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O livro Apocalipse16 A sétima trombeta (12.1-17)

Jörg Garbers – Ms. de Teologia

Introdução 12.1-17

• Os sete selos e as sete trombetas descreveram trajeto da história domundo de forma geral desde a ascensão de Cristo até os fins dotempo.

• Alvo dos capítulos é mostrar que o mundo que vive sem Deus estáindo do mal ao pior.

• No mesmo tempo encontramos textos intercalados que falaram da• No mesmo tempo encontramos textos intercalados que falaram dapreservação do povo de Deus no meio dessa história.

• João não está descrevendo um roteiro de acontecimento ourevelando detalhes futuros, mas ele usa a linguagem figurativa emetafórica para descrever as visões.

• Muito mais do que um livro da futura história o livro é um escrito deconsolo e convite para a fé.

• Os capítulos usaram perspectivas diferentes e ângulos diferentespara descrever o mesmo período.

Introdução 12.1-17

• O cap. 12 vai falar da história da salvação, da ação do Messias e dapreservação do povo de Deus a partir de um ângulo espiritual. Alinguagem faz uso de temas da mitologia e das lendas antigas e dasnarrativas bíblicas.

• De certa forma o cap. é um resumo da soterologia, porém as palavrase imagens parecem nós estranhos à primeira vista.e imagens parecem nós estranhos à primeira vista.

• Adotamos a posição que aqui não se fala de acontecimentos futuros,mas de fatos consumados. Fatos que pelos olhos da fé podem serenxergados.

• Os capítulos 12 - 14 formam a base teológica do livro e da fé cristã naperspectiva do visionário.

• 12: A vinda e vitória do Messias e as consequências

• 13: O tempo entre ascensão e segunda vinda na perspectiva espiritual

• 14: A segunda vinda do Messias

Estrutura 12.1-17

• 1 – 6 Nascimento do Messias

• 7 – 12 A vitória do Messias

• 13 – 17 A preservação do povo de Deus

Nascimento do Messias

• 1 Apareceu no céu um sinal extraordinário: uma mulher vestida dosol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelassobre a cabeça. 2 Ela estava grávida e gritava de dor, pois estava paradar à luz.

• Se João está na terra olhando para o céu ou no céu olhando para aterra não fica evidente. O cap. descreve ocorrências tanto no céuterra não fica evidente. O cap. descreve ocorrências tanto no céucomo na terra.

• A palavra sinal é ambivalente e pode ser traduzido também commilagre ou amostra de força. Ele pode designar também algo quefunciona como um símbolo, que representa uma realidade de formafigurativa. No contexto desse capítulo temos que pensar isso tudojunto.

• A pergunta mais importante é: o que representa a figura da mulher?



• Olhando para frente fica claro que ela dá luz ao Messias. Por issomuitos pensaram em Maria. Porém a mesma mulher foge e vivemuitos pensaram em Maria. Porém a mesma mulher foge e vivedurante todo o tempo da história.

• A figura da mulher podia ser usada para se referir a uma cidade. Unsteólogos por isso pensam que ela representa Jerusalém e o Sião.

• O povo de Israel em uns textos proféticos é descrito como umamulher em dores de parto (p.ex. Is 26.17-18; 66.7-8).

• A confrontação da mulher com o dragão e o nascimento daquele quevence pode ser associados com Eva – a serpente e o semente que irádestruir a serpente.



• As linhas são múltiplas. Porém o trecho de 1260 dias, que se refere ahistória toda sob a perspectiva do povo de Deus, impede de pensarhistória toda sob a perspectiva do povo de Deus, impede de pensarde forma unilateral em Jerusalém, Israel, Israel convertido, aprimeira mulher ou Maria. A mulher representa a história e aspessoas do povo de Deus de forma geral. Maria fez parte disso e porisso a nascimento de Jesus é tanto descrito aqui como resultadoindividual e como um resultado de uma esperança do povo de Deus.

• Os atributos da mulher colaboram com isso. O sol é um símbolodivino e a lua é um símbolo que aponta para a terra, o número 12pode tanto representar os patriarcas como os discípulos.



• O tempo de gravidez e das dores podem simbolizar a história deIsrael até o nascimento de Jesus. As muitas reviravoltas na históriaIsrael até o nascimento de Jesus. As muitas reviravoltas na históriadesse povo também pelos judeus foram vistas como dores de parto,esperando o Messias.

• Assim esse texto é um texto natalino.


• 3 Então apareceu no céu outro sinal: um enorme dragão vermelhocom sete cabeças e dez chifres, tendo sobre as cabeças sete coroas.

• O segundo símbolo/sinal que aparece é logo caracterizado comouma força contrária a luz.

• Por enquanto esse dragão não recebe nomes, somente atributos queo descrevem.o descrevem.

• A palavra dragão mesmo refere se a um “animal” mitológico queencontramos em várias lendas em Egito, Mesopotâmia e Palestina.Ele é associado com o mar e com o caos. No AT encontramos osmonstros marítimos e o leviatã que apontam na mesma direção.

• A cor vermelha se associa com violência, raiva, ira, sangue.

• As sete cabeças e dez chifres descrevem ele como poderoso,terrível e temível. (7 é número da plenitude e 10 o número da terra).


• 4 Sua cauda arrastou consigo um terço das estrelas do céu, lançando-as na terra. O dragão colocou-se diante da mulher que estava paradar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse.

• A ação da cauda não refere-se a um evento, mas simplesmentecaracteriza o dragão como poderoso. As interpretações queidentificam as estrelas com anjos que são arrastados para a terra eidentificam as estrelas com anjos que são arrastados para a terra eagora são demônios não têm fundamento no texto.

• O dragão se mostra como a força que está em oposição a vida e obrado Messias. A cena lembra de Herodes, mas tem muitos outrosmomentos na vida de Jesus que revelam a oposição à obra salvífica.


• 5 Ela deu à luz um filho, um homem, que governará todas as naçõescom cetro de ferro. Seu filho foi arrebatado para junto de Deus e deseu trono.

• É o momento de natal que é descrito nesse versículo. O Messiasnasce. O governo dele sobre as nações foi detalhadamente descritono cap. 5.no cap. 5.

• João nada menciona da vida de Jesus e pula direto para ascensãodele. O arrebatamento do filho é um sinal que o dragão não tempoder sobre ele.

• O resultado da sua obra, sua morte, sua ressurreição e seuarrebatamento lemos nos versículos 7-12.


• 6 A mulher fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sidopreparado por Deus, para que ali a sustentassem durante milduzentos e sessenta dias.

• O deserto é um lugar de proteção e preservação na história deIsrael. O deserto tornou-se um símbolo para a presença de Deus e aproximidade entre Deus e seu povo.proximidade entre Deus e seu povo.

• Preparado por Deus: essas palavras sublinham e apontam namesma direção, Deus protege seu povo. Os números já explicamosde forma exaustiva em cap. 11.

• A ação do Messias do v. 5 é descrito nos versículos 7-12 a história damulher é detalhada nos versículos 13-17. Ao meu ponto de vista essesparágrafos ocorrem de certa forma paralelo, mas tem o seu início nofato do nascimento do Messias.

A vitória do Messias

• 7 Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaramcontra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. 8 Mas estesnão foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar noscéus.

• O que está sendo expresso com a palavra guerra refere-se a uma luta“espiritual” que descreve a obra a salvação em forma quase“espiritual” que descreve a obra a salvação em forma quasemitológica.

• Para compreender precisamos conhecer os atores principais: Miguele o dragão.

• Miguel não está sendo descrito nesse texto. Mas a luta e o resultadojá apontam para o fato que Miguel é um símbolo para algo maior.Pois não era um anjo que venceu o dragão, mas o próprio Cristo.


• 7 Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaramcontra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. 8 Mas estesnão foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar noscéus.

• Miguel é tipo, representante nesse texto sem receber uma descriçãodetalhada. O que está sendo descrito aqui é um processo diante dedetalhada. O que está sendo descrito aqui é um processo diante deum tribunal. Miguel está defendendo os ataques do acusador (vamosainda explicar). Na tradição judaica ele é o protetor e consolador.

• Otto Betz compreende a figura de Miguel como representante doconsolador, o Espírito Santo.

• Essa luta é vencida por parte de Deus. O que essa luta significaesclarece-se no decorrer dos próximos versículos.


• 9 O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamadaDiabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjosforam lançados à terra.

• Agora é desvendada a figura do dragão:

• Serpente: um símbolo muito poderoso e ambivalente no ambientedo NT nessa época. Ela resumo para os judeus idolatria, poderesdo NT nessa época. Ela resumo para os judeus idolatria, poderesmalignos, cultos estrangeiros, adivinhação, incorporação do mundodos gentios e lembra de Gn 3 e seus efeitos. Ela simboliza o poder dopecado e do mal.

• Diabo: uma palavra grega que a LXX usou para traduzir o termosatanás.

• Satanás: o título mais conhecido e mais abrangente. Esse títuloprecisamos tratar de forma mais aprofundada:



• Satanás• O verbo aparece: Sl 38.21; 71.13; 109.4.20.29; Za 3.1

• O substantivo satanás é traduzido dez vezes com a palavra “adversário”:• O substantivo satanás é traduzido dez vezes com a palavra “adversário”:

– Na guerra (1Sm 29.4)

– No tribunal (Sl 109.6)

– Como obstáculo no caminho (Nu 22.22) E a ira de Deus acendeu-se, porque ele se ia; e o anjo do SENHOR pós-se-lhe no caminho por adversário; e ele ia caminhando, montado na sua jumenta, e dois de seus servos com ele.

– 1 Rs 5:4 Porém agora יהוהmeu Deus me tem dado descanso de todos os lados; adversário não há, nem algum mau encontro.

• Em três livros bíblicos a palavra é traduzida com a palavra “Satanás”, como fosse um nome próprio:

– 1Cr 21.1 (sem artigo)

– Zc 3,1-2 (com o artigo)

– Jó 1& 2 diversas vezes (com o artigo)



• Zc e Jó descrevem uma realidade invisível e usam a linguagem figurativa.

• Satanás faz parte da corte divina.

• Satanás tem a tarefa de um advogado / procurador sem qual a justiça não • Satanás tem a tarefa de um advogado / procurador sem qual a justiça não pode ser feita.

• Satanás é uma personagem inferior a יהוה.

• Satanás é apresentado como alguém que não pode agir de forma autônoma.

• Satanás obedece às ordens de יהוה.

• A função de Satanás e a sua personagem são vistas com bons olhos, ele exerce um papel necessário dentro de um cenário de aprovação.

• Em Jó ele é um dos אלוהםבני (“filhos de Deus”), expressão usada da Bíblia hebraica para referir se a corte celestial de Deus.

• Jó 16.9; 30.21 יהוהse torna satan para Jó



• Com o tempo o termo ganhou peso e formou se numa figura pessoalcom o nome satanás.

• A função é ainda a mesma e o Talmud descreve isso assim:• A função é ainda a mesma e o Talmud descreve isso assim:– “O satanás está descendo e seduzindo, ele sobe e acusa, recebe a autoridade e

pega a alma.”

• Conforme o ensino dos judeus porém existe ao lado do acusador nocéu também um defensor: o anjo Miguel!

• João está usando de forma associativo e sutil imagens e metáforasbem conhecidos.



• Esse princípio do acusador está sendo vencido por Miguel. A vitóriado Messias de forma efetiva impede a acusação e a condenação dospecadores. Na linguagem paulina: por meio do sacrifício de Cristopecadores. Na linguagem paulina: por meio do sacrifício de Cristosomos salvos e isso não por obras, mas pela fé.

• A luta descreveu a perda do poder jurídico e legal do pecado e domal frente ao trono de Deus.

• A terra não é tanto localidade, mas esfera como ainda vamos ver.


• 10 Então ouvi uma forte voz dos céus que dizia: "Agora veio asalvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seuCristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que osacusa diante do nosso Deus, dia e noite.

• O versículo 15 do cap. 11 reaparece aqui de forma literal. Estamosfalando e lendo dos mesmo evento. Porém agora João mostrou que afalando e lendo dos mesmo evento. Porém agora João mostrou que avitória já está sendo alcançado pela obra de Cristo muito antes dofim do mundo. Paulo iria dizer: para aqueles que confiam/creem.

• O v. 10 é o evangelho. De forma diferente, com figuras novas Joãodescreveu nessa visão a verdade cristã.

• O acusador não tem mais poder sobre os selados.


• 11 Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra dotestemunho que deram; diante da morte, não amaram a própriavida.

• O motivo verdadeiro da vitória: a morte e ressurreição de Cristo.

• Essa vitória acontece e permanece lá onde está anunciado oevangelho.evangelho.

• Os testemunho dos cristãos das comunidades aos quais João dirigeessas palavras aqui é elogiado. Pois esse testemunho faz parte davitória, pois parte dela e a espalha.


• 12 Portanto, celebrem-no, ó céus, e os que neles habitam! Mas, ai daterra e do mar, pois o Diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria,pois sabe que lhe resta pouco tempo".

• Pohl argumenta que “ó céus” não designa o local das pessoas quedevem celebrar, mas a característica deles: eles são de Deus.Podemos parafrasear assim: Portanto, celebrem-no, povo de Deus, ePodemos parafrasear assim: Portanto, celebrem-no, povo de Deus, eos que pertencem a Deus!

• Do mesmo jeito é possível terra e mar compreender: o diabo tempoder sobre aqueles que não pertencem ao povo de Deus. Ele tentaenganar o povo de Deus, mas não tem mais poder sobre eles.

• O termo pouco tempo refere-se ao tempo entre ascensão de Cristoe sua segunda vinda, que na perspectiva de João é apenas ummomento breve.

A preservação do povo de Deus

• 13 Quando o dragão foi lançado à terra, começou a perseguir amulher que dera à luz o menino.

• Já que não pode mais afetar o povo de Deus diante de Deus, narealidade divina a luta permanece e começa na terra.

• Em palavras simbólicas segue a história da IGREJA (do corpo deCristo) na terra. Em meio das aflições, tormentos, perseguições eCristo) na terra. Em meio das aflições, tormentos, perseguições edistorções o corpo de Cristo existe.


• 14 Foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que elapudesse voar para o lugar que lhe havia sido preparado no deserto,onde seria sustentada durante um tempo, tempos e meio tempo,fora do alcance da serpente.

• A águia é um símbolo de liberdade e força. As asas da águiarepresentam a possibilidade do povo de Deus de escapar sempre derepresentam a possibilidade do povo de Deus de escapar sempre denovo das agressões.

• O deserto já explicamos em v. 6.

• A menção do tempo (veja cap.11), esclarece que o livro trata ainda omesmo período. Sempre sob um novo ângulo, sempre mudando asimagens e metáforas.


• 15 Então a serpente fez jorrar da sua boca água como um rio, paraalcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza. 16 A terra, porém,ajudou a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragãofizera jorrar da sua boca. 17 O dragão irou-se contra a mulher e saiupara guerrear contra o restante da sua descendência, os queobedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis aoobedecem aos mandamentos de Deus e se mantêm fiéis aotestemunho de Jesus.

• Em imagens variadas, quase se atropelando, não seguindo umaordem lógica, a visão fala da proteção do povo de Deus. As metáforasnão trazem coisas novas, mas aprofundam e repetem aquilo que jáfoi dito em outros momentos. Detalhes parecem se contradizer, masé bom se lembrar que não se conta aqui uma sequencia de eventos.Tudo é a descrição de um só fato: o corpo de Cristo (os selados, oschamados, a IGREJA) é preservado.

Resumo e lição

• O capítulo 12 está de forma nova e usando uma linguagem que bebeda fonte dos mitos e lendas descrevendo aquilo que chamamos aobra salvífica de Deus.

• Nascimento, morte, ressurreição e ascensão de Cristo acabaram como poder que Satanás (compreendido como personificação do pecadoe do mal). Aquele que crê e confia nisso e testemunha disso estáe do mal). Aquele que crê e confia nisso e testemunha disso estáfazendo parte do povo de Deus.

• Esse povo de Deus é protegido na história.

• Esse fatos são consumados, mas visível e experimentável paraaqueles que confiam nisso.

• O acusador não tem mais o poder de derrubar, mas quer queacreditamos que ainda pode. Essa luta é real aqui na terra. Masquem crê que essa luta já acabou no céu pode sentir-se aqui na terraconsolado e protegido no meio dos tormentos até o fim.

O Apocalipse

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