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APRESENTAÇÃO O PROJETO ESCOLA & UNIVERSIDADE é uma proposta da Prefeitura Municipal de Curitiba sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de Educação, podendo dele fazer parte os integrantes do quadro próprio do magistério municipal que atuam nas escolas da Rede Municipal de Ensino (RME). Caracteriza-se como uma proposta política de incentivo, como estímulo ao educador de Curitiba na busca de novas propostas e experiências educacionais, segundo o entendimento de que todos têm uma importante contribuição para a melhoria da qualidade da educação de nossa cidade, por meio de apresentação e compromisso de projetos. O presente relatório apresenta e descreve as atividades desenvolvidas no ano de 2008, do Projeto: O jornal na sala de aula: um exercício para incentivar a leitura e a escrita junto a 3 turmas da II etapa do II ciclo do ensino fundamental do período da tarde. 1

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APRESENTAÇÃO

O PROJETO ESCOLA & UNIVERSIDADE é uma proposta da Prefeitura

Municipal de Curitiba sob a responsabilidade da Secretaria Municipal de

Educação, podendo dele fazer parte os integrantes do quadro próprio do

magistério municipal que atuam nas escolas da Rede Municipal de Ensino (RME).

Caracteriza-se como uma proposta política de incentivo, como estímulo ao

educador de Curitiba na busca de novas propostas e experiências educacionais,

segundo o entendimento de que todos têm uma importante contribuição para a

melhoria da qualidade da educação de nossa cidade, por meio de apresentação e

compromisso de projetos.

O presente relatório apresenta e descreve as atividades desenvolvidas no

ano de 2008, do Projeto: O jornal na sala de aula: um exercício para incentivar a

leitura e a escrita junto a 3 turmas da II etapa do II ciclo do ensino fundamental

do período da tarde.

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1. O PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA

Nas sociedades modernas, em que os meios de comunicação interferem

diretamente na formação das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos,

não há mais como negar a importância de pesquisas integradas entre esses dois

campos de estudo para resultados mais eficazes nos procedimentos pedagógicos

das escolas.

A utilização do jornal impresso em sala de aula é uma das preocupações

mais antigas em relação a essa possível relação entre comunicação e educação.

Até porque é esse o primeiro e mais antigo dos meios classificados como veículos

de comunicação de massa. Questões como “em que medida o trabalho com o

jornal em sala de aula pode favorecer o trabalho com a leitura e a escrita?” ou “

em que medida a crescente utilização da mídia na escola pode melhorar ou servir

como estímulo ao processo de cognição dos alunos?” estão presentes no

universo de indagações de professores e de comunicadores que se interessam

pelas duas áreas.

O domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação

social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à

informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de

mundo, produz conhecimento. Por isso, ao ensiná-la, a escola tem a

responsabilidade de garantir a todos os seus alunos o acesso aos saberes

lingüísticos, necessários para o exercício da cidadania, direito inalienável de

todos.(PCN, 1997, p.11).

Esse domínio também salienta a necessidade de os cidadãos

desenvolverem sua capacidade de compreender textos orais e escritos, assumir a

palavra e produzir textos orais e escritos em situações de participação social.

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Pesquisas atuais nacionais e internacionais, como o Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Exame nacional do Ensino Médio

(ENEM) e do Programa Internacional de Avaliação dos estudantes (PISA),

revelam o baixíssimo nível de compreensão, interpretação e reflexão dos alunos

do Ensino Fundamental e Médio.

A incapacidade de leitura para além dos códigos lingüísticos dos alunos, sejam eles de escolas públicas ou privadas, tem sido objeto de reflexão dos educadores brasileiros para identificar as causas e encontrar caminhos para alteração desta realidade (CALDAS, 2006, p.119).

Procurando melhorar e aperfeiçoar, cada vez mais a dinâmica da escola, e

até mesmo o processo de ensino e aprendizagem da língua oral – escrita, é que

se vê no trabalho com o jornal na sala de aula, uma forma de trabalhar e

desenvolver a escrita dos alunos.

Com esse trabalho, pretende-se por meio de uma pesquisa qualitativa,

abordar questões relativas ao processo de ensino-aprendizagem da escrita e da

leitura dos alunos do período da tarde do ensino fundamental, com idades entre

10 e 12 anos.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

Uma das principais finalidades da educação, é, a promoção de mudanças

nos indivíduos , que busquem o desenvolvimento integral do homem e da

sociedade.

Desde o momento em que o ensino deixou de ser individualizado e

intercalado, como inicialmente ocorria, e passou a assumir uma complexificação e

burocratização crescentes, tem persistido a filosofia do tratar todos como iguais

ou um só. Esta idéia, que inicialmente poderá ter sido proveitosa e pragmática,

veio a transformar-se num paradigma dominante, tendo sido ainda mais

potenciada com a massificação do ensino e a generalização do acesso à

educação, e consubstanciou-se numa grande homogeneização, desde a sala de

aula até ao modo como é estruturado o sistema educativo.

Progressivamente, passou-se de um sistema escolar para um sistema de

escolas e de uma política educativa nacional para políticas educativas locais.

Debruçar-se sobre a questão da leitura tem se tornado hoje uma corrida

em círculos. Nas últimas três ou quatro décadas o que mais se tem feito é dizer

que nossos alunos, e, por conseguinte, os adultos em geral, não têm a leitura

como hábito, não recebem estímulos no ambiente familiar e, na escola, a

preocupação com os conteúdos do Currículo ( e a leitura não é um deles? ) tem

relegado a segundo plano a sua importância e necessidade. “Ao longo dos

últimos anos, muito se tem falado acerca da importância da leitura, mas muito

pouco se tem feito no sentido de instrumentalizar o professor para a realização

deste trabalho, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do gosto

pela leitura”. (VILLARDI. 1997, p.3).

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Embora muito se tenha falado e escrito sobre este tema, ainda é pertinente

e relevante voltar a ele e, de forma veemente, onde se dá, ou deveria se dar, o

seu exercício de modo mais sistematizado: a escola. Importar-se, debater,

investigar, produzir novas idéias sobre as formas de encaminhamento da

instauração do hábito, prazer e gosto de “ler por ler”, que leva inegavelmente à

aquisição de conhecimentos, é urgente.

Por isso, mais uma vez deve-se voltar os olhos para a temática, no sentido

de melhor conhecê-la, tendo por base as situações vivenciadas pelos alunos de

uma escola específica para desvelar a situação da leitura no contexto atual.

Partindo destes fatores e na procura da melhoria e do aperfeiçoamento da

dinâmica da escola, e até mesmo o processo de ensino e aprendizagem da língua

oral-escrita, é que viu-se no tema: O jornal na sala de aula: um exercício para

incentivar a leitura e a escrita , uma forma mais ampla de trabalhar e desenvolver

a escrita e por seguinte, a leitura .

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

LINGUAGEM ESCRITA E LEITURA

Diversas pesquisas, realizadas nos últimos anos, têm-se empenhado em

apresentar contornos mais nítidos do cenário em que se insere a questão da

leitura e do livro no país, permitindo maior consciência das mazelas que afligem o

setor e oferecendo dados concretos para que se possa buscar sua superação. É

o caso, por exemplo, do Mapa do Alfabetismo no Brasil (Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP/MEC, 2003), do

Indicador Nacional do Alfabetismo Funcional – INAF (2001 e 2005), do Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB (2001 e 2003), do Programa

Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA (2000) e do Retrato da Leitura

no Brasil – CBL/Snel (2001).De acordo com o Mapa do Alfabetismo no Brasil

(INEP, 2003), a evolução da taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou

mais, no País, diminuiu de 65,3%, em 1900, para 13,6%, em 2000, realizando

grande avanço neste campo ao longo do século passado. Apesar desse avanço,

entretanto, o Brasil ainda possuía, em 2000, cerca de 16 milhões de analfabetos

absolutos (pessoas que se declararam incapazes de ler e escrever um bilhete

simples) e 30 milhões de analfabetos funcionais (pessoas de 15 anos ou mais,

com menos de quatro séries de estudos concluídas)

E o dado mais estarrecedor, talvez, apontado pela pesquisa, é o de que

35% dos analfabetos brasileiros já freqüentaram a escola.Com outra abordagem

sobre o analfabetismo, os dados de uma das mais relevantes pesquisas sobre o

assunto, denominada Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – INAF-2001,

realizada pelo Instituto Paulo Montenegro (Ibope pela Educação), definiu três

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níveis de alfabetismo de acordo com as habilidades demonstradas pelos

entrevistados no teste aplicado.

Observamos então , que a escrita cada vez mais vem assumindo um papel

mais proeminente no mundo contemporâneo. Evoluindo a partir de necessidades

histórico-culturais, passa,

...de simples instrumento de preservação de informações importantes para a subsistência das sociedades primitivas, (...) a meio fundamental de acumulação e transmissão de informações e de conhecimentos, desempenhando um papel central nas sociedades letradas (RÊGO, 1988, p. 9).

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4. CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM

O trabalho com a linguagem se constitui um dos eixos básicos na

educação, dada sua importância para a formação do sujeito, para a interação com

as outras pessoas, na orientação das ações das crianças, na construção de

muitos conhecimentos e no desenvolvimento.

A linguagem é uma forma de ação interindividual orientada por finalidade

específica, um processo de interlocução que se realiza nas práticas sociais

existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos da

sua história. Por essa necessidade de relacionar-se e comunicar-se, o homem

produz a linguagem, superando os limites de sua condição natural. Sendo assim,

desenvolve as capacidades de generalização e abstração do mundo exterior, ou

seja, a possibilidade de operar na ausência dos objetos.

A linguagem, por seu caráter simbólico, permite ao homem a codificação

dos objetos em signos. Essa capacidade de representação faz com que ele

supere sua consciência sensível, constituindo, assim, a consciência racional.

Nessa perspectiva, a língua é um sistema de signos histórico e social que

possibilita ao homem significar o mundo e a realidade. Assim, aprendê-la é

aprender não só as palavras, mas também os seus significados culturais, e, com

eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e

interpretam a realidade e a si mesma.

Produzir linguagem significa produzir discursos. Significa dizer alguma

coisa para alguém, de uma determinada forma, num determinado contexto

histórico.

O trabalho com a linguagem desenvolve-se em três eixos: oralidade,

escrita e leitura.

4.1 LINGUAGEM ORAL

A linguagem oral está presente no cotidiano de todas as sociedades

humana, onde todos participam, falam, se comunicam entre si, expressando

sentimentos e idéias.

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O aluno que vai para a escola, já possui uma linguagem própria, não

formal, usando a linguagem oral com desembaraço para interagir nas diversas

situações da vida. Este aluno aprendeu a falar e a entender o que fala passando

por um processo de aquisição da linguagem gradativo e progressivo, sem que

houvesse necessidade de sistematização de qualquer conteúdo da língua.

Antes mesmo de serem capazes de pronunciar qualquer palavra, as

crianças já compreendem algumas palavras e estão desenvolvendo suas

capacidades de usar a voz como meio de expressão.

Quando o ambiente social é rico em boas relações e em linguagem,

produz-se uma atividade lingüistica cada vez mais intensa, com as crianças

experimentando novas combinações de sons, dando gritos, usando expressões

de espanto e de alegria, balbuciando coisas que podem parecer sem sentido,

vocalizando para chamar a atenção dos outros, para conseguir alguma coisa, etc.

Aos poucos, por meio de um processo de assimilação que possui uma

longa história e que desenvolve em função das interações da criança com os

outros, ela começa a ensaiar suas primeiras palavras, que nascem daqueles sons

da linguagem que a criança assimila da fala do adulto quando ouve.

A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de

aproximações sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da mãe, do

professor, dos amigos, da televisão, do rádio, etc.

“A linguagem oral tem o suporte da prosódia, dos gestos, da expressão

facial e principalmente do interlocutor”.(FARACO,p.06,1991); as frases podem ser

curtas e a aprendizagem ocorre pelo convívio (interação).

Nas inúmeras interações com a linguagem oral, as crianças vão tentando

descobrir regularidades que a constitui, usando todos os recursos de que

dispõem: histórias que conhecem, vocabulário familiar, etc. Assim, acabam

criando formas verbais, expressões e palavras, na tentativa de apropriar-se das

convenções da linguagem.

Cada criança tem seu próprio ritmo e a conquista de suas capacidades

lingüisticas se dá em tempos diferenciados, sendo que a condição de falar com

fluência, de produzir frases completas e inteiras provém da participação em atos

de linguagem.

A ampliação de suas capacidades de comunicação oral ocorre

gradativamente, por meio de um processo de idas e vindas que envolve tanto a

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participação das crianças nas conversas cotidianas, em situações de escuta e

canto de músicas, em brincadeiras, etc, com a participação em situações mais

formais de uso da linguagem, como aquelas que envolvem a leitura de textos.

4.2 LINGUAGEM ESCRITA

A fala, o discurso oral, não são as únicas formas de linguagem, esta possui

diversas maneiras de se manifestar. Por exemplo: a música, a expressão gráfica

e plástica (desenho, pintura, modelagem); a escrita. Todas são formas de

expressão de criação e de troca de significados.

Assim, por exemplo, Bartolomeis justifica a concepção do desenho e da

pintura como linguagens, pois “a criança através do desenho e da pintura também

raciocina e narra” .(BARTOLOMEIS, 1982, p.155).

Em cada uma destas formas de linguagem a criança encontra diferentes

possibilidades de representação, de reorganização, de expressão de sua

personalidade e de construção de seu conhecimento.

Sendo assim, o desenho configura-se como a primeira representação

gráfica usada pela criança, que mantém características formais do objeto. É no

desenho que aparecem os precursores da língua escrita, pois neles os gestos,

começam a ser usados para indicar novos significados para os objetos usados

nas brincadeiras ou rabiscos no papel. A escrita, como possibilidade de desenhar

a fala, surge como prolongamento desse desenvolvimento. A criança começa com

desenhos, a escrita imitativa até às pseudo letras, indo, então, para os

fragmentos correspondentes à escrita convencional, até a elaboração da escrita

com as normas ortográficas, tendo como experiências a interação e a

interlocução.

Num segundo momento, ela já tenta escrever juntando alguns rabiscos,

misturando linhas retas e curvas, onde o significado só o autor conhece. Nesta

fase, já mostra que começa a possuir uma idéia do que seja a escrita, mesmo que

não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação.

A escrita, portanto, é o produto mais desenvolvido da abstração da

linguagem, pois não conta com quase nenhum elemento extra-verbal (gestos,

mímica), possuindo diferentes funções: serve como indicativo de localização,

como forma de registro no tempo e no espaço, como informação, registro auxiliar

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da memória, ou ainda como forma de comunicação. Esta surgiu a partir do

momento em que as relações sociais de trabalho se tornaram mais complexas. A

história da escrita pode ser caracterizada em três fases distintas; (LUNA et

al.,1997, p.5).

pictórica: era feita através de desenhos, como a escrita

Asteca, que é associada à imagem do que se quer

representar, sem relação com o som;

ideográfica: os ideogramas são desenhos que, com o tempo,

perderam seus traços mais significados, tornando-se uma

simples convenção da escrita (como exemplo, podemos citar

as escritas egípcia, mesopotâmica e chinesa);

alfabética: caracteriza-se pelo uso de letras, assumindo uma

representação fonética, destaca-se nesse sistema o greco-

latino, do qual provém o nosso alfabeto (latino).

A aquisição da escrita não é um produto puramente escolar, mas o

resultado de um longo processo apropriativo e construtivo por parte da criança.

Apreender a língua escrita é construir estruturas de pensamento capazes de

abstrações cada vez mais elaboradas.

Na visão histórico-crítica, a educação ocorre no âmbito das inter-relações

do indivíduo com seu grupo social, culturalmente estruturado. (id.,ibid.,1997, p.4).

Considera-se que o processo de aprendizagem define-se em três

momentos

socialização: contato da criança com outro sujeito mais

experiente e com o objeto do conhecimento;

individualização: interpretação, reelaboração e

internalização desse objeto;

socialização: relacionamento com o mundo exterior, com sua

consciência já modificada pela aquisição de mais um

conhecimento.

Assim, é necessário entender a linguagem como um processo de

apropriação do conhecimento da língua escrita, em que o aluno, gradativamente,

irá ampliar e rever suas formas de ler o mundo e representá-lo. Com o domínio de

um sistema de código, a criança ampliará indefinidamente sua possibilidade de

cognição.

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A aprendizagem da linguagem padrão, anteriormente tomada como mera

atividade mecânica, individualista e desvinculada de outros conhecimentos,

prioriza apenas o aspecto gráfico da língua escrita. Hoje, assumindo um sentido

mais amplo, onde ensinar é interagir com o mundo por intermédio da língua

escrita.

Esse processo não se limita ao reconhecimento e à utilização de símbolos

como simples tarefa de codificação e decodificação. Sendo a linguagem um

instrumento de representação, é por ela que se expressa a visão do mundo

daquele que fala.

No momento em que a criança entra em contato com a escrita, através da

interação com pessoas que lêem e escrevem, começa a elaborar noções básicas

da função social da escrita, tais como de: organização, comunicação, registro e

lazer.

A escrita deve ser encarada como uma representação da linguagem, pois é

necessário que os sinais lingüísticos se articulem, produzindo um determinado

significado que resulta no texto.

Segundo Vygostsky (in Moll, 1996), “a escrita deve ter significado para as

crianças, uma necessidade intrínseca deve ser despertada nelas e a escrita deve

ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida. Só então

poderemos estar certos de que ela se desenvolverá não como hábito de mãos e

dedos, mas como uma forma nova e complexa de linguagem”.

Sendo assim, é importante ressaltar, que a aprendizagem da língua oral e

escrita se dá quando as palavras adquirem sentido no processo de interlocução,

tendo como base a importância da apropriação da linguagem nas diferentes

funções que ela assume na organização da sociedade atual, enquanto bem

cultural.

Todo tipo de material escrito deve fazer parte do universo da criança. O

professor deve oferecer ao aluno o maior número possível de leituras para que,

assim que o processo de apropriação esteja avançado, ele possa fazer leituras

significativas a partir de sua escolha.

Deve-se trabalhar na escola diferentes tipos de texto, pois cada um tem

uma função específica e é escrito de forma diferenciada. Quanto mais

oportunidades o aluno tiver de ler e discutir, maior será o seu referencial para

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realizar uma produção escrita e oral própria; assim ele não será um mero

reprodutor das idéias dos outros.

O trabalho com os alunos deve abranger uma variedade textual. Desse

modo, o professor deve apresentar aos seus alunos diversos tipos de texto como,

por exemplo: narrativo (contos, crônicas, histórias em quadrinhos, fábulas, lendas,

piadas, relatórios de experiência e de visitas); literário (literatura infanto-juvenil);

informativo (matérias jornalísticas e científicas, placas, mapas); de instrução

(experiências, normas, receitas, folhetos de instruções, manuais técnicos e bulas);

publicitário (propaganda, cartazes); gráfico (gráficos ilustrados com barras);

dissertativo ( textos de opinião, resenhas, críticas); poético e lúdico (quadrinhas,

trava-línguas, adivinhações, cantigas de roda, poesias, parlendas); de

correspondência (cartas, cartões, bilhetes, convites, avisos telegramas).

“A produção de um texto escrito envolve problemas específicos de estruturação do discurso, de coesão, de argumentação, de organização, de idéias e escolha de palavras, do objetivo e do destinatário do texto etc.” (CAGLIARI, 1990).

O trabalho com o texto é realizado visando a compreensão da função da

escrita enquanto representação de palavras, para a sistematização necessária ao

domínio do código escrito.

Considerando a função social da escrita, o texto torna-se o centro do

trabalho no processo de aquisição da língua, pois com ele a palavra terá sentido

e, dependendo do contexto em que estiver inserida, apresentará diferentes

significados. É necessário dar ao aluno a oportunidade de realizar, além das

produções individuais, produções em dupla, em equipe e em textos coletivos.

Uma das formas de escrita de texto individual é o próprio desenho do

aluno, que permite a expressão de idéias, sentimentos e emoções. Toda

representação que a criança faz, carregada de significado, é um texto. Nesse

momento é importante deixá-la criar, não se preocupando excessivamente com

a ortografia, para não destruir o estímulo à produção.

A produção de texto é uma atividade social onde o autor expressa alguma

coisa para alguém: um acontecimento, uma opinião, uma idéia, um sentimento,

uma história. O texto tem a função de interlocução e, para isso ele, deve conter

elementos como: unidade temática, coesão textual, seqüência lógica de fatos e

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idéias, argumentação, uso adequado do discurso direto e indireto, concordância

verbal e nominal, ortografia correta das palavras e domínio dos aspectos formais.

A reestruturação deve ser diferente da antiga correção, em que apenas

eram anotados os erros no próprio texto. Por esse processo, faz-se a comparação

do texto inicial com os parâmetros necessários para se chegar à forma padrão.

Após a produção escrita, é fundamental que o aluno leia o texto para

verificar se está de acordo com a intenção desejada, bem como fazendo

correções gramaticais. É necessário observar também: clareza no assunto,

coerência nas idéias, boa apresentação/ seqüência lógica-temporal dos fatos,

argumentação, uso dos recursos de coesão.

Espera-se, assim, que aos poucos os alunos se tornem revisores dos

próprios textos. No entanto, cumpre lembrar que conduzir o aluno a autocorreção

exige um prática sistemática em sala de aula, que deve ser mediada pelo trabalho

do professor.

É preciso criar situações nas quais o aluno possa identificar o que fez e por

que precisa corrigir, concretizando, assim, uma prática consciente, criando a

possibilidade de o aluno raciocinar sobre a linguagem escrita e reconstruí-la.

4.3 LEITURA: PRODUÇÃO SOCIAL E INDIVIDUAL

 

O processo de desenvolvimento da linguagem no homem tem culminância

nos processos de leitura e escrita. A formação da consciência através do

exercício da linguagem numa sociedade letrada tem na leitura a possibilidade de

ampliar seus horizontes. O indivíduo, ao apropriar-se ou tomar conhecimento do

discurso do outro pela leitura, participa da socialização das idéias, da produção

individual de alguém, que por esta etapa também já passou e pode, mesmo

ausente, passar adiante suas impressões e conclusões a respeito de sua

experiência com o mundo. Essa mediação entre o individual e o social feita pela

linguagem cristaliza-se pela escrita e reproduz-se pela leitura. “A linguagem tem a

qualidade de tornar presentes pessoas e/ou situações ausentes, transcendendo

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completamente o imediato.” (PALANGANA, 1995, p.21). E a escrita, como já dito,

preserva as qualidades delas, diminuindo-lhes as interferências produzidas pelo

tempo e pelo espaço. Pode-se então entrar em contato com as experiências do

passado e de outros lugares sem precisar ter estado lá, o que contribui na

compreensão de si mesmo e do mundo como um todo.

O homem tem o seu pensamento como resultado do social onde se insere

e o expressa de forma individualizada. Na relação com a escrita, que é em geral

uma produção individual, esse mesmo homem, sujeito leitor, entra em contato

com muitas expressões de pensamento que qualificam esse ato como uma

prática social. Pode dialogar, entrar em conflito com outras formas de

compreensão das coisas e fazer parte da dimensão social da leitura.

“Com a linguagem o sujeito adquire um conjunto de riquezas produzidas pelos próprios homens, dentre elas a consciência, que pode ser um fato alienado ou constituir-se em um poderoso instrumento na leitura de mundo e de si mesmos.” (PALANGANA, 1995, p. 27).

Aprimorar o exercício da leitura, decidir o que ler, duvidar do que lê,

constituem-se condições para superar a alienação. É nesta perspectiva que se

quer defender uma busca dos principais aspectos responsáveis pelo afastamento

da leitura, pelo menos na amplitude em que for possível, respeitados os limites

existentes.

É importante ressaltar que a leitura é uma atividade ligada à escrita, tendo

como objetivo primordial sua compreensão. O mecanismo de decodificação está

associado à leitura. Para compreender o que o texto significa, é preciso conhecer

o código alfabético e decodificar o texto, saber o que as letras representam; mas

não esquecer que ler não é apenas decodificar, é atribuir sentido ao texto, é

compreender, interpretar e, acima de tudo, ser capaz de fazer relações com o que

já foi percebido, lido e vivenciado.(CAGLIARI,1990).

Toda leitura é feita com o objetivo de buscar informações, idéias novas,

confirmações, destacando as idéias principais, verificando as conclusões,

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associando as idéias vinculadas por aquela leitura que já é conhecida,

argumentando, podendo concordar ou discordar do autor.

A escrita é uma atividade de exteriorização do pensamento, já a leitura é

uma atividade de assimilação de conhecimentos, de interiorização e reflexão.

A leitura é uma atividade complexa. O indivíduo deverá não somente

decifrar e decodificar a escrita, mas também realizar uma interpretação de leitura

de mundo.

Entende-se por leitura de mundo o modo de pensar, ou seja, a visão que a

pessoa possui da realidade. Por esse motivo é necessário trabalhar com diversos

tipos de texto em sala de aula.

Podemos considerar como modalidades de leitura (LUNA et al.,1997, p.13),

de acordo com sua finalidade:

leitura prazer: em que são trabalhadas as obras de literatura

infantil e infanto-juvenil em prosa e verso com o objetivo de

fazer interpretações e desenvolver a sensibilidade literário\a;

leitura informativa: cujos textos são de variadas fontes, como

jornais, revistas, enciclopédias, o próprio texto dos alunos,

etc.;

leitura pretexto: quando, a partir do texto, o aluno faz

produções como dramatização, colagem, desenhos e até

novos textos.

Uma outra finalidade da leitura é a do estudo de texto, em que surgirão

debates para a exploração de idéias e fatos e o levantamento para a produção de

textos. Para isso, é importante trabalhar com o aluno as condições em que foi

escrito o texto lido, isto é, explorar a época em que foi escrito, com que intenção

e para quem. A leitura caracteriza-se, assim, como um ato de permanente

entrelaçamento do conhecimento com a informação - uma ponte para o novo.

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4.4 LETRAMENTO: BREVE HISTÓRICO

“Letrar é mais que alfabetizar, é ensinar a ler e a escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham sentido e façam parte da vida do aluno” (SOARES, Magda, 2003).

O que é letramento

Letramento não é um gancho

em que se pendura cada som enunciado,

não é treinamento repetitivo

de uma habilidade, nem um martelo

quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão.

é leitura à luz de vela

ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente,

o tempo, os artistas da TV

e mesmo Mônica e Cebolinha

nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,

uma lista de compras, recados colados na geladeira,

um bilhete de amor,

telegramas de parabéns e cartas de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos,

sem deixar sua cama

é rir e chorar

com personagens, heróis e grandes amigos.

É um Atlas do mundo,

sinais de trânsito, caças ao tesouro,

manuais, instruções, guias,

u orientações em bula de remédios,

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uara que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo,

um mapa do coração do homem,

um mapa de quem você é,

um de tudo que você pode ser.

Magda Soares

A invenção do Letramento se dá em meados dos anos de 1980 no Brasil.

Magda Soares define letramento como sendo o estado em que vive o indivíduo

que sabe ler e escrever e exerce as práticas sociais de leitura e escrita que

circulam na sociedade em que vive: ler jornais, revistas, livros, saber ler e

interpretar tabelas, quadros, formulários, sua carteira de trabalho, suas contas de

água, luz, telefone, saber escrever e escrever cartas, bilhetes, telegramas sem

dificuldade, saber preencher um formulário, redigir um ofício, um requerimento,

etc. A alfabetização e o letramento se somam, são complementos.

Enquanto que “alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da

tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de

leitura e de escrita”. O importante é criar hábitos e desenvolver habilidades, sentir

prazer de ler e escrever diferentes gêneros de textos.

O letramento é um processo que se estende por toda a vida; é um

fenômeno de cunho social, e salienta as características sócio-históricas ao se

adquirir um sistema de escrita por um grupo social. Ele é o resultado da ação de

ensinar e/ou de aprender a ler e escrever, e denota estado ou condição em que

um indivíduo ou sociedade obtém como resultado de ter-se “apoderado” de um

sistema de grafia.. Letrar é função e obrigação de todos os professores, mesmo

porque cada área do conhecimento tem uma linguagem específica tanto no

campo da informação, dos conceitos e dos princípios.

Contudo este Projeto buscou, priorizar os seguintes aspectos: produzir

textos espontâneos, valorizar os desenhos como forma de representação, não

rotular, divertir, educar, motivar, emocionar, informar, orientar, formar e

comunicar.

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Para a implantação do trabalho com o jornal em sala de aula, foram

adotados os seguintes procedimentos iniciais;

Pesquisa, através de revistas, jornais, livros e outras fontes;

Interpretação, entendimento do assunto a ser produzido;

Debate, troca de informações entre alunos e professores;

Produção dos textos selecionados;

Promover a necessária interdisciplinaridade na escola.

Dessa forma observamos que os alunos sentiram-se motivados a ler e

escrever.

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5. OBJETIVOS

Objetivos Gerais

Possibilitar aos alunos o contato com os diferentes recursos didáticos,

inclusive o jornal impresso aprendendo as funções da linguagem neste meio de

comunicação, tornando-se um ser crítico e participativo do processo de

aquisição da mesma, ou seja, que o ensino da língua portuguesa se torne

mais prazeroso e o ambiente de ensino mais motivador.

Objetivos Específicos

permitir a compreensão do funcionamento comunicativo da escrita:

escreve-se para ser lido;

possibilitar que o aluno compreenda a relação existente entre a fala e a

escrita.

Favorecer a formação de opinião mediante boa argumentação.

Facilitar o manuseio da informação, desenvolvendo o senso crítico e

criativo do aluno em diferentes meios de comunicação: TV, rádio, revista,

jornal e outros.

Promover a utilização do jornal como veículo de formação de cidadania.

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6. A IMPRENSA : BREVE HISTÓRICO

Por imprensa queremos dizer, em sentido estrito, tudo o que se edita com a

ajuda de máquinas de imprimir, isto é, em forma tipográfica e litográfica, ou sejam,

livros, revistas, folhetos, boletins, cartazes, jornais e reproduções de fotografias.

Em sentido amplo o conjunto de meios de divulgação impressos (jornais, livros,

etc.) que visam à publicidade periódica de notícias e opiniões.

A imprensa ensina, educa, dirige, inspira, a moral de um povo depende

primacialmente do que ele lê. O livro e o jornal são os educadores. Eles animam

os seus sentimentos, despertam as suas idéias, modelam a sua consciência:

criam-lhe, numa palavra, a alma. Escrava do progresso, o jornal destrói os

prejuízos, combate o carrancismo e impulsiona os povos para o futuro. Nas

transformações quase instantâneas por que passa o mundo moderno, a imprensa

é dos fatores preponderantes.

A primazia da publicação daquilo que designamos hoje de imprensa

periódica pertence, antes, aos chineses. E isto passou-se já no ano 700 antes de

Cristo. Trata-se do Ching Pao impresso em papel fino (papel arroz). A gazeta de

Pequim em 1350 apresentava-se com todas as características de jornal;

utilizavam-se tábuas de madeira onde se traçavam a punção, os caracteres

invertidos.

Mas a era da Imprensa periódica começa com a invenção das letras

móveis por Gutemberg . Foi João Gutemberg quem aperfeiçoou, em Mogúncia

(Alemanha), por volta de 1436, a tipografia criando o sistema de letras móveis em

metal que viria dar incremento notável e fundamental a arte da impressão; até o

aparecimento desse homem não existia um só livro impresso, um só jornal, uma

só revista. Os livros existentes eram todos feitos a mão(ROSADO, 1966, p.9).

Inicia-se, portanto, uma nova era, na qual Gutemberg imaginou meios

mecânicos de fazer livros e imprimiu na Alemanha o primeiro livro, uma Bíblia em

latim. Há quem atribua a invenção das letras móveis em metal a Panfile Castaldi,

nascido em Feltre, Itália em 1398.

Até a invenção das letras móveis metálicas por Gutemberg os livros eram

quase todos manuscritos, embora a xilografia já estivesse em uso.

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Já no Brasil, pouco antes da invasão Francesa, D. João havia

encomendado uma imprensa na Inglaterra. O material estava ainda nos caixotes,

quando o príncipe português fugiu de Lisboa. Trouxe consigo esse material e com

ele fundou a Imprensa Régia, em decreto datado de 13 de maio de 1808. Esse

prelo trabalhou afanosamente. Em 1822 as publicações que dele haviam saído

alcançavam a 1154, eram principalmente atos oficiais de várias autoridades e

folhetos a serviço das convicções régias. Dessas oficinas nos veios, desde 10 de

setembro de 1808, o primeiro jornal aparecido no Brasil – a Gazeta do Rio de

Janeiro. Conquanto se dissesse “não oficial”, tanto se aproximava do governo que

foi tida justamente como oficiosa (id.ibid.,1966, p.29).

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7. O JORNAL COMO MEIO DE AQUISIÇÃO DO CONHECIMENTO

De criatura a imprensa evoluiu a criador e tão grande chegou a ser a

sua força que os homens avisados a batizaram como “quarto poder”, aquele que

vinha incorporar-se aos outros poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo, e o

Judiciário.

Os jornais são um grande veículo de comunicação e de informação, mas é

importante que o professor, que esteja utilizando tal recurso, fique atento aos

aspectos das informações a serem trabalhadas.

A utilização do jornal na sala de aula pode ser de duas formas:

independente ou interdependente. Chama-se a situação independente quando

o jornal é utilizado por si só, não havendo produções jornalísticas, ou seja, o uso

do jornal para desenvolver a leitura e análise crítica dos textos, ou ainda quando

se utilizam produções de jornais a partir de atividades desenvolvidas na própria

escola, sem intermediação de jornais externos. A situação interdependente

ocorre quando utilizamos algum jornal específico ou não para o desenvolvimento

do jornal da própria escola. As matérias a serem publicadas são originadas a

partir de matérias preexistentes em outros jornais. Nós trabalharemos com o

modelo de jornal interdependente.

Tendo em vista estes aspectos afirmarmos que ao satisfazer

necessidades cada vez mais complexas, o homem produz instrumentos

físicos (ferramentas, máquinas, etc.) e símbolos (idéias, crenças, valores.) cujo

uso lhe permite transformar e conhecer o mundo, comunicar suas experiências e

desenvolver novas funções psicológicas. É pois, na complexidade das formas

sociais de produção que, pela necessidade de relacionar- se de forma humana,

e consequentemente de comunicar-se de uma forma também humana que

ele produz a linguagem, na superação dos limites de sua condição natural.

Diante deste quadro, a linguagem verbal possibilita ao homem representar

a realidade física e social e, desde o momento em que é aprendida

conserva um vínculo muito estreito com o pensamento, possibilitando não só

a representação e a regulação do pensamento e da ação, próprio e alheios,

mas, também comunicar idéias, pensamentos e intenções de diversas naturezas,

estabelecendo assim, relações interpessoais anteriormente inexistentes.

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Por outro lado, as tecnologias de comunicação imprimem de alguma forma

uma força educativa na vida cotidiana, em geral fora do ambiente formal escolar,

e exercem um impacto significativo na sociedade. O gerenciamento executado

pelo professor é que despertará nos alunos a comunicação interativa significativa

ou apenas a execução mecânica e automática de comandos, bem como uma

leitura crítica das mídias que os tornará capazes de identificar possíveis

manipulações ideológicas, religiosas etc.

Não podemos esquecer que a sociedade que forma nossos alunos e nos

forma produz as representações, as formas simbólicas pelas quais se

transformam em bens simbólicos no processo de circulação, o qual se dá de

acordo com a formação sócioeconômica.

Sendo assim, é importante ressaltar, que a aprendizagem da língua oral

e escrita se dá quando as palavras adquirem sentido no processo de

interlocução, tendo como base a importância da apropriação da linguagem nas

diferentes funções que ela assume na organização da sociedade atual,

enquanto bem cultural.

É importante frisar também, que mesmo o aluno não tendo domínio da

escrita, é necessário que o mesmo esteja em contato com o texto em suas

diferentes modalidades, pois esse é um processo contínuo.

Para aprender a escrever, é necessário ter acesso á diversidades de

textos escritos, vivências, etc. A utilização que se faz da escrita em diferentes

circunstâncias, defrontar-se com as reais questões que a escrita coloca a quem

se propõe produzi-la, arriscar-se a fazer como consegue e receber ajuda de quem

já sabe escrever.

No caso da língua escrita o professor usará como objeto de estudo os

textos já utilizados por pessoas que dominam a leitura e a escrita: o texto

impresso, ou seja, a síntese de toda produção cultural da época em que vivemos.

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7.1 JORNAIS VOLTADOS AO PÚBLICO INFANTO-JUVENIL

Não há no Brasil, grande tradição em explorar a palavra destinada a

público infantil ou infanto-juvenil, veiculado por meios de comunicação como a

revista, o jornal. Tentativas tem havido e com resultados significativos.

Publicações várias tem circulado, como Tico-tico, Bem-te-vi, O Beija-flor, O

Jornalzinho (publicação em forma de revista).

Poucos jornais brasileiros dedicam um suplemento à criança. Os mais

conhecidos são: O Estadinho, A Folhinha, O Globinho, Diarinho e em Curitiba a

Gazetinha.

7.1.1 O Estadinho

Suplemento semanal de O Estado de São Paulo, passa à criança uma

linha alegre e divertida, visando mais ao lazer, com sua coluna de cartinhas, conto

(atual ou clássico), poema, reportagem (envolvendo assunto de interesse infantil),

quadrinhos (Horácio, Chico Bento, Cebolinha) de Maurício de Souza, programinha

(indicação de passeio, teatro, museu, esporte, guloseimas), passatempo (palavras

cruzadas, caça-palavras, jogo de diferença entre objetos, brincando de fazer).

7.1.2 A Folhinha

Suplemento semanal do jornal Folha de São Paulo, o mais antigo dos

atuais suplementos infantis, tem passado por reformulações nos últimos tempos,

depois da orientação de Tia Lenita e de outras editoras, relegando a segundo

plano o que foi sua maior qualidade, o de cartas, relação de cursos de interesse

da criança, informações gerais e científicas, brincadeiras, concurso, relação de

lançamentos de livros infantis, com inclusão dos mais vendidos, bem como de

livrarias especializadas na área infanto-juvenil.

7.1.3 O Globinho

Suplemento semanal do jornal O Globo, enfatiza, principalmente, o

quadrinho, de autores estrangeiros. Acrescenta duas colunas diversificadas: O

Globinho Pesquisa (filatelia, numismática e outros temas) e Diverte ( jogo de

erros, coisas afins), o que é muito pouco para estimular o pequeno leitor.

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7.1.4 Diarinho

Suplemento semanal do jornal Diário do Grande ABC, em forma de revista,

publicação muito bem cuidada, em que se destacam o fato importante da semana

( dia do professor, dia da avaliação, dia do livro, etc.), narrativa, poema,

curiosidade científica, brincadeiras, loteria do saber, calendário cívico, palavras

cruzadas e quadrinhos.

7.1.5 A Gazetinha

Suplemento semanal do jornal A Gazeta do Povo, destacam-se os fatos

importantes da semana/mês ( dia do professor, aniversário da cidade, dia do livro,

etc.), acontecimentos voltados à educação, curiosidades científicas, brincadeiras,

calendário cívico, palavras cruzadas, entrevistas, informativos sobre

programações culturais voltadas as crianças, cartas, desenhos, informações

gerais e quadrinhos.

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8. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

No princípio o trabalho com o jornal na Escola Municipal Newton Borges

dos Reis – Educação Infantil e Ensino Fundamental, foi de exploração de uma

forma lúdica, manuseando, recortando, rasgando, moldando figuras, fazendo

dobraduras e brincadeiras diversas com os alunos envolvidos no trabalho. Em um

segundo momento fizemos com os alunos a desmontagem do jornal para que

eles reconhecessem o material, recortando fotografias, ilustrações, reportagens,

títulos de classificados e outros elementos ; montando cartazes com seções

diversas e montando um mural com jornais trazidos pelos alunos.

A partir desse reconhecimento demos o início da confecção de materiais,

aproveitando as contribuições dos alunos, relatos de fatos do cotidiano do aluno,

através de discussões e os debates e esclarecendo-os sobre a história da

imprensa, o processo de impressão, a montagem do jornal, etc.

Por último utilizamos o material criado através dos exemplares de jornais

cedidos aos alunos para a confecção do Jornal Mural para a escola.

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9. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

AGOSTO

Iniciamos o trabalho com o Jornal, contando a história do surgimento do

mesmo e a sua evolução e importância para a sociedade. Num segundo

momento, falamos dos tipos de jornais existentes e mostramos um exemplar da

Gazeta do Povo, da Gazeta Esportiva, da Tribuna do Paraná, da Folha de São

Paulo, do Diário popular e do Paraná em Páginas, para que pudessem observar

essas diferenças existentes, além disso criou-se um espaço na sala para que

todos pudessem contribuir com os tipos de jornais que possuíam em casa.

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SETEMBRO

Propusemos um trabalho de pesquisa com os alunos, com intuito de

identificar quais jornais os alunos conheciam dos que foram mencionados ou não,

se a família adquire algum tipo de jornal, qual a importância do jornal para nossa

vida e que notícias podemos encontrar no jornal.

A atividade iniciou-se em sala, cada aluno respondeu o seu e depois

discutimos coletivamente os resultados da pesquisa, para que depois colhessem

as informações finais com seus familiares.

Foi possível constatar que a maioria dos alunos e famílias tem contato com

algum tipo de jornal. Os assuntos mais lidos referem-se a esportes ou aos casos

de violência ocorridos na sociedade e publicados no jornal. Os classificados

também são muito procurados, principalmente os anúncios de empregos.

Após a realização da pesquisa que propiciou sabermos a proximidade dos

alunos com o jornal, utilizamos com os alunos os diferentes tipos de jornais que já

lhes mostrará. Os alunos puderam manusear os jornais e observar o tamanho,

tipos de papel, numeração das páginas, espaços, colunas, tipos e tamanho das

letras, fotos, cores e assuntos.

Na primeira página exploramos os elementos principais cabeçalho e

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Page 30: o Jornal Na Sala de Aula Um Exercicio Para Incentivar a Leitura e a Escrita

manchete. A atividade foi realizada em grupo, os alunos precisavam identificar e

recortar o nome, preço e data do jornal colando em uma folha. Em seguida,

trabalhamos com as manchetes explicando o objetivo e porque algumas notícias

ganham mais destaque. Após cada grupo escolhia uma manchete do seu jornal

recortava e colava na folha do cabeçalho. Depois procurava a notícia referente à

manchete escolhida e colava em outra folha. Para encerrar cada grupo

apresentava para os demais o seu trabalho expondo com qual jornal trabalhou e

falando um breve resumo da reportagem que escolheu.

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Page 31: o Jornal Na Sala de Aula Um Exercicio Para Incentivar a Leitura e a Escrita

OUTUBRO

Trabalhamos especificamente com os classificados do jornal. Quaís são os

tipos de classificados (empregos, venda, compra, alugueL.), quem anuncia e o

que é necessário expor no classificado, por exemplo, se o anúncio refere -se a

emprego a maioria informa a função a ser exercida, formação exigida, local do

trabalho, benefícios e salário.

Depois os alunos elaboraram o seu próprio classificado e apresentaram

aos colegas.

Com a participação dos alunos escolhemos as palavras CLASSIFICADOS

e INFORMAÇÃO com intuito de encontrar outras palavras dentro destas.

Exemplo: dentro da palavra Informação podemos retirar a palavra Formação.

O objetivo foi que as crianças encontrassem o maior número possível de

palavras dentro das duas selecionadas. No final conferimos as que foram

encontradas onde os alunos interagiam entre si trocando suas descobertas.

Nessa atividade, tivemos algumas dificuldades na realização com um

grupo, que se recusou a realizá-la num primeiro momento devido a não aceitação

das orientações; mais o problema foi resolvido quando o tema para o referido

grupo foi livre, sendo que o tema que foi trabalhado pelos alunos foi sobre

violência, tendo como especificidade desse grupo a leitura visual , ou seja,

resolveram a atividade com a leitura da imagem.

Utilizando a segunda atividade retiramos do cabeçalho dos jornais

trabalhados os preços dos mesmos e fizemos uma tabela. Em seguida,

elaboramos algumas situações - problemas, envolvendo estes valores.

Exemplos:

- Qual a diferença de preço entre o jornal mais caro e o mais barato?

- Quanto gastarei para comprar determinado jornal durante uma semana?

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Page 32: o Jornal Na Sala de Aula Um Exercicio Para Incentivar a Leitura e a Escrita

NOVEMBRO

Durante o trabalho com os jornais os alunos perceberam que em todos

sempre há no mínimo uma reportagem sobre violência e que em alguns jornais a

quantidade e a ênfase dada a elas são relativamente grandes.

Contudo, iniciamos a organização para a elaboração do Jornal Mural no

pátio interno da escola.

Todas as turmas foram convidadas a participar enviando notícias do bairro,

reportagens, classificados, humor, curiosidades e outros trabalhos para expor no

Jornal Mural. Muitos alunos de diferentes etapas e turmas colaboraram.

A composição do Jornal Mural contou com as seguintes seções:

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Manchete

Paraná

Brasil

Mundo

Entrevista

Classificados

Opinião

Charge

Curiosidade

Esporte

Política

Economia

Cultura

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10.RESULTADOS OBTIDOS

Novo conceito sobre o jornal;

Mobilização: todos os alunos buscavam informações para a montagem do

jornal mural e,

Valorização da leitura e escrita.

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11.CRONOGRAMA:

PERÍODO: AGOSTO

- Desenvolver a habilidade da comunicação e expressão escrita e oral;

- Utilização de diferentes registros dos conteúdos trabalhados em sala de aula e

extra-classe;

- Valorização do trabalho em grupo, tornando os alunos capazes de ação critica e

cooperativa para a construção coletiva do conhecimento;

- Despertar hábitos de estudo, de ordem e clareza no desenvolvimento do

trabalho.

PERÍODO: SETEMBRO E OUTUBRO

- Fixar e enriquecer a aprendizagem, despertando no aluno o interesse pela

confecção do jornal;

- Utilização da pesquisa e coleta de informações para produzir e ampliar seus

conhecimentos iniciados na sala de aula e montagem do jornal mural;

PERÍODO: NOVEMBRO

- Escolha dos temas e discussão sobre o material necessário e formas de o fazer;

- Produção dos textos e dos desenhos;

- Seleção dos textos, desenhos a serem utilizados no jornal mural .

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12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto do Jornal obteve um alcance além do esperado. Todos os

envolvidos ficavam ansiosos ; pois se inteiravam dos acontecimentos e mais do

que isso, os olhinhos brilhavam de satisfação ao verem seus trabalhos editados,

sendo estes: fotos, pesquisas, desenhos, produções de textos, curiosidades,

mensagens, recados, agradecimentos, aniversários...

A Multidiscip!inaridade esteve presente em todos os momentos. Deste

modo às produções e participações ficavam mais ricas a cada edição.

Os alunos trocavam idéias, leram e pesquisaram mais, registraram,

compreenderam e principalmente, obtiveram melhorias significativas no processo

ensino-aprendizagem e relacionamento interpessoal.

Podemos afirmar com grande veemência que este trabalho desenvolveu

nos alunos grandes potencialidades e que a participação e colaboração de todos,

inclusive da comunidade, só fizeram enriquecer e abrilhantar o desenvolvimento

deste.

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Page 37: o Jornal Na Sala de Aula Um Exercicio Para Incentivar a Leitura e a Escrita

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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edição, São Paulo: Edusp,1997.

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MEC/SEF, 1997.

CAGLIARI, Luiz C. Alfabetização & Lingüistica, 6ª edição, São Paulo: Scipione,

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CAPELATO, Maria Helena Rolim. A Imprensa na história do Brasil, 2ª edição,São

Paulo: Contexto/Edusp, 1994.

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CURITIBA, Secretaria Municipal da Educação, Alfabetização: Currículo Básico da

Rede Municipal de Ensino, Curitiba: 1991.

DINES, Alberto. O Papel do Jornal. 5ª edição, v. 15. São Paulo: Summus

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FARACO, Carlos Alberto, Algumas considerações sobre a escrita, Transcrição da

Palestra, Curitiba, 26 jun.1991.

FAZENDA, Ivani (Org.), Práticas Interdisciplinares na Escola, 6ª edição,São Paulo:

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HARRIS, Ray e Chris, Faça seu próprio Jornal, 4ª edição, Campinas-S.P: Papirus,

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KLEIN, Lígia Regina,Alfabetização: quem tem medo de ensinar? 1ª edição, São

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SERKEZ, Angela Maria Batista; Martins, Sandra Mara Bozza, Trabalhando com a

palavra viva: a sistematização dos conteúdos de Língua Portuguesa a partir do

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VYGOTSKY, L.S. A formação Social da Mente: O desenvolvimento dos Processos

Psicológicos Superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1980.

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ANEXOS

FOTOS DAS ATIVIDADES

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