélica

Há cerca de dois anos, conhece-mos um menino, Pedro. Tinha nasci-do com paralisia cerebral, a cabeçadesproporcionalmente grande em re-lação ao corpo, muito pequeno, umadeformidade torácica importante. Ti-

nha quase quatro anos, mas pareciamenos de um. Veio trazido até nós commuita falta de ar, febre. A cuidadoraapavorada porque tinha acabado de teruma convulsão em casa e ela não con-seguia localizar a mãe, que estava tra-balhando. Pedro estava com pneumo-nia e o encaminhamos para interna-ção hospitalar. Depois da alta, sua mãeveio com ele até nós. Perguntamos se

ela precisava mesmo trabalhar, se nãopoderia ela mesma cuidar da criança,o filho que Deus lhe havia confiado.Ela disse que ia falar com o marido e,depois disso, deixou o emprego e pas-sou a cuidar do menino.

Qualquer gripe, ela o trazia, preo-cupada. Nós víamos o olhar de amor quePedro lhe endereçava. Falava com osolhos. Pneumonias repetidas, numa fa-cilidade grande, a quase toda gripe. Nóscomentamos com a mãe que ela faziamuito bem de não trabalhar, pois, comas condições do Pedro, não sabíamosquanto tempo eles teriam a permissãode ficarem juntos, aqui da Terra.

Começou a pandemia da gripe AH1N1, que provocou muitas mortesaqui no Brasil, muito pânico. Era umaterça-feira de manhã e Angélica lá che-gou com Pedro. Estava preocupada. Otio dele estava na UTI com suspeita dagripe, e ela estava com a suspeita – es-tava bem, disse ela, já havia sido aten-dida num centro especializado, em Lon-drina, estava medicada. Preocupava-secom Pedro, que teve febre alta e estavatossindo. Ele estava gemente, febril,com muita falta de ar. Foi encaminha-do com suspeita de pneumonia pela gri-pe A. Não foi internado no dia – o hos-pital estava repleto. Foi encaminhadonovamente. Na terceira vez é que foiinternado em estado grave. Todos pen-samos que o Pedro poderia desencarnare, para surpresa de todos, a mãe agra-vou, foi internada em estado grave.

As notícias que chegavam eram aspiores. Tínhamos certeza que a mãe iadesencarnar. Pensávamos que talvez omenino teria méritos para desencarnartambém, mas a mãe desencarnou e elenão. Ela teve o merecimento de nãoficar por aqui em vida vegetativa, poisseria assim que ficaria. O espírito quehabita o corpo do menino não pôdepartir. Ficará mais um tempo ainda,numa expiação redentora, para se li-bertar quitando até o último ceitil.

Quando se compreende a reencar-nação, compreende-se a justiça divina.A Doutrina Espírita dá a consolação queo aflito necessita. Como diz o Evange-lho, as vicissitudes da vida têm duasfontes bem distintas, umas com causana vida presente, outras fora dela. Hámales dos quais o homem é a causa pri-meira nesta vida, outros, pelo menos naaparência, que lhe são estranhos e pa-recem atingi-lo como por fatalidade –um deles, a enfermidade de nascimen-to. Todo efeito tem uma causa e, desdeque se admita um Deus justo, essa cau-sa deve ser justa. O homem, pois, não ésempre punido, ou completamente pu-nido, na sua existência presente, masnão escapa jamais à consequências desuas faltas. Entretanto, não seria preci-so crer que todo sofrimento suportadoneste mundo seja, necessariamente, oindício de uma falta determinada; são,frequentemente, simples provas esco-lhidas pelo espírito para acabar sua de-puração e apressar seu adiantamento.

O sofrimento que não excitalamentações pode, sem dúvida, seruma expiação, mas é o indício de queele foi, antes, escolhido voluntaria-mente do que imposto, e a prova deuma forte resolução, o que é um si-nal de progresso. Aquele que parte,terminou sua tarefa, e aquele que fica,talvez não a começou. Fiquem saben-do que a verdadeira liberdade está nalibertação dos laços do corpo, e queenquanto estiverem sobre a Terra, es-tão em cativeiro.

Angélica se libertou. Um de seusfamiliares, sua irmã, algum tempo de-pois de sua morte, veio até nós e nosdisse que a Angélica lhes havia ditoque parou de trabalhar para ficar como menino, cuidá-lo e amá-lo, porquepensou no que havíamos dito a ela,que não sabíamos quanto tempo elae o filho poderiam ficar juntos aquina Terra, e que, seria bom, ao partir,que tivesse ela a certeza de que tinhabem cumprido a missão de mãe queDeus lhe havia destinado.

A surpresa na história é que a par-tida foi dela e não dele, mas supo-mos que ela tenha ido em paz, por-que o olhar de amor que o Pedro lhelançava quando ela passava mostra-va quanto ela o estava amando e cui-dando. Não sabemos o amanhã. Vi-vamos fraternalmente, tentando sem-pre amar e bem cumprir o nosso de-ver para, um dia, saindo desse mun-do, possamos sair em paz.

JANE MARTINS [email protected]

De Cambé

As drogas e sua nociva influência,na visão de um psicólogo espírita

O Imortal: Considerando a in-fluência dos Espíritos no fenômenoda obsessão, como fica a questão?

Reportamo-nos à questão 459de O Livro dos Espíritos, em queKardec indaga aos Espíritos: “In-fluem os Espíritos em nossos pen-samentos e em nossos atos?”e ob-tém como resposta: “Muito maisdo que imaginais. Influem a talponto, que, de ordinário, são elesque vos dirigem”. Poderemos com-preender facilmente, em face des-ta resposta, a gravidade da presen-ça de Espíritos junto dos encarna-dos por afinidade do uso de dro-gas, numa lei de atração inexorá-vel. Consequentemente, sofrerãoprocessos obsessivos cruéis e mui-

tas vezes impossíveis de desfazer,em face da simbiose para o consu-mo de drogas, de ambas as partes.

O Imortal: O livro tem tido re-

percussões fora do movimento es-pírita?

Sem dúvida. Também fora domovimento espírita muito pouco seencontra tão didaticamente editadoe, consequentemente, onde o livrotem chegado tenho recebido das pes-soas um retorno satisfatório ao ní-vel de compreensão do seu conteú-do. Tivemos o cuidado de escrevero livro para ser lido tanto por leigosquanto por especialistas. De nadaadiantaria uma obra somente técni-ca. Seria enfadonho. No momentotemos ideias para um novo livro, naárea de saúde mental, porém aindamuito incipiente. Mas estamos tra-balhando no assunto.

O Imortal: Há algo mais quegostaria de acrescentar?

Agradeço muito a oportunida-de desta divulgação, pois entendoque a propaganda é “a alma do ne-gócio”, e leia-se negócio comooportunidade de difundir o livro demodo pertinente e constante, portodos os meios disponíveis. O pro-pósito é de que seu conteúdo pos-sa auxiliar pessoas que se deparemcom as drogas.

O Imortal: Suas palavras fi-nais.

Parabenizo o esforço da equi-pe por manter este periódico emplena atividade. Esforços comoeste devem ser elogiados com oobjetivo de estimular e apoiar ini-ciativas que possam colaborar como bem comum. Estão de parabéns.Grande abraço a todos.

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

L. O maior sustentáculo das cri-aturas é o amor. Todo sistema dealimentação, nas variadas esferas davida, tem no amor a base profunda.A alma, em si, apenas se nutre deamor. (Laura, cap. 18, pág. 101)

LI. O homem colhe o fruto dovegetal e o transforma segundo opaladar que lhe é próprio. As enti-dades desencarnadas necessitam desubstâncias suculentas, tendentes àcondição fluídica, e o processo serácada vez mais delicado, à medidaque se intensifique a ascensão in-dividual. (Lísias, cap. 18, pág. 101)

LII. A prática do bem constituisimples dever. O homem encarnadosaberá, mais tarde, que a conversaçãoamiga, o gesto afetuoso, a bondaderecíproca, a confiança mútua, a luz dacompreensão, o interesse fraternalconstituem sólidos alimentos para avida em si. (Laura, cap. 18, pág. 102)

LIII. O sexo é manifestação sa-grada desse amor universal e divi-no, mas é apenas uma expressãoisolada do potencial infinito. Entreos casais mais espiritualizados, ocarinho e a confiança, a dedicaçãoe o entendimento mútuos permane-cem muito acima da união física,reduzida entre eles a realização tran-sitória. (Laura, cap. 18, pág. 102)

LIV. A permuta magnética é ofator que estabelece ritmo neces-sário à harmonia. Para que se ali-mente a ventura, basta a presençae, às vezes, apenas a compreensão.(Laura, cap. 18, pp. 102 e 103)

LV. Em “Nosso Lar” aprendemosque a vida terrestre se equilibra noamor, sem que a maior parte dos ho-mens se aperceba. Almas gêmeas, al-mas irmãs, almas afins constituem pa-res e grupos numerosos. Unindo-seumas às outras, amparando-se mutu-amente, conseguem equilíbrio no pla-no da redenção. Quando, porém, fal-tam companheiros, a criatura menosforte costuma sucumbir em meio dajornada. (Judite, cap. 18, pág. 103)

LVI. É por isso que o Evange-lho de Jesus registra: “Nem só depão vive o homem”. (Lísias, cap.18, pág. 103)

LVII. Os laços afetivos, no pla-no espiritual, são mais belos e maisfortes. O amor é o pão divino dasalmas, o pábulo sublime dos cora-ções. (Laura, cap. 18, pág. 104)

LVIII. A neurastenia e a inquie-tação emitem fluidos pesados e ve-nenosos, que se misturam automa-ticamente às substâncias alimenta-res. (Laura, cap. 19, pág. 105) (Con-tinua no próximo número.)

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(Conclusão do texto publicado na pág. 5.)

Entrevista: Valci Silva

(Conclusão da matéria publicada na pág. 16.)

Divaldo responde– Se é verdade que o advento

do mundo de regeneração está tãopróximo, qual será a situação dosnossos amigos terrenos que aindavivem tão primitivamente em tri-bos existentes em muitos lugaresdo mundo?

Divaldo Franco - É verdade,sim, que o advento do mundo deregeneração está próximo, mas não

imediato, e aqueles Espíritos queainda se encontram em fase primiti-va estão tendo a oportunidade dedespertar para a realidade, dandocontinuidade ao processo evolutivoem outro planeta, caso não logremfazê-lo aqui mesmo, qual ocorre pe-riodicamente com as grandes migra-ções de um para outro sistema, con-forme ensina a Doutrina.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicadaem maio de 2008.)

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O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Valci Silva (foto), psicólogo, es-pecialista em psicologia clínica e emdependência química, é coordenadordo Programa de Atenção ao Depen-dente Químico do Ambulatório deSaúde Mental em Tupã (SP), cidadeonde nasceu e reside. Espírita desde1982, ocupa a vice-presidência doCentro Espírita Irmã Isabel e coorde-na a Mocidade da União EspíritaAllan Kardec, acumulando tambémo Depto. de Doutrina da USE-Tupã.Palestrante e autor do livro queensejou a presente entrevista, o con-frade é também presidente do Conse-lho Municipal do Direito da Criançae do Adolescente na mesma cidade.

O Imortal: Seu livro Drogas:Causas, Consequências e Recupe-ração, editado pela EME, está na4ª edição e com ótima repercus-são no movimento espírita. Comosurgiu o interesse por essa abor-dagem tão detalhada?

No ano de 2004, a USE estadualsolicitou às intermunicipais que seprogramasse um curso sobre depen-dência química, voltado para a ori-entação da família espírita. Elabora-mos um curso de 32 horas e com aparticipação não somente da famíliaespírita, mas das escolas públicas eparticulares, do COMAD (ConselhoMunicipal Antidrogas) de Rancharia,cidade vizinha, e alunos da UNESP-Tupã, além de outros interessados.Foram, ao todo, 150 assíduos parti-cipantes no curso, que forneceu cer-tificado de conclusão.

O Imortal: Realmente há ca-rência de debates sobre essatemática internamente no movi-mento espírita. A que se deve essadistância do movimento espíritaquanto à questão, embora haja al-gumas instituições especializadas?

De fato, isso ocorre no movimen-to espírita. Tenho me sentido muitogratificado em estar rompendo essainércia do movimento, levando paradentro das instituições a conversafranca e aberta sobre as drogas. Creioque o movimento espírita carece depessoas preparadas e instruídas para

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

As drogas e sua nociva influência, na visão de um psicólogo espírita

OUTUBRO/2009

Entrevista: Valci Silva

A temática das drogas e suas implicações, apesar de sua importância, é ainda timidamente abordada pelo movimento espíritadiscutir o assunto. Felizmente tenhosentido enorme receptividade no mo-vimento, pois estamos preenchendo umvácuo. Por outro lado, a impressão quetemos é que os espíritas não se veemsujeitos à injunção das drogas, o que éum grande engano, pois ainda somosseres humanos sujeitos a falir em nos-sa jornada evolutiva. Por isso avaliocomo muito importante romper dentrodo movimento a inércia existente.

O Imortal: No exercício de suaprofissão, muitos são os casos queaparecem no consultório? Comolidar com eles?

Infelizmente é crescente o núme-ro de usuários e dependentes de dro-gas em geral. O uso de drogas se ini-cia dentro do próprio lar, quando ospais usam medicações para qualquersituação em que não seria necessárioo recurso químico. Muitos pais, aochegarem em casa, adotam atitudes dotipo “preciso tomar uma cerveja pararelaxar” ou “preciso tomar um calman-te para dormir”. Levando-se em con-ta que educação se faz por convivên-cia, rapidamente a criança assimila oconceito de que pode resolver suas ne-cessidades através destas substâncias.Os pais perdem a oportunidade de lheensinar a viver de modo mais ajusta-do e natural, com enfrentamento dasdificuldades através das habilidadesnatas ou sociais de cada um. Em ra-zão dessa ordem de coisas, além daforte influência do meio em que con-vivemos, as drogas se tornaram mui-to “populares” e de fácil acesso. Issoexplica o enorme contingente de usu-ários na ordem mundial, que hoje estáno patamar de 26 milhões de pessoas,o que equivale a 0,6% da populaçãodo planeta. Dos atuais 6,5 bilhões dehabitantes, 208 milhões de pessoas jáexperimentaram algum tipo de droga...Eles estão buscando o quê? Faltam-lhes objetivo e meta existencial, porisso procuram em qualquer lugar oucoisa. Ensina Shakespeare que “quan-do não se sabe onde quer chegar, qual-quer lugar serve”. Em razão de tudoisso temos atendido muitas pessoas en-volvidas com drogas, principalmenteno serviço público, em que atuamoshá mais de 25 anos com dependentesquímicos. Lidar com eles não é tarefafácil. É preciso muita paciência, dedi-

cação, conhecimento e, acima de tudo,firmeza no encaminhamento das suasnecessidades e dificuldades. Podemos– e assim fazemos – atendê-los em trêsníveis, sendo importante uma avalia-ção médico-clínica e muitas vezes psi-quiátrica, muitas vezes com conse-quente uso de medicação, terapia psi-cológica e, em alguns casos, interna-ção hospitalar.

O Imortal: No Centro Espíritatambém há atendimentos envolven-do a dependência química? Comoa instituição tem tratado a questão?

Quanto aos centros espíritas, épreciso que haja pessoas habilitadaspara tratar da questão. Esse foi umdos propósitos do curso que minis-tramos no ano de 2004. Como dis-semos, existe um vácuo no movi-mento espírita, e consequentementenos centros espíritas, de pessoas pre-paradas para o mister. Conheço umaou outra casa que consegue realizarum trabalho pertinente. Já participeide um grupo de desobsessão queatendia muito a Espíritos quedesencarnaram pela via das drogas.Era um grupo de médiuns que co-nheciam e estudaram a problemáti-ca das drogas. Além do que era pre-ciso uma preparação fisico-orgâni-ca, moral e espiritual ajustadas, pois,segundo estes médiuns, as vibraçõesdesses Espíritos são muitas vezes in-suportáveis na mente e no organis-mo do médium. Em razão de difi-culdades gerais o grupo não conse-guiu seguir adiante. Os centros ca-recem de uma direção nesse tipo deatendimento aos usuários e seus fa-miliares.

O Imortal: Em seu livro, sim-plesmente analisando o índice dosassuntos, já se nota a profundida-de da abordagem. Numa síntese,como você aborda os prejuízos dasdrogas na família e na sociedade?

Os prejuízos vão desde a ques-

tão da saúde do usuário, bem comoem muitos casos a sua marginaliza-ção. Além do que a família, a maisprejudicada, vivencia realidadesnunca imagináveis, como ver o seudependente roubar, agredir física emoralmente e submetê-la a uma con-dição de subjugação e humilhação,consequentemente fazendo com quetodos os seus membros adoeçam asrelações afetivo-familiares.

O Imortal: E os prejuízos in-dividuais, espiritualmente consi-derando?

O indivíduo, ao se comprometercom a dependência às drogas, deso-rienta sua caminhada evolutiva.Modifica muitas vezes um “destino”de glórias e conquistas em todos osterrenos da vida humana, além decomprometer sua futura estada nomundo espiritual, pois fatalmente iráhabitar espaços cavernosos nessemundo, quando do seu desencarne.Compromete não somente o presen-te, mas também o futuro, pois com-promete severamente o perispírito,moldando-o às pré-disposições físi-cas/orgânicas da futura encarnação.Apresentamos no livro alguns tex-tos de André Luiz sobre as consequ-ências do desregramento do homemquanto às drogas e suas implicaçõesfísicas e mentais depois da desen-carnação, além das implicações ob-sessivas que as drogas podem pro-vocar levando a criatura a atos decrueldade, ao suicídio e a malefíciosde toda ordem. E há, ainda, o agra-vante do vampirismo provocado porEspíritos desencarnados, que aindanecessitam das drogas, levando oviciado encarnado ao excesso do usoe muitos à overdose da morte.

O Imortal: De que maneira aDoutrina Espírita pode contribuirpara a redução do difícil quadrode dependência química?

Todo aquele que adotar para sios princípios espíritas receberá umroteiro de luz capaz de guiá-lo comsegurança. A doutrina espírita ofe-rece-nos a compreensão dos porqu-ês da nossa existência, situando acaminhada humana em uma trajetó-ria de instrução e esclarecimentocapazes de nos guiar nos caminhostão árduos do mundo atual. Eu sugi-

ro no livro algumas ações taiscomo:

• Discutir com os jovens (nasmocidades, pré-mocidades, infân-cia etc.) os problemas que envol-vem a vida do Espírito encarnado,através de temas que tocam os jo-vens de perto – sexualidade, na-moro, gravidez, AIDS, drogas.

• Procurar integrar os usuáriosde drogas nas atividades da casa,em vez de os discriminar e rejei-tar.

• Encaminhá-los para a assis-tência espiritual.

• Um incentivo cada vez maisconstante às atividades de evange-lização da infância e da juventu-de, principalmente com sua im-plantação, caso a instituição ain-da não as tenha implantado.

• Estimular seus frequentado-res, em particular a família do de-pendente em tratamento, à práticado evangelho no lar.

O Imortal: Quais as repercus-sões que a publicação de seu livroteve? Você tem feito palestras eviajado para abordar o assunto?

Em razão de um vazio no meioespírita, o livro tem sido aceitomuito bem. No ano passado, quan-do ainda estávamos na terceiraedição, foi o livro mais vendidopela editora EME no mês de no-vembro. Isso demonstra o espaçoque o livro, pouco a pouco, vemocupando, no meio espírita prin-cipalmente. Em razão desta acei-tação, nós temos tido a oportuni-dade de estar indo a muitos luga-res no Estado de São Paulo e jáestivemos em duas cidades doParaná. Recentemente estivemosem Monte Alto, que fica na regiãode Ribeirão Preto, numa jornadade dois dias, discutindo a temáticadas drogas no meio espírita local,além de visitarmos a instituiçãoHorto de Deus naquela cidade,para uma grande roda de conver-sa. Na oportunidade ouvimos osrelatos dos internos e pudemoscontribuir com o nosso conheci-mento para uma conversa franca eorientadora de suas dificuldades,bem como da instituição. (Conti-nua na pág. 15 desta edição.)

Valci Silva