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2019 – Outubro – Revista Escola Particular 3

A educação brasileira tem muitos desafios pela frente.

O Sieeesp não tem se furtado a discutir os rumos do País, a começar pelas reformas tão necessárias e que tramitam no Congresso Nacional. Pois não há como haver crescimento do País sem que haja a evolução e simplificação de tributos, a implantação de uma nova Previ-dência Social capaz de garantir o pagamento de aposentadorias e pensões; de uma saúde de quali-dade e das mínimas condições de segurança pública e mora-dia, além de oportunidades de emprego e qualificação profis-sional.

Ou seja, uma vivência digna que passa, necessariamente, por uma educação de qualidade, com todos os desafios que essa mesma educação tem pela fren-te e que preocupam gestores, educadores e especialistas. Até por isso, o Sieeesp vem colocan-do em prática essa discussão, ouvindo os mantenedores com frequência, como na recente Jornada do Interior, que percor-reu mais de 3.200 quilômetros por todo o Estado e reuniões

O LIVRO DAS MUDANÇAS

sempre com casa cheia em todas as 13 regionais.

Como, também, na realização do 1º Fórum de Inovação na Edu-cação, dia 18 de setembro, onde palestraram 13 educadores, es-pecialistas e pesquisadores que transitaram por vários temas e abordagens, como Educação 4.0, inovações em acompanha-mento e avaliação de alunos e aprendizagens, competências socioemocionais, inteligência artificial, LGPD, neurociência aplicada ao aprendizado e à gestão e as Edtechs, startups dedicadas ao nosso segmento.

Foram cerca de 140 par-ticipantes de 28 cidades de São Paulo. Mas, também, de outros quatro estados, como Paraná (Curitiba), Espírito Santo (Vitória), Cuiabá (Mato Grosso) e Minas Gerais (Belo Horizonte e Uberlândia), que representou uma grata surpresa para todos. Isso demonstra, de maneira ine-quívoca e com todas as letras e números, a importância e o alcance nacional desse debate, que traz mais luz à quebra de paradigmas que está acon-tecendo e os desafios que se avizinham.

O Sieeesp não tem se furtado a discutir os rumos

do País, a começar pelas reformas

tão necessárias e que tramitam no

Congresso Nacional

Editorial

Presidente do [email protected]

BENJAMINRIBEIRO DA SILVA

Os que aqui vieram fizeram questão de “assinar” o ‘livro das mudanças’, de mostrar a sua disposição e contribuição, pois se sentem de alguma forma minimamente responsáveis e tem a educação correndo nas veias. E querem, sobretudo, conquistar uma educação com “E” maiúsculo.

Contem conosco, pois tam-bém fazemos fazer parte dessa jornada, da educação que temos para a Educação que queremos.

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Revista Escola Particular – Outubro – 20194

Expediente / Índice

[email protected]

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

OUTUBRO DE 2019 - Edição 259

PRODUÇÃO EDITORIALEditor-chefe:Marcos Menichetti - MTB 12466Colaboradores:• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino • Ulisses de Souza• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues

www.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107Santo Amaro - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500Para anunciar:[email protected]ão: CompanygrafCréditos da fotos: katemangostar - pressfoto - freepik - jcomp - rawpixel - aquagreen - bizkette1 - luis molinero - vectorpouch - tirachardz - starline

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REGIONAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani Filho - (14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

GuarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

Marília(14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos Campos(12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

BNCC: agora épra valer!

Matéria de Capa4

Alfabetização: é para brincar de aprenderou levar a sério?

Alfabetização16

Por que aescola precisase transformar?

Metodologia20

Língua judiada

Língua Portuguesa26

1º Fórum de Inovação em Educação do Sieeesp é sucesso!

Evento Sieeesp28

Evasão no Ensino Médio pode ser combatida com união entre escola e família

Evasão Escolar32

A conduta proativa das escolas

Jurídico46

Alimentação38Dia das Crianças: Incentive os alunos a comer melhor brincando!

A importância das medidas de prevenção nas instituiçõesde ensino

Responsabilidade36

O que é dislexia e como identificá-la?

Saúde42

Obrigações52

Cursos54

O livro das mudanças

Editorial3

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Matéria de Capa

BNCC:agora é pra valer!

A o terminar o ano do en-saio geral, aproximamo-nos da estreia oficial. A

BNCC da Educação Infantil e do Ensino Fundamental deverá estar presente nas salas de aula a partir do dia 1º de janeiro de 2020, con-forme estabelece a Resolução CNE/CP nº2 de 22/12/2017. Foram dois anos para que as escolas conhe-cessem, estudassem e inserissem em suas propostas pedagógicas as aprendizagens essenciais que passam a ser obrigatórias em to-

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das as salas de aula do território brasileiro. A BNCC do Ensino Médio caminhou mais devagar e somente tornou-se Resolução com força de lei em dezembro de 2018 (Reso-lução 4 MEC/CNE de 18/12/2018). Nesse caso, tem o período de 2019 a 2021 para o ensaio geral, devendo estar plenamente nas salas de aula a partir de 1º de janeiro de 2022, conforme determina a Resolução em seu Artigo 12.

Como sabemos, esse documen-to já estava previsto na Constituição

Federal desde a década de 1980. A BNCC enquanto uma lei, regula, padroniza, mas também provoca, desestabiliza, instiga a escola e, em especial, os professores a mudarem sua forma de ensinar. Façamos, então, um rápido retrospecto desse controvertido documento que constitui uma política de Estado, que, embora não esteja recebendo a devida atenção da atual gestão do Ministério da Educação é lei promulgada, o que contraria os que apostavam em sua revogação.

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A estrutura do documento parte de 10 competências gerais que devem ser operacionalizadas em sala de aula da Educação Infan-til até o Ensino Médio. No caso da Educação Infantil, as competências gerais se refletem nos seis direi-tos de aprendizagem e nos cinco campos de experiência, através dos quais os seis direitos são ope-racionalizados. As atividades em cada campo de experiência são organizadas em três faixas etárias: bebês (0 a 1,5 ano), crianças bem pequenas (de 1,6 a 3 anos) e crian-ças pequenas (4 e 5 anos).

No Ensino Fundamental, as mesmas dez competências gerais precisam estar presentes em todas

as cinco áreas do conhecimento (Linguagem, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso) e em todos os componentes curriculares das áreas. Os componentes curricu-lares são divididos em unidades temáticas (eixos) que por sua vez se subdividem em objetos do conhe-cimento (conteúdos). Cada objeto de conhecimento dá origem às habilidades que devem ser desen-volvidas em sala de aula.

A BNCC do Ensino Médio procura dar sequência à estrutura da Educa-ção Infantil e do Ensino Fundamen-tal, centrada no desenvolvimento de competências e orientada pelo princípio da educação integral. As

competências gerais da Educação Básica orientam igualmente as aprendizagens dessa etapa, tanto as aprendizagens essenciais defini-das nesta BNCC, quanto aquelas relativas aos diferentes itinerários formativos que serão detalhados pelos diferentes sistemas de en-sino. As aprendizagens essenciais definidas na BNCC do Ensino Médio estão organizadas por áreas do conhecimento (Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Huma-nas e Sociais Aplicadas), conforme estabelecido no artigo 35-A da LDB. Desde que foram introduzidas nas DCNEM/1998 (Parecer CNE/CEB nº 15/199856), que têm por finalidade, integrar dois ou mais componentes do currículo, para melhor com-preender a complexa realidade e atuar nela. Essa organização não exclui necessariamente as disci-plinas, com suas especificidades e saberes próprios historicamente construídos, mas, sim, implica o fortalecimento das relações en-tre elas e a sua contextualização para apreensão e intervenção na realidade.

As figuras ao lado ilustram, re-sumidamente, a estrutura da BNCC nos três segmentos da Educação Básica.

As aprendizagens essenciais definidas na BNCC do Ensino Médio estão organizadas por áreas do conhecimento

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Além dessa estrutura de conteú-do, a BNCC traz diversos princípios pedagógicos sobre os quais a ação docente deve estar apoiada. O foco no desenvolvimento de habilidades e competências, a uti-lização de metodologias ativas que considerem o aluno como parte dinâmica do processo de aprender e a progressão das aprendizagens são os principais. Esses princípios serão os responsáveis pelos maio-res desafios dos professores e de toda a equipe gestora porque de-pendem da quebra de paradigmas pedagógicos fortemente edifica-dos através da trajetória escolar docente.

Colocar em prática metodolo-gias ativas pressupõe a confiança na capacidade de aprender do aluno e o domínio não só das téc-nicas, mas da habilidade de gerir projetos e acreditar no caos cons-trutivo. Planejar levando em conta a progressão das aprendizagens significa conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos, e adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino, além de praticar diariamente a avaliação formativa.

Alguns desafios ganham des-taque e um dos principais é a operacionalização de um currículo em forma de espiral, que apresenta os objetos de conhecimento (con-teúdos) distribuídos em unidades temáticas presentes do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamen-tal. Numa estrutura espiralada, os grandes temas surgem em todos os anos, apenas num nível mais complexo. Isso significa, por exem-plo, que em Ciências, os alunos

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Matéria de Capa

estudarão o tema Vida e Evolução do primeiro ao nono ano e não mais concentrado no sétimo e no oitavo ano como era de costume.

Essa estrutura curricular traz, também, necessidades de mudan-ça de atitudes por parte do profes-sor, que deverá prever contínuos resgates de aprendizagens em seu planejamento, ressignificando a ideia de “aluno sem base”. Outra questão de ordem prática que a BNCC traz à tona é o conjunto de aprendizagens mínimas ne-cessárias, para caracterizar a efe-tividade do trabalho do professor.

É por tudo isso que o maior foco no processo de operacionalização da BNCC deve ser a formação contínua dos professores, pois a efetividade dessa implantação repousa numa prática docente dinâmica, que atribua ao aluno pa-pel crescentemente ativo no ato de aprender, na mudança de postura e atitude docentes a caminho de uma visão integral do aluno e no desenvolvimento de competências socioemocionais.

Aprendemos a dar aulas com os professores que tivemos; logo, somos o retrato de um modelo cristalizado de ensino. Professor fala, aluno ouve, de preferência em fileiras de carteiras retilíneas que nos permitam ver uma só cabeça. Romper com esse modelo requer treinamento, apoio técnico, infraestrutura e, acima de tudo, motivação e crença de que isso é possível.

Para que a Base faça diferença nas escolas, ela terá que ser vista muito mais pelo seu lado de opor-tunidade do que por sua dimensão legal. A história mostra que nunca conseguimos mudanças efetivas na educação somente a partir de leis e decretos. Para promover mudanças, a legislação precisa ser legitimada e isso somente ocorre quando as mudanças instituídas encontram eco na crença dos pro-fessores, que por sua vez só acredi-tam quando se sentem seguros e enxergam coerência no processo. Desenvolver competências através do currículo, garantir direitos de

aprendizagem e saber aplicar, na prática, princípios da Pedagogia diferenciada serão os três maiores desafios das escolas e dos sistemas de ensino.

A BNCC e o Novo Ensino MédioO Ensino Médio é o segmento

que conclui o que chamamos de Educação Básica. Como o próprio nome sugere, tal ciclo deve pro-porcionar as aprendizagens míni-mas necessárias para o cidadão

Romper com esse modelo requer treinamento, apoio técnico,

infraestrutura e, acima de tudo,

motivação e crença de que issoé possível

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atuar ativamente na sociedade, servindo, também, como marco de definição sobre seguir em fren-te rumo ao Ensino Superior ou inserir-se no mercado de trabalho. Esse dilema sempre foi intrínseco a esse segmento que já se dividiu em Clássico, Científico ou Normal, Se-gundo Grau profissionalizante ou de Formação Geral, Ensino Médio ou Médio-técnico. O novo modelo apresenta-se com a roupagem de solução ao formato enciclopédico e ineficaz, que impera desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional (LDBN), instituída em 1996.

A Lei nº 13.415/2017, de 13 de fevereiro de 2017, a chamada Lei do Ensino Médio, institui uma nova estrutura nesse segmento, (1) flexi-bilizando a distribuição dos con-teúdos das treze atuais disciplinas obrigatórias ao longo dos três anos do ciclo e integrando-as em quatro áreas do conhecimento; (2) dá novo peso ao ensino técnico, reintegran-do-o ao Ensino Médio de forma

optativa e (3) amplia de imediato a carga horária do Ensino Médio para 3.000 horas e incentiva a criação e ampliação de escolas de tempo integral; (4) Divide o currículo em Parte Comum (1.800 horas) - que deve corresponder às aprendiza-gens essenciais que constam na BNCC, e os Itinerários formativos (ciclo de “aprofundamento” em uma das quatro áreas (Linguagens e suas tecnologias, Matemática e suas tecnologias, Ciências da Na-tureza e suas tecnologias e Ciências Humanas e suas tecnologias ou formação técnica e profissional). A carga horária deverá ser ampliada progressivamente até 1.400 horas anuais (hoje são 800 horas anuais obrigatórias), ajudando a cumprir, assim, a Meta 6 do Plano Nacional de Educação, que prevê que até 2024, 50% das escolas e 25% das matrículas na Educação Básica (Edu-cação Infantil + Ensino Fundamental + Ensino Médio) estejam estudando em tempo integral.

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Matéria de Capa

A BNCC define, para cada área do conhecimento, um conjunto de competências específicas, articu-ladas às respectivas competências das áreas do Ensino Fundamental, com as adequações necessárias ao atendimento das especificidades de formação dos estudantes do Ensino Médio. Essas competências especí-ficas de área do Ensino Médio tam-bém devem orientar a proposição e o detalhamento dos itinerários formativos relativos a essas áreas. Relacionadas a cada uma dessas competências, são descritas habili-dades a ser desenvolvidas ao longo da etapa, além de habilidades espe-cíficas de Língua Portuguesa – com-ponente obrigatório durante os três anos do Ensino Médio, da mesma maneira que Matemática (LDB, Art. 35-A, § 3º). Todas as habilidades da BNCC foram definidas tomando-se como referência o limite de 1.800 horas do total da carga horária da etapa (LDB, Art. 35-A, § 5º).

A BNCC e as competências so-cioemocionais

Um dos principais objetivos da BNCC é garantir a formação inte-gral dos indivíduos por meio de de-senvolvimento das chamadas com-petências do século XXI, que dizem respeito a formação de cidadãos com capacidade de aprender a aprender, de resolver problemas, de ter autonomia para a tomada de decisões, pessoas que sejam capazes de trabalhar em equipe, respeitar o outro, o pluralismo de ideias, que tenham a capacidade de argumentar e defender seu ponto de vista. Logo, estamos diante de um referencial que induza o desen-volvimento de competências que compõem a formação de cidadãos críticos, criativos, participativos e responsáveis, capazes de se comunicar, lidar com as próprias emoções e propor soluções para problemas e desafios. Estamos, aqui, falando basicamente das

competências socioemocionais que estão fortemente presentes nas 10 competências gerais:

1- Valorizar e utilizar os conhe-cimentos historicamente construí-dos sobre o mundo físico, social e cultural para entender e explicar a realidade (fatos, informações, fenômenos e processos linguísti-cos, culturais, sociais, econômicos, científicos, tecnológicos e naturais), colaborando para a construção de uma sociedade solidária.

2- Exercitar a curiosidade in-telectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criativi-dade, para investigar causas, elabo-rar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e inventar soluções com base nos conheci-mentos das diferentes áreas.

3- Desenvolver o senso estético para reconhecer, valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e

Estamos diante de um referencial que induza odesenvolvimento de competências que compõem a formação de

cidadãos críticos, criativos, participativos e responsáveis

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Matéria de Capa

culturais, das locais às mundiais, e para participar de práticas diver-sificadas da produção artístico-cultural.

4- Utilizar conhecimentos das linguagens verbal (oral e escrita) e/ ou verbo-visual (como Libras), corporal, multimodal, artística, matemática, científica, tecnológica e digital para expressar-se e par-tilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e, com eles, produzir sentidos que levem ao entendi-mento mútuo.

5- Utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, significativa, reflexi-va e ética nas diversas práticas do cotidiano (incluindo as escolares) ao se comunicar, acessar e dissemi-nar informações, produzir conheci-mentos e resolver problemas.

6- Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao seu projeto de vida pessoal, profissional e social, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7- Argumentar com base em fatos, dados e informações con-fiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos e a consciência socioambiental em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.

8- Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocio-nal, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas e com a pressão do grupo.

9- Exercitar a empatia, o diálo-go, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, iden-

tidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de origem, etnia, gênero, orientação sexual, idade, habilidade/necessidade, convicção religiosa ou de qualquer outra natureza, reconhecendo-se como parte de uma coletividade com a qual deve se comprometer.

10- Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e deter-minação, tomando decisões, com base nos conhecimentos construí-dos na escola, segundo princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

Competências socioemocio-nais são aquelas que nos permitem

colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para con-trolar emoções, alcançar objeti-vos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável, entre outros.

São competências que possibi-litam um relacionamento saudável entre as pessoas, tendo como base uma boa administração da dinâmica emocional na qual esta-mos inseridos ao longo da vida. Suportar as frustrações a ponto de não sermos deseducados com os outros é um exemplo de com-petência socioemocional. Outra competência socioemocional es-sencial é reconhecer nossas pos-sibilidades e limites em contextos coletivos. O desenvolvimento de tais competências se dá de ma-neira continuada, começando na família e continuando na escola que tem um papel essencial nesse contexto.

As competências socioemocio-nais ganharam destaque no cenário educacional a partir da década de

As competências socioemocionais

ganharam destaque no cenário

educacional a partir da década de 1990

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1990 do século passado, em fun-ção do surgimento do Paradigma do Desenvolvimento Humano, proposto pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o De-senvolvimento) e em função da publicação do Relatório Jacques Delors, organizado pela Unesco, que acirra o debate sobre a im-portância de uma educação plena, que considere o ser humano em sua integralidade. O primeiro coloca as pessoas no centro dos processos de desenvolvimento e destaca a educação como principal caminho para prepará-las para escolhas e ajudá-las a transformar seu poten-cial em competências. Já o relatório da Unesco propõe um sistema de ensino baseado em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser, e aprender a conviver, o que desconstrói a dinâmica tradicional da escola e a obriga a repensar seus paradigmas.

É exatamente na reconstrução de paradigmas que reside o maior

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Matéria de Capa

desafio da operacionalização da BNCC em sala de aula. Não é sim-ples romper paradigmas que per-passaram séculos como verdades absolutas em educação. E não esta-mos falando apenas de paradigmas dos professores, mas também dos alunos, que esperam uma aula “caridosa” que oferece os conhe-cimentos prontos e mastigados.

Ao colocar os alunos em movi-mento na tentativa de construção dos conceitos, na busca de respos-tas aos questionamentos e na cons-trução de modelos viáveis, temos que contar com a predisposição deles em empreender esforços, persistir na busca e tentar novos caminhos. Com as crianças, tais comportamentos são mais fáceis pela própria natureza da idade, ainda movida pela curiosidade e

pela novidade. O grande desafio encontra-se na adolescência.

Em geral, a faixa etária das trans-formações para a vida adulta tem se mostrado apática e pouco sensível a apelos motivacionais, o que aumenta a dificuldade de se colocar em prática as metodologias ativas, como apre-goa a BNCC. A atividade do aluno é igualmente necessária para o desen-volvimento de competências e habi-lidades, o que a coloca na categoria de meta essencial para a BNCC povoe nossas salas de aula.

Sem aluno pedagogicamente ativo, não teremos construção do

Doutor em Ciências da Educação e Mestre em Educação. Pedagogo e Psicopedagogo. Conferencista e escritor.

JÚLIO FURTADO

conhecimento, logo, precisamos nos voltar para a identificação de caminhos que nos levem à motiva-ção do adolescente, o que parece ser a mola propulsora das ações necessárias a uma aprendizagem in-tegral, como também estabelece a Base Nacional Comum Curricular. •

A atividade do aluno é igualmente necessária para o desenvolvimento de

competências e habilidades

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Alfabetização

A alfabetização constitui hoje uma das mais impor-tantes ferramentas no

exercício da cidadania. O indivíduo alfabetizado pode ter acesso aos bens culturais e interferir em seu ambiente. A capacidade de comu-nicação entre as pessoas através de leitura e escrita distinguem o homem, sua cultura, sua possibili-dade de se organizar, pensar e de fazer escolhas. Em função da im-portância que a alfabetização tem na vida do ser humano, justifica-se a preocupação e empenho em garantir a todas as crianças uma formação de qualidade.

Garantir o direito da alfabeti-zação para todas as crianças no início de sua escolaridade é um grande passo para o sucesso es-colar. O atraso escolar nas séries iniciais está entre as preocupações que precisam ser analisadas para vencer os problemas do analfabe-

tismo. As queixas sobre jovens que se desinteressam pelo ensino e se aventuram por caminhos tortuosos de violência, drogas, entre outros desvios sociais, acontecem numa sociedade que tem serviços escas-sos e fraca preparação dos jovens.

Um ponto de preocupação vem sendo a qualidade do aprendizado. A alfabetização bem-feita é a base de todas as outras aprendizagens na escola e, a ausência dela, se liga inevitavelmente ao fracasso e evasão escolar. Por essa razão precisamos compreender melhor a alfabetização com o objetivo de propor novos recursos para atender aos profissionais responsáveis pela aprendizagem inicial de leitura e escrita de crianças, em processo de escolarização, especialmente quanto à questão das dificuldades de aprendizagem e inclusão.

Há necessidade de reconheci-mento da especificidade da alfabe-

tização, entendida como processo de aquisição e apropriação do siste-ma da escrita, alfabético e ortográ-fico, assim como é importante que a alfabetização se desenvolva num contexto de letramento, com a participação em eventos variados de leitura e de escrita, para o de-senvolvimento dessas habilidades nas práticas sociais.

Piaget (1896-1980), em seus estudos sobre a imagem mental, já ressaltava o caráter de construção cognitiva do sujeito em sua troca com o meio, pressupondo a partici-pação ativa e interativa da pessoa em seu contexto neuropsicológico e ambiental.

A partir de meados dos anos de 1980, no Brasil, os conceitos da alfabetização se voltaram para a perspectiva psicogenética, alte-rando profundamente a concepção do processo de representação da língua escrita pela criança. Com-

ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO

ALFABETIZAÇÃO:ALFABETIZAÇÃO:É PARA BRINCAR DE APRENDER OU LEVAR A SÉRIO?

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preendido como um sujeito ativo, capaz de progressivamente cons-truir seu sistema de representação da linguagem, o aluno deve interagir com a língua escrita em seus usos e práticas sociais.

Essas ideias se voltam para a aprendizagem através de uma progressiva construção do conhe-cimento. As dificuldades no desem-penho passam a ser vistas como “erros construtivos”, resultado de constantes reestruturações, por-tanto, naturais. Na perspectiva dos métodos “tradicionais”, os erros da criança na escrita eram considera-das “deficiências” ou “disfunções”, valorizando a expectativa de “acer-to”, mais do que a criatividade de expressão.

O desenvolvimento é um pro-cesso contínuo que depende da maturação do sistema nervoso e dos estímulos de aprendizagem que têm valor na construção do pensamento e na formação de conceitos. Formar conceitos é uma atividade complexa, em que todas as funções cognitivas básicas tomam parte, segundo Vygotsky (1896-1934). Diferente de Piaget, esse autor destaca o “mediador” no processo de aprendizagem:

o professor é figura essencial do saber porque faz a intermediação entre o aluno e o conhecimento disponível no ambiente. A media-ção tem muita importância para o desenvolvimento dos processos mentais superiores, ou seja, plane-jar ações, tomar decisões, usar representações.

A linguagem é composta de signos, em que uma palavra repre-senta um objeto na imaginação, sem que você precise vê-lo. Então, as palavras são signos que são internalizados na imaginação e consolidam o aprendizado.

O paradigma construtivista gera avanços significativos que se observa nos conceitos educacionais voltados para o processo de de-senvolvimento psicossocial infantil e, não mais para uma técnica de alfabetização, simplesmente, como previam os métodos tradicionais. A criança é entendida em seu prazer de brincar e descobrir. Entretanto, ficou esquecida a noção de que a linguagem escrita se constitui de um sistema de códigos conven-cionais e arbitrários, que não são assimilados espontaneamente. A aprendizagem formal oferece esses códigos para que a criança aprenda corretamente e sem perda de tempo, que, afinal, é coisa séria!

Ao mesmo tempo em que se deve privilegiar o aspecto psi-

cológico do aprendizado, respei-tando o aluno em desenvolvimen-to, é necessário lembrar a faceta linguística da alfabetização, que envolve o conhecimento das rela-ções entre fonemas e grafemas, ou seja, a fonética.

O “construtivismo” pressupõe que, apenas através do convívio com a cultura escrita, a criança se alfabetiza. A alfabetização fica, então, equivocadamente superada pelo letramento, com a ideia de que as crianças devem descobrir como se expressar através da leitura e escrita, com criatividade e capaci-dade de interpretação, sem ensino objetivo.

Os resultados de avaliações de níveis de alfabetização da popula-ção em processo de escolarização têm levantado controvérsias. O impasse se tornou intolerável a partir dos baixos níveis de com-petência em leitura apontados em avaliações estaduais e nacionais ou internacionais, de crianças em processo de escolarização, que estão em atraso ao longo dos anos.

No relatório do Pisa, prova feita em 70 países, divulgado em dezembro de 2016, o Brasil ficou na 59ª classificação em leitura. Segundo a análise da Organização para Cooperação e Desenvolvi-mento Econômico (OCDE, 2018) é necessário investir nos ensinos pré-primário, fundamental e médio, o que elevaria simultaneamente a progressividade e a eficiência. Conforme a organização, “a oferta de educação pré-escolar diminui significativamente a probabilidade de evasão de estudantes desfa-vorecidos do sistema educacional (OCDE, 2016p)”. Embora se tenha estreitado nos últimos anos, “ainda existe uma grande distância entre as conquistas educacionais de brancos e afrodescendentes (Ban-co Mundial, 2016)”. A perspectiva atual aponta, para o futuro, uma tendência a aumentar a desigual-dade e os problemas de desajuste social consequentes da falta de

ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO

O professor é figura essencial do saber porque faz a intermediação entre o aluno e o conhecimento disponível no ambiente

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Mestre em Psicologia Escolar Educacional. Autora/organizadora de livros da WAK, do Sistema SHIS de Gestão de Pessoas.

LUIZA HELENA L. RIBEIRO DO VALLE

Alfabetização

pertencimento a uma sociedade que não acolhe a todos igualmente.

Hoje, o debate tende a estar polarizado entre os adeptos do paradigma construtivista e aqueles que defendem o método fônico, alegando que este seria mais eficaz, mais rápido e mais efetivo. Os de-fensores do construtivismo se apon-tam como progressistas entre os educadores, e criticam os adeptos do método fônico, considerando-os conservadores. Afinal, se a crian-ça aprende brincando, a partir da própria ação sobre o meio porque aprendizagem é uma experiência pessoal e parece retrocesso propor para as crianças uma aprendizagem repetitiva, que não promove o desenvolvimento do pensamento reflexivo, sociocultural.

Após analisar a realidade da al-fabetização no Brasil com critérios técnicos e pesquisas sólidas, foi possível desenvolver um método que reúne as vantagens de hoje, quando a criança brinca de apren-der e aprende brincando, cada um a seu ritmo, com apoio de um pro-grama especial que usa desenho animado, jogos educativos no computador, música e permite a inclusão de crianças. É a Revolução das Letras. Nessa proposta a pro-fessora do desenho animado suge-re que as crianças procurem recu-perar as letras que desapareceram, porque, sem elas, o mundo não tem futuro. Se as antigas respostas não foram suficientes para solucionar os problemas de alfabetização, precisamos reformular o ensino e

oferecer instrumentos para o pro-fessor, e atividades mais adequadas ao contexto dos novos tempos. Brincar para criança é coisa séria e, para avançar, devemos caminhar para a frente.

O processo de aprendizagem de leitura e escrita é a chave para conduzir a criança à realidade de seu mundo mágico e o suporte de instrumentos de aprendizagem estruturado pode facilitar a ação criativa do aluno e do professor. •

ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO ALFABETIZAÇÃO

A criança brinca de aprendere aprende brincando,cada um a seu ritmo

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Metodologia

M uito se fala da neces-sidade de transforma-ção na escola nos dias

de hoje. Mas quais seriam os moti-vos? Certamente existem fatores internos e externos que pressio-nam as instituições de ensino a repensarem sua forma de atuação. Por outro lado, sabemos que são inúmeras as implicações e os riscos práticos que colaboram para que elas sigam ignorando parte dessas demandas. Por isso, levanto aqui algumas das grandes forças ex-ternas que exigem uma evolução, tanto da escola como de todos os seus atores e convido você, leitor, a refletirmos juntos.

O case da UberQuando pensamos em disruptura

não conseguimos ignorar o que a Uber fez com o mercado de táxis,

Por que a escola precisa se transformar?

tão estabelecido em todo o mundo. Se olharmos, porém, os fatores inter-nos de transformação enxergados somente pela ótica dos taxistas, não poderíamos prever o surgimento da empresa. Quais seriam as mudanças que esses profissionais queriam an-tes desta revolução? Quais seriam as pautas e os temas urgentes para a categoria? Um aumento de preços, por exemplo? Uma maior proteção do mercado? Custeio dos insumos e de manutenção?

Provavelmente, olhando os fa-tores internos de mudança (aqueles que a própria categoria entendia ser necessário transformar), por mais razoáveis e pertinentes que fossem, não nos permitiram prever a verdadeira revolução que este mercado sofreu.

Onde, então, deveríamos olhar, se quiséssemos ser mais assertivos

quanto aos rumos deste setor? Nos fatores externos! Nas inúmeras transformações que ocorriam no mundo, nas pessoas e nas deman-das do mercado que, claramente, estavam na contramão dos pleitos dos profissionais da categoria.

Agora vamos voltar a pensar na educação e suas demandas in-ternas e externas. Você, gestor ou mantenedor de uma instituição de ensino, em quais reivindicações vai querer se concentrar para garantir

Várias transformações

no mundo afetam a escola,

principalmente no que diz respeito à

alta disponibilidade de informação

na internet

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a longevidade do seu negócio? Cer-tamente os fatores internos são essenciais para manutenção dele no curto prazo, mas será que vão garantir o futuro da sua instituição a médio e longo prazos?

Mudanças no mundoVárias transformações no mun-

do afetam a escola, principalmente no que diz respeito à alta disponibi-lidade de informação na internet. O que antes estava “sacramentado” em livros e bibliotecas de acesso restrito, agora está na “palma da mão” de praticamente todas as pessoas, de forma ampla e democrática. Mas, qual o impacto disso na forma de ensinar? Quais desdobramentos são sentidos na necessidade ou não de memorizar-mos dados?

Neste aspecto, vale destacar também outra grande mudança nas formas de produzir informa-ção. Enquanto no passado apenas especialistas criavam conhecimen-

to, hoje qualquer pessoa é capaz de produzi-lo. Até mesmo uma criança. E esse fenômeno, embora tenha uma vertente positiva, traz consigo um novo desafio: como diferenciar o verdadeiro do falso, o real do inventado? E, novamente, qual o impacto disso na forma como as instituições ensinam? Des-ta forma, podemos afirmar que ensinar como pesquisar, analisar e refletir sobre uma informação se tornam as principais missões para a escola.

Mudanças nas crianças e jovensPensemos agora como as crian-

ças e jovens mudaram e qual o impacto dessas mudanças para as instituições de ensino. Toda essa explosão de acesso indiscriminado à informação e ao entretenimento digital tiveram quais consequências para essa geração? Essa talvez seja, inclusive, uma das perguntas mais importantes para entendermos as novas gerações. Na minha opinião,

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por hora, ainda não sabemos exata-mente o grau de influência desse novo contexto, mas já é possível notar alguns desafios que podem exigir mudanças no papel e na postura da escola.

Em primeiro lugar, penso que muda o que precisa ser ensinado. Em segundo lugar, vem a mudança nas formas de promover esse apren-dizado. Ambos os temas já têm sido amplamente discutidos pelos educadores e é necessário seguir adiante nesta reflexão.

Entretanto, outra mudança pre-sente, porém menos discutida, é a dificuldade das novas gerações de fazer escolhas e de tomar decisões. Em um mundo de infinitas possibi-lidades, muitos jovens precisam de ajuda no que diz respeito ao foco e ao processo de tomada de decisão.

Da mesma forma, também precisam aprender a errar e a se frustrar. Isso porque, tendo em vista a alta carga de insegurança e o receio de tomar decisões incor-

retas em tempos tão competitivos, muitos preferem não escolher, justamente, para não falhar. Então, como a escola pode ajudar as novas gerações neste desafio?

Mudanças nas famíliasPensemos agora sob a ótica da

realidade das famílias. Por quais mudanças elas tem passado nos últimos anos? Como os pais, cada vez mais atarefados e ocupados, estão escolhendo priorizar seu tempo? Quais são as dificuldades que eles enfrentam na educação dos seus filhos? Quais são seus maiores desafios como pais? Estão mais seguros ou inseguros? Quais são seus medos e ansiedades? O que esperam da escola?

Entender as novas gerações de pais e suas necessidades também é essencial para pensarmos nas transformações que a educação precisa sofrer. Neste ponto, cer-tamente muitos de vocês devem estar pensando: isso não é meu

problema, isso é um problema deles, e eu já tenho muitos desa-fios para me preocupar. Porém, vai aqui um alerta: essa foi a mesma atitude que os taxistas tiveram quando escutaram os anseios de sua clientela. Elas pareciam estar longe demais dos seus próprios problemas e desafios, até que alguém decidiu repensar como as coisas funcionavam...

Relacionamento próximoOu seja, para estarmos pre-

parados para o futuro da educação devemos estar atento às mudanças no mundo, aos anseios de pais e alunos e também dispostos a refletir saber qual o papel da escola neste futuro.

Uma pesquisa de 2018 feita pelo Escolas Exponenciais, envolvendo 150 mil pais em 300 instituições de ensino de todos os níveis e segmentos, buscou entender o grau de fidelização e de satisfação deles frente ao colégio. Para os pais

Metodologia

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que se diziam satisfeitos, o estudo questionava os principais motivos. E o item que ficou em primeiro lugar foi, justamente, a escola ter um “relacionamento próximo e participativo com pais e alunos”.

Você já parou para pensar as razões por trás deste resultado? Como você está valorizando o relacionamento com os pais dos seus alunos? Como você valoriza a participação deles? Tornar o relac-ionamento da escola com os pais mais próximo e participativo tem sido prioridade na sua instituição? O resultado dessa pesquisa nos mostra que investir na horizontal-ização do relacionamento escola-família tem sido um dos fatores de maior fidelização em instituições de ensino. E, frente a tantas outras demandas grandiosas da escola, ele é algo simples de realizar e com consequências fundamentais.

Educação moral e éticaOs segundo e terceiro fatores

de influência que os pais mais valorizam nas escolas, apontados pelo estudo, foram o fato de a escola propiciar uma excelente educação quanto a valores morais e éticos – escolhido por 34% deles, e o cuidado e atenção pessoal com os filhos, selecionados por 33%. Ou seja, uma preocupação crescente das famílias é no que diz respeito à formação do caráter de seus filhos em um mundo que atravessa uma crise moral. Tendo em vista que o aluno passa um grande tempo na escola, estudos como esse mostram que a família tem valori-zado instituições que buscam ser suas parceiras na educação moral de seus filhos. Assim, vale a pena questionar como sua escola está se posicionando nesta área.

Cuidado e atenção pessoal com o filho

Da mesma forma, com o aumen-to médio do tempo dos filhos nas escolas, a família está valorizando mais o papel que a instituição tem no acolhimento das crianças e jovens. O fato é que mães e pais es-

Metodologia

A escola propiciar uma excelente educação quanto a valores morais e éticos

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tão preocupados com o bem-estar geral do filho e, desta forma, que-rem uma parceria com as escolas, tanto no que diz respeito ao apren-dizado em si, quanto a fatores como alimentação, relacionamento dele com a turma e outros aspectos do seu bem-estar emocional. Na pesquisa, esse fator foi observado inclusive nos pais dos alunos de ensino médio.

Assim, vale a pena se ques-tionar: como os pais de sua escola percebem o cuidado pessoal que vocês têm com cada estudante? Esse é um ponto forte de sua es-cola? Você está criando uma escola que está atenta a essa demanda dos pais?

Informação frequenteDentre os demais motivos que

compõem o ranking dos ítens mais relevantes para os pais es-tão a localização próxima de casa ou do trabalho (27% dos pais) e informações frequentes sobre as atividades pedagógicas, citada por 21% deles.

Um fluxo de informação con-tínua e direta entre pais, profes-sores e os vários setores da escola não é um luxo. Tanto do ponto de vista prático, quanto visando ajudar a família a acompanhar e estimular o desenvolvimento acadêmico do estudante, dar efetividade à comunicação da sua escola é essencial.

Muitas vezes a escola comu-nica apenas eventos e atividades extraordinárias esquecendo, no entanto, de informar sobre o co-tidiano das turmas ou, até mesmo, o que ocorreu com um aluno de forma individualizada. Essa é uma demanda crescente entre os pais e algo que vai diferenciar as escolas nos próximos anos. Em um mundo que há informação demasiada a respeito de tudo, saber do seu filho de forma individualizada, diariamente, será considerado indispensável.

E isso vem de encontro, inclu-sive, a outro desafio que os pais vivem que é o de criar vínculo com

com especialização em Inteligência Artificial e Computação Bio-Inspirada. Atuou como consultor em Inovação em multinacionais nos EUA e no Brasil. Palestrante especializado em Inovação, Marketing Educacional e Relacionamento Escola-Família. Atua como investidor anjo e é conselheiro do Instituto IStart.

Cofundador e CEO da ClassApp, do Escolas Exponenciais e do ClassUP. Engenheiro pela Unicamp,

VAHID SHERAFAT

os filhos. Assim, quando a escola informa mais sobre o cotidiano da criança ou do jovem, as famílias conseguem criar mais pontes de conexão com os filhos que, muitas vezes, relatam o dia a dia escolar de forma muito superficial.

LocalizaçãoEmbora seja mais difícil de

atuar nesse quesito - localização da escola - entender alguns motivos pelos quais isso é importante pode ajudá-lo a ter mais empatia com as famílias. Vale dizer que esse item subiu de posição em relação aos resultados da mesma pesquisa feita em 2017, e mostra uma di-minuição da tolerância dos pais em perder tempo com o trânsito, por exemplo. No fundo, isso pode ser interpretado também como um sintoma de diminuição de tempo útil, ou seja, um forte argumento para simplificar processos e di-minuir burocracias na escola.

Você já parou para se perguntar sobre qual é a experiência do pai frente aos processos da sua escola? Será que existe algo que toma o tempo deles desnecessariamente? Como a instituição pode respeitar mais o tempo das famílias? É uma tendência que esse fator seja cada vez mais considerado pelos pais, e retrata uma mudança que, se você e sua escola não abraçarem, terão que gastar muita energia lutando contra.

Estou ciente de que muitos dos desafios discutidos aqui são difíceis de serem tratados, mas o mais importante, penso, é mudar o paradigma dos pensamentos que os envolvem. Aqui, proponho que você olhe sua escola com um olhar externo e prepare ela para o futuro a partir das mudanças que ocorreram no mundo, nas famílias e nos alunos.

Provavelmente, você verá que muitos dos desafios que sua escola vive hoje estão relacionados a uma atitude defensiva em relação a es-sas mudanças. Assim, que tal parar a quebra de braço? Que tal mudar de lado e começar a transformar a esco-la junto com todos os stakeholders que fazem parte do seu mercado?

Lembre-se: se você não fizer, outra instituição vai fazer no seu lugar! Então, esteja na vanguarda da evolução e comece já. Envolva toda sua equipe e toda a comu-nidade escolar nesta jornada de constante evolução. Boa sorte! •

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Língua Portuguesa

N ão será fácil erradicar alguns atentados à língua pátria, pois os erros já fa-

zem parte do dia a dia da população, inclusive de sua parcela letrada.

Políticos são especialistas em conclamar os pares a evitarem as cadeiras. Vivem, com orgulho, pro-pondo que todos sentem na mesa, para conversar.

A omissão de uma simples crase pode transformar um prefeito assis-tencialista em pedófilo, caso o anún-cio oficial noticie que o prefeito deu de comer as crianças. No português corrente, é comum o lamento pelas percas, que ocasionaram menas disposição para produzir.

No trânsito, a utilização de ter-mos indevidos pode soar estranha, se o cidadão alegar que foi atrope-lado enquanto passava pela faixa de pederastas. O novo modismo envolve o afetuoso beijo no cora-ção, procedimento fatal.

Existem casos em que não há maltrato à língua, mas ofensa ao senso. Assim, portar uma men-sagem de que Deus é fiel é como bradar que a água é molhada.

LÍNGUA JUDIADA

Vez ou outra, algum entendido resolve declarar que alguma ex-pressão que usamos, à exaustão, não é correta, e não é fácil modificar um antigo hábito. Assim, sempre dissemos que há risco de vida, quan-do na verdade o risco é de morte.

Grande parte dos brasileiros busca fortalecer o sentimento de grupo, e acaba atropelando a língua, com expressões do tipo “a gente vamos”. Algumas colocações sempre deixam dúvidas, como a notícia de que determinada pessoa suicidou-se. Ora, o suicídio só pode ser contra si próprio.

Os corretores de textos, au-tomáticos nos computadores, mais corrigem que ensinam, e continua-mos escrevendo errado, na certeza

de que haverá a providencial cor-reção. Outrora, em presença de dúvida quanto à grafia correta de Bahia, mudávamos a história para o Paraná, e os corretores de texto aboliram tal martírio.

É enorme a distância entre o idioma escrito e a língua falada, e todos estranhamos o cidadão que fala da mesma maneira que escreve. O correto seria nossos ouvidos estranharem o português mal manejado, mas, em nossa ig-norância, tendemos a considerar pernóstica a boa fala.

Não somos versados no idioma, e, quando alguém diz haver com-prado a vista, ficamos em dúvida se adquiriu um olho ou fez alguma compra em parcela única. Certo ou errado, o idioma acabou salvando o articulista, em semana sem as-sunto. •

Engenheiro agrônomo e advogado, [email protected]

PEDRO ISRAEL NOVAES DE ALMEIDA

Sempre dissemos que há risco devida, quando na

verdade o risco éde morte

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I novar para melhor educar. Este foi o lema do 1º Fórum de Inovação em Educação,

promovido pelo Sieeesp em parce-ria com o Meraki Group, no último dia 18 de setembro. Ao todo, 140 pessoas estiveram presentes no local, contando com a presença de participantes de mais de 27 mu-nicípios diferentes de São Paulo e outros estados.

O evento reuniu um time de es-pecialistas, educadores e gestores, identificados com propostas inova-doras, capazes de gerar respostas mais eficientes às questões cruciais, que vão da escola que temos à es-cola que queremos.

No total, 13 palestrantes apre-sentaram e discutiram propostas relevantes a educadores e gestores como soft e hard skill, Educação 4.0, Edtechs, padrão ético de in-teligência artificial e uso de dados, profissões do futuro e aprendiza-gem por domínio. Todos esses temas são de grande relevância atualmente para a sala de aula. Professores e educadores acom-panharam atentamente todos os assuntos abordados no fórum pois, ao serem adotados pelas escolas, poderiam revolucionar o apren-dizado e a maneira de transmitir e mediar conhecimentos e saberes.

Ygor Jegorow e Juan Alejandro

Fotos: Maciel Barros e Claudio Pereira Donatto/studiomac

1º Forum de Inovaçãoem Educação do Sieeesp

é sucesso!

Evento Sieeesp

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2019 – Outubro – Revista Escola Particular 29

Educação 4.0: princípios e práti-cas de inovação em gestão e docência

Cassiano Zeferino Neto“A nossa realidade étransformada pela informação.Por isso, temos de ser agentes ativos, transformadores e inovadores na escola.”

Padrão ético de IA e uso de dados

Cristina Sleiman“Com a chegada da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), como fica a utilização de Inteligência Artificial (IA)? Quando o aluno conversa com um robô, ele está fazendo uso de uma IA, isso é uma inovação. E como ficam os dados que são coletados registrados pela máquina de tudo o que é conversado? Quando a escola pensa em utilizar IA na sala de aula, tem que pensar na blindagem, pois envolve a questão jurídica. A inovação tem que caminhar com a responsabilidade.”

Painel: Edtechs e tecnologias educacionais

Denis Lopes“Estamos na era da curadoria. Tecnologia não vai substituir o professor assim como carreiras tradicionais não deixaram de existir.”

Carolina Fonseca “O medo dos professores serem substituídos pela tecnologia, na verdade, tem que ser ao contrário, temos que usar a tecnologia como auxilio em sala de aula.”

Gildário Lima“Imaginem se os canudos [diplomas] fossem iguais ao martelo do Thor, só levantasse quem realmente merecesse.”

Anderson Morais“As novas gerações estão muito ligadas a propósito, por exemplo se preocupar com meio ambiente, saúde mental. O foco tem que ser no propósito, não em intenções econômicas.”

Motivação e inspiração através da educação

Jayse Antônio“É possível inovar independente da realidade em que você vive. Mas tudo só é possível se o professor está motivado. Para motivar o aluno, tem que começar pelo professor. E a gestão da escola também tem que estar unida para que a coisa aconteça. Como motivar? Trabalhando com o gosto do aluno. Trabalhar com o protagonismo, chamar o aluno para trabalhar com o professor, tirá-lo da mesmice de ficar sentado só recebendo informação. Fazer o aluno colocar a mão na massa. Para inovar não é necessário de recursos tecnológicos. O profissional de educação bem preparado vai saber lidar com os poucos recursos que tem. A universidade não está formando professores para esse público novo de alunos. Já as escolas inovadoras ouvem o aluno e adéquam o ensino para eles.”

O evento reuniuum time de

especialistas, educadores e gestores,

identificados com propostas

inovadoras

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Neurovendas

Thais Coelho“A neurovedas é útil para que o professor entenda o funcionamento do cérebro do aluno e saiba como acionar alguns gatilhos mentais. A escola também pode usar alguns desses gatilhos como a escassez de vagas para criar uma urgência. No professor, essa habilidade pode fazer despertar a curiosidade do aluno começando a falar sobre um tema e só terminar o assunto no próximo encontro, para que o aluno tenha vontade de estar presente na próxima aula.”

Avaliações das práticas pedagógicas inovadoras apoiadas pelas tecnologias digitais e implementação de metodologias ativas

Luciana Allan“É uma proposta de avaliação feita para os professores, onde eles identificam o trabalho que já vem desenvolvendo em sala de aula usando as tecnologias e a implementação das metodologias ativas. A partir do resultado dessa avaliação, a instituição pode então desenhar um plano estratégico para a formação de professores e investimento em tecnologias e ferramentas.”

Aprendizagem por domínio

Cainã Perri“A aprendizagem por domínio vai de encontro à aprendizagem tradicional. Ela parte do pressuposto que os alunos precisam trabalhar de acordo com as suas necessidades e seu próprio ritmo. Por isso, é uma grande inovação para as salas de aula. E ela depende muito da tecnologia, pois facilita o trabalho do professor, tirando o tempo gasto com afazeres mais mecânicos, sendo um aliado do professor para que ele tenha mais tempo para analisar as necessidades de cada um e traçar intervenções pedagógicas que suprem as necessidades de cada um.”

Soft skill e hard skill – qual a importância de competências para a educação?

Christian Ramos“47% dos empregos que existem hoje irão desaparecer nos próximos 20 anos. A busca por atualização é permanente, e as competências têm um papel importante a desempenhar nisso.”

Profissões do futuro

Datise Biasi“No futuro, talvez, a maioria dos empregos terá a probabilidade de automatização. Investir em autoconhecimento e no desenvolvimento contínuo (lifelong learning) são duas saídas para se aproximar das tendências de mercado que surgirem.” •

Evento Sieeesp

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Evasão Escolar

A expectativa, tanto das famílias como da comu-nidade escolar, de que

o jovem “automaticamente” per-ceberá – ao longo da educação básica – a importância dos estudos no seu desenvolvimento profis-sional é algo que devemos discutir. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNAD) de 2019 mostram que a taxa de frequência líquida escolar de alunos entre 06 e 10 anos é de 96,1%, enquanto entre alunos de 15 e 17 anos o número cai para 69,7%. O mesmo estudo ainda revela que apenas 47,4% dos estudantes con-cluem o Ensino Médio.

A percepção da importância da educação com o passar dos anos varia de acordo com a realidade particular dos jovens. Em um con-texto em que ele percebe que os membros mais próximos de sua famí lia tiveram uma mudança positiva e significativa de suas vidas por conta da educação, esse jovem consegue enxergar um grande valor formal nos seus estudos, ao passo que o contrário também é observado.

Dentro desse contexto, quando a responsabilidade de incentivo à educação passa para as instituições de ensino? Com a experiência, nós percebemos que não existe uma fronteira rígida entre o que é uma responsabilidade da família e uma responsabilidade da escola. A relação escola – aluno – família funciona

EVASÃO NO ENSINO MÉDIOPODE SER COMBATIDA COM UNIÃO

ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA

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como se fossem engrenagens inter-ligadas entre si. O importante é exis-tir um alinhamento entre os valores da família e os valores propostos pela instituição, sempre respeitando as diretrizes governamentais e de documentos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Um dos maiores desafios atual-mente é propor soluções de incen-tivo à educação que sejam efetivas e que aproximem família e escola. É muito difícil um aluno dar o seu melhor quando não há estímulo de uma das partes.

Hoje, a comunidade escolar percebe que é necessário desen-volver o que chamamos de apren-dizagem significativa. Esse termo consiste na aplicação de determi-nado conhecimento a partir de temas do universo do estudante, aumentando sua absorção e am-pliação no assunto. Dessa forma, as escolas estão trabalhando em

novas metodologias de maneira mais ativa, onde o aluno é colocado no centro de sua aprendizagem.

Com a sociedade cada vez mais dinâmica, é importante que os estudantes compreendam que ao longo de toda a sua vida eles devem ser capazes de aprender e desa-prender algumas coisas, tratando as informações com cuidado para transformá-las em conhecimento.

E isso é um debate importante a tratar com os pais. Todos nós temos uma visão da escola que está rela-cionada à época em que estivemos nela. Muitas pessoas acham que a escola não mudou, ou não muda, e isso é uma percepção que deve ser explorada. A forma dos alunos interagirem com a informação mu-dou significativamente nos últimos 10 anos. A popularização dos novos canais de informação, o tempo de concentração dos jovens, a oferta de informação mudou muito e os

professores em sala de aula estão trabalhando nesse novo formato.

Novas profissões aparecem a todo momento e, com isso, as ex-pectativas de aprendizagem estão cada vez mais mutáveis. Alunos buscam informação fora da escola e professores que ressignificam essa informação em sala. Nessa dinâmica, as famílias precisam perceber qual a melhor forma de orientar seus filhos para garantir que eles estejam aptos, e o mais im-portante, engajados, no processo de aprendizagem.

Quando a família faz a opção de colocar seu filho ou filha em uma determinada escola, é porque ela acredita no trabalho dessa institui-ção. E, ainda, essas famílias fazem essa opção tanto pela reputação da escola na comunidade, seja pela tradição, seja pelos resultados acadêmicos dos seus alunos, e pela indicação de outras pessoas.

É importante que os estudantes compreendam que ao longo de toda a sua vida eles devem ser capazes de aprender e desaprender algumas coisas

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Uma vez com seus filhos ma-triculados, é importante que a família não se decepcione com a escola. Isso ocorre muitas vezes por desconhecimento do trabalho que é desenvolvido na instituição. Por isso é fundamental que os familiares permaneçam dentro da escola. Não podemos esperar que elas tenham um conhecimento profundo de metodologias peda-gógicas e por isso é importante entender a finalidade dos projetos das metodologias. Se em uma de-terminada semana o aluno sai da escola sem um dever de casa, isso pode passar uma percepção para os pais de que a escola está “puxando menos” ou mesmo o contrário. No entanto, às vezes nós demandamos

o tempo do aluno de outra forma, talvez com um projeto ou um livro. E é fundamental que a família saiba que o que propomos aos nossos alu-nos está alinhado a uma proposta pedagógica bem fundamentada.

É esperado que quanto maior for o engajamento das famílias, maior seja o engajamento dos alu-nos. Por isso, também é importante que nas reuniões de pais temas relacionados a convivência ética sejam frequentemente abordados.

A integração entre família e escola no incentivo à educação é a chave para um caminho de sucesso. Digo um caminho porque a educa-ção é de fato uma estrada – infinita – a ser percorrida. Em alguns mo-mentos vamos errar, e tudo bem

Janeiro, e coordenador pedagógico do Sistema de Ensino pH. Sua linha de trabalho se concentra em diagnosticar metodologias pedagógicas que se mostram mais eficientes para o processo de ensino e para o processo de aprendizagem nas escolas.

Graduado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é professor do Colégio pH, no Rio de

FABRÍCIO CORTEZI DE ABREU MOURA

com isso. O importante é saber o porquê do erro e como consertá-lo. Também é importante potenciali-zar aquilo que está funcionando. Em todos os cenários, o que não podemos perder é o incentivo da sociedade para que todos os seus membros, inclusive os mais jovens, busquem conhecimento. •

A integração entre família e escola no incentivo àeducação é a chave para um caminho de sucesso

Evasão Escolar

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Responsabilidade

É impressionante como as informações transitam em uma velocidade cada vez

maior nos dias de hoje. De forma instantânea, textos, imagens, sons e vídeos cruzam fronteiras e atravessam quilômetros em pou-cos segundos.

O que pouco se sabe é que a ve-locidade e abrangência do tráfego destas informações podem repre-sentar problemas para as institu-ições de ensino, desde problemas relacionados à riscos em sua reputa-ção, oriundas de reflexos das redes sociais, até problemas tributários fruto de cruzamentos pelo Fisco.

A IMPORTÂNCIA DAS MEDIDAS DEPREVENÇÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

Pense em uma divulgação ino-cente em uma rede social de um funcionário a qual vincule a ima-gem da instituição de ensino que, convenhamos, é uma situação recorrente. O problema inicia-se quando esta divulgação traz um conteúdo pejorativo, depreciativo ou pior, quando as publicações envolvem alunos.

Recentemente uma auxiliar foi condenada a pagar R$ 3.000,00 à escola por divulgação não autori-zada de imagens de alunos em suas redes sociais. Ocorre que, segundo entendimento do juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª

Região (SP), Orlando Losi Coutinho Mendes, da 3ª Vara do Trabalho de Diadema, a divulgação não au-torizada de imagens de alunos em rede social pode ensejar respon-sabilidade civil da empregadora.

O que chama a atenção é que as regras, proibições e vedações precisam estar devidamente estabelecidas na relação de tra-balho para que, se necessário, o empregador possa exercer seu di-reito de regresso quando cabível. Mas como?

Antes de trazer esta resposta, vamos abordar outro tema recor-rente e que assombra as institui-

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ções de ensino: o bullying. Este pesadelo pode ter um efeito ainda mais devastador quando alcança as redes sociais, trazendo consequên-cias diretas na imagem das escolas, além de reflexos financeiros desa-gradáveis.

Enfim, como é possível mitigar os riscos destes casos e outros tantos? A resposta é Compliance!

Você já pensou em implemen-tar um Programa de Integridade – Compliance em sua escola? Se a resposta foi sim, parabéns! Este é o caminho mais assertivo na trilha da mitigação de riscos, pois as inúmeras ferramentas possíveis deste programa de integridade irão trazer medidas efetivas, levando mais segurança e conforto aos mantenedores, funcionários, pais e alunos.

Se o Compliance ainda paira como um mito para você, pensando que isso é prerrogativa apenas de multinacionais ou que Compliance é caro, se liberte destes paradigmas; Compliance é para todos.

As estatísticas demonstram que um investimento de US$ 1,00 em Compliance retorna em US$ 5,00. Por quê? Simples: agir e estar em conformidade utilizando as mais variadas ferramentas trará uma redução ou eliminação de multas, processos, diminuição de fraudes, além de responsabilizar diretamente os envolvidos por quaisquer atos fora da legislação, quando estes não são a Instituição de Ensino.

Então, delimitar responsabili-dade é, novamente insisto, mitigar riscos.

e Pós-Graduação nas disciplinas de Ética Geral e Profissional, Custos, Perícia Contábil, Compliance e Contabilidade Internacional, além da realização de palestras no Estado de São Paulo, Brasil e Exterior.

Compliance Officer (Legal and Ethics Compliance). Atua como docente do Ensino Superior na Graduação

LUIZ FERNANDO NÓBREGA

Um programa de Compliance dificilmente começa do zero nas escolas, uma vez que, mesmo sem saber as instituições de ensino já o praticam através de mecanismos de integridade, como: código de ética ou políticas internas.

Então, não perca tempo e tam-pouco dinheiro, aplique o Compli-ance na sua instituição de ensino e foque no que realmente importa! •

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Alimentação

N o mês de outubro é c o m e m o r a d o o D i a das Crianças. Então re-

solvemos aproveitar a oportuni-dade para abordar algo essencial à infância, mas que anda muito esquecido na vida moderna... a importância do BRINCAR! Você lembra como foi sua infância? Os momentos de brincar, de forma livre e espontânea, muitas vezes na rua, eram frequentes e, sem dúvida, contribuíram muito para torná-lo o adulto de hoje. Sabe porquê? Brincar é essencial para o aprendizado e o desenvolvimen-to! Mas não é só isso. Brincar é a forma com que a criança se comu-nica com o mundo e é por meio das brincadeiras que ela aprende naturalmente sobre si, os outros e o mundo ao seu redor.

Hoje, quando falamos sobre brincar, as pessoas já pensam em brinquedos modernos, jogos no celular, videogame etc. Mas para brincar não é preciso de nada dis-so... é preciso tempo, espaço, coisas do cotidiano (objetos, alimentos etc.) adequadas à fase do desen-volvimento e liberdade para que a criança se expresse e explore suas habilidades e possibilidades. E aí a mágica acontece! Essas condições permitem à criança transformar uma simples garrafa PET em carro, avião ou o que mais sua imaginação conseguir criar. No imaginário da criança tudo é possível.

Tudo que a criança tem interes-se em fazer por iniciativa própria é uma brincadeira, e o que caracte-riza o brincar é ser voluntário, desafiador, livre e divertido. Não se obriga ninguém a brincar, podemos apenas incentivar. O envolvimento

Dia das Crianças:incentive os alunos a

comer melhor brincando!

e a diversão serão proporcionais ao quanto a criança se sentir capaz de superar o desafio proposto pela brincadeira. Quanto mais desafia-dor e possível, mais ela vai querer brincar.

Já que a ideia é brincar, porque não criar jogos e brincadeiras na escola, que favoreçam uma boa relação da criança com a comida, contribuindo também para a for-mação de hábitos saudáveis? É possível transformar as situações da vida cotidiana em brincadeira, desde que se utilize estímulos adequados à fase de desenvolvi-mento, com intenção de ampliar o contato da criança com alimentos diferentes, preferencialmente naturais, simulando situações que envolvam o ato de comer, como: fazer lista de compras, comprar, armazenar, separar, cortar, cozi-nhar, colocar a mesa, montar a lancheira, comer em “família” ou com os colegas etc.

Observe que a criança brinca e o aprendizado acontece sempre a partir da transformação dos conhe-cimentos e habilidades que ela já possui. Não se cria nada do zero. Por exemplo, para fazer um bolo simples, primeiro a criança precisa conhecer a receita e todos os seus ingredientes. Em seguida, ela ne-cessita ter todos os ingredientes, forno e temperatura adequados, além de habilidades simples, para usar tudo isso em uma experiência e vivenciar a transformação, final-mente, em um bolo, também sim-ples. Depois de se sentir capaz de fazer esse bolo simples, pode ser desafiador para a criança preparar uma receita mais complexa, como um bolo com cobertura e recheio.

Revista Escola Particular – Outubro – 201938

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Dessa forma, tanto os interesses, quanto a forma e o que se aprende vai mudando em cada fase do de-senvolvimento, conforme a criança vai crescendo e aprendendo.

Descrevemos abaixo as carac-terísticas de cada fase, segundo Piaget, por faixas etárias aproxima-das (o ritmo de evolução de cada criança pode variar), como você pode interagir com elas e algumas sugestões de brincadeiras:

• De 6 meses (ou quando a criança já sentar sozinha) a 2 anos de idade: está se descobrindo e aprendendo sobre o que é ela e o que é o mundo. Primeiro ela reconhece e explora seus reflexos básicos involuntários, até evoluir para coordenação sensorial e mo-tora. A criança, quando começa a fase de introdução alimentar, deve BRINCAR com a comida, em uma interação livre, que a permita se conhecer (pegar, apertar, esmagar, controlar sua força, direcionar a comida até a boca etc.), conhecer o que é a comida (alimentos naturais variados, principalmente frutas, verduras e legumes) e o que é o comer (mastigar, deglutir, engas-gar, fome, saciedade etc.), para depois de muito explorar e treinar suas possibilidades de relação com a comida, através das experiên-cias, desenvolver as habilidades necessárias para comer sozinha;

• Oficinas sensoriais ou de degustação de frutas e hortaliças permitem à criança manipular e ex-plorar livremente aromas e sabores de diferentes alimentos inteiros, em pedaços, crus e/ou cozidos, e podem ser incentivadas com falas ou perguntas sobre nomes dos alimentos, formas, cores, sabor, se

é gostoso etc., mesmo se a criança ainda não fala, o que pode levá-la a ter curiosidade de experimentar os alimentos. O contato com a comida e todo o resto que ela está fazendo e aprendendo é mais importante do que comer. Comer é o último desafio da brincadeira e nunca será obrigatório, senão deixa de ser brincadeira, certo? Músicas sobre a comida também são interessantes nessa fase, devido a sonoridade das palavras e aprendizado da fala.

• 2 a 7 anos de idade: a fantasia para a criança nesta fase é a sua realidade, ou seja, quando alguém coloca a capa da Chapeuzinho Ver-melho, se torna imediatamente a personagem. Tudo que acontece na imaginação dela, é como se aconte-cesse de verdade com a criança. Os alimentos dão superpoderes para crescer, ficar forte e inteligente. O faz de conta e a repetição são essenciais para memorizar os ali-mentos que fazem bem ou “ajudam a crescer”, os que não fazem bem ou “não ajudam a crescer” e suas características.

A criança explora cores, formas, tamanhos, dentro e fora, encaixes, alfabetização, etc. e desenvolve a coordenação motora fina. Arma-zenar esses conhecimentos será importante para o raciocínio lógico da próxima fase. Quanto mais explorar a imaginação da criança, maior será seu envolvimento na brincadeira. “Caras e bocas”, sons e movimentos são bem-vindos!

• Jogo de adivinhação – vendar a criança e estimulá-la a adivinhar qual é a comida que está em sua mão, perguntando: Qual o forma-to? É pequeno? Cheiroso? Nasce em árvore? Compra na feira? Até que

O contato com a comida e todo o resto que ela está fazendo e aprendendo é

mais importante do que comer

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Alimentação

ela adivinhe que é, por exemplo, um limão! Começar brevemente uma história fantasiosa com comi-da e deixar a criança terminá-la; color ir desenhos de comidas; cantar músicas, como “A Sopa do Cozinheiro”; separar ingredientes para os pais preparem uma receita e observar o restante do preparo; ir à feira e escolher três alimentos para comprar e preparar para o jantar etc.

• 7 a 12 anos de idade: agora é a fase do “ver/fazer para crer”. Raciocina a partir de eventos e coisas reais, aprende e experi-menta sobre o mundo de maneira lógica. Entende que as coisas se relacionam e se transformam, que existe causa e consequência, é ca-paz de testar e combinar, separar, ordenar e transformar objetos e ações. Compreende que “comer alimentos que faz bem a deixará saudável”, assim como o inverso também. Agora a classificação de grupos de alimentos, seu efeito na saúde e o termo saudável podem ser explorados com a criança. São pequenos cientistas e querem

descobrir coisas. Experimentos com a comida e o comer são boas pedidas;

• Culinária – Preparar e experi-mentar vitaminas com duas frutas diferentes, com e sem açúcar; Jogo da atenção: adivinhando os alimen-tos secretos – descobrir ingredi-entes secretos em uma torta de legumes; montar o prato colorido (adaptado de: “Dos alimentos às re-feições”) – com pelo menos quatro cores diferentes ou mais; Fazer a lista de compras da casa etc.

Independentemente da idade ou situação, devemos começar a brincadeira sempre ouvindo o que a criança já conhece sobre comida, sua cultura, região, quais comidas ela conhece e situações alimenta-res já viveu, o que sente e pensa sobre isso. Dizer menos o que se deve comer e perguntar mais, usar as próprias palavras dela para isso, vai despertar sua curiosidade e envolvimento.

Quanto mais comidas naturais ela conhecer, mais souber sobre a comida que faz bem e mais ex-periências desafiadoras, tranquilas

e divertidas proporcionarmos para ela com a comida, maior a chance desses conhecimentos e experiên-cias se transformarem em uma boa relação com a comida e, natural-mente, ela querer comer bem.

Em um mundo em que o tempo para brincar está cada vez mais raro, use a brincadeira em sala de aula para auxiliar no processo de aprendizagem e contribuir para a formação de cidadãos autônomos e saudáveis. Não há idade, local, nem jeito “certo” para brincar! Toda brincadeira está certa. O importante é libertar-se e usar a imaginação! Boa brincadeira e feliz Dia das Crianças! •

de pesquisadora (USP e São Camilo) em Promoção de Saúde e Educação Nutricional em escolas. Diretora da NB Nutrição e Bem-estar e responsável pelo Projeto de Educação Alimentar Lúdica “Comer Brincando na Escola” (www.comerbrincandonaescola.com.br).

Nutricionista e mestre pela FSP-USP. Foi docente do SENAC, FMU, C.U. São Camilo e UNIP, além

BIANCA IULIANO

Revista Escola Particular – Outubro – 201940

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Saúde

O QUE ÉDISLEXIA E COMO

IDENTIFICÁ-LA?

A Dislexia do Desenvolvi -mento é considerada um transtorno específico de

aprendizagem de origem neurobio-lógica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração. Estas dificuldades normalmente re-sultam de um déficit no componente fonológico da linguagem e são ines-peradas em relação à idade e outras habilidades cognitivas. (Definição adotada pela IDA – International Dyslexia Association, em 2002. Esta também é a definição usada pelo National Institute of Child Health and Human Development – NICHD).

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PRÉ-ESCOLA• Dispersão;• Fraco desenvolvimento da atenção;• Atraso do desenvolvim-ento da fala e da linguagem;• Dificuldade de aprender rimas e canções;• Fraco desenvolvimento da coordenação motora;• Dificuldade com quebra-cabeças;• Falta de interesse por livros impressos.

IDADE ESCOLAR• Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita;• Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);• Desatenção e dispersão;• Dificuldade em copiar de livros e da lousa;• Dificuldade na coorde-nação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.);• Desorganização geral, constantes atrasos na en-trega de trabalho escolares e perda de seus pertences;• Confusão para nomear entre esquerda e direita;• Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.;• Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas;

ADULTOS• Contínua dificuldade na leitura e/ou na escrita;• Memória imediata preju-dicada;• Dificuldade em nomear objetos e/ou pessoas;• Dificuldade com laterali-dade;• Dificuldade com organiza-ção;• Aspectos afetivo emocio-nais prejudicados.

• POSSÍVEIS SINAIS •

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Revista Escola Particular – Outubro – 201944

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE DISLEXIA?

Para saber se uma pessoa tem Dislexia é necessária uma avalia-ção multi e interdisciplinar. Vários são os procedimentos utilizados nesta avaliação a fim de detectar a presença de um quadro de Dislexia. Como se trata de uma avaliação bastante completa é possível detectar também a pre-sença de outros transtornos de aprendizagem.

Nesta avaliação multi e inter-disciplinar, a equipe necessitará de atendimentos neuropsicológicos, fonoaudiológicos e psicopeda-gógicos. Além destas avaliações, se fazem necessários exames e questionários complementares, tais como:

• Audiometria;• Processamento Auditivo;• Processamento Visual;• Avaliação Neurológica ou

Neuropediátrica;• Questionário Escolar, Univer-

sitário ou Adulto;• Anamnese. Após todas as investigações e

os resultados dos exames e ques-tionários entregues, será realizado

o estudo do caso pela equipe multi e interdisciplinar. Desta forma, será possível chegar à conclusão deste diagnóstico para que seja realizado o encaminhamento mais indicado para cada caso. Não é recomen-dado que apenas um profissional realize o diagnóstico de Dislexia.

COMO É FEITO O TRATAMENTO PARA DISLEXIA?

Visto que a Dislexia não é uma doença, portanto, não há cura, o termo “tratamento” não é o mais adequado para estes casos. Utilizaremos, portanto, o termo “intervenção”. Sejam quais forem as limitações no processo ensino-aprendizagem, além da Dislexia (como também nos demais Trans-tornos de Aprendizagem, Transtor-nos Globais do Desenvolvimento e outros) intervenções profissionais especializadas sempre se farão necessárias.

Instituições de ensino, isolada-mente, carecerão de informações teóricas e técnicas suficientes para a resolução integral destas dificuldades. Para estas crianças, adolescentes e até adultos com um desempenho deficitário, in-

tervenções adequadas também contribuirão para o desenvolvi-mento da baixa autoestima que apresentam. •

de avaliação e intervenção do Centro Especializado em Distúrbios de Aprendizagem – CEDA. Presidente da Associação Brasileira de Dislexia – ABD. Fonoaudióloga.

Especialista em Dislexia, psicopedagoga clínica e membro das equipes multidisciplinares

MARIA ÂNGELA NOGUEIRA NICO

Distúrbios de Aprendizagem – CEDA. Diretora de Cursos e Eventos da Associação Brasileira de Dislexia – ABD. Psicóloga.

Especialista em Dislexia, neuropsicóloga e membro da equipe de avaliação do Centro Especializado em

MARIA INEZ OCANÃ DE LUCA

em Distúrbios de Aprendizagem – CEDA. Pesquisador da Associação Brasileira de Dislexia – ABD. Psicólogo.

Especialista em Dislexia, membro da equipe de avaliação multidisciplinar do Centro Especializado

LUIZ GUSTAVO VAREJÃO SIMI

Saúde

Não érecomendado que

apenas um profissional realize o diagnóstico

de Dislexia

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2019 – Outubro – Revista Escola Particular 45

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Jurídico

D iante das novas tecnolo-gias existentes no mundo atual, suas consequências

não poderiam ser diferentes. Mas, ainda, é possível minimizá-las ou até mesmo evitá-las.

É fato que dentro do ambiente escolar situações das mais diversas ocorrem, sejam elas de bullying, cyberbullying, sexting e tantas ou-tras. Isto acontece porque estamos falando de pessoas e, quando estas situações ocorrem, de maneira democrática, nos deparamos com várias cabeças pensantes e con-dutas das mais variadas possíveis.

A CONDUTA PROATIVADAS ESCOLAS

Analisando o caso concreto de uma ação judicial, proposta pela mãe de uma adolescente que alegou que sua filha foi vítima de bullying dentro de um estabeleci-mento ensino, podemos constatar, que, apesar de todo o empenho da autora da ação e do seu patrono, a absolvição ocorreu na primeira e segunda instâncias. Ou seja, podemos afirmar que nem tudo está perdido.

Como bem decidiu o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em segunda instância, o destaque e o embasamento da decisão foram

Revista Escola Particular – Outubro – 201946

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no sentido de que a instituição educacional sempre buscou o en-tendimento entre os alunos e as famílias, por meio da promoção de atividades que tinham o intuito de estabelecer a integração entre todos.

Além disso, com bem avaliado pelo Magistrado, o estabelecimento de ensino tinha inserido no “... con-teúdo programático temas como bullying e mídias sociais, sob a pers-pectiva dos valores solidariedade e dignidade humana, como é próprio às instituições privadas de ensino con-fessionais (Lei nº 9.394/96, art. 20, inc.

III), evidenciando que não infringiu dever de prevenção. Inegavelmente, tarefas exigíveis como matéria cur-ricular alcançam conscientização mais efetiva que palestras dirigidas aos pais ou responsáveis, tal como a realizada em seguida aos fatos e mesmo essa circunstância mostra que a ré agiu prontamente no sentido de amenizar a repercussão, a fim de proteger a vítima. A qualidade do serviço é aferível a partir do resul-tado concreto e não se sustenta a responsabilização objetiva por tudo que ocorre no interior do estabe-lecimento de ensino, propugnada ab initio (fl. 15), como se o sistema jurídico brasileiro prescrevesse, para essa atividade humana, a aplicação da teoria do risco integral. De fato, a orientação moral da criança in-cumbe primordialmente à família. No que diz respeito ao uso de celu-lares e conduta em redes sociais, os genitores têm o dever de vigilância e acompanhamento, que se acentua na medida em que permitem aos filhos levar o celular à escola, posto que con-trastando o regimento da instituição, tensão comumente observável nessa relação contemporânea”.

Por fim, entendeu que o con-junto probatório demonstrou que a escola já possuía, à época dos fatos, tratamento normativo interno a respeito da utilização de aparelhos tecnológicos e redes sociais, bem como possuía em seu conteúdo programático a temática dessas matérias, inclusive, bullying, cyber-

bullying e a realização de palestra acerca desses temas.

Considerou, também, que o am-biente escolar deve servir para a in-teração estudantil, e o isolamento da filha numa bolha não impede que problemas aconteçam.

Além dos aspectos acima, en-tendemos que é importante res-saltar que o trabalho da Justiça Restaurativa tem tido papel de extrema eficácia dentro das insti-tuições de ensino, como método de resolução de conflitos entre as partes envolvidas.

E para aqueles mais alternati-vos, existe, também, a constela-ção familiar que já é aplicada pelo Poder Judiciário.

Diante dessas considerações, temos insistido que a responsabili-dade objetiva dos estabelecimen-tos de ensino tem previsão legal, mas que é importante que se atentem às condutas acima men-cionadas, em especial, tendo uma conduta proativa quanto a esses temas, pois nem sempre a respon-sabilidade é da escola. •

Ensino no Estado de São Paulo - SIEEESP e da Federação dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo – FEEESP. Especialista em Direito Tributário pela PUC-SP e em Direito do Trabalho e Contratos pelo CEU-IICS.

Advogada especializada na área Educacional; advogada do Sindicato dos Estabelecimentos de

JOSIANE SIQUEIRA MENDES

2019 – Outubro – Revista Escola Particular 47

O ambiente escolar deve servirpara a interação estudantil, e o

isolamento numa bolha não impedeque problemas aconteçam

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Informe Publicitário

Revista Escola Particular – Outubro – 201948

A escola não é um local onde apenas os conteú-dos importam. É preciso

olhar além, compreendendo os pa-péis de cada indivíduo no processo de ensino. Assim, o ambiente deve ser propício para que o trabalho do professor seja exercido com excelência, oferecendo o que exis-te de mais moderno e avanço no âmbito educativo.

Com isso, surge a Microsoft Edu-cator (MCE), uma certificação cujo objetivo é orientar os educadores para que consigam aplicar as com-petências e habilidades do século XXI em sala de aula, principalmente por meio do uso de tecnologias digi-tais. O programa tem como maior in-tuito proporcionar uma experiência inovadora e personalizada, levando em consideração os diversos aspec-tos da atuação docente.

Convidamos os professores Paulo Germano e Samantha Olivei-ra (Educar Espaço Infantil e Funda-mental), aprovados na Microsoft Educator, para explicar mais sobre o assunto. Acompanhe!

Certificação Microsoft EducatorA certificação Microsoft Educa-

tor comprova que o educador está apto para utilizar os recursos da tecnologia em sala de aula. Com isso, é possível fornecer experiên-cias personalizadas de aprendiza-

gem, ao mesmo tempo em que o docente desenvolve habilidades voltadas para um formato de en-sino inovador. Um grande benefício é que o MCE não expira, ou seja, tem validade vitalícia.

“Sempre entendi que a infor-mática é muito adequada para a educação como ferramenta. Mas não é só ela, tem a tecnologia, os profissionais se qualificarem para programação e para aplicativos. Sempre vislumbrei a informática como uma ferramenta de apren-dizado que pode ajudar e melhorar a aula”, comenta Paulo.

Sendo assim, o Microsoft Edu-cator oferece uma série de benefí-cios aos profissionais que desejam transformar a sua prática peda-gógica. “Esses cursos mudaram a visão da minha prática em sala, me ensinaram sobre como isso é importante e como podemos trabalhar essas habilidades em sala de aula”, como bem elucida Samantha.

CertificaçãoAs instituições de ensino, sejam

escolas de ensino básico, funda-mental e médio ou, ainda, de nível superior, podem promover a certifi-cação e explicar os seus benefícios aos educadores. Assim, diretores e coordenadores desenvolvem um processo de treinamento para o

corpo docente, tendo a garantia de que a adoção da tecnologia será utilizada com o máximo de sua po-tencialidade em sala de aula.

Uma boa notícia é que as ins-tituições têm total autonomia para aplicar o exame e capacitar o próprio corpo docente. A prova não é gratuita, porém a Trivium oferece um excelente benefício aos educadores associados ao Sindicato das Escolas Particulares do Estado de São Paulo (SIEESP), dando a oportunidade para que possam tirar a certificação sem custo algum.

CursoO curso preparatório direcio-

nado para a prova é dividido em 8 partes, sendo que “cada etapa fornece uma justificativa para a necessidade de desenvolver tais ha-bilidades em nossos alunos, entre eles: colaboração, comunicação, construção de conhecimento, reso-lução de problemas e inovação”, explica Samantha.

Paulo acrescenta também que “o curso visa à tecnologia dando a metodologia, mas é necessário que saibamos utilizar as ferramentas de avaliação. Saber como abordar, como avaliar um projeto. O curso é bem globalizado e tem em vários idiomas. Além disso, existem di-versas certificações e a que eu fiz

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2019 – Setembro – Revista Escola Particular 49

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Revista Escola Particular – Outubro – 201950

foi especificamente voltada para a metodologia de educação, tendo como ferramenta o software da Microsoft”.

A duração do curso é de 20 horas, e a prova pode ser feita em 1 hora. “A prova para a certificação é densa e requer conhecimento, mas não é impossível. O curso oferecido pela Trivium é bem completo e di-recionado para a prova”, comenta Samantha.

Tamanho da provaA prova consiste em questões e

exige uma leitura atenta dos profis-sionais. “Eu tive que acelerar algu-mas leituras, uns vídeos, para que eu pudesse me integrar mais sobre o assunto. Tiveram muitas pergun-tas a respeito do que foi abordado. Contudo, quem tinha feito a leitura nas próprias questões de case tinha subsídios para resposta. Se você se-guir um fluxo lógico e ler o material, é totalmente possível responder”, diz Paulo.

O exame é feito online e o pro-fessor precisa obter pontuação mínima de 700 pontos para ser aprovado. Sendo aprovado, a Micro-soft emite um certificado em nome do educador que tem validade in-ternacional. “Essa certificação tem me ajudado muito no trabalho na escola”, como bem destaca Paulo.

PreçoPara os docentes associados ao

SIEESP, a Trivium oferece 50 vagas para que os professores possam

obter o certificado gratuitamente. Entretanto, para os não associa-dos, é cobrado um valor fixo do MCE, que tem um custo de 77 dólares, mais impostos.

“Quando se paga para fazer a prova se tem duas horas para concluir, no meu caso que foi gra-tuito, tinha uma hora para fazer a prova. É claro que depois temos que aprofundar mais no material, mas no primeiro momento o que eu queria eu consegui, que era a certificação”, diz Paulo.

Benefícios do certificado Microsoft EducatorA certificação Microsoft Educa-

tor é um diferencial para o desen-volvimento da carreira docente. Isso porque ela possibilita que os educadores consigam preparar as aulas de uma maneira mais estru-turada e produtiva, atendendo aos principais objetivos que compõe o currículo pedagógico.

A proposta visa envolver o profissional e possibilitar uma formação gratificante em todos os sentidos. “Foi uma experiência muito boa e a educação permite isso, e eu procuro passar para meus alunos que somos capazes e que a educação transforma sim. É im-portante acreditar”, explica Paulo.

Samantha completa, ainda, “que toda a minha perspectiva mu-dou. A comunidade da Trivium me fez crescer como professora, pude conhecer profissionais excelentes e sempre dispostos a ajudar”.

A certificação dos professores tem maneiras distintas de aborda-gem, sendo que a principal é volta-da para a visibilidade do mercado onde o profissional desenvolve a sua carreira. Desse modo, o docen-te conta com mais efetividade em suas práticas pedagógicas, uma vez que estará mais apto para desen-volver as competências do século XXI propostas para a educação.

Por outro lado, os estudantes também adquirem muitas vanta-gens em sala de aula. Contando com o apoio de educadores capaci-tados na tecnologia da Microsoft, a construção do conhecimento é aprimorada e facilitada, possibili-tando que os alunos possam dedi-car mais tempo para as atividades interdisciplinares, e não somente para as disciplinas obrigatórias do currículo.

Está mais do que comprovado de que a certificação Microsoft Edu-cator é um verdadeiro diferencial para a carreira docente. Além de engajar os profissionais da educa-ção, o exame também abre portas para o aperfeiçoamento, tornando possível levar uma experiência inovadora e personalizada para dentro da sala de aula.

Gostou do nosso artigo? Es-peramos que sim! A Trivium e a Microsoft, em parceria com o SIEESP, certificarão 50 professores gratuitamente em outubro de 2019. Inscreva-se agora mesmo, pois as vagas são limitadas! Esperamos por você! •

Informe Publicitário

O exame éfeito online

e o professor precisa obter

pontuação mínima de

700 pontos

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• NOVEMBRO DE 2019 •• 19/11/2019 INSS (Empresa) - ref. 10/2019 PIS – Folha de Pagamentos - ref. 10/2019 SIMPLES NACIONAL - ref. 10/2019 COFINS – Faturamento - ref. 10/2019 PIS – Faturamento - ref. 10/2019• 29/11/2019 IRPJ – (Mensal) - ref. 10/2019 CSLL – (Mensal) - ref. 10/2019 1ª parcela do 13º Salário

• 07/11/2019 SALÁRIOS - ref. 10/2019 E-Social (Doméstica) - ref. 10/2019 FGTS - ref. 10/2019 CAGED - ref. 10/2019 • 08/11/2019 ISS (Capital) - ref. 10/2019 EFD – Contribuições - ref. 09/2019

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AGENDA DE OBRIGAÇÕES

Classieeesp

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Cursos

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