o Jornal Na Sala de Aula Um Exercicio Para Incentivar a Leitura e a Escrita
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APRESENTAÇÃO
O PROJETO ESCOLA & UNIVERSIDADE é uma proposta da Prefeitura
Municipal de Curitiba sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de
Educação, podendo dele fazer parte os integrantes do quadro próprio do
magistério municipal que atuam nas escolas da Rede Municipal de Ensino (RME).
Caracteriza-se como uma proposta política de incentivo, como estímulo ao
educador de Curitiba na busca de novas propostas e experiências educacionais,
segundo o entendimento de que todos têm uma importante contribuição para a
melhoria da qualidade da educação de nossa cidade, por meio de apresentação e
compromisso de projetos.
O presente relatório apresenta e descreve as atividades desenvolvidas no
ano de 2008, do Projeto: O jornal na sala de aula: um exercício para incentivar a
leitura e a escrita junto a 3 turmas da II etapa do II ciclo do ensino fundamental
do período da tarde.
1
1. O PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA
Nas sociedades modernas, em que os meios de comunicação interferem
diretamente na formação das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos,
não há mais como negar a importância de pesquisas integradas entre esses dois
campos de estudo para resultados mais eficazes nos procedimentos pedagógicos
das escolas.
A utilização do jornal impresso em sala de aula é uma das preocupações
mais antigas em relação a essa possível relação entre comunicação e educação.
Até porque é esse o primeiro e mais antigo dos meios classificados como veículos
de comunicação de massa. Questões como “em que medida o trabalho com o
jornal em sala de aula pode favorecer o trabalho com a leitura e a escrita?” ou “
em que medida a crescente utilização da mídia na escola pode melhorar ou servir
como estímulo ao processo de cognição dos alunos?” estão presentes no
universo de indagações de professores e de comunicadores que se interessam
pelas duas áreas.
O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação
social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à
informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de
mundo, produz conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a
responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes
lingüísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de
todos.(PCN, 1997, p.11).
Esse domínio também salienta a necessidade de os cidadãos
desenvolverem sua capacidade de compreender textos orais e escritos, assumir a
palavra e produzir textos orais e escritos em situações de participação social.
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Pesquisas atuais nacionais e internacionais, como o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Exame nacional do Ensino Médio
(ENEM) e do Programa Internacional de Avaliação dos estudantes (PISA),
revelam o baixíssimo nível de compreensão, interpretação e reflexão dos alunos
do Ensino Fundamental e Médio.
A incapacidade de leitura para além dos códigos lingüísticos dos alunos, sejam eles de escolas públicas ou privadas, tem sido objeto de reflexão dos educadores brasileiros para identificar as causas e encontrar caminhos para alteração desta realidade (CALDAS, 2006, p.119).
Procurando melhorar e aperfeiçoar, cada vez mais a dinâmica da escola, e
até mesmo o processo de ensino e aprendizagem da língua oral – escrita, é que
se vê no trabalho com o jornal na sala de aula, uma forma de trabalhar e
desenvolver a escrita dos alunos.
Com esse trabalho, pretende-se por meio de uma pesquisa qualitativa,
abordar questões relativas ao processo de ensino-aprendizagem da escrita e da
leitura dos alunos do período da tarde do ensino fundamental, com idades entre
10 e 12 anos.
3
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Uma das principais finalidades da educação, é, a promoção de mudanças
nos indivíduos , que busquem o desenvolvimento integral do homem e da
sociedade.
Desde o momento em que o ensino deixou de ser individualizado e
intercalado, como inicialmente ocorria, e passou a assumir uma complexificação e
burocratização crescentes, tem persistido a filosofia do tratar todos como iguais
ou um só. Esta idéia, que inicialmente poderá ter sido proveitosa e pragmática,
veio a transformar-se num paradigma dominante, tendo sido ainda mais
potenciada com a massificação do ensino e a generalização do acesso à
educação, e consubstanciou-se numa grande homogeneização, desde a sala de
aula até ao modo como é estruturado o sistema educativo.
Progressivamente, passou-se de um sistema escolar para um sistema de
escolas e de uma política educativa nacional para políticas educativas locais.
Debruçar-se sobre a questão da leitura tem se tornado hoje uma corrida
em círculos. Nas últimas três ou quatro décadas o que mais se tem feito é dizer
que nossos alunos, e, por conseguinte, os adultos em geral, não têm a leitura
como hábito, não recebem estímulos no ambiente familiar e, na escola, a
preocupação com os conteúdos do Currículo ( e a leitura não é um deles? ) tem
relegado a segundo plano a sua importância e necessidade. “Ao longo dos
últimos anos, muito se tem falado acerca da importância da leitura, mas muito
pouco se tem feito no sentido de instrumentalizar o professor para a realização
deste trabalho, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do gosto
pela leitura”. (VILLARDI. 1997, p.3).
4
Embora muito se tenha falado e escrito sobre este tema, ainda é pertinente
e relevante voltar a ele e, de forma veemente, onde se dá, ou deveria se dar, o
seu exercício de modo mais sistematizado: a escola. Importar-se, debater,
investigar, produzir novas idéias sobre as formas de encaminhamento da
instauração do hábito, prazer e gosto de “ler por ler”, que leva inegavelmente à
aquisição de conhecimentos, é urgente.
Por isso, mais uma vez deve-se voltar os olhos para a temática, no sentido
de melhor conhecê-la, tendo por base as situações vivenciadas pelos alunos de
uma escola específica para desvelar a situação da leitura no contexto atual.
Partindo destes fatores e na procura da melhoria e do aperfeiçoamento da
dinâmica da escola, e até mesmo o processo de ensino e aprendizagem da língua
oral-escrita, é que viu-se no tema: O jornal na sala de aula: um exercício para
incentivar a leitura e a escrita , uma forma mais ampla de trabalhar e desenvolver
a escrita e por seguinte, a leitura .
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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
LINGUAGEM ESCRITA E LEITURA
Diversas pesquisas, realizadas nos últimos anos, têm-se empenhado em
apresentar contornos mais nítidos do cenário em que se insere a questão da
leitura e do livro no país, permitindo maior consciência das mazelas que afligem o
setor e oferecendo dados concretos para que se possa buscar sua superação. É
o caso, por exemplo, do Mapa do Alfabetismo no Brasil (Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP/MEC, 2003), do
Indicador Nacional do Alfabetismo Funcional – INAF (2001 e 2005), do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB (2001 e 2003), do Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA (2000) e do Retrato da Leitura
no Brasil – CBL/Snel (2001).De acordo com o Mapa do Alfabetismo no Brasil
(INEP, 2003), a evolução da taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou
mais, no País, diminuiu de 65,3%, em 1900, para 13,6%, em 2000, realizando
grande avanço neste campo ao longo do século passado. Apesar desse avanço,
entretanto, o Brasil ainda possuía, em 2000, cerca de 16 milhões de analfabetos
absolutos (pessoas que se declararam incapazes de ler e escrever um bilhete
simples) e 30 milhões de analfabetos funcionais (pessoas de 15 anos ou mais,
com menos de quatro séries de estudos concluídas)
E o dado mais estarrecedor, talvez, apontado pela pesquisa, é o de que
35% dos analfabetos brasileiros já freqüentaram a escola.Com outra abordagem
sobre o analfabetismo, os dados de uma das mais relevantes pesquisas sobre o
assunto, denominada Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF-2001,
realizada pelo Instituto Paulo Montenegro (Ibope pela Educação), definiu três
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níveis de alfabetismo de acordo com as habilidades demonstradas pelos
entrevistados no teste aplicado.
Observamos então , que a escrita cada vez mais vem assumindo um papel
mais proeminente no mundo contemporâneo. Evoluindo a partir de necessidades
histórico-culturais, passa,
...de simples instrumento de preservação de informações importantes para a subsistência das sociedades primitivas, (...) a meio fundamental de acumulação e transmissão de informações e de conhecimentos, desempenhando um papel central nas sociedades letradas (RÊGO, 1988, p. 9).
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4. CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM
O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na
educação, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com
as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de
muitos conhecimentos e no desenvolvimento.
A linguagem é uma forma de ação interindividual orientada por finalidade
específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais
existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da
sua história. Por essa necessidade de relacionar-se e comunicar-se, o homem
produz a linguagem, superando os limites de sua condição natural. Sendo assim,
desenvolve as capacidades de generalização e abstração do mundo exterior, ou
seja, a possibilidade de operar na ausência dos objetos.
A linguagem, por seu caráter simbólico, permite ao homem a codificação
dos objetos em signos. Essa capacidade de representação faz com que ele
supere sua consciência sensível, constituindo, assim, a consciência racional.
Nessa perspectiva, a língua é um sistema de signos histórico e social que
possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é
aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais, e, com
eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e
interpretam a realidade e a si mesma.
Produzir linguagem significa produzir discursos. Significa dizer alguma
coisa para alguém, de uma determinada forma, num determinado contexto
histórico.
O trabalho com a linguagem desenvolve-se em três eixos: oralidade,
escrita e leitura.
4.1 LINGUAGEM ORAL
A linguagem oral está presente no cotidiano de todas as sociedades
humana, onde todos participam, falam, se comunicam entre si, expressando
sentimentos e idéias.
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O aluno que vai para a escola, já possui uma linguagem própria, não
formal, usando a linguagem oral com desembaraço para interagir nas diversas
situações da vida. Este aluno aprendeu a falar e a entender o que fala passando
por um processo de aquisição da linguagem gradativo e progressivo, sem que
houvesse necessidade de sistematização de qualquer conteúdo da língua.
Antes mesmo de serem capazes de pronunciar qualquer palavra, as
crianças já compreendem algumas palavras e estão desenvolvendo suas
capacidades de usar a voz como meio de expressão.
Quando o ambiente social é rico em boas relações e em linguagem,
produz-se uma atividade lingüistica cada vez mais intensa, com as crianças
experimentando novas combinações de sons, dando gritos, usando expressões
de espanto e de alegria, balbuciando coisas que podem parecer sem sentido,
vocalizando para chamar a atenção dos outros, para conseguir alguma coisa, etc.
Aos poucos, por meio de um processo de assimilação que possui uma
longa história e que desenvolve em função das interações da criança com os
outros, ela começa a ensaiar suas primeiras palavras, que nascem daqueles sons
da linguagem que a criança assimila da fala do adulto quando ouve.
A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de
aproximações sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da mãe, do
professor, dos amigos, da televisão, do rádio, etc.
“A linguagem oral tem o suporte da prosódia, dos gestos, da expressão
facial e principalmente do interlocutor”.(FARACO,p.06,1991); as frases podem ser
curtas e a aprendizagem ocorre pelo convívio (interação).
Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando
descobrir regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que
dispõem: histórias que conhecem, vocabulário familiar, etc. Assim, acabam
criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se das
convenções da linguagem.
Cada criança tem seu próprio ritmo e a conquista de suas capacidades
lingüisticas se dá em tempos diferenciados, sendo que a condição de falar com
fluência, de produzir frases completas e inteiras provém da participação em atos
de linguagem.
A ampliação de suas capacidades de comunicação oral ocorre
gradativamente, por meio de um processo de idas e vindas que envolve tanto a
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participação das crianças nas conversas cotidianas, em situações de escuta e
canto de músicas, em brincadeiras, etc, com a participação em situações mais
formais de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a leitura de textos.
4.2 LINGUAGEM ESCRITA
A fala, o discurso oral, não são as únicas formas de linguagem, esta possui
diversas maneiras de se manifestar. Por exemplo: a música, a expressão gráfica
e plástica (desenho, pintura, modelagem); a escrita. Todas são formas de
expressão de criação e de troca de significados.
Assim, por exemplo, Bartolomeis justifica a concepção do desenho e da
pintura como linguagens, pois “a criança através do desenho e da pintura também
raciocina e narra” .(BARTOLOMEIS, 1982, p.155).
Em cada uma destas formas de linguagem a criança encontra diferentes
possibilidades de representação, de reorganização, de expressão de sua
personalidade e de construção de seu conhecimento.
Sendo assim, o desenho configura-se como a primeira representação
gráfica usada pela criança, que mantém características formais do objeto. É no
desenho que aparecem os precursores da língua escrita, pois neles os gestos,
começam a ser usados para indicar novos significados para os objetos usados
nas brincadeiras ou rabiscos no papel. A escrita, como possibilidade de desenhar
a fala, surge como prolongamento desse desenvolvimento. A criança começa com
desenhos, a escrita imitativa até às pseudo letras, indo, então, para os
fragmentos correspondentes à escrita convencional, até a elaboração da escrita
com as normas ortográficas, tendo como experiências a interação e a
interlocução.
Num segundo momento, ela já tenta escrever juntando alguns rabiscos,
misturando linhas retas e curvas, onde o significado só o autor conhece. Nesta
fase, já mostra que começa a possuir uma idéia do que seja a escrita, mesmo que
não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação.
A escrita, portanto, é o produto mais desenvolvido da abstração da
linguagem, pois não conta com quase nenhum elemento extra-verbal (gestos,
mímica), possuindo diferentes funções: serve como indicativo de localização,
como forma de registro no tempo e no espaço, como informação, registro auxiliar
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da memória, ou ainda como forma de comunicação. Esta surgiu a partir do
momento em que as relações sociais de trabalho se tornaram mais complexas. A
história da escrita pode ser caracterizada em três fases distintas; (LUNA et
al.,1997, p.5).
pictórica: era feita através de desenhos, como a escrita
Asteca, que é associada à imagem do que se quer
representar, sem relação com o som;
ideográfica: os ideogramas são desenhos que, com o tempo,
perderam seus traços mais significados, tornando-se uma
simples convenção da escrita (como exemplo, podemos citar
as escritas egípcia, mesopotâmica e chinesa);
alfabética: caracteriza-se pelo uso de letras, assumindo uma
representação fonética, destaca-se nesse sistema o greco-
latino, do qual provém o nosso alfabeto (latino).
A aquisição da escrita não é um produto puramente escolar, mas o
resultado de um longo processo apropriativo e construtivo por parte da criança.
Apreender a língua escrita é construir estruturas de pensamento capazes de
abstrações cada vez mais elaboradas.
Na visão histórico-crítica, a educação ocorre no âmbito das inter-relações
do indivíduo com seu grupo social, culturalmente estruturado. (id.,ibid.,1997, p.4).
Considera-se que o processo de aprendizagem define-se em três
momentos
socialização: contato da criança com outro sujeito mais
experiente e com o objeto do conhecimento;
individualização: interpretação, reelaboração e
internalização desse objeto;
socialização: relacionamento com o mundo exterior, com sua
consciência já modificada pela aquisição de mais um
conhecimento.
Assim, é necessário entender a linguagem como um processo de
apropriação do conhecimento da língua escrita, em que o aluno, gradativamente,
irá ampliar e rever suas formas de ler o mundo e representá-lo. Com o domínio de
um sistema de código, a criança ampliará indefinidamente sua possibilidade de
cognição.
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A aprendizagem da linguagem padrão, anteriormente tomada como mera
atividade mecânica, individualista e desvinculada de outros conhecimentos,
prioriza apenas o aspecto gráfico da língua escrita. Hoje, assumindo um sentido
mais amplo, onde ensinar é interagir com o mundo por intermédio da língua
escrita.
Esse processo não se limita ao reconhecimento e à utilização de símbolos
como simples tarefa de codificação e decodificação. Sendo a linguagem um
instrumento de representação, é por ela que se expressa a visão do mundo
daquele que fala.
No momento em que a criança entra em contato com a escrita, através da
interação com pessoas que lêem e escrevem, começa a elaborar noções básicas
da função social da escrita, tais como de: organização, comunicação, registro e
lazer.
A escrita deve ser encarada como uma representação da linguagem, pois é
necessário que os sinais lingüísticos se articulem, produzindo um determinado
significado que resulta no texto.
Segundo Vygostsky (in Moll, 1996), “a escrita deve ter significado para as
crianças, uma necessidade intrínseca deve ser despertada nelas e a escrita deve
ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida. Só então
poderemos estar certos de que ela se desenvolverá não como hábito de mãos e
dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem”.
Sendo assim, é importante ressaltar, que a aprendizagem da língua oral e
escrita se dá quando as palavras adquirem sentido no processo de interlocução,
tendo como base a importância da apropriação da linguagem nas diferentes
funções que ela assume na organização da sociedade atual, enquanto bem
cultural.
Todo tipo de material escrito deve fazer parte do universo da criança. O
professor deve oferecer ao aluno o maior número possível de leituras para que,
assim que o processo de apropriação esteja avançado, ele possa fazer leituras
significativas a partir de sua escolha.
Deve-se trabalhar na escola diferentes tipos de texto, pois cada um tem
uma função específica e é escrito de forma diferenciada. Quanto mais
oportunidades o aluno tiver de ler e discutir, maior será o seu referencial para
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realizar uma produção escrita e oral própria; assim ele não será um mero
reprodutor das idéias dos outros.
O trabalho com os alunos deve abranger uma variedade textual. Desse
modo, o professor deve apresentar aos seus alunos diversos tipos de texto como,
por exemplo: narrativo (contos, crônicas, histórias em quadrinhos, fábulas, lendas,
piadas, relatórios de experiência e de visitas); literário (literatura infanto-juvenil);
informativo (matérias jornalísticas e científicas, placas, mapas); de instrução
(experiências, normas, receitas, folhetos de instruções, manuais técnicos e bulas);
publicitário (propaganda, cartazes); gráfico (gráficos ilustrados com barras);
dissertativo ( textos de opinião, resenhas, críticas); poético e lúdico (quadrinhas,
trava-línguas, adivinhações, cantigas de roda, poesias, parlendas); de
correspondência (cartas, cartões, bilhetes, convites, avisos telegramas).
“A produção de um texto escrito envolve problemas específicos de estruturação do discurso, de coesão, de argumentação, de organização, de idéias e escolha de palavras, do objetivo e do destinatário do texto etc.” (CAGLIARI, 1990).
O trabalho com o texto é realizado visando a compreensão da função da
escrita enquanto representação de palavras, para a sistematização necessária ao
domínio do código escrito.
Considerando a função social da escrita, o texto torna-se o centro do
trabalho no processo de aquisição da língua, pois com ele a palavra terá sentido
e, dependendo do contexto em que estiver inserida, apresentará diferentes
significados. É necessário dar ao aluno a oportunidade de realizar, além das
produções individuais, produções em dupla, em equipe e em textos coletivos.
Uma das formas de escrita de texto individual é o próprio desenho do
aluno, que permite a expressão de idéias, sentimentos e emoções. Toda
representação que a criança faz, carregada de significado, é um texto. Nesse
momento é importante deixá-la criar, não se preocupando excessivamente com
a ortografia, para não destruir o estímulo à produção.
A produção de texto é uma atividade social onde o autor expressa alguma
coisa para alguém: um acontecimento, uma opinião, uma idéia, um sentimento,
uma história. O texto tem a função de interlocução e, para isso ele, deve conter
elementos como: unidade temática, coesão textual, seqüência lógica de fatos e
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idéias, argumentação, uso adequado do discurso direto e indireto, concordância
verbal e nominal, ortografia correta das palavras e domínio dos aspectos formais.
A reestruturação deve ser diferente da antiga correção, em que apenas
eram anotados os erros no próprio texto. Por esse processo, faz-se a comparação
do texto inicial com os parâmetros necessários para se chegar à forma padrão.
Após a produção escrita, é fundamental que o aluno leia o texto para
verificar se está de acordo com a intenção desejada, bem como fazendo
correções gramaticais. É necessário observar também: clareza no assunto,
coerência nas idéias, boa apresentação/ seqüência lógica-temporal dos fatos,
argumentação, uso dos recursos de coesão.
Espera-se, assim, que aos poucos os alunos se tornem revisores dos
próprios textos. No entanto, cumpre lembrar que conduzir o aluno a autocorreção
exige um prática sistemática em sala de aula, que deve ser mediada pelo trabalho
do professor.
É preciso criar situações nas quais o aluno possa identificar o que fez e por
que precisa corrigir, concretizando, assim, uma prática consciente, criando a
possibilidade de o aluno raciocinar sobre a linguagem escrita e reconstruí-la.
4.3 LEITURA: PRODUÇÃO SOCIAL E INDIVIDUAL
O processo de desenvolvimento da linguagem no homem tem culminância
nos processos de leitura e escrita. A formação da consciência através do
exercício da linguagem numa sociedade letrada tem na leitura a possibilidade de
ampliar seus horizontes. O indivíduo, ao apropriar-se ou tomar conhecimento do
discurso do outro pela leitura, participa da socialização das idéias, da produção
individual de alguém, que por esta etapa também já passou e pode, mesmo
ausente, passar adiante suas impressões e conclusões a respeito de sua
experiência com o mundo. Essa mediação entre o individual e o social feita pela
linguagem cristaliza-se pela escrita e reproduz-se pela leitura. “A linguagem tem a
qualidade de tornar presentes pessoas e/ou situações ausentes, transcendendo
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completamente o imediato.” (PALANGANA, 1995, p.21). E a escrita, como já dito,
preserva as qualidades delas, diminuindo-lhes as interferências produzidas pelo
tempo e pelo espaço. Pode-se então entrar em contato com as experiências do
passado e de outros lugares sem precisar ter estado lá, o que contribui na
compreensão de si mesmo e do mundo como um todo.
O homem tem o seu pensamento como resultado do social onde se insere
e o expressa de forma individualizada. Na relação com a escrita, que é em geral
uma produção individual, esse mesmo homem, sujeito leitor, entra em contato
com muitas expressões de pensamento que qualificam esse ato como uma
prática social. Pode dialogar, entrar em conflito com outras formas de
compreensão das coisas e fazer parte da dimensão social da leitura.
“Com a linguagem o sujeito adquire um conjunto de riquezas produzidas pelos próprios homens, dentre elas a consciência, que pode ser um fato alienado ou constituir-se em um poderoso instrumento na leitura de mundo e de si mesmos.” (PALANGANA, 1995, p. 27).
Aprimorar o exercício da leitura, decidir o que ler, duvidar do que lê,
constituem-se condições para superar a alienação. É nesta perspectiva que se
quer defender uma busca dos principais aspectos responsáveis pelo afastamento
da leitura, pelo menos na amplitude em que for possível, respeitados os limites
existentes.
É importante ressaltar que a leitura é uma atividade ligada à escrita, tendo
como objetivo primordial sua compreensão. O mecanismo de decodificação está
associado à leitura. Para compreender o que o texto significa, é preciso conhecer
o código alfabético e decodificar o texto, saber o que as letras representam; mas
não esquecer que ler não é apenas decodificar, é atribuir sentido ao texto, é
compreender, interpretar e, acima de tudo, ser capaz de fazer relações com o que
já foi percebido, lido e vivenciado.(CAGLIARI,1990).
Toda leitura é feita com o objetivo de buscar informações, idéias novas,
confirmações, destacando as idéias principais, verificando as conclusões,
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associando as idéias vinculadas por aquela leitura que já é conhecida,
argumentando, podendo concordar ou discordar do autor.
A escrita é uma atividade de exteriorização do pensamento, já a leitura é
uma atividade de assimilação de conhecimentos, de interiorização e reflexão.
A leitura é uma atividade complexa. O indivíduo deverá não somente
decifrar e decodificar a escrita, mas também realizar uma interpretação de leitura
de mundo.
Entende-se por leitura de mundo o modo de pensar, ou seja, a visão que a
pessoa possui da realidade. Por esse motivo é necessário trabalhar com diversos
tipos de texto em sala de aula.
Podemos considerar como modalidades de leitura (LUNA et al.,1997, p.13),
de acordo com sua finalidade:
leitura prazer: em que são trabalhadas as obras de literatura
infantil e infanto-juvenil em prosa e verso com o objetivo de
fazer interpretações e desenvolver a sensibilidade literário\a;
leitura informativa: cujos textos são de variadas fontes, como
jornais, revistas, enciclopédias, o próprio texto dos alunos,
etc.;
leitura pretexto: quando, a partir do texto, o aluno faz
produções como dramatização, colagem, desenhos e até
novos textos.
Uma outra finalidade da leitura é a do estudo de texto, em que surgirão
debates para a exploração de idéias e fatos e o levantamento para a produção de
textos. Para isso, é importante trabalhar com o aluno as condições em que foi
escrito o texto lido, isto é, explorar a época em que foi escrito, com que intenção
e para quem. A leitura caracteriza-se, assim, como um ato de permanente
entrelaçamento do conhecimento com a informação - uma ponte para o novo.
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4.4 LETRAMENTO: BREVE HISTÓRICO
“Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e a escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno” (SOARES, Magda, 2003).
O que é letramento
Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade, nem um martelo
quebrando blocos de gramática.
Letramento é diversão.
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.
São notícias sobre o presidente,
o tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.
É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos.
É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.
É um Atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
u orientações em bula de remédios,
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uara que você não fique perdido.
Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
um de tudo que você pode ser.
Magda Soares
A invenção do Letramento se dá em meados dos anos de 1980 no Brasil.
Magda Soares define letramento como sendo o estado em que vive o indivíduo
que sabe ler e escrever e exerce as práticas sociais de leitura e escrita que
circulam na sociedade em que vive: ler jornais, revistas, livros, saber ler e
interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de
água, luz, telefone, saber escrever e escrever cartas, bilhetes, telegramas sem
dificuldade, saber preencher um formulário, redigir um ofício, um requerimento,
etc. A alfabetização e o letramento se somam, são complementos.
Enquanto que “alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da
tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de
leitura e de escrita”. O importante é criar hábitos e desenvolver habilidades, sentir
prazer de ler e escrever diferentes gêneros de textos.
O letramento é um processo que se estende por toda a vida; é um
fenômeno de cunho social, e salienta as características sócio-históricas ao se
adquirir um sistema de escrita por um grupo social. Ele é o resultado da ação de
ensinar e/ou de aprender a ler e escrever, e denota estado ou condição em que
um indivíduo ou sociedade obtém como resultado de ter-se “apoderado” de um
sistema de grafia.. Letrar é função e obrigação de todos os professores, mesmo
porque cada área do conhecimento tem uma linguagem específica tanto no
campo da informação, dos conceitos e dos princípios.
Contudo este Projeto buscou, priorizar os seguintes aspectos: produzir
textos espontâneos, valorizar os desenhos como forma de representação, não
rotular, divertir, educar, motivar, emocionar, informar, orientar, formar e
comunicar.
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Para a implantação do trabalho com o jornal em sala de aula, foram
adotados os seguintes procedimentos iniciais;
Pesquisa, através de revistas, jornais, livros e outras fontes;
Interpretação, entendimento do assunto a ser produzido;
Debate, troca de informações entre alunos e professores;
Produção dos textos selecionados;
Promover a necessária interdisciplinaridade na escola.
Dessa forma observamos que os alunos sentiram-se motivados a ler e
escrever.
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5. OBJETIVOS
Objetivos Gerais
Possibilitar aos alunos o contato com os diferentes recursos didáticos,
inclusive o jornal impresso aprendendo as funções da linguagem neste meio de
comunicação, tornando-se um ser crítico e participativo do processo de
aquisição da mesma, ou seja, que o ensino da língua portuguesa se torne
mais prazeroso e o ambiente de ensino mais motivador.
Objetivos Específicos
permitir a compreensão do funcionamento comunicativo da escrita:
escreve-se para ser lido;
possibilitar que o aluno compreenda a relação existente entre a fala e a
escrita.
Favorecer a formação de opinião mediante boa argumentação.
Facilitar o manuseio da informação, desenvolvendo o senso crítico e
criativo do aluno em diferentes meios de comunicação: TV, rádio, revista,
jornal e outros.
Promover a utilização do jornal como veículo de formação de cidadania.
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6. A IMPRENSA : BREVE HISTÓRICO
Por imprensa queremos dizer, em sentido estrito, tudo o que se edita com a
ajuda de máquinas de imprimir, isto é, em forma tipográfica e litográfica, ou sejam,
livros, revistas, folhetos, boletins, cartazes, jornais e reproduções de fotografias.
Em sentido amplo o conjunto de meios de divulgação impressos (jornais, livros,
etc.) que visam à publicidade periódica de notícias e opiniões.
A imprensa ensina, educa, dirige, inspira, a moral de um povo depende
primacialmente do que ele lê. O livro e o jornal são os educadores. Eles animam
os seus sentimentos, despertam as suas idéias, modelam a sua consciência:
criam-lhe, numa palavra, a alma. Escrava do progresso, o jornal destrói os
prejuízos, combate o carrancismo e impulsiona os povos para o futuro. Nas
transformações quase instantâneas por que passa o mundo moderno, a imprensa
é dos fatores preponderantes.
A primazia da publicação daquilo que designamos hoje de imprensa
periódica pertence, antes, aos chineses. E isto passou-se já no ano 700 antes de
Cristo. Trata-se do Ching Pao impresso em papel fino (papel arroz). A gazeta de
Pequim em 1350 apresentava-se com todas as características de jornal;
utilizavam-se tábuas de madeira onde se traçavam a punção, os caracteres
invertidos.
Mas a era da Imprensa periódica começa com a invenção das letras
móveis por Gutemberg . Foi João Gutemberg quem aperfeiçoou, em Mogúncia
(Alemanha), por volta de 1436, a tipografia criando o sistema de letras móveis em
metal que viria dar incremento notável e fundamental a arte da impressão; até o
aparecimento desse homem não existia um só livro impresso, um só jornal, uma
só revista. Os livros existentes eram todos feitos a mão(ROSADO, 1966, p.9).
Inicia-se, portanto, uma nova era, na qual Gutemberg imaginou meios
mecânicos de fazer livros e imprimiu na Alemanha o primeiro livro, uma Bíblia em
latim. Há quem atribua a invenção das letras móveis em metal a Panfile Castaldi,
nascido em Feltre, Itália em 1398.
Até a invenção das letras móveis metálicas por Gutemberg os livros eram
quase todos manuscritos, embora a xilografia já estivesse em uso.
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Já no Brasil, pouco antes da invasão Francesa, D. João havia
encomendado uma imprensa na Inglaterra. O material estava ainda nos caixotes,
quando o príncipe português fugiu de Lisboa. Trouxe consigo esse material e com
ele fundou a Imprensa Régia, em decreto datado de 13 de maio de 1808. Esse
prelo trabalhou afanosamente. Em 1822 as publicações que dele haviam saído
alcançavam a 1154, eram principalmente atos oficiais de várias autoridades e
folhetos a serviço das convicções régias. Dessas oficinas nos veios, desde 10 de
setembro de 1808, o primeiro jornal aparecido no Brasil – a Gazeta do Rio de
Janeiro. Conquanto se dissesse “não oficial”, tanto se aproximava do governo que
foi tida justamente como oficiosa (id.ibid.,1966, p.29).
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7. O JORNAL COMO MEIO DE AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO
De criatura a imprensa evoluiu a criador e tão grande chegou a ser a
sua força que os homens avisados a batizaram como “quarto poder”, aquele que
vinha incorporar-se aos outros poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo, e o
Judiciário.
Os jornais são um grande veículo de comunicação e de informação, mas é
importante que o professor, que esteja utilizando tal recurso, fique atento aos
aspectos das informações a serem trabalhadas.
A utilização do jornal na sala de aula pode ser de duas formas:
independente ou interdependente. Chama-se a situação independente quando
o jornal é utilizado por si só, não havendo produções jornalísticas, ou seja, o uso
do jornal para desenvolver a leitura e análise crítica dos textos, ou ainda quando
se utilizam produções de jornais a partir de atividades desenvolvidas na própria
escola, sem intermediação de jornais externos. A situação interdependente
ocorre quando utilizamos algum jornal específico ou não para o desenvolvimento
do jornal da própria escola. As matérias a serem publicadas são originadas a
partir de matérias preexistentes em outros jornais. Nós trabalharemos com o
modelo de jornal interdependente.
Tendo em vista estes aspectos afirmarmos que ao satisfazer
necessidades cada vez mais complexas, o homem produz instrumentos
físicos (ferramentas, máquinas, etc.) e símbolos (idéias, crenças, valores.) cujo
uso lhe permite transformar e conhecer o mundo, comunicar suas experiências e
desenvolver novas funções psicológicas. É pois, na complexidade das formas
sociais de produção que, pela necessidade de relacionar- se de forma humana,
e consequentemente de comunicar-se de uma forma também humana que
ele produz a linguagem, na superação dos limites de sua condição natural.
Diante deste quadro, a linguagem verbal possibilita ao homem representar
a realidade física e social e, desde o momento em que é aprendida
conserva um vínculo muito estreito com o pensamento, possibilitando não só
a representação e a regulação do pensamento e da ação, próprio e alheios,
mas, também comunicar idéias, pensamentos e intenções de diversas naturezas,
estabelecendo assim, relações interpessoais anteriormente inexistentes.
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Por outro lado, as tecnologias de comunicação imprimem de alguma forma
uma força educativa na vida cotidiana, em geral fora do ambiente formal escolar,
e exercem um impacto significativo na sociedade. O gerenciamento executado
pelo professor é que despertará nos alunos a comunicação interativa significativa
ou apenas a execução mecânica e automática de comandos, bem como uma
leitura crítica das mídias que os tornará capazes de identificar possíveis
manipulações ideológicas, religiosas etc.
Não podemos esquecer que a sociedade que forma nossos alunos e nos
forma produz as representações, as formas simbólicas pelas quais se
transformam em bens simbólicos no processo de circulação, o qual se dá de
acordo com a formação sócioeconômica.
Sendo assim, é importante ressaltar, que a aprendizagem da língua oral
e escrita se dá quando as palavras adquirem sentido no processo de
interlocução, tendo como base a importância da apropriação da linguagem nas
diferentes funções que ela assume na organização da sociedade atual,
enquanto bem cultural.
É importante frisar também, que mesmo o aluno não tendo domínio da
escrita, é necessário que o mesmo esteja em contato com o texto em suas
diferentes modalidades, pois esse é um processo contínuo.
Para aprender a escrever, é necessário ter acesso á diversidades de
textos escritos, vivências, etc. A utilização que se faz da escrita em diferentes
circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem
se propõe produzi-la, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem
já sabe escrever.
No caso da língua escrita o professor usará como objeto de estudo os
textos já utilizados por pessoas que dominam a leitura e a escrita: o texto
impresso, ou seja, a síntese de toda produção cultural da época em que vivemos.
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7.1 JORNAIS VOLTADOS AO PÚBLICO INFANTO-JUVENIL
Não há no Brasil, grande tradição em explorar a palavra destinada a
público infantil ou infanto-juvenil, veiculado por meios de comunicação como a
revista, o jornal. Tentativas tem havido e com resultados significativos.
Publicações várias tem circulado, como Tico-tico, Bem-te-vi, O Beija-flor, O
Jornalzinho (publicação em forma de revista).
Poucos jornais brasileiros dedicam um suplemento à criança. Os mais
conhecidos são: O Estadinho, A Folhinha, O Globinho, Diarinho e em Curitiba a
Gazetinha.
7.1.1 O Estadinho
Suplemento semanal de O Estado de São Paulo, passa à criança uma
linha alegre e divertida, visando mais ao lazer, com sua coluna de cartinhas, conto
(atual ou clássico), poema, reportagem (envolvendo assunto de interesse infantil),
quadrinhos (Horácio, Chico Bento, Cebolinha) de Maurício de Souza, programinha
(indicação de passeio, teatro, museu, esporte, guloseimas), passatempo (palavras
cruzadas, caça-palavras, jogo de diferença entre objetos, brincando de fazer).
7.1.2 A Folhinha
Suplemento semanal do jornal Folha de São Paulo, o mais antigo dos
atuais suplementos infantis, tem passado por reformulações nos últimos tempos,
depois da orientação de Tia Lenita e de outras editoras, relegando a segundo
plano o que foi sua maior qualidade, o de cartas, relação de cursos de interesse
da criança, informações gerais e científicas, brincadeiras, concurso, relação de
lançamentos de livros infantis, com inclusão dos mais vendidos, bem como de
livrarias especializadas na área infanto-juvenil.
7.1.3 O Globinho
Suplemento semanal do jornal O Globo, enfatiza, principalmente, o
quadrinho, de autores estrangeiros. Acrescenta duas colunas diversificadas: O
Globinho Pesquisa (filatelia, numismática e outros temas) e Diverte ( jogo de
erros, coisas afins), o que é muito pouco para estimular o pequeno leitor.
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7.1.4 Diarinho
Suplemento semanal do jornal Diário do Grande ABC, em forma de revista,
publicação muito bem cuidada, em que se destacam o fato importante da semana
( dia do professor, dia da avaliação, dia do livro, etc.), narrativa, poema,
curiosidade científica, brincadeiras, loteria do saber, calendário cívico, palavras
cruzadas e quadrinhos.
7.1.5 A Gazetinha
Suplemento semanal do jornal A Gazeta do Povo, destacam-se os fatos
importantes da semana/mês ( dia do professor, aniversário da cidade, dia do livro,
etc.), acontecimentos voltados à educação, curiosidades científicas, brincadeiras,
calendário cívico, palavras cruzadas, entrevistas, informativos sobre
programações culturais voltadas as crianças, cartas, desenhos, informações
gerais e quadrinhos.
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8. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
No princípio o trabalho com o jornal na Escola Municipal Newton Borges
dos Reis – Educação Infantil e Ensino Fundamental, foi de exploração de uma
forma lúdica, manuseando, recortando, rasgando, moldando figuras, fazendo
dobraduras e brincadeiras diversas com os alunos envolvidos no trabalho. Em um
segundo momento fizemos com os alunos a desmontagem do jornal para que
eles reconhecessem o material, recortando fotografias, ilustrações, reportagens,
títulos de classificados e outros elementos ; montando cartazes com seções
diversas e montando um mural com jornais trazidos pelos alunos.
A partir desse reconhecimento demos o início da confecção de materiais,
aproveitando as contribuições dos alunos, relatos de fatos do cotidiano do aluno,
através de discussões e os debates e esclarecendo-os sobre a história da
imprensa, o processo de impressão, a montagem do jornal, etc.
Por último utilizamos o material criado através dos exemplares de jornais
cedidos aos alunos para a confecção do Jornal Mural para a escola.
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9. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES
AGOSTO
Iniciamos o trabalho com o Jornal, contando a história do surgimento do
mesmo e a sua evolução e importância para a sociedade. Num segundo
momento, falamos dos tipos de jornais existentes e mostramos um exemplar da
Gazeta do Povo, da Gazeta Esportiva, da Tribuna do Paraná, da Folha de São
Paulo, do Diário popular e do Paraná em Páginas, para que pudessem observar
essas diferenças existentes, além disso criou-se um espaço na sala para que
todos pudessem contribuir com os tipos de jornais que possuíam em casa.
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SETEMBRO
Propusemos um trabalho de pesquisa com os alunos, com intuito de
identificar quais jornais os alunos conheciam dos que foram mencionados ou não,
se a família adquire algum tipo de jornal, qual a importância do jornal para nossa
vida e que notícias podemos encontrar no jornal.
A atividade iniciou-se em sala, cada aluno respondeu o seu e depois
discutimos coletivamente os resultados da pesquisa, para que depois colhessem
as informações finais com seus familiares.
Foi possível constatar que a maioria dos alunos e famílias tem contato com
algum tipo de jornal. Os assuntos mais lidos referem-se a esportes ou aos casos
de violência ocorridos na sociedade e publicados no jornal. Os classificados
também são muito procurados, principalmente os anúncios de empregos.
Após a realização da pesquisa que propiciou sabermos a proximidade dos
alunos com o jornal, utilizamos com os alunos os diferentes tipos de jornais que já
lhes mostrará. Os alunos puderam manusear os jornais e observar o tamanho,
tipos de papel, numeração das páginas, espaços, colunas, tipos e tamanho das
letras, fotos, cores e assuntos.
Na primeira página exploramos os elementos principais cabeçalho e
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manchete. A atividade foi realizada em grupo, os alunos precisavam identificar e
recortar o nome, preço e data do jornal colando em uma folha. Em seguida,
trabalhamos com as manchetes explicando o objetivo e porque algumas notícias
ganham mais destaque. Após cada grupo escolhia uma manchete do seu jornal
recortava e colava na folha do cabeçalho. Depois procurava a notícia referente à
manchete escolhida e colava em outra folha. Para encerrar cada grupo
apresentava para os demais o seu trabalho expondo com qual jornal trabalhou e
falando um breve resumo da reportagem que escolheu.
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OUTUBRO
Trabalhamos especificamente com os classificados do jornal. Quaís são os
tipos de classificados (empregos, venda, compra, alugueL.), quem anuncia e o
que é necessário expor no classificado, por exemplo, se o anúncio refere -se a
emprego a maioria informa a função a ser exercida, formação exigida, local do
trabalho, benefícios e salário.
Depois os alunos elaboraram o seu próprio classificado e apresentaram
aos colegas.
Com a participação dos alunos escolhemos as palavras CLASSIFICADOS
e INFORMAÇÃO com intuito de encontrar outras palavras dentro destas.
Exemplo: dentro da palavra Informação podemos retirar a palavra Formação.
O objetivo foi que as crianças encontrassem o maior número possível de
palavras dentro das duas selecionadas. No final conferimos as que foram
encontradas onde os alunos interagiam entre si trocando suas descobertas.
Nessa atividade, tivemos algumas dificuldades na realização com um
grupo, que se recusou a realizá-la num primeiro momento devido a não aceitação
das orientações; mais o problema foi resolvido quando o tema para o referido
grupo foi livre, sendo que o tema que foi trabalhado pelos alunos foi sobre
violência, tendo como especificidade desse grupo a leitura visual , ou seja,
resolveram a atividade com a leitura da imagem.
Utilizando a segunda atividade retiramos do cabeçalho dos jornais
trabalhados os preços dos mesmos e fizemos uma tabela. Em seguida,
elaboramos algumas situações - problemas, envolvendo estes valores.
Exemplos:
- Qual a diferença de preço entre o jornal mais caro e o mais barato?
- Quanto gastarei para comprar determinado jornal durante uma semana?
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NOVEMBRO
Durante o trabalho com os jornais os alunos perceberam que em todos
sempre há no mínimo uma reportagem sobre violência e que em alguns jornais a
quantidade e a ênfase dada a elas são relativamente grandes.
Contudo, iniciamos a organização para a elaboração do Jornal Mural no
pátio interno da escola.
Todas as turmas foram convidadas a participar enviando notícias do bairro,
reportagens, classificados, humor, curiosidades e outros trabalhos para expor no
Jornal Mural. Muitos alunos de diferentes etapas e turmas colaboraram.
A composição do Jornal Mural contou com as seguintes seções:
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Manchete
Paraná
Brasil
Mundo
Entrevista
Classificados
Opinião
Charge
Curiosidade
Esporte
Política
Economia
Cultura
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10.RESULTADOS OBTIDOS
Novo conceito sobre o jornal;
Mobilização: todos os alunos buscavam informações para a montagem do
jornal mural e,
Valorização da leitura e escrita.
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11.CRONOGRAMA:
PERÍODO: AGOSTO
- Desenvolver a habilidade da comunicação e expressão escrita e oral;
- Utilização de diferentes registros dos conteúdos trabalhados em sala de aula e
extra-classe;
- Valorização do trabalho em grupo, tornando os alunos capazes de ação critica e
cooperativa para a construção coletiva do conhecimento;
- Despertar hábitos de estudo, de ordem e clareza no desenvolvimento do
trabalho.
PERÍODO: SETEMBRO E OUTUBRO
- Fixar e enriquecer a aprendizagem, despertando no aluno o interesse pela
confecção do jornal;
- Utilização da pesquisa e coleta de informações para produzir e ampliar seus
conhecimentos iniciados na sala de aula e montagem do jornal mural;
PERÍODO: NOVEMBRO
- Escolha dos temas e discussão sobre o material necessário e formas de o fazer;
- Produção dos textos e dos desenhos;
- Seleção dos textos, desenhos a serem utilizados no jornal mural .
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12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto do Jornal obteve um alcance além do esperado. Todos os
envolvidos ficavam ansiosos ; pois se inteiravam dos acontecimentos e mais do
que isso, os olhinhos brilhavam de satisfação ao verem seus trabalhos editados,
sendo estes: fotos, pesquisas, desenhos, produções de textos, curiosidades,
mensagens, recados, agradecimentos, aniversários...
A Multidiscip!inaridade esteve presente em todos os momentos. Deste
modo às produções e participações ficavam mais ricas a cada edição.
Os alunos trocavam idéias, leram e pesquisaram mais, registraram,
compreenderam e principalmente, obtiveram melhorias significativas no processo
ensino-aprendizagem e relacionamento interpessoal.
Podemos afirmar com grande veemência que este trabalho desenvolveu
nos alunos grandes potencialidades e que a participação e colaboração de todos,
inclusive da comunidade, só fizeram enriquecer e abrilhantar o desenvolvimento
deste.
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13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, Luís, Técnica de Jornal e Periódico, 3ª edição, Fortaleza-CE: Edições
UFCE, 1982.
BARBOSA LIMA SOBRINHO, Alexandre José, O Problema da Imprensa, 3ª
edição, São Paulo: Edusp,1997.
BRASIL, P.C.N. : Parâmetros Curriculares Nacionais ( 1ª a 4ª série): Língua
Portuguesa, Secretaria de Educação Fundamental, volume 2, Brasilia:
MEC/SEF, 1997.
CAGLIARI, Luiz C. Alfabetização & Lingüistica, 6ª edição, São Paulo: Scipione,
1996.
CAPELATO, Maria Helena Rolim. A Imprensa na história do Brasil, 2ª edição,São
Paulo: Contexto/Edusp, 1994.
CARDOSO, Manoel, Estudos de Literatura infantil, 1ª edição, São Paulo: Editora
Brasil, 1991.
CURITIBA, Secretaria Municipal da Educação, Alfabetização: Currículo Básico da
Rede Municipal de Ensino, Curitiba: 1991.
DINES, Alberto. O Papel do Jornal. 5ª edição, v. 15. São Paulo: Summus
Editorial,1995.
FARACO, Carlos Alberto, Algumas considerações sobre a escrita, Transcrição da
Palestra, Curitiba, 26 jun.1991.
FAZENDA, Ivani (Org.), Práticas Interdisciplinares na Escola, 6ª edição,São Paulo:
37
Cortez, 1999.
HARRIS, Ray e Chris, Faça seu próprio Jornal, 4ª edição, Campinas-S.P: Papirus,
1995.
HEEMANN, Ademar; VIEIRA, Leociléa Aparecida, A Roupagem do Texto
Científico:
estrutura e fontes bibliográficas, 2ª edição, Curitiba: IBPEX, 1999.
KLEIN, Lígia Regina,Alfabetização: quem tem medo de ensinar? 1ª edição, São
Paulo: Cortez, 1996.
ROSADO, Nuno, A Imprensa, Coleção educativa, série C, nº 11,Brasilia.
MEC:1966.
SERKEZ, Angela Maria Batista; Martins, Sandra Mara Bozza, Trabalhando com a
palavra viva: a sistematização dos conteúdos de Língua Portuguesa a partir do
texto,Vol. 1 e 2 ,Curitiba:Renascer, 1996.
VYGOTSKY, L.S. A formação Social da Mente: O desenvolvimento dos Processos
Psicológicos Superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
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ANEXOS
FOTOS DAS ATIVIDADES
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