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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Gestão, e Ciência da Informação Os desafios do profissional da informação frente às tecnologias e suportes informacionais do século XXI: lugares de memória para a biblioteconomia 18 a 24 de julho de 2010 O MITO DA “SUPER - TECNOLOGIA” DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: os problemas e desafios para a real construção da sociedade da informação 1 Erivana D‟Arc Daniel da Silva Ferreira* Tatiane Pereira Jorge** Maria Vanderleia de Sousa*** Naira Michelle Alves Pereira**** Jonathas Luiz Carvalho Silva ***** Resumo: Analisa a Sociedade da Informação estabelecendo uma relação entre o seu discurso e sua contemplação prática concebendo uma reflexão sobre as TIC‟s no que tange a disponibilidade e acessibilidade de informações. Aborda as perspectivas da informação e comunicação a serviço de uma sociedade participativa, e assim, enfatizando a disponibilidade técnico-científicos como base para uma democratização do conhecimento. A metodologia do presente trabalho se constitui em uma pesquisa exploratória com abordagem bibliográfica. Conclui-se que há um relativo distanciamento entre o discurso da Sociedade da Informação e sua prática, bem como verifica a importância das TIC‟s como um instrumento de acesso a informação, mas q ue precisa ser ainda democratizada. Palavras-chave: Tecnologia da Informação e Comunicação. Sociedade da Informação. Informação. 1 Comunicação oral apresentada ao GT-05 Temática Livre. * Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia. [email protected] . ** Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia. [email protected] . *** Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia. [email protected] . **** Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia. [email protected] . ***** Docente do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus Cariri e Mestrando em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). [email protected] .

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Trabalho Publicado nos anais do XXXIII ENEBD - Encontro Nacional dos Estudantes de Biblioteconomia, Documentação, Ciência e Gestão da Informação.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Encontro Nacional de Estudantes de Biblioteconomia, Documentação,

Gestão, e Ciência da Informação

Os desafios do profissional da informação frente às tecnologias e

suportes informacionais do século XXI: lugares de memória para a

biblioteconomia

18 a 24 de julho de 2010

O MITO DA “SUPER - TECNOLOGIA” DA INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO: os problemas e desafios para a real construção da

sociedade da informação1

Erivana D‟Arc Daniel da Silva Ferreira*

Tatiane Pereira Jorge**

Maria Vanderleia de Sousa***

Naira Michelle Alves Pereira****

Jonathas Luiz Carvalho Silva *****

Resumo: Analisa a Sociedade da Informação estabelecendo uma relação entre o seu discurso e sua

contemplação prática concebendo uma reflexão sobre as TIC‟s no que tange a disponibilidade e acessibilidade de

informações. Aborda as perspectivas da informação e comunicação a serviço de uma sociedade participativa, e

assim, enfatizando a disponibilidade técnico-científicos como base para uma democratização do conhecimento.

A metodologia do presente trabalho se constitui em uma pesquisa exploratória com abordagem bibliográfica.

Conclui-se que há um relativo distanciamento entre o discurso da Sociedade da Informação e sua prática, bem

como verifica a importância das TIC‟s como um instrumento de acesso a informação, mas que precisa ser ainda

democratizada.

Palavras-chave: Tecnologia da Informação e Comunicação. Sociedade da Informação. Informação.

1 Comunicação oral apresentada ao GT-05 – Temática Livre.

* Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia.

[email protected].

** Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia.

[email protected].

*** Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia.

[email protected].

**** Universidade Federal do Ceará- Campus Cariri. Graduanda do curso de Biblioteconomia.

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***** Docente do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Campus Cariri e

Mestrando em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

[email protected].

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1 INTRODUÇÃO

Na contemporaneidade, a produção do conhecimento está embasada nos dilemas de

uma sociedade que tem como termo-chave a informação e os avanços tecnológicos que,

acabam por dar origem ao paradigma da tecnologia da informação, “que expressa a essência

da presente transformação tecnológica em suas relações com a economia e a sociedade”.

(WERTHEIN, 2000, p. 72).

Essa sociedade é a chamada Sociedade da Informação que, emergiu das

transformações e de novos paradigmas sustentado por novas tecnologias da informação e

comunicação constituindo um quadro contraditório presente no seu discurso e a prática em

relação à construção e democratização da informação diante dos avanços das TIC‟s como

afirma Silva ([S.d], p.2) ao dizer que as

Tecnologias de comunicação e informação estão adentrando na sociedade de

modo a facilitar a recepção, o uso e a geração dessas informações. No

entanto, a realidade que se apresenta é a apartação de uma vasta gama da

sociedade nesse novo contexto sócio-cultural. Interatividade,

interconectividade, cibernética, Internet, e-mail e tantos outros aparatos da

sociedade eletrônica ficam à margem do conhecimento das classes

subdesenvolvidas, o que acarreta um crescimento de info-excluídos,

desemprego e uma série de implicações.

É nesta perspectiva que este artigo vem analisar a Sociedade da Informação

estabelecendo uma relação entre o seu discurso e sua contemplação prática concebendo uma

reflexão sobre as TIC‟s a respeito da disponibilidade e a acessibilidade das informações, pois

bem como cita Silva ([S.d] apud ARAÚJO, 1991) “A informação é a mais poderosa força de

transformação do homem. O poder da informação [...] tem capacidade ilimitada de

transformar culturalmente o homem, a sociedade e a própria humanidade como um todo”.

Aborda ainda, as perspectivas da informação e comunicação a serviço de uma sociedade

participativa dando ênfase à disponibilidade técnico-científico como base para uma

democratização da informação.

Contudo, para que haja a democratização dessas informações através das TIC‟s é

necessário que a sociedade proporcione meios nos quais as comunidades tenham acesso as

tecnologias (computacionais – informática - Internet) onde possam participar e interagir com

os meios produtores de informação, já que “a informação é parte integrante de toda atividade

humana, individual ou coletiva” (WERTHEIN, 2000, p.72).

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2 PROBLEMAS E DESAFIOS DA SOCIEDADES DA INFORMAÇÃO

Emergindo das diversas transformações sofridas pela humanidade e a partir de novos

paradigmas, sustentada por novas tecnologias de informação e comunicações, como a

trajetória mais provável pela ampliação da globalização e prevalecendo-se de uma nova

hegemonia, esboça-se a Sociedade da Informação ou Sociedade do Conhecimento. (ROCHA,

2000, p.42).

Mudanças paradigmáticas ocorreram em torno do modo de produção e acessibilidade

das informações, refletindo essas mudanças em todos os campos como o econômico, cultural,

social e político, isso constata-se a medida que sociedade tornou-se globalizada e a

informação tratada como nova mercadoria

No momento contemporâneo que passamos pelos desafios da inserção da sociedade no

mundo informatizado, enfrentamos fatores como: econômico, exclusão tecnológica, o

monopólio da informação em uma “sociedade ágrafa”, e determinantes de poder que esta

(informação) traz para quem a possui, tendo amplitude maior na rede mundial de

computadores, como bem relata Almeida (2009, p. 11) quando diz que:

Essa gigantesca memória eletrônica a nossa disposição, especialmente na

World Wide Web, não é, por si só, garantia de construção ou acesso ao

“conhecimento”. A “rede” oculta, também, diferenciações sociais,

hierarquias, relações e seleções arbitrárias, processo de ocultamento –

diferentemente do que propõe certa ideologia da “democratização do

conhecimento”.

Então se pergunta, com a demanda das tecnologias em que momento nasceu ou se

ainda está nascendo esta sociedade da informação? Pois segundo Silva (2005, p. 8) a

sociedade abarca uma diversidade de caracteres e necessita de condições para adição de novos

valores para o bem estar e a inclusão social.

Não questionamos a unilateralidade tecnológica, porém o discurso

inconsciente de que vivemos numa sociedade da informação. Acreditamos

que uma sociedade abarca valores, costumes, hábitos, culturas e não apenas

uma infra-estrutura tecnológica. [...] para sermos uma sociedade

fundamentada na informação, não bastaria o acesso à internet, mas

condições de uso e geração de fluxo informacionais em diversos setores da

sociedade, que contribuísse para o bem estar social de uma maneira geral.

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Tomados por uma ideologia focada na dimensão que as tecnologias da informação

possam ampliar o leque de conhecimento, não podemos esquecer que junto com essa

problemática ideológica existente do fator prático e material do acesso ao conhecimento

através das tecnologias, que alia-se a educação, pois como:

[...] o elemento de divisão social mais importante não é a conectividade

técnica, e sim a capacidade educativa e cultural de utilizar a informação.

Trata-se, portanto, de saber onde está a informação, como buscá-la, como

transformá-la em conhecimento especifico para aquilo que se quer fazer.

(CASTELLS, apud ALMEIDA, 2009, p.15).

E quando enfatizamos a capacidade que a sociedade tem de trabalhar a informação

com o uso das tecnologias para a geração de conhecimento, é inevitável não falar em exclusão

social, pois as tecnologias atuais e emergentes apresentam dificuldades previsíveis e

imprevistas de utilização dificultando a acessibilidade de um grande número de potenciais

usuários, e para definir exclusão digital Spagnolo afirma:

Exclusão digital é o termo utilizado para sintetizar todo um contexto que

impede a maior parte as pessoas de participar dos benefícios das novas

tecnologias de informação. Digital também porque hoje as conseqüências da

exclusão social acentuam a desigualdade tecnológica e o acesso ao

conhecimento, aumentando o abismo entre ricos e pobres. (SPAGNOLO,

[200-?]).

Silva vem ampliar a responsabilidade de todos em relação ao combate das

desigualdades sociais:

É tarefa de todos que trabalham pela defesa da democracia e no combate às

desigualdades sociais exigir o controle cidadão sobre o uso das tecnologias

de comunicação e informação, principalmente no que diz respeito à Internet.

A tomada de decisões neste universo - seja em que âmbito for - deve

necessariamente levar em consideração os anseios, as necessidades e

prioridades dos cidadãos, em qualquer território. (2010, p.5)

Assim, é possível identificar que a discussão sobre a democratização do acesso à

informação se configura em uma tônica significativa, especialmente no que tange as

tecnologias digitais.

Ainda Silva, diz que:

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O agravamento da desigualdade tecnológica na era da informação ocorre por

fatores históricos, econômicos e políticos, mas é sustentado pela exclusão do

conjunto da população ao acesso às tecnologias e de seu desenvolvimento.

Quanto maior o número de iniciados e de alfabetizados tecnologicamente,

maior será a sinergia indispensável à criatividade e à produção de tecnologia,

fundamental para a inserção do país no mundo globalizado. (2010, p.5)

Verifica-se que os problemas de acesso à informação pelas tecnologias digitais não são

indícios fechados em si mesmo, isto é, partem de pressupostos históricos, sociais, políticos e

econômicos que implicam na desigualdade social tão corrente na história das sociedades e que

agora ganha uma nova ramificação no que tange as tecnologias.

E dando vazão ao Profissional da Informação quanto ao desafio de informar, reporta

Demo (2000, p. 41):

A inteligência [dos profissionais da informação] está na habilidade de lidar

com a ambivalência. Aprender é sobretudo saber pensar, para além da lógica

retilínea e evidente, por que nem o conhecimento é reto, nem a vida é

caminho linear. Saber criar depende, em grande parte, da capacidade de

navegar em águas turvas, saltar onde menos se espera, vislumbrar para além

de que é recorrente. A informação não pode ser receita pronta, mas o desafio

de a criar, mudar, refazer. O risco de manipulação é intrínseco, mas é no

risco que podemos reduzir a manipulação. A sociedade da informação

informa bem menos do que se imagina, assim como a globalização engloba

as pessoas e povos bem menos do que se pretende.

Diante das dificuldades em organizar, disseminar e promover acesso à informação, eis

que surge o profissional da informação, com a perspectiva de auxiliar no processo de

democratização da informação. Isto prova a relevância da emergência de um profissional da

informação, ao passo que incute também as dificuldades em delimitar as tarefas e

funcionalidades desse profissional, haja vista que este profissional para concretizar o intento

de democratizar o acesso à informação precisa saber lidar com problemas políticos que são

inerentes a qualquer discussão sobre minimização de desigualdades, seja em que esfera for.

3 PERSPECTIVAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO A SERVIÇO DE UMA

SOCIEDADE MAIS PARTICIPATIVA

A explosão informacional provocada pela revolução tecnológica ocorrida no século

XX e cunhada a partir da Segunda Guerra Mundial, fez com que o fluxo informacional e

quantidade de documentos aumentassem de forma exponencial (RIBAS; ZIVIANE, 2007).

Nessa perspectiva “Vivencia-se uma nova ordem que tem suas bases nas mudanças paradigmáticas

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por que passa este fim de século, tanto do ponto de vista social, econômico, cultural, político,

tecnológico e outros”. (BORGES, 2000, p. 25).

Dessa forma, no contexto dessa nova ordem social, conhecida como sociedade da

informação, a informação se tornou um produto comercial; as tecnologias de informação e

comunicação acabaram com a distância e o tempo entre o usuário e a informação pela qual ele

busca, ou seja, as pessoas não precisam se deslocar porque são os dados que viajam; além de

proporcionar, novos serviços, novos empregos, e conseqüentemente novos profissionais e

organizações; e novas formas de recuperação e armazenamento da informação, através de

estratégias de buscas automatizadas e memórias com grande capacidade de armazenamento;

por fim, hoje os usuários de informação podem ser gerador e gerenciador de informação.

(BORGES, 2000).

Partindo dessa perspectiva de mudança em que o paradigma pós-industrial

imprime uma nova dinâmica à sociedade, ao Estado e aos agentes

econômicos, países de diferentes realidades tecnológicas, políticas, sociais e

culturais têm procurado se adaptar a este contexto.

No tocante ao que é pensado no Brasil, em meio à acelerada mudança causada pelas

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC‟s) inseridas neste novo modelo de

sociedade, existe:

O Programa Sociedade da Informação, resultante de trabalho iniciado em

1996, pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, tem como finalidade

substantiva lançar os alicerces de um projeto estratégico, de amplitude

nacional, para integrar e coordenar o desenvolvimento e a utilização de

serviços avançados de computação, comunicação e informação, além de suas

aplicações na sociedade, de forma a alavancar a pesquisa e a educação, bem

como assegurar que a economia brasileira tenha condições de competir no

mercado mundial.

Segundo Silva (2005), a política nacional no que diz respeito à gestão da Informação

Científica e Tecnológica (ICT) tendo, como ponto de partida a criação do “Programa

Sociedade da Informação no Brasil” em 1996 que resultou na publicação do Livro Verde, se

constituiu em uma realidade que não condiz com a atual no Brasil, ou seja, “o documento

brasileiro apresenta falta de solidez, na profundidade e subsídio científicos nas discussões

para concepção do Livro verde e trata a questão como meramente tecnológica”. (SANTOS;

CARVALHO, 2009, p. 47).

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Silva (2005, p. 07) afirma que o próprio livro verde concorda que “os motivos de

iniciativas nacionais na linha do que hoje denominamos „Sociedade da Informação‟ foi

explicitamente econômico ou industrial com um forte viés econômico” (L.V.. p. 08), o que

não podemos dizer que é uma visão correta do ponto de vista social e humanitário, pois,

[...] a economia e a competição econômica são os meios pelos quais a

civilização e a cultura se desenvolvem hoje; por outro lado, essa apologia da

economia é falsa, já que não registra a violência embutida no processo, a

marginalização e a desigualdade produzidas inevitavelmente e a destruição

social conseqüentemente implicada. (BERARD apud ALMEIDA, 2009, p.

14).

Ciente de que a ICT brasileira não está habilitada a promover fluxo dos estoques de

informação, nos cabe questionar a unilateralidade tecnológica, em que está inserida o discurso

inconsciente de que vivemos numa sociedade da informação, na qual prevalece a

monopolização do conhecimento que delimita a capacidade de promover a comunicação entre

os atores envolvidos neste processo.

Assim sendo, sente-se a necessidade de políticas públicas mais eficientes para que o

uso desses recursos de informação seja empregado de uma forma geral por todas as camadas

da sociedade, pois “a informação não é processo, matéria ou entidade separada das práticas e

representações de sujeitos vivendo e interagindo na sociedade, e inseridos em determinados

espaços e contextos culturais”. (MARTELETO, 2002 apud RIBAS; ZIVIANI, 2007, p. 48).

As dimensões históricas, culturais, econômicas, tecnológicas, sociais e

políticas são pré-condições para o entendimento da informação. Assim, a

informação deve ser referenciada à historicidade dos sujeitos, ao

funcionamento das estruturas e das relações sociais, e aos sujeitos que

executam ações. Isto é, a potencialidade de se ver a informação constituída

como problema da sociedade, configurado como um fenômeno da ordem da

cultura e da humanidade. (RIBAS; ZIVIANI, 2007, p. 48).

É sob essa perspectiva que se discute o papel do Governo refletindo “sobre as

responsabilidades informacionais do poder público para com a sociedade”. (FERREIRA,

2003, p. 38). Portanto, para que isso ocorra o Estado precisa ver a informação como

instrumento do desenvolvimento para o país, para combater o analfabetismo e acesso a todas

as camadas sociais as inovações tecnológicas de informação e comunicação como forma de

capacitar os recursos humanos hoje mergulhados na burocracia estatal.

Nessa ótica, assim como se concebem políticas direcionadas para os setores

de habitação, saúde, educação, segurança pública e geração de emprego e

renda, cabe aos governos, em sua escala federal, estadual e municipal,

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desenvolver políticas de informação. Tais políticas, de natureza particular,

referem-se às diretrizes e ações estratégicas capazes de orientar o uso eficaz

desse recurso no campo da cultura, da política e da economia brasileira na

sociedade da informação de acordo com os novos paradigmas, tais como a

descentralização de processos, otimização de custos, participação social

direta nas decisões políticas e gestão dos serviços públicos, bem como o

livre acesso do cidadão à informação pública.

Portanto, o que se busca é que a sociedade da informação possa desenvolver uma rede

de interações centradas na informação tendo como perspectiva a criação de políticas públicas

que venham a contribuir com a redução das desigualdades e a exclusão de milhares de pessoas

que não possuem acesso as a informação e seus novos suportes tecnológicos conhecidos como

tecnologias de informação e comunicação (TICs) “por meio da valorização da produção,

distribuição e assimilação de conteúdos que possam ter impacto no dia-a-dia do cidadão,

assim além da conectividade os programas poderiam criar coletivas inteligentes e produtores

de conteúdo”. (SANTOS; CARVALHO, 2009, p. 47).

4 DISPONIBILIDADE E ACESSIBILIDADE DA INFORMAÇÃO COMO INDÍCIO

DE UMA LIGAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA NA SOCIEDADE DA

INFORMAÇÃO: uma reflexão sobre as TIC’s

O desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação proporcionou à

sociedade a introdução de novos mercados, novas mídias e novos consumidores da

informação, embutidas neste sistema se encontram as mudanças ocasionadas por esse

desenvolvimento onde tornou a sociedade globalizante. No entanto, o efeito dessa

globalização afetou diretamente a vida dos indivíduos no que tange as TIC‟s como bem

afirma Baggio (2000, p. 16) ao dizer que “as novas tecnologias, em particular a Internet [...]

alterou o comportamento da sociedade como um dia fizeram o telefone, o radio e TV”.

Contudo, o grande o fluxo de informações produzidas ao longo do tempo possibilitou

um potencial de conhecimento à sociedade, e o desenvolvimento das TIC‟s contribuiu para o

crescimento acelerado do conhecimento cientifico. Todavia, o número de informações

circulantes também aumentou gradativamente, porém vale salientar que a circulação dessas

informações proporcionada em grande parte pelas TIC‟s necessitam de processamento

organizado para que haja sua real utilidade como afirma Cianconi (1999, p. 68) “apesar da

superprodução de informação propiciada pela tecnologia, é escassa a informação relevante,

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correta, organizada de forma a se tornar útil voltada às reais necessidades dos usuários e

clientes”.

Na constante produção de informação que a sociedade assiste atualmente, constata-se

a presença do caos informacional provocado por essa produção acelerada, contudo, isso

também gera desconforto para quem necessita da informação organizada, útil e em tempo

real.

Desse modo, não basta somente à produção da informação em grande quantidade, mas

buscar sua qualidade, pois como mencionado por Cancioni (1999), é importante que haja

utilidade desse conteúdo informacional.

Diante desse cenário percebe-se o papel indispensável das TIC‟s na mudança do

contexto social e sua fundamental importância no paradigma informacional. Constata-se no

teor dessas mudanças realidades, que ainda não acompanharam o desenvolvimento dessas

mudanças como o acesso dos usuários às informações por meio das tecnologias, pois, ainda é

realidade o fato de que existem pessoas que não possuem acesso amplo a Internet, outras não

são capacitadas suficientemente para realizar pesquisas no ambiente virtual.

No contexto social pode-se constatar que o avanço tecnológico de certa forma não

proporcionou benefícios a todos, pois, como afirma Silva e Palhares ([s.d.] “exclusão social é

um fator determinante que acentua a desigualdade tecnológica e o acesso ao conhecimento, a

exclusão digital. Tal fato impede a maior parte das pessoas de participar dos benefícios das

novas tecnologias de informação”. Ou seja, pode-se perceber que ainda existem barreiras

quanto ao uso e sociabilização das tecnologias.

Entretanto, como foi colocado a respeito do avanço e sua contribuição para a

sociedade, as TIC‟s revolucionaram o comportamento e influíram nas mudanças da sociedade

(GRAÇA, 2007).

5 CONCLUSÃO

É pertinente verificar que a pretensão do presente trabalho não é estabelecer um

indício conclusivo, mas estimular novas discussões em torno de uma temática tão relevante

que é a Sociedade da Informação e outros assuntos correlatos.

Dessa forma, de acordo com a explanação desenvolvida, percebe-se que com o

advento da propalada Sociedade da Informação, o termo informação passou a ser designado

como uma nova mercadoria atrelada a fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e

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educacionais. Para tanto, é de fundamental importância o uso das Tecnologias Digitais da

Informação e da Comunicação como forma de promover disseminação e acesso à informação.

Entende-se que, para uma efetiva participação societária no contexto da Sociedade da

Informação, faz-se necessário a democratização do acesso à informação na sociedade global

indistintamente, pois embora o fluxo de informações tenha aumentado substancialmente nas

últimas décadas, especialmente através das tecnologias digitais, ainda carece de um amplo

processo de organização, visando conceber um acesso mais direto e facilitado para o usuário.

Finalmente, é possível identificar que a Sociedade da Informação ainda está bastante

envolta de um discurso, sem uma efetiva aplicação prática em nível global. Isto quer dizer,

que a Sociedade da Informação ainda é um discurso e uma tentativa prática dos países

considerados desenvolvidos, mas que ainda não pode ser constatado que agregou a massa da

sociedade global.

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