O legado de Paulo Freire _ 06.04.11

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Paulo Freire (1921 – 1997) Profª. Ana Lúcia Gouveia [email protected]

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Paulo Freire (1921 – 1997)

Profª. Ana Lúcia [email protected]

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BIOGRAFIA

➢ Formou-se em Direito pela Universidade do Recife

➢ Exerceu a profissão de professor de Língua Portuguesa

➢ Trabalhou com classes sociais desfavorecidas e analfabetas

➢ Desenvolveu um método de alfabetização de adultos

➢ Recorreu à educação para delinear uma pedagogia libertadora dos oprimidos

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• Paulo Freire criticava o sistema tradicional, o qual utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita.

• As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de maneira forçosa, que comumente se denomina como linguagem de cartilha, por exemplo: Eva viu a uva. O boi baba. A ave voa.; dentre outros.

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MÉTODO PAULO FREIRE

➢ Método inovador de alfabetização de adultos

➢ Aprendizagem libertadora, integradora, crítica e ideológica

➢ Contribuição para a prática educativo-reflexiva

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PRESSUPOSTOS DO MÉTODO

1.º Politicidade do ato educativo

O processo de aprendizagem implica politização promovendo o desenvolvimento da consciência crítica (enquanto aprende a escrever é desafiado a repensar a sua história);

➢ Fóruns de debate nas salas de aula – Círculos de cultura;

➢ Professor como mediador dos debates;

➢ Movimento dialógico (percepção da realidade).

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PRESSUPOSTOS DO MÉTODO

2.º Dialogicidade do ato educativo

A relação pedagógica que se estabelece neste processo é uma relação dialógica:

➢ Pedagogia baseada no diálogo (educador – educando – objeto do conhecimento);

➢ Pressupõe uma atitude democrática, conscientizadora e libertadora.

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ETAPAS DO MÉTODO1- Investigação Temática Busca conjunta entre professor e aluno das palavras e temas

mais significativos da vida do aluno, dentro de seu universo vocabular e da comunidade onde ele vive.

2- Tematização Seleção dos temas geradores e das palavras geradoras que

conduzirão à tomada de consciência do mundo através da significação social.

3- Problematização Etapa em que o professor desafia e inspira o aluno a superar a

visão mágica e acrítica do mundo, para uma postura conscientizada.

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FASES DO MÉTODO

1.ª Fase: Levantamento do universo vocabular do grupo

- Nessa fase ocorrem as interações de aproximação e conhecimento mútuo, bem como a anotação das palavras da linguagem dos membros do grupo, respeitando seu linguajar típico.

2.ª Fase: Escolha das palavras selecionadas - Critérios: riqueza, fonética, dificuldades

fonéticas e teor pragmático da palavra (que toma o valor prático como critério da verdade), seqüência gradativa – das palavras mais simples para as mais complexas.

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FASES DO MÉTODO

3.ª Fase: Criação de situações existenciais características do grupo

- Discussão de situações reais que conduzam à análise crítica dos problemas locais, regionais e nacionais.

4.ª Fase: Elaboração de fichas-roteiro

- Que funcionam como roteiro para os debates, as quais deverão servir como subsídios, sem no entanto seguir uma prescrição rígida.

5.ª Fase: Elaboração de fichas com a decomposição das famílias fonéticas

- Que correspondam às palavras geradoras.

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PROPOSTAS PEDAGÓGICAS

➢ Pedagogia da consciência (crítica)

➢ Professor problematizador da realidade

➢ Relação dialógica entre professor e aluno

➢ Transformação social (pelo amor, pela justiça)

➢ Revolução como reconstrução

➢ Utopia como necessidade

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PRÁTICA EDUCATIVA(Transformadora)

Princípios orientadores para professores:

➢ Rigor metódico e pesquisa; ➢ Ética e estética (decência e boniteza do ser); ➢ Competência profissional; ➢ Equilíbrio entre autoridade e amorosidade; ➢ Respeito pelos saberes do aluno/identidade cultural; ➢ Rejeição da discriminação; ➢ Reflexão sobre a ação pedagógica; ➢ Competências de diálogo e escuta; ➢ Consciência do inacabado…somos seres mutáveis.

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- Baseado na experiência de Angicos/RN (1963), onde em 45 dias alfabetizaram-se 300 trabalhadores, João Goulart, presidente na época, chamou Paulo Freire para organizar um Plano Nacional de Alfabetização.

- O PNA tinha como objetivo alfabetizar 5 milhões de jovens e adultos em 2 anos, em 20.000 círculos de cultura e já contava com a participação da comunidade - só no estado da Guanabara (Rio de Janeiro) se inscreveram 6.000 pessoas.

- Mas com o Golpe de 64, toda essa mobilização social foi reprimida, Paulo Freire foi considerado subversivo, foi preso (72 dias) e depois exilado (Chile) . Assim, esse projeto foi abortado. Em seu lugar surgiu o MOBRAL, uma iniciativa para a alfabetização que tinha como lema: “É preciso ensinar as pessoas a ler para que elas possam ler as ordens que vêm por escrito”; bem diferente dos ideais freireanos.

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- 1946: Foi diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social de Pernambuco.

- 1961: Foi diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade de Recife.

- No Chile, trabalhou por 5 anos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária. Nesse período, publicou seu primeiro livro: Educação como prática da liberdade (1967) e escreveu seu principal livro: Pedagogia do Oprimido (1968), publicado em vários idiomas, como espanhol, inglês (1970) e até hebraico (1981). No Brasil, por causa da ditadura, esse livro só foi publicado em 1974.

- Em 1969, lecionou na Universidade de Harvard (EUA), e, na década de 1970, foi

consultor do Conselho Mundial das Igrejas (CMI), em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional a governos de países pobres, a maioria no continente africano, que viviam na época um processo de independência.

- No final de 1971, Freire fez sua primeira visita a Zâmbia e Tanzânia. Em seguida, passou a ter uma participação mais significativa na educação de Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. E também influenciou as experiências de Angola e Moçambique. 

TRAJETÓRIA

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- Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil, onde escreveu dois livros, considerados como fundamentais em sua obra: Pedagogia da Esperança (1992) e À Sombra desta Mangueira (1995). Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores.

- Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

- Atuou como supervisor do Programa de Alfabetização de Adultos, de 1980 a 1986, em São Paulo.

- De1989 a 1991, foi secretário de Educação no Município de São Paulo,

sob a prefeitura de Luíza Erundina. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do MOVA - Movimento de Alfabetização, um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo.

- Faleceu em 1997, vítima de infarto, em São Paulo.

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PRINCIPAIS OBRAS• A ótica de classe do autor aparece mais

nitidamente: a pedagogia burguesa do colonizador seria a pedagogia bancária. A consciência do oprimido encontra-se imersa no mundo preparado pelo opressor.

• Daí existir uma dualidade que envolve a consciência do oprimido: de um lado, essa aderência ao opressor, essa hospedagem da consciência do dominador (seus valores, sua ideologia, seus interesses, e o medo de ser livre) e, de outro, o desejo e a necessidade de libertar-se.

• Trava-se, assim, no oprimido, uma luta interna que precisa deixar de ser individual para se transformar em luta coletiva.

• . Traduzida em mais de 20 idiomas, tornou-se referência para o entendimento da prática de uma pedagogia libertadora e progressista. Nela, estão os temas que sustentam a concepção freireana: conscientização, revolução, diálogo, cooperação...

• “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho: os homens se libertam em comunhão.” 

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“O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros. (...) É nesse sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela, é a forma de estar sendo coerentemente exigida por seres que, inacabados, assumindo-se como tais, se tornam radicalmente éticos. É preciso deixar claro que a transgressão da eticidade jamais pode ser vista como virtude, mas como ruptura com a decência. O que quero dizer é o seguinte: que alguém se torne machista, racista, classista, sei lá o quê, mas se assuma como transgressor da natureza humana. Não me venha com justificativas genéticas, sociológicas ou históricas ou filosóficas para explicar a superioridade da branquitude sobre a negritude, dos homens sobre as mulheres, dos patrões sobre os empregados. Qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar." 

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• Este livro relata os aspectos da biblioteca popular e a relação com a alfabetização de adultos desenvolvida na República Democrática de São Tomé e Príncipe.

• Ao mesmo tempo, nos esclarece que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e também enfatiza a importância crítica da leitura na alfabetização, colocando o papel do educador dentro de uma educação, onde o seu fazer deve ser vivenciado, dentro de uma prática concreta de libertação e construção da história, inserindo o alfabetizando num processo criador, de que ele é também um sujeito.

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EXERCÍCIOS1. (Belford Roxo, 2002) Para Paulo Freire, educar é um ato político. O pensamento

pedagógico do autor sobre o aprendizado da leitura e da escrita se fundamenta na ideia de que esse deve ser um ato:

(A) neutro e pautado em métodos e teorias científicas.(B) criador e envolvendo a compreensão crítica da realidade.(C) pautado em textos sem referência ao contexto histórico do educando.(D) voltado para o mercado de trabalho e a capacitação profissional.(E) passivo e conectado com a ideologia dominante capitalista.

2. (Itaboraí, 2007) “Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto à indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições; um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho – a de ensinar e não a de transferir conhecimento.” (Paulo Freire). Os professores que se identificam com o autor, no texto apresentado, concebem o processo ensino-aprendizagem como:

(A) transmissão do conhecimento do professor que ensina para um aluno que aprende (B) relação recíproca na qual se destacam o papel dirigente do professor e a atividade

dos alunos (C) mediação entre os conceitos universais e a capacidade cognitiva dos alunos (D) assimilação ativa de conhecimentos e de operações mentais tanto do professor

quanto do aluno (E) difusão e domínio dos conhecimentos sistematizados e a organização dos mesmos

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3. (Itaboraí, 2007) O educador Paulo Freire desenvolveu uma rica temática sobre a questão da formação docente. Em sua obra “Pedagogia da Autonomia” ele defende que a reflexão sobre a prática se torna uma exigência para o professor. Para isso o professor precisa:

(A) dominar o conteúdo (B) alcançar a produtividade de seus alunos (C) desenvolver uma docência critica (D) manter um nível de aproveitamento “ótimo” (E) criar um ambiente agradável

4. (Teresópolis, 2005) Como experiência especificamente humana, a educação é uma forma de intervenção no mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento.

Na afirmação acima, Paulo Freire quer defender a idéia de que:(A) a escola é redentora das desigualdades sociais e econômicas de uma dada

sociedade em um dado momento histórico.(B) é um erro decretar a escola como tendo apenas a tarefa de reprodutora da ideologia

dominante.(C) a educação é neutra em relação às questões políticas, sociais e culturais, pois tem

por tarefa ensinar os conteúdos.

(D) toda intervenção no mundo é pedagógica e, portanto, indiferente aos obstáculos impostos pela classe dominante.

(E) as intenções educacionais em uma sociedade estão para além das questões sociais e políticas inerentes às classes sociais.

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5. (Caxias, 2002) “Escola é um lugar muito bom. Hoje eu até aprendi que gato não é só gato. É felino. Só não entendi por que a professora foi mudar o nome do gato.” (Bloch, 1997)

Este depoimento de uma criança sobre o que é a escola, dado ao médico e escritor Pedro Bloch, indica-nos uma das principais críticas de Paulo Freire à “educação bancária”. Assinale a alternativa que corresponde a essa crítica.

(A) A construção contextualizada de conteúdos inibe a criatividade e a liberdade dos educando.

(B) A educação deve ter como principio a transmissão de conteúdos a partir da realidade do educando.

(C) Conteúdos descontextualizados não colaboram com uma concepção de educação como prática libertadora.

(D) Conteúdos construídos de forma descontextualizada favorecem a educação libertadora.

(E) A transmissão contextualizada de conteúdos é fundamental para uma prática educacional dialógica.

6. (Angra, 2008) “A nova escola, é a escola cidadã, gestora do conhecimento, não lecionadora, com um projeto ecopedagógico, éticopolítico, inovadora, construtora de sentido e plugada no mundo”. Paulo Freire

A escola precisa desenvolver mais a sua consciência crítica para construir novos valores e atitudes. Uma das características da consciência crítica é:

A) reconhecer que a realidade é mutável;B) considerar a realidade estática;C) satisfazer-se com a experiência;D) não se aproximar da casualidade dos fatos;E) ter forte conteúdo passional.

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GABARITO

1. B;

2. B;

3. C;

4. B;

5. C;

6. A.