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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA O IMPACTO DA DEMANDA FISICA E COGNITIVA SOBRE O CONTROLE COGNITIVO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO FÍSICO EM PRATICANTES DE CICLISMO Daniel Carvalho Pereira NATAL -RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM

EDUCAÇÃO FÍSICA

O IMPACTO DA DEMANDA FISICA E COGNITIVA

SOBRE O CONTROLE COGNITIVO E SUA RELAÇÃO

COM O DESEMPENHO FÍSICO EM PRATICANTES DE

CICLISMO

Daniel Carvalho Pereira

NATAL -RN

2019

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O IMPACTO DA DEMANDA FISICA E COGNITIVA SOBRE O CONTROLE

COGNITIVO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO FÍSICO EM

PRATICANTES DE CICLISMO

DANIEL CARVALHO PEREIRA

Dissertação apresentada ao programa

de pós-graduação em Educação física

da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como pré-requisito para

obtenção do grau de Mestre em

Educação Física.

ORIENTADOR: Prof.Dr. HASSAN MOHAMED ELSANGEDY

COORIENTADOR: Prof.Dr. HENRIQUE BORTOLOTTI

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências

da Saúde - CCS

Pereira, Daniel Carvalho.

O impacto da demanda física e cognitiva sobre o controle cognitivo e

sua relação com o desempenho físico em praticantes de ciclismo / Daniel

Carvalho Pereira. - Natal, 2019.

69f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Educação Física.

Natal, RN, 2018.

Orientador: Hassan Mohamed Elsangedy.

Coorientador: Henrique Bortolotti.

1. Exercício - Dissertação. 2. Cognição - Dissertação. 3. Controle

cognitivo - Dissertação. 4. Desempenho - Dissertação. I. Mohamed

Elsangedy, Hassan. II. Bortolotti, Henrique. III. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 796

Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradecer aos meus pais Flávio Rogério de Souza Pereira

e Sybelle Regina Carvalho Pereira, por terem me proporcionado a melhor

educação disponível em todos esses anos de vida acadêmica, além de darem

todo o suporte para a realização deste Mestrado em um estado tão distante de

“casa”. Também gostaria de agradecer ao meu irmão Bruno Carvalho Pereira,

por ter me recebido em sua casa e me ajudado a evoluir como ser humano

nesses três anos de Nordeste.

Ao meu orientador Hassan Mohamed Elsangedy, por ter me aberto as

portas do seu local de trabalho, sendo tão solícito e disponível quando

necessário, facilitando minha adaptação ao grupo e à temática de trabalho

proposta. Também gostaria de dizer que, quando se pensa a conduta ideal de

um orientador, imagina-se exatamente a conduta que o senhor teve comigo.

Conduta esta que levarei como ensinamento para o resto da vida e que faz parte

de uma série de aprendizados incomensuráveis deste período no Rio Grande do

Norte.

À minha colega e companheira de pesquisa Raille Silva, você foi essencial

nesse processo. Obrigado por ter dividido todos os perrengues e ter ido até o fim

deste projeto comigo. Você é uma pessoa especial, com um futuro brilhante pela

frente. Sempre estarei na torcida por você, minha amiga!

À primeira amizade que eu fiz no Nordeste, Ludmila Cabral, obrigado por

ter me ajudado tanto desde a primeira semana em que cheguei em Natal. Teria

sido muito mais difícil sem você, pode contar sempre comigo para o que precisar!

À Érica Barbalho, por ter dividido comigo todas as fases deste Mestrado,

tornando-o um período muito melhor. Obrigado às pessoas especiais que fazem

parte do meu dia a dia, Gledson Tavares, Andres Vivas, Heloiana Faro, Mayra

Lima e todos do grupo Psicofisio.

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SUMÁRIO

ANEXOS ........................................................................................................... vii

APÊNDICES .................................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS ......................................................................................... ix

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... x

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ......................................... xi

RESUMO........................................................................................................... xii

ABSTRACT ...................................................................................................... xiii

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 20

2 OBJETIVOS .................................................................................................. 23

2.1 OBJETIVO PRINCIPAL .......................................................................... 23

2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS ................................................................ 23

3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 24

3.1 EFEITO AGUDO DO EXERCÍCIO SOBRE A COGNIÇÃO .................... 24

3.1.1 Flexibilidade cognitiva ................................................................... 25

3.1.2 Controle inibitório .......................................................................... 26

3.1.3 Memória de trabalho ...................................................................... 27

3.2 CONTROLE COGNITIVO ....................................................................... 28

3.2.1 Teoria do Duplo Mecanismo de Controle ..................................... 29

3.3 FADIGA MENTAL ................................................................................... 33

4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 35

4.1 DESENHO DO ESTUDO ........................................................................ 35

4.2 AMOSTRA .............................................................................................. 38

4.3 AVALIAÇÕES ..................................................................................... 39

4.3.1 Antropometria................................................................................. 39

4.3.2 Densitometria por dupla emissão de raio-X (DEXA) ................... 40

4.3.3 Frequência cardíaca de repouso .................................................. 40

4.3.4 Frequência cardíaca de reserva .................................................... 41

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4.3.5 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) ........................................ 41

4.3.6 Escala de Valência Afetiva ............................................................ 42

4.3.7 Escala de Pensamento Associativo e Dissociativo (PA/PD) ...... 42

4.3.8 Escala Analógica Visual (VAS)...................................................... 42

4.3.9 Escala de Humor de Brunel (Brums) ............................................ 43

4.3.10 Teste AX-Continuous Performance Task (AX-CPT) ...................... 43

4.4 DESENHO DAS SESSÕES .................................................................... 44

4.4.1 Sessão Familiarização ................................................................... 44

4.4.2 Teste Incremental Máximo (TIM) ................................................... 45

4.4.3 Sessões de teste contrarrelógio de 10km (CR10km) .................. 45

4.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO ............................................................... 47

5 RESULTADOS .............................................................................................. 49

6 DISCUSSÃO ................................................................................................. 55

7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 62

8 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 63

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ANEXOS

ANEXO I. Questionário Internacional De Atividade Física - Versão Curta

(IPAQ)................................................................................................................70

ANEXO II. Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR -Q).............73

ANEXO III. Escala de Percepção Subjetiva de Esforço....................................74

ANEXO IV. Escala de Valência Afetiva.......................................................75

ANEXO V. Escala De Pensamento Associativo e Dissociativo.........................76

ANEXO VI. Escala Visual Analógica(VAS)........................................................77

ANEXO VII. Questionário de Humor de Brunel (BRUMS).................................78

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APÊNDICES

Apêndice A. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.............................79

Apêndice B. Ficha de Avaliação.......................................................................81

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ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização da amostra...............................................................44

Tabela 2. Efeito da sessão com demanda cognitiva e física, e da sessão com

apenas demanda física sobre o controle cognitivo (n = 16)................................45

Tabela 3. Correlação do controle cognitivo e o desempenho físico..................46

Tabela 4. Comparação de desempenho entre a sessão com demanda cognitiva

e física com a sessão com apenas demanda física (n = 16).............................49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Acurácia da resposta média para cada grupo e tipo de tarefa (p < 0,025). Figura traduzida e retirada do estudo de Kamijo & Masaki (2016).................................................................................................................27

Figura 2. Ilustração do comportamento da função executiva em diferentes intensidades de exercício..................................................................................30

Figura 3. Delineamento da pesquisa............................................................... 33

Figura 4. Fluxograma do estudo.......................................................................35

Figura 5. Interface do teste AX-Continuous Performance Task (AX-CPT).......40

Figura 6. Sessão familiarização..............................................................................41

Figura 7. Formato das sessões demanda cognitiva e física e demanda física.43

Figura 8. Correlações significativas do PBI-RT após demanda física e cognitiva com o desempenho físico. Tempo do contrarrelógio na sessão demanda cognitiva e física (A), potência média na sessão demanda cognitiva e física (B), potência relativa média na sessão demanda cognitiva e física (C), potência relativa média na sessão demanda cognitiva e física (D), potência no teste incremental (E)...................................................................................................47

Figura 9. Correlações significativas do PBI-ERRO após demanda física e cognitiva com o desempenho fÍsico e pensamento associativo/dissossiativo na sessão demanda cognitiva e física. Potência relativa média (A), potência média (B), pensamento associativo/dissociativo no km 6 (C), pensamento associativo/dissociativo no km 8 (D), pensamento associativo/dissociativo km 10 (E).................................................................................................................48 Figura 10. Comportamento da PSE (A), afeto (B), pensamento associativo/dissociativo (C) e % da frequência cardíaca de reserva (D) a cada 2 km......................................................................................................................49

Figura 11. Comportamento da escala analógica visual de fadiga mental durante os protocolos experimentais. Diferença do VAS basal na sessão controle e

experimental. (p < 0,05)................................................................................................50

Figura 12. Comportamento dos domínios de humor (Brums)...........................51

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LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

PFC Córtex Pré-Frontal Lateral

CPT Continuous Performance Task

Em português: Tarefa de desempenho contínuo

PSE Percepção Subjetiva Esforço

PA/PD Escala De Pensamento Associativo/Dissociativo

VAS Escala Visual Analógica

BRUMS Escala de Humor de Brunel

CR Contrarrelógio

DXA Densitometria por Dupla Emissão de Raios-X

TIC Teste Incremental de Carga

PAR-Q Questionário de Prontidão Para Atividade Física

IPAQ Questionário Internacional de Atividade Física

PBI Proactive Behavioral Index

Em português: Índice de comportamento proativo

RT Tempo de Reação

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RESUMO

O IMPACTO DA DEMANDA FISICA E COGNITIVA SOBRE O CONTROLE

COGNITIVO E SUA RELAÇÃO COM O DESEMPENHO FÍSICO EM

PRATICANTES DE CICLISMO

Autor: Daniel Carvalho Pereira

Orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

Introdução: A teoria do duplo mecanismo de controle cognitivo (DMC) sugere que agimos de duas formas na realização de uma tarefa, proativamente mantendo o objetivo de forma sustentada ou reativamente recrutando a atenção apenas quando necessário. Esportes de endurance têm como característica a manutenção da meta por um período prolongado de tempo, podendo a manutenção desse objetivo sofrer mudanças em decorrência de diversos estímulos (físicos/mentais), influenciando o desempenho físico. Objetivos: Verificar o efeito da demanda física e cognitiva sobre a predominância do controle cognitivo (proativo/reativo) em praticantes de ciclismo. Métodos: 16 homens, adultos jovens (29,4 ± 5,2 anos), praticantes de ciclismo (5,4 ± 4,6 anos), percentual de gordura normal (22 ± 17,5), classificados como ciclistas não treinados (274,2 ± 47,9 watts), frequência de treinamento de 3,5 ± 1,5 dias/semana e 123,8 ± 60,5 quilômetros/semana. Estudo experimental contou com quatro visitas, sendo a primeira de familiarização com as escalas e teste incremental; segunda e terceira sessões randomizadas, sendo que uma sessão contou com o teste cognitivo antes do exercício físico (contrarrelógio 10km) e na sessão controle eles permaneceram em repouso com tempo equivalente; a quarta sessão foi destinada apenas à avaliação da composição corporal. Para avaliar o controle cognitivo, foi utilizado o teste computadorizado AX-CPT, a partir do índice de comportamento proativo (Proactive Behavioral Index - PBI). Foi realizado o teste de Friedman seguido pelo teste post hoc de Dunn, para analisar o efeito do tempo sobre o controle cognitivo. O nível de significância estabelecido foi de p<0,05. Resultados: O exercício físico realizado com demanda cognitiva prévia provocou mudança significante no tempo de reação do PBI (PBI-RT) (x²(2) = 6,500, p=0,039). O teste post hoc revelou um decréscimo significativo (mediana = 0,06 ms) entre o momento basal quando comparado com a demanda cognitiva e física (p=0,039). Conclusão: Nossos achados demonstraram que a associação de uma demanda cognitiva e física promoveu uma diminuição do controle proativo e apenas a demanda física não foi capaz de alterar o controle cognitivo.

Palavras-chave: Exercício, cognição, controle cognitivo, desempenho

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ABSTRACT

THE IMPACT OF PHYSICAL AND COGNITIVE DEMAND ON COGNITIVE CONTROL AND ITS RELATIONSHIP WITH THE PHYSICAL

PERFORMANCE IN CYCLING

Author: Daniel Carvalho Pereira Advisor: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

Introduction: The dual-mechanisms of control (DMC) theory suggests that we

act in two ways in performing a task, proactively maintaining the goal sustainably

or reactively recruiting attention only when necessary. Endurance sports have the

characteristic of maintaining the goal for an extended time, and the maintenance

of this can be changed due to several stimuli (physical/mental), influencing

physical performance. Objectives: To verify the effect of physical and cognitive

demands on the predominance of cognitive control (proactive/reactive) in cycling.

Methods: 16 males, young adults (29.4 ± 5.2 years), cycling practitioners (5.4 ±

4.6 years), normal body fat (22 ± 17.5%), classified as untrained cyclists ( 274.2

± 47.9 watts), training frequency of 3.5 ± 1.5 days/week and 123.8 ± 60.5

kilometers/week. Experimental study had four visits, being the first one familiar

with the scales and incremental test; second and third randomized sessions, one

session counted on the cognitive test before physical exercise (10 km time trial

against the clock) and in the control session they remained at rest with equivalent

time; the fourth session was intended only for the evaluation of body composition.

To evaluate cognitive control, the computerized AX-CPT test was used, based

on the Proactive Behavioral Index (PBI). The Friedman test was followed by

Dunn's post hoc test to analyze the effect of time on cognitive control. The level

of significance was set at p < 0.05. Results: Physical exercise performed with

previous cognitive demand caused a significant change in the reaction time of the

PBI (PBI-RT) (x² (2) = 6,500, p = 0.039). The post hoc test revealed a significant

decrease (median = 0.06 ms) between baseline when compared to cognitive and

physical demand (p = 0.039). Conclusion: Our findings demonstrated that the

association of a cognitive and physical demand promoted a decrease of the

proactive control and only the physical demand was not able to change the

cognitive control.

Keywords: Exercise, cognitive, performance

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1 INTRODUÇÃO

O controle cognitivo refere-se à administração deliberada de pensamentos e

ações e descreve um grupo de funções mentais de cima para baixo que estão

engajadas para selecionar, programar e coordenar ações voluntárias (DIAMOND,

2013). Os componentes centrais do controle cognitivo incluem controle inibitório,

flexibilidade cognitiva e memória de trabalho (ZELAZO, 2015). Esses três

componentes responsáveis pela tomada de decisão são suscetíveis a interferências

externas, como o exercício físico agudo, que é um fator ambiental capaz de melhorar

o desempenho dos processos cognitivos (CHANG et al., 2012), interferindo

positivamente na memória de trabalho (KAMIJO; ABE, 2018), no controle inibitório

(LABELLE et al., 2013) e na flexibilidade cognitiva (LERCHE et al., 2018).

A teoria do Duplo Mecanismo de Controle (DMC) tem proposto o controle

cognitivo como importante mediador do processo de tomada de decisão. Essa

capacidade corresponde à habilidade de regular, coordenar e sequenciar

pensamentos e ações de acordo com metas comportamentais internamente mantidas

(BRAVER, 2012a). Segundo Braver (2012), esse controle opera por dois modos

distintos que coexistem e variam no intra e entre sujeitos, assim, indivíduos que

apresentam um controle cognitivo com predominância proativa são caracterizados

pela capacidade de manter o objetivo de forma sustentada no córtex pré-frontal,

enquanto o sistema reativo recruta atenção apenas no momento da interferência

através de uma ativação transiente do córtex (BRAVER et al., 2009). Ambos os

mecanismos possuem suas vantagens e desvantagens.

O controle proativo é geralmente muito eficiente, porém altamente exigente da

memória de trabalho, em razão da manutenção ativa de informações relevantes ao

objetivo durante períodos relativamente longos (BURGESS et al., 2011). Essa

manutenção é extremamente dependente da disponibilidade do neurotransmissor

dopamina (WESTBROOK; BRAVER, 2016). Já o controle reativo é mobilizado mais

tarde, em resposta a eventos imprevistos para resolver a interferência depois que ele

ocorre (BRAVER; GRAY; BURGESS, 2008). Como tal, é menos exigente em

decorrência da ativação transitória do córtex pré-frontal dorsolateral (DLCP) utilizando

informações relevantes disponíveis no momento da realização do objetivo. Esse

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controle cognitivo exige menos fisiologicamente do organismo, pois não depende do

sistema dopaminérgico para que seja ativado (BRAVER et al., 2009).

O controle cognitivo proativo e o reativo operam de maneira distinta no que diz

respeito à ativação cortical e sistema energético (WESTBROOK; BRAVER, 2016). Por

essa razão, possivelmente são afetados de forma diferente com a quebra da

homeostase encefálica, induzindo a modificação na predominância do perfil cognitivo

e, consequentemente, na forma de tomada de decisão ao longo e após a realização

de exercícios físicos de alta intensidade (WOHLWEND et al., 2017).

O desempenho na prática de diversas modalidades esportivas está diretamente

relacionado com a forma como reagimos para a tomada de decisão (BARTE et al.,

2018; RENFREE et al., 2014). Por exemplo, a capacidade de manter o foco de forma

sustentada inibindo qualquer distração externa (e.g., torcida) ou interna (e.g.,

sensação de fadiga), bem como a antecipação de qualquer alteração no trajeto (e.g.,

subida/decida) ou meteorológica (e.g., vento/chuva) podem ser determinantes no

resultado final da prova e fator crucial da vitória ou derrota do atleta (BRICK;

MACINTYRE; CAMPBELL, 2016). Outro aspecto imprescindível é que, nos dias

atuais, esportistas amadores e profissionais são expostos a demandas cognitivas em

diferentes atividades relacionadas ao cotidiano, potencializando o desenvolvimento

de um estado alterado do controle cognitivo. A fadiga mental é um estado

psicofisiológico causado por uma atividade cognitiva prolongada, altamente exigente

e sustentada que induz a sensação de cansaço e falta de energia (ISHII; TANAKA;

WATANABE, 2014), que pode produzir efeitos diferentes de acordo com o padrão

cognitivo de cada indivíduo e interferir no desempenho físico de praticantes de

endurance (MARTIN et al., 2016a).

Em ambiente labotorial, a versão longa do teste de atenção sustentada AX-

Continuous Performance Task (AX-CPT) é muito utilizada para promover fadiga

mental (<90 minutos) e estudar os efeitos dessa condição em diferentes contextos

(MARCORA; STAIANO; MANNING, 2009). O AX-CPT é também empregado para

avaliação do controle cognitivo proativo e reativo. Este estudo se ampara nesse teste

sob duas perspectivas: avaliar o controle cognitvo (GONTHIER et al., 2016) e causar

demanda cognitiva prévia (MARCORA; STAIANO; MANNING, 2009).

Ainda não há consenso na literatura sobre a relação do controle cognitivo

(proativo/reativo) como mediador do processo de tomada de decisão no desempenho

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esportivo, bem como se existe modulação desse controle cognitivo em decorrência do

exercício físico, havendo assim uma lacuna a ser explorada sobre como o duplo

mecanismo de controle cognitivo (proativo/reativo) e o contexto esportivo interagem.

Bem como, se as características predominantes de uma forma de controle cognitivo

estão ligadas ao desempenho físico, indivíduos com características relacionadas a um

controle cognitivo proativo apresentam melhor desempenho esportivo do que os

possuem controle predominantemente controle cognitivo reativo (CONA et al., 2015;

MARTIN et al., 2016) podendo a determinação do mecanismo de controle cognitivo

ser uma ferramenta sensível na predição de desempenho físico. Além disso, não se

conhecem estudos que tenham investigado a relação entre as demandas cognitiva e

física sobre o controle cognitivo (proativo/reativo) de ciclistas.

Nesse particular, a hipótese desta pesquisa é a de que o exercício físico

provocaria mudança no controle cognitivo, e a associação da demanda física e

cognitiva acentuaria essa mudança em direção ao controle reativo. Outrossim, o

controle cognitivo basal proativo estaria relacionado ao melhor desempenho físico.

Também acreditamos que o teste AX-CPT de 20 minutos não causará fadiga mental

e a demanda cognitiva prévia não provocará efeito na performance física.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO PRINCIPAL

Verificar o efeito da demanda física e cognitiva sobre a predominância do

controle cognitivo (proativo/ reativo) em praticantes de ciclismo.

2.2 OBJETIVOS SECUNDÁRIOS

Verificar a relação entre a predominância do controle cognitivo (basal, com

demanda cognitiva e física e com demanda física) e o desempenho físico;

Verificar se o teste de atenção sustentada AX-CPT de 20 minutos causa fadiga

mental;

Verificar se a demanda cognitiva influencia o desempenho físico.

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3 REVISÃO DE LITERATURA

Esta revisão abordará primeiramente o controle cognitivo e focará nos

principais mecanismos da função executiva o controle inibitório, a memória de trabalho

e flexibilidade cognitiva. Em seguida veremos o efeito agudo do exercício sobre estes

três domínios da cognição e exploraremos a relação com o desempenho físico do

controle inibitório e a memória de trabalho.

No terceiro tópico apresentaremos a teoria do duplo mecanismo de controle

(DMC) através do conceito, localização de ativação cortical e metabolismo energético

utilizado em cada modo de controle cognitivo (proativo e reativo). Abordaremos

também os estudos já realizados sobre o DMC em contextos patológicos e esportivos

na caracterização de grupos e modulação intra-individual do controle cognitivo. Na

última parte traremos a fadiga mental e sua influência sobre a cognição e o

desempenho físico.

3.1 EFEITO AGUDO DO EXERCÍCIO SOBRE A COGNIÇÃO

O exercício físico é um agente estressor que causa impacto imediato na

homeostase fisiológica, aumentando a frequência cardíaca, frequência respiratória,

pressão arterial e alterando níveis séricos, provocando mudanças positivas e

negativas no funcionamento do corpo e do cérebro (BASSO; SUZUKI, 2017).

A cognição é um tema que tem recebido mais atenção no século XXI. As

pesquisas revelam que efeitos agudos do exercício sobre essa capacidade humana

já são consolidados e os principais domínios explorados são a flexibilidade cognitiva,

controle inibitório e memória de trabalho (CHANG et al., 2012a). De modo geral, as

funções executivas são processos cognitivos de ordem superior, influenciados por

processos cognitivos de ordem inferior (DIAMOND, 2013) responsáveis pela

manutenção do comportamento, emoções e pensamento (FRIEDMAN; MIYAKE,

2017). Os domínios cognitivos amadurecem e se desenvolvem de forma divergente

entre os indivíduos. O controle inibitório, por exemplo, inicia seu desenvolvimento na

infância e o auge da sua maturação acontece na adolescência; a flexibilidade cognitiva

também inicia seu desenvolvimento na infância, alcançando seu pico maturacional na

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fase adulta (CEPEDA et al., 2001). Já a memória de trabalho continua a progredir ao

longo da fase adulta (HUIZINGA et al., 2006).

Estímulos ambientais, como a prática de atividade física, podem influenciar

favoravelmente o desenvolvimento cerebral e, por conseguinte, a melhora no

desempenho cognitivo (GOMES DA SILVA; ARIDA, 2015). Portanto, de acordo com

as demandas cognitivas das atividades rotineiras, alguns indivíduos podem

desenvolver um controle inibitório mais eficiente, enquanto outros podem apresentar

melhor desempenho em tarefas que envolvem a memória de trabalho (LUNA et al.,

2004).

Em recente revisão sobre os efeitos agudos do exercício físico acerca da

cognição, foram relatadas melhoras nas funções executivas dependentes do córtex

pré-frontal, incluindo atenção, resolução de problemas, flexibilidade cognitiva, fluência

verbal, tomada de decisão e controle inibitório (CHANG et al., 2012a). Estudos têm

demonstrado que os efeitos do exercício físico sobre a cognição são intensidade

dependentes, consistentes com uma perspectiva U invertido, com benefícios quando

realizado em intensidade moderada e prejuízos quando realizado em intensidade leve

e vigorosa (HILLMAN; KAMIJO; PONTIFEX, 2012; (WOHLWEND et al., 2017). Esse

efeito tem sido atribuído ao aumento no fluxo sanguíneo regional e aporte energético

(COLCOMBE et al., 2004; ERICKSON et al., 2009), pela maior atividade de

neurotransmissores (MCMORRIS, 2016) ou pela hipótese de adaptações em

estruturas cerebrais e plasticidade sináptica (COLCOMBE et al., 2004).

Ainda existe certa controvérsia sobre os efeitos agudos que a demanda física

causa no controle cognitivo (CHANG, 2012; BERSE, 2015; SILVA, 2018). Visando

esclarecer estes efeitos, para que ocorra a melhor compreensão do tema, faz-se

necessário o aprofundamento nos domínios de interesse deste estudo.

3.1.1 Flexibilidade cognitiva

Esse subdomínio inicia seu desenvolvimento entre 7 e 9 anos de idade,

tornando-se maduro por volta dos 10 anos. Entretanto, continua seu desenvolvimento

ao longo da adolescência e idade adulta, alcançando seu auge entre 21 e 30 anos de

idade (CEPEDA et al., 2001). A flexibilidade cognitiva depende de outros subdomínios,

incluindo controle inibitório, memória de trabalho e atenção. Essa habilidade possibilita

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mudança de pensamento e direcionamento da atenção para auxiliar a resolução de

problemas, é responsável por pensar “fora da caixa” (DIAMOND, 2013). Essa função

executiva é de difícil dissociação dos outros mecanismos cognitivos, possivelmente

sendo a mais negligenciada pela literatura (LUDYGA et al., 2018). Os estudos

relacionando o exercício físico a esse domínio cognitivo mostram ser possível alterar

de forma aguda esse processo cognitivo (CHANG et al., 2012).

Procurando elucidar o comportamento da memória de trabalho e da

flexibilidade cognitiva em temperaturas quentes e frias, um estudo com 20 homens

adultos realizando um protocolo de atividade física moderada demonstrou melhora na

memória de trabalho, mas não se observou diferença significativa na flexibilidade

cognitiva em nenhuma das condições (JI et al., 2017). Ao analisar o efeito agudo do

exercício físico sobre a flexibilidade cognitiva em 297 estudantes entre 13 e 17 anos,

foi encontrada melhora da flexibilidade cognitiva em intensidade vigorosa (BERSE et

al., 2015).

A intensidade corresponde a um fator crucial ao aprimoramento da flexibilidade

cognitiva, sendo moderada de forma diferente a interferência do exercício físico nesse

domínio da cognição (BERSE et al., 2015; WANG et al., 2015; JI et al., 2017). As

funções executivas memória de trabalho e controle inibitório revelam ter um

comportamento em forma de U invertido, ocorrendo melhora cognitiva em intensidade

moderada e redução dos benefícios do exercício em intensidades leves e intensas

(WOHLWEND et al., 2017). Já a flexibilidade cognitiva parece não sofrer efeitos

agudos do exercício em intensidades leves e moderadas (JI et al., 2017; WANG et al.,

2015), sendo encontradas melhoras somente em intensidades altas (BERSE et al.,

2015).

3.1.2 Controle inibitório

O controle inibitório corresponde à capacidade que o indivíduo tem de controlar

a atenção, ter disciplina e autocontrole, de inibir pensamentos e comportamentos pré-

existentes, além de resistir a interferência de distratores (DIAMOND, 2013). Trata-se

da habilidade de resistir ao impulso inicial; um sujeito com bom controle inibitório não

cede a estímulos externos, nem a impulsos internos, pensa antes de agir (DIAMOND;

LING, 2016). Esse subdomínio recebe muita atenção na literatura; estudos relacionam

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o melhor controle inibitório ao sucesso profissional, pessoal e, mais recentemente,

com o desempenho físico (CONA et al., 2015). Responsável pelo controle da atenção,

comportamento, pensamento e emoção, é um processo fundamental para

manutenção de metas (DIAMOND, 2013).

Esse processo cognitivo mostrou ser sensível ao estímulo físico, afetando

agudamente a capacidade de o praticante inibir interferências no cumprimento da

tarefa após a prática de exercício físico (CHANG et al., 2012a). De forma geral, as

revisões apontam melhorias na inibição e seus efeitos positivos persistem até duas

horas após o cessar da atividade (CHANG et al., 2012). Existe certa controvérsia

sobre os efeitos agudos do exercício no controle inibitório, isso podendo se dar pela

heterogeneidade dos protocolos utilizados na verificação dessa relação, diferindo na

maioria das pesquisas tanto no estímulo físico quanto no teste cognitivo (BASSO;

SUZUKI, 2017).

Além dos efeitos agudos na cognição, uma vertente da literatura vem ligando o

controle inibitório superior ao desempenho físico, podendo ser uma ferramenta útil na

detecção de talentos, principalmente em esportes de endurance (MARTIN et al.,

2016). Ultramaratonistas que apresentaram o melhor controle inibitório realizaram

uma prova de 80 km de corrida em menor tempo, podendo a capacidade de inibir

sensações desagradáveis e distrações ser uma característica relevante e

predominante em atletas talentosos (CONA et al., 2015). Ciclistas de estrada também

mostraram superioridade do controle inibitório em comparação a ciclistas

recreacionais tanto na tarefa cognitiva quanto na resistência aos efeitos da fadiga

mental, demonstrando que um controle inibitório mais robusto pode ser o diferencial

entre atletas profissionais e recreacionais (MARTIN et al., 2016)

3.1.3 Memória de trabalho

A memória de trabalho pode ser descrita por inteligência fluida, raciocínio e

velocidade de processamento. Esse subdomínio é essencial para nossa habilidade de

ver conexões entre coisas aparentemente não relacionadas (DIAMOND, 2013). A

característica fundamental da memória de trabalho é o processamento da informação,

ou a capacidade de atualizar e manter ativamente informações de contexto e preparar-

se para responder apropriadamente aos estímulos futuros (BRAVER; GRAY;

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BURGESS, 2008). Estas informações são estímulos ou eventos anteriores

representados internamente que servem para guiar os processos de atenção e

inibição. Elas também estruturam a codificação, a manutenção e a recuperação de

informações na memória (RAINE et al., 2016). As representações de contexto são

internamente mantidas na memória de trabalho para guiar a atenção, o planejamento

e o comportamento, a fim de gerar resultados específicos (BRAVER; GRAY;

BURGESS, 2008; DIAMOND, 2013). Assim, a manutenção do contexto preserva a

integridade das informações relevantes ao longo do tempo na memória de trabalho,

tem consequências importantes sobre como a informação é representada e

processada (PAXTON et al., 2008).

O exercício físico agudo influencia positivamente a memória de trabalho,

aumentando a capacidade de reter a informação de contexto até 30 minutos após o

cessar da atividade, sobremaneira em intensidade moderada (CHANG et al., 2012).

No entanto, pode ter efeito benéfico diminuído com exercício de baixa e alta

intensidade (WOHLWEND et al., 2017), ou mesmo ser prejudicada quando o exercício

físico é realizado simultaneamente com demanda cognitiva (KAMIJO; ABE, 2018),

sendo o estresse metabólico causado pela associação da demanda física e cognitiva,

prejudicial a manutenção da informação.

3.2 CONTROLE COGNITIVO

O controle cognitivo refere-se ao controle de habilidades neurocognitivas,

responsáveis por ações coordenadas, com o propósito de atingir um objetivo,

habilidades atencionais, dependentes de circuitos neurais específicos, principalmente

do córtex pré-frontal. Controlam e direcionam nosso comportamento através de três

habilidades intraindividuais específicas já citadas: a flexibilidade cognitiva, capacidade

de pensar em um objetivo por várias perspectivas ou alternar pensamentos entre

vários objetivos; a memória de trabalho responsável pela manutenção ativa da

informação de forma sustentada na mente e o controle inibitório capaz de suprimir

qualquer interferência na realização da tarefa (ZELAZO, 2015). A maioria das

propostas de estudo da capacidade cognitiva no contexto esportivo tem sido realizada

de forma específica, ou seja, considerando apenas uma das características do

controle cognitivo. Entretanto, Braver (2012) propôs a Teoria do Duplo Mecanismo de

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Controle que engloba a manipulação dessas três capacidades cognitivas, o que pode

nos ajudar a compreender os processos de tomada de decisão no meio esportivo.

3.2.1 Teoria do Duplo Mecanismo de Controle

Visando explorar os mecanismos subjacentes ao processamento do controle

cognitivo, a teoria do Duplo Mecanismo de Controle (DMC) (BRAVER, 2012) sugere

que existem duas vias distintas que se complementam, a fim de atingir o objetivo de

maneira mais eficiente contabilizando o custo-benefício das ações desejadas. O

controle proativo, caracterizado pela manutenção da memória de trabalho de forma

sustentada e da inibição de qualquer interferência, utiliza-se de redes neurais do

córtex pré-frontal (CPF) e grande aporte energético para manter-se engajado nessa

forma controle. Já o controle reativo, o componente atencional, é recrutado apenas

em resposta a uma interferência externa, caracterizado pela correção tardia da tarefa.

Utiliza-se da flexibilidade cognitiva para adaptar a resposta mais adequada, da

ativação transiente do córtex pré-frontal lateral (CPFL), sendo menos custosa e menos

eficiente (BRAVER; GRAY; BURGESS, 2008). Assim, característica fundamental do

controle cognitivo reativo é o menor preparo e maior utilização da flexibilidade

cognitiva para executar de forma adequada a tarefa enquanto o proativo tem maior

preparo, retendo a informação na memória de trabalho e inibindo as distrações

(BRAVER; COLE; YARKONI, 2010).

Já é bem estabelecida a localização no córtex pré-frontal dos mecanismos de

controle cognitivo, com a ativação sustentada no controle proativo e ativação

transiente no controle reativo. Essa ativação transiente diz respeito à utilização de

regiões adicionais como o córtex cingulado anterior (ACC) responsável pelo

monitoramento de conflito durante a realização da tarefa.

Um substrato energético chave do sistema nervoso central utilizado na

manutenção do controle proativo é a dopamina (WESTBROOK; BRAVER, 2016).

Neurotransmissor da família das catecolaminas, com epinefrina e norepinefrina, é

responsável pela motivação, aprendizado, memória de trabalho e tomada de decisão

(MCMORRIS; HALE, 2015). A dopamina influencia a alocação da memória de

trabalho, modulando os parâmetros funcionais dos circuitos neurais, que induzem a

estabilidade das representações na memória de trabalho. Um tônus extrassináptico

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mais elevado promove maior estabilidade da informação. Também é crítica para a

seleção de ações, agregando valor à seleção de ações via dinâmica de erro e predição

de recompensas, potencializando comportamentos que maximizam a recompensa em

relação ao esforço em um contexto (KURNIAWAN, 2011; LEDONNE; MERCURI,

2017; WESTBROOK; BRAVER, 2016).

A dopamina possui cinco tipos de receptores no cérebro: D1, D2, D3, D4, D5,

que se concentram de forma distinta pelo córtex e realizam funções específicas na

cognição (LEDONNE; MERCURI, 2017). Os receptores da família D1 merecem

atenção especial, por serem altamente expressos no córtex pré-frontal, no corpo

estriado e moderadamente no hipocampo. Auxiliam no controle da memória de

trabalho, da flexibilidade comportamental, da tomada de decisão e dos

comportamentos direcionados por objetivos, bem como na aprendizagem e memória

dependentes do hipocampo. D1 e D5 regulam a excitabilidade dos neurônios

piramidais corticais, excitações recorrentes nas redes neuronais subjacentes às

funções executivas, além de controlar a plasticidade sináptica no corpo estriado e no

hipocampo (HANSEN; MANAHAN-VAUGHAN, 2014; RAGOZZINO, 2002).

A sinalização de receptores do córtex pré-frontal é responsável pelo controle

da memória de trabalho e inibição. Já a sinalização dos receptores D2 no estriado

ventral, região fora do córtex pré-frontal, pode ser responsável por aumentar a

flexibilidade cognitiva (SAMANEZ-LARKIN et al., 2013). A necessidade de

estabilidade e flexibilidade da memória de trabalho, durante os episódios de controle

cognitivo, cria uma disputa no cérebro, e a densidade de receptores geneticamente

distribuídos e com alterações ao longo do tempo de vida pode ser determinante no

controle cognitivo do indivíduo (BRAVER; COLE; YARKONI, 2010).

A forma de processamento cognitivo vem se tornando um campo vasto de

estudo, evidenciando ser sensível na caracterização de diversas populações,

sobretudo com disfunções do sistema dopaminérgico, como portadores de Transtorno

de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) (GRANE et al., 2016; VAN HULST et

al., 2018), ansiedade (SCHMID; KLEIMAN; AMODIO, 2015), depressão

(VIJAYAKUMAR et al., 2016) e esquizofrenia (LESH et al., 2013).

Recentemente, também começou a ser objeto de pesquisa em populações

saudáveis. No estudo de Kamijo e Masaki (2016), 48 pré-adolescentes foram

avaliados e completaram o AX-CPT. Através de monitorização de atividade

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eletroencefalográfica, durante a realização do teste cognitivo, concluíram que a maior

aptidão cardiorrespiratória está associada a um controle proativo mais efetivo, ou seja,

as crianças com maior aptidão cardiorrespiratória apresentaram melhor acurácia nas

respostas na tarefa não alvo (BX), em comparação às respostas na tarefa-alvo (AY).

Já as crianças com baixa aptidão cardiorrespiratória apresentaram respostas

semelhantes em ambas as tarefas (ver Figura 1). Esse paradigma também foi utilizado

para investigar as diferenças cognitivas entre os praticantes de boxe e esgrima,

demonstrando que a forma de controle cognitivo pode diferir de acordo com a

especialização da modalidade praticada (BIANCO et al., 2017).

Figura 1. Acurácia da resposta média para cada grupo e tipo de tarefa (p < 0,025). Figura traduzida e retirada do estudo de Kamijo & Masaki (2016)

A maior eficiência de processos de ação antecipatória e preparatória tem sido

destacada como uma habilidade avançada em atletas de elite (BALSER et al., 2014).

Essas conclusões advêm de estudos que utilizaram um protocolo de característica

Tarefa de Parada de Sinal (“Stop Signal Task” (SST)), em que a manipulação da tarefa

permitiu comparar a inibição proativa e reativa entre atletas e não atletas; verificou-se

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melhor controle proativo e reativo em atletas quando comparado aos seus pares não

atletas (BALSER et al., 2014; BREVERS et al., 2018). Esses resultados apontam para

uma variação do controle cognitivo em razão da modalidade, bem como do nível de

treinamento (exemplo, atleta recreacional versus atleta de alto rendimento).

Apesar de pouco explorado, um artigo recente propôs que ciclistas, ao

executarem a prova de contrarrelógio, utilizam-se tanto do controle proativo quanto do

reativo. É especulado que primeiramente existe uma predominância do controle

reativo que beneficia o ciclista por evitar o aumento da carga mental. Com o passar

do percurso, existe uma alteração para o controle proativo, o que possibilita a

manutenção do foco na estratégia de realização da prova (i.e., cadência de pedalada,

intensidade selecionada) e inibe distrações que venham a atrapalhar seu desempenho

(BRICK; MACINTYRE; CAMPBELL, 2016). Porém, essa proposta se baseia em um

estudo de caso sem dados objetivos, o que deve ser levado com ressalva para

extrapolar essas conclusões.

Compreender como os recursos atencionais/cognitivos são modulados durante

uma prova de endurance é relevante, visto que a seleção da melhor estratégia de

ritmo implicaria uso otimizado dos recursos energéticos durante o exercício e

resultaria no melhor desempenho possível (SKORSKI; ABBISS, 2017). O

desempenho em esportes de resistência, portanto, não reflete apenas as habilidades

físicas, mas também depende das tomadas de decisões realizadas durante a prova

(SCHIPHOF-GODART; ROELANDS; HETTINGA, 2018).

Essa tomada de decisão é um processo complexo, pois envolve inúmeras

variáveis fisiológicas e, também, processos cognitivos, como a percepção, atenção e

manutenção da meta em busca da estratégia adequada para obter o melhor resultado

(SKORSKI; ABBISS, 2017). Enxergar através do prisma do duplo mecanismo de

controle cognitivo pode ajudar a compreender a dinâmica pela qual os processos

cognitivos interagem durante uma prova de endurance e colaborar com o

planejamento de uma estratégia vencedora. Essa estratégia, contudo, é dependente

de diversos fatores ambientais que devem ser levados em conta. Um deles é que, nos

dias atuais, esportistas amadores e profissionais são expostos a demandas cognitivas

em diferentes atividades relacionadas ao cotidiano, potencializando o

desenvolvimento de um estado alterado do controle cognitivo, referenciado como

fadiga mental (PAGEAUX; LEPERS, 2018).

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3.3 FADIGA MENTAL

A fadiga mental consiste em um estado psicofisiológico que causa falta de

energia, aumento de sensação de fadiga, de cansaço, diminuição dos sentimentos de

motivação, mudanças na percepção e no humor (DANTZER et al., 2014). Causada a

partir de uma atividade cognitiva prolongada (ISHII; TANAKA; WATANABE, 2014),

resulta de uma falha em manter os níveis adequados de transmissão dopaminérgica

no estriado e no córtex cingulado anterior (LORIST; BOKSEM; RIDDERINKHOF,

2005), constantemente investigado através da aplicação de testes de atenção

utilizando-se predominantemente de recursos alocados no córtex pré-frontal. Os

instrumentos mais comuns são o teste Stroop e AX-CPT, sendo aplicados por

períodos de estímulo cognitivo superior a 30 minutos para ser observado o quadro de

fadiga mental (VAN CUTSEM et al., 2017).

Recentemente, diversos estudos ilustram o impacto negativo da fadiga mental

no desempenho físico (DANTZER et al., 2014; MARCORA; STAIANO; MANNING,

2009; VAN CUTSEM et al., 2017). Causada por diversos fatores presentes no dia a

dia dos atletas, é essencial o acompanhamento psicológico por parte do profissional

responsável, a fim de minimizar os efeitos negativos desse estado no desempenho do

treinamento e na competição (SCHIPHOF-GODART; ROELANDS; HETTINGA,

2018). O decréscimo no desempenho físico pode não ser provocado apenas por

alterações fisiológicas, como aumento da frequência cardíaca ou concentração de

lactato (MARCORA; STAIANO; MANNING, 2009), mas sim, também por acúmulo de

adenosina cerebral extracelular (PAGEAUX et al., 2015).

A adenosina é comumente ligada ao sono, percepção de cansaço e

sentimentos amotivacionais, atua como antagonista à dopamina, aumentando a

percepção de esforço, dificultando a manutenção da meta, a estabilidade da

informação e controle do movimento (MARTIN et al., 2018). Sua concentração evolui

após grandes períodos de vigilância e, também, após exercício físico realizado de

forma intensa, secretada a partir da estimulação de receptores do tipo D1; quando se

encontra em alta disponibilidade, inibe o sistema dopaminérgico (DWORAK et al.,

2007). Possivelmente, há dificuldade no engajamento do perfil proativo quando o

indivíduo se encontra sob a condição “fadigado mentalmente”, já que esse perfil

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cognitivo é dependente da utilização de dopamina pelo CPF (WESTBROOK;

BRAVER, 2016). O fato de não conseguir utilizar as vias responsáveis por essa forma

de controle cognitivo pode ter relação com a percepção de exercício mais extenuante,

já que a manutenção do contexto na memória de trabalho e a inibição de qualquer

sentimento aversivo estarão prejudicadas com o acúmulo de adenosina (MARTIN et

al., 2018)

Resumindo, o controle proativo é dependente de memória de trabalho e

controle inibitório que se utiliza de dopamina, através da ativação dos receptores do

tipo D1 do CPF (WESTBROOK; BRAVER, 2016). Esses receptores, quando

estimulados, secretam adenosina, neurotransmissor que funciona como antagonista

à dopamina, causando instabilidade da memória de trabalho (HANSEN; MANAHAN-

VAUGHAN, 2014; MARTIN et al., 2018). O controle reativo, baseado na flexibilidade

cognitiva, pode se valer de vias como a do estriado ventral mediante a sinalização de

receptores do tipo D2 de dopamina (SAMANEZ-LARKIN et al., 2013). Essa região

cortical pode sofrer menos impacto do acúmulo de adenosina. Quando exposta ao

exercício, a memória de trabalho e o controle inibitório demonstram comportamento

em forma de U invertido (WOHLWEND et al., 2017), tendo aprimoramento em

intensidades moderadas, enquanto a flexibilidade cognitiva aponta melhorias apenas

em exercício realizado em alta intensidade (BERSE et al., 2015) (ver Figura 2).

Figura 2. Ilustração do comportamento da função executiva em diferentes intensidades de exercício

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4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo de caráter experimental randomizado controlado

cruzado, conduzido ao Laboratório de pesquisa em Atividades Físicas, Neurociências

e Comportamento Humano (LABEX) do Departamento de Educação Física da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal, RN, Brasil. O

recrutamento dos voluntários e coleta dos dados ocorreram entre maio e dezembro

de 2018. Para verificar o efeito da demanda física e cognitiva sobre a predominância

do controle cognitivo (proativo/ reativo) em ciclistas, adultos jovens do sexo masculino

praticantes de ciclismo da cidade de Natal foram convidados a participar da referida

pesquisa através de mídias sociais.

Este estudo faz parte de um projeto de pesquisa maior, que tem como objetivo

investigar o efeito do incremento da intensidade do exercício sobre o controle

inibitório, afeto, foco de atenção, sistema autonômico cardíaco, interocepção e

oxigenação do córtex pré-frontal em atletas de alto nível. Diversas variáveis foram

investigadas; no entanto, apresentamos apenas as variáveis pertinentes aos objetivos

propostos neste estudo. A pesquisa foi conduzida conforme estabelece a Declaração

de Helsinque e a Resolução n. 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde do Brasil,

assim como foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, sob o parecer n. 2.444.566/2017.

O experimento foi realizado em quatro visitas. Após a triagem inicial (online),

foi agendada a primeira visita dos participantes elegíveis. Nesta ocasião, foi assinado

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), realizado a anamnese

utilizando o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) e o Questionário de

Prontidão para Atividade Física (PAR-Q). Ainda foi realizada a familiarização com as

escalas utilizadas no estudo: a de Percepção Subjetiva do Esforço (PSE); a Escala de

Pensamento Associativo/Dissociativo (PA/PD); a Escala Visual Analógica (VAS); a

Escala de Valência Afetiva (EVA) e a Escala de Humor de Brunel (Brums). Além disso,

os participantes realizaram um teste incremental em um cicloergômetro (Velotron,

Racermate, Inc., Seattle, WA, EUA) para caracterização da amostra.

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As duas sessões seguintes (sessão com demanda cognitiva e física e sessão

com apenas demanda física) foram randomizadas e contrabalanceadas. Na sessão

demanda cognitiva e física, foi utilizado o teste AX-Continuous Performance Task (AX-

CPT) para a caracterização do controle cognitivo basal e foi considerado como uma

demanda cognitiva pré-exercício. Na sessão com apenas demanda física, o avaliado

permaneceu em repouso por tempo equivalente ao teste cognitivo no momento pré-

exercício. Nas duas sessões, foram realizados os testes cognitivos (AX-CPT)

imediatamente após um teste de contrarrelógio de 10 km (demanda física).

A quarta visita foi realizada na Base de Pesquisa em Atividade Física em Saúde

e Laboratório do Movimento (LABMOV-UFRN), a qual foi destinada à avaliação da

composição corporal por meio da Densitometria por Dupla Emissão de Raios-X (DXA)

(ver Figura 3).

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Figura 3. Delineamento da pesquisa Legenda: TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; PAR-Q = Questionário de Prontidão Para Atividade Física; IPAQ = Questionário Internacional De Atividade Física; PSE = Percepção Subjetiva Esforço; PA/PD = Escala de Pensamento Associativo/Dissociativo; VAS = Escala Visual Analógica; Brums = Escala de Humor de Brunel; AX-CPT = AX-Continuous Performance Task; CR10KM = Contrarrelógio de 10 quilômetros; DXA = Densitometria por Dupla Emissão de Raios-X.

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4.2 AMOSTRA

O recrutamento da amostra deu-se através de mídias sociais, entre os

meses de junho a dezembro de 2018, com base nos seguintes critérios de

elegibilidade: indivíduos do sexo masculino com idade entre 18 e 40 anos; com

experiência em competição e/ou percorrer, no mínimo, 50 km por semana; termo

de consentimento livre e esclarecido (TCLE) devidamente assinado. Critérios de

exclusão: não comparecimento a uma das sessões experimentais e

apresentação de algum comprometimento de saúde, segundo o questionário

PAR-q. Os participantes que entraram em contato após recebimento do convite

ao estudo através de redes sociais foram instruídos a responder a um

questionário on-line; em seguida, foi agendada a primeira visita.

O questionário on-line foi respondido por 43 voluntários. Após

responderem ao formulário on-line, 23 voluntários foram excluídos pelos

seguintes motivos: dois por serem do sexo feminino; cinco por não terem

participado de competição e/ou não percorrer pelo menos 50 km por semana;

oito por estarem fora da faixa etária do estudo e outros oito por não retornarem

ao nosso contato. Portanto, somente 20 foram elegíveis e deram o

consentimento para participar do estudo Durante o estudo, um participante foi

excluído por ter respondido “sim” ao questionário de prontidão para atividade

física (PAR-Q), um por ter apresentado sonolência durante o teste cognitivo e

dois por não realizarem todas as sessões experimentais. Por fim, um total de 16

participantes foram incluídos na análise dos dados (ver Figura 4).

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Figura 4. Fluxograma do estudo

4.3 AVALIAÇÕES

4.3.1 Antropometria

A massa corporal e estatura foram mensuradas por uma balança

mecânica com estadiômetro acoplado (Welmy, W300®, Brasil), conforme

procedimentos previamente descritos e recomendados pelos Padrões

Internacionais para Avaliação Antropométrica. O índice de massa corporal (IMC)

dos participantes foi calculado pela razão entre a massa corporal em

quilogramas e a estatura em metros, elevado à segunda potência (kg/m2).

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4.3.2 Densitometria por dupla emissão de raio-X (DEXA)

A avaliação da composição corporal foi realizada pela Densitometria por

Dupla Emissão de Raios-X (DXA) (GE Healthcare Lunar, EUA). Foi realizado o

escaneamento de corpo inteiro para determinar as seguintes medidas: massa de

gordura total, massa livre de gordura, conteúdo mineral ósseo, densidade

mineral óssea, massa de gorduras regionais (tronco, braços, pernas) e

percentual de gordura total. Foi recomendado aos participantes que usassem

roupas leves, livres de qualquer objeto de metal. Para tal avaliação, os

participantes foram posicionados na área de escaneamento do equipamento, de

modo que a linha sagital demarcada nessa área passasse sob o centro de alguns

pontos anatômicos, como crânio, coluna vertebral, pélvis e pernas.

Além disso, o sujeito foi orientado a permanecer em decúbito dorsal, com os

braços ao lado do corpo, as mãos abertas e a palma apoiada na mesa de exame.

Os braços deveriam estar dentro das linhas da área de varredura, na almofada

da mesa. Além disso, foi utilizada uma fita de velcro para prender os tornozelos.

A temperatura da sala foi mantida a 25ºC. Todas as medições foram realizadas

e analisadas somente por um avaliador, que seguiu os procedimentos adotados

pelo fabricante. O procedimento diário da garantia de qualidade no scanner foi

realizado para calibrar a máquina. Além disso, o controle de qualidade do

instrumento foi realizado regularmente, incluindo um Phantom de coluna. Para

completar a avaliação da composição corporal, foi realizada a densitometria por

dupla emissão de raio-X (GE Healthcare Lunar, EUA).

4.3.3 Frequência cardíaca de repouso

Para verificar a frequência cardíaca de repouso, o avaliado permanecia

dez minutos em decúbito dorsal, instruído a não adormecer, não se comunicar e

não se mexer. O valor mais baixo de FC foi assumido como frequência cardíaca

de repouso. Utilizou-se um monitor de frequência cardíaca (RS800CX, Polar®,

Finlândia) acompanhado por uma faixa de transmissão cardíaca da mesma

marca, posicionada na superfície da epiderme no nível do apêndice xifoide.

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41

4.3.4 Frequência cardíaca de reserva

A frequência cardíaca de reserva foi utilizada como marcador de

intensidade e calculada a partir da fórmula FCreserva = FCmáxima – FCrepouso.

Essa é uma medida mais precisa para identificar zonas de intensidade do

exercício do que a frequência cárdica máxima. A literatura fornece cinco

categorias, quais sejam: muito leve (<30), leve (30-39) moderada (40-69),

vigorosa (70-89), máxima ( ≥ 90) estabelecidas através da porcentagem da

frequência cardíaca reserva (GARBER et al., 2011). O percentual de intensidade

da frequência cardíaca de reserva foi verificado em cinco momentos (quilômetros

2, 4, 6, 8 e 10) do CR10km, sendo utilizada a fórmula (FCexercício – FCrepouso)

/ (FCreserva x 100).

4.3.5 Percepção Subjetiva de Esforço (PSE)

A escala de percepção subjetiva de esforço é um instrumento constituído

por 15 pontos e varia de 6 a 20; com descritores verbais entre “nenhum esforço”

e “esforço máximo” (ver Anexo I). Os participantes receberão a seguinte

informação: “A percepção do esforço é definida como a sensação de esforço,

tensão, desconforto, e/ou fadiga que você sente durante o exercício. Nós iremos

utilizar uma escala para traduzir essas sensações em números

enquanto você se exercita. Gostaria que você utilizasse sua memória para

relembrar um exercício que para realizá-lo necessite do menor esforço possível,

esse seria o “0 – sem cansaço”. Da mesma forma, gostaria que você

relembrasse um exercício que para realizá-lo necessite do maior esforço

possível, esse seria o “20 – esforço máximo”. Durante o exercício eu gostaria

que você utilizasse os números desta escala para indicar o quê o seu corpo está

sentindo.

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4.3.6 Escala de Valência Afetiva

A escala de afeto foi utilizada como variável de controle durante a

demanda físico, o afeto é caracterizado pelas sensações subjetivas de prazer

(positivo) e desprazer (negativo) (EKKEKAKIS; ACEVEDO, 2006). Foi utilizada

escala de Hardy e Rejeski (1989), com 11 pontos, variando entre +5 e -5, com

descritores verbais entre “muito bom” e “muito ruim” (HARDY; REJESKI, 1989)

(ver Anexo II).

4.3.7 Escala de Pensamento Associativo e Dissociativo (PA/PD)

A escala de pensamentos associativos e dissociativos foi empregada para

mensurar o percentual do foco de atenção sobre as alterações fisiológicas

provocadas durante o exercício físico (BREWER; VAN RAALTE; LINDER, 1996).

Essa escala apresenta uma medida de 11 pontos que analisam o percentual de

presença de pensamentos associativos e dissociativos ao exercício físico,

variando de 0% a 100%. O foco extremo de pensamento associativo (100%) é

atribuído aos pensamentos sobre as percepções corporais internas, como

respiração, fadiga muscular, frequência cardíaca e temperatura. Por outro lado,

o foco de atenção dissociativo (0%) caracteriza-se como um processo executivo

“bloqueador” das sensações físicas corporais percebidas (LIND; WELCH;

EKKEKAKIS, 2009) (ver Anexo III).

4.3.8 Escala Analógica Visual (VAS)

Escala unidimensional com onze pontos, da esquerda para a direita; 0-2

representa “sem fadiga”; 2-4, “fadiga leve”; 4-6, “fadiga moderada”; 6-8, “fadiga

forte”; 8-10, “extremamente fadigado”. Esse instrumento foi utilizado para

verificar a fadiga mental do avaliado, o sujeito era instruído a apontar um número

que representasse sua fadiga mental no momento (HEWLETT; DURES;

ALMEIDA, 2011) (ver Anexo IV).

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4.3.9 Escala de Humor de Brunel (Brums)

A Escala de Humor de Brunel (Brums) foi desenvolvida para permitir uma

rápida mensuração do estado de humor de populações compostas por adultos e

adolescentes (ROHLFS et al., 2008). A Escala de Brums contém 24 indicadores

simples de humor, como as sensações de raiva, disposição, nervosismo e

insatisfação perceptíveis pelo indivíduo avaliado. Os avaliados respondiam como

se sentiam em relação às tais sensações, de acordo com a escala de 5 pontos

(de 0 = nada a 4 = extremamente). A forma colocada na pergunta foi “como você

se sente agora?”. Os 24 itens da escala compõem os seis domínios: raiva,

confusão, depressão, fadiga, tensão e vigor (ver Anexo V).

4.3.10 Teste AX-Continuous Performance Task (AX-CPT)

O teste “Tarefa de Desempenho Contínuo AX” (do inglês, AX-Continuous

Performance Task - AX-CPT) é um teste cognitivo de atenção que avalia a

predominância do controle cognitivo (BRAVER et al., 2009). É composto por uma

sequência de respostas do tipo go, o que significa que o sujeito tem de

apresentar uma resposta a todo estímulo que aparece na tela. Esses estímulos

aparecem em proporção de 70% A-X (84 tarefas), 10% B-X (12 tarefas), 10% A-

Y (12 tarefas) e 10% B-Y (12 tarefas), totalizando 120 tarefas.

Os estímulos apareceram durante 250 ms, com atrasos de 1000 ms entre

um estímulo e outro (ver Figura 5). O sujeito utiliza o dedo indicador para apertar

a tecla “2” para todas as letras que aparecessem, exceto quando a letra for “X”

antecedida de “A”; nesse caso, deve ser apertada a tecla “3” (COHEN et al.,

1999).

A forma de controle cognitivo foi determinada pelo índice de

comportamento proativo (Proactive Behavioral Index - PBI), calculado através da

fórmula matemática AY-BX/AY+BX, utilizando o tempo de reação e taxa de erro

dos ensaios AY e BX. Esse índice reflete o balanço relativo de interferência dos

ensaios AY e BX; quanto maior o PBI, maior a interferência dos ensaios AY,

indicando uma predominância do controle proativo, enquanto o PBI menor indica

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maior interferência dos ensaios BX, indicando uma predominância do controle

reativo (GONTHIER et al., 2016). Para implementação do teste, foi utilizado o

software E-prime v.1.2 (Psychological Software Tools Inc).

Figura 5. Interface do teste AX-Continuous Performance Task (AX-CPT)

4.4 DESENHO DAS SESSÕES

4.4.1 Sessão Familiarização

A primeira visita foi destinada à familiarização dos participantes com todas

as escalas. Também foi realizado o teste incremental de carga (TIC) para

aferição da potência pico. Na primeira parte da sessão, o avaliado assinou o

TCLE, preencheu o PAR-Q e anamnese. Em seguida, respondeu à VAS e ao

questionário de Brums. Foram posicionados em decúbito dorsal em uma maca,

a fim de obter a frequência cardíaca de repouso; ao final de 10 minutos, foi

verificada sua pressão arterial de repouso (ver Figura 6).

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Figura 6. Sessão familiarização

Legenda: TCLE = Termo de Consentimento Livre e Esclarecido; PAR-Q = Questionário de Prontidão Para Atividade Física; IPAQ = Questionário Internacional De Atividade Física; PSE = Percepção Subjetiva Esforço; EVA = Escala de Valência Afetiva; PA/PD = Escala De Pensamento Associativo/Dissociativo; VAS = Escala Visual Analógica; Brums = Escala de Humor de Brunel.

4.4.2 Teste Incremental Máximo (TIM)

O teste incremental máximo foi realizado em cicloergômetro (Velotron,

Racermate®, EUA) e consistiu em um período de quatro minutos na carga 100

watts. A cada dois minutos, existia um incremento de carga de 30 watts, no qual

eram aferidas as respostas das escalas subjetivas de esforço, afeto, PA/PD e

frequência cardíaca. O avaliado foi orientado a pedalar na cadência (RPM) de

preferência até a exaustão voluntária, ou não conseguir manter a cadência em,

pelo menos, 60 RPM por mais de cinco segundos.

4.4.3 Sessões de teste contrarrelógio de 10km (CR10km)

Os participantes realizaram de forma randomizada duas sessões de

contrarrelógio de dez quilômetros (CR10km) em cicloergômetro (Velotron,

Racermate®, EUA): sessão com demanda cognitiva e física e sessão com

apenas demanda física. A ordem de execução foi randomizada e

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contrabalanceada, utilizando-se o site www.randomizer.org. Em ambas as

condições os sujeitos receberam a instrução para percorrer os 10 km no menor

tempo possível, podendo controlar a potência imposta (watts) e a cadência

(RPM) afim de realizar a estratégia de sua preferência para melhor desempenho

da prova. O protocolo consistiu de cinco minutos de aquecimento com a carga e

RPM de sua escolha e em seguida início da prova. A cada 2 km todos avaliados

receberam estímulos verbais de incentivo para executar o teste com o melhor

desempenho físico e também foram coletadas variáveis de controle

psicofisiológicas (percepção de esforço; afeto; PA/PD; frequência cardíaca) no

mesmo momento.

Na sessão demanda cognitiva e física, os avaliados responderam ao

questionário Brums e à VAS. Em seguida, realizaram o teste AX-CPT e ao

término, responderam novamente ao questionário Brums e à VAS. Depois, foi

realizado o teste CR10km. Ao término do teste físico, os participantes

responderam ao questionário Brums e à VAS e realizaram novamente o AX-CPT

(ver Figura 7).

Já na sessão demanda física, os avaliados responderam ao questionário

Brums e à VAS, permaneciam 20 minutos em repouso posicionado em decúbito

dorsal (período esse correspondente ao mesmo tempo de realização do teste

cognitivo na sessão demanda cognitiva e física) e responderam novamente ao

questionário Brums e à VAS. Logo após, foi realizado o teste CR10km. Ao

término do teste físico, foi respondido ao questionário Brums e à VAS e

realizaram o AX-CPT (ver Figura 7).

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Figura 7. Formato das sessões demanda cognitiva e física e demanda física.

Legenda: VAS = Escala Visual Analógica; Brums = Escala de Humor de Brunel; AX-CPT = AX-Continuous Performance Task.

4.5 TRATAMENTO ESTATÍSTICO

O teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para testar a distribuição normal, os

dados contínuos paramétricos foram expressos em média e desvio padrão, os

não paramétricos em mediana e percentis 25 e 75. Foi realizado o teste de

Friedman seguido pelo teste post hoc de Dunn, com ajuste de Bonferroni, para

analisar o efeito do tempo sobre o controle cognitivo. A correlação de Spearman

foi utilizada para verificar a correlação do controle cognitivo e desempenho físico.

O coeficiente de correlação seguiu as recomendações de Cohen (1988), sendo

considerado ≤ 0,10 uma correlação fraca, 0,11 a 0,30 moderada e > 0,30 forte.

Para averiguar a diferença no desempenho físico entre a sessão demanda

cognitiva e física e a sessão demanda física, o teste “t” pareado ou teste de

Wilcoxon foi usado para comparação de variáveis paramétricas e não

paramétricas, respectivamente. Também foi utilizado o modelo de equação de

estimativa generalizada para verificar o efeito da interação sessão por tempo

sobre PSE, afeto, PA/DP e frequência cardíaca. A distribuição de probabilidade

dos modelos foi definida com base na característica da variável e qualidade do

ajustamento. A normalidade dos resíduos foi verificada pelo gráfico Q-Q normal.

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Para verificar o efeito do teste cognitivo na fadiga autorreportada pela VAS e

Brums, foi utilizado o teste de Friedman, teste de medidas repetidas para dados

não paramétricos.

Todos os dados foram analisados utilizando o programa SPSS® versão

20.0 (IBM, Inc., Chicago, EUA). Um nível alfa de p < 0,05 foi usado para

determinar a significância estatística.

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49

5 RESULTADOS

A tabela 2 apresenta a caracterização dos participantes, considerando a

idade, gordura corporal, variáveis de treino e desempenho físico. De acordo com

as diretrizes de classificação de grupos no ciclismo (De Pawn, 2013) nossa

amostra contou com 56% de indivíduos não treinados (>280 watts) e 46% de

ciclistas recreacionais (<280 watts).

Tabela 1. Caracterização da amostra (n = 16)

A Tabela 3 apresenta os efeitos da sessão com demanda cognitiva e física

e da sessão com apenas demanda física sobre o controle cognitivo. O tempo de

reação foi diferente entre os grupos (x² (2) = 6,500, p=0,039). O teste post hoc

revelou um decréscimo significativo (mediana = 0,06 ms) apenas após a sessão

de demanda cognitiva e física (p = 0,040).

Tabela 2. Efeito da sessão com demanda cognitiva e física, e da sessão com apenas demanda física sobre o controle cognitivo (n = 16).

Basal Demanda cognitiva e física

Demanda física

Tempo de reação

0,24 (0,22 – 0,28) 0,18 (0,06 – 0,24)* 0,21 (0,12 – 0,28)

Erro 0,86 (0,08 – 1,00) 0,60 (0,00 – 1,00) 1,00 (0,00 – 1,00)

Composto 0,51 (0,18 – 0,63) 0,43 (0,04 – 0,60) 0,55 (0,06 – 0,64)

Valores são apresentados em mediana (percentis 25 - 75). * P < 0,05 comparado ao basal

Média (DP)

Idade (anos) 29,4 (5,2)

Gordura corporal (%) 22,1 (7,5)

Tempo de prática (anos) 5,4 (4,6)

Frequência de treino (dias p/semana) 3,5 (1,5)

Volume de treino (km p/semana) 123,8 (60,5)

Potência máxima (watts) 274,2 (47,9)

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A Tabela 4 apresenta a correlação entre o controle cognitivo e o

desempenho físico. Apenas na sessão com demanda física e cognitiva houve

uma correlação negativa entre o tempo de reação com a potência incremental (r

(16) = -0,571), tempo no CR10km (r (16) = 0,514), potência média (r (16) = -

0,590), potência relativa média (r (16) = -0,506), potência relativa máxima (r (16)

= -0,507). Na sessão com demanda cognitiva e física foi observado também

correlação negativa entre os erros com a potência média (r (16) = -0,514),

potência relativa média (r (16) = -0,515) e com a escala de pensamento

associativo/dissociativo no 6º km (r (16) = -0,541), 8º km (r (16) = -0,518), 10º km

(r (16) = -0,632) da (figuras 8 e 9).

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Tabela 3. Correlação do controle cognitivo e o desempenho físico (n = 16).

Legenda: PRmédia = Potência Relativa Média; PRmáxima = Potência Relativa Máxima.

Controle Cognitivo

Desempenho Físico Sessões Basal Demanda cognitiva e física Demanda física

TR Erro Composto TR Erro Composto TR Erro Composto

Potência Incremental (watts) -0,376 -0,105 -0,168 -0,571* -0,305 -0,374 -0,374 -0,026 -0,174

Tempo (segundos) Física 0,274 -0,014 -0,006 0,541* 0,325 0,365 0,297 -0,016 0,112

Cognitiva e física 0,327 -0,063 -0,032 0,514* 0,351 0,381 0,356 0,063 0,197

Potência Média (watts) Física -0,288 -0,060 -0,079 -0,547* -0,276 -0,335 -0,288 -0,011 -0,118

Cognitiva e física -0,397 0,148 0,063 -0,517* -0,514* -0,480 -0,434 0,171 -0,040

Potência Máxima (watts) Física 0,021 -0,242 -0,241 -0,468 -0,324 -0,397 -0,235 -0,171 -0,209

Cognitiva e física -0,132 -0,245 -0,199 -0,490 -0,191 -0,283 -0,013 0,130 0,072

PRmédia (watts/kg) Física -0,276 0,003 -0,028 -0,520* -0,322 -0,350 -0,301 0,055 -0,062

Cognitiva e física -0,385 0,114 0,031 -0,506* -0,515* -0,481 -0,419 0,148 -0,058

PRmáxima (watts/kg) Física -0,012 -0,152 -0,167 -0,440 -0,385 -0,430 -0,261 -0,106 -0,157

Cognitiva e física -0,146 -0,239 -0,190 -0,507* -0,205 -0,299 -0,024 0,118 0,062

Velocidade Média (kph) Física -0,274 0,014 0,006 -0,541* -0,325 -0,365 -0,297 0,016 -0,112

Cognitiva e física -0,330 0,264 0,214 -0,418 -0,472 -0,399 -0,343 0,210 0,043

Velocidade Máxima (kph) Física -0,293 -0,112 -0,153 0,659* -0,371 -0,461 -0,375 -0,075 -0,196

Cognitiva e física -0,081 -0,046 -0,012 -0,306 -0,337 -0,293 0,116 0,426 0,331

Cadência Média (rpm) Física -0,141 -0,272 -0,247 0,109 0,307 0,341 -0,094 -0,039 -0,021

Cognitiva e física -0,024 -0,186 -0,141 0,246 0,394 0,464 0,268 0,308 0,359

Cadência Máxima (rpm) Física -0,132 -0,468 -0,568 0,024 0,099 0,038 -0,150 -0,182 -0,256

Cognitiva e física 0,150 -0,104 -0,025 0,181 0,373 0,378 0,345 0,264 0,353

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Figura 8. Correlações significativas do PBI-RT após demanda física e cognitiva com o desempenho físico. Tempo do contrarrelógio na sessão demanda cognitiva e física (A), potência média na sessão demanda cognitiva e física (B), potência relativa média na sessão demanda cognitiva e física (C), potência relativa média na sessão demanda cognitiva e física (D), potência no teste incremental (E). Legenda: PBI = Proactive Behavioral Index; RT = Tempo de reação;

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Figura 9. Correlações significativas do PBI-ERRO após demanda física e cognitiva com o desempenho fÍsico e pensamento associativo/dissossiativo na sessão demanda cognitiva e física. Potência relativa média (A), potência média (B), pensamento associativo/dissociativo no km 6 (C), pensamento associativo/dissociativo no km 8 (D), pensamento associativo/dissociativo km 10 (E). Legenda: PBI = Proactive Behavioral Index; RT = Tempo de reação.

Na análise comparativa entre a sessão com demanda cognitiva e física

com a sessão com apenas demanda física, não houve diferença significante nas

variáveis do desempenho físico (p > 0,05) (ver Tabela 5).

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Tabela 4. Comparação de desempenho entre a sessão com demanda cognitiva e física com a sessão com apenas demanda física (n = 16).

Variáveis Demanda Cognitiva e

Física Demanda Física p

Tempo (segundos) 1170,56 ± 139,44 1192,81 ± 162,04 0,312

Potência Média (watts) 188,70 ± 49,05 184,93 ± 47,49 0,532

Potência Máxima (watts) 341,85 (298,18 – 400,43) 348,10 (282,08 – 395,70) 0,535

PRmédia (watts/kg) 2,62 ± 0,68 2,51 ± 0,64 0,094

PRmáxima (watts/kg) 4,75 (4,12 – 5,50) 4,80 (3,90 – 5,45) 0,877

Velocidade Média (kph) 30,84 ± 3,77 30,69 ± 3,88 0,813

Velocidade Máxima (kph) 38,65 (36,07 – 42,15) 38,40 (36,72 – 40,10) 0,776

Cadência Média (rpm) 137,68±16,30 140,93 ± 15,52 0,270

Cadência Máxima (rpm) 162,78 ± 17,62 167,51 ± 18,46 0,295

Valores são apresentados em média ± DP e em mediana (percentis 25 - 75). PRmédia = Potência Relativa Média; PRmáxima = Potência Relativa Máxima.

A Figura 10 apresenta os resultados da PSE, afeto, PA/PD e frequência

cardíaca durante as sessões. Não houve efeito da interação condição por tempo

sobre a PSE (W (4) = 1,946, p = 0,746), afeto (W (4) = 1,554, p = 0,817), PA/PD

(W(4) = 0,986, p = 0,912) e FC (W(4) = 2,702, p = 0,609).

Figura 10. Comportamento da PSE (A), afeto (B), pensamento associativo/dissociativo (C) e % da frequência cardíaca de reserva (D) a cada 2 km. Legenda: PSE = Percepção subjetiva de esforço

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Para verificar o efeito do teste cognitivo na fadiga autorreportada pela VAS

e questionário de Brums, o teste de Friedman não encontrou diferença estatística

entre a medida feita após o AX-CPT na sessão experimental e a medida

realizada após o repouso na sessão controle. No entanto, o VAS apontou efeito

do tempo na fadiga mental (ver Figura 11).

Figura 11. Comportamento da escala analógica visual de fadiga mental durante os protocolos experimentais. Diferença do VAS basal na sessão controle e

experimental. (p < 0,05).

Os domínios do questionário de humor Bruns – raiva, confusão,

depressão, fadiga, tensão e vigor – não apresentam diferença entre as sessões

(ver Figura 12, (A) (B)). Apresentam diferenças em comparação ao momento

pré-exercício e pós-exercício (ver Figura 12, (C) (D)) mostrando o efeito do

tempo sobre o domínio fadiga.

0

1

2

3

4

VAS BASAL VAS PRÉ EXERCÍCIO VAS PÓS EXERCÍCIOS

DEMANDA COGNITIVA + FISÍCA DEMANDA FISÍCA

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Figura 12. Comportamento dos domínios de humor (Brums).

Legenda: Comparação entre sessões do delta pré exercício físico - basal (A) e pós exercício físico - basal (B); comportamento do humor durante a sessão com demanda cognitiva + física (C) e sessão com demanda física (D). *Diferença na fadiga pré e pós exercício (C)(D) (P< 0,05).

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6 DISCUSSÃO

O objetivo principal do presente estudo foi verificar o efeito da demanda

cognitiva e física sobre a predominância do controle cognitivo (proativo/reativo)

em ciclistas. Além disso, objetivamos verificar a relação entre a predominância

do controle cognitivo (basal, após demanda cognitiva e física e após demanda

física) e o desempenho físico. Também verificamos se o teste de atenção

sustentada AX-CPT de 20 minutos causa fadiga mental. Por fim, investigamos

se a demanda cognitiva influencia o desempenho físico. A nossa hipótese era

que o exercício físico provocaria mudança no controle cognitivo e a associação

da demanda física e cognitiva acentuaria essa mudança em direção ao controle

reativo. Além disso, o controle cognitivo basal proativo estaria relacionado com

o melhor desempenho físico. Também hipotetizamos que o teste AX-CPT de 20

minutos não causaria fadiga mental e a demanda cognitiva prévia não causaria

efeito na performance física.

Os resultados demonstraram uma diminuição do controle proativo em

direção ao reativo apenas quando houve uma exposição associada de demanda

cognitiva (teste AX-CPT) e física (CR10km) na mesma sessão, não havendo

diferença do controle cognitivo na sessão em que houve apenas a demanda

física, confirmando parcialmente nossa hipótese.

O controle cognitivo envolve o funcionamento coordenado de

componentes da função executiva, como memória de trabalho, controle inibitório

e flexibilidade cognitiva, o que representa um fenômeno de maior complexidade

comparado ao funcionamento isolado de cada um desses componentes

(BRAVER, 2012). É possível que a demanda física realizada não tenha sido

suficiente para promover alterações no controle cognitivo, apesar de a ambas as

sessões terem sido realizadas em intensidade vigorosa (sessão com demanda

cognitiva e física, 87% FC de reserva e PSE média 18 no km 10; sessão com

demanda física, 84% FC de reserva e PSE média 17 no km 10) (GARBER et al.,

2011).

A memória de trabalho é um componente do processamento proativo

(BRAVER, 2012b; BRAVER; GRAY; BURGESS, 2008; WESTBROOK;

BRAVER, 2016). Estudos prévios têm demonstrado um comportamento em

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forma de “U” invertido da memória de trabalho e controle inibitório, havendo piora

em intensidade vigorosa (DA SILVA et al., 2017; WOHLWEND et al., 2017).

Contudo, um estudo recente investigando o efeito da demanda física e cognitiva

sobre a memória de trabalho encontrou piora apenas após o exercício realizado

com demanda cognitiva, com melhoras nas condições com apenas demanda

física ou apenas demanda cognitiva (KAMIJO; ABE, 2018). Dessa forma, é

plausível que a piora da memória de trabalho necessite de uma elevada

demanda, como a observada na condição em que houve uma associação de

demanda física e cognitiva, o que pode justificar a mudança na predominância

do controle cognitivo para um estado mais reativo apenas nessa condição.

Já sobre o controle inibitório, outro componente importante do controle

cognitivo proativo, também existe controvérsia sobre seu comportamento após

a pratica de exercício de alta intensidade. De forma geral, o controle inibitório

apresenta comportamento em forma de U invertido durante o exercício e com

melhoras verificadas até 30 minutos após o seu cessamento (CHANG et al.,

2012; DA SILVA et al., 2017). Entretanto, em estudo recente com adultos jovens,

utilizando medidas eletrofisiológicas, o exercício físico vigoroso realizado

durante 20 minutos não foi capaz de alterar o controle inibitório após o exercício

(DU RIETZ et al., 2019), demonstrando que o exercício físico vigoroso de 20

minutos pode não ser estímulo suficiente para provocar alteração nesse domínio

da cognição, ajudando a explicar o comportamento do controle cognitivo proativo

inalterado após a sessão de demanda física.

Em relação à flexibilidade cognitiva, a literatura aponta para um

comportamento diferente das outras funções executivas, sem efeito do exercício

agudo realizado em intensidade leve e moderada (JI et al., 2017; WANG et al.,

2015), com melhoras em intensidade vigorosa (BERSE et al., 2015). Isso pode

ajudar a explicar a queda do controle proativo em direção ao reativo em ambas

as sessões, mas, sobremaneira, na sessão demanda cognitiva e física onde

verificamos diferenças significativas.

Em nosso trabalho, na sessão que foi realizada a associação da demanda

cognitiva e física, houve maior tempo de exposição a uma condição que

promoveu uma elevada dificuldade em sustentar os processos cognitivos

relacionados à função executiva, como manutenção da memória de trabalho e

controle inibitório, resultando na transição para uma predominância reativa. Essa

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transição induzida pela maior demanda de recursos cognitivos possivelmente

ocorreu devido à menor disponibilidade de dopamina cerebral no córtex pré-

frontal após a demanda cognitiva e física (WESTBROOK; BRAVER, 2016),

levando a utilização mais acentuada da flexibilidade cognitiva. A flexibilidade

cognitiva é uma função com menor gasto energético, é menos afetada com a

falta de dopamina e utiliza a ativação de vias cerebrais distintas a do controle

proativo (SAMANEZ-LARKIN et al., 2013; BRAVER, 2012).

Braver (2007) sugere que o custo da manutenção do controle proativo é

dependente de dopamina extracelular disponível no córtex pré-frontal (CPF).

Para fazer uso desse neurotransmissor, essa região do córtex tem alta

concentração de receptores de dopamina do tipo D1. Quando estimulados,

esses receptores são responsáveis por produzir o neurotransmissor adenosina

(AYANO, 2016). Portanto, a exigência cognitiva do teste AX-CPT e a demanda

física do teste CR10km em uma mesma sessão, possivelmente, foram capazes

de aumentar a concentração de adenosina, diminuindo a utilização de dopamina

pelo CPF, dificultando a manutenção do controle proativo.

Em uma recente revisão, é sugerido que o acúmulo da adenosina atua

como antagonista à dopamina, sendo responsável por afetar o esforço percebido

e, também, por diminuir a motivação em uma atividade extenuante (MARTIN et

al., 2018). A adenosina naturalmente se acumula durante períodos de vigília que

requerem atenção (ROCHA-MENDONÇA et al., 2015), exposição a exercícios

físicos intensos e fadiga mental (DWORAK et al., 2007; MARTIN et al., 2018).

Dessa maneira, o acúmulo de adenosina decorrente desse processo atua

como um neuromodulador que inibe a liberação de dopamina, bem como tem a

capacidade de modificar a afinidade do receptor de dopaminérgico, o que

dificulta a atenção e manutenção da memória de trabalho (FERR; FUXE, 1992;

MYERS; PUGSLEY, 1986). Em contrapartida, o controle reativo utiliza vias

aferentes localizadas fora do CPF, como o estriado ventral, para manutenção da

flexibilidade cognitiva, não sendo afetado pela falta de dopamina durante a

realização da tarefa (MANARD et al., 2017; SAMANEZ-LARKIN et al., 2013).

Outro achado deste estudo, que complementa essa interpretação, foi que

ambas as condições (sessão com demanda cognitiva e física e sessão com

apenas demanda física) promoveram fadiga mental (escores significativamente

maiores na VAS e no BRUNS). A demanda física isoladamente não promoveu

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mudança no controle cognitivo, mesmo havendo uma queda do controle proativo

em direção ao reativo e uma indicação de fadiga mental a partir das escalas

autorreportadas (VAS e BRUNS).

A fadiga mental tem sido relacionada à falha na transmissão

dopaminérgica no corpo estriado e do CPF (LORIST; BOKSEM;

RIDDERINKHOF, 2005), o que também pode estar associada à queda do

controle proativo. Em estudo recente, foi verificado que um protocolo de 30

minutos de fadiga mental piorou a atenção (controle cognitivo), bem como

influenciou negativamente o VO2máx (desempenho físico), em praticantes de

esportes de resistência (SLIMANI et al., 2018). Isso demonstra que o tempo

exposto à demanda cognitiva deve ser fundamental para que ocorra mudança

no controle cognitivo e desempenho físico. É especulado que, separadamente,

os estímulos promovidos pela demanda cognitiva (AX-CPT) e demanda física

através do teste CR10km, com duração média de 20 minutos cada uma, não são

suficientes para reduzir o estoque de dopamina disponível e promover o acúmulo

de adenosina no córtex cerebral. Porém, quando associadas, podem provocar

efeitos de fadiga mental, sendo o tempo de exposição a atividades

cognitivamente extenuantes um fator relacionado com a mudança no mecanismo

de controle cognitivo e desempenho físico (VAN CUTSEM et al., 2017; XU et al.,

2018). Assume-se, assim, o papel do exercício físico como uma atividade

cognitivamente extenuante que pode provocar fadiga mental, como demonstrado

em recente estudo com EEG, em que os avaliados aceleraram o processo de

fadiga mental quando realizaram o teste cognitivo aliado a um exercício físico

(XU et al., 2018).

Nossos resultados referentes à influência do teste de demanda cognitiva

(AX-CPT), com duração de 20 minutos sobre o desempenho físico em uma prova

CR10km, confirmaram nossa hipótese. Ou seja, um estímulo cognitivo de 20

minutos não foi suficiente para causar fadiga mental (VAS e BRUNS), bem como

não prejudicou o desempenho físico em uma prova CR10km. As revisões

sistemáticas que investigaram o efeito da fadiga mental sobre o desempenho

físico analisaram apenas os protocolos com demanda cognitiva igual ou superior

a 30 minutos de duração, sendo desconsiderados protocolos com períodos

menores, por não serem suficientes para causar fadiga mental (PAGEAUX;

LEPERS, 2018; VAN CUTSEM et al., 2017). Esses resultados se conectam com

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a proposta de que o tempo de exposição a uma demanda cognitiva pode

influenciar o desencadeamento da fadiga mental (VAN CUTSEM et al., 2017;

(PAGEAUX; LEPERS, 2018). Outra possibilidade é que, se o tempo de duração

do teste de demanda física fosse maior (contrarrelógio de 20 km), possivelmente

a demanda física isoladamente poderia provocar uma alteração no controle

cognitivo em razão da maior exposição a demanda metabólica do exercício físico

(XU et al., 2018).

Quando analisamos a relação do controle cognitivo com o desempenho

físico, nossa hipótese não foi confirmada. Segundo Braver et al. (2008), os

componentes da função executiva estão relacionados a uma maior

predominância do controle cognitivo proativo. No entanto, encontramos apenas

uma relação negativa entre o controle cognitivo proativo e o desempenho físico

na condição com demanda física e cognitiva. Destacamos que não foi verificada

relação entre o controle cognitivo e o desempenho físico na condição em que foi

realizada apenas a prova CR10km.

As evidências que embasaram nossa hipótese, sugerem que um controle

cognitivo basal proativo se relacionaria com o melhor desempenho físico. Os

estudos que encontraram associação entre características cognitivas e

desempenho físico utilizaram medidas isoladas da função cognitiva (CONA et

al., 2015; KAMIJO et al., 2011; MARTIN et al., 2016). Segundo Cona et al.

(2015), ultramaratonistas com melhor tempo em uma prova de 80 km

apresentaram melhor controle inibitório, capacidade de suprimir distrações e

lidar com questões emocionais. Além disso, ciclistas profissionais mostraram ter

um controle inibitório superior comparado aos ciclistas recreacionais, o que se

relacionou com maior resistência à fadiga mental (MARTIN et al., 2016). Por fim,

Kamijo et al. (2011) demonstraram que crianças com melhor condicionamento

cardiorrespiratório apresentam melhor memória de trabalho.

Apesar de esses componentes da função executiva fazerem parte do

controle cognitivo, é proposto que o Duplo Mecanismo de Controle representa a

integração desses processos cognitivos complexos (BRAVER, 2012), o que, por

sua vez, justificaria a dificuldade de relacionar um mecanismo de controle

cognitivo basal (proativo/reativo) com o desempenho físico. Possivelmente, a

flexibilidade cognitiva tenha papel importante nesse resultado, visto que a

literatura tem demonstrado a relação do desempenho físico com a memória de

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trabalho (KAMIJO et al., 2011) e controle inibitório (CONA et al., 2015) e ignorado

este domínio função executiva.

Não houve relação entre o controle cognitivo basal e o desempenho físico.

Contudo, verificamos uma relação do controle cognitivo proativo com um pior

desempenho físico no controle cognitivo após a sessão com demanda cognitiva

(AX-CPT) e física (teste CR10km). Esse resultado podem indicar que os ciclistas

que obtiveram melhor desempenho no teste CR10km utilizam de forma mais

eficiente os recursos energéticos cerebrais para utilização do controle cognitivo

mais proativo.

Nossos resultados demonstraram uma relação negativa entre o

pensamento associativo observados nos quilômetros 6, 8 e 10 nos avaliados que

estavam menos proativos após demanda cognitiva e física. Os atletas com

melhor desempenho físico foram aqueles com o pensamento mais associado

durante a prova CR10km realizada após demanda cognitiva. Possivelmente, os

recursos cognitivos foram gastos (estoques de dopamina) para manutenção do

pensamento associado a estratégia selecionada, a fim de estabilizar o foco,

atenção e a meta para realizar a prova CR10km. A utilização do controle

cognitivo proativo próximo ao fim da prova parece ser uma estratégia que oferece

vantagens em provas contrarrelógios (BRICK; MACINTYRE; CAMPBELL, 2015).

Outra possível explicação para a vantagem no desempenho na prova

CR10km dos menos proativos, após a execução da demanda cognitiva e física,

pode ser justificada pelo maior recrutamento motor dispendido durante a tarefa

física. Estudo recente realizado com ratos mostrou que a coordenação motora e

o equilíbrio são dependentes da utilização dos receptores de dopamina D1 e do

sistema dopaminérgico (AVILA-LUNA et al., 2018). Portanto, para alcançar

melhor desempenho, uma maior exigência neuromotora foi requisitada

acarretando a depressão do sistema dopaminérgico (equilíbrio de dopamina e

adenosina), levando a uma diminuição mais acentuada do controle proativo.

Destacamos como limitação do estudo a falta de uma sessão com apenas

demanda cognitiva, que poderia responder à influência da demanda cognitiva

sobre o controle cognitivo. Também apontamos a heterogeneidade da amostra

como limitação. Sugerimos que sejam realizadas pesquisas com diferentes

populações para verificar e compreender a relação do efeito agudo do exercício

sobre o controle cognitivo. Ademais, investigar se um protocolo de teste físico

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realizado por um período superior a 30 minutos causa fadiga mental, bem como

utilizar métodos de aferição direta de dopamina e seus receptores, para verificar

o papel desse neurotransmissor na performance física. O efeito crônico do

exercício físico sobre o controle cognitivo merece atenção, podendo servir como

tratamento a diversas patologias ligadas à disfunção ao duplo mecanismo de

controle cognitivo.

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7 CONCLUSÃO

Esta pesquisa permite concluir que a associação de uma demanda

cognitiva e física promoveu uma diminuição do controle proativo de ciclistas. No

entanto, somente a demanda física provocada pela prova CR10km não foi capaz

de alterar o controle cognitivo. Ademais, verificamos que o controle cognitivo

basal não está relacionado ao desempenho físico; porém, os ciclistas com menor

predominância do controle cognitivo proativo, após a demanda física e cognitiva,

realizaram a prova com melhor desempenho. Por fim, a demanda cognitiva

provocada pelo teste AX-CPT com duração de 20 minutos não foi suficiente para

causar fadiga mental autorreportada, bem como não prejudicou o desempenho

físico em uma prova CR10km.

Desta forma vale a pena apontar que a demanda cognitiva e física altera

o controle cognitivo, tornando os atletas menos proativos nesta condição,

fazendo-se necessário o cuidado com atividade que será realizada após tal

exigência cognitiva. Tendo em vista que será mais difícil utilizar-se de recursos

básicos do controle cognitivo, como a memória de trabalho e controle inibitório,

deve-se realizar tarefas menos exigentes cognitivamente nesta condição.

A proatividade reduzida, pode ser um indicativo da utilização deste

sistema cognitivo visando a seleção da melhor estratégia para cumprir a prova

CR10km, gerando um melhor desempenho físico através da utilização de

recursos cerebrais. A aferição do controle cognitivo após exercício pode ajudar

na detecção de talentos, refletindo a capacidade de utilização dos recursos

energéticos disponíveis no cérebro para ter o melhor desempenho durante uma

prova CR10km.

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70

ANEXO I

QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE

FÍSICA –

VERSÃO CURTA -

Nome: ______

Data: / / Idade : Sexo: F ( ) M ( )

Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas

fazem como parte do seu dia a dia. As perguntas estão relacionadas ao tempo

que você gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas

incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por

lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou

no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor responda cada

questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua

participação!

Para responder as questões lembre que:

➢ atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e que fazem respirar MUITO mais forte que o normal ➢ atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal

Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza

por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez.

1a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10

minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir

de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício?

dias por SEMANA ( ) Nenhum

1b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos

quanto tempo no total você gastou caminhando por dia?

Horas

Minutos:

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2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS

por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na

bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo,

carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no

jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez

aumentar

moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO

INCLUA CAMINHADA)

dias por SEMANA ( ) Nenhum

2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10

minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades

por dia?

horas:

Minutos:

3a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS

por pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica

aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer

serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim,

carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua

respiração ou batimentos do coração.

dias por SEMANA ( ) Nenhum

3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10

minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas

atividades por dia?

Horas Minutos:

Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo

dia, no trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre.

Isto inclui o tempo sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo

lição de casa visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não

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inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou

carro.

4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana?

horas minutos

4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de

semana?

horas minutos

CENTRO COORDENADOR DO IPAQ NO BRASIL– CELAFISCS - INFORMAÇÕES ANÁLISE, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS NO BRASIL

Tel-Fax: – 011-42298980 ou 42299643. E-mail: [email protected] Home Page: www.celafiscs.com.br IPAQ Internacional: www.ipaq.ki.se

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ANEXO II

PAR-Q & VOCÊ

Nome:_____________________________________________________________________

__

(Questionário para pessoas de 15 a 69 anos)

A Atividade física regular é divertida e saudável, e cada vez mais pessoas estão começando a se tornar

mais ativas a cada dia. Ser mais ativo é muito seguro para a maioria das pessoas. Contudo, algumas

pessoas devem consultar com seu médico antes deles começarem a se tornar fisicamente mais ativo.

Se você planeja se tornar fisicamente muito mais ativo do que você é agora, comece respondendo as

sete questões no quadro abaixo. Se você tem entre 15 e 69 anos de idade, o PAR-Q irá lhe dizer se

você deve consultar com o seu médico antes de você iniciar. Se você tem mais de 69 anos de idade e

você não costuma ser muito ativo, consulte o seu médico.

O bom senso é o seu melhor guia para responder as questões abaixo. Por favor, leia as questões

cuidadosamente e responda cada uma honestamente. Marque SIM ou NÃO.

1. Alguma vez o seu médico disse que você tem algum problema cardíaco e que você deveria realizar

exercício apenas recomendado por um médico?

( ) Sim ( ) Não

2. Você sente dor no peito quando realiza exercícios físicos?

( ) Sim ( ) Não

3. No mês passado, você sentiu dor no peito quando você não estava realizando exercício (em repouso)?

( ) Sim ( ) Não

4. Você perde o equilíbrio devido a tonturas ou você já perdeu a consciência?

( ) Sim ( ) Não

5. Você possui algum problema ósseo ou articular (por exemplo, costas, joelho ou quadril) que pode ser

piorado com a mudança no seu nível de atividade física?

( ) Sim ( ) Não

6. Seu médico atualmente lhe prescreve algum medicamento para sua pressão sanguínea ou problema

cardíaco?

( ) Sim ( ) Não

7. Você sabe de alguma outra razão pela qual você não poderia praticar exercícios físicos?

( ) Sim ( ) Não

__________________________________

Assinatura

ANEXO III

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74

ESCALA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO

Escala PSE de Borg© Gunnar Borg, 1970, 1985, 1994, 1998

ANEXO IV

6

Esforço mínimo

7 Extremamente leve

8

9 Muito leve

10

11 Leve

12

13 Algo difícil

14

15 Difícil (pesado)

16

17 Muito difícil

18

19 Extremamente difícil

20 Esforço máximo

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75

ESCALA DE VALÊNCIA AFETIVA

(HARDY & REJESKI, 1989)

+5 Muito bom

+4

+3 Bom

+2

+1 Razoavelmente bom

0 Neutro

-1 Razoavelmente ruim

-2

-3 Ruim

-4

-5 Muito ruim

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76

ANEXO V

ESCALA DE PENSAMENTO ASSOSSIATIVO E DISSOSSIATIVO

ASS

OC

IATI

VO

DIS

SOC

IATI

VO

100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

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77

ANEXO VI

ESCALA VISUAL ANALÓGICA (VAS)

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78

ANEXO VII

QUESTIONARIO DE HUMOR DE BRUNEL (BRUMS)

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79

APÊNDICE A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Este é um convite para você participar da pesquisa: Efeito do controle cognitivo sobre o desempenho de ciclistas no teste de contra-relógio. O objetivo desse estudo é analisar a relação entre o controle inibitório (capacidade de controlar a atenção, comportamento, pensamentos e / ou emoções para anular uma forte predisposição interna ou externa e, em vez disso, fazer o que for mais apropriado ou necessário), respostas psicofisiológicas (percepção de esforço e sensações de prazer/desprazer) e desempenho no teste de contra-relógio de dez quilômetros. Os resultados observados permitirão melhor compreensão dos fatores relacionados ao tempo de prova, contribuindo assim para prescrição individualizada de treinamento. Sua participação envolverá triagem prévia para análise do risco cardiovascular e prontidão para a realização de exercícios (resposta a questionários, aferição de pressão arterial e avaliação da composição corporal) e a realização de 3 sessões de exercício em Velotron (cicloergômetro), incluindo 1 teste máximo progressivo e 2 testes no qual deverá pedalar 10 quilômetros no melhor tempo possível. Em todas as situações você irá realizar um teste cognitivo antes e após o exercício, além disso utilizará uma cinta elástica no tórax para monitoramento da frequência cardíaca, sendo que durante cada sessão você deverá indicar sua sensação de esforço e prazer/desprazer em escalas numéricas específicas. Todos as sessões serão realizadas no Laboratório de Pesquisa em Atividade Física, Neurociências e Comportamento Humano (LABEX), localizado no ginásio da UFRN. Além do tempo dedicado à resposta dos questionários e demais procedimentos, os riscos e desconfortos envolvidos no estudo são aqueles inerentes à realização de exercícios de leve a vigorosos, aos quais você deve estar acostumado, ou seja, cansaço físico, calor, sudorese, dores musculares e, em raros casos, náuseas. Apesar de extremamente baixo, deve ser considerado também o risco de eventos cardiovasculares como infarto agudo do miocárdio e alterações do ritmo cardíaco, podendo evoluir para morte súbita em raras ocasiões. Você receberá uma via desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, terá acesso a todas as informações referentes aos procedimentos a que for submetido, poderá tirar dúvidas enviando um e-mail para Hassan Elsangedy ([email protected]) e terá o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo. Os dados que você nos fornecerá serão confidenciais e serão divulgados apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo exposição de nenhum dado que possa lhe identificar. Pela participação no estudo você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias à realização do mesmo não serão de sua responsabilidade e de que você será indenizado diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa. Consentimento Livre e Esclarecido

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80

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Efeito do exercício agudo sobre a função executiva e atividade hemodinâmica do cortex pré-frontal em atletas de endurance”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar. Natal, ___________________________________________.

____________________________________________ Assinatura do participante da pesquisa

____________________________________________ Assinatura do pesquisador responsável

Atenção: quando o instrumento da pesquisa for questionários, formulário ou entrevistas, o TCLE

deve assegurar ao participante o direito de se recusar a responder as perguntas que lhes cause

constrangimento de qualquer natureza.

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81

APÊNDICE B

FICHA DE AVALIAÇÃO

Dados pessoais

Nome: __________________________________________ Data de nascimento: ______________

Endereço: _______________________________________________________________________

Nº telefone residencial: ( )_____________________ Nº celular: ( )_______________________

Email: __________________________________________________________________________

Contato de emergência:

Nome: ________________________ Nº Telefone: ( ) ______________ Parentesco: ___________

Informações adicionais:

__________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Pratica cilismo a quanto tempo? ____________ Dias por semana: ________ Km por semana: _____

Especialidade: __________________________ Horas de treino por dia/semana: _______________

Participou de alguma competição? ____________________________________________________

Principais:_____________________________________________ Última: ____________________

Você participar de outro programa de atividade física regular? Sim Não

Caso afirmativo, qual o tipo? ________________________ Há quanto tempo? _________________

Qual a frequência? ________________________ Qual a duração? __________________________

Você ingere bebidas cafeinadas? Sim Não

Caso afirmativo, qual a quantidade por semana?

Café (xícaras) ______ Chá (copos) ______ Refrigerante (latas) ______

Outros: _________________________________________________________________________

Antropometria:

Peso: __________ Estatura: ___________ IMC: _______________

Pressão arterial (mmHg):

1ª ___________ 2ª ___________ 3ª ___________

FC repouso: ___________

FCPICO: _____________