O Modus Operandi de Um Departamento de Scouting de FUT - FCPORTO

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    O modus operandide um Departamento de ScoutingdeFutebol

    Estgio Profissionalizante realizado na Futebol Clube do PortoFutebol, SAD

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    Aos meus Pais e Irmo,

    Os meus pilares e fonte de tudo.

    D d 1987

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    Agradecimentos

    Neste momento retrospetivo, de lembrarmos o caminho at agora

    percorrido, mais do que natural recordarmos aqueles que nos ajudaram nesta

    travessia longa, difcil e complexa, que apenas no o foi mais devido a esses

    mesmos que nos rodeiam, nos auxiliam, nos aconselham e que esto conosco,

    sempre, independentemente da causa.

    Esses so os meus pais e o meu irmo. Figuras incontornveis da

    minha identidade, vitais na construo e definio do meu caminho e

    simplesmente uma fonte inesgotvel de amor, carinho, compreenso etransmisso de valores. Jamais ser em demasia agradecer-vos por tudo o que

    me deram, do e que sei que me vo continuar a dar.

    Esse tambm o meu sobrinho. Cada riso, cada brincadeira, cada

    abrao e cada adormecer no meu colo so momentos de pura inspirao. s

    i d i j i d

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    Essa ainda a minha orientadora, Profa. Dra. Cludia Dias, pelas

    indicaes, pela calma e tranquilidade, pela ajuda na elaborao do presente

    documento, mesmo vivendo uma (nova) fase maravilhosa da sua vida.

    Obrigado, Professora!

    Esses so os meus supervisores de estgio, nas pessoas do Prof. Joo

    Lus Afonso e Fernando Bandeirinha. Pela confiana, pelos ensinamentos,

    pelas vivncias, por me proporcionarem a entrada no mundo Futebol Clube do

    Porto e me darem a conhecer o verdadeiro interior de uma instituio enorme.

    O meu muito obrigado!

    Nesses, incluem-se o Departamento de Scouting do Futebol Clube do

    Porto. Francisco Craveiro, Prof. Carlos Alberto, Jos Rolando, Manuel Matos,

    Nuno Fernandes, Admar Lopes, Rui Barros, Lima Pereira, Fernando Gomes,

    Antnio Andr e ainda o saudoso mister Eduardo Costa Soares. Pelo

    ambiente incrvel e por me receberem de braos abertos, sem nunca me

    fazerem sentir um corpo estranho. Obrigado!

    Esses so tambm os meus dois diretores de Mestrado, Prof. Dr. Jos

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    Resumo

    A procura de jovens talentos hoje uma atividade que atingiu nveis de

    desenvolvimento e de aperfeioamento mpares, especialmente no mundo do

    futebol. O aumento da competio, a crescente importncia desta modalidade

    no panorama mundial e a integrao de interesses econmicos neste mbito,

    ajudam a explicar o incremento do fenmeno do scouting.

    A realizao deste trabalho tem como objetivo entender e atentar na

    dinmica e lgica de funcionamento desta captao de novos valores. Assim, a

    concretizao de um estgio profissionalizante no Departamento de Scouting

    do Futebol Clube do PortoFutebol, SAD, um dos departamentos referncia a

    nvel nacional e internacional na rea, com uma durao de aproximadamente

    5 meses, mostrou-se como a opo correta tendo em vista o ponto

    previamente apresentado. O entendimento da perspetiva terica do scouting,

    isto , o outro lado da face da observao, com estabelecimento e definio de

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    Abstract

    The search for young talented athletes is nowadays an activity that has

    reached high development and improvement levels, especially in the football

    domain. The boost of competition, the growing importance of this genre in the

    world scene and the integration of economic interests in this field, help explain

    the rising of the scouting phenomenon.

    This work has as its goal to understand and to attempt the dynamics and

    logic of this operation in the search and catchment of new values. Therefore,

    the participation in a professionalizing internship has taken place on the

    Scouting Department of Futebol Clube do Porto Futebol, SAD, one of the

    departments of reference in this matter, with the duration of approximately 5

    months, has demonstrated itself has the correct option, considering the

    previous presented aim. The understanding of scoutings theoretical

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    Rsum

    La demande pour de jeunes talents est maintenant une activit qui atteint

    des niveaux de dveloppement et d'amlioration uniques, surtout dans le

    monde du football. La concurrence accrue, l'importance croissante de ce mode

    sur l'intgration mondiale et des intrts conomiques dans ce domaine,

    contribuent expliquer le phnomne de l'augmentation du scoutisme.

    Ce travail vise comprendre et tudier la dynamique et la logique de

    fonctionnement d'attirer de nouvelles valeurs. Ainsi, la ralisation d'un stage

    professionnel dans le dpartement du Scoutisme FC Porto - Football, SAD, un

    dpartement de rfrence au niveau national et international dans le domaine,

    d'une dure d'environ 7 mois, s'est avre tre la bonne option. La

    comprhension de la perspective thorique du scoutisme, lautre ct de

    lobservation, avec la mise en place et la dfinition des programmes, la

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    ndice

    AGRADECIMENTOS......................................................... ....................................................... ............ VIIRESUMO................................................................................................................................................. XIABSTRACT.......................................................................................................................................... XIIIRSUM................................................ .......................................................... ....................................... XVNDICE................................................................................................................................................. XVIINDICE DE ILUSTRAES...............................................................................................................XXIABREVIATURAS............................................................................................................................. XXIII1. INTRODUO....................................................................................... ........................................... 1

    1.1 RAZES E JUSTIFICAES PARA O ESTGIO.............................................................................. 31.2 OBJETIVOS DO ESTGIO............................................................................ ................................. 41.3 FINALIDADES E PROCESSO DE REALIZAO DO RELATRIO DE ESTGIO................................. 5

    2. REVISO DA LITERATURA.................................................................................................... ...... 7

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    3.2 OBSERVAO........................................................................................................................... 393.2.1 OBSERVAR O QU?.............................................................................. ....................... 393.2.2 ASUA REALIZAO........................................................ ................................................... 403.2.3 OTALENTO................................................................................................ ....................... 413.2.4 IDENTIFICAO,SELEO E DESENVOLVIMENTO DE TALENTO......................... .............. 433.2.5 VIA CIENTFICA VS VIA DA EXPERINCIA........................................................................... 46

    3.3 OSCOUT................................................................................ ................................................... 473.3.1

    COMPETNCIAS

    ................................................... ......................................................... .... 473.3.2 FUNES E DEVERES.................................................... ................................................... 48

    3.4 PAPEL DE SCOUTE TREINADOR:CONVERGNCIAS E DIVERGNCIAS...................................... 493.5 OATLETA DE ELITE................................................................ ................................................... 50

    4. A ORGANIZAO FUTEBOL CLUBE DO PORTOFUTEBOL, SAD....... ....................... 534.1 UM POUCO DA HISTRIA...................................................................................... ..................... 544.2 CARATERIZAO DA ORGANIZAO........................................................................... .............. 55

    4.2.1 AATUALIDADE NA CONJETURA DESPORTIVA NACIONAL E INTERNACIONAL...... .............. 564.2.2 ORGANIGRAMA GERAL.................................................. ................................................... 584.2.2.1 FCPORTO DESPORTO........................................................... ......................................... 604.2.3 AS INSTALAES................................................. ......................................................... .... 614.2.3.1 ESTDIO DO DRAGO..................................................................... ................................. 624.2.3.2 CENTRO DE TREINOS E FORMAO DESPORTIVA............................................ .............. 62

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    5.2.6 ORGANIZAO DE EVENTOS..................................................................... ....................... 785.3 ORESSURGIMENTO DA EQUIPA B.................................................... ......................................... 805.4 RESUMO DAS ENTREVISTAS A TRS COLABORADORES INTERNOS.................. ....................... 81

    5.4.1 FERNANDO BANDEIRINHA (anexo B).......................................................................... .... 815.4.2 JOS ROLANDO(anexo C).......................................... ................................................... 825.4.3 MANUEL MATOS (anexo D).................................................... ......................................... 82

    6. REALIZAO DA PRTICA PROFISSIONAL.................................................. ....................... 836.1 CONTEXTO LEGAL E INSTITUCIONAL..................................................................................... .... 846.2 FUNES PROPOSTAS................................................. ......................................................... .... 846.3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.................................................................. ................................. 85

    6.3.1 DRAGON DREAM............................................................................... ............................... 856.3.1.1 OCONCEITO DRAGON DREAM SEGUNDO O MEU PLANEAMENTO E VISO...................... 876.3.2 TORNEIOS......................................................................................................................... 876.3.3 OPEN DAY................................................................................................. ....................... 886.3.4 TRIALS....................................................................................................... ....................... 896.3.5 GESTO DOCUMENTAL E TRABALHO ADMINISTRATIVO.................................................... 896.3.6 AUDITORIA................................................... ....................................................... .............. 906.3.7 OUTRAS TAREFAS............................................................................. ............................... 90

    6.4 DOCUMENTOS DESENVOLVIDOS............................................................................................... 906.4.1 AVALIAO JOGADOR CONTRATADO(anexo K)............................. ............................... 91

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    ANEXO G............................................................................................................................................... 155ANEXO H......................................................... .......................................................... ............................. 157ANEXO I................................................................................................................................................. 161ANEXO J................................................................................................................................................ 163ANEXO K......................................................... .......................................................... ............................. 197ANEXO L............................................................................................... ................................................. 203ANEXO M.................................................................................... ......................................................... .. 207ANEXO N......................................................... .......................................................... ............................. 209ANEXO O............................................................................................................................................... 221ANEXO P......................................................... .......................................................... ............................. 229ANEXO Q............................................................................................................................................... 237

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    ndice de Ilustraes

    Ilustrao 1 - Evoluo do smbolo do clube....................................................................... 54Ilustrao 2 - Modelo Operativo implementado em 2010.................................................. 58Ilustrao 3 - mbitos da FC Porto Desporto...................................................................... 60Ilustrao 4 - Frentes do Scouting (Ribeiro, 2008)............................................................. 66Ilustrao 5 - Organigrama Geral do Departamento Scouting FC Porto......................... 67Ilustrao 6 - Gesto da Comunicao e da informap do Departamento de Scouting

    FC Porto............................................................................................................................. 75

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    Abreviaturas

    FC Porto Futebol,

    SAD

    Futebol Clube do Porto Futebol, Sociedade

    Annima Desportiva

    JDC Jogos Desportivos Coletivos

    RJSD Regime Jurdico das Sociedades Desportivas

    LBAFD

    EIR

    CEO

    CTFD

    -

    -

    -

    Leis de Base da Atividade Fsica e do Desporto

    Efeito da Idade Relativa

    Chief Executive Officer

    Centro de Treinos e Formao Desportiva

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    1. INTRODUO

    O nosso caminho no desenhado por estrelas

    nem indicado por planetas, mas to s pelas decises

    que tomamos ou deixamos de tomar, Gwen-Hael Denigot, (2004)

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    praticantes, com reflexo notrio no aparecimento de uma nova realidade nos

    nossos clubes. Catarro (2008) diz mesmo que o futebol dos fenmenos mais

    apaixonantes da realidade portuguesa. Tudo o que acontece com esta

    modalidade desportiva, ganha dimenses de assunto nacional. O mesmo autor

    exclama at que os portugueses no gostam apenas de futeboladoram-no! A

    sua transformao num fenmeno para l do desporto propriamente dito,

    reflete-se, por exemplo, no tempo que lhe dedicado na comunicao social,

    sendo este um reflexo da importncia que o futebol adquiriu na nossa

    sociedade (Teles, 2012). A atestar a veracidade do afirmado por este autor,

    encontra-se a existncia no nosso pas de trs jornais desportivos, cujos 50%

    dos contedos relatam o dia a dia dos principais clubes europeus de futebol.

    bvio que uma mquina to grande e to geradora de sonhos,

    expetativas, ambies e oportunidades de vida, envolva grandes interesses

    econmicos e financeiros. S (2011) argumenta at que o futebol cada vez

    mais um negcio e cada vez menos um desporto. Os clubes de futebol

    entenderam esta lgica e ganharam notoriedade no decorrer dos anos,

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    A demanda por estes indivduos iniciou-se, desenvolveu-se, valorizou-se

    e especializou-se na rea da observao, convertendo-se naquilo que, hoje,

    denominamos em Departamentos de Scouting. Estes departamentos foram a

    ferramenta adotada pelos clubes para dar resposta a esta necessidade de

    contratar valiosos indivduos nos seus estgios de desenvolvimento primrios.

    Como afirma Proena (1982), o scoutingfoi e continua a ser o meio de ignorar

    menos e conhecer mais. com esta ferramenta que os clubes se munem,

    capacitam e alimentam, no sentido de reunirem os melhores jogadores nos

    respetivos escales.

    Contudo, no se reduz unica e exclusivamente ao ato da contratao

    dos melhores, o conceito de scouting. Concordando com Ribeiro (2009),

    scouting anlise das equipas que se vai defrontar, observaes e anlises

    prpria equipa, anlises individuais a jogadores, acompanhamento a

    jogadores cedidos pelo clube, entre outras tarefas. O mesmo autor acrescenta

    que uma rea multifacetada e, tendo isso presente, no de admirar que

    tenham surgido os j referidos departamentos.

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    conhecimentos de tal forma profcuos, que poucas empresas e organizaes

    seriam capazes de lhe transmitir.

    Com a necessidade de realizar um estgio acadmico para a concluso

    do Segundo Ciclo de Estudos do Mestrado em Gesto Desportiva da

    Faculdade do Porto da Universidade do Porto, esta tornou-se uma

    possibilidade vivel, no s por j conhecer na grande maioria as pessoas com

    quem lidaria diariamente, mas tambm por se enquadrar na perfeio com os

    objetivos e com a lgica da rea em que o autor se encontra.

    1.2 OBJETIVOS DO ESTGIO

    Grandes mentes tm propsitos; pequenas mentes tm desejos,

    Washington Irving

    Os propsitos do estgio foram bem definidos logo partida, aps a

    primeira reunio entre o estagirio e um dos supervisores do mesmo, o Prof.

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    Contudo, e como sempre frisado pelo Prof. Joo Lus Afonso, e pelo

    autor corroborado, esta deveria ser uma parceria benfica para ambos os

    lados. Se a instituio ajudaria o autor a atingir os seus propsitos, ento, da

    sua parte, este teria que fazer todos os possveis para acrescentar algo de

    positivo, til e rentvel para a mesma. Desta forma, alguns aspetos a ter em

    conta foram solicitados, tais como:

    Atitude proativa;

    Ao com frutos para a organizao;

    Responsabilidade;

    Esprito empreendedor;

    Assumir o papel de um colaborador FC Porto.

    No fundo, a meta era o de imbuir o autor com o total de funes

    inerentes a um colaborador interno da instituio. Apenas desta forma seria

    possvel atingir a plenitude dos objetivos traados e planeados.

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    A Introduo tem como intuito dar a conhecer o mbito da realizao do

    estgioas razes e motivaes para o mesmo, o estabelecimento de

    objetivos e a sua caraterizao geral;

    A Reviso da Literatura pretende delinear a realidade em que o presente

    documento ir incidir e focar. seu intento partir de uma abrangncia

    geral para uma mais especfica, em direo ao propsito final.

    O Scoutingexplora o conceito que enceta, desde o seu aparecimento,

    passando pelas suas fundamentaes e metas, at a quem o pratica e

    desenrola;

    A Organizao FC Porto Futebol, SAD retrata a histria e a

    caraterizao da instituio na qual se realizou todo o processo de

    estgio aqui documentado. Importa neste ponto entender o grau de

    complexidade e de profissionalizao em que o autor esteve envolvido;

    O Departamento de Scouting do FC Porto espelha fielmente a sua

    dinmica, orgnica, constituio e modus operandi na persecuo dos

    seus objetivosaqui se explana toda a sua lgica;

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    2. REVISO DALITERATURA

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    2.1 ODESPORTO

    O desporto o nico meio de conservar no homem

    as qualidades do homem primitivo, Jean Giraudoux

    A condio de desporto desde cedo se demonstrou inata no Homem.

    Com efeito, para sobreviver, o Homo Sapiens teve de caar, correr, lanar,nadar, saltar, entre outras, de forma a conseguir capturar o seu alimento.

    Mesmo quando atuava de forma quase inconsciente, na sua gnese, no seu

    ADN, estavam j as primeiras manifestaes desportivas implementadas. Foi o

    Desporto que agarrou o Homem vida e, consequentemente, sua evoluo.

    Para G. Pires (2003), quase parece ser impossvel formalizar e definirum conceito de desporto. Coubertin (1934), por sua vez, defende que o

    Desporto um culto voluntrio e habitual de exerccio muscular intenso

    suscitado pelo desejo de progresso e no hesitando em ir at ao risco.

    O Desporto, para Bento (2004), um palco onde entra em cena a

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    presente em vrios e importantes setores da atividade humana. Srgio (1996)

    constata que o Desporto o fenmeno cultural de maior magia do mundo

    contemporneo, surgindo sob variados disfarces. Assim, verificamos que o

    desporto assume diversas e diferenciadas finalidades, como a educativa, a

    metdica, a recreativa, a busca da performance, a poltica e a religiosa (Morais,

    2010). Podemos dizer que a prtica desportiva hoje a forma de cultura mais

    comum a todo o universo e uma cultura supranacional, que supera fronteiras

    polticas, ideolgicas, martimas e terrestres (Silva, 2009). David Miller (1992)

    chega mesmo a argumentar que, no mundo, existem cinco idiomas

    fundamentais: dinheiro, politica, arte, sexo e desporto.

    J. M. Santos (2006) afirma que o Desporto vem paulatinamente sendo

    descoberto pelo Homem como um importante valor cultural e que est bem

    presente nos seus hbitos e modos de vida. Concordando com este autor, a

    nosso ver, mesmo que inconscientemente, o ser humano faz desporto todos os

    dias e esta generalizao e consciencializao de que este benfico em

    muitos parmetros da vida, trouxe alterao de rotinas de muitos milhes de

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    caratersticas enunciadas sobre este, mais do que previsvel a sua expanso

    e o seu desenvolvimento nas comunidades populacionais. Cada vez maior o

    nmero de pessoas que assumem uma postura mais ativa (Bento, 2005),

    sempre em busca de uma pluralidade de opes desportivas, novamente de

    acordo com Bento (1995), que defende que estamos na presena de um

    homem plural, que no encontra justificao e esclarecimento apenas num

    aspeto ou domnio, valorizando acima de tudo a fruio do presente.

    No nascer de um novo tipo de homem, o plural, surge um desporto

    igualmente plural (Bento, 1995), que abrange desde as crianas at aos

    idosos, dos mais fortes aos debilitados fisicamente e sem discriminao de

    sexos (Pinto, 2002). O mesmo autor acrescenta que, pensando na Grcia

    antiga, em que o desporto era reservado para os jovens e para os mais fortes,

    hoje vivemos a democratizao do Desporto.

    Esta ocupao do Desporto na vida diria das pessoas, constitui-se

    como um medidor enorme da fora que este tem atualmente. Quo normal

    observarmos pessoas de negcios com uma pasta de documentos numa mo

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    2.1.2 NAS SOCIEDADES

    O Desporto o esperanto das raas,

    Jean Giraudoux

    A vida em sociedade foi sempre uma das caratersticas intrnsecas

    condio humana (N. Costa, 2010). De acordo com o mesmo autor, com o

    decorrer da histria, assistiu-se criao de grupos, onde um conjunto de

    pessoas se une em prol de um gosto em comum e objetivos semelhantes.

    Assim, as sociedades so nada mais do que as pessoas reunidas num

    aglomerado habitacional. O que ir caraterizar as primeiras o resultado da

    juno dos gostos, das culturas, dos princpios e dos valores das segundas. O

    que afeta as pessoas, repercutir-se- na sociedade respetiva. Nesta linha,

    Vasconcelos (2006) argumenta que o Desporto um reflexo da prpria

    modernidade. Desporto de tempo livre, de educao, de manuteno, de

    melhoria da sade, de recomposio da capacidade psicofsica do trabalho, do

    espetculo e do profissionalismo, invadiu a realidade social, segundo este

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    Porm, a vida mudou. O estilo de vida mudou, as possibilidades

    econmicas, sociais, culturais e desportivas dos povos mudaram (para melhor).

    Estando a sociedade em constantes mutaes, o Desporto moderno sofre a

    consequncia disso mesmo (J. M. Santos, 2006). Almeida (2011) defende que

    as sociedades contemporneas se caraterizam por constantes transformaes,

    levando consigo a importncia dada ao fenmeno desportivo (N. Cunha, 2010).

    Constantino (1999) refere que o desporto moderno , por isso, um produtosocial cuja gnese est intimamente associada ao desenvolvimento da

    sociedade industrial, mencionando ainda que esta projeo do valor social do

    Desporto se relaciona com o aumento gradual do tempo livre dos cidados.

    Este tempo livre deu-se em grande parte devido Revoluo Industrial, em

    Inglaterra, no sculo XVIII, em que a mecanizao superou o trabalho humano.As cidades cresceram e assumiram-se como um local privilegiado para o

    contato das populaes com o desporto, capaz de contribuir para a afirmao

    desta prtica enquanto fenmeno social total (N. Cunha, 2010), ao mesmo

    tempo em que os momentos de lazer dos cidados eram preenchidos por

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    A consumao de tal facto veio com a Constituio da Repblica

    Portuguesa (CRP) (anexo P), onde podemos encontrar no artigo 79 - Cultura

    fsica e desporto, que:

    1. Todos tm direito cultura fsica e ao desporto.

    2. Incumbe ao Estado, em colaborao com as escolas e as associaes e

    coletividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a

    prtica e a difuso da cultura fsica e do desporto, bem como prevenir a

    violncia no desporto.

    Porm, o grande avano na legislao desportiva chega em 2007, com a

    Lei de Base da Atividade Fsica e do Desporto (LBAFD) (anexo O). Neste

    documento, destacamos:

    CAPTULO IIIPolticas Pblicas

    o Artigo 6

    1 Incumbe ao Estado, s Regies Autnomas e s autarquias

    locais, a promoo e a generalizao da atividade fsica,

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    aquisio de hbitos e condutas motoras e o entendimento do

    desporto como fator de cultura

    2 As atividades desportivas escolares devem valorizar a

    participao e o envolvimento dos jovens, dos pais e

    encarregados de educao e das autarquias locais na sua

    organizao, desenvolvimento e avaliao.

    Seco IVAlto rendimento

    o Artigo 44 - medidas de apoio

    1 Considera-se desporto de alto rendimento, para efeitos do

    disposto na presente lei, prtica desportiva que visa a obteno

    de resultados de excelncia, aferidos em funo dos padresdesportivos internacionais, sendo objeto de medidas de apoio

    especficas.

    Para rematar, deixamos duas frases que sintetizam tudo o que o

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    2.2 JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS

    Os JDC, denominao pela qual so conhecidas modalidades como o

    andebol, o basquetebol, o voleibol, o hquei em patins e o futebol, por

    exemplo, ocupam um espao importante na sociedade atual no que toca

    cultura desportiva (Silva, 2009). So desportos abertos, isto , influenciveis

    por fatores externos, possuindo, por isso, uma elevada aleatoriedade (J.

    Cunha, 2007). No existem acontecimentos certos; o acaso e a

    imprevisibilidade so as maiores certezas.

    Vrios autores assumem que em desportos coletivos interativos, os

    atletas tm constantemente de agir e reagir aos comportamentos dos

    companheiros de equipa e dos adversrios, acrescentando que os seus xitos

    pessoais so muito menos evidentes, dado que dependem de uma combinao

    de vrias mini performances que contribuem para a globalidade da

    performance da equipa (Elferink-Gemser et al., 2008; Kannekens et al., 2009;

    Landers e Lschen, 2007; Rgnier et al., 1993). So desportos de equipa, em

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    2.3 AS ORGANIZAES DESPORTIVAS E O ASSOCIATIVISMO

    DESPORTIVO

    As organizaes dependem das pessoas que dependem

    das organizaes, de forma a cumprirem metas que individualmente

    seriam muito mais dispendiosas e extremamente difceis,

    Chiavenato (2000)

    Solar (2009) expressa que a significativa, incontestvel e sempre

    crescente importncia adquirida pelo fenmeno desportivo, do ponto de vista

    econmico, social, poltico e cultural, fazem com que os clubes desportivos

    sejam o principal fator de ligao entre a essncia do desporto e os prprios

    praticantes.

    O conceito de organizao desenvolveu-se e expandiu-se. Para Bilhim,

    (2006), a organizao uma entidade social, conscientemente coordenada,

    gozando de fronteiras delimitadas, que funciona numa base relativamente

    contnua, tendo em vista a realizao de objetivos. Se untarmos a organizao

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    identificvel, estruturada, contnua, de pessoas sociais que desempenham

    papis recprocos, segundo determinadas normas, interesses e valores sociais,

    para a consecuo de objetivos comuns.

    Gomes (2001) acredita que nas organizaes e com um

    funcionamento adequado que se atingem os diferentes objetivos, de forma

    mais eficiente e satisfatria do que se fossem realizados por indivduos

    isoladamente. Lus (2011) entende que dentro das organizaes que os

    indivduos encontram apoio adequado e que estes cooperam para satisfazerem

    necessidades sociais comuns, adotando a cultura inerente organizao,

    fazendo com que todos os participantes sejam regidos por essa mesma cultura

    e funcionando como uma unidade social diferenciada, relativamente s

    pessoas que se encontram fora da organizao.

    Ganha fora ento o associativismo. O associativismo uma mais-valia

    no desenvolvimento da sociedade pois a voz desta, de forma organizada, e

    que procura os benefcios de diversas ndoles, variando de associao em

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    primeira instncia, surgindo tambm as sociedades cooperativas de consumo e

    produo, as caixas de crdito e as associaes de instruo popular.

    Quanto ao associativismo desportivo, para Bento (2004), despontou dos

    fundamentos do sculo passado e atravessou-o ligado ao desenvolvimento dos

    centros urbanos, como pedra angular de uma cultura viva e ativa da

    solidariedade, como elemento de integrao e interao de pessoas e grupos.

    Pires (1987) sustenta que o associativismo desportivo uma instituio

    relativamente nova, com razes no associativismo popular e que encontra as

    suas origens no associativismo das ordens religiosas. N. Costa (2010)

    defensor de que o associativismo desportivo emerge como resposta a todos

    aqueles que querem contribuir, comunicar e trocar experincias acerca do

    desporto, visando o seu desenvolvimento.

    2.3.1 DESDE O SCULO XIXAT ATUALIDADE

    Como j vimos, a prtica desportiva acentuou-se com a plenitude da

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    foram marcados por uma ntida predominncia de clubes nuticos. As

    associaes e coletividades so tidas por Conceio (2007) como missionrias

    do Desporto em Portugal, encontrando semelhana na opinio de A. M.

    Carvalho (1994), que sustenta que os clubes desportivos foram, desde o

    aparecimento da prtica do desporto moderno no nosso pas, os grandes

    responsveis pelo desenvolvimento do desporto nacional.

    O associativismo desportivo comea desta forma a ocupar um lugar de

    destaque no quotidiano social, pois, segundo Solar (2009), constitui-se como a

    nica via de acesso prtica desportiva para inmeras pessoas. As pessoas

    comeam a associar-se por identificao pessoal com as associaes, quer

    seja pelos valores, quer seja pela qualidade dos servios oferecidos pelo clube,

    dando aso ao estabelecimento de uma relao de confiana entre associao e

    associado (Monteiro, 2010).

    2.3.2 OCLUBE DESPORTIVO

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    afirmar a existncia e diferenciao de clubes desportivos em dois: os da

    competio e da vitria de um lado e, do outro, os do lazer, da prestao deservios e da sociabilidade.

    Nesta linha de raciocnio, Homem (1999) considera que no subsistem

    dvidas de que os clubes so cada vez mais desportivos e cada vez menos

    sociais, encontrando-se mais orientados para a competio e para a vitria,

    menosprezando o carter e a importncia sociocultural do desporto, refletindo o

    imaginrio cultural e os valores vigentes na prpria sociedade (N. Cunha,

    2010).

    A criao e manuteno dos clubes desportivos no tarefa simples e

    muitos aspetos iro determinar o sucesso e a continuidade da instituio, o que

    depender principalmente da capacidade de gesto e envolvimento de atuais e

    potenciais associados nas atividades do clube (Solar, 2009). Bento (2004)

    expressa a necessidade dos clubes desportivos terem a capacidade de se

    adaptarem permanentemente prpria sociedade.

    Consultada a LBAFD, constatamos que na Seco III Clubes e

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    2.3.2.1 ONASCIMENTO DAS SOCIEDADES DESPORTIVAS

    Cada vez mais no cenrio desportivo, ser frutuoso um forte

    investimento em recursos humanos, capazes e eficazes, que possibilitem um

    crescimento sustentado dos clubes desportivos, pois as pessoas dirigentes,

    tcnicos, administrativos, auxiliares e praticantes desportivos so o garante

    do futuro de uma organizao (M. T. Carvalho, 2000). Pires (1996) sustentaque, hoje, a gesto do desporto requer profissionalismo, competncia e

    responsabilidade, quer ela seja exercida a nvel de Estado ou a nvel do livre

    associativismo desportivo.

    A profissionalizao desportiva atingiu patamares to altos e to

    exigentes, que os clubes desportivos tradicionais foram forados a adaptarem-se e a evolurem as suas estruturas e as suas orgnicas. Foi atravs destes

    que surgiram as sociedades annimas desportivas e os clubes em regime

    especial de gesto (Solar, 2009). mxima variabilidade, est subjacente a

    mxima adaptabilidade (N. Cunha, 2010) e para os clubes estarem na

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    sociedades annimas vm oferecer alternativa ao anterior estatuto de pessoa

    coletiva sem fins lucrativos.

    Para M. J. Carvalho (2001), as novas organizaes desportivas so

    muito distintas das do clube desportivo tradicional, cuja orientao no se

    definia pelos lucros, sendo hoje uma realidade usual vermos os clubes cotados

    na bolsa de valores. Este um forte sinal da profissionalizao e do nvel de

    gesto atingido pelo Desporto.

    Esta figura jurdica das sociedades annimas desportivas foi criada em

    1997, como entidades vocacionadas para a organizao e gesto do desporto

    profissional nos clubes, as quais, para o efeito, tm um estatuto societrio

    especfico em certas vertentes (Pires, 2007). De acordo com Almeida (2011), a

    primeira Sociedade Annima Desportiva em Portugal foi criada a Julho de

    1997.

    Tendo como base novamente a LBAFD, Seco III, artigo 27,

    atentamos que:

    1. So sociedades desportivas as pessoas coletivas de direito privado,

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    De salientar tambm a existncia de um outro documento, intitulado

    Regime Jurdico das Sociedades Desportivas (RJSD) (anexo N), onde seestabelece e define os direitos e deveres das mesmas, bem com o seu raio de

    ao e limitaes. De seguida, destacamos aqueles que julgamos serem os

    pontos-chave do referido documento:

    o Artigo 4 - Irreversibilidade

    O clube desportivo que tiver optado por constituir uma sociedade

    desportiva ou por personalizar a sua equipa profissional, no pode voltar

    a participar nas competies desportivas de carter profissional, a no

    ser sob este novo estatuto jurdico.

    o Artigo 6 - Firma e denominao1 A firma e a denominao das sociedades desportivas contero a

    indicao da respetiva modalidade desportiva, concluindo ainda pela

    abreviatura SAD.

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    optem por constituir sociedades desportivas, devem estruturar-se para que as

    suas seces profissionais sejam autnomas em relao s restantes,nomeadamente organizando uma contabilidade prpria para cada uma dessas

    seces, com clara discriminao das receitas e despesas imputveis a cada

    uma. Estes so os casos dos clubes em regime especial de gesto.

    2.3.3 ACULTURA DA ORGANIZAO

    A cultura tudo o que resta depois de se ter

    esquecido tudo o que se aprendeu,

    Selma Lagerlof

    A palavra cultura refere-se a um conceito terico. Cultura o carto de

    cidado de indivduos e organizaes, o que nos torna seres unos e

    mpares. , no fundo, o que nos identifica e valoriza perante a sociedade.

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    So uma entidade social: as organizaes desportivas so constitudas

    por pessoas que se relacionam entre si no desempenho das suasfunes.

    Situam o seu envolvimento na indstria desportiva: o que as diferencia

    entre si o seu envolvimento direto com a produo de produtos e

    servios desportivos.

    Ostentam um objetivo concreto: tm o seu propsito bem definido.

    Possuem um sistema de atividades estruturado conscientemente:

    existem mecanismos para coordenar e controlar todas as tarefas que

    ajudam a assegurar a concretizao dos objetivos das organizaes

    desportivas.

    Detm um limite identificvel: as organizaes desportivas devem ter

    limites bem definidos que permitam distinguir membros de no

    membros, embora estes limites sejam mutveis ao longo do tempo.

    A cultura, como vimos, traa o perfil de um indivduo, de uma

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    2.3.4 AIMPORTNCIA DOS RECURSOS HUMANOS

    Coming together is a beginning. Keeping together is progress.

    Working together is success, Henry Ford

    If you want to be incrementally better: be competitive.

    If you want to be exponentially better: be cooperative, John Ruskin

    Esta questo , simultaneamente, um ponto sensvel e vital para as

    organizaes. As organizaes no vivem nem subsistem sem as pessoas mas

    estas, para se afirmarem e alcanarem o sucesso na carreira, necessitam das

    primeiras para tal. uma relao de dar e receber, em que o melhor caminho

    mesmo a unio entre os trabalhadores, com esforos conjuntos, direcionados

    pelo mesmo objetivo. Chiavenato (2004) assegura que o rosto da empresa so

    os trabalhadores

    Por seu turno, Pires (2003) salienta que os quadros humanos so os

    indivduos que intervm, animam e do sentido ao processo de

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    2.3.4.1 COLABORADOR-MODELO

    No mundo do trabalho, um bom profissional um bem escasso e

    precioso (Embaixador, 2010). Subentendemos um colaborador-modelo como

    algum com responsabilidade, pontual e assduo, educado, empreendedor,

    com esprito de iniciativa, de fcil relacionamento, humilde, ponderado, ntegro,

    inovador e positivo. Ao adicionar a estas caratersticas a interpretao empleno dos valores, orientao e cultura da organizao, temos a base para o

    sucesso da parceria criada entre colaborador-organizao. Embaixador (2010)

    defende que os recursos humanos so o sucesso da organizao quando se

    consegue a convergncia de interesses entre estes parceiros, contribuindo

    para regular os nveis de motivao e satisfao em toda a sua envolvncia detrabalho.

    tambm importante delimitar tarefas e raios de ao para cada

    colaborador saber exatamente o que fazer, como fazer e quando fazer. Arajo

    (2001) declara que cada colaborador, consoante as suas caratersticas e

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    2.3.4.2 COMUNICAO

    O fruto de cada palavra retorna a quem a pronunciou,

    Abu Shakur

    A comunicao numa organizao outro dos pontos fulcrais para o

    atingimento do seu sucesso. O mundo est em constante processo de

    comunicao, seja de forma intencional ou no (S. Oliveira, 2011). Chiavenato

    (1999b) define a comunicao como a troca de informao entre indivduos,

    por isso constitui um dos processos fundamentais da experincia humana e da

    organizao social.

    Segundo S. Oliveira (2011), a comunicao assume trs subdivises:

    interna, externa e assessoria de imprensa. Iremos abordar concretamente a

    comunicao interna, visto ser a que nos interessa para definirmos o tipo de

    comunicao no interior das organizaes.

    Para Matos (2004), a comunicao interna direcionada a funcionrios

    e colaboradores da organizao. um aspeto vital este, no s pelo fomento

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    em muitos outros campos, o que hoje , amanh pode no ser, o que obriga os

    lderes e os gestores desportivos a estarem em constantes adaptaes,mudanas e inovaes.

    G. Pires (2000) elege a capacidade de liderana como um dos atributos

    fundamentais para o gestor do desporto do tempo atual poder no s

    acompanhar as mudanas, mas sobretudo ser capaz de as antecipar. N. Costa

    (2010) defende que a liderana um conceito difcil de definir, pois sofreudiversas interpretaes tericas ao longo do sculo XX e no incio do sculo

    XXI, no existindo um conceito unvoco, afirmando que tem a certeza que nos

    encontramos diante de um fenmeno extremamente complexo e repleto de

    ambiguidade.

    H momentos em que os conceitos de liderana e gesto desportiva e

    os de lder e gestor desportivo, se misturam e se tornam complicados de

    separar. Ser que um lder sempre um gestor e um gestor constantemente

    um lder? Acreditamos que para fazer essa separao, fundamental

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    organizao, refletem os casos em que o resultado individual impulsiona o

    resultado organizacional (Miralls, 2006).

    Assim, nossa opinio que os conceitos se misturam mas apenas se

    partirmos de um dos conceitos. Um lder ser sempre um gestor mas este

    nunca ter que ser propriamente um lder. Um lder atuar muito mais de

    acordo com a situao-limite, com a emoo e a adrenalina do momento,

    enquanto o gestor, segundo Drucker (2002), deve ter uma viso global econhecer toda a orgnica da administrao, o que lhe requer uma grande

    capacidade para fazer frente s novas exigncias do fenmeno desportivo e de

    todas as organizaes envolvidas no desporto.

    2.3.5 OCONFRONTO ENTRE A INTANGIBILIDADE DOS VALORES COM ASOCIEDADE

    Chamamos tica ao conjunto de coisas que as pessoas fazem

    quando todos esto a olhar. Ao conjunto de coisas que as pessoas fazem

    quando ningum est a olhar chamamos de carter Oscar Wilde

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    pela imagem que deixa transparecer. A imagem de uma pessoa coletiva sria,

    honesta, que joga limpo e no trapaceia.

    2.3.6 OSUCESSO E O INSUCESSO

    O nico lugar onde sucesso vem antes

    de trabalho, no dicionrio, Albert Einstein

    O sucesso o desejo de toda e qualquer organizao. o que move os

    seus colaboradores e nesse sentido que se procedem a alteraes

    estruturais, de orientao e at a cortes de despesa. Pode ser medido por

    vrios parmetros, dependendo do ponto em que interesse avaliar a instituio

    em causa.

    A natureza real da gesto est na tomada de decises e ao gestor que

    compete tomar decises, quais os objetivos e estratgias que sejam relevantes

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    menos verdade que as derrotas se constituem como momentos formativos

    muito importantes (Arajo, 2001).

    As organizaes tm que considerar todos estes fatores de forma a

    poderem designar e aplicar uma gesto apropriada e adequada a cada

    determinado momento da sua existncia, tendo sempre em conta que decidir

    bem representa sucesso, enquanto faz-lo mal conduz quase sempre ao

    fracasso, com a agravante de s sabermos posteriormente o resultado daquiloque decidimos (Arajo, 2001).

    Na nossa opinio, N. Costa (2010) expressa fielmente a atualidade da

    gesto desportiva e o caminho a percorrer com a seguinte declarao:

    Na atualidade, as estruturas de liderana tradicionais com caratersticas

    como a autoridade, o individualismo e a rigidez, esto pouco adequadas ao

    novo contexto das organizaes, que procuram a inovao, mudana e

    qualidade como elementos preponderantes ao sucesso organizacional. Na ps-

    modernidade, a liderana requer-se mais completa e oferece desafios e

    promessas de uma nova viso da estrutura da organizao. Os instrumentos

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    2.4 OFUTEBOL

    O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigaes

    do homem, devo ao futebol, Albert Camus

    Dado o presente documento tratar sobre a experincia no mundo do

    futebol, faremos uma pequena introspeo sobre a sua expanso e afirmao.Futebol espetculo, investimento, marketing, moda, prtica, ensino;

    em suma, atinge uma transversalidade tal, que no indiferente a quase

    nenhuma pessoa em todo o mundo, sendo o estdio, na era atual, o local mais

    popular da cultura (Silva, 2009). Esta presena mundial reflete-se, por exemplo,

    em organizaes desportivas de grande prestgio como a UEFA e a FIFA, queno plano econmico e social desenvolvem periodicamente grandes eventos

    desportivos (J. M. Santos, 2006).

    O futebol gera milhes, sendo uma das maiores indstrias a nvel

    mundial (D. Oliveira, 2011) e imps a sua grandeza pela lei natural da fora

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    A nvel politico, com a promoo dos regimes e destaque internacional

    dos pases; A nvel econmico, devido ao desenvolvimento das economias locais,

    restaurao e turismo, construo civil e criao de emprego.

    Relativamente a Portugal, tambm foi embebido por esta febre. Segundo

    constata Constantino (2002), o nmero de participaes em competies

    internacionais aumentou, quer em clubes, quer em seleo, a qualidade dos

    resultados alcanados evoluiu e o pas acolheu e organizou eventos do mais

    elevado nvel. verdade que, para os portugueses, o futebol esteve

    constantemente em plano de destaque. Como refere Morais (2010), no tempo

    do Estado Novo, em que foram gastos alguns milhes de contos3no apoio ao

    desporto federado, nomeadamente na construo de infra-estruturas

    desportivas, o futebol obteve um privilgio, registando-se subsdios aos clubes

    para estes edificarem os seus prprios campos e apoios competio.

    Joseph Blatter (2010) diz que o futebol tambm disciplina, respeito e

    esperana para a juventude, o que nos abre caminho para o ponto seguinte.

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    conceber e preparar, entre outros. dentro destes conceitos, inseridos no

    futebol, que a formao trabalha e deve trabalhar, no sentido de moldar osseus jovens jogadores para o futuro na disciplina.

    Fernandes (2004) afirma que, atualmente, a formao de jogadores no

    futebol, como em qualquer outra modalidade, se tornou um aspeto

    indispensvel para que no futuro possam surgir atletas de rendimento superior.

    Pereira (1996) defende que a formao a base do alto rendimento e a estenvel, o treino surge como o epicentro de todo o processo. estritamente

    necessrio que se conhea profundamente o processo de formao desportiva,

    de modo a que se respeitem os diferentes nveis de prtica, cada qual com as

    suas caratersticas prprias (Mesquita, 2000).

    neste sentido que afirmamos que, alm da parte desportiva, importaformar jogadores tambm no seu sentido cvico e social. O Desporto em geral e

    o futebol em particular, desenrolam um papel vital na chamada de ateno para

    o desenvolvimento dos adultos de amanh. Pacheco (2001) reporta-se mesmo

    necessidade da criao de hbitos desportivos, melhoria da sade e

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    cultura de receo e absoro do atleta na equipa snior e a criao de

    condies ideais para o treino.D. Oliveira (2011) afirma que a formao de jovens jogadores se revela

    um investimento necessrio aos clubes profissionais de futebol, tanto em

    termos financeiros, por se prescindir de contratar jogadores, como em termos

    de sucesso desportivo, pois evitam-se os perodos de adaptao dos novos

    jogadores. Estes pensamentos so sustentados por Leandro (2003), que refereque os clubes formam jogadores de qualidade no sentido de assim os

    integrarem nas suas equipas seniores, evitando o pagamento de avultadas

    quantias na aquisio de jogadores a outros clubes. Alm de evitarem serem

    os compradores de grandes talentos no futuro, podem ser os vendedores

    desse mesmo talento.

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    3. OSCOUTING

    Entramos ento num dos pontos fulcrais da nossa interveno. O

    conceito de scouting diz respeito a partir em reconhecimento, sair em

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    Giddens (2000) afirma que preciso incorporar criativamente os novos

    fatores da realidade para no se ficar deslocado deste ambiente to

    competitivo e de superao. Com efeito, a competitividade de tal ordem, que

    crtico inovar mais cedo, planear mais precocemente e criar mais depressa.

    Podemos encarar o scouting nesta perspetiva, uma vez que se orienta para a

    deteo e seleo de talentos jovens, a um ritmo cada vez mais elevado.

    Esta nova poltica de recrutamento (Silva, 2009) estabeleceu-se por

    completo a nvel global. Em variados desportos e a um nvel snior, a captao

    de novos valores serve para municiar as grandes equipas com maiores

    habilidades e as mais pequenas com maiores capacidades financeiras, numa

    operao de perda, por um lado, e de lucro, por outro. Temos o exemplo do

    draft na NBA, em que cada possibilidade de escolha para cada equipa, um

    fator importante para as reais possibilidades de sucesso dessa equipa nos

    anos vindouros.

    Hoje, existe a tendncia para se focar na reduo de custos e gerar

    lucros (Holder, 1995) e o scouting uma boa ferramenta para este objetivo.

    Com o instalar e acentuar da crise econmica desde h uns anos a esta parte,

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    quantidade e qualidade de jogadores contratados e na posse das melhores

    equipas, nos respetivos escales.

    O scouting, por palavras, isto; na prtica, muito, muito mais. Consiste

    em planeamento de jogos a acompanhar, identificao de carncias nas

    respetivas estruturas das equipas, elaborao de relatrios, entre outros.

    3.2 OBSERVAO

    O scouting realiza-se atravs da observao. impensvel projetar o

    primeiro sem o segundo. atravs do processo de observao que o Homem

    recolhe os mais variados tipos de interao com o meio envolvente (Sarmento,

    2005).A capacidade de observar pode no ser inata. algo que pode ser

    continuamente aperfeioado, (Lopes, 2005). Para Bell (1997), a observao

    no um dom natural mas uma atividade altamente qualificada para a qual

    necessria no s um grande conhecimento e uma compreenso de fundo,

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    atentar numa posio especfica para tentar suprir carncias para a equipa com

    a qual colabora, entre outros.

    Obviamente que existe um conjunto de fatores intrnsecos, prprios de

    grandes talentos e que so facilmente observveis, como a tcnica, a

    determinao, o pensar e executar rpido e bem, a viso de jogo, etc.. Porm,

    este estabelecimento de tarefas a realizar para uma partida de futebol, o

    ponto prvio para se realizar um bom trabalho. Como se constata, necessrio

    haver um trabalho de base, de modo a comprimir a informao que realmente

    importante e auxiliar o observador na concentrao, em busca dessa mesma

    informao. Outra das questes que se coloca neste mbito, o escalo do

    jogo que se vai seguir. A perceo de captao de valores para um menino de

    10 anos incomparavelmente diferente daquela que se deve ter na anlise a

    um pr-snior de 18 anos. No expectvel que uma criana reproduza

    fielmente a ao de um adulto, estando tal em sintonia com Lima (1988)

    quando afirma que a prtica desportiva das crianas e jovens tem a

    responsabilidade de se opor simples cpia do desporto adulto.

    Uma das situaes mais crticas quanto prospeo na formao,

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    do comportamento individual do atleta, em situaes passivas, em situaes

    em que a equipa no tem bola em sua posse, considerando mesmo prioritrio

    assistir ao vivo. Para Manuel Matos (anexo D), essa uma questo que nem

    se coloca, visto que para este ponto, h que definir com preciso aquilo que se

    quer observar, para no cair no erro de observar factos irrelevantes, sendo

    para tal a observao ao vivo fundamental. Para Philips et al. (2010), o

    provisionamento de filmagens de vdeo no replica fielmente os intervenientes

    em ao, limitando assim a compreenso da extenso verdadeira da percia.

    Para tal, existem certos pressupostos para o observador que devem ser

    acautelados, nos trs momentos que agora distinguimos: o antes, o durante e o

    depois.

    O antes corresponde temtica abordada na alnea 3.2.1 e que se trata

    do trabalho de casa efetuado.

    O durante , porventura, o mais complexo. Desde o momento de

    chegada ao recinto, o observador deve adotar uma postura discreta e tranquila

    e dirigir-se de imediato para uma posio central, no s para melhor observar

    as equipas, mas tambm porque geralmente aqui que se concentram a

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    melhores. Miralls (2006), por sua vez, define talento como excelncia mais

    diferena, acrescentando que se o talento a excelncia em determinada

    atividade, e como no h um mximo absoluto de excelncia, esta avaliada,

    num momento e num determinado contexto, atravs da comparao e de uma

    classificao das reas de trabalho de nvel de desempenho.

    Talento desportivo o resultado da combinao de vrios fatores,

    nomeadamente das capacidades fsicas, como a fora e a velocidade, das

    capacidades psicolgicas, como a confiana e a concentrao, das

    capacidades antropomtricas e ainda de fatores intangveis, que fogem ao

    controlo do indivduo. Simonton (1999) defende esta ideia ao afirmar que o

    talento emerge de processos multidisciplinares, multiplicativos e dinmicos. Um

    jovem de talento um indivduo que apresenta uma capacidade acima da

    mdia e se demarca dos restantes de forma ntida. Vaeyens et al. (2008)

    defendem que um mnimo de 10 anos, equivalente a 10 000 horas, de prtica

    intensiva, necessria para adquirir habilidades e experincia na persecuo

    da excelncia em qualquer desporto. Relativamente a esta ltima tese, de

    realar que esta uma realidade bastante desfasada do que acontece em

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    do talento, que lhes pode permitir ir em busca da excelncia na esfera da sua

    atividade. uma espcie dejoint venture, com partilha de lucros e riscos.

    3.2.4 IDENTIFICAO,SELEO E DESENVOLVIMENTO DE TALENTO

    A nica forma de chegar ao impossvel, acreditar

    que possvel, Lewis Carroll

    A identificao e seleo de jovens promissores no algo simples e

    claro. Baker e Schorer (2010) referem que, identificar e desenvolver indivduos

    talentosos, um elemento importante da educao, da msica, da arte, mas

    que nenhum campo abraou este conceito de forma to tenaz como o

    desporto. E nenhuma rea se aprofundou tanto no conceito como o futebol,

    apesar da previso do sucesso ser bem mais fcil em desportos fechados do

    que em desportos abertos porque, nos primeiros, os movimentos so menos

    afetados pelo ambiente e expectvel que menos componentes tenham

    impacto na performance (Vaeyens et al., 2008). Cada jogada depende da

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    sonhos e no cabe aos adultos us-los como marionetas para regozijo prprio

    e meio de alcanar aquilo que eles prprios nunca alcanaram. Neste sentido,

    Starkes et al. (1996) apontam outros fatores como o carter, a sorte, o

    envolvimento e as leses como influenciadores dos resultados competitivos. J.

    Cunha (2007) remata afirmando que a prtica no explica tudo.

    Como Aurlio Pereira (in Revista Viso, 2012) reconhece, o mercado

    futebolstico centra-se hoje nos atletas com idades entre os 6 e os 11 anos,

    sendo nesses escales que a concorrncia mais feroz. So idades muito

    precoces, em que inmeros fatores podem levar o jovem elite e ao futebol

    profissional ou podem-no fazer, no dia seguinte, acordar e repentinamente

    interessar-se pelo tnis ou pela msica e abandonar o futebol. O acaso pode

    ter um importante papel no processo do talento, j que eventos incontrolveis,

    como as leses, o rendimento familiar, a qualidade da instruo, etc.,

    asseguram que o desenvolvimento de talento no uma probabilidade

    empresarial (Vaeyens et al., 2008). Nestas idades, importante focarmo-nos

    nas habilidades e nas caratersticas que podero ser relevantes em idade

    snior e na capacidade de aprendizagem e de progresso, visto que no

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    Adegbesa et al. (2010) constatam que uma combinao de fatores que

    depende particularmente da gentica, do ambiente, da oportunidade e da

    motivao, bem como do efeito destas variveis identificveis nos traos

    psicolgicos, fsicos e fisiolgicos do jovem indivduo. fulcral entender que

    atletas com predisposio gentica desfavorvel, no podem ser logo

    excludos se apresentarem bons ndices noutras caratersticas relevantes para

    a prtica de uma modalidade; ainda podem alcanar nveis de excelncia de

    performance, se tiverem um ambiente propcio para tal, bem como suceder o

    contrrio, com indivduos geneticamente dotados (Philips et al., 2010). Como

    exemplo, indicamos Liedson, que aos 23 anos de idade, j tinha trabalhado

    como ajudante de pedreiro, mecnico, porteiro e funcionrio de hipermercado.

    Aos domingos, era ponta de lana de uma equipa amadora que disputava um

    torneio intermunicipal. Oito anos volvidos, era a principal figura de uma equipa

    na Europa e um dos melhores jogadores da Liga Portuguesa.

    No campo do desenvolvimento de talento, o conhecimento sobre o que

    distingue o bom do melhor, essencial (Jonker etal., 2010) e, obviamente,

    fcil errar. Com o passar do tempo e das vivncias, poderemos ter uma

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    transferncia e representao com sucesso na equipa profissional snior

    (Vaeyens etal., 2008),

    Com a oferta das melhores condies e unidades de treino adaptadas e

    ajustadas e o melhor acompanhamento possvel, esto reunidos os

    ingredientes para os jovens com potencial se desenvolverem, tendo, porm,

    sempre presente que o treino para alcanar recordes perigoso para a sade

    (Lydston, 1903), especialmente em adolescentes (Howard, 1898).

    Para concluir este ponto, mencionamos duas frases que servem como

    pontos de partida para esta temtica:

    A qualidade no se arranja de graa, Zlatan Ibrahimovic (in

    MaisFutebol);

    Nada perfeito quando encontrado, Ccero.

    3.2.5 VIA CIENTFICA VSVIA DA EXPERINCIA

    Identificar e desenvolver atletas com potencial, sempre requisitou um

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    excelente performance desportiva dependa das caratersticas fsicas inatas e

    do treino fsico, mas assumem que pode ser ainda mais atribuda a fatores

    cognitivos.

    Contudo, dado o volume de informao que hoje correm pelos clubes, a

    quantidade enorme de jogadores a observar e a avaliar e o custo destes testes

    cientficos, levam os clubes a optarem pelo mtodo tradicional, at porque tem

    dado frutos regularmente. Day (2011) afirma que ainda subsiste como o crucial

    estdio de identificao de talento, o olhar expertdo observador.

    As conquistas e o sucesso no desporto so multideterminados e

    influenciados por uma interao complexa de vrios componentes relacionados

    com a situao de ao, tal como a habilidade do indivduo ou o ambiente.

    Logo, a avaliao ter que discorrer sobre todos os fatores em conjunto e

    nunca avaliar um e outro separadamente.

    3.3 OSCOUT

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    a destacar o conhecimento do jogo, o possuir uma mente aberta, a descrio

    de factos e nunca emitir opinies, o perfecionismo e conhecer o nvel de

    performance dos jogadores da sua equipa de origem.

    Relativamente s competncias para scoutsdas equipas de formao e

    para scouts das equipas profissionais, julgamos no divergirem muito umas

    das outras. Contudo, a sensibilidade perante certos parmetros da avaliao,

    ter que ser necessariamente diferente. Por exemplo, admissvel uma falha

    ttica num menino de 8 anos mas num jogador de topo no se pode ser

    complacente.

    3.3.2 FUNES E DEVERES

    Neste captulo, abordaremos as funes e deveres de um scout. Dado

    no existir um manancial ou uma documentao que aprofunde esta matria,

    iremos abordar alguns aspetos advindos da experincia do autor e tambm do

    estabelecido para scouts do FC Porto, atravs da enumerao de algumas

    caratersticas.

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    fundamental o gosto pelo trabalho. No s no scouting, como em

    qualquer funo laboral, porm, a quantidade de jogos acompanhados por um

    scout imensa, o que poder levar descontrao e relaxamento, e

    consequentemente ao escape de um jogador com potencial. necessrio ter

    abertura para dar mais ateno a jogadores que nos tenham passado

    despercebidos, visto que os jogadores tm, de forma recorrente, grandes

    alternncias de nveis de performance.

    Julgamos por bem no nos referirmos aos direitos inerentes a cada

    scoutpois uma temtica que depende grandemente da poltica estabelecida

    por cada organizao, na atribuio dos mesmos aos seus colaboradores.

    3.4 PAPEL DE SCOUTE TREINADOR:CONVERGNCIAS EDIVERGNCIAS

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    uma rpida deciso no momento da observao, caso contrrio estaremos a

    perder tempo com qualidade inferior dos nossos jogadores (Manuel Matos,

    anexo D). Depois, reunies peridicas so aconselhveis de forma a se

    manterem os objetivos alinhavados e se suprirem rapidamente carncias que

    surjam entre um e outro ms. E, finalmente, possurem em mente o mesmo

    conceito do perfil de jogador procurado, para saber o que procurar, mas

    tambm para, quando esse jogador for contratado, se inserir rapidamente no

    contexto pretendido.

    3.5 OATLETA DE ELITE

    O Desporto visto por vezes como um sistema Darwiniano em virtude

    da sua natureza competitiva e seletiva (Day, 2011). Este ambiente

    excessivamente competitivo potencia a exposio dos jogadores a altos nveis

    de cargas fsicas e psicolgicas (Burgess e Naughton 2010), onde somente os

    melhores prosperam e atingem um domnio elevado de todas as componentes

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    nascido em dezembro. Estes meses de diferena podero ser determinantes

    na maturao biolgica, com implicaes na performance. Na comparao de

    dois indivduos, com o mesmo potencial e dotados das mesmas competncias,

    espera-se que o desempenho real de ambos divirja (Bournois e Roussillon,

    1998), podendo este ser um fator que faa desequilibrar a balana. Todavia, o

    EIR diminui aps a puberdade e tal explica-se com a bvia razo dos nveis de

    maturao fsica se tornarem menos evidentes, bem como o impacto da

    transferncia interdesportiva (Burgess e Naughton, 2010).

    Importa ainda referir que sem um compromisso de longo termo, as

    jovens promessas no sero capazes de alcanar o topo nos seus domnios

    (Bloom, 1985).

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    4. AORGANIZAOFUTEBOL CLUBE DOPORTOFUTEBOL,

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    4.1 UM POUCO DA HISTRIA4

    A instituio Futebol Clube do Porto nasceu a 28 de Setembro de 1893,sob presidncia de Antnio Nicolau d'Almeida, desportista por excelncia e

    exmio comerciante de Vinho do Porto. Nos livros, em pginas amarelecidas

    pelo tempo, e segundo o registo mais antigo da atividade portista, consta que o

    primeiro jogo se realizou frente ao FC Lisbonense.

    Seguiram-se anos de crescimento e desenvolvimento, medida que

    unia e congregava adeptos e simpatizantes. Os fundadores optam pelo azul e

    branco para as cores do clube, os mesmos tons que o pas tinha no estandarte.

    No primeiro emblema, claro, destacava-se uma bola de futebol com as iniciais

    F.C.P., qual, 20 anos depois, seria sobreposto o braso da cidade, por

    interveno artstica de Simplcio. O clube era agora um smbolo quecomeava a incitar paixes. Em 1948, a vitria por 3-2 sobre o Arsenal de

    Londres, na poca a melhor equipa do mundo, uma prova cabal das

    potencialidades que os portistas rapidamente atingiram. O F.C. Porto passava

    a impulsionar todo o desporto portugus.

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    Foi ganhando flego, tornou-se grande e surpreende o pas e o Mundo,

    sobretudo na dcada de 80. Em 1987 e 1988, conquista a Taa dos Campees

    Europeus, a Taa Intercontinental e a Supertaa Europeia, feitos

    impressionantes e provas evidentes de uma filosofia especial. Alguns anos

    mais tarde, atinge a marca de vencedor de cinco campeonatos consecutivos,

    faanha nica em Portugal. A histria tinha agora um lugar especial para o

    clube.

    Hoje em dia, o Mundo mudou e Portugal evoluiu mas o F.C. Porto

    permanece dinmico e vencedor, tendo conquistado a Taa UEFA em 2002/03

    e a UEFA Champions Leaguee a Taa Intercontinental em 2003/2004. E isto

    s no futebol O F.C. Porto grande em todas as modalidades que pratica e o

    palmars fala por si: o Drago luta por ttulos em hquei em patins e andebol,

    modalidades que, a par com o futebol, mais cativam os portugueses. O bilhar, a

    natao, o atletismo, o desporto adaptado, os desportos motorizados, o boxe, o

    campismo, o xadrez, a pesca, o karate o halterofilismo tambm contribuem

    para o sucesso do clube e asseguram novos tpicos para o esplio portista.

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    4.2.1 AATUALIDADE NA CONJETURA DESPORTIVA NACIONAL EINTERNACIONAL

    Julgamos que bastaria afirmar que o FC Porto o atual bicampeo

    portugus de futebol, para termos uma noo da importncia e da grandeza do

    clube. Contudo, o FC Porto isso e muito mais. Como afirma Ribeiro (2008), o

    FC Porto foi um clube que cresceu ao longo de dcadas e dcadas, sempre

    com uma cultura de vitrias, que so algo com o qual os grandes clubes tm de

    lidar diariamente (Ribeiro, 2009). Teles (2012) defende que o FC Porto um

    dos motores do desenvolvimento do Desporto no nosso pas. O FC Porto

    uma instituio de utilidade pblica com estatutos prprios (Teles, 2012) e o

    aparecimento do FC Porto como uma Sociedade Annima Desportiva foi

    apenas um passo dado com naturalidade, tamanha era a sua evoluo nas

    competies profissionais e o seu impacto na sociedade hodierna. A SAD,

    constituda a 5 de Agosto de 1997, surgiu para garantir o desenvolvimento e o

    crescimento sustentado do futebol, em resposta s exigncias dos novos

    mercados e da prpria modernizao das competies (D. Oliveira, 2011). Em

    Loureno (2004) encontramos uma opinio de Jos Mourinho talvez o

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    gesto de topo que vinham sendo empregues, nomeadamente desde 1982,

    desde a eleio de Jorge Nuno Pinto da Costa.

    De facto, um clube habituado a vencer consecutivamente. Antero

    Henrique, Chief Executive Officer (CEO) do grupo FC Porto Desporto e

    administrador da FC Porto Holding(inRevista Drages, 2012), afirma que para

    o conseguir, o FC Porto tem de trabalhar muito, tem de trabalhar mais e melhor

    do que os outros, de forma a ter a certeza que tudo fez para ganhar, mesmo

    que no o consiga. Destaca-se no s pelos resultados desportivos, em que o

    futebol sem sombra de dvidas o seu baluarte, mas tambm pela

    componente financeira e nos grandes retornos de investimento que anualmente

    alcana. Orientado pela poltica de comprar novo e barato para desenvolver o

    potencial, de forma a vender por um preo bem superior ao de aquisio, esta

    gesto, quase sempre na pessoa do seu presidente, h mais de 30 anos, Jorge

    Nuno Pinto da Costa5, valeu a distino ao mesmo com o Prmio Carreira em

    dezembro de 2011, atribudo pela Globe Soccer Awards, numa gala em que

    tambm estava nomeado para Melhor Clube do Ano; porm, o galardo

    acabou por recair para o Barcelona, apenas campeo europeu e do mundo,

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    4.2.2 ORGANIGRAMA GERAL

    A nvel de estruturao, o FC Porto tem envidado os seus esforostambm para a vanguarda do desenvolvimento. Tem sofrido alteraes nos

    seus desenhos orgnicos, no sentido de se adaptar e manter-se permevel

    profissionalizao crescente das sociedades.

    So entidades separadas o Futebol Clube do Porto e a Futebol Clube do

    PortoFutebol, SAD, detendo o primeiro 40% dos direitos do segundo. Porm,uma vez que o presidente da Direo do clube e do Conselho de Administrao

    da SAD o mesmo, diminui drasticamente a possibilidade de conflito entre

    ambas (Teles, 2012).

    Para Campos (2010), a economia mundial condicionada pelas

    palavras-chave concorrncia e produtividade e, segundo Kotler (2009), h doistipos de empresas: as que mudam e as que desaparecem. nesta ordem de

    princpios que em 2010, um novo Modelo Operativo (Ilustrao 2) foi

    implementado para assegurar a melhoria da qualidade dos servios prestados,

    interna e externamente.

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    FC Porto

    Desporto

    Modalidades

    Servios

    DesportivosFutebol

    4.2.2.1 FCPORTO DESPORTO

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    confronto entre primeiro e segundo classificado do campeonato de andebol.

    Este facto, esta realidade indesmentvel, da haver esta separao.

    No grupo das modalidades, para alm das j mencionadas (andebol e

    hquei em patins), inserem-se todas as outras, como o boxe, a natao, o

    halterofilismo, o bilhar, entre outras. Ou seja, as de menor expresso no

    panorama nacional. Contudo, tal no significa que as mesmas no produzam

    grandes campees, bem pelo contrrio; o hquei em patins, por exemplo,

    alcanou muito recentemente a faanha de conquistar 10 (!) campeonatos

    nacionais consecutivos. Apesar da grande notoriedade tida pelo Futebol, a

    instituio FC Porto tem pergaminhos na rea das Modalidades e so estas

    tambm merecedoras de especial ateno.

    Por fim, existe a rea dos Servios Desportivos, onde esto alojados os

    mais variados Departamentos: Mdico, Pedaggico, Secretaria Desportiva,

    entre outros, como o Departamento de Scouting. So servios transversais a

    todas as modalidades do clube, profissionais e ditas amadoras, que garantem o

    seu funcionamento e prestam apoio s mesmas, mediante as suas orgnicas

    funcionais.

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    4.2.3.1 ESTDIO DO DRAGO

    Inaugurado a 16 de novembro de 2003, o Estdio do Dragoimpressiona pela sua imponncia. Extremamente bem localizado, sendo visvel

    de muitos pontos nos arredores da cidade do Porto, esta obra do arquiteto

    Manuel Salgado rapidamente se tornou num dos marcos da metrpole. Tem

    capacidade para pouco mais de 52 000 pessoas e uma multifuncionalidade que

    lhe permite acolher uma grande diversidade de eventos, desde concertos aexposies. Foi o primeiro estdio a receber a certificao Greenlight, relativo

    ao esforo na utilizao racional da energia e na qualidade da iluminao, e

    est no top 25 da Fox Sports dos estdios sagrados do futebol. Viu ser-lhe

    atribudo o grau A na tipologia de estdios pela UEFA, o que lhe permite ser

    palco de qualquer jogo oficial de futebol, seja nacional ou internacional.

    4.2.3.2 CENTRO DE TREINOS E FORMAO DESPORTIVA

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    da parte desportiva, onde se contam um campo de futebol de 11 de relva

    sinttica e luz artificial, outro de futebol de 7 de relva sinttica, luz artificial e

    cobertura, e outro campo de futebol de 5 em terra batida, contm um espao

    formativo e de acompanhamento escolar para os jovens do seu quadro, entre

    outros espaos.

    4.2.3.4 DRAGO

    CAIXA

    O novo pavilho do FC Porto para as modalidades do andebol, do

    hquei e do basquetebol, modalidade entretanto suspensa. Colado ao Estdio

    do Drago, outro recinto desportivo que prima pelas linhas vanguardistas,

    funcionalidade e beleza. Possui um sistema de gesto de manuteno

    inteligente dos recursos, transformando-o num cone ambiental, semelhana

    do seu parceiro do lado.

    4.2.3.5 CASA DO DRAGO

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    Viseu, Casa Pia em Lisboa e a Escola Futebol Pauleta nos Aores, para citar

    alguns), utilizando as suas instalaes e fundindo-se com os clubes nas idades

    mais precoces, at aos 11 anos de idade. uma escola no s de futebol mas

    tambm de cidadania, geografia, ambiente e nutrio e uma autntica escola

    de valores, sendo um complemento ideal para a escola tradicional.

    Antero Henrique (in Revista Drages, 2012) afirma que o grande desafio,

    mais do que formar jogadores, formar campees. Formar significa ensinar e

    aprender, o que implica simular, repetir, corrigir, insistir, mostrar, etc., sempre

    com rigor, sempre com regras e estratgias, sempre com mtodo e modelo

    claro para seguir, acrescenta. O nosso intuito vencer na alta competio e

    participar ao nvel dos escales de formao, atravs do Dragon Force,

    remata.

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    5. DEPARTAMENTO DE

    SCOUTINGDE FUTEBOLDO FUTEBOL CLUBE DO

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    buscamos, conduz-nos mais cedo ou mais tarde para uma certa lassido de

    atitudes e comportamentos (Arajo, 2001). A reinveno e a adaptabilidade

    constante so prticas fundamentais a manter em equipas de sucesso.

    Segundo Ribeiro (2008), no momento em que tambm ele estagiou

    neste Departamento e hoje atual membro do corpo tcnico da equipa A, o

    Departamento de Scouting participa e colabora em vrias frentes (Ilustrao 4).

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    5.1 ORGANIGRAMA

    O Departamento de Scouting do FC Porto est bem estruturado, comdelimitao concreta e clara das tarefas especficas de cada colaborador.

    Distribui-se pelas suas duas reas de interveno, a equipa A e os escales de

    formao, sendo estes os seus principais focos de interesse no trabalho dirio.

    Tem um lder bem definido para todas as aes e uma comunicao fcil entre

    todos os membros, visto se encontrarem reunidos num s amplo escritrio ecom secretrias para os mesmos, sem espaos fechados ou isolados.

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    5.2 MODUS OPERANDI

    O modo de atuao de uma organizao vital perante os objetivospropostos. Se nos contextualizarmos na contemporaneidade e em toda a

    concorrncia que desta emana, temos ento uma perspetiva do trabalho rduo

    que espera as instituies. Miralls (2006) afirma que, na hipercompetio,

    nenhum ator (subentenda-se pessoa individual ou coletiva) pode pretender

    desfrutar de uma vantagem competitiva exclusiva e sustentvel, dado que avelocidade ao/reao um parmetro-chave para o sucesso e medido

    principalmente em dlares. Alcanar ou igualar j no bom o suficiente e a

    imaginao humana tem de ser a vantagem competitiva de qualquer

    organizao (Holder, 1995). Nesse sentido, Antero Henrique (in Revista

    Drages, 2012) v no FC Porto muito mais do que uma organizaodesportiva; v uma autntica escola de valores, ao afirmar que o FC Porto

    tem-se preocupado, para alm de jogadores, em formar recursos a outros

    nveis, designadamente treinadores. O mesmo afirma quepodemos dizer hoje

    que h claramente uma escola FC Porto ao nvel dos diversos recursos

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    peculiar da autoria de Co Adriaanse (inJornal O Jogo, 2006), antigo treinador

    campeo nacional do FC Porto. Segundo o mesmo, Barcelona e Chelsea tm

    excelentes jogadores em todas as posies porque os podem comprar. comoter um jardim. O FC Porto tem de plantar aquilo de que precisa e esperar que

    cresa. Enquanto isso, Chelsea e Barcelona veem o que ns plantamos e

    compram j crescido. E ns voltamos a ter de plantar.

    Existe uma espcie de bblia do Departamento, que o Modelo de

    Negcio. Retrata todos os protocolos a cumprir, determina o fluxo de reunies

    a realizar, define todos os passos de todas as funes e deveres do

    Departamento e faz uma gesto de recursos humanos na atribuio de tarefas.

    um registo dos processos e procedimentos e define o que se deve fazer,

    como se deve fazer e quando se deve fazer.

    Outro marco de importncia acrescida, foi a elaborao de um

    documento por parte de Jos Mourinho e entregue Administrao do clube

    em 2003, onde estabelece uma linha orientadora de jogo, universal a todos os

    escales. Mourinho (inJornal A Bola, 2003) assume que o documento procura

    de forma objetiva definir o modelo de jogo () assim como os respetivos

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    tudo mal porque no se conseguiu destacar nenhum jogador, ningum brilhou

    e nenhum est a brilhar, para a futura integrao na equipa profissional.

    Para a implementao dessa filosofia, muito contribuiu o Projeto Viso

    611, em 2006, mencionado por Antero Henrique (inRevista Drages, 2012).

    Foi um projeto de transformao do futebol no clube e que estabeleceu uma

    viso nica desde as camadas jovens at equipa principal, orientado pela

    formao de atletas imagem do FC Porto, e que teve a durao de 5 anos. O

    conceito pretendeu implementar uma filosofia nica, de baixo para cima, i.e.,

    dos mais jovens equipa A, de modo a uniformizar mtodos de trabalho e de

    funcionamento do futebol do clube, facilitando, desta forma, a incluso de

    jovens no futebol profissional da organizao, que o grande objetivo final do

    Projeto. Atualmente, com a equipa B, podemos assistir recolha dos frutos de

    todo o trabalho desenvolvido.

    5.2.1 AS PRIORIDADES DE OBSERVAO

    Todos os membros do Departamento tm bem definido no seu interior, o

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    euros para assegurar a aquisio de um craque. Para a formao, ocorre

    precisamente o contrrio.

    5.2.1.2 FORMAO

    Relativamente formao, h um maior leque de prioridades a

    considerar no momento da contratao de um jovem. Assim, as prioridades vo

    de um menor rigor e risco, at a uma maior ponderao e comparao entre

    pares, medida que as idades/escales vo crescendo, rumo equipa snior.

    Sumariando, Fernando Bandeirinha (anexo B) defende que nos escales mais

    baixos, podemos ter um nmero ainda mais alargado de jogadores, idades em

    que o FC Porto tem inmeras equipas por escalo, e fazer o que temos feito,

    que o efeito pirmide, que consiste em ir selecionando os melhores

    jogadores at s idades mais avanadas, numa espcie de seleo natural

    Darwiniana, em que prefervel, neste caso, ter um nmero mais reduzido

    mas com imensa qualidade, do que ter um grande lote com jogadores com

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    igualmente outra caraterstica da avaliao de um jogador; porm, um pouco

    complexa de avaliar em jogadores jovens, pois recorrentemente ocultam as

    mesmas apenas para ter o prazer de jogar de forma incessante. No FC Porto, avertente pedaggica equivalente capacidade tcnica e de habilidades de

    um jovem, pois o intuito formar homens e campees da sociedade, o que ter

    maiores probabilidades de acontecer em indivduos de sucesso na vida

    escolar.

    Outro dos aspetos relaciona-se com a distncia entre o centro pessoal

    do jovem, i.e., zona em que mora, estuda e passa a maior parte do tempo, e o

    local de treinos. muito mais profcuo, na comparao de indivduos, contratar

    um menino que more e estude no centro da cidade do Porto, do que outro que

    more em Penafiel ou na Trofa. Isto, caso apresentem o mesmo potencial em

    variados parmetros.

    Por fim, outro dos pontos a favor do FC Porto e dos clubes ditos

    grandes, o regulamento de transferncias em vigor em Portugal. Os

    familiares diretos dos indivduos jovens tm total autonomia e libe