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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 647 Janeiro de 2008 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec A Revue Spirite há 140 anos ..... 15 Aiglon Fasolo .............................. 6 Arthur Bernardes de Oliveira ... 13 Clássicos do Espiritismo ............. 5 Crônicas de Além-Mar .............. 12 De coração para coração ............. 4 Divaldo responde ........................ 5 Editorial ....................................... 2 Emmanuel .................................... 2 Espiritismo para as crianças ..... 14 Estudando as obras de André Luiz ............................ 13 Grandes Vultos do Espiritismo ... 7 Joanna de Ângelis ....................... 2 José Viana Gonçalves ............... 12 Momentos com Divaldo Franco 10 Palestras, seminários e outros eventos ............................ 11 Pedro de Almeida Lobo ............ 10 Ainda nesta edição Nasce uma nova Casa Espírita em Londrina Há 150 anos nascia a Revue Spirite No dia 1 o de janeiro de 2008 comemora-se o aniversário de 150 anos da Revue Spirite, fundada por Allan Kardec em 1858, pouco mais de oito meses depois da pu- blicação d´O Livro dos Espíritos, a obra que deu partida à codifica- ção da Doutrina Espírita. De 1 o de janeiro de 1858 a 31 de março de 1869, o mensário foi redigido e editado pelo próprio Codificador do Espiritismo, que só deixou de dirigi-lo em face de sua desencarnação. A Revue Spirite foi impressa e lançada sem o apoio de nenhum só- cio capitalista e sem um único assi- nante, mas se tornou um sucesso e contribuiu decisivamente para a obra de codificação da doutrina que nas- cera no dia 18 de abril do ano anteri- or. Graças a ela, Kardec tornou-se uma personalidade conhecida em várias partes do mundo e, com isso, pôde corresponder-se com os simpa- tizantes da doutrina que, por meio da Revue, se espraiou pelos mais impor- tantes países da época. Pág. 3 O Centro Espírita Maria de Nazaré possui agora sede própria e funciona em novo horário O Espiritismo, na visão de Nelly Yvonne Berchtold Nascida na Suíça mas educada no Brasil, Nelly Yvonne Berchtold, uma das líderes do movimento espírita suíço, entre- vistada pela jornalista Katia Fabiana Fernandes, de Londres, mostra seu ponto de vista sobre questões fundamentais e polêmi- cas, como por exemplo a nature- za religiosa do Espiritismo e o problema da violência que pare- ce aumentar em nosso mundo. Quanto à primeira, Nelly é bastante clara: “O Espiritismo para mim é a revivescência do Cristia- nismo primitivo. A instauração de uma nova relação entre os homens e destes para com Deus.” Para ela, os conhecimentos adquiridos no Espiritismo, como as noções sobre as causas anteri- ores dos sofrimentos, sobre o pro- gresso contínuo do Espírito e de sermos co-construtores na obra do Criador, são os maiores estímu- los para perseverar em face das adversidades, como as que en- frentou na adolescência, quando sua mediunidade começou a se manifestar. Págs. 8 e 9 A 14 a CONMEL realiza-se no carnaval Continuam abertas as inscri- ções para a 14 a CONMEL – Confraternização das Mocida- des Espíritas em Londrina, que terá como tema “O homem do mundo é mais frágil do que per- verso” , frase extraída do livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos. O encontro acontece no período de 2 a 5 de feverei- ro do 2008, na época do carna- val. Pág. 11 O Nosso Lar comemora 74 anos de idade O Centro Espírita Nosso Lar, a mais tradicional Casa espírita do Norte do Paraná, completa no dia 1 o deste mês 74 anos de existên- cia. Fundado em 1 o de janeiro de 1934, a história do “Nosso Lar” se confunde com a própria história do município de Londrina, emancipa- do no mesmo ano, porém 11 me- ses depois. Hoje, passadas sete dé- cadas, a instituição destaca-se pela ênfase que dá aos estudos da Dou- trina Espírita e às atividades aber- tas ao público de domingo a do- mingo, com reuniões de manhã, à tarde e à noite. Londrina era apenas um povoa- do quando os pioneiros se reuniam em casa para estudar as obras bási- cas da Doutrina Espírita. Foram or- ganizados então os primeiros progra- mas assistenciais e de evangelização. As pessoas sem recursos que chega- vam à cidade, não tendo onde ficar, eram recolhidas por algumas famíli- as espíritas, o que motivou, anos de- pois, a fundação do Albergue Notur- no, situado na Vila Nova. Pág. 16 Estudo de Vida e Sexo começa no dia 12 de fevereiro O Grupo de Estudos Espíri- tas Abel Gomes (GEEAG), do Centro Espírita Nosso Lar, reinicia no dia 12 de fevereiro as atividades de 2008, com o estu- do do livro Vida e Sexo (veja capa), de Emmanuel, psicografa- do por Francisco Cândido Xavier. Agora em novo horário, as reu- niões do GEEAG realizar-se-ão todas as terças-feiras, das 18h30 às 20h, e às quintas, das 14 às 16h30. As inscrições devem ser feitas até o dia 7 de fevereiro, na Livraria do Centro. Pág. 3 Foi inaugurada no dia 9 de dezembro, em Londrina, a sede própria de mais uma casa desti- nada a levar o consolo e o escla- recimento da Doutrina Espírita à comunidade. Trata-se do Cen- sexta-feira palestras e passes a partir das 20h e já se prepara para este ano, a partir do dia 17 de fevereiro, oferecer também o estudo da Doutrina Espírita, das 16h30 às 18h, e Evangelização Infantil às 10h. A construção da sede própria do Centro Espírita Maria de Na- zaré, que contou com o apoio de vários confrades de Londrina e cidades vizinhas, é o resultado direto do esforço de nossa con- freira Ignez Vidotti, que se em- penhou com todas as forças para levar adiante esse projeto. (Leia na pág. 11 as outras notícias so- bre o movimento espírita no Paraná e nos demais estados da Federação.) tro Espírita Maria de Nazaré, lo- calizado na Rua Girassol, nº. 411, Vila Ricardo. A nova casa, sob a presidência de Marlene Anelli e Carlos Aberto Silva de Souza (foto), oferece toda

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 55 Nº 647 Janeiro de 2008 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

A Revue Spirite há 140 anos ..... 15Aiglon Fasolo .............................. 6Arthur Bernardes de Oliveira ... 13Clássicos do Espiritismo ............. 5Crônicas de Além-Mar .............. 12De coração para coração ............. 4Divaldo responde ........................ 5Editorial ....................................... 2Emmanuel .................................... 2Espiritismo para as crianças ..... 14Estudando as obrasde André Luiz ............................ 13Grandes Vultos do Espiritismo ... 7Joanna de Ângelis ....................... 2José Viana Gonçalves ............... 12Momentos com Divaldo Franco 10Palestras, seminários eoutros eventos ............................ 11Pedro de Almeida Lobo ............ 10

Ainda nesta edição

Nasce uma nova Casa Espírita em LondrinaHá 150 anos nascia a Revue Spirite

No dia 1o de janeiro de 2008comemora-se o aniversário de 150anos da Revue Spirite, fundada porAllan Kardec em 1858, poucomais de oito meses depois da pu-blicação d´O Livro dos Espíritos,a obra que deu partida à codifica-ção da Doutrina Espírita.

De 1o de janeiro de 1858 a 31de março de 1869, o mensário foiredigido e editado pelo próprioCodificador do Espiritismo, que sódeixou de dirigi-lo em face de suadesencarnação.

A Revue Spirite foi impressa elançada sem o apoio de nenhum só-cio capitalista e sem um único assi-nante, mas se tornou um sucesso econtribuiu decisivamente para a obrade codificação da doutrina que nas-cera no dia 18 de abril do ano anteri-or. Graças a ela, Kardec tornou-seuma personalidade conhecida emvárias partes do mundo e, com isso,pôde corresponder-se com os simpa-tizantes da doutrina que, por meio daRevue, se espraiou pelos mais impor-tantes países da época. Pág. 3

O Centro Espírita Maria deNazaré possui agora sede própria

e funciona em novo horário

O Espiritismo, na visão deNelly Yvonne Berchtold

Nascida na Suíça maseducada no Brasil, Nelly YvonneBerchtold, uma das líderes domovimento espírita suíço, entre-vistada pela jornalista KatiaFabiana Fernandes, de Londres,mostra seu ponto de vista sobrequestões fundamentais e polêmi-cas, como por exemplo a nature-za religiosa do Espiritismo e oproblema da violência que pare-ce aumentar em nosso mundo.

Quanto à primeira, Nelly ébastante clara: “O Espiritismo paramim é a revivescência do Cristia-

nismo primitivo. A instauração deuma nova relação entre os homense destes para com Deus.”

Para ela, os conhecimentosadquiridos no Espiritismo, comoas noções sobre as causas anteri-ores dos sofrimentos, sobre o pro-gresso contínuo do Espírito e desermos co-construtores na obra doCriador, são os maiores estímu-los para perseverar em face dasadversidades, como as que en-frentou na adolescência, quandosua mediunidade começou a semanifestar. Págs. 8 e 9

A 14a CONMEL realiza-se no carnavalContinuam abertas as inscri-

ções para a 14a CONMEL –Confraternização das Mocida-des Espíritas em Londrina, que

terá como tema “O homem domundo é mais frágil do que per-verso” , frase extraída do livro“Boa Nova”, de Humberto de

Campos. O encontro aconteceno período de 2 a 5 de feverei-ro do 2008, na época do carna-val. Pág. 11

O Nosso Lar comemora74 anos de idade

O Centro Espírita Nosso Lar,a mais tradicional Casa espírita doNorte do Paraná, completa no dia1o deste mês 74 anos de existên-cia. Fundado em 1o de janeiro de1934, a história do “Nosso Lar” seconfunde com a própria história domunicípio de Londrina, emancipa-do no mesmo ano, porém 11 me-ses depois. Hoje, passadas sete dé-cadas, a instituição destaca-se pelaênfase que dá aos estudos da Dou-trina Espírita e às atividades aber-tas ao público de domingo a do-

mingo, com reuniões de manhã, àtarde e à noite.

Londrina era apenas um povoa-do quando os pioneiros se reuniamem casa para estudar as obras bási-cas da Doutrina Espírita. Foram or-ganizados então os primeiros progra-mas assistenciais e de evangelização.As pessoas sem recursos que chega-vam à cidade, não tendo onde ficar,eram recolhidas por algumas famíli-as espíritas, o que motivou, anos de-pois, a fundação do Albergue Notur-no, situado na Vila Nova. Pág. 16

Estudo de Vida e Sexo começano dia 12 de fevereiro

O Grupo de Estudos Espíri-tas Abel Gomes (GEEAG), doCentro Espírita Nosso Lar,reinicia no dia 12 de fevereiro asatividades de 2008, com o estu-do do livro Vida e Sexo (vejacapa), de Emmanuel, psicografa-do por Francisco Cândido Xavier.Agora em novo horário, as reu-niões do GEEAG realizar-se-ãotodas as terças-feiras, das 18h30às 20h, e às quintas, das 14 às16h30. As inscrições devem serfeitas até o dia 7 de fevereiro, naLivraria do Centro. Pág. 3

Foi inaugurada no dia 9 dedezembro, em Londrina, a sedeprópria de mais uma casa desti-nada a levar o consolo e o escla-recimento da Doutrina Espíritaà comunidade. Trata-se do Cen-

sexta-feira palestras e passes apartir das 20h e já se prepara paraeste ano, a partir do dia 17 defevereiro, oferecer também oestudo da Doutrina Espírita, das16h30 às 18h, e EvangelizaçãoInfantil às 10h.

A construção da sede própriado Centro Espírita Maria de Na-zaré, que contou com o apoio devários confrades de Londrina ecidades vizinhas, é o resultadodireto do esforço de nossa con-freira Ignez Vidotti, que se em-penhou com todas as forças paralevar adiante esse projeto. (Leiana pág. 11 as outras notícias so-bre o movimento espírita noParaná e nos demais estados daFederação.)

tro Espírita Maria de Nazaré, lo-calizado na Rua Girassol, nº. 411,Vila Ricardo.

A nova casa, sob a presidênciade Marlene Anelli e Carlos AbertoSilva de Souza (foto), oferece toda

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O IMORTALPÁGINA 2 JANEIRO/2008

EditorialEMMANUEL

À primeira vista, uma data co-memorativa é apenas mais uma datano ano. Mas não é bem isso o queacontece. O peso simbólico associ-ado a ela desperta sentimentos e pen-samentos que projetam formaçõesmentais que modificam a psicosferaambiente. E quando isso se dá comtoda uma coletividade, a psicosferaterrestre é alterada de tal forma quepermite aos Espíritos benfazejosuma ação mais eficaz e permanente.

O Ano Novo traz sentimentos epensamentos de paz e renovação. Éum momento de reflexão que pro-picia a tomada de posição em rela-ção ao passado e ao futuro. Em ge-ral, os homens refletem sobre suasvidas e sobre o que têm feito delas.É singular o fato de que muitos sevêem envoltos em melancolia, por-que, instintivamente, pesam suasações e pensam sobre o que se es-pera do futuro.

Infelizmente, o Ano Novo, as-sim como o Natal, está, na maioriadas vezes, associado às satisfaçõesmateriais. Poucos se deixam levarpela espiritualidade da data. Mas,ainda assim, parece que as idéias depaz e renovação atingem a todos,provocando uma espécie de reaçãoenvolvente e que tem por conseqü-ência a reflexão, mesmo que mo-mentânea.

“Bem-aventurados os que pro-movem a paz, porque serão chama-dos filhos de Deus.” A paz é consa-grada por Jesus; é a condição se-

Há quem estabeleça em qualidade irá ser feliz, perdendo todasas ensanchas de sê-lo a cada mo-mento.

Mais tarde, passará a sofrer deneurose depressiva, em razão denão a haver fruído suficientemen-te, deixando-se consumir pelo con-flito de que já não pode desfrutar oque perdeu ou não dispor mais de

O convite do Mestre, para que os dis-cípulos procurem lugar à parte, a fim derepousarem a mente e o coração na pre-ce, é cada vez mais oportuno.

Todas as estradas terrestres estão chei-as dos que vão e vêm, atormentados pelosinteresses imediatistas, sem encontraremtempo para a recepção de alimento espiri-tual. Inúmeras pessoas atravessam a sen-da, famintas de ouro, e voltam carregadasde desilusões. Outras muitas correm àsaventuras, sedentas de novidade emocio-nal, e regressam com o tédio destruidor.

Nunca houve no mundo tantos templosde pedra, como agora, para as manifesta-ções de religiosidade, e jamais apareceu ta-manho volume de desencanto nas almas.

A legislação trabalhista vem reduzindoa atividade das mãos como nunca; no entan-to, em tempo algum surgiram preocupaçõestão angustiosas como na atualidade.

As máquinas da civilização moderna li-mitaram espantosamente o esforço humano,todavia, as aflições culminam, presentemen-te, em guerras de arrasamento científico.

Avançou a técnica da produção eco-nômica em todos os setores, selecionan-do o algodão e o trigo por intensificar-lhes as colheitas, mas, para os olhos quecontemplam a paisagem mundial, jamaisse verificou entre os encarnados tamanhaescassez de pão e vestuário.

Aprimoraram-se as teorias sociais desolidariedade e nunca houve tamanha dis-córdia.

Como acontecia nos tempos da perma-nência de Jesus no apostolado, a maioria doshomens permanece no vaivém dos cami-

Ano Novogundo a qual os homens serão re-conhecidos por sua origem divina.Como signo do Ano Bom, a paz é oobjetivo comum numa terra aindadedicada à desavença e à desunião.Promover a paz é mais do que esta-belecer a concórdia, é estabeleceras bases de justiça social indispen-sáveis para uma vida digna. Comoparte da “Lei de justiça, amor e ca-ridade”, a justiça é indispensável àpaz, como são indispensáveis a fra-ternidade e a liberdade. Kardec pon-dera que a base da transformaçãosocial é a fraternidade, seguida daigualdade e da liberdade.

Para tanto, é necessária a reno-vação individual. E, como asseve-ra Santo Agostinho, não é possívelrenovar-se sem acertar contas coma própria consciência e promover,através da vigilância sobre as pró-prias ações, a transformação paramelhor de nossos sentimentos, pen-samentos e atos.

O Ano Novo simboliza essa to-mada de posição perante a vida.Deve-se levar a sério as promessasde Ano Novo, porque é preciso co-meçar por algum lugar, e a deter-minado tempo, a renovação espe-rada. Aconselha-se que se comecepor pequenos defeitos, manias econdicionamentos. E, a cada dia,reflexiona-se sobre o nosso desem-penho diante deles, sobre se esta-mos fazendo o máximo para ven-cer a nós mesmos.

A paz e a transformação moral,

que são nossos destinos na Terra, sãoconstruções que demandam esforçoe tempo, e que só contam com o tes-temunho de nossas consciências. So-mente Deus, seus delegados e nossaconsciência podem dizer se estamosnos esforçando por atingir um pata-mar mais elevado de moralidade.

Gabriel Delanne disse certa veza André Luiz que o Evangelho éuma conquista de homem a homem.Não se evangeliza por atacado. An-tes, é o exemplo de cada um queimprime no outro as verdades doEvangelho de Jesus. Diante disso,é natural que em dois mil anos deevangelização apenas um terço dapopulação mundial aceite as verda-des da Boa Nova – o que não signi-fica que a pratiquem.

O Espiritismo também é obra paraser operada de homem a homem.Além de vencermos a nós mesmos, éo nosso exemplo que vai imprimir nosnossos circunstantes a verdade de queé possível melhorar-se.

Que este Ano Novo seja maisuma oportunidade de reflexão e detomada de posição diante de nósmesmos.

Que todos nós pensemos sobrenossas atitudes e sobre o que temosfeito para nos tornarmos melhorespara nossos semelhantes.

Que a mensagem de Jesus, deque tomemos nossas cruzes e o si-gamos, porque seu jugo é suave, eseu fardo leve, seja o norte de nos-sas resoluções de fim de ano.

Um minuto com Joanna de Ângelisforças para repetir a façanha...

Acumula, então, recordaçõestristes e nega-se a novas alegrias,anulando os valores que possui,enquanto desenvolve conflitos cadavez mais destrutivos.

Cada fase da vida tem os seuspercalços e as suas bênçãos. Vivê-los com empatia e entusiasmo é aatitude de quem já amadureceu

Refugia-te em paz

nhos, entre a procura desorientada e o acha-do falso, entre a mocidade leviana e a velhi-ce desiludida, entre a saúde menosprezada ea moléstia sem proveito, entre a encarnaçãoperdida e a desencarnação em desespero.

Oh meu amigo, se adotaste efetiva-mente o aprendizado com o Divino Mes-tre, retira-te a um lugar à parte, e cultivaos interesses de tua alma.

É possível que não encontres o jar-dim exterior que facilite a meditação, nemalgum pedaço de natureza física onde re-pouses do cansaço material, todavia, pe-netra o santuário, dentro de ti mesmo.

Há muitos sentimentos que te animamhá séculos, imitando, em teu íntimo, o fluxoe o refluxo da multidão. Passam apressadosde teu coração ao cérebro e voltam do cére-bro ao coração, sempre os mesmos, incapa-citados de acesso à luz espiritual. São os prin-cípios fantasistas de paz e justiça, de amor efelicidade que o plano da carne te impôs. Emcertas circunstâncias da experiência transi-tória, podem ser úteis, entretanto, não vivasexclusivamente ao lado deles. Exerceriamsobre ti o cativeiro infernal.

Refugia-te no templo à parte, dentrode tua alma, porque, somente aí encon-trarás as verdadeiras noções da paz e dajustiça, do amor e da felicidade reais, aque o Senhor te destinou.

JOANNA DE ÂNGELIS, men-tora espiritual de Divaldo P. Franco,é autora, entre outros livros, de Mo-mentos de Iluminação (Livraria Es-pírita Alvorada Editora, 1990), doqual foi extraído o texto acima.

emocionalmente.A vida não se detém e o tempo

não se interrompe, queira-se ou não.Isto é inexorável.

Pode-se ser pleno na infância eimaturo na idade da razão.

O desenvolvimento dos valoreséticos e emocionais não deve ces-sar nunca, interrompendo-se o ho-mem na marcha que o leva a alcan-çar mais altos e expressivos índi-ces de conhecimento, de vivência,de atividade.

Assim o objetivo é viver comconsciência criativa, sinceridade ebondade no coração, tornando aexistência um hino de louvor quenão deve cessar nem mesmo com amorte corporal.

“Havia muitos que iam e vinham e não tinhamtempo para comer.” – (MARCOS, 6:31.)

EMMANUEL, que foi o mentor espiri-tual de Francisco Cândido Xavier e coorde-nador da obra mediúnica do saudoso médiummineiro, é autor, entre outros livros, de “Fon-te Viva” (Editora da FEB, 1956), de ondefoi extraído o texto acima.

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O IMORTALJANEIRO/2008 PÁGINA 3

Pouco mais de oito mesesdepois da publicação d´ O Li-vro dos Espíritos, Allan Kar-dec lançou em Paris o primeironúmero da Revue Spirite, men-sário que ele escreveu e publi-cou de 1o de janeiro de 1858 a31 de março de 1869, quandodesencarnou.

A importância da Revue foifundamental na divulgação e naprópria codificação da DoutrinaEspírita.

No livro Obras Póstumas,publicado depois do falecimen-to do Codificador do Espiritis-mo, podemos ler o diálogo queele manteve em 15 de novem-bro de 1857 com seu protetorespiritual na residência do Sr.Dufaux, por intermédio da se-nhora E. Dufaux.

Eis, na íntegra, o teor do re-ferido diálogo:

Pergunta - Tenho a inten-ção de publicar um jornal es-pírita, pensais que chegarei afazê-lo, e mo aconselhais? Apessoa à qual me dirigi, o Sr.Tiedeman, parece-me decidi-do a dar o seu concurso pe-cuniário.

Resposta: Sim, isso conse-guirás com a perseverança. Aidéia é boa, é preciso amadurecê-la antes.

Pergunta - Temo que outrosme antecedam.

Resposta: É necessárioapressar-se.

Pergunta - É o meu desejo,mas o tempo me falta. Tenhodois empregos que me são ne-cessários, vós o sabeis; gostariade poder a isso renunciar, a fimde consagrar-me inteiramenteà coisa, sem preocupações es-tranhas.

THIAGO [email protected]

De Curitiba

Resposta: Não é preciso nadaabandonar no momento; semprese acha tempo para tudo; movi-menta-te e conseguirás.

Pergunta - Devo agir sem oconcurso do Sr. Tiedeman.

Resposta: Age com ou semseu concurso; não te inquietescom ele, podes por isso passar.

Pergunta - Tinha a intençãode fazer um primeiro númerode experiência, a fim de colo-car o jornal e fixar-lhe data,salvo continuar mais tarde, sefor o caso; que pensais disso?

Resposta: A idéia é boa, masum primeiro número não basta-rá; no entanto, é útil e mesmo ne-cessário naquilo que abrirá o cami-nho ao resto. Nisso será precisolevar muito cuidado, de maneira a

lançar as bases de um sucesso du-rável; se for defeituoso, mais vale-ria nada, porque a primeira impres-são pode decidir seu futuro. É ne-cessário se ligar, começando, so-bretudo a satisfazer à curiosidade;deve encerrar, ao mesmo tempo, osério e o agradável; o sério que li-gará os homens de ciência, e oagradável que divertirá o vulgo;esta parte é essencial, mas a outraé a mais importante, porque semela o jornal não teria fundamento

sólido. Em uma palavra, é precisoevitar a monotonia pela variedade,reunir a instrução sólida ao inte-resse, e isso será, para todos os tra-balhos ulteriores, um poderoso au-xiliar. (Obras Póstumas, pp. 263 e264.)

Em seguida ao diálogo acimatranscrito, o Codificador acrescen-tou a observação seguinte:

”Apressei-me em redigir oprimeiro número, e fi-lo aparecerem janeiro de 1858, sem dissonada ter dito a ninguém. Não ti-nha um único assinante e nenhumsócio capitalista. Fi-lo, pois, intei-

Faz 150 anos que Kardec lançou a Revue SpiriteSem um único assinante e nenhum sócio capitalista, a Revue circulou pela primeira vez em 1o de janeiro de 1858, sob a direção do Codificador do Espiritismo

Estudada por duas vezes nasreuniões do Círculo de Leitura“Anita Borela de Oliveira”, deLondrina, a Revue Spirite integraa lista dos 100 livros seleciona-dos para estudo pelo GEEAG –Grupo de Estudos Espíritas AbelGomes, fundado no início de2000, o qual se reúne semanal-mente no Centro Espírita NossoLar, da mesma cidade.

Com o aniversário de 150anos da Revista, que será comcerteza comemorado pelos espí-ritas do mundo todo, é provávelque seu estudo metódico seja ado-tado pelas Casas Espíritas, o queconcorrerá, sem dúvida, para umamelhor compreensão da Doutri-na codificada por Kardec.

Na programação do GEEAG,seu estudo sucederá ao do livro “AGênese”, obra que completa o cha-mado Pentateuco Kardequiano.

A Revue Spirite é uma das obrasobjeto de estudo pelo GEEAG

O GEEAG, que inicia em fe-vereiro seu nono ano de ativida-des, reúne-se nas terças-feiras(das 18h30 às 20h) e nas quintas(das 14h às 15h30), no miniaudi-tório do “Nosso Lar”.

As atividades deste ano come-çarão nos dias 12 e 14 de feverei-ro, tendo por objeto o estudo do li-vro “Vida e Sexo”, de Emmanuel,psicografado pelo médium Francis-co Cândido Xavier. As inscriçõesdevem ser feitas até o dia 7 de fe-vereiro, na Livraria do Centro. Nãohá pagamento de taxa alguma.

Na seqüência da programa-ção, a obra a ser estudada é “AEvolução Anímica”, um dos clás-sicos do Espiritismo, de autoriade Gabriel Delanne.

As reuniões do GEEAG sãocoordenadas por Astolfo Olegáriode Oliveira Filho. (Marcelo Bo-rela de Oliveira, de Londrina.)

Kardec, o Codificador do Espiritismo

Capa da Revista Espírita de 1858

Capa do livro Vida e Sexo

ramente aos meus riscos e peri-gos, e não ocorreu de me arre-pender disso, porque o sucessoexcedeu a minha expectativa. Apartir de 1o de janeiro, os núme-ros se sucederam sem interrup-ção, e, como o Espírito previra,esse jornal se me tornou um po-deroso auxiliar.

Reconheci mais tarde que es-tava feliz por não ter um sóciocapitalista, porque estava maislivre, ao passo que um estranhoteria podido querer me imporsuas idéias e sua vontade, e en-travar a minha caminhada; só,não tinha que dar contas a nin-guém, por pesada que fosse a mi-

nha tarefa como trabalho.” (Obracitada, pág. 264.)

A observação contida nestanota corresponde à verdade, por-que todos os que já leram os nú-

meros da Revue Spirite sabemque é impossível ter uma visãoabrangente da Doutrina sem le-var em conta os textos que nelaforam inseridos.

Lendo-a, pode-se acompa-nhar a evolução do pensamentodo Codificador e o processo da-quilo que se convencionou cha-mar de codificação do Espiritis-mo.

Registrando neste mês o ani-versário de 150 anos do impor-tante periódico, que será eviden-temente comemorado pelos espí-ritas do mundo inteiro, inicia-seneste mês, na revista espírita ele-trônica O Consolador, —www.oconsolador.com — a apre-sentação do texto condensadodos doze volumes que compõema Revue, referentes ao período de1858 a 1869.

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O IMORTALPÁGINA 4 JANEIRO/2008

De coração para coração

Recebi no mês passado da confrei-ra Romélia Dolores Menezes de Oli-veira, de Fortaleza (CE), uma mensa-gem eletrônica na qual ela explica oporquê de sua proposta, recentementeveiculada pela internet, de atualizaçãocientífica da Doutrina Espírita.

A mensagem e as explicaçõespor ela enviadas foram publicadasna edição de 23 de dezembro da re-vista eletrônica O Consolador –www.oconsolador.com –, juntamen-te com a manifestação, contrária àproposta, de dois confrades. Poste-riormente à publicação dos textoscitados, chegou-me uma mensagemde um estimado confrade residenteem Juiz de Fora (MG), claramentefavorável ao proposto por Romélia.

Segundo esta, os pontos que, ematendimento à Ciência, precisam serrevistos são estes:• ausência de luas em Marte• a solidez do anel de Saturno (não éapenas um, mas muitos e constituí-dos de partículas em suspensão)• a defesa da abiogênese, de que Kar-dec era adepto• interpretações equivocadas sobre ainferioridade das raças, bem comooutros pontos nos quais a ciência jáse manifestara desfavoravelmente àinterpretação do Codificador.

Lembra a confreira que o próprioCodificador do Espiritismo, em artigoque integra “Obras Póstumas”, expôsas razões pelas quais a Doutrina Espí-rita deveria ser continuamente atuali-zada: “A verdade absoluta é eterna, e

por isso mesmo, invariável. No estadode imperfeição de nossos conhecimen-tos, o que nos parece falso hoje, podeser reconhecido como verdadeiro ama-nhã, em conseqüência da descobertade novas leis. É contra essa eventuali-dade que a Doutrina não deve jamaisse encontrar desguarnecida. O princí-pio progressivo, que ela inscreveu emseu código, será a salvaguarda de suaperpetuidade, e sua unidade serámantida precisamente porque ela nãorepousa sobre o princípio da imobili-dade. Esta, em lugar de ser uma força,se torna uma causa de fraqueza e deruína para quem não segue o movimen-to geral; rompe a unidade porque aque-les que querem ir adiante se separamdaqueles que se obstinam em perma-necer atrasados.” (“Obras Póstumas”– Princípios Fundamentais da Doutri-na Espírita reconhecidos como verda-des espíritas - final da obra.)

Em mensagem posterior datada de16/12/2007, Romélia justifica sua pro-posta: “Observando os erros científi-cos lá contidos e a imensa quantidadede críticas que os detratores lançam porconta deles, julgamos conveniente atu-alizar a doutrina, seja com notas derodapé ou mesmo colocando-a no pon-to, como era o desejo do codificador,nessa parte em que se encontra em de-sacordo com a ciência. Vale salientarque crianças do ensino fundamentalaprendem que Marte tem duas luas ehá mais de 150 anos a codificação in-forma que elas não existem. O mesmovale para outros erros, como por exem-

plo: ‘As moléculas não têm para vósuma forma apreciável’. Atualmente játemos fotografias de moléculas obti-das por tunelamento, aumentadas 28milhões de vezes. Em época de con-sultas rápidas e de senso crítico agu-çado, um simpatizante da doutrina oumesmo alguém que queira nela ingres-sar, vendo tais erros, sente-se descon-fortável ou mesmo desacreditado, doseu conteúdo científico. Alguém podeafirmar que a parte moral é irretocável,e é. Mas Kardec afirmou que a doutri-na é ciência, filosofia e religião. Podeo recém-chegado à Doutrina pensar:Que é isso? Essa doutrina não foi pas-sada pelos Espíritos superiores e revi-sada por eles? por que tantos erros? Eiso motivo, querer a Doutrina comcredibilidade em sua inteireza, livre deataques de seus detratores, pelo qualjulgamos oportuna e necessária estaatualização. Atualizar não significa di-zer que Allan Kardec está ultrapassa-do, de forma alguma, significa adequara parte científica ao seu tempo. Nãoentendo, amigo, até quando vamos ig-norar o desejo de Kardec?”

A mensagem se completa com oseguinte texto escrito por Kardec eincluído por ele no livro “A Gênese”:“O Espiritismo, avançando com o

progresso, jamais será ultrapassado,porque, se novas descobertas lhe de-monstrarem que está em erro acercade um ponto, ele se modificará nesseponto; se uma verdade nova se reve-lar, ela a aceitará.” (“A Gênese”, cap.I - Caracteres da Revelação Espírita.)

Exposta a questão, que podemosdizer?

Eis, resumidamente, o que pen-samos:

1. A confreira tem inteira razão. Oserros contidos nas Obras Básicas doEspiritismo têm de ser corrigidos. FoiKardec quem propôs tal medida, por-que a Doutrina Espírita não se baseiaem dogmas e, por isso, deve acompa-nhar sempre o progresso da Ciência.

2. O modo como fazer essa cor-reção, segundo alguns, é registrá-lanas próprias obras por meio de notasde rodapé, um procedimento que setorna complexo tendo em vista quesão muitas as editoras que publicamas Obras de Kardec.

3. Parece-me, portanto, que estaé uma tarefa de atribuição específicados congressos mundiais de Espiri-tismo que vêm sendo realizados acada três anos, sob os auspícios doConselho Espírita Internacional(CEI), aos quais caberia aprovar o

teor das notas a serem apostas pelaseditoras nas obras a que se refiram.

4. Para tanto, uma comissão de es-pecialistas nas diversas áreas do conhe-cimento humano redigiria o texto queseria submetido às federativas nacionaise, posteriormente, votado em plenáriono congresso mundial subseqüente.

5. Será interessante também quecada nota seja precedida da necessá-ria explicação acerca da ocorrência dosuposto erro, visto que determinadainformação, hoje considerada equivo-cada, pode ter sido na época recusa-da, em face do método espírita de ve-rificação da verdade, que não se es-gota na universalidade do ensino, masrequer sua compatibilidade com osconhecimentos científicos da épocaem que a informação foi obtida.

6. A explicação com relação à pos-sível causa do erro ora corrigido teráimportância tão grande quanto a pró-pria correção, porque mostrará, entreoutras coisas, que o conhecimento ci-entífico da Terra acompanha o que sesabe no Mundo Espiritual e que este,tendo em vista o nível evolutivo dosseres que nele estagiam, não detémtoda a verdade, que é proporcionada àevolução dos encarnados e dos desen-carnados do planeta em que vivemos.

A atualização da Doutrina Espírita em foco

Pílulas gramaticaisDiferentemente do modo de fa-

lar em Portugal, os pronomes si e con-sigo só podem, em nosso país, serusados reflexivamente, isto é, quan-do se referem ao sujeito da oração.

Exemplos:João vive falando de si.Os jogadores cuidaram bem de

si mesmos.Ele trouxe consigo seu note-

book.Guarde consigo o livro.Estão erradas, portanto, as se-

guintes construções:Embora o tenha visto, não con-

segui falar consigo. (O correto: ...não consegui falar com você.)

Gostaria muito de trabalharconsigo. (O correto:... de trabalharcom você.)

ASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - [email protected] Londrina

O Espiritismo respondeMaria Isabel diz que procurou em

“O Livro dos Espíritos”, de Kardec,algo que falasse sobre a eutanásia,mas nada encontrou. Sabendo que osespíritas são contrários à eutanásia,pergunta-me se Allan Kardec chegoua tratar desse tema e, nesse caso, qualfoi o seu entendimento.

Toda a vez que falamos de eutaná-sia, gostamos de deixar bem claro queo argumento dos que a defendem é, semdúvida alguma, irrespondível no cam-po do materialismo, que apenas vê ocorpo e não se dá conta da alma nemdos destinos do homem na Terra.

Kardec, como descobriu a leitora,não tratou do assunto em “O Livro dosEspíritos”. Foi em “O Evangelho se-

gundo o Espiritismo”, cap. 5, item 28,que ele consignou a célebre mensagemde São Luís (Espírito) contrária à euta-násia, na qual o conhecido Espírito ad-verte que os espíritas, que sabem o quese passa além-túmulo, conhecem muitobem “o valor do último pensamento”.

As vicissitudes, as amarguras e ossofrimentos existem não para nos abater,mas para serem vencidos. Se não foremsuportados com coragem e resignação atéo fim, a prova deverá ser repetida.

É isso que desejamos para os nos-sos pais e amigos? Será justo, por cau-sa dos sofrimentos de algumas horasou de alguns dias, que eles percam aprova toda? Não. Certamente ninguémdeseja isso para o seu ente querido.

Eis aí, pois, a razão que levou SãoLuís a escrever, reportando-se à pes-soa que padece, sem muitas esperan-ças, sofrimentos amargos: “Suavizaios últimos sofrimentos tanto quantovos seja possível fazê-lo; masguardai-vos de encurtar a vida, ain-da que seja apenas por um minuto,pois esse minuto pode poupar mui-tas lágrimas no futuro”.

Muitas décadas depois, Joannade Ângelis e outros autores desen-carnados reiteraram o ensinamentomostrando que toda e qualquer exis-tência corpórea, ainda quando a pes-soa esteja no gozo tão-somente devida vegetativa, é importante no pro-cesso evolutivo do Espírito imortal.

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O IMORTALJANEIRO/2008 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

O Grande Enigma (4ª Parte)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Damos continuidade à publica-ção do texto condensado da obraO Grande Enigma, de LéonDenis. As páginas citadas referem-se à 7.a edição publicada pela Edi-tora da FEB.

*53. Os ensinamentos de Além-

Túmulo nos fazem saber que nadase perde, nem o bem, nem o mal, eque tudo se inscreve, se repara, seresgata, por meio de outras exis-tências terrestres, difíceis e dolo-rosas. (P. 79)

54. Aprendemos igualmente quenenhum esforço é perdido e que ne-nhum sofrimento é inútil. O devernão é palavra vã e o Bem reina sempartilha acima de tudo. Cada umconstrói dia por dia, hora por hora,muitas vezes sem o saber, seu pró-prio futuro. A sorte que nos cabe navida atual foi preparada por nossasações anteriores, e do mesmo modoedificamos no presente as condiçõesda existência futura. (P. 79)

55. Quando tais idéias houve-rem penetrado no ensino e, daí, nosespíritos e nas consciências, com-preender-se-á que o espírito de jus-tiça não é mais do que o instrumen-to admirável pelo qual o Criadorleva tudo à ordem e à harmonia.Sentir-se-á, então, que a idéia deDeus é indispensável às socieda-des modernas, que se abatem e pe-recem moralmente, porque, nãocompreendendo Deus, não se po-dem regenerar. (P. 80)

56. Deus nos fala por todas asvozes do Infinito, e fala, não emuma Bíblia escrita há séculos, masem uma bíblia que se escreve to-dos os dias, com esses característi-cos majestosos que designamos poroceanos, montanhas e astros. (P. 82)

57. Não existem dois princípi-os no mundo – o Bem e o Mal. OMal é feito de contraste, qual anoite o é do dia. Não tem existên-cia própria. O Mal é o estado deinferioridade e de ignorância do sera caminho da evolução. (P. 83)

58. O Mal é a ausência do Bem.O Bem é indefinível por si mes-mo. Defini-lo seria minorá-lo. Épreciso considerá-lo, não em suanatureza, mas em suas manifesta-ções. (P. 84)

A idéia de Deus e aexperimentação psíquica59. A missão real do Espiritismo

não é somente esclarecer as inteligên-cias por um conhecimento mais pre-ciso e mais completo das leis físicasdo mundo. Levantar os caracteres efortificar as consciências, tal é o pa-pel do Espiritismo. (P. 88)

60. Eis a nossa convicção: não éfazendo do Espiritismo somente umaciência positiva, experimental; não éeliminando nele o que há de elevado,o que atrai o pensamento acima doshorizontes estreitos, a idéia de Deus,o uso da prece, que se facilitará suamissão. Isso, ao contrário, concorre-ria para torná-lo estéril, sem ação so-bre o progresso das massas. (P. 88)

61. Ninguém mais do que nósadmira as conquistas da Ciência, masa Ciência não é tudo. Sem dúvida,ela tem contribuído para esclarecera Humanidade; entretanto, tem-semostrado impotente para a tornarmais feliz e melhor. A grandeza doespírito humano não consiste somen-te no conhecimento; está também noideal elevado. (PP. 88 e 89)

62. Os que lidam com a experi-mentação espírita devem lembrar queem torno de nosso planeta flutua umavida poderosa, invisível, onde domi-nam os Espíritos levianos emotejadores, com os quais se mistu-ram Espíritos perversos e malfazejos.Existem ali muitos apaixonados, chei-os de vícios, criminosos, que deixarama Terra com a alma repleta de ódio. Édesse meio que nos vêm as mistifica-ções, os embustes e as manobras pér-fidas que podem conduzir os médiunsà obsessão, à possessão e à perda dasmais belas faculdades. (P. 90)

63. Felizmente, ao lado do malestá o remédio: a prece. (P. 91)

64. A prece, quando é ardente,improvisada - e não recitação monó-tona -, tem um poder dinâmico e mag-nético considerável. Ela atrai os Es-píritos elevados e nos assegura a suaproteção. Quando em uma reuniãoespírita, todos os pensamentos e von-

tades se unem em um transporte po-deroso, em uma convicção profunda;quando sobem para Deus pela prece,jamais falha o socorro. (PP. 91 e 92)

65. Para entrar em relação comas Potências superiores, com os Es-píritos esclarecidos, é preciso avontade e a fé, o desinteresse ab-soluto e a elevação dos pensamen-tos. Fora destas condições, o ex-perimentador torna-se joguete dosEspíritos levianos. (PP. 92 e 93)

66. O Espiritismo foi dado aohomem como meio de se esclare-cer, de se melhorar, de adquirir qua-lidades indispensáveis à sua evolu-ção. Se se destruíssem nas almas ouapenas se desprezassem a idéia deDeus e as aspirações elevadas, o Es-piritismo poderia tornar-se coisa pe-rigosa. Eis por que não hesitamosem dizer que entregar-se às práti-cas espíritas, sem purificar os pen-samentos e sem se fortificar pela fé,seria executar obra funesta. (P. 93)

67. O Espiritismo exclusivamen-te experimental não teria mais auto-ridade nem força moral necessáriaspara ligar as almas. Há quem supo-nha ver no afastamento da idéia deDeus uma medida aproveitável aoEspiritismo. Eis aí um equívoco. Aidéia de Deus liga-se estreitamenteà idéia de Lei, e assim à de dever, desacrifício, de ordem, de harmonia, deelevação dos seres e das sociedades.É por isso que, logo que a idéia deDeus se enfraquece, essas noções sedebilitam e dão lugar ao personalis-mo, à presunção, ao ódio por todaautoridade, por toda direção, por todalei superior. (PP. 94 e 95)

Ação de Deus nomundo e na História

68. Deus, foco de inteligência ede amor, é tão indispensável à vidainterior, quanto o Sol à vida física!Deus é o sol das almas. É dele queemana essa força, às vezes energia,

pensamento, luz, que anima e vivi-fica todos os seres. (P. 97)

69. A prece nos põe em contatocom o Criador. Ela é a forma, a ex-pressão mais potente da comunhãouniversal, mas não é o que tantas pes-soas supõem: uma recitação frívola,exercício monótono e muitas vezesrepetido. Não! Pela verdadeira prece,a prece improvisada, aquela que nãocomporta fórmulas, a alma se trans-porta às regiões superiores e aí haureforças, luzes, e encontra apoio que nãopodem conhecer nem compreender osque desconhecem Deus. (PP. 97 e 98)

70. O homem que desconheceDeus e não quer saber que forças,que recursos, que socorros dele promanam, esse é comparável a umindigente que habita ao lado de pa-lácios, cheios de tesouros, e se ar-risca a morrer de miséria diante daporta que lhe está aberta e pela qualtudo o convida a entrar. (P. 98)(Continua no próximo número.)

Do livro Palavras de Luz, de Divaldo P. Franco e Espíritos Diversos.

Divaldo responde– Como enfrentar o desafio da

educação da criança carente? Oque nos aconselha no sentido decriarmos um trabalho com essascrianças de rua. Gostaria de sa-ber se a merenda é prejudicialquando colocada como prêmioaos que freqüentam mais a evan-gelização?

Divaldo: A melhor maneira deenfrentar-se um desafio é começá-lo. Chamar um cooperador, maisum e formar um grupo. É prová-vel que muitos aqui não conheçama história da célebre Universida-de Mackenzie, de São Paulo. Co-meçou quando uma educadoraamericana notou, em São Paulo,na rua em que morava, um grupode crianças vadias. Ela, que pre-parava muito bem broa de milho,pôs-se a atrair os meninos que fi-cavam à porta sentindo o cheiro,

e começou a dar-lhes o alimentodoce. Depois, resolveu que somen-te daria broas às crianças que vies-sem, no domingo, pela manhã, paraouviram-na falar do Evangelho deJesus. Depois que vieram vários porcausa da broa, ela explicou que sóparticiparia da reunião, para depoiscomer a broa, quem viesse tomadobanho, de cabelo penteado e péscalçados. Mais tarde, ela notou quepoderia fazer algo mais do que abroa. Teve a idéia de preparar umlanche mais substancial para atrairmais meninos de rua. Eles aumen-taram de tal forma que chegavam àhora em que ela estava na confec-ção do alimento. Ocorreu-lhe esta-belecer que, a partir da data X, so-mente teria acesso à aula de Evan-gelho, para depois comer, quemsoubesse ler e escrever. E como elesnão o sabiam, ela pôs uma mesa no

fundo do quintal e abriu uma es-cola de iniciação alfabética. Hojeé o Mackenzie, que tem uma belae longa história, inclusive, foi vi-sitado por D. Pedro II que lhe fezuma expressiva doação.

Uma americana, Mary JaneMac Leod Bethune, começou aeducar crianças num depósito delixo. A lei da segregação racial nosEstados Unidos era muito severacontra os negros. Ela era negra,havia ganho uma bolsa de estudosde uma costureira quaker, e, ao seformar, não tinha alunos. Quandofoi nomeada não havia escola. Elaentão reuniu três caixões vazios decebola, colocou-os embaixo deuma árvore, num depósito de lixo,convocou três descendentes de es-cravos e começou a ensinar-lhes aler e escrever. (Continua na pág.10 deste número.)

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O IMORTALPÁGINA 6 JANEIRO/2008

As Ordens religiosas e os francis-canos - Um homem rico que adotou a“Dama Pobreza”, que foi santo, que foipoeta, ecologista, pacifista, renovador,irmão de todos os seres e que respeitan-do e venerando acima de tudo a Deus eJesus, criou o seu próprio caminho, tri-lhando em meio a grandes dúvidas e di-ficuldades, sempre apoiado na sua Fé enos seus longos momentos de medita-ção em que permanecia vária hora emcomunhão com a espiritualidade rece-bendo seus ensinamentos e orientações.

Terá sido Francisco de Assis, o Mes-sias, do segundo milênio depois do nas-cimento de Jesus Cristo? Será que emcada milênio surge um Messias para aju-dar a humanidade a dar um passo emfrente? Será Francisco de Assis a reen-carnação de Jesus?

A analogia bíblico-franciscana apare-ce pela primeira vez na carta que Frei Eliasenvia a todas as províncias da Ordem, porocasião da morte de Francisco de Assis.Nesta analogia, o frei Martino Contino noseu livro Studi e Ricerche destaca três:Moisés-Francisco, Jacob-Francisco e fi-nalmente Cristo-Francisco. Filho de Pietroe Dona Pica Bernardone, Francisco nas-ceu entre 1181 e 1182, na cidade de Assis,província da Úmbria no centro da Itália.Seu pai era um rico e próspero comerci-ante de tecidos, que viajava freqüentemen-te em negócios principalmente para aFrança, de onde trazia a maior parte desuas mercadorias. Foi de lá também queele trouxe sua linda e bondosa esposa,Dona Pica. A mãe de Francisco foi, de fato,a mulher da sua vida e foi ela que, emoci-onado, muitas vezes invocou. Franciscosempre nutriu uma atenção e um carinhoespecial pela relação materna em geral.

A sua grande ligação espiritual a Ma-ria, mãe de Jesus, é mais um sinal do seuparticular respeito e Amor pelas mães detodo o mundo. Era freqüente usar a relação

materna em geral, como exemplo de Amornos seus diálogos e pregações. Em relaçãoao pai, apesar do amor e respeito que nu-tria por ele, a relação não foi um exemplo,e também conheceu alguns episódios de-sagradáveis, nomeadamente quando Pietroprendeu Francisco na cave de sua casa paraque este não pudesse sair para suas medi-tações, para visitar os leprosários e para pra-ticar caridade junto dos mais desfavoreci-dos. É natural, também, que a relação depai e filho tenha sido afetada pelas longasausências de Pietro. Francisco teve um ir-mão, de quem a história pouco fala.

Francisco sempre fez por seguir ospassos de Jesus. Não podemos deixar defalar sobre o nascimento de Francisco, eda forma como ocorreu. Chegado o mo-mento do parto, Dona Pica assistida porvárias pessoas que ajudavam, teve mui-tas dificuldades e o nascimento da crian-ça parecia se complicar. Eis que batemà porta, e a criada ao atender depara-secom um mendigo que lhe transmite quea senhora da casa deverá dar à luz, noestábulo da casa, junto aos animais.

O nome Francisco foi-lhe dado pelopai - Dona Pica, ao saber do sucedido,pediu ajuda às criadas para a levarem atéao estábulo. Lá chegada, o nascimento dacriança deu-se e foi lhe dado o nome deJoão. O pai, quando regressou, em home-nagem à França, chamou Francisco ao seufilho. Hoje, o estábulo da casa de Fran-cisco foi transformado numa pequena ca-pela, muito visitado pelos crentes e turis-tas de todo o mundo. Interessante o episó-dio do nascimento de Francisco, que ape-sar de ser filho de uma família rica e abas-tada de Assis, nasceu junto aos animais,na palha do estábulo tal como Jesus.

Francisco era o líder da juventude desua cidade. Alegre, amante da música edas festas, com muito dinheiro para gas-tar, tornou-se rapidamente um ídolo en-tre seus companheiros. Adorava banque-tes, noitadas de diversão e cantar serena-tas para as belas damas de sua cidade.

A Itália, como toda a Europa daque-la época, vivia uma fase bastante

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetDesde abril de 2004, o jornal O IMORTAL pode ser lido, na

íntegra, pela internet, no site abaixo:

www.editoraleopoldomachado.com.br/imortal/indice.htmPara escrever à Redação do jornal, o interessado deve utili-

zar o e-mail abaixo indicado:

[email protected]

conflituosa de sua história, marcada pelapassagem do sistema feudal (baseado naestabilidade, na servidão e nas relaçõesdesiguais entre vassalos e suseranos) parao sistema burguês, com o surgimento das“comunas” livres (pequenas cidades),com seu comércio, artesanato e peque-nas indústrias. Com o novo sistema, mu-daram-se as relações. O poder dos senho-res feudais passou a ser questionado e en-frentado pelos novos senhores, originá-rios das comunas, a maioria deles cons-tituída pelos comerciantes mais abasta-dos, a exemplo de Pedro Bernardone.

Eram freqüentes, nessa época, guer-ras e batalhas entre os senhores feudais eas emergentes comunas. Como todo jo-vem ambicioso de sua época, Franciscodesejava conquistar, além da fortuna,também a fama e o título de nobreza. Paratal, fazia-se necessário tornar-se herói emuma dessas freqüentes batalhas. No anode 1201, incentivado por seu pai, quetambém ansiava pela fama e nobreza,Francisco partiu para mais uma guerraque os senhores feudais, baseados na vi-zinha cidade de Perúsia, haviam decla-rado contra a Comuna de Assis.

Durante os combates, em uma tardede inverno, Francisco caiu prisioneiro,sendo levado para a prisão de Perúsia,onde permaneceu longos e gelados me-ses. Para um jovem cheio de vida comoele, a inércia da prisão deve ter sido es-pecialmente dolorosa! Somente seu es-pírito alegre, seu temperamento descon-traído e seu gosto pela música o salva-ram do desespero. Encontrava ainda for-ças para reconfortar e reanimar a seuscompanheiros de infortúnio.

Costumava dizer, em tom de brinca-deira para seus companheiros: “Comoquereis que eu fique triste, sabendo quegrandes coisas me esperam? O mundo in-teiro ainda falará de mim!” Ao término deum ano foi solto da prisão, retornando paraAssis, onde se entregou novamente aossaudosos divertimentos da juventude e àsatividades na casa comercial de seu pai.(Continua no próximo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 23)

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O IMORTALJANEIRO/2008 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Carlos Imbassahy

Nascido em 9 de setembro de1884, Carlos Imbassahy enfren-tou galhardamente a passagem doséculo vivendo até 4 de agosto de1969, quando desencarnou antesde completar 85 anos de existên-cia bem vivida. Advogado, jorna-lista e escritor, foi no início de suacarreira como advogado aprova-do por concurso público para Pro-motor Público na comarca deAndaraí, uma cidade interioranado seu estado natal, a Bahia. Pou-co depois, mudou-se para o esta-do do Rio de Janeiro, onde viveua maior parte de sua vida na ci-dade de Niterói, ingressando nacarreira de Estatístico do Minis-tério da Fazenda. Foi por essaocasião que conheceu AmaralOrnelas, o grande poeta espírita,com o qual fez amizade e teveseus primeiros contatos com oEspiritismo.

Acumulando com suas fun-ções de funcionário público, Im-bassahy também exercia a profis-são de jornalista, chegando a sero Redator-chefe e Diretor da Re-vista da Estrada de Ferro, além detrabalhar na redação de jornaisdiários do Rio de Janeiro. Foi as-sim que acabou sendo convidadopara se tornar redator da revistaReformador, publicada pela Fede-ração Espírita Brasileira (FEB), naqual ocupou posteriormente o car-go de secretário durante longosanos. Junto com seu amigo Ama-ral Ornelas e com Bernardino Oli-va da Fonseca Filho, o Bebé, gran-de médium psicógrafo, fundou umCentro Espírita em cuja presidên-cia eles se alternavam.

Lançado como orador espíritapor seu amigo Ornelas, adotou umestilo novo de expor, procurandoalternar os ensinamentos doutriná-rios com assuntos leves e até mes-mo jocosos que fossem capazes deatrair a atenção dos seus ouvintes.Com isso, aos poucos, foi criandoEscola, apesar de combatido pelosmais austeros líderes do movimen-to espírita. Embora pertencente àdireção da revista editada pela FEB,ele ainda não tinha tido conheci-mento dos trabalhos de J. B. Rous-taing sobre o docetismo cristão queRoustaing tentara implantar no meioespírita da França e que a FEB re-solvera seguir. Foi quando um pa-dre, em Juiz de Fora, resolveu ata-car o Espiritismo. Os companhei-ros de Doutrina acharam por bempedir socorro à Casa máter, isto é, àFEB que, para atendê-los, indicouo Dr. Imbassahy. Ele deveria com-parecer àquela cidade para rebateras acusações do sacerdote. Na horaem que embarcou, por ferrovia, paraa cidade, um dos diretores, paraajudá-lo, entregou-lhe os volumestraduzidos pela própria FEB da obrade Roustaing, dizendo-lhe: - Imbas-sahy: aqui você encontrará tudo oque precisa para acabar com o pa-dre! E o enviado para combater oeclesiástico em Juiz de Fora apro-veitou a viagem para estudar a obraque ainda não conhecia. Começoua lê-la. Sua razão, evidentemente,fê-lo estarrecer-se com o conteúdodaquela obra que tinha em mãos. Oprincipal tópico dos debates seria aressurreição de Lázaro e, quando Dr.Imbassahy, leu as explicações da-das pela comunicação mediúnicafeita à Sra. Collignon, ficou horro-rizado, pensando no fiasco que fa-ria se apresentasse aquilo como ar-gumento para debate. Foi seu pri-

meiro contato e sua primeira decep-ção com Roustaing. Segundo ele,sua grande sorte foi que o padre, nodia do debate, resolveu ausentar-seda cidade e ele preferiu não abor-dar os temas em foco. Como eramuito amigo dos diretores da FEB,suas atribuições ante a revista, comojornalista, não sofreram qualquerabalo. Os tempos se passaram edesencarnou o presidente GuillonRibeiro. Elegeram para substituí-loum jovem militante roustainguistaque tinha outra visão da Doutrina eque achava fundamental que todosos participantes dos cargos diretivosda Federação Espírita Brasileirafossem não apenas adeptos, mas mi-litantes professos do roustainguis-mo. E com isso, Dr. Imbassahy, pra-ticamente, foi excluído do seu car-go e afastado, a bem da comunida-de, do movimento federacionista.Mas, a essa altura, seu lastro dou-trinário e sua fama de escritor já lhehaviam coroado a carreira literária.Foi dessa forma que seus novos li-vros encontraram uma série de edi-tores fora do contexto febiano paraserem publicados. Afastado daFEB, passou a ser um dos grandesexpoentes, ao lado de seu queridoamigo e conterrâneo Leopoldo Ma-chado, dos movimentos espíritasque não tinham apoio daquela enti-dade. Assim, foi orador oficial doCongresso Sul-Americano de Espi-ritismo realizado no Rio de Janei-ro, participou de todos os Congres-sos de Escritores e Jornalistas Es-píritas realizados no Brasil, até suadesencarnação, incrementou o mo-vimento de jovens e teve importan-te participação junto ao I (e único)Congresso Brasileiro de MocidadesEspíritas, destacando-se sobremo-do pelo apoio que sempre deu àsSemanas Espíritas e a quaisquer ati-

vidades doutrinárias que tivessemcomo escopo a difusão do Espiri-tismo.

Junto com sua esposa, partici-pou dos Teatros Espíritas, encenan-do esquetes e pequenas peças ouentreatos durante as Semanas Es-píritas, escrevendo, até, uma comé-dia intitulada Firma Roscof e Cia.,e incentivando, desse modo, os jo-vens espíritas à arte pura e sadia,como literato, como jornalista ecomo expositor doutrinário.

Inúmeros foram os casos pito-rescos de sua vida, contados emlivro e que merecem ser lido portodos. Além de divertir, mostrama verve de um grande baluarte daDoutrina que soube aliar a difusãodoutrinária com a arte, com sabe-doria. Dr. Alberto de Souza Rochae o filho do Dr. Carlos reuniramnuma obra uma série de documen-tos do Dr. Imbassahy que ainda nãoveio a lume porque nosso queridocompanheiro Alberto desencarnouantes de completar seu trabalho.São acervos do arquivo pessoal dogrande escritor, com cartas parti-culares, inclusive uma endereçadaa Wantuil de Freitas quando presi-dia a FEB que é um libelo terrívelcontra o roustainguismo.

Não poderia falar do Dr. Imbas-sahy sem fazer uma especial refe-rência à sua esposa, dona Maria,médium de excelentes predicados eque era seu braço forte, no incenti-vo e em tudo mais que uma compa-nheira dedicada e apaixonada podefazer por seu marido. Dona Mariatambém era uma excelente come-diante, só que nunca se dedicou àprofissão, senão participando aolado do esposo em suas apresenta-ções cênicas no meio espírita. Fazi-am um par impagável e juntaram-se ao Olympio Campos, outro ex-

celente ator que, depois de cresci-do, órfão de pais, elegeu o casalpara ser seus novos genitores. Ostrês juntos faziam as cenas de hu-mor nas Semanas Espíritas de queparticipavam, mostrando que aarte sadia também tem lugar den-tro do movimento espírita. O ca-sal Imbassahy teve um único fi-lho – Carlos de Brito Imbassahy,também escritor, orador e jorna-lista espírita.

Aos 84 anos, Imbassahy foiacometido de uma leucose agu-da que, em pouco mais de seismeses, levou-o à sepultura. Seuenterro (04-08-69), concorridís-simo, deixou uma lacuna dentrodo movimento espírita. E, atéhoje, ainda não se encontrou umsubstituto à altura para seu lugarcomportamento espiritual exem-plar, nunca faltou. Entre seus tra-balhos literários, citam-se os ro-mances Leviana e Os Menezes.Publicou também uma obra decunho histórico com o títuloGrandes Criminosos da História.Entre suas obras espíritas, desta-cam-se, entre outras: A Mediuni-dade e a Lei; O Espiritismo à Luzdos Fatos; Evolução; O que é aMorte; Enigmas da Parapsicolo-gia; A Missão de Allan Kardec;Ciência Metapsíquica; Parapsico-logia e Psicanálise; Freud e asManifestações da Alma.

Como tradutor, trouxe para alíngua portuguesa as seguintesobras: Fenômenos Psíquicos, deErnesto Bozzano; Reencarnação,de Gabriel Delanne; A Vida Alémdo Véu, de Robert Dale Owen; AFilosofia Penal do Espiritismo,de Fernando Ortiz; FenômenosHipnóticos e Espíritas, de CésarLombroso; e as principais obrasde Allan Kardec.

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KATIA FABIANAFERNANDES

[email protected] Londres

É muito importante que não nos acostumemos à violência

“O Espiritismo para mim é arevivescência do Cristianismo pri-mitivo. A instauração de uma novarelação entre os homens e destespara com Deus.” É assim que NellyYvonne Berchtold (foto), trabalha-dora espírita radicada na Suíça, falasobre a Doutrina dos Espíritos.

Para ela, os conhecimentos ad-quiridos no Espiritismo, como asnoções sobre as causas anterioresdos sofrimentos, sobre o progres-so contínuo do Espírito e de ser-mos co-construtores na obra doCriador, são os maiores estímulospara perseverar em face das adver-sidades. Adversidades como as queenfrentou na adolescência, quan-do sua mediunidade começou a semanifestar. Filha de evangélicos,Nelly pensava que havia perdidoa razão, o que só se modificou de-pois de muitos anos, quando en-controu a Doutrina Espírita e sesentiu, então, aliviada.

Nesta entrevista, ela mostra seuponto de vista sobre questões fun-damentais e polêmicas dentro doEspiritismo, questões estas que,segundo ela própria, merecemmuita reflexão. Uma das pergun-tas que lhe foram propostas diz res-peito à violência que parece au-mentar no mundo, o que motivounela a seguinte observação: “Émuito importante que não nosacostumemos à violência!”

– Nelly, onde você nasceu?Em Berna, na Suíça.– Onde você mora atualmen-

te?Bienne, também na Suíça.– É verdade que você já mo-

rou no Brasil?

Sim. Minha família emigroupara o Brasil em 1956, quando eutinha sete anos e, devido à minhaprofissão, mudei-me inúmeras ve-zes. No Brasil morei no Rio de Ja-neiro, no Piauí e em São Paulo. NaSuíça, morei em Berna, Porrentruy,Moutier e agora em Bienne.

– Qual é sua formação escolar?Sou médica especializada em

doenças infecciosas (pela UERJ) eem saúde pública (pela USP). E es-tou finalizando atualmente a espe-cialização em pedopsiquiatria naSuíça.

– Que cargos ou funções vocêjá exerceu ou exerce atualmente no movimento espírita?

Sou fundadora do Centro deDesenvolvimento Espiritual Este-sia, em Berna. Atualmente sou diri-gente do mesmo Centro e tambémvice-presidente da União dos Cen-tros de Estudos Espíritas na Suíça.

– Quando você teve seu pri-meiro contacto com o Espiritis-mo?

No início da década de 70, quan-do era ainda estudante.

– Houve algum fato ou cir-cunstância especial que haja pro-piciado esse contacto?

Sem dúvida. Aos 16 anos de ida-de vivenciei alguns fenômenosmediúnicos. Sendo filha de evangé-licos, eu não encontrava explicaçõese receava estar “perdendo a razão”.Levei muitos anos até encontrar asrespostas e foi um alívio conhecero Espiritismo...

– Qual foi a reação de sua fa-mília?

A minha adesão ao Espiritismodeu-se quando era recém-casada. Eusentia nitidamente que já tinha com-partilhado outras experiências commeu companheiro, judeu não prati-cante. Ele ficou menos incomoda-do do que a minha mãe, que recea-

va uma severa punição “pela minhadeserção da senda reta”.

– Dos três aspectos do Espiri-tismo - ciência, filosofia, religião- qual o que mais a atrai?

O aspecto filosófico.– Que autores espíritas mais

lhe agradam? Encantei-me com a trilogia Há

dois mil anos; 50 anos depois... eAve Cristo. A leitura de Paulo e Es-tevão, também de Emmanuel, tocouprofundamente meu coração. Apre-cio muito os livros psicografadospor Yvonne Pereira. Além disso, nãopasso um dia sem ler uma mensa-gem de Emmanuel. A série de AndréLuiz é muito esclarecedora da rea-lidade pós-morte. Os livros de Ma-noel Philomeno de Miranda (Espí-rito) são extremamente úteis quan-do temos a preocupação com a qua-lidade da reunião mediúnica. A ri-queza da literatura espírita é extra-ordinária. Gosto dos livros de Eurí-pedes Kühl. Novos bons livros sur-gem de diversas procedências comoos do médium André Luiz Ruiz, quesão maravilhosos em seu conteúdo(a revisão do português poderia sermelhorada) e os recentes livros quehonram o aspecto científico, comoos publicados pela AME.

– Que livros espíritas você con-sidera indispensáveis ao confradeiniciante?

A base é Kardec, em seguidaviriam os de André Luiz. Constato,porém, que em nosso centro espíri-ta de Berna poucos lêem André Luizespontaneamente, considerando seuportuguês muito difícil. Foi precisocriar um grupo de estudos específi-co para estes livros. Se penso napopulação da Suíça e países vizi-nhos, diria que para estas os livrosde Yvonne Pereira teriam maior pe-netração. A leitura da trilogia NasVoragens do Pecado; O Cavaleiro

de Numiers e O Drama da Bretanhatransformou muitas vidas por aqui...

“Ousaríamos imaginar Cristosalvo da dor, graças ao seu corpo

fluídico, enquanto seus seguido-res de carne, os primeiros

cristãos, seriam devorados pelasferas nos circos?”

– Se fosse passar alguns anosnum lugar remoto, com acessorestrito à atividade espírita, quelivros pertinentes à doutrina vocêlevaria?

Já passei por essa experiênciaquando morei no sertão do Piauí.Levei muitos livros psicografadospor Divaldo e Chico. Foram o meuconsolo e meu alimento. Que bên-ção! Não pude divulgá-los comoteria desejado, porque estava a ser-viço de um padre alemão, homemíntegro que muito lutou para dimi-nuir o sofrimento do povo duranteos quatro anos de seca, mas que erarígido nas questões religiosas. Tive-mos alguns choques de opinião.

– As divergências doutrinári-as em nosso meio reduzem-se apoucos assuntos. Um deles diz res-peito ao chamado Espiritismolaico. Para você o Espiritismo éuma religião?

Sem dúvida, é uma religião, poisfavorece a ligação da criatura como Criador, mas tem o mérito de nãoimpor dogmas. Você aborda umaquestão muito importante. Algunsaqui têm se empolgado com o Es-piritismo desejando porém ignorarsua base cristã. Gostariam que nadivulgação deixássemos de lado oaspecto religioso, o que me parecetemerário.

– Outro assunto que suscitadebates acalorados diz respeito àobra de J. B. Roustaing. Qual asua apreciação dessa obra?

As discussões a respeito da na-tureza do Cristo são antigas... Sur-

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giram quando o imperador Constan-tino tornou o Cristianismo a religiãooficial do império romano. Ário,presbítero de Alexandria, afirmavasensatamente que Jesus quase atin-gira a perfeição divina; já o diáconoAtanásio proclamava que Jesus eraDeus que assumira a forma huma-na. O Concílio de Nicéia em 325d.C. infelizmente deu razão ao se-gundo. Foi uma decisão política deuma autoridade romana. Sabemosque a seguir os textos bíblicos fo-ram desfigurados. E o foram dupla-mente, tanto para introduzir a no-ção da virgindade de Maria, quantopara apagar as passagens que fazi-

am referência à reencarnação. OEspiritismo teve a gloriosa oportu-nidade de desfazer muitos mitos, derestabelecer a simplicidade do Cris-tianismo primitivo.

As obras de Kardec não ratifi-cam a idéia do corpo fluídico deJesus. Os argumentos de Roustaingsão insustentáveis. Seria um des-douro a maternidade de Maria se-gundo as leis biológicas estabeleci-das pelo Criador? O que pensar dadoação suprema de Jesus no Calvá-rio, se seu corpo fosse fluídico...Seria uma encenação! Ousaríamosimaginar Cristo salvo da dor, gra-ças ao seu corpo fluídico, enquanto

seus seguidores de carne, os primei-ros cristãos, seriam devorados pe-las feras nos arenas?

Pergunto-me por que a obra deRoustaing, tão contraditória e con-trária aos ensinamentos de Kardec,continua sendo publicada – pelosespíritas! Deveríamos ter maisdiscernimento. É natural que asobras pioneiras de Kardec suscitas-sem movimentos contrários, maspor que perpetuar equívocos pormais de um século?

– O terceiro assunto em que aprática espírita às vezes divergeestá relacionado com os chama-dos passes padronizados, propos-tos na obra de Edgard Armond.Herculano Pires recomenda emsua obra tão-somente a imposiçãodas mãos. Que você pensa sobreo assunto?

O Cristo podia curar pela im-posição das mãos, pelo toque desuas vestes ou até à distância comoatestam as escrituras. No entanto,quando lemos atentamente a des-crição dos passes aplicados pelosbenfeitores espirituais na obra deAndré Luiz, constatamos que nãohá a simples imposição das mãos.Tenho também alguma dificulda-de em distinguir o passe de limpe-za do passe de cura. Como médi-ca, penso que existe um continuum,isto é, somos todos mais ou menosdoentes. O emprego de passes pa-dronizados constitui uma escolhacom conseqüências para o atendi-do. Se supusermos que este se en-contra acompanhado por seu guiaespiritual ou um Espírito amigoque tenta intuir o passista sobre asnecessidades do paciente, não ha-verá liberdade de ação sepriorizarmos a técnica em detri-mento da intuição. Há também quelevar em consideração os limites dopasse, que independem da técnica.

Considero haver uma certa inge-nuidade em imaginar que podería-mos “extrair” um obsessor comessa ou aquela técnica. Meu receioé que sejam criados dispositivos rí-gidos a pretexto de “salvaguardara pureza doutrinária” e que tenha-mos um “novo Vaticano”.

– Como vê a discussão em tor-no do aborto? No seu modo de veras coisas, os espíritas deveriam sermais ousados na defesa da vida,como tem feito a igreja?

Considero os espíritas ousadosnesta questão. Resido há muitosanos fora do Brasil e desconheço asiniciativas dos católicos e evangé-licos fora da Suíça; constatei porémum grande empenho por parte daAME – Associação Médico-Espíri-ta do Brasil.

– A eutanásia é uma práticaque não tem o apoio da doutrinaespírita. Kardec e outros autores,como Joanna de Ângelis, já seposicionaram sobre esse tema.Ultimamente surgiu, no entanto,a idéia da ortotanásia, defendidaaté por médicos espíritas. Qual asua opinião?

Existem posições bem sensatas.Talvez haja divergências quanto aosentido do termo. Se entendermosa ortotanásia como a morte com ummínimo de sofrimento (ao contrá-rio da distanásia – uma prolonga-ção da vida através de meios artifi-ciais, resultando em sofrimento),através do uso de analgésicos, oxi-gênio e tudo o que puder assegurarum certo conforto àquele que estádeixando o corpo, acho perfeita-mente válido. No meu entender nãoestá implícita a idéia de abreviar avida, mas sim de diminuir o descon-forto.

– Você tem contacto com omovimento espírita brasileiro?Considera-o atuante, ou falta nele

Nelly Berchtold:

algo que favoreça uma melhordivulgação da doutrina?

Há iniciativas dentro do movi-mento que merecem toda a nossaconsideração e apoio. Porém a vi-são de conjunto me escapa. Receio,entretanto, que sejam criados dispo-sitivos rígidos a pretexto de “salva-guardar a pureza doutrinária” e quetenhamos com isso um “novoVaticano”. No que tange à divulga-ção, Kardec já afirmava em O Li-vro dos Espíritos que a doutrina parase tornar uma crença de caráter ge-ral teria ainda grandes lutas a sus-tentar, mais contra os interesses doque contra as convicções.

– Como você vê o nível dacriminalidade e da violência queparece aumentar em todo o mun-do, e como nós, espíritas, podemoscooperar para que essa situaçãoseja revertida?

É muito importante que não nos“acostumemos” à violência! Preci-samos permanecer sensíveis e soli-dários. Sempre fico chocada, quan-do volto ao Brasil, com o destaquedado ao noticiário policial. Há quese utilizar os canais de comunica-ção - rádio, televisão e outros - paradivulgar os valores positivos. Exis-tem centenas de bons livros espíri-tas que poderiam ser transformadosem novela, filme de TV ou cinema,peça de teatro. Seria uma forma deconteúdos construtivos serem vei-culados para um número maior depessoas, e funcionaria tambémcomo um contrapeso às notícias deimpacto. Sabemos que isso já vemacontecendo em pequena escala,mas conviria ampliar a divulgação.

– A preparação do advento domundo de regeneração em nossoplaneta já deu, como sabemos,seus primeiros passos. Daqui aquantos anos você acredita que aTerra deixará de ser um mundo

de expiação e de provas, passan-do plenamente à condição demundo de regeneração, em que,segundo Santo Agostinho, a pa-lavra amor estará escrita em to-das as frontes e uma equidadeperfeita regulará as relações so-ciais?

Estou persuadida de que isto sedará muito em breve. Por ora, a hu-manidade passa por grandes cala-midades, mas uma plêiade de Es-píritos luminosos estáreencarnando. Penso que na se-gunda metade deste século o joioe o trigo já estarão separados. Aseguir, será um processo que de-mandará tempo, alguns séculos,até a instauração da eqüidade per-feita.

– Em face dos problemas quea sociedade terrena está enfren-tando, qual deve ser a prioridademáxima dos que dirigem atual-mente o movimento espírita noBrasil e no mundo?

Considero a evangelização in-fantil e juvenil a prioridade abso-luta. Entretanto, deve-se evange-lizar exemplificando. A lei de cau-sa e efeito precisa ser conhecidade todos. Mas há “muitas frentesde serviço”. O ensino deve voltar-se para melhores metas. A nova Fí-sica, cujas descobertas reforçam aconvicção de uma inteligência su-prema regendo o universo, preci-sa divulgar esse conhecimento. Osmédicos espíritas estão fazendoum trabalho admirável, divulgan-do um novo paradigma, apresen-tando os resultados da prece asso-ciada ao tratamento e tambémmostrando as conseqüências daobsessão. As leis precisam ser re-modeladas. No Brasil uma expres-siva quantidade de juízes espíritasjá se associou e desenvolve pro-postas inovadoras.

Nelly Berchtold

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O IMORTALPÁGINA 10 JANEIRO/2008

Existe cristão que não seja espíri-ta, porém não existe espírita que não

seja cristão. É óbvia e inquestionávelessa afirmativa uma vez que o Espiri-tismo é o Cristianismo Redivivo.

Para ser bom cristão e, por de-corrência, bom espiritista, duas con-dicionantes, a princípio, são impres-

cindíveis: “domar (administrar) asmás tendências e a elevação moral”.

Administrar as más tendências?Pergunta-se:

“ De onde elas vêm? São indubi-tavelmente, frutos nefandos dos maus

pensamentos e das realizações ego-ístas do presente ou do pretérito queestão arquivados no subconsciente.

“E a elevação moral, como con-seguir?

Para se conseguir algo na vida,o ponto de partida é sempre a fé emsi mesmo, seguida do autoconheci-mento, aureolados e impulsionadospela auto-estima e executados pelaforça de vontade no trabalho dobem-servir, um dos mais importan-tes, se não for o principal, instrumen-to para dignificar o ser humano epromover a paz na consciência pelodever cumprido.

É importante saber que sem tra-balhar, a experiência se torna inó-cua e a vida passa despercebida, per-dendo toda expressão de beleza, dan-do azo ao ostracismo avassalador.

Quando surgir uma oportunida-de para o exercício da caridade, deve-se segurá-la e aplicá-la com dedica-ção e devotamento. Jamais deixá-lapassar. Vai ao encontro dela agora;

Ser bom espíritaPEDRO DE ALMEIDA LOBO

[email protected] Campo Grande (MS)

depois, poderá ser tarde de mais.Além do mais, é vantajoso ter o

discernimento de procurá-la eexecutá-la com educação (discipli-na, ética e moral) embasada no co-nhecimento de causa para aprovei-tá-la com eficiência e eficácia.

Para ser bom cristão, portantobom espírita, essas condicionantesdeverão fazer parte do comportamen-to do indivíduo disposto a seguir osensinamentos de Jesus, o Cristo.

* Muitos confrades estão preocu-

pados porque pessoas que se diziamespíritas estão abandonando o Espi-ritismo para ingressarem em outrasfilosofias religiosas cristãs.

O livre-arbítrio é uma lei a quetodos estamos sujeitos. Quem nãoestiver sentindo-se bem na institui-ção espírita tem todo direito e deverde procurar um lugar que possa lhesatisfazer as necessidades. É prefe-rível deixar a Doutrina Espírita a per-manecer atrapalhando as atividades.

Na coluna deste mês, vamosregistrar o primeiro encontro visu-al de Divaldo com sua mentora es-piritual, Joanna de Ângelis, por elemesmo narrado e registrado no li-vro “O Semeador de Estrelas”, es-crito por Suely Caldas Schubert(editora LEAL-Salvador, BA).

“No dia 5 de dezembro de1945, eu a vi por primeira vez. Aminha memória guardou a data,porque foi um momento de muitasignificação e importância na mi-nha atual existência.

Não a vi com as característicasde religiosa com que ela se vemapresentando nos últimos trintaanos, mas vi uma claridade muitogrande, próxima de mim e uma vozmuito meiga que me disse:

– Eu tenho a tarefa de caminharcontigo na atual existência corpo-ral e envidarei todos os esforçospara que a nossa tarefa se coroe deêxito. Não te prometo regalias e nemas comodidades que, às vezes, en-torpecem os sentidos e aniquilam osideais. Não esperes de mim aquiloque o mundo pode te dar e que tuconseguirás com teu próprio esfor-ço, mas eu te afianço ser necessá-rio que, na tua fidelidade à palavrado Senhor, contes com a minha pre-sença de amiga na razão direta emque eu possa contar contigo nas

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

Momentos com Divaldo Franconecessidades do nosso programa”.(Os negritos foram colocados pelocolunista para ressaltar o ensina-mento).

Mais adiante, na mesma narra-tiva, Divaldo conta que após mui-ta insistência sua, anos após esseprimeiro encontro, Joanna se mos-trou com maior clareza e pela pri-meira vez declinou seu nome,quando então falou de sua últimareencarnação em Salvador, comoa Abadessa Joana Angélica de Je-sus, do Convento da Lapa, que deua vida nas lutas da Independênciada comunidade brasileira.

E, quando Divaldo questiona oporquê de ela não ter dito tudo issoantes, ouve como resposta outroprofundo ensinamento, que aquiregistramos como está no livro,apenas acrescentando novamenteo “Negrito”:

“Eu não confiava em ti, poisnão tinhas essa maturidade que osanos oferecem e que o sofrimentoimprime na personalidade. Não tepoderia dar uma tarefa além dastuas forças, porque, de repente, aabandonavas... Quero dizer-te que,entre nós, os Espíritos responsá-veis, uma tarefa passa a ter valordepois que os dez primeiros anossão vividos com abnegação. Por-que até os dez anos de atividadespode-se considerar um trabalho deentusiasmo... Mas quem é fiel emdez anos de lutas, já merece umapromoção de responsabilidade”.

Do livro Palavras de Luz, de Divaldo P. Franco e Espíritos Diversos.

Divaldo responde(Conclusão do texto publicado na pág. 5.)

Oportunamente, quando Henry Fordfoi a Osmond, uma praia da Califórnia,ela foi visitá-lo. Ao chegar à porta, foibarrada, porque, no hotel, negro não po-dia entrar, somente na condição de ser-viço. Ela subiu a escadaria de incêndiode nove andares, saltou a janela, tocou acampainha da porta, e, quando omordomo veio abri-la, disse-lhe: Querofalar com Mr. Ford. O mordomo, quetambém era negro, respondeu: Mas elenão recebe negros! E falou-lhe baixinho:Como você se atreve a vir aqui? Ela re-agiu bem alto: Eu tenho uma entrevistamarcada com Mr. Ford, que assinalei portelefone. Eu sou Mary Jane.

Ouvindo-a, Mr. Ford redargüiu:Entre, senhora. Quando ela se adentrou,ele, que era humanitário e acreditavana reencarnação, exclamou, surpreso:Mas eu não sabia que a senhora era umanegra! Ela sorriu, elucidando: Não to-talmente. Eu duvido que o senhor co-nheça dentes mais alvos e um olho maisbranco do que o meu. Ele a adorou,porque uma mulher que era superior aessas mesquinharias humanas mereciarespeito. Perguntou-lhe: O que a senho-ra deseja de mim? - Desejo que o se-nhor me ajude a construir a minha es-cola, a ampliá-la. Gostaria de levá-loao meu terreno, a fim de que o senhorconstrua comigo a escola dos meus so-nhos. Ele aquiesceu. Desceu com elapelo elevador por onde não pudera su-bir. Quando ela passou pela porta e oatendente a viu, ela ainda, só para sur-preender, pegou o braço de Mr.Ford,com a maior intimidade. Sentou-se numcarro coupé aberto, desfilando pela ci-dade de Osmond e olhando para todomundo. Isso há mais ou menos sessen-ta anos. Era muita coragem! Levou-oao seu terreno. Quando chegou ao de-pósito de lixo, disse-lhe: É aqui, senhor,que eu quero construir a minha escola.

Ele, surpreso, retrucou: - Aqui? Eonde está sua escola?

Ela apontou: - Ali.- Senhora, ali é um depósito de lixo.- Eu sempre me esqueço dos deta-

lhes! Em verdade a minha escola estáaqui na cabeça. Eu quero que, com o

guerra, em um país que jamais eu ha-via ouvido falar o nome, fui ao meu pro-fessor de geografia e perguntei: Ondeé que fica mesmo essa Coréia? Elemostrou no mapa uma região miserá-vel, perdida, que eu não sei quem esta-va lá. E eu vou pra lá, porque me disse-ram que eu vou salvar a democracia,que eu aprendi com esta negra, que amaa todos os homens, sem perguntar onome, a cor, a raça ou a crença.

Ela escreveu mais tarde: Eu pode-ria ter morrido naquele dia, porque mi-nha missão, na Terra, havia acabado.

Começamos, na Mansão do Cami-nho, onde temos duas mil e quinhentascrianças, que têm o lanche garantido.Um dia demo-nos conta que, na rua,havia muitos meninos que não estavamna escola, e, por isso, não comiam. Cri-amos, para eles, uma sopa, há três anos.Vieram os meninos e suas mães. De-pois de um ano estabelecemos que sótomariam a sopa se viessem limpos.

Como no bairro a dificuldade de águaé muito grande, passaram a tomar banhoconosco. Se vêm descalços, damosalpercatas. Se as perderem, não tomam asopa. Porque, o perder aqui é vender.Saem com as alpercatas e vendem-nas, afim de ganharem novas no outro dia.

Depois, só tomam a sopa se estuda-rem. O interesse cresceu e hojetransformamo-la em almoço, pois já es-tão tendo aula normal. Têm a merendaàs dez horas e o almoço ao meio-dia.Começamos com vinte, estamos comquase trezentos. Fazemos a evangeliza-ção, como introdução ao trabalho daeducação. Ao fim do ano, os que tive-rem melhor aprendizado são matricula-dos na 1ª série da Escola Jesus Cristo.

Começamos, pois, sem maiores pre-ocupações. Iniciamos sob a copa de umamangueira e sobre três caixas de cebola,na rua Barão de Cotegipe, 124. Eu tinhalido, então, a vida de Mary Jane. Hojeestamos com duas mil e quinhentas cri-anças internas, semi-internas e externas.Pretendemos ainda aumentar o número,e, dentro de alguns dias, inauguraremosuma escola de auxiliar de enfermagem,para, depois, uma escola de magistério.

seu dinheiro, o senhor arranque daqui(apontou a cabeça) e a coloque ali.

Ele deu-lhe, então, vinte mil dólares.Essa mulher educou, até o ano de

1969, milhões de negros americanos. Tor-nou-se o símbolo da educadora mundial.Quando o presidente Franklin DelanoRoosevelt cancelou as subvenções porcausa da guerra, ela lhe pediu uma entre-vista na Casa Branca, e disse-lhe:

- O senhor não vai cortar as subven-ções das minhas escolas.

Ele redargüiu: - A senhora não seesqueça que eu sou o presidente.

E ela repostou: - Nem o senhor es-queça que eu sou eleitora, e eu vou melembrar.

Ela sentou-se. E a sua foi a únicarede de escolas que não teve as subven-ções canceladas naquele período.

Certa feita, ela estava numa cidadedo Sul, onde a intolerância racial eramuito grande e teve uma crise de apen-dicite. Foi levada de emergência ao hos-pital e colocada na mesa cirúrgica.Quando os médicos entraram e a viram,disseram: “Operar uma negra?” E saí-ram da sala. Ela pôs a mão no lugardorido, olhou para a janela e orou: “OSenhor deve estar brincando comigo.Acho que o Senhor só me deu essa apen-dicite para me desafiar. Porque se o Se-nhor me ajuda a sair desta mesa, eu Lheprometo que, na América, onde o Se-nhor me pôs na Terra, nunca mais mor-rerá ninguém de apendicite pelo crimede ser negro, porque eu não deixarei”.

Levantou-se e ergueu uma Faculda-de de Medicina. É uma das históriasmais lindas do século, mas, infelizmen-te, desconhecida dos brasileiros.

Quando estourou a guerra da Coréia,ela já era um vulto venerando no mundo.Foi conselheira da Unesco e da ONU paraassuntos raciais. Outra vez, ela vinha atra-vessando o corredor para negros, no ae-roporto de uma cidade do Sul. Um rapazbranco saltou a cerca, abraçou-a e cha-mou-a de mamãe. Então o colega reagiu:É louco? Como pode abraçar esta negra?

Ele explicou: É por causa desta ne-gra que eu vou dar a minha vida naCoréia. Quando eu fui convocado para a

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O IMORTALJANEIRO/2008 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventos

Jacarezinho (PR) – No Centro Es-pírita “João Batista” eis o progra-ma de palestras no mês de janeiro,sempre a partir das 20h:04.01.2008 – José Lázaro Boberg.Tema: Na gleba do mundo. 07.01.2008 – José Aparecido San-ches. Tema: Migalha e multidão. 11.01.2008 – José Aparecido San-ches. Tema: O verbo é Criador.14.01.2008 – José Lázaro Boberg.Tema: Dádivas espirituais. 18.01.2008 – João Maria Martins.Tema: Encarnação. 21.01.2008 – Maria Luiza Boberg.Tema: No domínio das provas. 25.01.2008 – José Aparecido San-ches. Tema: Desculpar. 28.01.2008 – João Maria Martins.Tema: Em favor da alegria.– No Centro Espírita “Nosso Lar”,eis a programação de palestras nocorrente mês de janeiro, também apartir das 20h:02.01.2008 - José Lázaro Boberg.Tema: Na gleba do mundo. 09.01.2008 – José AparecidoSanches.Tema: O verbo é criador. 16.01.2008 – João Maria Martins.Tema: Em favor da alegria. 23.01.2008 – Maria Luiza Boberg.Tema: No domínio das provas. 30.01.2008 – José Aparecido San-ches. Tema: Migalha e multidão.Brasília (DF) – A Câmara dos De-putados aprovou, no dia 6 de de-zembro, em caráter conclusivo, oProjeto de Lei 291/07, da deputa-da Gorete Pereira (PR-CE), queinstitui o dia 18 de abril como oDia Nacional do Espiritismo. Aproposta foi aprovada com pare-cer favorável do relator do textona Comissão de Constituição eJustiça e de Cidadania, deputadoWladimir Costa (PMDB-PA). Aautora do projeto lembra que o

Cambé – O Centro Espírita AllanKardec (Rua Pará, 292) prosseguecom palestras públicas, todas asquartas-feiras, às 20h30, com ora-dores da cidade e da região espe-cialmente convidados. Londrina – Continuam abertas asinscrições para a 14a CONMEL –Confraternização das MocidadesEspíritas em Londrina, que terácomo tema “O homem do mundo émais frágil do que perverso” (BoaNova, Humberto de Campos). Asvagas são limitadas e as inscriçõespodem ser feitas pelos jovens parti-cipantes dos estudos a eles dirigidospelas Casas Espíritas da região. Oencontro acontecerá no período de2 a 5 de fevereiro do 2008 (feriadode Carnaval). Mais informações comFernanda, tel. (43) 3341-1292, ouMagali, tel. (43) 3321-7672.– Voluntários que participam dogrupo de evangelização infantil re-alizado todos os domingos na Co-munhão Espírita Cristã de Londri-na proporcionaram um dia especi-al para cerca de 40 crianças caren-tes moradoras dos Jardins Francis-cato, Itapoã e Novo Perobal, naZona Sul de Londrina. Salgadinhos,refrigerantes, bolo e presentes ani-maram a manhã de meninos, meni-nas e mães que tiveram o dia 23(domingo) como uma grande festaque não será facilmente esquecida.Um grupo de bombeiros voluntári-os esteve no local para apresentarum teatro com bonecos e após a en-cenação o Papai Noel esteve pre-sente no local para a entrega dospresentes. Roupas, brinquedos ecaixas de bombons deixaram os pe-quenos felizes e sorridentes. Os pre-sentes foram disponibilizados poruma empresa de Londrina que“apadrinhou” as crianças (fotos).

Brasil é a maior nação espírita daatualidade e que os espíritas bra-sileiros têm realizado “obras ex-traordinárias no campo da assis-tência social”, como define a dou-trina espírita. A data escolhida éuma homenagem ao dia em queAllan Kardec lançou, em 1857, naFrança, o Livro dos Espíritos, mar-co inicial da doutrina espírita. “Ainstituição do Dia Nacional do Es-piritismo é homenagem justa a umdos mais importantes grupos reli-giosos do país, cuja atuação temsido indispensável para a constru-ção de uma sociedade mais justa efraterna entre nós”, argumentaGorete Pereira. O projeto vai ago-ra ser discutido no Senado.– A partir de proposta da diretoriada Federação Espírita Brasileira, oConselho Federativo Nacional daFEB aprovou a Recomendação deque as Entidades Federativas Esta-duais promovam ao longo do anode 2008 comemorações alusivasaos Sesquicentenários da RevistaEspírita e da Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas. E tambémque, ao ensejo das comemoraçõesdos 150 anos de fundação da Soci-edade Parisiense de Estudos Espí-ritas e considerando que esta foi aprimeira Casa Espírita do mundo,seja estimulada a divulgação e aimplementação da Orientação aoCentro Espírita. A revista Reforma-dor, edição de janeiro de 2008, tra-rá um Suplemento Especial e algu-mas matérias sobre o Sesquicente-nário da Revista Espírita. Araçatuba (SP) – A USE Intermu-nicipal de Araçatuba (Órgão daUnião das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo) comemorouno ano de 2007 algumas efeméri-des sobre Benedita Fernandes, umadas pioneiras do Movimento Espí-rita da região: os 75 anos da funda-ção da Associação das SenhorasCristãs, que deu origem ao Sanató-rio Benedita Fernandes e os 60 anosde sua desencarnação. Em junho de2008 transcorrerão 125 anos de seunascimento. No dia 15 de dezem-bro, Marilusa Moreira Vasconcellosfalou sobre o tema Dama da Cari-

dade, livro de autoria de AntonioCésar Perri de Carvalho.Maceió (AL) – A Federação Espí-rita do Estado do Alagoas comple-ta, em 2008, 100 anos e para cele-brar a data programou uma série deeventos durante o mês de janeiro,correspondentes ao tema central100 anos com Jesus e Kardec, ilu-minando consciências. No dia 6 dejaneiro, será realizada sessão come-morativa, com a presença do presi-dente da FEB Nestor João Masotti.Nos dias 11 e 12 de janeiro, o ora-dor espírita Divaldo Franco profe-rirá conferência pública e seminá-rio. Mais informações podem serobtidas pelo telefone (82) 3223-8699.Manaus (AM)– A Federação Espí-rita Amazonense, através do seuDepartamento de Infância e Juven-tude, continua com as inscriçõesabertas para os jovens que deseja-rem participar do COMEAM 2008.A inscrição deve ser feita com opreenchimento de formulário pró-prio a ser entregue na instituiçãoque o jovem freqüenta. Mais infor-mações podem ser encontradas nosite www.feamazonas.org.br oufone (92) 3656-6988. - Também já se encontram aber-tas as inscrições para o 2o Encon-tro de Jovens Seareiros, eventocriado pela FEA para acolher osjovens com mais de 21 anos e quenão podem mais participar daCOMEAM. A inscrição pode serrealizada utilizando o formuláriodisponível no si te da FEA(www.feamazonas.org.br), a serentregue preenchido com os da-dos do jovem na instituição quefreqüenta. Nazaré (BA) – O carnaval é umadas festas populares mais conheci-das e celebradas na Bahia; contu-do, de uns tempos para cá, muitosjovens têm trocado a folia por en-contros onde prevalece a atmosfe-ra de harmonia e estudo em tornode temáticas de cunho evangélico-espírita. Um exemplo disso é aConfraternização das JuventudesEspíritas do Estado da Bahia (Con-jeb), que em 2008 acontecerá entre

os dias 2 e 5 de fevereiro, na ci-dade de Nazaré, passagem obri-gatória para quem transita pelaBA-001, estrada que liga todo olitoral baiano. O evento, que che-ga à sua 24a edição, terá comofoco central dos estudos o tema“Reencarnação e cidadania plane-tária – somos herdeiros de nósmesmos”. A promoção é da Fe-deração Espírita do Estado daBahia.Juiz de Fora (MG) – Chega à suavigésima edição a Confraterniza-ção de Mocidades Espíritas deJuiz de Fora e Sub-região, a qualestá prevista para acontecer, comode costume, no período de carna-val. Será de 2 a 5 de fevereiro,com o tema central “Em busca dohomem integral”. Destinado a jo-vens participantes de mocidadesespíritas, na faixa etária dos 13 a24 anos, o encontro se dará noGema, situado na Rua José Cirilo,155, em Linhares, Juiz de Fora(MG). Outros detalhes, com a Ali-ança Municipal Espírita de Juizde Fora, mas somente aos domin-gos, das 15h às 18h. Endereço:Rua Espírito Santo, 650 – CEP36010-040 - Juiz de Fora, MG –telefone (32) 3212-5418.Rio de Janeiro (RJ) – A RádioRio de Janeiro está disponibili-zando na internet os arquivosem áudio dos livros Cinqüentaanos depois e Há dois mil anos,de Emmanuel, e Nosso Lar deAndré Luiz, psicografados porChico Xavier, e Suicídio e suasconseqüências , de GersonSimões Monteiro. Endereço:www.radioriodejaneiro.am.br/. Balneário Camboriú (SC) – Ini-cia-se no dia 2 de janeiro a tradi-cional Jornada Espírita que envol-ve as duas principais Casas Espí-ritas da cidade – o Centro Espíri-ta Casa de Jesus e o Centro Espí-rita Dr. Bezerra de Menezes. Daprogramação de palestras partici-pam oradores de Santa Catarinae de outros Estados. A promoçãoé do Conselho Regional Espírita,órgão que representa na região aFederação Espírita Catarinense.

Flagrante da festa daComunhão Espírita de Londrina

O Papai Noel e as criançasda Comunhão Espírita

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O IMORTALPÁGINA 12 JANEIRO/2008

ELSA [email protected]

De Londres

Com a facilidade da transmis-são de notícias por satélite 24 ho-ras ao dia, a qualquer momentovocê está sendo informado pelamídia britânica do que acontece nomundo todo. Às 5h30 de umamanhã chuvosa do final do verão,onde o solo inglês não mais tinhaespaço para absorver água, os riosestavam prestes a explodir sobreruas e estradas, invadindo a priva-cidade e o conforto da população,sempre em alerta nos últimos me-ses de mau tempo, algo do notici-oso despertou-me a atenção e re-solvi escrever esta crônnnica.

Como mãe de um filho e duasfilhas, avó de duas netas e quatronetos, fui tocada na alma. Relata-va o jornalista que o soldado “fu-lano de tal”, com apenas 16 anos,ingressou no exército britânico,esteve em guerras da Bósnia, deKosovo, e quando decidiu que nãomais queria estar brincando naaventura da ARMY (exército bri-tânico), teve de participar de umamissão perigosa junto a outros jo-vens da mesma idade e encontroua morte no Iraque. Voltava a ter-ras britânicas o esquife do jovemherói, mas, para os familiares queo aguardavam, não era o “soldadonumero tal” que recebiam, e sim o

filho muito amado que imatura-mente decidira o futuro.

No Reino Unido os jovens emgeral têm o poder de decidir jun-tar-se ao exército com apenas 16anos. É o momento do jovem ain-da imaturo determinar áreas davida, ter o despertamento para asaventuras, sentindo que pode de-cidir o futuro e ter feito jus às suasdecisões, e muitos descobrem empouco tempo que o “brinquedo deherói e bandido” não mais os sa-tisfaz, e encontram o desespero, asolidão, a frustração, a morte. Étarde para voltar no meio da guer-ra. O herói numero tal que retornano caixão há tempos havia dito àsua mãe que estar no meio da guer-ra era uma atividade que o deixa-va muito triste, que não era o queele gostaria de estar fazendo.

O que fazemos de nossos jo-vens? O que fazemos de nossos fi-lhos? Dentro de mim, aqui nestaterra distante do Brasil, vejo ocomportamento de familiares comseus adolescentes, imputando aeles penalidades e responsabilida-des que eles não têm como absor-ver devido à própria educação dadacom falta de harmonia e carinho,diálogo e atenção dentro de casa eoutras coisas que já escrevi anosatrás nesta coluna. O jovem ou ajovem inglesa são convidados pe-los próprios pais a saírem de casaaos 16 anos... ou saem para deso-

cupar o espaço, ou pagam um va-lor equivalente se fosse ocupadopor outra pessoa qualquer que ve-nha a alugá-lo. Isso mesmo!!! Aquié comum as pessoas alugaremquartos em suas casas para estu-dantes ou outros, e isso significaum montante de dinheiro anual queum filho ou filha deverá dar emretorno aos pais, em contribuiçãoao lar como pagamento do alugueldo seu quarto e pela roupa lavada.E o jovem nessa idade deixa mui-tas vezes a escola, para ir trabalhar,para pagar aos pais as 70 librassemanais, que é o que custa o quar-to aqui. No câmbio de hoje, issoequivale a mais ou menos 210 re-ais por semana, ou seja, 840 reaispor mês.

Questão cultural, dizem uns....tradição, dizem outros... é o costu-me na Inglaterra... Eu vivo na In-glaterra e sei o que vejo aqui, o queescutei aqui de mães inglesas.

Meu neto mais velho, Talles,completou 14 anos em julho de2007. Um jovenzinho, um pré-adolescente que ainda curte muitoas músicas e videoclips do U2, quegosta de bicicleta, que curte a artedo teatro, da música, desabrochan-do para a vida. Não consigo ima-ginar meu netinho Talles daqui aum ano e meio completando 16anos tomando a decisão de seengajar no exército ou decidir irmorar sozinho. Sei que o misto de

Crônicas de Além-Mar

Filho herói, guerra da imaturidade

Saudade sem medida

Por que será que, no momento, agora,Meu pranto rola, mas internamente,Silencioso, é o coração que chora,Mas não ocorre como antigamente.

Eu vejo em cada irmão que vai embora,Certa tristeza, assim, discretamente,

Ainda que aos lábios um sorriso afloraExpressão de saudade comovente.

Certo, é a saudade já antecipada:Essa ausência presente, tão danadaQue, se consola, faz sofrer também

Pois só quem ela tem é que bem sabeEm que medida no seu peito cabe

Toda saudade que se tem de alguém!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

ELSA ROSSI, escritora e pales-trante espírita brasileira radicada emLondres, é 2ª Secretária do Conse-lho Espírita Internacional, diretorado Departamento de Unificaçãopara os Países da Europa, organis-mo do Conselho Espírita Internaci-onal e secretária da British Unionof Spiritist Societies (BUSS).

Todos os domingos, está narede mundial de computadoresmais uma edição semanal da re-vista O Consolador, fundadaem 18/4/2007, com artigos, en-

Leia e divulgue

O ConsoladorRevista Semanal de Divulgação Espírita

www.oconsolador.comtrevistas, reportagens e noticiáriodo movimento espírita no Brasile no exterior.

A partir do mesmo site, é possí-vel ao leitor acessar também as edi-

ções mensais do jornal “O Imor-tal”, bem como o programa de TV“Reflexão Espírita” e a programa-ção da TV CEI, produzida peloConselho Espírita Internacional.

jovem, adulto e criança ainda seconfronta em sua alma.

O adolescente é o mesmo ado-lescente em qualquer parte domundo. A diferença apenas é queuns são forçados a tomar posiçõesquase fictícias em suas vidas, pelaexigência cultural de seu povo.Mas penso sempre que, na hora dosmedos e das dores, é do colo damãe, do avô, do pai que eles ne-cessitam. E onde está o amor edu-cacional? Alguns países o perde-ram ou nunca o tiveram. Muitospaíses tidos como primeiro mun-do, seja em que terras de além-marfor, ainda estão longe do coraçãobrasileiro, que ama e aconchega osseus filhos, muitas vezes no exa-gero, não os deixando crescer eseguir seus rumos, tal a superpro-teção que oferecemos.

Como sempre escrevemos, emtudo o bom senso e o equilíbrio. Eisso não se aprende nos livros, masna vivência e na experiência de uns

para com os outros, de um povopara com outro, na ética e moral.Referi-me tempos atrás à preocu-pação do governo britânico com osjovens... mas pouca coisa tem sidofeita desde então. E o tempo urgepara todos. Bendita Doutrina Es-pírita que oferece a fé raciocinadae com ela o exercício do bem vi-ver, iniciando a reforma de valo-res dentro da própria família, ondetodos saem fortalecidos para daremcontinuidade ao dia de amanhã,pois o futuro jamais estaciona, estásempre à frente de qualquer terrade além-mar.

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O IMORTALJANEIRO/2008 PÁGINA 13

Prelúdio da volta

Os Espíritos que integram o que cha-mamos de erraticidade formam a imen-sa fila da reencarnação. Enquanto aguar-dam, vivem vida normal de Espíritos. Es-tudam, trabalham, divertem-se, têm in-tensa vida social, visitam os parentes eamigos que ainda labutam nas experiên-cias da matéria, ajudam-nos, quando po-dem, ou perturbam-nos, quando mágo-as que não se apagaram exigem deles oexercício da vingança.

E nós, aqui, eternos curiosos quesomos, gostaríamos de saber e, porisso, costumamos perguntar:

“Sabem os Espíritos em que mo-mento voltarão a reencarnar-se?

“Todos os Espíritos preocupam-se com sua reencarnação?

“Podem apressar ou retardar essemomento?

“Se se sentirem felizes, na condi-ção em que se encontram, podem abrirmão da reencarnação indefinidamente?

“Há predestinação da alma que ani-mará determinado corpo ou só à últimahora é que é feita a escolha de quemserá a beneficiária daquele corpo?

“Pode o Espírito escolher o cor-po de que se servirá, ou só pode esco-lher o gênero de vida que lhe serviráde prova?

“Poderia dar-se não haver Espíri-to que aceitasse encarnar uma crian-ça que houvesse de nascer?

auxiliarão o seu progresso. André Luiz,no livro Missionários da Luz, asseguraque o completista, na qualidade de tra-balhador leal e produtivo, pode escolher,à vontade, o corpo futuro, quando lheapraz o regresso à Crosta em missões deamor e iluminação, ou recebe veículoenobrecido para o prosseguimento desuas tarefas, a caminho de círculos maiselevados de trabalho.

e) Quando uma criança tem quenascer, está sempre predestinada a teruma alma. Deus a isso proveria. Nadase cria sem que à criação presida umdesígnio.

f) A união de um Espírito a deter-minado corpo pode, sim, ser impostapor Deus. Isso acontece nas chama-das reencarnações compulsórias, sem-pre objetivando a melhoria e proteçãodo Espírito obrigado a ela. Seja noscasos de rebeldia irrefreável, com gra-ves perturbações na harmonia geral,quando se aproveita a oportunidadepara resgates e reconstruções perispi-rituais, seja nos casos em que se pre-cisa esconder o reencarnado de seusinimigos e algozes que tornariam im-possível sua vida no plano espiritual.

g) É comum aparecerem váriosEspíritos como candidatos a tarefasimportantes a serem executadas. De-sejam enfrentar certos trabalhos paracolherem maiores frutos em seu apren-dizado e evolução. Muitos podem pe-dir isso. No entanto, Deus é quem jul-ga qual o mais capaz de desempenhara missão a que a criança se destina. Mas, como dissemos acima, o Espíri-to é designado antes que soe o instanteem que haja de unir-se ao corpo.

h) No instante de reencarnar-sesofre o Espírito perturbação muitomaior e, sobretudo, mais longa do queaquela que é comum sofrer quando dadesencarnação. É natural: pela mor-te, ele se livra da escravidão; pelonascimento, ela mergulha nela.

i) É muito solene para o Espíritoo instante da sua encarnação. Não sópela bênção que isso representa, maspela carga de responsabilidade quetraz nos ombros, certo de que não sóele, mas muitas outras pessoas queestarão à sua volta, dele dependerão.

j) Muita ansiedade envolve o Es-pírito prestes a encarnar. Por mais pre-parado que esteja, há sempre a incer-teza quanto à eventualidade do seutriunfo nas provas que vai suportar navida. Há sempre riscos muito fortesenvolvendo o nosso mergulho na car-ne. Daí a ansiedade e o medo.

k) Os amigos e parentes desencar-nados costumam acompanhar o reen-carnante no momento de sua despe-dida, tal como ocorre na sua volta, aofim da existência terrena. A reencar-nação assinala um grande momentona vida de todos nós. Pela oportuni-dade maior de avançarmos um poucomais na estrada da evolução.

ARTHUR BERNARDESDE OLIVEIRA

[email protected] Guarani (MG)

“Pode a união de determinadoEspírito a determinado corpo ser im-posta por Deus?

“Se acontecesse que vários Espí-ritos aparecessem para tomar determi-nado corpo, que é o que decidiria so-bre qual deles assumiria o corpo?

“No momento de encarnar, sofreo Espírito perturbação semelhante àque experimenta ao desencarnar?

“É solene para o Espírito o instanteda sua encarnação? Pratica ele esse atoconsiderando-o grande e importante?

“É comum, diante das possibili-dades de triunfo ou de fracasso emsuas provas, passar o Espírito por umaansiedade antes de sua encarnação?

“Amigos e parentes desencarna-dos costumam acompanhar o reencar-nante no momento de sua despedida,tal como sói acontecer, quando de suavolta, ao fim da existência terrena?

Temos aí nada menos que trezeindagações de que gostaríamos de verrespondidas.

Kardec também teve essa curiosi-dade. E fez exatamente as perguntasque acabamos de enumerar aos Espí-ritos que supervisionaram o trabalhode codificação da Doutrina.

E, assim, ficamos sabendo que:a) Os Espíritos, já com algum es-

clarecimento, sabem que um dia terãoque voltar à luta terrena para retomar,pelo estudo e pelo trabalho, a lenta, masprogressiva escalada da evolução. Têmconhecimento disso, mas não sabemquando isso acontecerá. E é natural queseja assim, porque, afinal, reencarnar

não depende só deles. Há inúmeros fa-tores envolvidos no processo. Elespressentem quando a hora se aproxi-ma. Mas saber mesmo, eles não sabem.Os outros, isto é, os não-esclarecidos,nem desconfiam que isso possa acon-tecer. Entre eles, há os que não sabemque já morreram; e há os que, já estan-do conscientes disso, não sabem ou nãoacreditam em reencarnação; outros ain-da há que não acreditam, até mesmo,na sobrevivência da alma, de que elespróprios são a prova mais definitiva,como não acreditam em Deus, nem emjustiça divina. Continuam ateus e ma-terialistas. Isso acontece, porque a mor-te não transforma as pessoas. Elas con-tinuam lá como eram aqui: com suasdúvidas, suas crenças e seus precon-ceitos. Por outro lado, o corpo de quese servem – o corpo espiritual ouperispírito – é tão igual ao que deixa-ram, aqui, que elas não percebem, noprimeiro momento, que já estejam en-tre os chamados mortos.

A propósito, é interessante recor-dar o que disse a jovem Jane FurtadoKoerich, pouco tempo depois de suamorte, em acidente de avião nas pro-ximidades de Florianópolis em cartaendereçada a seus pais Ony e Antô-nio, sobre a comunidade onde ela re-sidia, carta inserta no livro Porto deAlegria, editado pelo IDE de Araras,SP: “E o que é de admirar, mamãe, éque ninguém onde estamos é obriga-do a crer que passou pelo fenômenoda morte. E como somos ainda pou-cos os que nos achamos conscientes

disso, não mencionamos isso diantede pessoas desconhecidas ou que con-servam absoluta negação quanto àmorte, pela qual já passaram”.

Conclusão: regra geral, não sabemos Espíritos quando irão passar por novaexperiência na Terra. Pressentem, massaber mesmo, eles não sabem. Algunsjá aprenderam que a reencarnação é umanecessidade da vida espiritual, como amorte o é da vida corpórea. Nascer, vi-ver, morrer, renascer são inevitáveis noprocesso evolutivo. Não há evoluçãosem reencarnação. Não adianta fugir. Élei natural emanada do Poder Maior.Logo, os que querem evoluir mais rapi-damente preocupam-se com a sua reen-carnação. Outros, como dissemos, nemsabem que ela existe. E essa incertezaquanto ao futuro acaba por constituir-se numa espécie de punição.

b) O livre-arbítrio faculta ao Es-pírito apressar ou retardar a sua vol-ta. Apressa-a, quando, motivado porum desejo muito forte, adquire, atra-vés do trabalho edificante, créditosque avalizem seu desejo. Retarda-aquando se acovarda diante das provas.Mas os que adiam o enfrentamento daprova sofrem por isso, à semelhançado doente que recusa o remédio quepode curá-lo. De qualquer forma o adi-amento não pode ser indefinido. Mes-mo os que se sentem felizes no está-gio em que se encontram, não podemnele permanecer indefinidamente, adi-ando sempre o momento de reencar-nar. Cedo ou tarde sentirão a necessi-dade de progredir. Todos têm que seelevar: esse o destino de todos.

c) Costuma-se perguntar se a almaque irá animar um corpo que está sen-do formado no seio da mãe está a elepredestinada ou se é escolhida à últi-ma hora. É evidente que o Espírito é,sempre, de antemão designado. Mes-mo porque, conforme esclarece a Dou-trina, é no momento da concepção quese estabelece a ligação entre o Espíri-to, que está vindo, e o corpo que co-meça a formar-se. E é o corpo espiri-tual do reencarnante que vai servir demodelo à formação do feto, conformeprogramação pré-estabelecida. Tudonos exatos termos em que se projetoua nova experiência, respeitadas a leide causa e efeito que direciona os res-gates e as provas escolhidas pelo pró-prio reencarnante. Nada de improvi-sações ou acasos, absolutamente, forade qualquer fase do processo.

d) Em geral, cabe ao Espírito apenasa escolha das provas. O projeto do corpoestá afeto a Espíritos com conhecimentoespecializado. Eles é que cuidam disso,levando em consideração o perispírito doreencarnante que forçosamente, comomodelo biológico organizador que é, iráinfluenciar no corpo material que surgi-rá. Pode, entretanto, o interessado soli-citar certas imperfeições que visem aajudá-lo a se sair bem das provas que

Estudando as obras de André Luiz

Há alguns meses, apresenta-mos um estudo de André Luiz so-bre os tipos de casamento na Ter-ra: por Amor, Fraternidade, Devere Provação, inseridos em um doscapítulos de seu livro “Nosso Lar”.

Neste mês, falaremos nova-mente sobre o tema, agora retira-do do livro “Ação e Reação”, ca-pítulo 14.

A pergunta que nos fazemos ésobre o encontro do casal. Que Leirege essa atração que leva um in-divíduo a encontrar, no seu cami-nho, a pessoa com quem deveráconsorciar-se?

É Silas quem aborda o assunto,apresentando suas explicações. Ve-jamos o que diz o benfeitor amigo:

“Nessa ou naquela idade físi-ca, o homem e a mulher, com asupervisão da Lei que nos gover-na os destinos, encontram as pes-soas e as situações de que necessi-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

nos confia, mais elevada ascensãoà glória do Amor Divino”.

E explica o porquê de nós fa-lharmos, quando poderíamos ven-cer:

“A reencarnação no resgate étambém recapitulação perfeita. Senão trabalhamos por nossa intensa eradical renovação para o bem, atra-vés do estudo edificante que nos edu-ca o cérebro e do amor ao próximoque nos aperfeiçoa o sentimento, so-mos tentados hoje pelas nossas fra-quezas, como éramos tentados aindaontem, porquanto nada fizemos pe-las suprimir, passando habitualmen-te a reincidir nas mesmas faltas”.

E, por fim, afirma que se um doscônjuges evoluir por seus méritos,ao passo que o outro optou pela es-tagnação ou agravação de sua jor-nada, não cabe a quem esteja ascen-dendo a obrigatoriedade de descer,por causa da negligência do outro:“Quem se retarda por gosto nãopode queixar-se de quem avança”.

Leiam todo o capítulo, vale apena.

tam para superarem as provas do ca-minho, provas indispensáveis aoburilamento espiritual de que nãoprescindem para a justa ascensão àsEsferas Mais Altas. Assim é que so-mos atraídos por determinadas almase por determinadas questões, nemsempre porque as estimemos em sen-tido profundo, mas sim porque o pas-sado a elas nos reúne, a fim de quepor elas e com elas venhamos a ad-quirir a experiência necessária à as-similação do verdadeiro amor e daverdadeira sabedoria.”

E continua os esclarecimentos,agora falando das dificuldades decertos relacionamentos:

“É por isso que a maioria dosconsórcios humanos, por enquanto,constituem ligações de aprendizadoe sacrifício, em que, muitas vezes,as criaturas se querem mutuamentee mutuamente sofrem pavorosos con-flitos na convivência uma das outras.Nesses embates, alinham-se os re-cursos da redenção. Quanto mais sa-crifício com serviço incessante pelafelicidade dos corações que o Senhor

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O IMORTALPÁGINA 14 JANEIRO/2008

O brinquedo avariadoNaquele quarteirão morava uma

criança diferente.Netinho havia nascido com uma

deficiência mental e não conseguiapensar ou falar direito. Ficava sen-tado no portão, quietinho, pois gos-tava de olhar o movimento da rua ever as crianças brincarem.

E, porque era diferente, muitascrianças o rejeitavam, maltratando-o, jogando-lhe pedras ou caçoandodele. Agiam assim especialmente osamigos André, Tiago, Pedro e Al-fredo.

Às vezes, atingido por uma pe-drada, Netinho corria para dentro doportão, chorando. Sua mãe abraça-va-o com carinho, olhava os meni-nos e dizia:

— Por que agem assim com meufilho? Que mal ele lhes fez?!...

Um dia, Dona Júlia, a mãe dePedro, passando por ali viu o grupode meninos mexendo com Netinho.Encolhido num canto, com os bra-ços protegendo a cabeça, ele chora-va, assustado.

A senhora aproximou-se, cheia decompaixão, abraçou o menino, con-

cordas — afirmou Tiago.— E o toca-fitas não dá para

ouvir música. Está sem as pilhas! —disse André.

— O pianinho está desafinado efaltam algumas teclas! — resmun-gou Alfredo.

E Pedro, indignado, explodiu:— É isso mesmo, mamãe! Você

sabe que estes brinquedos não fun-cionam. Os jogos estão faltando pe-ças e o trenzinho elétrico está que-brado... Nada funciona!

Dona Júlia sentou-se e, olhandoum por um, concordou:

— É verdade. Vocês têm todarazão. Estes brinquedos não funcio-nam. Mas, felizmente, são os brin-quedos que estão avariados, e nãovocês. Devem ser gratos a Deus porisso.

Sem entender direito, os meni-nos perguntaram:

— Como assim?Com serenidade, Dona Júlia es-

clareceu:— Todos vocês nasceram per-

feitos! Não têm qualquer dificulda-de para pensar e estudam com faci-lidade, pois seus cérebros trabalhamcom perfeição. E seus corpos tam-bém funcionam corretamente; seussentidos não apresentam qualqueravaria: ouvem, falam, sentem e en-xergam sem qualquer problema.Vocês têm mãos e pés que se movi-mentam com facilidade. Isso não éótimo?

As crianças concordaram, satis-feitas. A mãe de Pedro prosseguiu:

— Já pensaram se um de vocêstivesse nascido cego? Ou sem umbraço? Ou sem uma perna, e nãopudesse andar?

— Ah! Seria horrível! Nem é bompensar! — disse um dos meninos.

Dona Júlia concordou, continu-ando:

— Pois é. Mas existem pessoasque não são tão felizes, como vocês.

Olá, meu amiguinho!Estamos num ano novinho em

folha!Que 2008 seja

muito feliz para todos.É hora de planejar

o que vamos fazer du-rante todo este ano.Então, mãos à obra!Pense!

Como gostariaque fosse esse ano?

O que gostaria defazer, de aprender, deconhecer?

Lembrar de todo oque planejamos para oano passado e que nãoconseguimos realizar.

Este é o momentode agir!

Você está de féri-as e bem que mereceum descanso. Porém,muita coisa útil podeser feita nas férias. Por exemplo:

— Arrumar o armário, limpandoas gavetas para receber o material de

escola novinho que vai chegar.— Separar os livros escolares

que já usou, doando a alguém quevá precisar deles.

— Separar rou-pas, calçados e brin-quedos que não lhesirvam mais.

— Dividir comoutras crianças maisnecessitadas um pou-co dos doces quevocê ganhou.

— Ler um livrointeressante.

— E, natural-mente, brincar muito,passear e se divertir!

Essas e muitasoutras coisas vocêpode fazer e vai sesentir muito bem!

Que Jesus ampa-re a você e sua famí-lia, dando a todos um

novo ano de muita alegria, paz eamor.

FELIZ ANO NOVO!

Feliz Ano Novo!

solando-o, e levou-o para dentro, en-tregando-o aos cuidados da mãe.

Depois voltou e, sem qualquer crí-tica ao comportamento dos garotos,convidou-os para irem tomar um sucoem sua casa. Eles aceitaram satisfei-tos o convite, muito surpresos por nãoterem levado a bronca que esperavam.

Enquanto preparava o suco, amãe de Pedro deu alguns brinque-dos para eles se distraírem: um vio-

lão, um pequeno toca-fitas, umpianinho, alguns jogos e várias ou-tras coisas.

Quando voltou trazendo os co-pos de suco, perguntou risonha:

— Como é, estão se divertindo?Os garotos reclamaram, decep-

cionados:— Não dá para brincar! Está

tudo quebrado! O violão está sem

Nasceram com alguma dificuldadede expressão no corpo ou na mente,como um brinquedo avariado. Vocêsconhecem alguém assim?

Os garotos lembraram-se domenino que eles tanto amolavam.

— É o caso do Netinho, não é?— perguntou alguém.

— Exatamente. Netinho nasceucom um problema na cabeça e porisso não pode se expressar comotodo mundo. Ele, como espírito, éinteligente como vocês, mas nãoconsegue fazer o “aparelho”, que éo corpo, funcionar direito. Compre-enderam?

— Quer dizer que ele entendetudo o que acontece ao seu redor?— indagou Pedro.

— Sem dúvida. Só não conse-gue fazer com que as outras pessoassaibam disso e sofre muito. Netinhomerece todo o nosso respeito e cari-nho. Se Deus é Pai Justo e Bom, esabe o que é melhor para nós, e fezcom que Netinho nascesse com esseproblema, é que esse sofrimento seráútil para seu progresso.

Fez uma pausa e concluiu:

— Jesus disse que “deveríamosfazer aos outros, o que gostaríamosque os outros nos fizessem”. Assim,se vocês estivessem no lugar de Ne-tinho, como gostariam de ser trata-dos?

Os meninos, meditando sobre oque tinham ouvido, ficaram enver-gonhados, somente agora perceben-do como tinham sido injustos comNetinho, cada qual refletindo quepoderia ter sido “ele” a nascer comqualquer problema.

No dia seguinte, houve umagrande mudança. Arrependidos, osmeninos pediram desculpas a Neti-nho por tudo o que lhe tinham feito.Passaram a conversar com ele, cha-mando-o para brincar e aceitando-ocomo amigo.

Satisfeito e risonho, Netinho par-ticipava de tudo, aprendendo as brin-cadeiras e mostrando que as suas di-ficuldades não eram tão grandescomo pareciam.

Dessa forma, Netinho se tornouum ótimo companheiro para todoseles.

Tia Célia

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O IMORTALJANEIRO/2008 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1868 (1ª Parte)

Iniciamos nesta edição a publi-cação do texto condensado da Re-vista Espírita de 1868. As páginascitadas referem-se à versão publica-da pela Edicel.

*1. O ano de 1867 foi, como ha-

via sido previsto pelos Espíritos,muito proveitoso para o Espiritismo.Diversas obras popularizaram naFrança os seus princípios. O núme-ro de reuniões particulares, ou defamília, cresceu em grande propor-ção. As idéias espíritas se infiltrarampor uma porção de brechas. Dizen-do isso, Kardec adverte que estava,porém, distante o dia em que todasas prevenções erguidas contra aDoutrina seriam postas abaixo, oque exigiria tempo. Cada espírita de-veria, pois, trabalhar e fazer a suaparte, sem desânimo com a poucaimportância do resultado obtido in-dividualmente, certo de que com oacúmulo de grãos de areia se podeformar uma montanha. (Págs. 1 e 2.)

2. Os princípios do Espiritismomais facilmente aceitos, diz o Codifi-cador, são a pluralidade dos mundoshabitados e a reencarnação. O primei-ro reúne adeptos até mesmo no seiodo materialismo. O segundo está noestado de intuição numa porção deindivíduos, nos quais é uma crençainata. Trata-se de uma idéia que sorria muitos incrédulos, porque aí eles en-contram imediatamente a solução demuitas dificuldades que os levaram àdúvida. Essa crença tende, pois, a sevulgarizar cada vez mais, com o queo Espiritismo só tem a ganhar em ter-mos de adeptos. O futuro do Espiri-tismo, sem contradita, está assegura-do; é preciso ser cego para disso du-vidar; mas, adverte Kardec, os seuspiores dias ainda não passaram e mui-tos desafios virão pela frente. (Págs.4 e 5.)

3. A Revista analisa o livro queo abade Poussin, professor no Se-minário de Nice, escreveu sobre oEspiritismo, sua origem, natureza,certeza e perigos. Trata-se de umaobra de refutação do Espiritismo doponto de vista católico. A primeiraparte do livro é consagrada ao his-tórico do Espiritismo na Antigüida-de e na Idade Média. A segunda par-te é dedicada à parte doutrinária. Oabade não contesta nenhum dos fe-nômenos espíritas, mas conclui queesses fatos são miraculosos e de fon-

te divina em certos casos, e diabóli-cos em outros. Na visão do abadePoussin, o Espiritismo “esforça-sepor minar surdamente a Igreja cató-lica”. (Págs. 5 a 7.)

4. Embora seu propósito fossedenegrir e não enaltecer o Espiritis-mo, o abade Poussin reconhece emsua obra duas coisas: 1a – Que o Es-piritismo envolve, como numaimensa rede, a sociedade inteira. 2a

– Que prestou à Igreja o serviço dederrubar as teorias materialistas doséculo 18. As conseqüências dessesdois fatos são comentadas por Kar-dec, que faz a respeito as seguintesobservações: I – Os espiritistas, emgrande maioria, são recrutados en-tre os incrédulos. II – Os espíritasnão crêem nos demônios nem naschamas do inferno, mas acreditamfirmemente em um Deus soberana-mente justo e bom e entendem queo mal não provém do Pai, fonte detodo o bem, nem dos demônios, masdas próprias imperfeições do ho-mem; que o homem se reforma eque, por fim, vencer-se a si mesmoé vencer o demônio. III – Tal é a fédos espíritas, e a prova de sua forçaé que se esforçam por tornar-se me-lhores, dominar suas inclinaçõesmás e pôr em prática as máximas doCristo, olhando todos os homenscomo irmãos, perdoando aos inimi-gos e fazendo o bem pelo mal, aexemplo do Mestre. IV – O Espiri-tismo não buscou os que tinham fée a quem esta bastava, mas sim aque-les a quem a fé faltava. Como Je-sus, ele foi aos doentes e não aossãos, aos famintos e não aos sacia-dos. V – Que foi que fez para os tra-zer a si? Reclames, anúncios, pre-gação em praça pública? Violentouas consciências? Absolutamente,porque esses são os meios da fra-queza e ele tem como regra invariá-vel não constranger ninguém, res-peitar todas as convicções. VI – Osque dizem que tais coisas são obrade Satã devem lembrar-se da respos-ta que o Cristo deu aos fariseus, queo acusavam de curar os doentes eexpulsar os demônios com a ajudadestes. VII – Como dizia monsenhorFrayssinous em suas conferênciassobre religião, um demônio que pro-curasse destruir o reino do vício paraestabelecer o da virtude “seria umdemônio esquisito, porque se des-truiria a si próprio”. (Págs. 7 a 12.)

5. Concluindo seus comentários eantes de transcrever alguns fragmen-tos da obra do Sr. Poussin, o Codifi-cador asseverou: “O Espiritismo nãoteme a luz; ele a chama sobre suas

doutrinas, porque quer ser aceito livre-mente e pela razão. Longe de temerpara a fé dos espíritas a leitura de obrasque o combatem, ele lhes diz: Ledetudo; pró e contra, e escolhei com co-nhecimento de causa”. (Pág. 13.)

6. Das idéias defendidas peloabade Poussin destacamos os pontosseguintes: I – Negar o demônio é ne-gar o Cristianismo e negar Deus. II– A crença nos Espíritos e sua inter-venção no domínio de nossa vida re-montam à mais alta antigüidade. III– Deus fez os Espíritos seus embai-xadores, diz o salmista. São os mi-nistros de Deus, diz São Paulo. IV –Cada ser vivo neste mundo tem umanjo que o dirige, ensina Santo Agos-tinho. V – O fato mais interessante emais autêntico da história é a evoca-ção de Samuel por uma pitonisa deEndor, a pedido do rei Saul. VI – Amédium que atendeu Saul disse, de-pois do episódio: “Eis que há qua-renta anos faço profissão de evocaros mortos a serviço de estranhos; masjamais vi semelhante aparição”. VII– O Eclesiástico, reportando-se aofato, prova que ocorreu ali uma ver-dadeira aparição, e não uma aluci-nação de Saul. (Págs. 13 a 17.)

7. Entre as curiosidades atraídaspela Exposição de Paris, uma das maisestranhas foi a dos exercícios execu-tados pelos árabes da tribo dosAïssaouá. O Petit Journal, de 30/9/1867, relatou uma dessas sessões, re-ferida igualmente pela Revista. OsAïssaouá, diz a reportagem, forma-vam uma seita religiosa muito espa-lhada na África, sobretudo na Argé-lia. O que se viu em Paris assustou atodos, e com inteira razão. Eis algunsdos fatos relatados pela imprensa: I –Um árabe tomou um carvão ardentee o pôs na boca. II – A um outro de-ram um pedaço de vidro para comer;ele o tomou e engoliu por inteiro. III– Outro árabe trouxe na mão um cac-to de espinhos compridos; cada aspe-reza da folhagem era como uma pon-ta acerada. O árabe comeu a folha-gem picante, como comeríamos umasalada de alface. IV – Dez serpentessaíam de um cesto; um árabe lhes fezum agrado e as fez enrolar em redorde seu corpo. Depois escolheu a mai-or e com os dentes mordeu e lhe ar-rancou a cauda; em seguida, com umadentada, arrancou a cabeça da serpen-te e a comeu. (Págs. 18 a 21.)

8. Encerrando o assunto e semaventar para os fatos qualquer expli-cação, Kardec promete examiná-losoportunamente. “Quem sabe se o Es-piritismo, que já nos deu a chave detantas coisas incompreendidas, não nos

dará ainda esta? É o que examinare-mos num próximo artigo”, disse oCodificador do Espiritismo. (Pág. 22.)

9. Um interessante caso depremonição, verificado em Maren-nes, é relatado pela Revista. Seismeses antes do falecimento de seupai, a Sra. Angelina de Ogé teve opressentimento e todas as sensaçõesde que tal fato se daria. Kardec co-menta a notícia e reproduz comuni-cação dada na Sociedade Espírita deParis sobre o episódio. O Espírito dopai tinha, em estado de desprendi-mento, conhecimento antecipado desua morte e da maneira por que ela serealizaria. Foi ele próprio quem semanifestou à filha, seis meses antes,nas condições que deviam se produ-zir, para que, mais tarde, ela soubes-se que era ele e, estando preparada,não ficasse surpreendida com sua par-tida. Angelina tinha também, comoEspírito, ciência do que iria ocorrer.Foi isso que lhe deu a intuição de quealguém deveria morrer nas condiçõespor ela referidas na carta enviada aKardec. (Págs. 23 a 26.)

10. Segundo o Siècle de 29/4/1867, reproduzindo notícia publica-da pelo Observateur, de Avesnes, umoperário chamado Magnan, de 23anos, desenterrou o cadáver de suamulher, cuja morte ele não aceitarade forma alguma. Haviam-se passa-do 17 dias desde o óbito e, nãoobstante, o corpo se achava em per-feito estado de conservação. Con-vencido por seus amigos a sepultarnovamente o cadáver, ele orecolocou na sepultura, mas, no diaseguinte, dizia não se lembrar do quefizera na véspera. Acreditava tão-so-mente que sua mulher o visitara du-rante a noite. (Págs. 26 e 27.)

11. Comunicação dada na Soci-edade Espírita de Paris em 10/5/1867, por intermédio do Sr. Morin,revelou a causa do curioso episódio.Quando a mulher morreu, ela ali per-manecera em espírito. Como o ca-samento dos fluidos espirituais e dosfluidos do corpo era difícil de rom-per, em razão da inferioridade doEspírito, foi-lhe preciso um certotempo para retomar a liberdade deação. Depois, quando pôde, ela apo-derou-se do corpo do homem e opossuiu, produzindo-se então umverdadeiro caso de possessão. Foraela quem levou o marido a fazer oque ela queria, para vê-lo sofrer. Emuma anterior existência cometeu-seum crime. Aquele episódio foi ape-nas o começo de um processo de vin-gança que ainda prosseguiria. Elaprometera voltar e voltou, e voltaria

outras vezes . (Págs. 28 e 29.)12. O último livro de Kardec: A

Gênese, os Milagres e as Prediçõessegundo o Espiritismo, foi afinalposto à venda a 6 de janeiro de 1868.Ao dar essa notícia, a Revista re-produziu a tábua das matérias quecompõem os dezoito capítulos daobra. Desses, doze tratam da Gêne-se segundo o Espiritismo, três foca-lizam os Milagres e três cuidam dasPredições. (Págs. 30 a 32.)

13. Um longo artigo sobre alu-cinação e inspiração abre a Revistade fevereiro de 1868. Trata-se de umdos manuscritos obtidos mediunica-mente pelo jovem médium bretãoque confiara ao Sr. Bonnemère otexto do Roman de l’Avenir (Roman-ce do Futuro), referido na Revistade 1867. (Págs. 33 a 42.)

14. Do artigo citado transcreve-mos os pontos adiante resumidos: I– A alucinação é um estado provoca-do por uma causa moral que influisobre o físico e à qual se mostrammais acessíveis as naturezas nervo-sas. II – A alucinação, por um peque-no lado, toca a loucura, como todasas superexcitações cerebrais. III - En-quanto o delírio se expressa sobretu-do em palavras incoerentes, a aluci-nação representa mais particularmen-te a ação, a encenação. IV – Presa deuma espécie de febre interior, oalucinado vive em meio ao mundoimaginário que sua imaginação per-turbada cria. V – Essas visões fan-tásticas existem para ele; ele as vê,as toca e se amedronta. VI – A inspi-ração é mais rara que a alucinação,porque não se deve somente ao esta-do físico, mas sobretudo à situaçãomoral do indivíduo predisposto arecebê-la. VII – Há tantas categoriasde inspiração e de inspirados quantasfaculdades existem no cérebro huma-no para assimilar os diferentes conhe-cimentos. VIII – Os inspirados sãogeralmente seres puros, ingênuos esimples, sérios e refletidos, cheios deabnegação e de devotamento, sempersonalidade marcante, bastante in-teligentes para assimilar os pensa-mentos alheios. IX – Por vezes a ins-piração é inconsciente de si mesma.Às vezes um médico, ao se aproxi-mar de certos doentes, acha de súbi-to o remédio que pode curá-los. Nãofoi a ciência que o guiou; foi a inspi-ração. X – A alucinação é um estadodoentio, que o magnetismo podemodificar de maneira salutar. A ins-piração é uma assimilação moral quenão se deve provocar com passesmagnéticos. (Págs. 33 a 42.)(Conti-nua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 JANEIRO/2008

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

O Centro Espírita Nosso Lar,a mais tradicional Casa espírita doNorte do Paraná, completa no dia1o deste mês 74 anos de existên-cia. Fundado sob outro nome em1o de janeiro de 1934, a históriado “Nosso Lar” se confunde coma própria história do município deLondrina, emancipado no mesmoano, porém 11 meses depois.

No início de Londrina, quandoo município era apenas um povoa-do, alguns pioneiros se reuniam emsuas casas para estudar as obrasbásicas da Doutrina Espírita. Foramorganizados então os primeiros pro-gramas assistenciais e de evangeli-zação. As pessoas sem recursos quechegavam à cidade, não tendo ondeficar, eram recolhidas por algumasfamílias espíritas, o que motivou,anos depois, a fundação do Alber-gue Noturno, situado na Vila Nova.

Nasce o primeiro Centro –Com o rápido desenvolvimentodo povoado, já em via de tornar-se município, aqueles pioneirossentiram a necessidade da funda-ção de um Centro Espírita, orga-nizado e estruturado conformeorientação constante das obras deAllan Kardec, para servir a comu-nidade ao longo dos anos.

Com esse propósito, foi fun-dado em 1o de janeiro de 1934 oCentro Espírita “Jesus é o Mes-tre”, com sede própria na RuaAmazonas, no 804. O Centro sur-giu com 32 sócios mantenedores,e a primeira diretoria eleita tevena presidência o confrade JoséSilvério Machado. Algum tempodepois, foi fundada outra Casa, oCentro Espírita Allan Kardec, queteve como primeiro presidente oSr. Benedito de Oliveira Moraes.

Surge a União Espírita deLondrina – Como o novo Cen-

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

tro não tinha sede pró-pria, estava havendo di-ficuldades para o seufuncionamento. Suge-riu-se, então, a uniãodos dois Centros, jun-tando-se os trabalhado-res em uma só Casa, oque ampliaria, dessemodo, as atividades.No dia 11 de dezembrode 1938 foi assinada aata que concretizou aunião, passando o novoCentro a chamar-seUnião Espírita de Lon-drina (UEL), que continuou utili-zando a sede da Rua Amazonas,804, atualmente Rua Uruguai.

Eleita, a primeira diretoria daUEL ficou assim constituída: Pre-sidente: Benedito de OliveiraMoraes; Vice-presidente: ManoelAntonio Casemiro; 1o Secretário:Manoel Lopes Martins; 1o Tesou-reiro: Nicodemos Souza; Procura-dor: Luiz Csucsuly.

No dia 9 de janeiro de 1949, aUnião Espírita de Londrina forma-lizou pedido de filiação à Federa-ção Espírita do Paraná, com sedeem Curitiba, anexando ao pedidoos documentos necessários. Afiliação foi efetivada no dia 10 deabril do mesmo ano, conforme co-municado expedido pelo Sr. Joséde Souza Pinto, secretário geral daFederação.

A mudança para o endereçoatual – Em 1950 foi adquirido umterreno na Rua Santa Catarina,429, sendo construído no local umprédio de alvenaria, com depen-dências apropriadas ao bom fun-cionamento de uma Casa Espírita.A nova sede foi inaugurada em 30de março de 1951.

No mesmo ano iniciou-se aconstrução do Albergue Noturno,na Rua Araguaia, 589, inauguradono dia 11 de maio de 1953, com apresença dos dirigentes da Fede-ração Espírita do Paraná e autori-

dades locais. Durante 25 anos, até1978, o Albergue Noturno consti-tuiu um dos departamentos doCentro, até o surgimento da SEPS– Sociedade Espírita de PromoçãoSocial, de que ele faz parte desteentão, sendo que agora ele funcio-na como um lar para idosos do sexomasculino.

Em 1956 teve início a constru-ção do Lar Anália Franco de Lon-drina, no bairro do Aeroporto,inaugurado no dia 15 de abril de1957. O Lar, embora fundado econstruído por confrades ligados àdireção do “Nosso Lar”, consti-tuiu-se desde o início como umainstituição independente.

No ano de 1958 iniciou-se aconstrução do Lar das Vovós Gil-da Marconi, no mesmo terreno doAlbergue Noturno, de frente paraa Rua Iapó, 130, o qual foi inau-gurado no dia 28 de março de1959. Anos mais tarde, com a cons-trução de novas instalações para oLar das Vovós, o prédio antigo foicedido para a instalação do CentroEspírita Meimei, fundado em1991.

A UEL passa a chamar-se“Nosso Lar” – Em 1963, a antigasede da União Espírita de Londri-na foi demolida, iniciando-se aconstrução da atual sede, que de-morou muitos anos para assumir oformato atual, com dois pavimen-

Um breve histórico do “Nosso Lar”tos e uma área constru-ída que ocupa pratica-mente todo o terreno.

Com o correr dosanos, novas Casas espí-ritas surgiram em Lon-drina e na região, dan-do origem à criação dasUniões Regionais Espí-ritas, cujo regimentoprevia para as cidadesonde houvesse mais deum Centro Espírita afundação – facultativa –das Uniões MunicipaisEspíritas. Para evitar

confusão com seu nome, a partir dodia 13 de dezembro de 1966 aUnião Espírita de Londrina passoua chamar-se Centro Espírita NossoLar. O nome tem origem no livro“Nosso Lar”, primeira obra da sé-rie André Luiz, publicada em 1943.

O “Nosso Lar” teve atuação de-cidida para a criação, em 1985, daUnião das Sociedades Espíritas deLondrina (USEL) e dele é que par-tiu a idéia de realização das Sema-nas Espíritas de Londrina, cuja pri-meira versão se realizou sob seusauspícios, em julho de 1992.

Estudo e divulgação são osdestaques da Casa – Além demanter vários Grupos de Estudo,um ponto em que se verifica uma

Fachada atual do Centro Espírita Nosso Lar

Flagrante parcial do auditório do Nosso Lar

Centro Espírita chega aos 74 anos de idade em plena forma e com atividades de manhã, à tarde e à noite

atuação marcante do Centro Es-pírita Nosso Lar diz respeito à di-vulgação do livro espírita.

A Casa dispõe de uma Livra-ria bem sortida, de um Clube doLivro Espírita com mais de du-zentos sócios e de uma Bibliote-ca exemplar. Na Livraria do“Nosso Lar”, que se constitui emum ponto de encontro obrigató-rio dos trabalhadores da Casa,podem encontrar-se exemplaresde todas as obras espíritas maisprocuradas e, quando falta algu-ma no estoque, em questão depoucos dias o cliente é atendido.

O Clube do Livro Espírita,fundado em outubro de 1999, temdistribuído apenas obras espíritasinéditas, acompanhando os lan-çamentos feitos pelas grandesEditoras espíritas brasileiras.

A Biblioteca, que conta comum acervo superior a 3.800 obras,entre livros, fitas cassete, CDs efitas de vídeo, tem apresentadonos últimos anos um movimentoimpressionante. São retiradas emmédia, por mês, na Biblioteca, cer-ca de 700 obras – entre livros, CDse vídeos – sem nenhum custo parao associado, cujo quadro é atual-mente constituído por cerca de930 sócios. A título de curiosida-de, as obras mais procuradas naBiblioteca são os romances.