O método REI-F. Sínteses 14-07-2013

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INSA- Inovação metodológica- REI-F 2013 R evisão de E xperiências com vi sta ao F uturo REI-F: Um método participativo de investigação da história do recente Por: Luis Felipe Ulloa ( 1 ) 1 Preparado pelo criador do REI-F para o encontro do Núcleo de Educação Popular NEP, da Rede Latino- americana e Caribeña de Educação Popular no Brasil (RSCJ. Rio de Janeiro, 3-5 de Maio 2013. Ajustes para o Curso “Revisão de Experiências com Vista Ao Futuro (REI-F). Oito técnicas e um método”, Junho- Agosto 2013. Instituto Nacional do Semiárido (INSA), e Campina Grande, Paraíba, Brasil e para a disciplina “Métodos e Técnicas de Pesquisa Participativa” no curso de especialização “Processos Históricos e Inovações Tecnológicas No Semiárido”(UFPB/INSA). Revisão (Português): Walter Alves de Vasconcelos

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Revisão de Experiências com vista ao futuro (REI-F). Síntese da trilha de um método de pésquisa da história recente para construir juntamente descrições, interpretações e propostas de mudança de uma situação...encarando o passado recente com um futuro aceitável......por todos os setores com interesses em jogo envolvidos.

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INSA- Inovação metodológica- REI-F 2013

Revisão de Experiências com vista ao Futuro

REI-F: Um método participativo de investigação da história do recente

Por: Luis Felipe Ulloa (1)Ajustes em 26 de Junho 2013luisfelipeulloa@gmail. com

1 Preparado pelo criador do REI-F para o encontro do Núcleo de Educação Popular NEP, da Rede Latino-americana e Caribeña de Educação Popular no Brasil (RSCJ. Rio de Janeiro, 3-5 de Maio 2013. Ajustes para o Curso “Revisão de Experiências com Vista Ao Futuro (REI-F). Oito técnicas e um método”, Junho- Agosto 2013. Instituto Nacional do Semiárido (INSA), e Campina Grande, Paraíba, Brasil e para a disciplina “Métodos e Técnicas de Pesquisa Participativa” no curso de especialização “Processos Históricos e Inovações Tecnológicas No Semiárido”(UFPB/INSA). Revisão (Português): Walter Alves de Vasconcelos

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Se não protegemos a memória, não há história. Se não há história não podemos aprender o criar a partir dela.

A Revisão de Experiências com vista ao Futuro (REI-F) é uma trilha para estudar uma parte recente da história a partir dos setores que viveram essa experiência, buscando desenvolver conhecimento e linhas de ação focados em alcançar um futuro aceitável para todos que já começou a ser delineado por eles.

O método reconhece as diferentes sentilógicas e busca produzir com altos níveis de participação interpretações, teorização, aprendisagem e propostas que contribuiam para mudar as situações indesejadas por parte dos setores participantes.

As situações estudadas podem ser muito diversas: as envolvidas numa novidade na organização ou na comunidade; um projeto; o avanço de uma pesquisa participativa; uma articulação particular; um período ruim; um período de sucesso; A situação pós-desastre; um ano de operações, etc.

Os produtos alcançáveis da aplicação do REI-F incluem a sequência cronológica global do que aconteceu (Linha da vida, trilha da experiência); descrições de sequências (processos); descrições do estado de alguém ou algo (“fotos”); explicações relativamente firmes e também tentativas; lições aprendidas; listas de situações que precisam de intervenção através de mobilização, incidência, formação, maior pesquisa, etc; perguntas; e listas de consequências reais, sentidas ou esperadas.

O método inclui oito momentos: a Negociação; o sonho do futuro, a Reconstrução inicial da história; a Imersão em cada etapa; a Contração do cérebro; o “Perguntatório”; o “Respondatório”, e o “Fechar-abrindo”.

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O método interessa as comunidades, organizações, instituições e coletivos que buscam mergulhar sobre o que estão fazendo, ou o que estão experimentando especialmente si reconhecem a importância das outras vozes, do conhecimento tácito e explícito, e que acreditam –o buscam acreditar- a sinergia entre pessoas e setores diversos.

O método tem vários anos de aplicação na Nicarágua, no México, na Guatemala, em El Salvador e Honduras. Foi chamado Revisão de Experiências de intervenção com vista ao Futuro até que os participantes na Nicarágua rejeitaram a palavra "intervenção" porque lembrava intervenções da repressão dos Estados Unidos. Em 2011-2012 REI-F posicionou o futuro como anterior e posterior, concordando com visões de mundo dos povos andinos. Agora estamos desafiando a relevância geral do REI-F no Brasil, e no SAB com a intenção de aperfeiçoá-lo.

Usamos conceitos associados com a prática do REI-F, sendo o tempo não-linear; a oficina (“Taller”) como atividade fundamental; o protagonismo; a sentilógica (Afetividade e racionalidade como forças igualmente importantes); a comunidade de referente territorial hoje; as dinâmicas comunitárias; a pergunta ingênua; a relatividade da “verdade”; e a impossibilidade de conhecer completamente.

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A TRILHA

O caminho completo do método REI-F inclui oito voltas de espiral (Veja a imagem). É uma viagem dentro de cada volta e entre voltas com avanços, aparentes retrocessos, saltos e sobreposições. Cada novo turno de espiral sugere um estado “mais” elevado. O progresso mais ou menos regular que parece ocorrer dentro de uma torção, é alterado de repente por algum acontecimento ou série de acontecimentos que causam um salto de uma volta para outra. No caso de REI-F, o que geralmente marca a passagem de um ciclo para o seguinte, é o cumprimento da tarefa, a realização de "produto esperado do referido ciclo.

Cada volta é um número infinito de sobreposições em turno voltas as anteriores e posteriores, só que em diferentes níveis. Em outras palavras, se você estiver em um ponto "x" em uma volta da espiral, ele corresponde a um outro ponto X da volta anterior, mas elaborado, e corresponde a um outro ponto X da volta seguinte apenas menos elaborado.

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NEGOCIAÇÃO

SONHO DO FUTURO

Re-CONSTRUÇÃO da HISTÓRIA

IMERÇÃO POR ETAPA

CONTRAÇÃO DO CÉREBRO

PREGUNTATÓRIO

RESPONDATÓRIO

FECHAR-ABRINDO Rituais de entrega e transformação dos produtos em insumos da mudança

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Volta ANEGOCIAÇÃO E ACORDOS.

A negociação trata das tomadas de decisões iniciais sobre a aplicação do REI-F com cada setor com interesses em jogo (SIJO) . E é um tempo vital em relação ao comprimento total da REI-F que pode exigir várias reuniões em diferentes modalidades. Desenvolver o exercício ou não, é uma pregunta básica que precisa de um primeiro esclarecimento conceitual e metodológico, aclarações sobre a Intencionalidade e significado do exercício e a formulação das primeiras expectativas, Na negociação fica uma das chaves para o sucesso do trabalho e a qualidade do produto final. Quais as regras básicas de trabalho? Quem faz que? Uma introdução à rota geral proposta para definir a rota consensual. Quais os filtros de análise? Quais as contribuições e limites relativos ao tempo, espaço, indivíduos, a primeira definição de setores com interesses em jogo na intervenção (SIJO a da integração da equipe facilitador interna (EF).

Volta BO PRIMEIRO FUTURO

Os participantes chegam a construir coletivamente um esboço desse sonho de um futuro aceitável para todas as partes envolvidas, recolhendo os fragmentos dos desejos e belas idéias de futuro, que estão espalhados em diferentes participantes. Este produto é uma síntese em primeira aproximação das melhores esperanças.

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Volta CRECONSTRUÇÃO INICIAL DA HISTORIA

Foca em reconstruir a história apenas a partir das memórias dos participantes sem perder de vista a imagem do futuro apenas construída. Em outras palavras embebem no passado com o futuro. Cada participante lembra principalmente suas próprias experiências e perspectivas desde seu SIJO. Lembram pedaços de experiência, mas entre todos contrastam, ordenam e reordenam, para recompor reconhecendo as outras perspectivas do acontecido... e o sonho de futuro está lá, de referencia, permanentemente ressaltado pela equipe facilitadora. Chegam então, tanto quanto possível reconstruir uma história global, bastante aceitável. O produto do presente processo de síntese é um primeiro modelo visual da história da situação em estudo que chamamos "linha de vida de Experiência”, “Trilha da experiência” ou “linha do tempo”.

Volta DINMERSÃO NA HISTORIA, ETAPA-POR-ETAPA

Os participantes, por meio de análise aprofundam-se sob cada etapa. Eles estudam o jogo de ações e reações entre os diferentes setores e atores. Observam a dinâmica do contexto em buscar suas relações com o que acontece, buscam decidir o que foi o fundamental e diferente na etapa, porque aconteceu na etapa, o que permitiu / catalisou os diversos tipos de ações e reações. É sempre interessante saber o que move com mais força aos diversos setores, em determinadas circunstâncias e para diferentes iniciativas. O que explica suas ações e omissões. Impulsores racionais, afetivos (Amor, desejo,) ou crenças? Ajuda

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determinar o que buscaram os atores dos diversos SIJOs nas ações e reações e o que acham que lograram os diversos SIJOs. Sempre há sensações de aproximação e afastamento, Ganhos e Perdas…)

Nesta volta podem acontecer algumas transposições sobre a próxima volta do espiral: detectar algumas vantagens e desvantagens e fazer uma construção preliminar de conclusões e hipóteses, perguntas e recomendações.

Volta ECONTRAÇÃO DO CÉREBRO

Os participantes focam na construção de afirmações conclusivas, e tentativas e suposições com base no que aconteceu na experiência que analisam; Mergulham sobre as sensações de ganhas e perdas dos diferentes SIJOs; descrever situações e pequenos processos, podem acompanhar a evolução dos estados afetivos, indicar aprendizagens dos distintos SIJO e construir perguntas. Há um esforço especial para pensar sobre "o que fazer a seguir" ou continuar delineando um futuro ou uma gama de futuros e recomendações para lhe tornar possível. "

Volta FPERGUNTATÓRIO

Reconhecemos o imenso valor da pergunta e o fato de questionar, nestes tempos quando entramos em uma nova era. Os participantes ainda não buscam respostas. A volta que chamamos “Peguntatório”, pretende gerar perguntas de origem coletiva, ou pelo menos endosso coletivo A questão no Peguntatório é aprender com as perguntas que foram feitas, mas ainda não está a tarefa de respondê-las. A reflexão é intensa em tanto quanto a

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regra nesta volta é produzir perguntas mais de consenso e também porque vai considerar as outras questões já geradas em voltas anteriores do exercício. A equipe facilitadora precisa lembrar que as questões produzidas nas outras voltas estão sempre sendo registradas.

Perguntas também aparecem para testar os resultados das voltas anteriores da trilha. Com arranjos e rearranjos das diversas perguntas em conjuntos diferentes, os participantes começam a entender o que está por trás delas e fazem as respectivas interpretações.

Volta GRESPONDATÓRIO

Acreditamos na afirmação que toda pergunta produzida coletivamente merece uma resposta ou algum tipo de reação, mas nem sempre é realizável. Nesta volta agora focamos em construir respostas. Os participantes priorizam e decidem quais questões abordar, refletem sobre as perguntas para classificar as fontes de informação, elaboram um plano para obter acesso através de várias técnicas e segui-lo para em seguida, integrando as percepções das diversas fontes apresentarem respostas estruturadas para as respectivas perguntas. As respostas podem testar os resultados dos círculos anteriores e introduzir novos elementos que não haviam sido consideradas antes.

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Volta H FECHAR-ABRINDO Rituais de entrega e transformação dos produtos em insumos da mudança

É uma celebração do “fim” de exercício, certo, é mas tem diversão e algo mais. Não é um final usual. Nós acreditamos que cada processo de termino, formalmente alimenta o nascimento de outros processos ou pelo menos vai influenciar neles. Então os participantes decidem se querem influenciar novos processos conscientemente ou não. Com REI-F buscamos influenciar conscientemente. Queremos garantir que os produtos da revisão sejam usados como insumos para alimentar novos caminhos ou continuar de uma maneira nova. Encerrar uma trilha abrindo novas trilhas.

Com essa intenção nesta parte do REI-F os participantes centram a sua atenção de maneira diferente em três públicos: nos setores que participaram na experiência estudada, nos outros setores com capacidade de advocacia e nos setores mais amplos. Para cada setor os participantes na aplicação de REI-F, preparam os rituais respectivos, procurando todo seja apetitoso para que os produtos se tornem insumos de mudança e confirmem compromissos de decisão e/ou ação. O relatório é apenas uma parte.

E celebram!

ALTERANDO O CAMINHO

Embora o autor recomende tentar seguir todo o percurso proposto (As oito voltas do espiral), a experiência ensina-nos que a realidade sai constantemente fora dos moldes, por isso assumimos que a proposta e os elementos aqui

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não vão ser aplicados mecanicamente. isso será discutido pelos facilitadores do exercício com os setores relevantes envolvidos, e a trilha será concluída ou transformada, de acordos com as condições, necessidades e possibilidades.

ALGUNS EXERCÍCIOS DE REI-F REALIZADOS

México: *Revisão de varias experiencias, impulsionada pelo Projeto Iyolosiwa de RSCJ (México), presencialmente e on-line. Como: Red de Niñez (Varios Estados, varias organizaciones), la Tortuga Veloz (Experiencia de maestras y palabra Generadora Ayutla de los Libres), Unión de Mujeres por la Medicina Alternativa Comunitaria (UMAC, Guadalajara), Comunidad Crece (Guadalajara). De 2010 até 2011Centroamérica: Programa Regional de Gestión de Riesgo: ERIC (Honduras), SJD (El Salvador) y Juan XXIII (Nicaragua). Propiciado por CAFOD. 2010. Há uma “Cajita de herramientas” com os relatórios do exercício em cada pais. Nicarágua: “Así fue nuestra historia” ( 2002): Desarrollo estratégico de comunidades aledañas a una escuela de agricultura “ (Agora UCATSE), Nicaragua. Numa Universidade: http://www.simas.org.ni/experiencia.php?idexperiencia=81 e http://www.simas.org.ni/_experiencia/Asi%20fue%20nuestra%20historia.pdf

Exploração inicial do tema (livros anteriores)

Siete pláticas sobre organizaciones de desarrollo hoy. 1. ed. Tegucigalpa: Ed. Guaymuras, 2010. 212p . Protagonismo: desde adelante, desde atrás, desde todas partes. Managua: Fondo Editorial Libros Para Niños, 2009. 112p . Recursos para Expertos y Expertas. Managua, Terranuova en Nicaragua, 2005. 98p Por qué no terminamos esto? Diagnóstico de las pandillas juveniles o marimbas de Estelí. Estelí, Nicaragua. Asociación para la Investigación

del Desarrollo Sostenible de Las Segovias, ADESO.2004. 406p (Serie Diagnósticos No.2) La Sostenibilidad vista desde las Organizaciones de desarrollo. Managua, Servicio de Información Mesoamericano sobre Agricultura

Sostenible (SIMAS), 1999. 96p Yo promotoreo, tu promotoreas, pero…promotoreamos distinto, Santa Cruz de Estelí, Nicaragua, SWISSAID/Imprenta Monjes Agustinos,

1997. 144p Esas formas de comunicación que andan por ahí. 112p .Tegucigalpa, Ed. Guaymuras, 1990 (Com Raul Leis, Panamá)

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