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  • O Mix verbal do Mestre de Cerimnias PROFESSOR MARCELO PINHEIRO*

    * Vice-Presidente do Frum Brasileiro de Mestres de Cerimnias; Diretor do Portal do Cerimonial; Autor do Manual Acorda pro Acordo O Cerimonial e o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa (2009); Especialista em Gesto e Marketing de Eventos; Bacharel em Comunicao Social Relaes Pblicas; Professor de Graduao, Ps-Graduao e Extenso com mais de 1.000 alunos; Criador do primeiro MBA em Cerimonial, Protocolo e Eventos Institucionais do Brasil; Diretor Administrativo do Comit Nacional do Cerimonial Pblico; Diretor do Comit Nacional do Cerimonial Pblico no Estado do Par. www.cerimonialista.com

    Elementar, meu caro Mestre.. .

    1o Elemento. A Linguagem do Mestre de Cerimnias

    2o Elemento. O Vocabulrio do Mestre de Cerimnias

    3o Elemento. A intensidade da voz do Mestre de Cerimnias

    4o Elemento. A Inflexo na Voz do Mestre de Cerimnias

    5o Elemento. O Ritmo na Voz do Mestre de Cerimnias

    Consideraes Finais

    Referncias

    Resumo

    Para a concretizao da funo do Mestre de Cerimnias no evento, por meio de sua voz e palavras, um conjunto de tcnicas so aglutinadas e observadas para que se atinja o sistema da comunicao, de forma efetiva, fazendo com que o emissor se faa entender pelo receptor mediante a utilizao correta do canal com vistas ao entendimento e assimilao da mensagem. Ao conjunto dessas tcnicas atribui-se a nomenclatura de Mix verbal do Mestre de Cerimnias, composto por 5 elementos, que so: a linguagem verbal; o vocabulrio; a intensidade da voz; a inflexo da voz e o ritmo da voz que, observados de forma coerente, produzem sentimentos e conotam sentidos que atendem aos objetivos do Evento enquanto ferramenta da comunicao contempornea.

    Palavras-Chave

    Mestre de Cerimnias; Linguagem Verbal; Mix Verbal do Mestre de Cerimnias; voz; Vocabulrio; Intensidade da voz; Inflexo da voz; Ritmo da voz.

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 2

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 3 Elementar, meu caro Mestre...

    Pinheiro (2009, p.4) define como 7, em mdia, as intervenes

    quantitativas do Mestre de Cerimnias num evento, quando de sua atuao, ao

    citar:

    a) Na abertura, a partir de seu intrito ou saudao inicial; b) Na composio da mesa ou dispositivo, quando so convidadas as autoridades e personalidades que faam jus a tal espao; c) Nos hinos, e a partir do anncio de suas execues; d) No registro de presenas, tambm chamado de citao de autoridades, presentes e que no compuseram a mesa ou dispositivo de honra; e) Nos pronunciamentos, anunciando as falas das autoridades e personalidades que se fizerem necessrias; f) Nos atos, sejam quais forem, habituais nos bojos das solenidades, quer para o anncio de uma assinatura de um convnio, quer para o start de uma condecorao, por exemplo; g) No encerramento, produzindo o fecho de sua atuao e do prprio evento que conduz

    Intervenes essas constitudas a partir de um composto de tcnicas, oriundas

    de diversas reas do conhecimento, a serem observadas para que a sua funo

    de emissor da mensagem se processe efetivamente, junto ao receptor, no caso

    a platia, configurando o sistema da comunicao.

    Tais tcnicas e suas respectivas caractersticas constituem o mix verbal

    do Mestre de Cerimnias, composto por 5 elementos.

    1 Elemento A linguagem do Mestre de Cerimnias

    O Mestre de Cerimnias adota linguagem impessoal, caracterizada como

    Linguagem Referencial, definida por Amstel (2009) como neutra, descritiva de

    fatos e informaes e caracterizada pela terceira pessoa do singular ele. Ainda

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 4 Pinheiro (2009, p.5) sugere adequaes sob esta ptica de linguagem para cada

    interveno no evento:

    h) Na abertura, aplicar Inicia-se...; tem incio...; Em nome de (o)...; A presidncia...d as boas-vindas...; i) Na composio da mesa, compem a mesa...; so convidados a compor a mesa...; Integram a mesa... para os casos de apresentao dessa; mesa, so convidados...; j) Nos hinos, momento do Hino Nacional Brasileiro...; Todos so convidados, em atitude de respeito, a...; k) No registro de presenas, Fazem-se presentes a este ato...; Registre-se as presenas das autoridades e personalidades...; l) Nos pronunciamentos, vai usar da palavra...; far uso da palavra...; para o seu pronunciamento convidado...; m) No encerramento, A presidncia agradece e os convida...; encerrada esta solenidade...; Ao final deste ato....

    2 Elemento O vocabulrio do Mestre de Cerimnias

    H um amplo espao entre se fazer ouvir e se fazer entender! O Mestre

    de Cerimnias pode garantir o silncio pleno da platia, todavia no alcan-la

    dado ao vocabulrio utilizado, quer pela sofisticao das palavras, quer pelo uso

    exagerado de expresses incompatveis ao contexto.

    Gomes(2006) destaca diversas situaes que remetem ao assunto, como

    a utilizao de termos arcaicos como: perempto, para significar extinto;

    falcia, para caracterizar enganao; a profuso de vcios de linguagem

    como culgio, acadimia, adevogado; alm de cacfatos1, gerundismos2,

    dentre outros. 1 Slaba ou palavra desagradvel [...] que resulta do encontro da slaba final de uma palavra com as iniciais de outra; cacofonia.

    2 Uso do gerndio em perfrases, tais como vou estar telefonando, no lugar de vou telefonar.

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 5 3 Elemento A intensidade da voz do Mestre de Cerimnias

    Aqui, o Mestre de Cerimnias posiciona a voz no volume ideal para o

    ambiente e o pblico que assiste. A intensidade da voz vai desde o murmrio,

    quase inaudvel, at o grito, em sua mxima freqncia. Polito (1995)

    recomenda levar em considerao fatores como o espao onde se fala e os

    recursos disponveis, como o caso de microfones. E recomenda, sempre,

    ampliar a intensidade da voz a partir do tamanho da plateia. Na prtica, se vai

    falar para 20, pessoas utilize o volume como se estivesse falando para 50.

    4o Elemento A Inflexo na Voz do Mestre de Cerimnias

    Atribua ao raciocnio de inflexo o tempero da fala do Mestre de

    Cerimnias. a nfase na entonao da voz, que pode gerar diversas

    conotaes expresso enunciada.

    Naturalmente, na Lngua Portuguesa, todas as palavras possuem uma

    slaba tnica, e nessas, utiliza-se maior inflexo de voz conforme a sua

    classificao. Se oxtonas, na ltima slaba, como em Belm, maracuj, fil;

    se paroxtonas, na penltima slaba, como em rgo, bnus, rfs; se

    proparoxtonas, na antepenltima slaba, como o caso de nterim, lmpada,

    sndrome.

    Num outro aspecto, a inflexo que possui a capacidade de transformar

    uma afirmao em interrogao, e ainda mudar o seu sentido de interpretao,

    dado ao simples tom emprestado a frase por meio da pontuao, seno

    vejamos:

    O prefeito far parte da mesa?

    A inflexo estar na palavra mesa para sugestionar a pergunta.

    O prefeito far parte da mesa.

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 6 A inflexo no verbo far pressupe a afirmao de que o prefeito j est definido como autoridade da mesa.

    O prefeito far parte da mesa.

    A inflexo sugestiona que o prefeito integrar a mesa, outras autoridades talvez.

    O prefeito far parte da mesa.

    Ou seja, ele integrar, junto com outras autoridades, a mesa. No ser o nico.

    5o Elemento O Ritmo na Voz do Mestre de Cerimnias

    Falar depressa como os locutores esportivos ou falar de forma vagarosa,

    quase que de forma so-le-tra-da so alguns dos exemplos de ritmo na voz do

    Mestre de Cerimnias.

    Dependendo da necessidade, o profissional vai identificar pausas e

    aceleraes necessrias ao tom exigido para a mensagem, remetendo, numa

    hiptese, ao mistrio proporcionado por uma pausa longa. Ou ao frenesi

    instintivo consequente de uma leitura rpida e pontual.

    No ritmo fundamental levar em considerao as caractersticas de

    respirao de cada Mestre de Cerimnias.

    Por meio da respirao adequada, possvel pronunciar frases curtas ou

    longas, com ou sem expresso, de acordo com a convenincia.

    No script, as pausas para a respirao e para denotar algum sentido so

    representadas por barras, aps a palavra que indica o momento de parar. J

    as pausas longas, identificadas por duas barras sequenciais, tambm usadas

    para indicar o fim de um pargrafo. Vejamos, na prtica, esses cdigos, por

    meio da transcrio de um trecho do script da Solenidade de Abertura do III

    Frum Brasileiro de Mestres de Cerimnias, realizado em Vitria ES, no ano

    de 2009: ... MC: O MC Frum | que rene profissionais de todo o Pas | resume

    esta terceira edio do maior evento dos Mestres de Cerimnias | numa nica

    palavra || SUCESSO!...

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 7 Consideraes Finais

    Em todos os elementos que compem o Mix Verbal do Mestre de

    Cerimnias, sine qua non que se entendam os efeitos provocados por cada

    um deles, no que diz respeito fala e a voz.

    Dependendo da forma pode-se exprimir alegria, confiana, tristeza,

    vitria. como se atribussemos adjetivos para cada tipo de evento e dentro

    deles para cada ato sequenciado e no interior desses, ainda, uma emoo

    distinta para cada frase emitida, afinal, os sentimentos no evento so

    componentes de primeira fila.

    O Mestre de Cerimnias pode, perfeitamente, emprestar alegria

    solenidade de posse de um governador. Durante a abertura faz um parntese

    para exprimir a consternao pelo falecimento da genitora do empossando e,

    mais a frente, remeter a audincia ao sentimento de vitria e conquista quando

    da transmisso da faixa.

    Gomes (2006, p. 49) identifica alguns tons para o Mestre de Cerimnias,

    que expressam a presena dos sentimentos no contexto do evento: Tom Solene: Senhoras e senhores ouviremos agora [ momento do, atendendo a Linguagem Referencial sugerida no texto] o Hino Nacional Brasileiro, que ser executado pela Banda do Corpo de Bombeiros do Grupamento de Patos de Minas. Suspense: Senhoras e senhores, o vencedor do prmio de melhor medico intensivista do ano (pequena pausa) Dra. Maria Tereza Csar de Cerqueira (entonao mais forte e alegre, associado a um tom de aprovao e vitria). Tristeza, luto: Senhoras e senhores, faremos [suprimvel, tambm, pela Linguagem Referencial] um minuto de silncio em homenagem as vtimas do atentado X. Pesar:Senhoras e senhores, lamentavelmente o cantor de msica pop, Fulano de Tal, foi desclassificado deste festival. Informativo: Senhoras e senhores, gostaramos de registrar [registre-se ou faz-se presente] a presena do deputado Fulano de Tal, que prestigia este evento e muito contribuiu para sua realizao

  • O M i x V e r b a l d o M e s t r e d e C e r i m n i a s | P g i n a | 8 Esses so apenas alguns, dos quais voc precisar, como Mestre de

    Cerimnias, mais que sentir, fazer-se sentir, junto a audincia, para

    emprestar sentido e sentimento sua atuao.

    Referncias AMSTEL, Frederick Van. Funes da Linguagem. Disponvel em: < http://usabilidoido.com.br/funcoes_da_linguagem.html> Acesso em: 10 nov. 2009. DICIONRIO Escolar da Lngua Portuguesa. Academia Brasileira de Letras. 2. ed. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. GOMES, Sara. Luz, Cmera, Ao... Senhoras e Senhores, O Mestre de Cerimnias 1. Ed. Sara Gomes: Braslia, 2006. PINHEIRO. Marcelo. Acorda pro Acordo. O Cerimonial e o Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa. 1. Ed. Grfica Alves: Belm, 2009. ________________. A Linguagem do Mestre de Cerimnias. Disponvel em: http://www.cerimonialista.com/guias/artigos/a_linguagem_do_mestre_de_cerimonias.pdf. Acesso em 20 mai.2010 PESCUMA, Derna. Referncias Bibliogrficas: um guia para documentar suas pesquisas / Derna Pescuma, Antnio Paulo F. de Castilho. So Paulo: Olho dgua, 2003. POLITO, Reinaldo. Como preparar boas palestras e apresentaes. So Paulo: Saraiva, 1995. REINAUX, Marcilio. O Mestre de Cerimnias e o Cerimonial. Recife: Comunigraf, 2005.