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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 629 Julho de 2006 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Cosme Massi abre a 15 a Semana Espírita de Londrina Cosme Massi (foto), doutor em Lógica e Filosofia da Ciência, atu- almente radicado em Curitiba, dá início no dia 15 deste mês, às 20 horas, à 15ª Semana Espírita de Londrina com palestra sobre o tema “O Homem e as Leis Mo- rais”. Organizada pela USEL – União das Sociedades Espíritas de Londrina, a Semana Espírita será inteiramente realizada nas instala- ções do Centro Espírita Nosso Lar. Natural da cidade de Três Rios (RJ) e atualmente residente na ca- pital paranaense, Massi é pró-rei- tor de planejamento e avaliação institucional do Centro Universitá- rio Positivo (Unicenp) e consultor de avaliação do Ministério da Edu- cação e Cultura através do Institu- to Nacional de Estudos e Pesqui- sas Educacionais (Inep/MEC). Es- tudante do Espiritismo há mais de 30 anos como filósofo da Ciência, Massi tem enaltecido o papel de Allan Kardec na construção do co- nhecimento humano e na sua im- portância para a humanidade. Segundo a coordenação da USEL, a idéia de trazer Massi para abrir a 15ª Semana Espírita, surgiu pelo fato de ser ele respon- sável pela elaboração de um in- teressante estudo sobre a estrutu- ra didática do Livro dos Espíri- tos. Além disso, Massi já presi- diu a União Intermunicipal de Marília (SP), órgão representati- vo da União das Sociedades Es- píritas do Estado de São Paulo (USE), entidade vinculada à Fe- deração Espírita Brasileira. Em Jesus veio, mas os judeus não o reconheceram O povo judeu aguardava ansi- osamente o Messias anunciado pelos profetas da Antiguidade, o qual, em chegando ao mundo, com certeza o libertaria do jugo romano. Jesus veio e, no entanto, não foi reconhecido pelos israeli- tas, de tal maneira que até hoje, dois mil anos depois, os judeus ainda o aguardam. Pág. 3 DVD Reflexão Espírita já está disponível A partir deste mês você pode ad- quirir seu DVD Reflexão Espírita. Todos os meses serão produzidos, em DVD, 4 programas inéditos exi- bidos na TV Tropical de Londrina, emissora pertencente à Rede CNT de Televisão. Você poderá encomen- dar o seu DVD contendo os 4 pro- gramas com o dirigente de sua Casa Espírita, pelo tel. (43) 3322-1959 ou ainda via internet, pelo e-mail: Curitiba, além de ser expositor espírita e membro da Federação Espírita do Paraná (FEP), Massi participa da Sociedade Espírita Renovação, na qual é coordena- dor doutrinário. Eis as atividades programadas para os dias seguintes: Dia 16, domingo, às 9h30: Cosme Massi. Seminário: “A Lei Divina ou Natural”. Dia 16, domingo, às 20 h: 2ª Mos- tra de Música Espírita de Londri- na. Dia 17, segunda, às 15 h: Eliseu Mota Florentino Junior. Seminário: “Perfeição Moral”. Dia 17, segunda, às 20 h: Eliseu Mota Florentino Junior. Palestra: “Lei de Adoração”. Dia 18, terça, às 15 h: Astolfo Olegário de Oliveira Filho. Semi- nário: “Leis de Trabalho e Repro- dução”. Dia 18, terça às 20 h: José Anto- nio Vieira de Paula. Palestra: “Lei de Justiça, Amor e Caridade”. Dia 19, quarta, às 15 h: Roosevelt Andolphato Tiago. Seminário: “Leis de Conservação e Destrui- ção” Dia 19, quarta, às 20 h: Roosevelt Andolphato Tiago. Palestra: “Leis de Sociedade e Progresso”. Dia 20, quinta,às 15 h: Alexan- dra Torres. Seminário: “Lei de Igualdade”. Dia 20, quinta, às 20 h: Alexan- dra Torres. Palestra: “Lei de Liber- dade”. Dia 21, sexta, às 15 h: Plínio Oli- veira. Seminário: “Jesus”. Dia 21, sexta, às 20 h: Plínio Oli- veira. Palestra: “Só o Amor Cons- trói”. Além das atividades citadas, serão realizadas, durante o evento, a 2ª Semana Jovem e a 6ª Semani- nha Espírita, tendo por temas igual- mente as Leis Morais. A Semana Espírita do ano passado reuniu cerca de 300 pes- soas por dia para assistir às pa- lestras, sem contar as crianças e os jovens que participaram da Semaninha e da Semana Jovem. A expectativa para esse ano é que o público seja ainda maior. “A semana já se tornou uma confra- ternização entre as casas espíri- tas. O objetivo da USEL é unir essas casas. A comunidade espí- rita e não-espírita de Londrina vai prestigiar bastante o evento”, diz Marli Elisa Trannin Ferreira (foto), coordenadora da USEL e responsável pela organização da Semana Espírita. Págs. 8 e 9 reflexaoespirita@neudelondrina. org.br. Se preferir, inscreva-se no Clu- be do DVD Reflexão Espírita. Nesta opção seu DVD fica garan- tido o ano todo. Serão 12 DVDs inéditos com 4 programas cada um. O pagamento será feito no recebi- mento de cada DVD, que lhe será entregue no próprio Centro Espí- rita de que você participa. Pág. 14 Reportagem relata o julgamento e a prisão do médium Nesta edição o leitor verá, na íntegra, a repor- tagem com que a revista O Cruzeiro de 12 de de- zembro de 1964 noticiou o julgamento e a prisão de José Pedro de Freitas, o “Zé Arigó” (foto), co- nhecido no Brasil e no exterior por suas curas mediúnicas. Após a pro- longada leitura da sen- tença, Arigó levantou-se e agradeceu ao juiz e ao promotor, enquanto al- guns choravam no recin- to do tribunal. Pág. 16 O processo contra o Zé Arigó A Revue Spirite há 140 anos ...... 15 Aiglon Fasolo ............................. 10 Clássicos do Espiritismo .............. 5 Crônicas de Além-Mar ............... 12 De coração para coração .............. 4 Divaldo responde ......................... 5 Editorial ........................................ 2 Emmanuel ..................................... 2 Espiritismo para as crianças ........ 6 Estudando as obras de André Luiz ................................. 13 Grandes Vultos do Espiritismo .... 7 Jane Martins Vilela .................... 14 Joanna de Ângelis ........................ 2 Palestras, seminários e outros eventos ............................ 11 Ricardo Orestes Forni ................ 13 Um minuto com Chico Xavier ... 12 Ainda nesta edição Cosme Massi Marli Trannin

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 53 Nº 629 Julho de 2006 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Cosme Massi abre a 15a Semana Espírita de LondrinaCosme Massi (foto), doutor em

Lógica e Filosofia da Ciência, atu-almente radicado em Curitiba, dáinício no dia 15 deste mês, às 20horas, à 15ª Semana Espírita deLondrina com palestra sobre otema “O Homem e as Leis Mo-rais”. Organizada pela USEL –União das Sociedades Espíritas deLondrina, a Semana Espírita seráinteiramente realizada nas instala-ções do Centro Espírita Nosso Lar.

Natural da cidade de Três Rios(RJ) e atualmente residente na ca-pital paranaense, Massi é pró-rei-

tor de planejamento e avaliaçãoinstitucional do Centro Universitá-rio Positivo (Unicenp) e consultorde avaliação do Ministério da Edu-cação e Cultura através do Institu-to Nacional de Estudos e Pesqui-sas Educacionais (Inep/MEC). Es-tudante do Espiritismo há mais de30 anos como filósofo da Ciência,Massi tem enaltecido o papel deAllan Kardec na construção do co-nhecimento humano e na sua im-portância para a humanidade.

Segundo a coordenação daUSEL, a idéia de trazer Massipara abrir a 15ª Semana Espírita,surgiu pelo fato de ser ele respon-sável pela elaboração de um in-teressante estudo sobre a estrutu-ra didática do Livro dos Espíri-tos. Além disso, Massi já presi-diu a União Intermunicipal deMarília (SP), órgão representati-vo da União das Sociedades Es-píritas do Estado de São Paulo(USE), entidade vinculada à Fe-deração Espírita Brasileira. Em

Jesus veio, mas os judeusnão o reconheceram

O povo judeu aguardava ansi-osamente o Messias anunciadopelos profetas da Antiguidade, oqual, em chegando ao mundo,com certeza o libertaria do jugo

romano. Jesus veio e, no entanto,não foi reconhecido pelos israeli-tas, de tal maneira que até hoje,dois mil anos depois, os judeusainda o aguardam. Pág. 3

DVD Reflexão Espíritajá está disponível

A partir deste mês você pode ad-quirir seu DVD Reflexão Espírita.Todos os meses serão produzidos,em DVD, 4 programas inéditos exi-bidos na TV Tropical de Londrina,emissora pertencente à Rede CNTde Televisão. Você poderá encomen-dar o seu DVD contendo os 4 pro-gramas com o dirigente de sua CasaEspírita, pelo tel. (43) 3322-1959 ouainda via internet, pelo e-mail:

Curitiba, além de ser expositorespírita e membro da FederaçãoEspírita do Paraná (FEP), Massiparticipa da Sociedade EspíritaRenovação, na qual é coordena-dor doutrinário.

Eis as atividades programadaspara os dias seguintes:Dia 16, domingo, às 9h30: CosmeMassi. Seminário: “A Lei Divinaou Natural”.Dia 16, domingo, às 20 h: 2ª Mos-tra de Música Espírita de Londri-na.Dia 17, segunda, às 15 h: EliseuMota Florentino Junior. Seminário:“Perfeição Moral”.Dia 17, segunda, às 20 h: EliseuMota Florentino Junior. Palestra:“Lei de Adoração”.Dia 18, terça, às 15 h: AstolfoOlegário de Oliveira Filho. Semi-nário: “Leis de Trabalho e Repro-dução”.Dia 18, terça às 20 h: José Anto-nio Vieira de Paula. Palestra: “Leide Justiça, Amor e Caridade”.

Dia 19, quarta, às 15 h: RooseveltAndolphato Tiago. Seminário:“Leis de Conservação e Destrui-ção”Dia 19, quarta, às 20 h: RooseveltAndolphato Tiago. Palestra: “Leisde Sociedade e Progresso”.Dia 20, quinta,às 15 h: Alexan-dra Torres. Seminário: “Lei deIgualdade”.Dia 20, quinta, às 20 h: Alexan-dra Torres. Palestra: “Lei de Liber-dade”.Dia 21, sexta, às 15 h: Plínio Oli-veira. Seminário: “Jesus”.Dia 21, sexta, às 20 h: Plínio Oli-veira. Palestra: “Só o Amor Cons-trói”.

Além das atividades citadas,serão realizadas, durante o evento,a 2ª Semana Jovem e a 6ª Semani-nha Espírita, tendo por temas igual-mente as Leis Morais.

A Semana Espírita do anopassado reuniu cerca de 300 pes-soas por dia para assistir às pa-lestras, sem contar as crianças e

os jovens que participaram daSemaninha e da Semana Jovem.A expectativa para esse ano é queo público seja ainda maior. “Asemana já se tornou uma confra-ternização entre as casas espíri-tas. O objetivo da USEL é uniressas casas. A comunidade espí-rita e não-espírita de Londrinavai prestigiar bastante o evento”,diz Marli Elisa Trannin Ferreira(foto), coordenadora da USEL eresponsável pela organização daSemana Espírita. Págs. 8 e 9

[email protected].

Se preferir, inscreva-se no Clu-be do DVD Reflexão Espírita.Nesta opção seu DVD fica garan-tido o ano todo. Serão 12 DVDsinéditos com 4 programas cada um.O pagamento será feito no recebi-mento de cada DVD, que lhe seráentregue no próprio Centro Espí-rita de que você participa. Pág. 14

Reportagem relata o julgamentoe a prisão do médium

Nesta edição o leitorverá, na íntegra, a repor-tagem com que a revistaO Cruzeiro de 12 de de-zembro de 1964 noticiouo julgamento e a prisãode José Pedro de Freitas,o “Zé Arigó” (foto), co-nhecido no Brasil e noexterior por suas curasmediúnicas. Após a pro-longada leitura da sen-tença, Arigó levantou-see agradeceu ao juiz e aopromotor, enquanto al-guns choravam no recin-to do tribunal. Pág. 16

O processo contra o Zé Arigó

A Revue Spirite há 140 anos ...... 15

Aiglon Fasolo ............................. 10

Clássicos do Espiritismo .............. 5

Crônicas de Além-Mar ............... 12

De coração para coração .............. 4

Divaldo responde ......................... 5

Editorial ........................................ 2

Emmanuel ..................................... 2

Espiritismo para as crianças ........ 6

Estudando as obras de

André Luiz ................................. 13

Grandes Vultos do Espiritismo .... 7

Jane Martins Vilela .................... 14

Joanna de Ângelis ........................ 2

Palestras, seminários e

outros eventos ............................ 11

Ricardo Orestes Forni ................ 13

Um minuto com Chico Xavier ... 12

Ainda nesta edição

Cosme Massi

Marli Trannin

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O IMORTALPÁGINA 2 JULHO/2006

EditorialEMMANUEL

Foi na década de 1960 que severificou no Paraná uma sucessãode fatos que deram origem à cria-ção das Uniões Regionais Espíri-tas (UREs) e do Conselho Federa-tivo Estadual, órgãos esses cujopropósito expressamente declara-do era a intensificação da divulga-ção doutrinária e a unificação domovimento espírita.

As cidades do interior do Para-ná encontravam-se então, no tocan-te a ambos os assuntos, numa es-pécie de orfandade federativa, nacondição de filhos que têm paismas não podem contar com eles.

As causas disso eram variadas:a distância geográfica entreCuritiba e as novas regiõessurgidas a partir dos anos 40; a di-ficuldade de transporte numa épo-ca em que poucas eram as estradasasfaltadas; a pobreza das comuni-cações telefônicas e a precarieda-de dos serviços de correios, quan-do uma carta levava dez ou maisdias para chegar ao destino... E nãofalamos das razões relacionadasdiretamente ao modelo de unifica-ção implantado no País, em que asentidades federativas foram mui-tas vezes fundadas sem que hou-vesse centros espíritas a coordenar.

A oração é fenômeno moral,emocional e espiritual, que devesuceder de forma consciente.

Não poucas vezes, no entanto,dá-se inconscientemente.

Sem fórmulas estabelecidas, éo grito de fé da alma necessitadabuscando apoio em Deus.

São as atitudes dignas, inspira-das no bem e no dever.

É a comunhão mental, progra-mada com o Doador Celeste.

Tão habitual se pode tornarque, ao invés, dos momentos de

Toda criatura recebe do Supre-mo Senhor o dom de servir comoum ministério essencialmente di-vino.

Se o homem levanta tantos pro-blemas de solução difícil, em suaslutas sociais, é que não se capaci-tou, ainda, de tão elevado ensina-mento.

O quadro da evolução terrestreapresenta divisão entre os quedenominais “magnatas” e “prole-tários”, porquanto, de modo geral,não se entendeu até agora no mun-do a dignidade do trabalho hones-to, por mais humilde que seja.

É imprescindível haja sempreprofissionais de limpeza pública,desbravadores de terras insalubres,chefes de fábricas, trabalhadoresde imprensa.

Os homens não compreende-ram, ainda, que a oportunidade decooperar nos trabalhos da Terratransforma-os em despenseiros da

Para fazer a Assinatura deste jor-nal ou renová-la, basta enviar seu pedi-do para a Caixa Postal 63 – CEP 86180-970 – Cambé-PR, ou então valer-se dotelefone número (0xx43) 3254-3261. Sepreferir, utilize a Internet. Nosso ende-reço eletrônico mudou e é agora:[email protected]

A Assinatura simples deste pe-riódico custa R$ 35,00 (trinta e cin-co reais) por ano, aí incluídas as des-pesas de correio.

A Assinatura múltipla custa R$35,00 (trinta e cinco reais) por mês,já incluídas aí as despesas de correio.Ao fazê-la, o assinante receberá to-dos os meses um pacote com 10exemplares, que poderão ser distri-buídos entre os seus amigos, famili-ares ou integrantes do Grupo Espíri-ta de que faça parte. A Assinaturamúltipla é a forma ideal para os Gru-

A unificação espírita e seus percalçosClaro que os motivos mencio-

nados contribuíram para a centra-lização das atividades espíritas esua concentração nas capitais dosEstados, como ocorreu no Paraná.A criação das Uniões RegionaisEspíritas e do Conselho Federati-vo deu, por tudo isso, um impulsojamais visto ao movimento espíri-ta realizado no interior do Estado.Reuniões periódicas entre os diri-gentes de Centros espíritas, confra-ternizações de jovens espíritas, en-contros regionais inúmeros, cursose seminários sobre assuntos varia-dos, eis o resultado imediato des-sa nova ordem de idéias que mo-dificou por completo, em poucomais de 30 anos, a feição do movi-mento espírita paranaense.

O curioso é que essa revolu-ção partiu de baixo para cima eteve seu suporte exatamente nasinstituições espíritas situadas nascidades mais distantes da capital,sem a participação direta dos di-rigentes da Federação Espírita doParaná, os quais – é preciso quese reconheça – compreenderam oalcance da proposta e a ela ade-riram, formalizando desse modoa criação do Conselho Federati-vo e das UREs.

Relembramos tais fatos por noshaver chegado ao conhecimentouma informação preocupante, re-lacionada com o futuro da Uniãodas Sociedades Espíritas de Lon-drina (USEL), uma entidade quejá provou a importância de sua cri-ação pelos trabalhos que realizounestes 21 anos de existência a ser-viço da divulgação e da unificaçãoespírita em Londrina.

Conforme já dissemos emoportunidade anterior (cf. editori-al de “O Imortal” de maio de2005), a fundação da USEL – quenasceu sob forte oposição dos di-rigentes da Federação Espírita doParaná – constituiu uma espécie deatalho para congregar, sob o mes-mo ideal de unificação, as institui-ções espíritas da cidade, muitas dasquais faziam questão de não man-ter relações formais com a FEP.

Segundo soubemos por fontesdiversas, corre na vizinha cidadeuma idéia de substituição da USELpor um organismo vinculado à Fe-deração, fato que, se confirmado,virá na contramão dos ideais da-queles que lutam pela aproxima-ção, e não pelo distanciamento,entre os espíritas de nossa região ede nosso Estado.

Um minuto com Joanna de Ângelissúplica, ela se transforma em umaconstante vinculação com Deus,por meio dos pensamentos superi-ores que retratam as nobres aspi-rações do ser.

Orar é um ato que se deve con-verter em hábito.

A princípio, pode parecer difí-cil, em razão de a mente desligar-se do propósito que deve susten-tar; depois, por aparente falta deestímulo e fixação.

Como qualquer outra ativida-de, especialmente na área mental,

Ministérios

graça de Deus. Chegará, contudo,a época em que todos se sentirãoricos. A noção de “capitalista” e“operário” estará renovada. Enten-der-se-ão ambos como eficientesservidores do Altíssimo.

O jardineiro sentirá que o seuministério é irmão da tarefa confi-ada ao gerente da usina.

Cada qual ministrará os bensrecebidos do Pai, na sua própriaesfera de ação, sem a idéiaegoística de ganhar para enrique-cer na Terra, mas de servir comproveito para enriquecer em Deus.

“Cada um administre aos outros o dom comoo recebeu, como bons despenseiros da

multiforme graça de Deus.” – I Pedro, 4:10.

Ajude-nos a divulgar a DoutrinaEspírita assinando “O Imortal”

pos e Centros Espíritas interessadosna melhor divulgação do Espiritis-mo, dado o caráter multiplicador des-se investimento.

A contribuição mensal dos Man-tenedores é de R$ 35,00 (trinta ecinco reais) e o Mantenedor recebetambém mensalmente, como nas As-sinaturas múltiplas, um pacote com10 exemplares d´O Imortal.

Não é preciso efetuar o paga-mento agora. Você receberá pelo cor-reio o boleto bancário corresponden-te, que poderá ser quitado em qual-quer agência bancária.

Lembre que, segundo Emmanu-el, a maior caridade que podemosfazer à Doutrina Espírita é a sua di-vulgação. Ajude-nos, pois, a divulgá-la, colaborando com os jornais, osprogramas de rádio e TV e os livrosespíritas.

Assinale a opção de sua preferência:( ) Assinatura simples ( ) Assinatura múltipla

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Município .......................... Estado .................... CEP ..................................................

Telefone ............................. Número do fax .................................................................

Se estiver conectado à Internet, o seu e-mail ...............................................................

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Momentos de Felicida-de (Livraria Espírita Alvorada Edi-tora, 1990), do qual foi extraído otexto acima.

EMMANUEL, que foi o men-tor espiritual de Francisco Cândi-do Xavier e coordenador da obramediúnica do saudoso médiummineiro, é autor, entre outros li-vros, de “Caminho, Verdade eVida” (FEB, 1948), de onde foiextraído o texto acima.

exige freqüência, intensidade, in-teresse. Só então se converte emclima de harmonia interior e desintonia constante.

*Soluciona os teus problemas

com a inspiração da prece.Refugia-te da dor nas paisagens

da oração.Seja qual for o desafio aflitivo

que se te apresente, na oração en-contrarás os equipamentos hábeispara te consolares e te concederespaz.

Orando, galgarás o monte daprópria redenção, apoiado por Deuse por Ele conduzido, porque atra-vés da prece Lhe falarás e, por meioda inspiração e da resistência quete advirão, Ele te responderá.

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O IMORTALJULHO/2006 PÁGINA 3

Com a vinda de Jesus iniciou-se parao globo terrestre uma nova era

O povo judeu aguardavaansiosamente o Messias anun-ciado pelos profetas da Anti-guidade, o qual, em chegandoao mundo, pudesse libertá-lodo jugo de Roma, mas Jesusveio e não foi absolutamenteentendido pelos israelitas. Ossacerdotes não esperavam queo Redentor procurasse a horamais escura da noite para sur-gir na paisagem terrestre, pois,segundo a sua concepção, oCristo deveria chegar no carromagnificente de suas glóriasdivinas e conferir a Israel ocetro supremo na direção dospovos do planeta.

Houve, no entanto, muitosque o reconheceram como oCristo anunciado pelos profetasda Antigüidade, embora tenhaele chegado humilde entre osanimais de uma manjedoura ecomo filho de um simples car-pinteiro.

Entre os que o reconhece-ram devemos destacar aque-les que mais tarde se torna-riam seus discípulos, apósto-los e seguidores, que pude-ram ouvir da própria voz deJesus, em diversas ocasiões,ser ele o Enviado do Pai,como mostram estas passa-gens bíblicas:

• “Quem quer que me rece-ba, recebe aquele que me en-viou.” (Lucas, 9:48.)

• “Aquele que me despreza,despreza aquele que me en-viou.” (Lucas, 10:16.)

• “Aquele que me recebenão me recebe a mim, mas re-cebe aquele que me enviou.”(Marcos, 9:37.)

• “Ainda estou convosco porum pouco de tempo e vou emseguida para aquele que me en-viou.” (João, 8:42.)

THIAGO BERNARDESDe Curitiba

O Evangelho mostra queJesus não é Deus, mas simum enviado do Pai à Terra

Está bem caracterizado nas ci-tações transcritas que Jesus falavaem nome do Pai e foi por Ele envi-ado, fato que mostra uma dualidadede pessoas e exclui a igualdade en-tre elas, porque o enviado necessa-riamente é alguém subordinadoàquele que o envia. Esse pormenormerece ser meditado por todosquantos pensam que Jesus e Deusconstituem uma única pessoa, umequívoco que é igualmente contes-tado pelas citações seguintes:

• “Se me amásseis, rejubila-ríeis, pois que vou para meu Pai,porque meu Pai é maior do queeu.” (João, 14:28.)

• “Não tenho falado por mimmesmo; meu Pai, que me enviou,foi quem me prescreveu, pormandamento seu, o que devo di-zer e como devo falar; e sei queo seu mandamento é a vida eter-na; o que, pois, eu digo é segun-do o que meu Pai me ordenou queo diga.” (João, 12:49 e 50.)

Os apóstolos, evidentemente,acreditavam piamente ser Jesuso Messias aguardado, o que podeser deduzido com facilidade dasseguintes citações constantes deAtos dos Apóstolos:

• “Que, pois, toda a Casa daIsrael saiba, com absoluta certe-za, que Deus fez Senhor e Cristoa esse Jesus que vós crucificas-tes.” (Atos, 2:33 a 36.)

• “Moisés disse a nossos pais:O Senhor vosso Deus vos susci-tará dentre os vossos irmãos umprofeta como eu. Escutai-o emtudo o que ele disser. Quem nãoescutar esse profeta será extermi-nado do meio do povo. Foi por vósprimeiramente que Deus suscitouseu Filho e vo-lo enviou para vosabençoar.” (Atos, 3:22, 23 e 26.)

• “Foi a ele que Deus elevoupela sua destra, como sendo o prín-cipe e o salvador, para dar a Israela graça da penitência e a remissãodos pecados.” (Atos, 5:29 a 31.)

• “Mas, estando Estêvão cheiodo Espírito Santo e elevando osolhos ao céu, viu a glória de Deuse a Jesus que estava de pé à direi-ta de Deus.” (Atos, 7:55 a 58.)

Antes de vir, Jesus enviouao mundo uma plêiade

de missionários notáveis

Não é difícil compreender quea vinda de Jesus entre nós envol-veu intenso trabalho por parte de

todos aqueles Espíritos convoca-dos a participar da sua gloriosamissão. Cada qual recebeu umatarefa específica, de devotamen-to e amor, a fim de facilitar a vin-da do governador espiritual daTerra aos planos inferiores.

Inicialmente, Jesus enviou àssociedades do globo o esforço deauxiliares valorosos nas figurasde Ésquilo, Eurípedes, Heródotoe Tucídides e, por fim, a extraor-dinária personalidade deSócrates, entre os gregos. NaChina encontraremos Fo-Hi,Lao-Tsé e Confúcio; no Tibet, apersonalidade de Buda; noPentateuco, Moisés; no Alcorão,

Maomé, de modo que cada povorecebeu, em épocas diversas, osinstrutores enviados pelo Mestre.

A família romana, cujo es-plendor conseguiu atravessarmúltiplas eras, parecia atormen-tada pelos mais tenazes inimigosocultos, que, aos poucos, mina-ram-lhe as bases mais sólidas,mergulhando-a na corrupção e noextermínio de si mesma. A vindado Cristo estava próxima eRoma, sede do mundo, parecianão se dar conta disso. A aproxi-mação e a presença consoladorado Divino Mestre no mundo eramotivo suficiente para que todosos corações experimentassemuma vida nova, ainda que igno-rassem a fonte divina daquelasvibrações confortadoras.

As entidades angélicas do sis-

Os historiadores do Impé-rio Romano sempre observa-ram com espanto os profun-dos contrastes da gloriosaépoca de Augusto. Caio JúlioCésar Otávio chegara ao po-der envolto em uma série deacontecimentos felizes. Prin-cipiara com aquele jovemenérgico e magnânimo umanova era.

O grande império, comoque influenciado por um con-junto de forças estranhas,descansava numa onda deharmonia e júbilo, depois deguerras seculares e tenebro-sas. A paisagem gloriosa deRoma jamais reunira tãogrande número de inteligên-cias, visto que foi nessa épo-ca que surgiram Virgílio,Horácio, Ovídio, Salústio,Tito Lívio e Mecenas.

A razão desse espanto sedeve ao fato de que muitos his-

Uma era de harmoniaprecedeu o advento de Jesus

toriadores não se deram contade que foi nessa mesma oca-sião que o mundo conheceu oEvangelho. Esqueceram-se deque o nobre Otávio era tambémhomem e, obviamente, nãoconseguiram saber que no seureinado uma coorte especial,afeita à obra do Cristo, apro-ximava-se da Terra, em umavibração profunda de amor ede beleza.

Acercavam-se de Roma edo mundo não mais Espíritosbelicosos, como Aníbal ouAlexandre, mas outros que sevestiriam dos andrajos dospescadores para servirem debase indestrutível aos eternosensinos do Messias. Imergiamnos fluidos do planeta os quepreparariam a vinda de Jesuse os que se transformariam emseguidores humildes e imor-tais dos seus passos divinos.(Thiago Bernardes)

Jesus com suas mãos prodigiosas marcoupara sempre seu lugar na história do mundo

tema, nas proximidades da Ter-ra, se movimentam e várias pro-vidências de vasta e generosaimportância são adotadas. Sãoescolhidos os instrutores, osprecursores imediatos, os auxi-liares divinos. Uma atividadeúnica registra-se, então, nas es-feras mais próximas do planetae, quando reinava Augusto nasede do governo do mundo, viu-se uma noite cheia de luzes ede estrelas maravilhosas. Har-monias divinas cantavam umhino de sublimadas esperançasno coração dos homens e danatureza. Cumpriam-se ali asprofecias: nascia Jesus e inici-ava-se para o globo terrestreuma nova era, cujo advento érecordado pelos homens, todosos anos, por ocasião do Natal.

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O IMORTALPÁGINA 4 JULHO/2006

A pergunta que dá título a esteartigo foi feita pelo papa BentoXVI em Auschwitz (Polônia), porocasião de uma visita ao antigocampo de concentração de tão fu-nesta lembrança, em que morreumais de um milhão de pessoas, amaioria de origem judia.

“Por que, Deus, o senhor per-maneceu em silêncio? Comopôde tolerar tudo isso?”, comple-tou o papa, que se comportava,diante de uma tragédia, como secomportam geralmente as pesso-as que ignoram as leis de Deus ea finalidade de nossa presença nomundo.

Teria o papa vacilado em suafé?

A repercussão das dúvidas pa-pais foi imediata. Na revista Veja,em que a declaração do papa foinoticiada na edição de 7 de junhode 2006 (p. 106), três depoimen-tos diferentes foram reproduzidosna seção de cartas da edição se-guinte (14 de junho, p. 32).

No primeiro, diz o leitor “queo Deus que procuro não é o mes-mo que ele conhece”. “O meuDeus, magnânimo e justo, fala aohomem por meio de suas leis, ex-pressas em tudo o que Ele criou.”E acrescenta que Bento XVI pa-recia ignorar o que Homerointuiu há 3.000 anos: as desven-turas que assolam a Humanidadesão conseqüência dos nossos pró-prios erros, das faltas e impru-dências que nós mesmos come-temos.

O segundo depoimento veiode um ateu: “Deus não poderiafazer nada. Quem nunca existiunão pode em momento algum darsua contribuição. Já o homem,sim, poderia, e muito, evitar umadas maiores barbáries de nossahistória.”

O terceiro foi assinado por umreligioso, que entende que o papanão vacilou em sua fé, mas deu,sim, uma bela manifestação dehumildade e humanidade ao ci-

tar o Salmo 22:1: “Deus meu,Deus meu, por que me desampa-raste?” Essas palavras, aduziu oleitor, também “foram usadas porJesus quando de seu sofrimentona cruz, ao carregar os pecadosde toda a humanidade”.

Na edição de 21 de junho (p.30), a revista transcreveu cartaenviada por Suzel Tunes, asses-sor de comunicação da IgrejaMetodista, o qual, baseandosuas idéias no pensamento doteólogo inglês John Wesley,fundador do movimento quedeu origem à referida igreja,disse que cabe ao homem res-taurar a harmonia divina pormeio do relacionamento respon-sável e amoroso com a nature-za e com o seu semelhante. As-sim, na perspectiva wesleyana,“era o homem que estava dis-tante de Deus em Auschwitz, enão o contrário”.

*Diante de tantas e tão diferen-

tes idéias, que podemos dizer, àluz do Espiritismo?

O mundo em que vivemos é,como sabemos, uma escola bas-tante acanhada, na qual a maio-ria de seus habitantes é formadapor Espíritos semicivilizados oubárbaros. Pelo menos é isso queFrederico Figner revelou em seulivro “Voltei”, psicografado porChico Xavier em 1948, poucotempo depois do término da 2a

Guerra Mundial.Mundo de provas e expiações,

não admira, pois, que nele ocor-

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO

De Londrina

Onde estava Deus naqueles dias?

O Espiritismo respondeFrancisco indaga: - Que diz

o Espiritismo acerca do acaso?A idéia de que somente o aca-

so pode explicar certos aconte-cimentos da vida é mais comumdo que se pensa. A ela o histori-ador austríaco Erik Durschmieddedicou o livro Fora de Contro-le – Como o Acaso e a Estupi-dez Mudaram a História doMundo, no qual afirma que adecisão de despejar a primeirabomba atômica sobre Hiroshimateria sido fruto de puro acaso.Foi o mau tempo que poupou asoutras cidades, o que levou ohistoriador a concluir: “Por umcapricho da natureza, uma cida-de foi escolhida para serdestruída”.

Tema de vários estudos depensadores espíritas encarnadose desencarnados, o acaso nãoexiste. Jâmblico, aliás, já afirma-va, tantos séculos atrás, que nãoexiste acaso nem fatalidade, masuma justiça inflexível que regu-la a existência de todos os seres.

Se alguns se vêem em meio aaflições, dizia ele, não é em vir-tude de uma decisão arbitrária daDivindade, mas conseqüênciainelutável das faltas anteriores,antecipando-se à Doutrina Espí-rita, que nos ensina que a vida écausal, não casual.

Os Espíritos influem em nos-sa vida? Sim, quanto a isso, en-sina o Espiritismo, não existe ne-nhuma dúvida. Aí está um dosmotivos da realização de certascoisas aparentemente casuais,como Joanna de Ângelis expli-ca no texto seguinte extraído deseu livro Alerta, cap. 3, psico-grafado por Divaldo P. Franco:

“O imprevisível é a presen-ça divina, surpreendendo a infra-ção.

“O insuspeitável pode serconsiderado como a interferên-cia divina sempre vigilante.

“O inesperado deve ser le-vado em conta como a ocorrên-cia divina trabalhando pela or-dem.”

Cuidado especial devemoster no uso do verbo falar, queestá corretamente usado em fra-ses como estas: João fala alemãoe grego. Maria fala muitas lín-guas. Não fale com o motorista.Jamais fale nisso. Francisco fa-lou em ficar. Queremos falarcom o prefeito. Gonçalves falamuito, mas não diz nada. Sevocê falar com seu pai, dê-lhelembranças.

Não devemos, porém, usar overbo falar com o sentido de di-zer, afirmar, declarar, enunciar.Estão, portanto, erradas estas cons-

Pílulas gramaticaistruções: Pedro falou que não irá àreunião. Divaldo falou que o pas-se é um ato de amor. O presidentefalou que não será candidato. Jáfalei que não quero viajar.

O leitor percebeu? É incabívelusar o verbo falar seguido do vo-cábulo que. Quem fala, fala algu-ma coisa, ou de alguma coisa, masnão fala que...

*Com relação à pronúncia,

lembremo-nos de que é aberto otimbre da vogal tônica dos vocá-bulos seguintes:1. antolhos (ó)

2. apostos (ó)3. às avessas (é)4. canapé (espécie de sofá)5. cetro (é)6. ciclope (ó)7. corbelha (é)8. corcova (ó)9. coros (ó)10. despojos (ó)11. desportos (ó)12. destroços (ó)13. enxerga (é), do verbo enxergar14. estafilococo (ó)15. estreptococo (ó)16. opa (ó), espécie de vestimenta17. pego (é), abismo, voragem.

ram tantas tragédias e tantos so-frimentos, o que Jesus conseguiusintetizar com impressionanteclareza nos ensinamentos que seseguem:

• “Ai do mundo, por causa dosescândalos; porque é mister quevenham escândalos, mas ai da-quele homem por quem o escân-dalo vem!” (Mateus, 18:7.)

• “Então Jesus disse-lhe: Meteno seu lugar a tua espada; por-que todos os que lançarem mãoda espada, à espada morrerão.”(Mateus, 26:52.)

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O IMORTALJULHO/2006 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

A Alma é Imortal (Parte 6)

ANGÉLICA REISDe Londrina

Continuamos a publicar o tex-to condensado da obra A Alma éImortal, de Gabriel Delanne,traduzida por Guillon Ribeiro epublicada pela Editora da FEB. Aspáginas citadas referem-se à 6a

edição.*

74. Após haver vasculhado, emvão, as livrarias de Marselha eLião, o casal teve a inspiração deir a Clermont-Ferrand, onde am-bos viram coroada de êxito a per-severança demonstrada. Em casade um negociante de antiguidades,havia um retrato de Pascal, com adeformação do lábio inferior, talqual a sra. Fleurot vira em sonho.(Pág. 81)

75. Além de comprovar a realidentidade do Espírito, esse fatojustifica por que Pascal dissera àsra. Fleurot no primeiro dos so-nhos: “Se nos houvéramos apre-sentado a ti sob uma forma intei-ramente espiritualizada, não nosterias visto, nem, ainda menos,reconhecido”. Embora os Espíri-tos adiantados - como ensina Kar-dec - sejam invisíveis para os quelhes são muito inferiores quantoao moral, nada obsta a que elesretomem o aspecto que tinham naTerra, aspecto que podem repro-duzir com perfeita fidelidade, aténas mínimas particularidades.(Pág. 82)

76. O mesmo fato se deu nocaso do retrato do célebre poetaVergílio, descrito assim, em 25-9-1884, pela sra. Lúcia Grange, di-retora do jornal La Lumière e ex-traordinária médium vidente:“Vergílio - Coroado de louros.Rosto forte, um tanto longo; narizsaliente, com uma bossa do lado;olhos azul-cinza-escuros; cabelos

castanho-escuros. Revestido delonga túnica, tem todas as aparên-cias de um homem robusto e sa-dio”. (Pág. 82)

Envoltório fluídico da alma écomprovado pelas aparições de

Espíritos

77. Logo que foi publicado,qualificaram esse retrato de fantás-tico e suspeito, porque os traços deVergílio haviam de ser delicados,visto que ele fora muito feminil,“mais mulher do que uma mulher”.Que responder a tais críticas? (Pág.82)

78. Nada podia ser feito pelavidente, até que uma inesperadadescoberta lhe veio dar razão. “Re-centemente - informa Delanne -nuns trabalhos de reparação quese faziam em Sousse, encontrou-seum afresco do primeiro século,onde se vê o poeta em atitude decompor a Eneida. O que lhe reve-lou a identidade foi o poder-se ler,no rolo de papel aberto diante dele,o oitavo verso do poema: Musamihi causas memora.” Conformea Revue Encyclopédique deLarousse, a descrição feita pelamédium se aplica exatamente aogrande homem, que nada tinha deefeminado. (Págs. 82 e 83)

79. Encerrando o capítulo, De-lanne relata o caso da aparição deum magistrado que se havia suici-dado nas cercanias de sua casa e,em seguida, considerando não ha-ver dúvidas de que a alma possuiefetivamente um envoltóriofluídico, propõe a seguinte questão:- Esse envoltório se constitui depoisda morte ou está sempre ligado àalma? Se está sempre ligado à alma,há de ser possível comprovar a suaexistência durante a vida. Eis o queele se propõe a esclarecer no capí-tulo que se segue. (Págs. 84 e 85)

Surge em 1882 a Sociedade dePesquisas Psíquicas de Londres

80. O cepticismo contemporâ-neo - diz Delanne - foi violenta-mente abalado pela conversão aoEspiritismo dos mais consideráveissábios da nossa época. A invasãodo mundo terrestre pelos Espíritosse produziu mediante manifesta-ções tão espantosas, que homenssérios se puseram a refletir e resol-veram estudar por si mesmos osfatos. Sob o influxo dessas idéias,fundou-se então em 1882 na Ingla-terra a Sociedade de Pesquisas Psí-quicas, cujos principais resultadosforam consubstanciados pelos srs.Myers, Gurney e Podmore em doisvolumes intitulados: Fantasmasdos Vivos. (Pág. 87)

81. Da Sociedade britânica bro-taram um ramo americano e umfrancês. Na França, foram mem-bros-correspondentes seus, entreoutros, os srs. Richet, Ribot, Ferré,Pierre Janet e Liébault. Note-seque, além da obra citada, a Socie-dade publicava mensalmente rela-tos contidos em resenhas sob onome de Proceedings. (Pág. 87)

82. As experiências tiveram porobjeto, primeiramente, verificar apossibilidade de duas inteligênci-as transmitirem uma à outra seuspensamentos, sem qualquer sinalexterior. Os resultados obtidos fo-ram notáveis e essa ação de umespírito sobre outro, sem contactoperceptível, foi denominada Tele-patia. (Pág. 88)

Cinco provas da objetividadedas aparições de Espíritos

83. Mas, de pronto, o fenôme-no assumiu outro aspecto: algunsoperadores, em vez de apenastransmitirem seus pensamentos, semostraram aos que tinham de

Do livro Moldando o Terceiro Milênio, de Fernando Worm, 2a

edição, cap. 9, obra publicada pelo Centro Espírita Caminho da Re-denção, de Salvador-BA.

Divaldo responde- A Psicanálise cura?Divaldo P. Franco – Os Es-

píritos Superiores nos informamdas excelências da ciência con-cebida por Sigismundo Freud, naexploração dos escaninhos doinconsciente humano e na tera-pia das doenças mentais que afli-gem a Humanidade. Inobstantetodo o progresso alcançado nes-

se campo, forçoso é reconhecerque, até o momento, esta nobreciência, basicamente ancorada nateoria da libido, não dispõe derespostas às transcendentaisperquirições do Espírito do ho-mem sequioso da verdadereveladora acerca da sua origem,do por que vive e do seu destinoapós a morte.

recebê-los, havendo, pois, verda-deiras aparições. Como osexperimentadores não eram espí-ritas, nem admitiam a existência daalma qual a define o Espiritismo,viram-se constrangidos a formularuma hipótese: o paciente impres-sionado não tem uma visão real,mas apenas uma alucinação, isto é,imagina ver uma aparição. A visãoé, pois, subjetiva, interna e nãoobjetiva. Daí lhe chamarem aluci-nação verídica ou telepática.(Págs. 88 e 89)

84. Se fosse possível passar emrevista todos os fenômenos deações telepáticas referidas nos doislivros e nos Proceedings, seria fá-cil, diz Delanne, demonstrar que ahipótese da alucinação não conse-gue explicar todos os fatos. Cincoprovas da objetividade de algumasdessas aparições podem destacar-se dessas narrativas, como bemacentuou o grande naturalistaAlfred Russel Wallace: 1o - A si-multaneidade da percepção do fan-tasma por muitas pessoas; 2o - Sera aparição vista por diversas teste-munhas, como se ocupasse diferen-tes lugares, por efeito de um mo-vimento aparente, ou então ser vis-

ta no mesmo lugar, sem embargodo deslocamento do observador;3o - As impressões que os fantas-mas produzem nos animais; 4o -Os efeitos físicos que a visão pro-duz; 5o - O fato de as apariçõespoderem ser fotografadas, ou deterem-no sido, quer fossem visí-veis, ou não, às pessoas presentes.(Pág. 89)

85. Claro que em certos casos,assevera Delanne, a aparição é umaalucinação pura e simples, produ-zida pelo pensamento do agente. Ascircunstâncias que acompanham avisão é que devem servir de crité-rio para julgar-se da objetividadeda aparição. (Pág. 91)

86. Dentre os fatos de apari-ções espontâneas, o livro As Alu-cinações Telepáticas, tradução re-sumida dos Fantasmas dos Vivos,publicada em francês pelo sr.Marillier, mestre da Escola de Al-tos Estudos, contém o relato feitopela sra. Pole Carew a 31-10-1883envolvendo a escocesa HelenaAlexander, que, momentos antesde falecer, recebeu a visita de suamãe, que ainda estava encarnada.(Págs. 91 e 92)(Continua no pró-ximo número.)

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O IMORTALPÁGINA 6 JULHO/2006

SENTIR NA PELEEstava um lindo dia de sol

quente e agradável.Caminhando rumo à escola,

Mariana, de sete anos, ia feliz.Tinha na vida tudo o que deseja-va.

No dia anterior sua mãe lhecomprara um lindo casaco de lã,aquele mesmo que ela tinha vis-to e amado na vitrina da loja. Oinverno se aproximava e Marianajá estava preparada, esperandoaté com certa ansiedade, que ofrio chegasse para poder exibirseu casaco novo.

Não tinha andado muitoquando viu uma menina que de-veria ter a sua idade, e que já viraoutras vezes, vindo em sentidocontrário. Deveria morar ali per-to, pois quando ela voltava da es-cola, a menina estava sempre noponto de ônibus, esperando acondução. Ela estava semprevestida com roupas simples, maslimpas, e tinha um ar alegre norosto.

Durante o período, entretidacom as aulas, Mariana não per-cebeu que o tempo tinha muda-do. Pesadas nuvens se acumula-ram no céu, escondendo o sol.Logo a chuva caiu com força,molhando a terra, depois de umaprolongada seca.

Com as janelas fechadas e asluzes acesas, continuaram as ati-vidades escolares.

Somente no final das aulas,ao sair para o pátio, os alunos sederam conta da queda da tempe-ratura. A chuva tinha parado, maso frio era intenso.

Mariana se pôs a caminhar,apressada. Nunca tinha sentidotanto frio em toda a sua vida.Ainda bem que sua casa ficava apoucas quadras da escola.

Passando pelo ponto de ôni-bus, Mariana viu a menina. Nes-se dia, especialmente, Marianasentiu-se ligada àquela garota.Como sempre, ela estava trajadavestida pobremente e deveriatambém estar sentindo muitofrio, tal como ela mesma.

Naquele momento, Marianase lembrou de que, mesmo emdias bem frios, a menina nuncaestava agasalhada!

Passou por ela, tremendo defrio e comentou, mal-humorada:

— Que frio está fazendo!A garota olhou-a, sorriu e

disse, confiante:— Não se preocupe. Logo

passa.Naquele dia a imagem da ga-

rota não saiu da cabeça deMariana. Enquanto ela estava

mal-humorada por passar frio, areação da garota era de aceita-ção, sem revolta.

Chegando em casa, após o al-moço, já agasalhada e aquecida,comentou com sua mãe:

— Mamãe, vejo sempre umamenina no ponto de ônibus quenão tem agasalho. Agora que ga-nhei um casaco novo, posso daro velho para ela?

— Claro, minha filha. Ficofeliz ao ver que você se preocu-pa com o próximo. Onde ela

mora? Como se chama? Pode-mos levar hoje mesmo!

— Não sei nada sobre ela,mamãe.

— Bem, então não tem jeito.Amanhã você leva.

No dia seguinte, Mariana co-locou o casaco numa sacola esaiu para a escola, esperando, navolta, encontrar a menina no pon-to de ônibus.

Não tinha andado muitoquando viu a garota, que vinhana sua direção. Feliz, correu ao

Olá, meu amiguinho!Você já tentou se colocar no

lugar de outra pessoa? Saber oque ela está sentindo? Ou o queela gostaria que lhe fizessem?

No dia-a-dia, muitas vezes nosfalta sensibilidade para perceberque outras pessoas podem estarprecisando de ajuda. Isso podeacontecer até com alguém queviva dentro da nossa casa, quefaça parte da nossa família.

É verdade! Talvez você nun-ca tenha pensado nisso. Mas éhora de pensar.

Preocupados com nossos pe-quenos problemas não vemos osofrimento dos outros.

Eu sei que para você é impor-tante fazer os deveres escolares,estudar para a prova de matemá-tica, fazer o trabalho de ciências,ir ao curso de inglês, sair com oscolegas e muito mais.

Todavia, existem coisas acon-tecendo ao nosso lado e que nãonos damos conta. Temos que tera sensibilidade necessária paraperceber quando alguém está pas-sando por dificuldades, perto denós.

Às vezes, aquela amiga que seisola na hora do lanche, é porquenão trouxe nada para comer; podeser que aquele colega valentãoque diz não sentir frio, não querque sintam pena dele por não ter

agasalho; às vezes aquela colegaque você acha chata porque nun-ca aceita ir à lanchonete, é por-que não tem dinheiro.

Estes são problemas materi-ais. Mas existem também osemocionais: aquele colega quenão se aproxima dos demais eque você julga ser orgulhoso,pode ser apenas uma pessoa mui-to tímida; aquela sua amiga quefala muito e só conta vantagens,está escondendo sua inseguran-ça.

Entendeu? Assim, não vamosjulgar ninguém, mas procurarajudar na medida do possível.

Jesus nos ensinou a nos colo-carmos no lugar do outro, emcaso de dúvida, e perguntarmosa nós mesmos:

O que eu sentiria se estivesseno lugar dele?

Como eu gostaria que me tra-tassem?

Essas e outras perguntas po-dem nos dar a resposta que pre-cisamos porque o Mestre nos en-sinou que devemos fazer ao pró-ximo tudo aquilo que gostaría-mos que os outros nos fizessem.

Agindo assim, não tem erro.Acertaremos sempre, pois esta-remos exercitando a fraternida-de e a solidariedade, aumentan-do o nosso grupo de amigos e nostornando simpáticos a todos.

NO LUGARDO OUTRO

encontro dela, dizendo:— Que bom tê-la encontra-

do! Trouxe um presente paravocê.

A menina olhou-a, surpresa.Mais surpresa ficou ao ver o quehavia na sacola.

— Mas... é para mim? Temcerteza que quer se desfazerdele? É muito bonito! Obrigada!Nem sei como agradecer. Nunca

tive um casaco assim. Aliás, nãotenho agasalho. Foi Jesus quema mandou!

Abraçaram-se, contentes. Tro-caram informações e endereços,e tornaram-se grande amigas.

Mariana sentia-se realizadapor ter conseguido ajudar al-guém.

TIA CÉLIA

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O IMORTALJULHO/2006 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE

De Londrina

quais, diante das indagações arroja-das do menino, usavam o castigo e apenitência como corretivo, o que olevou a abandonar o colégio.

Aos 14 anos mudou-se para oAmazonas em busca de melhores con-dições de vida nos seringais. Mas doisanos depois resolveu retornar a Forta-leza, e aí, na terra de Bezerra de Me-nezes, eclodiu sua faculdade mediú-nica, em forma obsessiva, pois no iní-cio era envolvido pelos Espíritos so-fredores que faziam dele um valentão.Apesar do seu físico infantil, era donode grande força de vontade e, sabendoo que lhe poderiam fazer osobsessores, procurou reagir, não sain-do de casa, isso depois de um episó-dio em que, após travar luta com vári-os homens, foi transportado para umapraia deserta e distante, fisicamenteileso. Mas os Espíritos das trevas nãodesanimaram ante sua disposição denão sair de casa, vindo-lhe, então, umcaso de desprendimento, em que foiconsiderado morto, estado de que des-pertou após mais de 20 horas de amor-talhado. A seguir adveio-lhe uma pa-ralisia que o prostrou por seis meses,sem que a família procurasse os recur-sos do Espiritismo. Sendo católicospraticantes, seus familiares temiam en-volver-se com o Espiritismo.

Nessa fase, um dos seus vizinhos,membro de uma sociedade espírita deFortaleza, movido de íntima compai-xão pelos seus sofrimentos, solicitoupermissão à sua família para prestar-lhe socorro espiritual com passes epreces. Ninguém em sua casa tinha co-nhecimento do Espiritismo e seus fa-miliares também não atinavam com overdadeiro estado do paciente, umavez que o tratamento médico a que sesubmetia não lhe dava nenhuma espe-rança de restabelecimento. O seu vi-zinho iniciou o tratamento com oEvangelho no Lar, aplicando-lhe pas-

Francisco Peixoto Lins(Peixotinho)

No dia 16 de junho de 1966, nacidade de Campos (RJ), deixou ocorpo físico o famoso e evangeli-zado médium espírita Peixotinho(foto). A Federação Espírita Brasi-leira, o Conselho Superior da FEBe o Conselho Federativo Nacional,se fizeram representar pelos confra-des Paulo Affonso de Farias, JoséSalomão Misrahy e Abelardo IdalgoMagalhães, respectivamente. Ao se-pultamento acorreram centenas ecentenas de confrades dos mais di-versos pontos do País. Francisco Pei-xoto Lins, o Peixotinho, teve açãodestacada no movimento espíritabrasileiro, já por suas excepcionaisqualidades mediúnicas, principal-mente no que tange às materializa-ções, já pelo seu comportamentomoral como homem de bem.

Peixotinho, como todos o co-nheceram, nasceu em 1o de feve-reiro de 1905 na cidade de Pacatu-ba, no Estado do Ceará, filho deMiguel Peixoto Lins e Joana AlvesPeixoto. Logo cedo perdeu os paise passou a viver com os tios ma-ternos, em Fortaleza. No Estadocearense entrou para o Seminário,pois seus tios desejavam que se-guisse a carreira eclesiástica. Con-tudo, por questionar os dogmas daIgreja recebeu vários castigos esofreu várias penas disciplinares.

Observando as desigualdadeshumanas, tanto no campo físicocomo no social, pois seu Espíritonão aceitava as explicações que re-cebia para justificar as diferençassociais tão marcantes no Nordeste,naquela época tão mais sofredoraque hoje. Também não aceitando asjustificações que lhe ofereciam parao nascimento dos anormais, ficouem dúvida no tocante à paternida-de e bondade de Deus. Se todoseram seus filhos, por que tantas di-versidades? Por que razões inson-dáveis uns nascem fisicamente per-feitos e outros deformados? Unsportadores de virtudes angelicais eoutros acometidos de mau caráter?Dizia então: “Se Deus existe, não éesse ser unilateral de que fala a re-ligião católica”. Desejava saber einquiria os seus confessores, os

ses e dando-lhe a beber águafluidificada. A fim distrair-se, Peixo-tinho começou a ler alguns romancesespíritas e posteriormente as obras daCodificação kardequiana. Em menosde um mês apresentou sensível me-lhora em seu estado físico e foi pro-gressivamente libertando-se da falsaenfermidade. Logo que conseguiu an-dar, passou a freqüentar o Centro Es-pírita onde militava o grande tribunoVianna de Carvalho, que na época es-tava prestando serviço ao Exércitonacional em Fortaleza.

A terrível obsessão foi sua estra-da de Damasco. O conhecimento dalei da reencarnação veio equacionaros velhos problemas que atormenta-vam a sua mente, dirimindo todas asdúvidas que o Seminário não conse-guira desfazer. Passou assim a com-preender a incomensurável bondadede Deus, que dá a mesma oportunida-de a todos os seus filhos na caminha-da rumo à redenção espiritual. Orien-tado pelo major Vianna de Carvalho,Peixotinho iniciou seu desenvolvimen-to mediúnico. Tornou-se um dos maisfamosos médiuns de materializações eefeitos físicos. Por seu intermédio pro-duziram-se as famosas materializaçõesluminosas e uma série dos mais pecu-liares fenômenos, tudo dentro da mai-or seriedade e nos moldes preceitua-dos pela Doutrina Espírita.

Em 1926 mudou-se para o Rio deJaneiro, então Capital da República e seapresentou para servir no Exército, naFortaleza de Santa Cruz. Posteriormentefoi transferido para Macaé (RJ). Foi emMacaé que propriamente iniciou suaprestação de serviços ao Espiritismo,tendo aí, com um grupo de irmãos, vá-rios dos quais já no plano espiritual, fun-dado o Grupo Espírita Pedro. Tambémem Macaé, em 1933, constituiu família,contraindo matrimônio com Benedita(Baby) Vieira Peixoto.

Sua vida militar foi intercalada detransferências, mas, para onde eratransferido, fixava residência com afamília e ali fundava um posto de re-ceituário homeopata. Assim foi emImbituba (Santa Catarina), Santos, Riode Janeiro, Campos etc. Em 1945 foitransferido de Imbituba para a Forta-leza de São João, no Rio de Janeiro.Novamente na capital brasileira, reen-controu-se com vários amigos, dentreos quais Antônio Alves Ferreira, ve-lho confrade do Grupo Espírita Pedro,de Macaé, o qual nessa época residiano Rio. Das reuniões semanais na re-sidência desse confrade nasceu umculto doméstico que, em poucos me-ses, se transformou no Grupo EspíritaAndré Luiz, cuja sede provisória era,então, no escritório de representaçõesdo confrade Jaques Aboab, na RuaMoncorvo Filho, 27. No Grupo Espí-rita André Luiz prestou seus serviçosmediúnicos, no convívio amigo e fra-terno dos irmãos que se uniram àque-la casa. E durante esse período, en-quanto residiu no Rio de Janeiro, tevea felicidade de reuni-los em sua resi-dência, todos os domingos. Do Rio deJaneiro foi para Santos. Isso em 1948.Em Santos freqüentou o Centro Espí-rita Ismênia de Jesus. Nesse mesmoano encontrou pela primeira vez omédium Chico Xavier, na cidade dePedro Leopoldo, onde participou desessões de materialização e de assis-tência aos enfermos, ocorrendo a par-tir daí muitos outros encontros. Gran-de número das sessões no Grupo An-dré Luiz e em Pedro Leopoldo são nar-radas por Ranieri em “MaterializaçõesLuminosas”.

Transferido para Campos em finsde 1949, iniciou seus serviços no Gru-po Espírita Joana D’Arc. Pouco de-pois, com o crescimento da freqüên-cia no culto doméstico que fazia paraseus familiares, nasceu o Grupo Es-

pírita Aracy, seu guia espiritual quefora, na última encarnação, sua fi-lha. Ao Grupo Aracy dedicou seusúltimos anos de vida terrena.

Apesar de sua eficiência no re-ceituário, foi um sofredor, portadorde asma, que compreendia ser a suaprovação. Apesar de todos os sofri-mentos, era alegre e brincalhão, e pormuitos considerado uma criançagrande. Como médium soube viver,sem nunca comerciar seus dotes me-diúnicos. Viveu pobre e exclusiva-mente dos seus vencimentos de ofi-cial da reserva do Exército, reforma-do que foi no posto de capitão. Man-teve sempre grande zelo pelos prin-cípios esposados por Kardec, fa-zendo por onde, nos Grupos ou Cen-tros por ele fundados, que nuncaexistisse intromissão de rituais ouquaisquer influências alheias à dou-trina codificada por Kardec. Dedi-cou-se muito ao tratamento de casosde obsessão, chegando mesmo a, porvárias vezes, levar doentes ao pró-prio lar, onde os hospedava junto desua família. Passou por testemunhossérios e sofreu ingratidões que sou-be perdoar, não desanimando nuncade servir.

Peixotinho sofria de broncop-neumonia, enfermidade que lhecausava muitos dissabores, que eleporém suportava com estoicismo,o mesmo podendo-se dizer das ca-lúnias de que foi vítima, como sãovítimas todos os médiuns sériosque se colocam a serviço do Evan-gelho de Jesus, dando de graça oque de graça recebem.

Peixotinho desencarnou às 6horas da manhã do dia 16 de junhode 1966, em Campos, cercado docarinho da família. Cumpriu suamissão e retornou ao plano espiri-tual, deixando viúva a Sra. BabyVieira Peixoto e nove filhos.

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FERNANDA BORGESDe Londrina

Leis morais é o tema da 15ª Semana Espírita de Londrina

As leis morais chamam a aten-ção dos pais e educadores para anecessidade da educação moral,formadora do caráter e de bonshábitos. Com o objetivo de esten-der ainda mais o assunto entre acomunidade espírita de Londrinae região e simpatizantes da doutri-na, a União das Sociedades Espí-ritas de Londrina (USEL), respon-sável pela organização do evento,determinou como tema central da

15ª Semana Espírita de Londrina “OHomem e as Leis Morais”.

Todas as palestras da semana se-rão realizadas entre os dias 15 a 21deste mês, no Centro Espírita Nos-so Lar (Rua Santa Catarina, 429),centro de Londrina. Além do ciclode palestras e seminários para adul-tos, durante o evento também esta-rão sendo realizadas a 2ª SemanaJovem e a 6ª Semaninha Espírita.

Inseridas na terceira parte do Li-vro dos Espíritos, as Leis Morais sãoum conjunto de princípios relativosà conduta humana que pertencem à

alma e concernem às noçõesdo bem e do mal. O doutor emLógica e Filosofia da Ciênciapela Universidade Estadual deCampinas (Unicamp) CosmeBastos Massi (foto) abre oevento com a palestra “As LeisMorais”, no dia 15 (sábado),das 20h às 21h30.

Natural da cidade de TrêsRios (RJ) e atualmente resi-dente na capital paranaense,Massi é pró-reitor de planeja-mento e avaliação institucionaldo Centro Universitário Posi-tivo (Unicenp) e consultor deavaliação do Ministério da Educa-ção e Cultura através do InstitutoNacional de Estudos e PesquisasEducacionais (Inep/MEC).

Estudante do Espiritismo hámais de 30 anos como filósofo daCiência, Massi tem enaltecido opapel de Allan Kardec na constru-ção do conhecimento humano e nasua importância para a humanida-de. Segundo a coordenação daUSEL, a idéia de trazer Massi paraabrir a 15ª Semana Espírita, surgiupelo fato de ele ser responsável pelaelaboração de um interessante estu-do sobre a estrutura didática do Li-vro dos Espíritos. Além disso, Massijá presidiu a União Intermunicipalda região de Marília (SP), órgão re-presentativo da União das Socieda-des Espíritas do Estado de São Pau-lo (USE), entidade vinculada à Fe-deração Espírita Brasileira (FEB).Em Curitiba, além de ser expositorespírita e membro da FederaçãoEspírita do Paraná (FEP), Massiparticipa da Sociedade Espírita Re-novação, na qual é coordenadordoutrinário.

Cosme Massi também será res-ponsável pelo seminário “A Lei Di-vina ou Natural”, no segundo dia deevento, marcado para ocorrer na

manhã de domingo, das 9h30 às11h30. No mesmo dia, a partir das20h será realizada a 2ª Mostra deMúsica Espírita de Londrina.

No dia 17 (segunda-feira), duasexplanações serão proferidas porEliseu Mota Florentino Júnior. Aprimeira, das 15h às 17h, abordaráo tema “Perfeição Moral” e a segun-da, das 20h às 21h30, terá comotema “Lei de Adoração”, que mos-tra o sentimento inato que todos osviventes possuem da divindade.

A “Lei do Trabalho”, uma ne-cessidade que não deve ser confun-dida com emprego, e a “Lei de Re-produção”, relativo à reencarnaçãoe que mostra a necessidade de puri-ficação do espírito, serão os temasda explanação a cargo de AstolfoOlegário de Oliveira Filho, no dia18 (terça-feira), das 15h às 17h. Ain-da neste dia, no período da noite,das 20h às 21h30, José AntonioVieira de Paula abordará o tema“Lei de Justiça, Amor e Caridade”,a mais importante das leis, que re-sume todas as outras leis morais.

No quinto dia de evento, 19(quarta-feira), os participantes po-derão prestigiar duas explanaçõescom mais um convidado especial,o escritor Roosevelt Andolphato

Doutor em Lógica e Filosofia da Ciência, Cosme Bastos Massi, abre o evento com as palestras “Leis Morais” e “Lei Divina ou Natural”

Conservação e Destruição”, das 15hàs 17h, e sobre a “Lei de Sociedadee Progresso”, das 20h às 21h30.

Jornalista e uma das líderes domovimento espírita de Pernambu-co, Alexandra Torres será respon-sável pelas explanações do dia 20(quinta-feira). A “Lei de Igualdade”,que diz que, embora todos os Espí-ritos tenham partido de um mesmo

ponto, uns progrediram mais do queoutros e que a desigualdade refere-se apenas ao mérito, será abordadadas 15h às 17h. Já a palestra sobre a“Lei de Liberdade”, que explica quequanto maior for à obediência à leide Deus, maior a liberdade dos se-res humanos, será proferida das 20hàs 21h30.

O último dia da 15ª Semana Es-

pírita, dia 21 (sexta-feira), contarácom a participação do espírita, mú-sico e compositor Plínio Oliveira,que também esteve ministrando pa-lestra na 14ª edição da Semana Es-pírita. Neste ano, ele abordará otema “Jesus”, das 15h às 17h, e apalestra “Só o Amor Constrói”, das20h às 21h30, encerrando assim to-das as atividades do evento.

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Enquanto pais e familiaresprestigiam as palestras e os semi-nários realizados na 15ª SemanaEspírita de Londrina, os filhos –jovens e crianças - podem partici-par de atividades voltadas e pre-paradas exclusivamente para eles.Com o objetivo de desenvolver asocialização, cooperação, solida-riedade e o trabalho em grupo, pormeio de aulas expositivas einterativas, a 2ª Semana Teen (pré-adolescentes de 12 à 14 anos) e a6ª Semaninha Espírita (crianças de3 a 11 anos) despertam habilida-des com atividades lúdico-recre-ativas realizadas no mesmo local(Centro Espírita Nosso Lar) e nosmesmos horários das palestras edos seminários para adultos.

Segundo a coordenação daUSEL, responsável pela organiza-ção do evento, a Semaninha Es-

Jovens e crianças tambémpodem participar

pírita foi criada para permitir aospequeninos momentos devivência do bom, do belo e do jus-to. A atividade é uma parcela deapoio no enfrentamento das diver-sas impressões que o mundo nosapresenta. Com o passar dos anos,as casas espíritas também senti-ram a necessidade de estender oconvite aos pré-adolescentes, cri-ando assim a Semana Jovem.

Os mesmos temas abordadoscom os adultos serão discutidoscom os jovens e com as crianças,que também poderão participardas oficinas do saber, do viver edo construir, onde as atividadessão divididas em ciclos de idadese os participantes fazem um rodí-zio para poderem passar por to-das as oficinas no período em quepermanecerem na Semaninha.(Fernanda Borges)

Segundo o Espiritismo, as LeisMorais são um conjunto de leis di-vinas que regem a dimensão mo-ral do Ser. Estes ensinamentos fa-zem parte dos fundamentos daDoutrina Espírita, pois estão lo-calizados na primeira das obrasbásicas do Espiritismo, O Livrodos Espíritos.

A Lei Divina (ou lei natural)abrange as leis físicas e as leis mo-rais. As leis físicas são as leis domundo natural e também objetode estudo e compreensão das vá-rias ciências existentes, como afísica, química, biologia, astrono-mia, etc. As Leis Morais sãoconcernentes ao homem em simesmo e em suas relações com

O que são as Leis MoraisDeus e com seus semelhantes. ALei Divina é eterna, imutável(como o próprio Deus), perfeita,igual para todos, inscrita na cons-ciência dos homens e revelada emtodos os tempos.

Existe uma divisão das LeisMorais em dez partes, entretantoesta divisão não tem nada de ab-soluta. É apenas uma forma declassificação abrangente às cir-cunstâncias da vida. São elas: Leide Adoração; Lei do Trabalho;Lei de Reprodução; Lei de Con-servação; Lei de Igualdade; Leide Destruição; Lei de Sociedade;Lei de Progresso; Lei de Liberda-de; Lei de Justiça, de Amor e Ca-ridade. (Fernanda Borges)

Cosme Massi, que abrirá com palestra a 15a SemanaEspírita de Londrina

Tiago. Atuante há 19 anos comoorador, palestrante e conferencistade cursos e seminários, sempre comfoco na análise do comportamentohumano e o permanente exercícioda evolução, Tiago é sócio-funda-dor da Solidum Editora e autor devárias obras dirigidas ao aprimora-mento profissional e auto-ajuda.Neste dia ele falará sobre a “Lei de

Em 1992 surgia a primeira Se-mana Espírita de Londrina. Naque-le tempo, o simbólico cartaz anun-ciava o esperado seminário comDivaldo Pereira Franco, realizadono campus da UEL, para toda a co-munidade londrinense e que fala-ria sobre a “Ciência do Espírito”,separados em três módulos.

A grandiosidade do primeiroevento e dos demais que foramsurgindo fez com que a organiza-ção da Semana Espírita pudesseaprimorar cada vez mais suas ati-vidades e cada vez mais contarcom a colaboração da comunida-de espírita. E é justamente comessa colaboração e dedicação dosespíritas das 14 casas espíritas deLondrina que o evento tem se con-cretizado cada vez mais.

Segundo a coordenadora daUSEL, Marli Elisa TranninFerreira (foto), a organização dasemana é de responsabilidade daentidade que ela preside, dirigidapor um grupo de seis pessoas devários centros espíritas, mas a re-alização do evento em si acabacontando com a mobilização detodos membros da comunidadeespírita londrinense, que contribu-em de maneira direta ou indiretana promoção de pizzas realizadapelas casas espíritas.

“Como qualquer atividade, asemana exige investimentos. A di-

Evento confraterniza e une espíritas de Londrinaritos completará 150 anos e, ape-sar disso, continua bem atual”, ex-plica a dirigente.

Para a escolha dos exposito-res a coordenação da USEL nãousa critérios específicos, mas pro-cura convidar pessoas adequadasaos temas que serão abordados.Marli afirma que a expectativapara a palestra de Cosme Massi ébem grande e que todos envolvi-dos na escolha sentiram grandereceptividade por parte de toda acomunidade espírita em todas ascasas. “Acreditamos que teremostodos os dias a casa repleta já queabordaremos temas tão importan-tes nos seminários como nas pa-lestras e na semaninha, onde ascrianças estarão estudando a dou-trina de forma bem dinâmica”, sa-lienta a coordenadora.

A Semana Espírita do ano pas-sado reuniu cerca de 300 pessoaspor dia para assistir às palestras.Esse número, segundo a USEL,não inclui as crianças e os jovensque participaram da Semaninha eda Semana Jovem. A expectativapara esse ano é que o público sejaainda maior. “A semana já se tor-nou uma confraternização entre ascasas espíritas. O objetivo daUSEL é unir essas casas. A comu-nidade espírita e não-espírita deLondrina vai prestigiar bastante oevento”, finaliza. (F.B.)

para a USEL. Marli diz que logodepois a USEL introduziu o traba-lho com as crianças, concluindohoje a 6ª Semaninha e o segundoano para jovens poderem acompa-nhar a programação da doutrina es-pírita.

“A realização da semana espíri-ta, podemos dizer que é um momen-to de confraternização entre todos es-píritas das diversas casas. Duranteessa semana de atividades todas ascasas transferem suas atividades paraacompanhar o evento, que é realiza-do no Centro Espírita Nosso Lar porser a casa com maior condições físi-cas para acomodar tanto as ativida-des voltadas para adultos como paraas crianças e jovens”, diz Marli.

A coordenadora da USEL expli-ca que em todos os dias do evento otrabalho é dividido entre membrosdas casas que se responsabilizampela recepção, apresentação dos ora-dores, evangelização e momento dochá no término das atividades. Paraela, um dos trabalhos mais impor-tantes da organização é sobre o temaa ser abordado. “Independente deser atividade espírita, o evento estáaberto ao público não espírita, qual-quer pessoa pode participar e não écobrada nenhuma taxa. Para o tema,trocamos idéias entre vários colabo-radores e o grupo, levando em con-sideração o momento atual, decide.No próximo ano o Livro dos Espí-

ficuldade é sempre financeira, masrecebemos apoio de companheiroscom hospedagem, ajuda financeirade empresas, como Móveis Brasíliae todos os demais que colaboramdurante o ano que divulgamos ofolder mensal da Usel. A venda depizzas ajuda a fazer um caixa sufi-ciente para as despesas com passa-gens e nenhum expositor cobra paraparticipar”, explica.

Com o objetivo de desenvolveratividades que unam as casas espíri-tas de Londrina, a USEL completou20 anos em maio do ano passado.Todos os meses é feita uma progra-mação de palestras para integrar osexpositores de uma casa à outra, alémde outras atividades, sempre procu-rando divulgar a doutrina espírita eo congraçamento entre os irmãos.

Em 1992 foi realizada a primei-ra semana espírita coordenada peloCentro Espírita Nosso Lar. Posteri-ormente a atividade foi transferida

Marli Trannin, a responsável pelo sucessodo tradicional evento

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O IMORTALPÁGINA 10 JULHO/2006

Sobre a evolução das religiões, ou como Kardec chegou ao Espiritismo(6ª Parte)

AIGLON FASOLODe Londrina

A saga dos hebreus no Egito- Suponhamos que Abraão e seusdescendentes sejam personifica-ções de famílias hebraicas que seespalham por Canaã e pelo Egito,fazendo parte das habituais idas evindas de comerciantes, prisionei-ros e trabalhadores, empenhadosem ganhar a vida em terras estra-nhas. Alguns encontram trabalhono Egito, onde se mostram úteiscomo trabalhadores, sob a orien-tação de seus própriossupervisores, alguns dos quais secasam com egípcias e passam afazer parte de suas famílias, man-tendo, no entanto, a noção das di-ferenças existentes. Talvez esseshebreus sejam comparáveis aosjudeus da Europa medieval, quemantinham um equilíbrio precário,desprezados como “estrangeiros”mas tolerados por serem bons tra-balhadores, habilidosos e inteligen-tes. Alguns deles são efetivamenteusados como escravos, assim comooutros asiáticos – os autores doÊxodo fazem referência ao uso dapalha na produção dos tijolos egíp-cios, um fator de reforço que nãoera utilizado em Canaã. Chega omomento em que alguns hebreusinfluentes verificam que seria mui-to mais do seu interesse deixar oEgito de vez. Normalmente, nãoteriam muita possibilidade de fazê-lo, porque a fronteira a leste erabem patrulhada, criando uma es-pécie de Cortina de Ferro que nãopoderia ser atravessada sem per-missão em qualquer direção. Erapreciso uma ordem superior parapermitir um êxodo em massa, e daía necessidade de um líder, que bempoderíamos chamar de Moisés,para implorar ao faraó que “deixeo meu povo partir”, e a decisão defugir somente depois que o faraó

mudou de idéia. Por alguma razãoeles se vão, juntos ou em peque-nos grupos, naquilo que oegiptólogo Abraham Malamat cha-ma de “movimento de Moisés”.Quando isto teria começado, pre-sumindo que tenha realmente ocor-rido algum tipo de êxodo? Algunsestudiosos viram uma pos-sibilidade no reinado de Ramsés II,imperialista cuja ambição recebeum súbito freio nas mãos doshititas, na Batalha de Kadesh, porvolta de 1273 a.C. De repente, oEgito parece vulnerável. Toda aCanaã ferve de revolta – uma opor-tunidade, talvez, para que um povopequeno e oprimido agarre a suaoportunidade.

A servidão imposta pelofaraó - Foi necessária uma décadapara que o comando egípcio fossereassumido. Dez anos depois, umRamsés já envelhecido assina umtratado com os hititas, inauguran-do um século de paz e prosperida-de. Ramsés II fora também umdedicado construtor de palácios,servindo assim como opressor ide-al dos futuros israelitas, forçando-os a uma árdua servidão nas suas“cidades dos tesouros”. Então nãoiremos supor uma migração emmassa. Mas mesmo um pequenoêxodo poderia ter representado umdesafio para uma autoridade local,não o próprio faraó, mas alguémque se considerasse o alter ego dofaraó. Há uma perseguição, embo-ra não tão importante para chegara constar das fontes oficiais egíp-cias, mas suficiente para marcar amemória comunal daqueles quefugiram. Isto não é impossível. Osescravos às vezes conseguiam fu-gir. Uma carta de um comandantemilitar escrita no final do séculoXIII a.C. – aproximadamente àépoca da primeira menção aisraelitas no monolito de Mernep-

tah – descreve um incidente dessetipo no qual cumpre ordens paraperseguir dois escravos que havi-am fugido de Pi-Ramsés durante anoite e se esgueirado pela frontei-ra até o deserto do Sinai. Aparen-temente conseguiram escapar. Ocomandante instrui um colega dafronteira: “Escreva-me sobre tudoo que aconteceu com eles. Quemencontrou as suas pegadas? Qual abrigada que descobriu as suas pe-gadas? Quem está no seu encalço?”Existe uma outra possibilidade,sugerida por um monolito encon-trado em Elephantine, o nome gre-go de Yeb, a “porta para o sul” egíp-cia, que fica em uma ilha defrontea Aswan. A inscrição do monolito,publicada em 1972, registra o modocomo, durante os últimos anos deSethnakht II, na década de l 180a.C., uma facção contrária ao faraósubornou um grupo não identifica-do de asiáticos para ajudá-los emsua revolta. A trama fracassou e osasiáticos foram expulsos. Pode serimportante o fato de que os rebel-des haviam prometido “prata eouro”, que é o que a Bíblia diz queos israelitas “pediram emprestado”aos egípcios.

O papel de Moisés no Êxodo- Na Bíblia, o faraó sabe que osisraelitas representam uma força aser considerada e que na guerraeles poderiam “juntar-se aos nos-sos inimigos e lutar contra nós”.Daí a íntima relação com os asiáti-cos, e a sua divisão. Talvez a fac-ção asiática fossem os hebreus, queestavam envolvidos em guerra ci-vil e que haviam sido expulsos oudecidido sair enquanto ainda eratempo. Temos, então, algunshebreus, cujo número exato desco-nhecemos, em movimento. Talvezsejam algumas centenas, que le-vam suas famílias e seus rebanhosatravés de um dos sombrios pân-

Saiu no Jornal do Commer-cio, do Recife (PE), no dia30.05.2006, a notícia seguinte:

“PORTO ALEGRE - Umacarta da vítima, assassinada comdois tiros em sua casa de Viamão(RS), em 1º de julho de 2003,psicografada em um centro espí-rita de Porto Alegre, foi aceitacomo prova e ajudou a inocentarsua antiga amante, acusada de sermandante do crime. A promoto-ra e o advogado de acusação ti-veram acesso à carta três sema-nas antes do julgamento e não acontestaram. No julgamento ten-taram impugná-la, mas sua leitu-ra foi ouvida atentamente pelos

Corte gaúcha aceita cartapsicografada como prova

jurados. O outro acusado do cri-me, o caseiro, foi condenado noano passado e está cumprindo 15anos de prisão.”

Um dos trechos da carta, da-tada de 22/02/2005, diz que “oque mais me pesa no coração éver a Iara acusada deste feito pormentes ardilosas como a dosmeus algozes”. Iara MarquesBarcellos, amante de Ercy até1996, foi acusada de ter ordena-do que o caseiro Leandro Rochade Almeida cometesse o crime.Ercy era tabelião em Viamão, naRegião Metropolitana de PortoAlegre. (Alexandra Torres, doRecife.)

tanos de papiros para leste do del-ta do Nilo – umas estratégias co-muns dos escravos em fuga, paraapagar as pegadas e fazer com queas carruagens perseguidorasatolassem. Não fazia sentido tomaro caminho direto de volta às terrassemíticas ao norte, que as geraçõesfuturas chamariam de “prometi-das”. Não eram prometidas ainda,porque já estavam ocupadas portribos locais e o caminho costeiroera a estrada habitual utilizada pe-las tropas egípcias. Certamente nãohavia como voltar. A única alter-nativa, como para outros fugitivos,seria viver no deserto do Sinai, semdeixar vestígios para um possívelperseguidor egípcio (ou para osarqueólogos do século XXI, se foro caso). O Sinai como um todo,sendo tanto semítico como egípcio,fazia parte das terras de ninguémentre o Egito e a Assíria. Imagine-mos, ao longo dos séculos, um flu-xo de comerciantes e soldados. Um

de maiores proporções ao longo dacosta e outro menor em direção aosul e ao interior a caminho deSerabit. Uma vez atravessada afronteira, havia o deserto, uma es-pécie de Leste Selvagem, comCanaã – e comunidades dispersasde companheiros hebreus – ace-nando para o norte. Entrar nessefim de mundo rochoso é uma de-cisão difícil. O líder, a figura denosso Moisés, tem de vender aidéia ao seu povo – povos, no plu-ral, mais precisamente, pois este éprovavelmente um bando de clãsindisciplinados e firmemente inde-pendentes. Ele precisa que eles seunam. Talvez, como tantos outrosgrandes líderes, Moisés se identi-fique com eles de forma tão inten-sa que os veja como o seu próprioreflexo. Ele e o seu povo são umsó. Se essa empreitada falhar, serámais do que um simples fracasso:morte, extinção, aniquilamento.(Continua no próximo número.)

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Palestras, seminários e outros eventos

Semana Espírita deLondrina começa dia 15Com palestra a cargo de

Cosme Massi, inicia-se no dia 15deste mês, às 20 horas, no Cen-tro Espírita Nosso Lar, a 15a Se-mana Espírita de Londrina, queterá com tema central “O Homeme as Leis Morais”.

Eis a programação das ativi-dades dirigidas aos adultos:• Abertura no dia 15, sábado, às20 h: Cosme Massi. Palestra: “OHomem e as Leis Morais”.• Dia 16, domingo, às 9h30:Cosme Massi. Seminário: “A LeiDivina ou Natural”.• Dia 16, domingo, às 20 h: 2ªMostra de Música Espírita deLondrina.• Dia 17, segunda, às 15 h: EliseuMota Florentino Junior. Seminá-rio: “Perfeição Moral”.• Dia 17, segunda, às 20 h: EliseuMota Florentino Junior. Palestra:“Lei de Adoração”.• Dia 18, terça, às 15 h: AstolfoOlegário de Oliveira Filho. Semi-nário: “Leis de Trabalho e Repro-dução”.• Dia 18, terça às 20 h: José Anto-nio Vieira de Paula. Palestra: “Leide Justiça, Amor e Caridade”.• Dia 19, quarta, às 15 h: Roose-velt Andolphato Tiago. Seminá-rio: “Leis de Conservação e Des-truição”• Dia 19, quarta, às 20 h: Roose-velt Andolphato Tiago. Palestra:“Leis de Sociedade e Progresso”.• Dia 20, quinta,às 15 h: Alexan-dra Torres. Seminário: “Lei deIgualdade”.• Dia 20, quinta, às 20 h: Alexan-dra Torres. Palestra: “Lei de Li-berdade”.• Dia 21, sexta, às 15 h: PlínioOliveira. Seminário: “Jesus”.• Dia 21, sexta, às 20 h: Plínio

Oliveira. Palestra: “Só o AmorConstrói”.

Palestras no CentroEspírita Allan Kardec

Em Cambé realizam-se nestemês, no auditório do Centro Espí-rita Allan Kardec, as seguintes pa-lestras, todas com início às 20h30:• Dia 5 - Carlos Augusto de SãoJosé, de Curitiba.• Dia 12 - Luzita Pedroso, de Ro-lândia.• Dia 19 - Célia Xavier Camargo,de Rolândia.• Dia 26 - Astolfo Olegário de Oli-veira Filho, de Londrina.

Semana Espírita na FundaçãoEspírita “Abel Gomes”

Realiza-se no período de 8 a 15de julho, em Astolfo Dutra (MG),situada a 90 km de Juiz de Fora, a55a Semana Espírita da cidade.

Eis a programação das pales-tras que, com exceção da primei-ra, ocorrerão na Fundação Espíri-ta “Abel Gomes”:• Dia 8, sábado, às 19 h, na Caba-na Espírita “Abel Gomes”: Pales-tra comemorativa dos 71 Anos daCasa, a cargo de Ricardo Baessode Oliveira, de Juiz de Fora.• Dia 9, domingo, às 19h30: Ricar-do Baesso de Oliveira (Juiz deFora). Tema: “A Morte e o Morrer”.• Dia 10, segunda, às 19h30: Roo-sevelt Pires (Cataguases). Tema:“Culpa e Reencarnação”.• Dia 11, terça, às 19h30: AstolfoOlegário de Oliveira Filho (Lon-drina). Tema: “O Caso ValentineLaurent: Possessão, Diagnóstico eCura”.• Dia 12, quarta, às 19h30: RitaCôre (Laje do Muriaé). Tema: “Es-tabelecer Limites: Uma Questão deAmor”.• Dia 13, quinta, às 19h30: Rogé-rio Coelho (Muriaé). Tema: “Es-piritismo e Nós”.• Dia 14, sexta, às 19h30: Alcione

Andries Lopes (Juiz de Fora).Tema: “A Sociedade segundo a Leido Cristo”.• Dia 15, sábado, às 19h30: Arman-do Falconi Filho (Juiz de Fora).Tema: “Impermanência e Imorta-lidade”.

Além das atividades citadas,realizar-se-á em todos os dias, noperíodo da manhã, na FundaçãoEspírita Abel Gomes, o “Reabas-tecimento Espiritual”, coordenadopor Arthur Bernardes de Oliveira,no qual serão estudadas neste anoas questões 920 a 1.019 d´O Livrodos Espíritos, “Das Esperanças eConsolações”.

Também haverá, como de cos-tume, a realização dos Semináriosvespertinos, este ano ministradospor Astolfo Olegário de OliveiraFilho, de Londrina, conforme aprogramação seguinte:• Dia 10 – segunda-feira, das 14h30às 17 h, na Cabana Espírita “AbelGomes”: “A Moral Evangélica e seuPapel na Transformação do Mundo”.• Dia 12 – quarta-feira, das 14h30às 17 h, no Centro Espírita “AnitaBorela de Oliveira”: “A Mediuni-dade e seus cuidados”.• Dia 14 – sexta-feira, das 14h30às 17 h, no Grupo da Fraternidade“Irmão Carlos”: “O Passe Magné-tico: sua Fundamentação e seusEfeitos no Equilíbrio da CriaturaHumana”.

Círculo de Leitura“Anita Borela de Oliveira”Em julho o Círculo de Leitura

“Anita Borela de Oliveira” reúne-se no dia 2, na casa de NadyrDyonisio Dutra, para conclusão doestudo do romance “Há 2000Anos”, de Emmanuel, e no dia 23,na casa de Marlene Anelli e JoséDiniz, para estudo da “Revista Es-pírita de 1868”.

Nesta última reunião, ocorrerátambém mais um encontro dos in-tegrantes da Confraria dos Espíri-

ROBERTO CAMARGODe Londrina

tas Invigilantes Anônimos (CEIA).

“Jesus O Cristo”, novaobra de Therezinha Oliveira

Inspirada nas passagens evan-gélicas, iluminadas pela Doutri-na Espírita, Therezinha Oliveiradescreve com simplicidade alguns

aspectos da vida e da obra de Je-sus de Nazaré. Com 144 págs.,no formato 14x21 cm, o livro éuma edição da Editora AllanKardec, de Campinas (SP), cujoendereço na internet é este:www.allankardec.org.br , e-mail:[email protected].

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O IMORTALPÁGINA 12 JULHO/2006

ELSA ROSSIDe Londres

Era o ano de 2003. Naquelanoite de setembro, após a esclare-cedora palestra realizada por Dra.Marlene Nobre, no Teatro daOxford House, em Londres, está-vamos reunidas tomando chá in-glês, na casa da Beth. Eram quaseonze horas da noite.

Estávamos enlevados, lem-brando momentos da conferênciarecém terminada. Preparávamospara irmos descansar, para retomara atividade no dia seguinte. Destafeita a conferência de dra. Marle-ne Nobre, presidente da Associa-ção Médico-Espírita Internacional,seria realizada no anfiteatro doKings College, no Royal Collegeof Psychiatry de Londres.

Logo pela manhã, estávamosdialogando com dra. Marlene so-bre o Congresso que se realizariano ano de 2004 em Paris. Conver-sávamos sobre nosso plano para aexposição histórica doBicentenário de Allan Kardec queaconteceria durante o IV Congres-so Espírita Mundial. Trabalháva-mos por adquirir nos antiquários,objetos, móveis dos idos de 1860.Já tínhamos quem fizesse as rou-pas do querido casal Kardec eAmélie. A idéia era montar umacena da época quando Kardecmorou na passagem Saint Anne,onde veio a desencarnar.

Em dado momento, dra. Mar-lene, muito bem inspirada, fez umasugestão, que saiu com palavrasiluminadas, cujo resultado hojeainda é visitado por muitas pesso-as. Lembro-me muito bem que fi-zemos ouvidos atentos ao que elasugeria. Disse que poderíamos fa-zer um quadro de Allan Kardeccom Amélie Boudet juntos, umagrande tela a óleo, para expor noCongresso, e que fosse relatado

entre as pinceladas das cores a belamensagem de Hilário Silva – “Háum Século”.

A mensagem foi ditada peloEspírito Hilário Silva ao médiumWaldo Vieira. Está no livro “OEspírito da Verdade”, editado pelaFederação Espírita Brasileira em1961 em homenagem aos 100 anosdo lançamento de “O Livro dosEspíritos”.

Beth foi apanhar o livro, eMarlene leu a mensagem.

Senti como se a sala, que esta-va iluminada pelo sol inglês, poisainda era verão, mostrasse umholofote de dez mil watts. Era aresposta de que eu precisava paraabrilhantar ainda mais a exposiçãohistórica da qual já estava encar-regada de organizar.

Emoção a mil por hora. Lágri-mas desciam da face da Beth, daminha e a emoção também abra-çou a querida Marlene. Era comose a presença de Amélie Boudet alipor segundos nos unisse no pro-pósito maior - o trabalho de amor.

Após a leitura, telefonamospara nossa amiga IreneHernanperez Malvezi. Ela é artis-ta plástica espírita residente emLondres. Irene, muito alegre, ime-diatamente aceitou o desafio. Nun-ca se vira em nenhum lugar nenhu-ma foto ou algo que mostrasseAllan Kardec junto a Amélie. Se-ria inédito.

Acompanhamos a criação e oandamento da obra histórica, pas-so a passo. Ganhamos mais confi-ança ainda da presença de Amélieneste trabalho. Irene também sen-tia a presença da querida benfeito-ra do Espiritismo, estimulando-a acontinuar o que começara.

Eram pesquisas de vestuário daépoca, cores da época, materialetc., para que a composição da telaretratasse a realidade, o mais per-to possível de como era a escriva-

ninha de Kardec, a pena, o lam-pião, enfim, o ambiente da épocade Kardec.

A mensagem “Há um Século”descrevia o cidadão que pretendiapôr termo a sua vida e encontraalgo sob a murada da ponte Marie,sobre o Rio Sena, no centro deParis.

(Aqui um pequeno trecho damensagem para que os leitorespossam relembrar o episódio.)

“Numa fria manhã de abril de1860, em Paris, Allan Kardec, oCodificador da Doutrina Espírita,estava exausto. Apesar da consoli-dação da Sociedade Espírita deParis e da promissora venda de li-vros, escasseava o dinheiro para aobra gigantesca que os EspíritosSuperiores lhe haviam confiado. Apressão aumentava. Cartas sarcás-ticas chegavam.

Quando se mostrava mais de-salentado, a esposa, MadameRivail, entrega-lhe uma encomen-da. O professor abre o embrulho;encontra uma carta de umencadernador de livros e lê: ‘Sr.Allan Kardec: Com minha grati-dão, remeto-lhe o livro anexo, bemcomo a sua história, rogando-lhe,antes de tudo, prosseguir em suastarefas de esclarecimento da Hu-manidade, pois tenho fortes razõespara isso’.

O autor da carta relatava que,desesperado, após a morte de suaesposa, planejou suicidar-se. Cer-ta madrugada, buscou uma ponte.Ao fixar a mão direita sobre aamurada para atirar-se às águas,tocou um objeto que lhe caiu aospés. Surpreendido, viu um livro.Procurando a luz de um poste, leu:‘Esta obra salvou-me a vida. Leiacom atenção e tenha bom provei-to. - A. Laurent’.

O Codificador desempacotouentão um exemplar de O Livro dosEspíritos ricamente encadernado.

Na página do frontispício leu comemoção não somente a observaçãoa que o missivista se referira, mastambém outra: ‘Salvou-me tam-bém. Deus abençoe as almas quecooperaram em sua publicação.Joseph Perrier’.

Após a leitura, o ProfessorRivail experimentou nova luz abanhá-lo por dentro. Aconchegan-do o livro ao peito, raciocinava, emradiosa esperança: ‘Era precisocontinuar, desculpar as injúrias,abraçar o sacrifício e desconheceras pedradas’. O mundo necessita-va de renovação e consolo.

Allan Kardec levantou-se,abriu a janela à sua frente, respi-rou profundamente e, antes de re-tomar a caneta para o serviço cos-tumeiro, levou o lenço aos olhos elimpou uma lágrima.”

Quem tem a oportunidade dever a obra, observará no canto di-reito da tela, logo acima, a ponteMarie, tal como era e ainda é hoje,pois na Europa a história não seperde facilmente.

Agradecemos sempre à nossaquerida dra. Marlene pela feliz su-gestão, que resultou nessa obramaravilhosa. Ao se observar o qua-dro, sente-se a alegria de Kardec,

Crônicas de Além-Mar

Há um Século

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileira radicadaem Londres, é diretora do Depar-tamento de Unificação para os Pa-íses da Europa, organismo do Con-selho Espírita Internacional e vice-presidente da British Union ofSpiritist Societies (BUSS).

ao término da leitura da carta deJoseph Perrier. Valeu a pena!

Obrigada ao amigo Hilário Sil-va, por nos legar esta mensagemda qual resultou uma homenagemrenovada ao Codificador e sua es-posa amada.

Salve Kardec! Você revivesempre em nossas mentes.

Que essa mensagem possa fi-xar em nossos corações a certezade que...vale a pena trabalhar in-cansavelmente pelo bem!

E assim, a exposição históricaem homenagem ao nosso Kardec,montada em terras de além-mar,pode ser vista em exposiçãoitinerante pelas Federativas doBrasil que a solicitam ao CEI in-termédio da FEB.

Todos os objetos, livros anti-gos, os costumes, o quadro etc.foram doados ao Conselho Espíri-ta Internacional.

Um minuto comChico Xavier

Uma senhora, companheirade ideal, não sabia como proce-der para organizar um grupomediúnico na instituição que pre-sidia. Eram muitos os candidatos

a médium. Aflita, indagou doChico como deveria, sem ferirsuscetibilidades, efetuar a tria-gem dos que deveriam integrar ogrupo em formação.

– Ora, minha irmã – respondeuo Chico. – É muito simples... Vocêfaça a reunião com os que sobrarem...

JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULADe Cambé

(Página extraída do livro: “As Bênçãos de Chico Xavier”, de Car-los A. Bacelli.)

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O IMORTALJULHO/2006 PÁGINA 13

A revista “Super Interessan-te”, edição 215 de julho de 2005,apresenta uma reportagem inti-tulada “Q.I. de Samambaia”, emcujo conteúdo encontramos apossibilidade levantada por al-guns cientistas de que as plantaspodem ter inteligência. Afirma areportagem que os vegetais sãocapazes de analisar o ambiente,aprender com os erros, memori-zar informações e tomar decisõespara garantir a sobrevivência.Por que, então, não considerá-losinteligentes, é o que tem se per-guntado um grupo cada vez mai-or de cientistas. O bioquímicoAntony Trewavas, da Universi-dade de Edimburgo, Escócia, umdos maiores defensores dessahipótese, é de opinião que “nosanimais mais evoluídos, a inte-ligência se concentra no cérebro,enquanto, nos vegetais, ela esta-ria em todos os tecidos”.

A cicuta, um tipo de trepadei-ra com várias espécies no Bra-sil, não faz fotossíntese e preci-sa se enrolar em outras plantaspara sugar nutrientes. A decisãode quem parasitar é tomada apósalgumas horas de contato, e ocritério é a relação custo-bene-fício. Ela calcula quantas vezesprecisará se enrolar gastandoenergia, e a quantidade de nutri-entes que irá obter ganhandoenergia. Estaria nessa atitudeuma espécie de capacidade dedecisão.

Outro exemplo interessantefoi o obtido em laboratório quan-do cientistas criaram ambientesanormais para as plantas, apli-cando diferentes concentraçõesde herbicidas.

Cada vez que a situação mu-dava, o crescimento dos vegetaisdesacelerava, recuperando-selogo em seguida.

Fizemos essas colocações

porque na questão de no 589 deO Livro dos Espíritos, Allan Kar-dec aborda o assunto da existên-cia de uma possível espécie devontade própria, de uma rudi-mentar capacidade de pensar nasplantas carnívoras conhecidascomo sensitiva e dionéia, no me-canismo de apanhar uma mosca.Os Espíritos Superiores, contu-do, respondem negativamente,afirmando que os vegetais cita-dos não têm senão instinto cegoe natural.

Na questão de no 588, os Es-píritos da Codificação afirmamque a força de atração entre asplantas independe de sua vonta-de, já que elas não pensam.

Estaria havendo um conflitoentre a colocação dos Espíritos aKardec e as recentes hipóteses daciência atual?

Fosse o Espiritismo uma reli-gião dogmática e sequer poderí-amos nos atrever em escreveresse artigo. Como assim nãoocorre, continuemos analisandoos fatos à luz da fé raciocinada.

Desde os antigos filósofosgregos, como Tales (VI a.C.), aságuas eram o elemento do qualhaviam saído todos os seres.Heráclito ensinava que tudo oque existe se modifica e adquirenovas formas. Aristóteles acredi-tava haver um escalonamento dosvegetais aos animais-vegetais(corais) e destes aos outros ani-mais até chegar ao homem.

O Universo teria surgido há18 bilhões de anos, conforme ateoria do Big Bang, um buraconegro com densidade e tempera-tura altíssimas e uma forçagravitacional tão grande que im-pedia a fuga da própria luz. Aoexplodir esse buraco negro, ori-ginou-se o Universo primitivonuma mistura de partículassubatômicas – quarks, neutrinose antipartículas - movendo-se emtodos os sentidos, em velocida-de próxima à da luz.

Estaríamos nesse momentopresentes como princípio inteli-gente rudimentar, iniciando alonga jornada rumo à perfeição?

Estaria a Doutrina Espíritaem contraposição com a ciênciaatual que vislumbra a possibili-dade de uma determinada espé-cie de inteligência nos vegetais?

Afirma Joanna de Ângelis nolivro “Jesus e o Evangelho – Àluz da psicologia profunda”, naprimeira edição da LEAL Edito-ra, página 17: “No começo é asombra dominante, geradora deimpulsos automáticos, inconsci-entes, herança dos períodos pri-meiros da evolução, quando se

RICARDO ORESTES FORNIDe Tupã, SP

O direito de raciocinar

instalaram no psiquismo os ins-tintos primários, que remanes-cem em controle das atividadesdo processo de crescimento. In-consciente da sua realidade imor-tal, o ser é atraído para a GrandeLuz Libertadora, experimentan-do os embates internos que o de-salojam da concha vigorosa ondese encarcera, facultando-lhe osprimeiros vôos do discernimentoe da razão com promessas de ple-nitude”.

Quando ocorreria esse mo-mento do chamado para a Gran-de Luz Libertadora? Incluiria ouexcluiria o transitar pelo reinovegetal ou mineral?

Ficamos com o bom sensoreencarnado quando nos afirmaem suas colocações na questão deno 613, de O Livro dos Espíritos:“O ponto de partida do Espírito éuma dessas questões que se pren-dem ao princípio das coisas e es-tão no segredo de Deus. Não édado ao homem conhecê-las demaneira absoluta, e ele não podefazer, a esse respeito, senão su-posições, construir sistemas maisou menos prováveis. Os própriosEspíritos estão longe de conhece-rem tudo; sobre o que eles nãosabem, podem ter opiniões pes-soais mais ou menos sensatas”.

Raciocinemos, pois...

“Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não,desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos

dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.” – Carl Sagan.

Para a coluna deste mês,reservamos precioso ensina-mento sobre o carma, ditadopelo espírito Sânzio e registra-do no livro “Ação e Reação”,de André Luiz, no seu capítu-lo 7. Diz Sânzio:

“O ‘carma’, expressão vul-garizada entre os hindus, queem sânscrito quer dizer‘ação’, a rigor, designa ‘cau-sa e efeito’, de vez que todaação ou movimento deriva decausa ou impulsos anteriores.Para nós expressará a conta decada um, englobando os cré-ditos e os débitos que, em par-ticular, nos digam respeito.Por isso mesmo, há conta des-sa natureza, não apenas cata-logando e definindo individu-alidades, mas também povose raças, estados e instituições.

O Governo da Vida possuiigualmente o seu sistema decontabilidade, a se lhe expres-sar no mecanismo de justiçainalienável. A AdministraçãoDivina, por isso mesmo, dis-põe de sábios departamentos

Estudando as obras de André Luizde que se vale para efetuar aprópria sublimação no conhe-cimento e na virtude. Patrimô-nios materiais e riquezas dainteligência, processos e veí-culos de manifestação, tempoe forma, afeições e rótuloshonoríficos de qualquer pro-cedência são de propriedadedo Todo-Misericordioso, queno-los concede a título precá-rio, a fim de que venhamos autilizá-los no aprimoramentode nós mesmos, marchandonas largas linhas da experiên-cia, de modo a entrarmos naposse definitiva dos valoreseternos, sintetizados no Amore na Sabedoria com que, emfuturo remoto, Lhe retratare-mos a Glória Soberana.

No uso ou no abuso das re-servas da vida que represen-tam a eterna Propriedade deDeus, cada alma cria na pró-pria consciência os créditos eos débitos que lhe atrairão ine-lutavelmente as alegrias e asdores, as facilidades e os obs-táculos do caminho. Quantomais amplitude em nossos co-nhecimentos, mais responsa-bilidade em nossas ações.”

JOSÉ ANTÔNIO V. DE PAULADe Cambé

para relacionar, conservar, co-mandar e engrandecer a VidaCósmica, tudo pautando sob amagnanimidade do mais amploamor e da mais criteriosa justi-ça. Nas sublimadas regiões ce-lestes de cada orbe entregue àinteligência e à razão, ao traba-lho e ao progresso dos filhos deDeus, fulguram os gêniosangélicos, encarregados do ren-dimento e da beleza, do aprimo-ramento e da ascensão da ObraExcelsa, com ministérios apro-priados à concessão de emprés-timos e moratórias, créditos es-peciais e recursos extraordiná-rios a todos os Espíritos encar-nados ou desencarnados, que osmereçam, em função dos servi-ços referentes ao Bem Eterno.

Somos simples usufrutuári-os da Natureza que consubstan-cia os tesouros do Senhor, comresponsabilidade em todos osnossos atos, desde que já pos-suamos algum discernimento.O Espírito, seja onde for, encar-nado ou desencarnado, na Ter-ra ou noutros mundos, gasta,em verdade, o que lhe não per-tence, recebendo por emprésti-mos do Eterno Pai os recursos

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O IMORTALPÁGINA 14 JULHO/2006

Sempre otimismo

Há alguns dias visitamos umsenhor paralítico e observamossua fibra, sua coragem. Ele só semovimenta da cintura para cima,mas tem um carro desses adapta-dos, em que faz tudo com as mãos.Esse senhor é pobre, mas conse-guiu esse carro e com ele vai se-manalmente aos locais abastece-dores de legumes e verduras,como o Ceasa, faz a sua compra evende nos pontos determinadospor ele. Diz que não consegue fi-car parado, sem trabalhar. Pergun-tamos o que lhe aconteceu paraacarretar a paralisia. Foi um assal-to. O ladrão disparou um tiro queatingiu sua coluna.

Anos depois, em outra tentati-va de assalto no seu ponto de ven-da, levou um tiro na cabeça que nãoa atingiu profundamente, mas éresponsável por quadros de con-vulsões eventuais, devido a altera-ções na área cerebral.

Esse homem não se entregou,trabalha e é otimista. Poderia ter-se acomodado com a paralisia ouse tornar-se revoltado com aagressividade humana, mas não.Preferiu continuar seu trabalho,numa demonstração de que a von-tade é um sustentáculo firme parao Espírito que se dispõe a agir.

Nessas horas nós pensamosquanto somos agraciados pela bon-dade divina, pois temos pés e mãosque se movimentam ao comandode nossa mente, nossos olhos en-

xergam, nossos ouvidos ouvem.Se pararmos para pensar, agra-

deceremos a Deus tantas bênçãose não nos deixaremos abater nashoras difíceis.

Se observamos tanta violênciadevido à ignorância do amor, provo-cando dores como a desse senhor quecitamos, também temos a certeza,pelas luzes que a Doutrina Espíritaderrama, que tudo isso é passageiro eque a Terra e seus habitantes estão fa-dados a serem melhores, a chegarema ser mais felizes pelo próprio pro-cesso da evolução paulatina.

Considerando a reencarnação eque – se Deus é justo, uma aflição temuma causa também justa – remonta-mos a existências anteriores a afliçãodesse senhor que padece a paralisia.Mas, a despeito do corpo com proble-

JANE MARTINS VILELADe Cambé

mas, o Espírito está bem, porque nãocede ao desânimo, continua lutandomesmo com tantos reveses.

Isso é exemplo para todos nós.Não desanimemos, pois esta-

mos amparados pelo Divino Amorque nos dá, pelas provas que pas-samos, oportunidades de cresci-

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mento, de redenção.Lembremos sempre que pode

haver alguém em situação maisdifícil que a nossa e enderecemoso nosso pensamento de gratidãoa Deus, porque, afinal de contas,estamos na maioria muito melhordo que poderíamos estar.

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O IMORTALJULHO/2006 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1866 (Parte 7)

Continuamos a publicar o textocondensado da Revista Espírita de1866. As páginas citadas referem-seà versão publicada pela Edicel.

*102. A Revista de julho de 1866

se inicia com um artigo de Kardecsobre a idéia de se criar uma caixageral de socorro e outras instituiçõespara os espíritas. No tocante à caixageral de socorro, o codificadorposiciona-se contra, dada a dispersãodos espíritas, então espalhados pormuitos lugares, o que exigiria umaobra em alta escala, fato que tornavaa idéia impraticável. Era preciso, pri-meiro, ao Espiritismo adquirir as for-ças necessárias para então dar maisdo que podia naquele momento. Lon-ge de servir ao Espiritismo, afirmouKardec, seria expô-lo à chacota dosadversários misturar o seu nome acoisas quiméricas. (Págs. 193 a 197.)

103. Em seguida, disse o codifi-cador que entre os espíritas reais – osque constituem o verdadeiro corpodos aderentes – há certas distinções afazer. Em primeira linha há que co-locar os adeptos de coração, anima-dos de fé sincera, que compreendemo objetivo e o alcance da doutrina epara quem o lado moral não é sim-ples teoria: esforçam-se por pregarpelo exemplo; não só têm a coragemde sua opinião, mas a consideramuma glória. (Pág. 198.)

104. Vêm a seguir os que acei-tam a idéia como filosofia, porqueisso lhes satisfaz à visão, mas cujafibra moral não é suficientementetocada para compreender as obriga-ções que a doutrina impõe aos que aassimilam. O homem velho ainda aliestá presente, e a reforma de si mes-mo lhes parece tarefa muito pesada,embora entre eles possam encontrar-se propagadores e zelosos defenso-res. (Pág. 198.)

105. Depois há as pessoas levia-nas, para quem o Espiritismo estátodo nas manifestações. Extasiam-se ante o fenômeno, mas ficam friasante uma conseqüência moral.(Págs. 198 e 199.)

106. Há, enfim, o número muitogrande de espíritas mais ou menossérios, que não puderam colocar-seacima dos preconceitos e do que di-rão, retidos pelo medo do ridículo;aqueles que considerações pessoaisou de família, e interesses por vezesrespeitáveis, de certo modo forçama manter-se afastados. Não se pode

querer muito deles, porque é preci-so uma força de caráter, que não édada a todos, para enfrentar a opi-nião em certos casos. (Pág. 199.)

Era preciso, segundo Kardec,investir na propagação da

doutrina espírita

107. O Espiritismo, advertiuKardec, não tem o privilégio detransformar subitamente a Humani-dade e, se a gente pode admirar-sede uma coisa, é do número de refor-mas que ele já operou em tão poucotempo. Por que isso se dá? É queenquanto há indivíduos onde ele en-contra o terreno preparado, noutrosele só penetra gota a gota, conformea resistência que encontra no carátere nos hábitos arraigados. (Pág. 199.)

108. Uma observação interessan-te é a da proporção dos adeptos se-gundo as categorias mencionadas.Diz o codificador do Espiritismo quenaquele momento (meados de 1866)havia apenas 10% de espíritas com-pletos, de coração e devotamento,25% de espíritas incompletos, quebuscavam mais o lado científico queo lado moral e 30% de espíritas levi-anos, somente interessados nos fatosmateriais. Os demais seriam espíri-tas não confessos ou que se ocultam.(N.R.: O percentual destes últimos in-dicado na Revista é 60%, mas os nú-meros assim não fecham, o que indi-ca que houve erro da editora comrelação a esses números.) (Pág. 200.)

109. Relativamente à posição so-cial, dividindo-se as categorias emduas classes – ricos e trabalhadores–, o quadro seria este: em 100 espí-ritas da primeira categoria, haveria5 ricos e 95 trabalhadores; na 2a ca-tegoria, 70 ricos para 30 trabalhado-res; na 3a categoria, 80 ricos para 20trabalhadores; na 4a, 99 ricos para 1trabalhador. Sem dizer como essesnúmeros foram obtidos, Kardec ex-plica que a diferença na proporçãoentre os que são ricos e os que não osão decorre do fato de que os aflitosacham no Espiritismo uma imensaconsolação, que os ajuda a suportaro fardo das misérias da vida. “As-sim”, diz Kardec, “não é surpreen-dente que, gozando mais benefício,o apreciem mais e o tomem mais asério do que os felizes do mundo.”(Pág. 200.)

110. O que disse sobre a criaçãode uma caixa geral e de socorro, Kar-dec estendeu à idéia de se fundaremestabelecimentos hospitalares e ou-tros, cuja manutenção exigiria pes-soal capaz e suficiente e recursos fi-nanceiros vultosos, muito acima das

possibilidades dos espíritas de seutempo. Sua idéia muito clara era quese deviam investir recursos na pro-pagação da doutrina espírita, porqueonde as idéias espíritas penetram osabusos caem e o progresso se reali-za. “É necessário”, diz ele, “empe-nhar-se, pois, em as espalhar: aí estáa coisa possível e prática, a verda-deira alavanca, alavanca irresistívelquando se tiver adquirido a força su-ficiente pelo desenvolvimento com-pleto dos princípios e pelo númerodos aderentes sérios.” (Pág. 201.)

Relatório do governo francêsindica as causas reais dos casos

de loucura

111. Kardec indaga, então: “Porque, então, gastar energias em esfor-ços supérfluos, em vez de as concen-trar num ponto acessível e que segu-ramente deve conduzir ao objetivo?”“Mil adeptos ganhos para a causa eespalhados em mil lugares diversosapressarão mais a marcha do progres-so do que um edifício.” (Págs. 201 e202.)

112. Considerando que um pro-jeto de formação de uma caixa de so-corro entre os espíritas de uma mes-ma localidade seria coisa viável – oumenos quimérica –, Kardec adverteque o Espiritismo não forma nemdeve formar classe distinta, pois sedirige a todos, e por seu princípiodeve estender a caridade indistinta-mente, sem inquirir da crença, por-que todos os homens são irmãos.(Págs. 202 e 203.)

113. O codificador, encorajandoas obras de beneficência coletiva,afirma que essa tem vantagens incon-testáveis e, longe de a censurar, a in-centivava. “Nós a conhecemos emParis, nas Províncias e no Estrangei-ro”, revelou Kardec. “Lá, membrosdedicados vão a domicílio inquirirdos sofrimentos e levar o que às ve-zes vale mais do que os socorrosmateriais: as consolações e oencorajamento. Honra a eles, porquebem merecem do Espiritismo! Quecada grupo assim haja em sua esferade atividade e todos juntos realiza-rão maior soma de bens do que umacaixa central quatro vezes mais rica.”(Págs. 203 e 204.)

114. Relatório dirigido ao Impe-rador pelo ministro da Agricultura,Comércio e Trabalhos Públicos, so-bre o estado de alienação mental naFrança, publicado no Moniteur de 16/4/1866, desmente formalmente asacusações lançadas pelos adversári-os do Espiritismo, que eles acusamde ser causa preponderante da lou-

cura. A Revista transcreve os núme-ros, que indicam que 60% dos casoseram atribuídos a causas físicas. En-tre os 40% atribuídos a causas mo-rais, os pesares domésticos constitu-íram cerca de um quarto das ocor-rências. (Págs. 204 a 210.)

115. Comentando a notícia, Kar-dec lembra que, entre as causas mo-rais minuciosamente relatadas peloministro, o Espiritismo não figuravanominalmente, nem por alusão, o queconstituía a mais peremptória respos-ta que se podia dar aos que acusam oEspiritismo de ser a causa prepon-derante da loucura. (Págs. 210 e 211.)

Estabelecer a identidade dosEspíritos é difícil quanto aos

vultos antigos

116. A Revista noticia o faleci-mento do literato e poeta JosephMéry, morto em Paris aos 67 anos emeio de idade, em junho último. Osr. Méry não era adepto do Espiritis-mo, mas espírita por intuição, por-que, além de acreditar nos princípi-os da doutrina, afirmava com toda aconvicção ter vivido em Roma aotempo de Augusto, na Alemanha enas Índias.(Págs. 211 a 214.)

117. Poucos dias após seu fale-cimento, o sr. Méry comunicou-se naSociedade Espírita de Paris, quandorevelou que a morte foi para ele deuma doçura inefável e confirmou tersido, sim, espírita de coração e de es-pírito, embora não houvesse seengajado na tarefa espírita. (Págs.214 a 216.)

118. Tratando do tema identida-de dos Espíritos, Kardec reitera quea identidade não pode ser constatadacom certeza senão para os Espíritospartidos recentemente. Quanto aosque deixaram a Terra há mais tem-po, ela não pode ser atestada de ma-neira absoluta. (Págs. 216 e 217.)

119. Além disso, há na faculda-de mediúnica uma infinita varieda-de de nuanças que tornam o médiumapto ou impróprio à obtenção de de-terminados efeitos que, à primeiravista, parecem idênticos e, no entan-to, dependem de influências fluídicasdiferentes. “O médium é como uminstrumento de cordas múltiplas: nãopode dar pelas cordas que faltam”,explica Kardec, que menciona a res-peito um fato muito interessante.(Págs. 217 e 218.)

120. As provas de identidadequase sempre vêm espontaneamen-te, quando menos se espera, ao pas-so que são dadas raramente quandopedidas. Capricho da parte do Espí-rito? Não. Ocorre aí como na foto-

grafia, onde uma simples variação naintensidade ou na direção da luz bas-ta para impedir a reprodução da ima-gem. (Págs. 218 e 219.)

121. As relações fluídicas quedevem existir entre o Espírito e omédium jamais se estabelecem com-pletamente no primeiro contato; aassimilação só se faz com o tempo egradualmente. Quando seus fluidosestão identificados, as comunicaçõesse dão naturalmente. (Pág. 219.)

Falando sobre o Espírito deVerdade, diz Kardec tratar-se de

um único Espírito

122. Um Espírito, mesmo cano-nizado em vida, pode dar-se a quali-ficação de santo, sem faltar à humil-dade? Kardec explica: “Acanonização não implica a santida-de, no sentido absoluto, mas simples-mente um certo grau de perfeição.Para alguns a qualificação de santotornou-se uma espécie de título ba-nal, fazendo parte integrante donome, para distinguir de seus homô-nimos, ou se lhes dá por hábito”.Dito isto, o codificador não via nadade mais em Santo Agostinho e SãoLuís assinarem dessa forma suas co-municações. (Págs. 220 e 221.)

123. Referindo-se no mesmo co-mentário ao Espírito de Verdade,Kardec diz que essa qualificação per-tence a um único Espírito e pode serconsiderada como um nome próprio.Está especificada no Evangelho. Ali-ás, acrescenta o codificador, esse Es-pírito se comunica raramente e ape-nas em circunstâncias especiais.(Pág. 221.)

124. Um leitor questiona o fatode ter sido o Espírito do dr. Cailleuxposto em estado magnético para verdesenrolar-se à sua frente o quadrode suas existências passadas. O fatonão parece contradizer o item 243d’O Livro dos Espíritos? Kardec dizque não, pois, ao contrário, vem con-firmar a possibilidade, para o Espí-rito, de conhecer suas existênciaspassadas. “O Livro dos Espíritos nãoé um tratado completo do Espiritis-mo; apenas apresenta as bases e ospontos fundamentais, que se devemdesenvolver sucessivamente pelo es-tudo e pela observação”, asseverouKardec. Ele ensina que a alma vêsuas migrações passadas, mas nãodiz quando nem como isto se dá. NosEspíritos atrasados, a visão é limita-da ao presente e se desenvolve coma inteligência e à medida que adqui-rem consciência de sua situação.(Págs. 221 e 222.) (Continua no pró-ximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

De Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 JULHO/2006

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“O curandeirismo é punidopara se resguardar a incolumidadepública. O indivíduo que, sem sermédico, faz a determinação deuma doença ou enfermidade pe-los sintomas; que, sem ser médi-co, faz operações; que, dizendo-se um “aparelho” de um espírito,em transe, receita ou opera, oufornece “garrafadas”, “raízes demato”; que usa “passes”, atitudes,posturas, palavras, rezas, enco-mendações, benzeções, esconju-ros, ou qualquer outro meio parafacilitar partos, curar a tosse re-belde, mordeduras de cobra, cân-cer, debelar a febre, tuberculose,hemorragia, espinhela caída, ca-tarata, surdez etc. - esse cidadãorepresenta um tremendo perigopara a saúde de um indetermina-do número de pessoas, cuja tute-la incumbe, inquestionavelmen-te, ao Estado.” Dito isto, o escri-vão Osório, da Comarca de Con-gonhas do Campo, prosseguiu aleitura da sentença do Juiz MárcioAristeu Monteiro de Barros, in-formando ao réu, “Zé Arigó”, apena de dezesseis meses de pri-são que lhe foi imposta pelo cri-me de curandeirismo, figura

O feitiço contra o feiticeiro

Texto de JOSÉ FRANCOFotos de LUIZ ALFREDO

delituosa que é prevista noart. 284 do Código PenalBrasileiro.

Sexta-feira, 20, a notíciacurta mas incisiva, transmi-tida pelas estações de rádioe televisão, deve ter trauma-tizado milhares de pessoasem todo o País: José Pedrode Freitas, “Zé Arigó”, co-nhecido até no exterior porsuas aparentes curas medi-únicas, fora condenado acumprir pena no xadrez deConselheiro Lafaiete, MinasGerais. Essa era a segundavez que o conhecido “mé-dium” enfrentava a Justiça.Pelo mesmo delito já havia sidocondenado (e indultado pelo Pre-sidente Kubitschek) em 1956. Asentença, proferida naquela tardede sexta-feira, colheu de surpresaos habitantes de Congonhas, ondeArigó, modesto funcionário públi-co, é estimado e admirado pormuitos. Ele, porém, recebeu resig-nado a notícia desfavorável. Afir-ma-se convencido de que cumprena Terra uma missão sobrenatural:“Agora vou ter muito tempo paraler o Evangelho” - disse, a cami-nho da prisão.

Desde a audiência de instruçãoe julgamento, em 22 de outubro,

estava sendoaguardada a ses-são pública duran-te a qual o magis-trado de Congo-nhas, presentes aspartes, daria pu-blicidade à sen-tença, condenan-do ou absolvendoJosé Pedro deFreitas, denuncia-do pelo ConselhoRegional de Me-dicina da Associ-ação Médica de

Minas Gerais. Esperava-se a fixa-ção do dia da audiência, quando oadvogado de Arigó, Professor JairLeonardo Lopes, foi surpreendidopela informação, extra-oficial, deque seu cliente havia sido conde-nado. Contra o “mago” de Congo-nhas - cidade que se transformou,nestes últimos dez anos, na Mecade doentes das mais distantes ori-gens - já havia sido encaminhadoà Delegacia de Vigilância manda-

do de prisão. O patrono deJosé Pedro de Freitas diri-giu-se, imediatamente,àquela cidade, onde nemmesmo o acusado e seus fa-miliares sabiam da decisão.Arigó voltava do seu sítiovestindo, como de seu hábi-to, calça e camisa-esporte,quando foi informado dasentença. Dispôs-se a seapresentar ao Juiz, o que fezem seguida. A poucos pas-sos de sua residência, dezminutos mais tarde, Arigósubia as escadas do Foro, emcompanhia do pai, Sr. Antô-nio de Freitas, e de seu filho

Tarcísio. Populares aproximaram-se, perguntando: “Que aconteceu?”À chegada do Juiz, instantes de-pois, disse-lhe o defensor do “mé-dium”: “Meritíssimo, tomando co-nhecimento de que meu cliente foicondenado, e sendo certo que nãoquer ele fugir à ação da Justiça,aqui está para apresentar-se a Vos-sa Excelência!”

Após a prolongada leitura dasentença, que ocupava várias pá-

ginas datilografadas em espaçodois, o réu levantou-se e agrade-ceu ao Juiz e ao Promotor Mar-celo José de Paula. Nessa altura,já havia gente chorando no recin-to do tribunal. Parentes e amigosdo réu. A emoção redobrou,quando uma tia de Arigó, entran-do na sala de audiências, bradouem pranto convulsivo: “Confor-me-se, meu filho, porque até Je-sus foi condenado!”

Como a delegacia de Congo-nhas não dispõe de veículo paraconduzir presos, Arigó foi para oxadrez dirigindo seu jipe, acom-panhado por dois soldados daForça Pública e pelos filhos e ir-mãos (ele tem seis filhos). O jipeera seguido por numerosos auto-móveis, cujas buzinas soavam lu-gubremente, expressando a fé dealguns adeptos nos misteriosospoderes do “médium”, os quais,para seu infortúnio, não bastarampara comover a Justiça.

(A reportagem ora publicadasaiu originalmente na revista OCruzeiro de 12 de dezembro de1964.)

A reportagem transcrita aolado, extraída da revista O Cruzei-ro de 12 de dezembro de 1964, éuma pequena mostra dos percalçosque acometem os grandes médiunsque têm vindo ao nosso mundo. SeZé Arigó, duas vezes condenadopela prática de curandeirismo, ti-vesse vivido à época de JoanaD´Arc, seu fim teria sido mais trá-gico – a morte na fogueira, o quecomprova que a 3a Revelação sur-giu na época própria, nem antesnem depois da data adequada.

Zé Arigó foi, logo depois deChico Xavier, o médium mais fa-moso deste País. Suas curas, tes-temunhadas tanto por médicos

Arigó: o cirurgião da faca enferrujadaaos 49 anos, num acidente de carroocorrido no ano passado, o homemmodesto do interior, conhecido porArigó, tornara-se uma lenda em seupaís de origem. Afirmando ser gui-ado pela voz sábia de um médicofalecido há muito tempo, e ao qualnunca conhecera pessoalmente, ocurandeiro sem instrução examina-va diariamente uma média de 300pacientes, fazendo diagnósticos ecurando-os numa fração de minu-tos... Tratou de quase todas as do-enças conhecidas, e a maioria deseus pacientes não apenas sobrevi-veu, mas encontra-se atualmentenum estado melhor ou em francorestabelecimento.” (Da Redação)

brasileiros como pelos americanos,atraíram para a pequena Congonhasdo Campo, no interior de MinasGerais, vultos importantes da ciên-cia, como o dr. Henry Puharich,doutor em Medicina, chefe de umaequipe que veio em maio de 1968dos Estados Unidos para verificarin loco as cirurgias espirituais.

O escritor americano John G.Fuller dedicou às curas promovidaspor Zé Arigó o livro “Arigó: O Cirur-gião da Faca Enferrujada”, escrito em1974, no qual podemos ler o seguintetestemunho escrito pelo dr. HenryPuharich, divulgado inicialmente narevista Time, em 16-10-1972:

“Até mesmo antes de sua morte

Zé Arigó na prisão

Ele ouviu impassível a leitura da sentença que o condenoua dezesseis meses de prisão. Submeteu-se, pacificamente,como se a pena pelo crime de curandeirismo nada maisfosse que uma provocação imposta pela Providência divinaàquele que se considera dotado de poderes milagrosos.