o Novo Testamento perante a Escravidão
Transcript of o Novo Testamento perante a Escravidão
EM UAS RELACÜE C01\1
POR
A RELIGIÃO CHRISrÃ
~OClEDlilE RIU 'ILEIRA DE TRATADO: E\H(~ELICO'
A _E S C R AI V I DÃO
SÃO PAULO
'lHA .... YAPOR DE JORGE EI":KLER &; c.
Uma scena da Escravidão
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(;la.lun não ces.' cr:. , iC\"!l.nll"éOIDO trom beln n tua yo~ enl1uunciu. ao meu puvo n~ suu...c;maldades, e li 01lS'\ de Jacobos seu. petrndos. r·. fi T
Entre as recordações do meu passado,uma sobre "ae, como nota di cordantc emsaudosa harmonia.
Era eu iniciado em uma fazenda, no segredo das primeiras lettras.
Um dia, um ruido partindo de um quartofechado, na extremidade do terreiro, chamou minha attenção. Approximei-me eescutei. Gemido surdos c supplicantes destinguiam-se no meio do som de alguma~ cou asflexiveis que cahiam compassadas ~obre umcorpo mol\e. De \'ez em quando, uma voz
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ameaçadora respondia ás supplica' humildesde alguma yictima. Conheci a voz e compreh ndi o, gemido : alli dava-se uma dessa'cenas da escra\ idão, montruo as e dilaceran·
te., que tem de mil fazendas chamado terrí·veis maldicçõe "obre este desventurado paiz.
Sentia batcr·me ro\'oltado o coração; maque podia eu fazer, se não derramar umalagrima inefficaz de indignação e piedadepelo pobre captivo?
affre misero escra\'o, Já que c mette:ko crim de nascer no,- clima' ardentes dar frica, e já que perpetrasLe um outro nãomenos gra 'e-de abandonar o eito e oazorrarrue do feitor, para procurar no mattoa liberdade do foragido! Desgrac".ado quenâo conta\'as com a fome para te arrancardos bo..ques sombrios, nem c 111 ,tigma detu cor para te denunciar aos caboclos a 'iuo'da recompensa do tt;u senhor! Paga, pois,c IJ1 o teu . anguc 11 prejuizo qt e de te.
dire, g-eme e morre, infeliz, que o dia dar \cmpção não raiara para t:! Morre porque neste paiz ciZJilisad(J e c/lristão, . Ó a mortep de suspender o braço auto latíco de teup'lrceiro, antes que s _ cu 1 )ra a novenafatal eterminada pela justiça da fazen la .Entretanto, con ole-te e co ole-nos a crençade que os teu gemido <) teu sanCTuet m :iu recolhido no cali. - da ira da re tae tremenda j 1 'tlça.
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Lembro-me que no dia seguinte, ou diasdepois, achei o quarto aberto e entrei. Oh!miseria! alli estva pendurado um, instrumento horrendo: um páo curto de um centimentro de diametro, mais ou menos, servia de cabo a algumas correias de courocrú, finas e duras, todas ensanguentadasnas extremidades e salpicadas no resto. Umaescada no chão indicava no quarto o lugarde supplicio.
Sahi. O dia era esplendido e os sorrisosde um ceu azul varreriam, por certo, bemdepressa de meu espirito pueril a:5 dolorosasimpressões, se um novo espectaculo não asviesse accentuar profundamente.
Fui ao quintal, e lá, á sombra de umaJarangeira, vi deitado de bruço, um pobrenegro, que, se não me falha a memoria,.tinha uma grande massa de ferro cingindolhe os tornozelos. Acheguei-me: era a victima desventurada que alli procurava umabrigo contra os ardores do sol. Enxoteias moscas que o perseguiam, e-espectaculo repugnante !-atravez do trapo quemal cobria-lhe as nadegas, pude perceberlima chaga viva, funda, e purulenta!
Oh! maldicla instituição, que despertano homem o instincto da féra, obliterando-os mais comesinhos sentimentos de humanidade!
Qua i vinte aono,; são pass8 dos, c: anelec -tara c e infeliz?
A morte provavelmenk ter-lhe-há dado orcpou o e hospitalid:1de que lhe neg:1rampeitos humanos. Ou talvez ainda arrastemiseravelmente p,lra o eilo um r" O decarne que sobrou ao bacallzáu e aI) rdlwdo feitor, re to vergonhosamente di<;puta lopela voracidade do escravi:mo na oppo.;i<.áOa libertaç5.o do sexag narios.
E entretanto, quantos de.gra ad(l~ cumoesse, privados yiol~ntamente de :cus direitosnaturaes, têm ~ido, durante trcs eculos, covardemente explorauo:" cruelmente martyrisadas e murto pela ci\-ili. ação humanítaria de nosSO culto Impcrio?
Tremcnda realisação te\'c a maldicçãL' ueCanaan, ma" ai daquclles por quem se CU1TI
. e S cUl11J?re a tl:rrivel predicção de
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-captivos, sejam espectros que venham constantemente perturbar-lhe o somno criminosode um indefferentismo egoista e covarde!
E' mister que a iinprensa clame e nãocesse, que levante como trombeta a suavoz e denuncie ao povo a monstruosidadedeste peccado nacional,. que já não tem parao attenuar a ignorancia dos seculos detrevas.
E' mister que se diga com franqueza aossenhore de escravos o quanto ha deoffensivo ás leis de Deus e da humanidade,o quanto ha de vil na vergonho a exploração ele uma raça que tem tanto direito,como qualquer outra, á liberdade que Deuslhe deu.
Clama rei e denunciarei aos novos filhosde Israel esse crime que mancha ainda oseio das egrejas evangelicas do Brazil, comgrandissimo detrimento do Evangelho.
E emquanto a justiç,.-a falar por minhabocca, rninha VQZ terá a mE'sma auctoridadeque a do Propheta, porque a voz da justiça é a voz de Jehovah.
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A escravidão perante oVei ho Testamento
II
Lembra te 'ln.' tambem tu [(1,'1'c,cruvo na l\:rrtL .10 ngyplo. c queo 'enhor leu lJe.UF te libertou; epor i"isO U f( orJ "D{'I agora e"tprc<:eito. Deul. Vi. Iii .
Quando e. -aminamos a escra iJão á luzda razão e do~ nobre' sentimentos do coraçao, quando a consideramos cm suas de-astrosas consequencias ~ociaes, podemos
affirmar a priori com toda a s gurança,que el1a não tem, nào póue ter, a sancçãodevina.
Se não é uma nLntira o sentimento dojusto e do bom, o mais nobre apanagiocom que nos dotára o Creador; então nãopóde a ~scravidão aproiar-se nem no Velhoe nem no Noo Testamento, que contéma sublime revelação de e grande Creador.cuja justiça infinita e infinita misericorc1iase rdkctem nas almas creaL1as á sua imagem e semelhança.
_'ada, p rtm, obscur ce .. !lto o entendimento como o~ intere.·e mal entenchdosde. ta vida. • .ão e para tranhar, enãopara I' mental profundamente, que muito'chri tã I commettam () "<1(' 'ilegio de defen·der I a propriedade tsa lr'a com a Pala-
ra do Deus de ju liça de àmor.
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E' tempo de abrir os olhos desses irmãos, encarando a escravidão á luz de ambosos Testamentos. Examinal-a-ei hoje peranteo Velho: em artigos subsequentes vel-a-emosá luz do T ovo.
Do estudo do Pentateucho inferimos queuma tlspecie de escravidão era tole1'ada pelalegislação mosaica; porém, esse mesmo estudo nos revela que o seu caracter eramuito diverso do da escravidão que infelizmente reina em nosso paiz.
Pondo por agora de parte essa ordem deconsiderações, pergunto: Porventura, o VelhoTestamento instituiu ou mesmo approvouessa escravidão branda, que não podia entr.etanto deixar de ter certo gráu de injustiça e oppressão? Respondo-não) apenastole1'ou.
O Divino Mestre reivindicando a justiçade Deus, nos patenteia a razão dessa tolerancia.
Tentaram 05 phariseus um dia pôl-o emcollisão com Moysés, sobre o divorcio. Tendoperguntado se era licito repudiar-se a mulher, por qualquer causa, e sendo-lhes respondido que não, replicaram: Porque entãoMoysés o permittio?
Por causa da dureza do vossos corações;mas ao principio não e1'a assim, retrucoulhes o Senhor. Matt. 19: 8.
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E"ta r -p ta e razão. que faz rt.:,altar.sabedoria e bondade de [eus, c.' ~lica ato!erml': (! eles. br;l' ) captiveiro entre osjudeu a) me mo t mpo que n;sa 'a aJustIça Divina.
Ao principio não ra assim, D us nftinstituiu ú divorcio por qualquer cam'a : tolerou·o, preparando o povo para o rc.,tabeeciment da pureza c jus iça primitiva.
ssim da escra !dão cm ljualqut.:r grao, DdJ.1ão creou um !tqp o .lfim de cultiar prrn.
dão c I~ Ta o jardin do Eúen, ma, ellcs ocultiva am com s\ a propria mito. Gen. 2:
6, i, I " Depoi", quando a t 'n'a prodUZIe pinh ~ c abrolht) , não di.sc o S nhor:Co /leras o teu ptlO /lO suor do rosto de teueSCrtlVO: mas OH] nou:-COJ/lcras o /eu Pí;/'J1/0 suor do TE 1'0 to. (Gen : 18, 19).
Esta é a ordem primitiva, por Deus instituída' porém, homens;i medida que.;s multiplJcavam 'obre a terra, creSCIam nadepra 'a ,LO de sua natur za dccahiaa.treva. d seu enten limcnto tormnamse cad'vez nldi' negras e apaga\ am ni' ua almaos ·itigio. da lln;p'ern 1 rimiti\ ,\ de jlL tiçae anti ade (Ephe'ios 4: 24. orgulho,a cubil.:a e a indoleneia foral1 arraigandoprofun lamente a escravidão no costumes.de tod S s povos, como a hsr."via foi introduzindo :l polygamia na vida intima detodas a SOCIedade. "
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Desarraigar essas instituições abominaveissem preparar o povo, sem elevar a sociedade á comprehensão da justiça e santidade,era deitar remendo de palUlO novo em vestido velho, ou despejar vinho novo em velhos ôdres.
Dizer a esses homens obscurecidos' queelles não tinham o direito de matar ou escravi ar os prisioneiros feitos com o valorde seu arco ou de sua espada, em guerrafranca com o seus inimigos, era dizer-lheuma cousa ab olutamente incomprehensivel,inteiramente absurda.
Diante da dureza dos corações.. notemosa prudencia de Moysés, e a paciencia deDeus. em d,issz1111dm' os tempos dessa igtLOrancza. (Act . [7: 30.)
_ ão podendo abolir a escravidão, o legislador dos hebreus cerca-a de taes medidas, que cerceia-lhe os abusos e tira-lhe ocaracter de crueldade, que é sua feiçãoproeminente em nossa sociedade culta edzristã.
E' admira\'el ver es. e grande Legi lador,ha tre. mil al1l10S em um paiz asiatic;o,elevar-se nacomprehensão da justiça, nossentimentos da humanidade, muito acimade nossos legisladores do seculo XIX.
Estabeleçamo. um pequeno confronto eenvergonhemo-nos do contraste.
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4.qllcl/e que furtar 'lIJl !tOIilt?-lI/ e o 'i-'ellderdiz ; lo)'scs, co7l11cucido de crime morra di'mOI ti'. E.'. 2 I : [6).
Entretanto, os nossos legisladores leoalisam o infame roubo e o hediondo traticode africanos. 1 Tão é tudo: o art. 1 li dalei Saraiva e Cotegipc, não e. 'jQ"indc a declaração de naturalidade da nova macricula r
decreta a escravi. ação lIos que são linespela lei de 1831 !
O contraste e doloro o: lá prodama· ea ignidade do homem creado á imagemde Deus; aqui destroe-se a obra c oCre, dor, rebaixando suas creaturas racionae aonivel ele cousas!
Se cOll/prares um escravo llé'brt'?I. e/le teservira seis anllOS, e ao setimo sa!llrci :forrode graça. E não o~ deú:ará ir com.asmãos vasias. (E.. 21 : 3. Deut. IS: 13.)
O contraste é patcntc.-Depois de tre ento~ annos de uma horrorosa escra id.io, caheo glorio o gabinete Dantas por ter inscriptono seu programma a libertação daquelle quetinham Ja -ervido (/~z vezes seis mmos!
'e a/guem deitar fóra 11m del1ft' ao SL'lt
l scravo ou e~cra1.·a. os deixara iI' /i'L,rt·s.(Ex. 21: ~7).
Entretanto, por tres seclllos, . ob a cgidcprotectora de nossa 1cis, os c cravo!> ahiam l'vres de seus :oenhores, quando, com
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a carne ensanguentada, arrancavam-lhes osaçoutes tambem a vida!
\ ão entregarás a seu sellJlOr o eSC7-avoque se tiver acolJúdo a ti: elle IzabÜarácomtigo no luga?- que l!te agradar e descançará em uma de tuas cidades: nâo o7I/olestes. (Deut. 23: r5, 16).
E' pungente aqui o contraste com a novalei sobre o elemento servil.
Se um escravo, impellido por um instincto imperioso, evadir- e ás atrocidadesdo captiveiro, e, diz um do . nossos eloquente tribunos, ~ andrajoso, seviciado, espavoridú, irrompendo de subito, vos cahir dejoelhos entre as criancinhas, que vos affagame a mãe, que vos sorri, é preciso e magar ocoração, afogar as lagrimas, carregar. o emblante, e expellir o miseravel, ou a.marral-o,pflra o entrc-gar á justiça (!) Quando não, oprocesso, a multa de um conto de réis.»
Ao lado destas disposições mosaicas, quedenotam o caracter brando da escravidãotolerada entre os judeus, ha uma recommendação tocante que nào podia d~jxar deexercer profunda impressão no coração doisraelita. E' a que está collocada á testadeste artigo. Lembra-te que tambem tufoste escravo !la te1'1-a do EgJ,pto, e que oSenhor teu Deu$ te libertou.
Uma tal advertencia dava u.ma immensaforça ás tendencias libertadoras da legisla-
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.'ão mosalcél. l: corria poderosamente paraabrandar a dure::;a d,(}s corações e restabelecer no . eio da familias religiosas, a ordeminstituída ao rillCljJio., Fique pois por hoje demonstrado:
Que a escravidão, ou ante, ser idão judatca era muito div<.:rsa da escravidão actual:consegullltemente absurdo é justificar e,;tacom aquella:
Que me mo e_sa servidão era apenas toJO'ada em razão a profunda igno rancia dotempo: e dureza dos corações: I azão quenão póde "t:r invocada no seculo das luze,;;ob a di. pcn ação christã;
Que, tinalmentc, qucm quizer defendersua propriedade escra~'a com o Velho Testamento. deve appellO'lr para a ordem /lO
principio por Deus estabelecida :-COllll!rtlS
o 11:'1( PilO 110 .'/for di' TEU RU. Ti).
o Novo Testamento perante a Escravidão
IIITudo o que \"OB '1u(]rd~ -.11(." \ (I~
fllçmu oS! homeml huei-u tambem 8cllQ.. Por1lue ('lIl, é a Lei e o) I'ro_phela.. Mal. Vfr. 12.
Fic u patente do artigo anterior que oc1ho Testamento e tá longe de legItimar
a escr. vidão. E o Qi\'ino :\lestre, interprde
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infalliveI da Lei e dos Prophetas, synthetisando o ensinos e o espirito do Velho Testamento, no texto supra tran cripto, confirmaplenamente as conclusões desse artigo.
Pois. se a Vellla Dispensação, que SãoPaulo denomina-jugo da esc1'avz'dão (Gal.V. I), condemna, entretanto, o captiveiro;a Lei Real da Lz'be7'dade, como chamaS. Thiago (II, 8, 12) a ova Dispensação,o sanccionará?
E' por certo contristadora a nece sidadede se mostrar a chri tãos que a indole dochri tiarÍisrno é inteiramente infensa, profundamente opposta á instituição servil.
De facto, Aquelle que veio • prégar remissão aos captivoso, como declara o Propheta (Is. LXI, I) póde porventura pactuarcom o captiveiro de qualquer especie? Eseu sublime Evangelho que ao homensannuncia a «liberdade dos filhos ele Deus»,póde coadunar,se acaso com a escravidão?Finalmente, o Jovo Testamento que nosapresenta o } ilho ele Deus derramando oproprio sangue preciosissimo para nos resgatar do captiveiro; o Novo Testamento,que encerta o Evangelho offerecendo a todosgratuitamente o E pirito do Senhor, que éo Espirito da liberdade (z.a Cor. III, 17),póde porventura cobrir com seu manto dejustiça e de amor, a mais flagrante e maiscruel violação do amor e da justiça?
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~ TO cmtanto, procuram alguns chris tãos,que talvez m reçal1 este nome, obscureci·do;; pelo. intere. e negreiros, justIficar comcerta:; recommendaçõe de . Paulo aquiJloque não :0 e uma traição ao c~pirito doEvangelho, ma! a negação cO'TIpleta dadOl'trinas e da vida desse grande ,11 ostolodos gentios.
S. Paulo recoml11cnda a0S servos queobedc,;alll a seus ;,enbores, aos senhoresque'[,Içam com os servos o que é de justiça e quiJade; logo-fatal cegueira!-ae-cr(1\"lCl,lo ju tifica-sc perante o _ ov Testament .
Com o olhos cerrados a luz do ~van
gelho, não attendel1 á m n truo a blasphe·mia de :emt:lha 1tt conclusão. Pois que ~ oe pi rito da liberdadc e do amor fíaternalpóde irmanar-se, sequer harmonisar·s, com aindole da escrm'idão: Christo, o H.edcmptordo mundo, póde ser ccnnivente na destruiçãosacrilega da obra do Cre'ldor, no assas inatomoral de milbare" d cr 'atura ?
Brilhem, em n s s almas, alguns raiosda e plendida luz do christiani. mo, c patentear-se·ha a loucura de uma tal conclusão.
Pondo () ello de sua auctoridade di\ inana Lei e no Prophetas, pre 'cre 'e o Senhora seus discipulos; '(Tudo o que ·ós fluereisque \'0,.., façam O' hOI ens tàzei·o tambema clles »
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Agora pergunto :-este preceito do grandeRedemptor, entendido na extensão em quedeve. er, é ou não é, um preceito aboHcionista?
Uma vez qLle elle penetre no entendimento, no coração e na consciencia dochristão, que não é um mero hypocrita, pódeelle deLxar de determinar forçosamente, obrigatoriamente a libertação de seus escravos?
«Fazei aos outros o que quereis que osoutros' vos façamo, sobre ser um artigo delei positiva é uma verdade primeira, umaxioma moral, de uma applicação tão intuitiva ás relações dos senhores' para comseus e cravos, que escu ado me é ;'1si tirsobre eUa.
Que outros dominados por mesquinho$interesses recusem syste01aticamente pôr empratica Das multiplas relações ç1a vida estaregra de ouro' nunca, porém, o fará ocl1ristão sincero, pois que lhe é el1a duplamente santa, duplamente obrigatoria: oCreador Ih'a prescreve pelo orgam da razão, e Christo nas aurea paginas de euEvangelho.
Lançando por terra o muro que separavaisrael dos outros povos, Christo affirmaS. Paulo, matou em si as inimizades, eacabou com a distincção entre judeus egentios.-Do alto do monte da Galiléa, enviando seus Apostolos, o Salvador proclama,perante sua Cruz, a egualdade dos hotnens
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ri toda as cores, a cCltll'Jlicidade da no\'areligião, que abrangeria no seio maternaltodas as raças, língua' e con liçõe.s, • r'L
Parabola do amaritano 'a1. cahir a, e~ca
mas do olhos do douto' da Lei, e vibr,l.no peito estreito do jud'.u, a nota ublimcdo christiani;;mo, eni'inando-Ihe que, pro--imo não e sórnentc o que falia a mesma
lingua, ou o que tem a mesma cor. 1 a,;·gande a. sim largos e de 'onh cidos hori·sonte', ordena Je u~ a eu po\"o, como as)'nthese maravilho a da Lei: cAmar;i ,Iteu pro 'imo, com a ti me 'mo
E não . transgn:dir e 'se manchlllenloconservar meu proximo c1cbai 'o de um jug'oque, cm circunlstancia nenhuma, queria, obremim?
Com .:, Paulo, c,me permittido cl 1. r emnobre alti,'c7: .DL ningUém me farei e.,.crm'o, Mas, 0)[110 póde haver cm mimrccipn'cidade christrr. a caridade ele Cht;Slll,se cu permittn qu 11m outro homem sejafeit meu esc 'avo ~
mar~' teu pro, 'imo como ;\ ti mt:'1l1
a conr enm;' ão terminante do capti eirAinda mai,: quando, a 10ite, no ti::
quarto, ~egui Ido as prc, cril-'ções do - alva·dor, dize;;: Pac 1l0SS0; tas palavra. nãoqueimam, por ventura os labias? Comoou a nes a. sublimes palaYr~ da oraçaodomil11cal, proclamar a fraternidade d todo'i
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os homens, se lá na senzala estendem-sesobre dura taboa os membrps andrajosos ealquebrados de um homem que é teu escravo? Onde está tua sinceridade? Poisaquelle que por um pouco se esquece desua triste sorte, é de facto teu irmão paraque tenhas o direito de elizer-Pae nosso?Leva. acaso o despreso ele Deus a pontode crêr que a tua oração será ouvida?
Não reparas que o uor do negro derramado por ti e para ti, seus membros fatigados, seu corpo deformado e andrajoso,sua intelligencia embrutecida, são terriveispetições bradando á eterna justiça: Nãoouças a oração hypocrita: elle não é meuirmão: é meu senhor?
A admiravel introducção da oração domilúcal, reveladora da essençia divina do christianislDo, é a manifestação eloquentissirnade seu espirito fraternal, diameUalmenteantagonico ás injustiças e atrocidades inherentes ao captiveiro. E', portanto, a condemoação emphatica e peremptoria da escravidão.
EUa foi po ta pelo Divino Me tre nabocca de seus discipulos, para ser proclamada como um protesto diario contra todasas tyrannias e violencia da ferocidade humana,
.Pai Nosso! tres syllabas que encerrama idéa mais elevada que nos foi dado com·
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pr hencler. diz . Martin, e que um diade, e quebrar todas as tyrannia, 'ivificartodo os PO\'OS, e constituir o gcnero hu,mano em sua gloria ç liberdade. ~
E de facto, em todos o tempos e paizescm que o espirito genuino do Evangelho
-contidos nessas syllabas luminosa:, . e temencarnado no seio de communidades. nube.'empre o homem despedaçar os grilhõesdo eaptiveiro. para dizer a . eu escravo: tucs meu irmão!
Liberdade e fraternidade, . ublimes ut~pias
do espirito humano, são os fructos tIt11\'ersaes do \'erdadeiJ o christianismo,
Basta o que ficou dito para evidenciarque a indole e o. preceitos do No\'o Tes·tamento, longe de harmonisarem- e com odemento 'ervil, são pelo contrario a maiscnergica e efficaz das condemnações contrae sa postergação do direito natura!.
erá, pois, crivei, que o heróe mais emi·nente do ovo Testamento, o trpa maiscompleto da caIidadc cvangelicu, a encar,nação mais viva do e pirito christão, o O'rande\postolo do genti()~. trahise a mis dO de
amor, justiça e liberdade, de que o cncarregira o Salvador, justificando a escra, idão?
Imp si eJ.E <:. suas recommcndaçõcs?
E o qu e aminarel no proximu numero.
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IV
A Lei foi posta Plll'R.·. os rot!bndore- do homens .
.l. 7'im. 1. O. 10.
Do expo to no artigo antecedente, pode-seaffirmar sem he itação que, se lVIoy és arrancou as prezas da serpe do escravi moentre os judeus, Christo matou-a ent:-e oschritãos.
Cumpre, talvez, aqui observar COlp SãoPaulo, para dis. ipar qualquer duvida sobrea veracidade de uma tal asserção, que nemtodo o que se publica judeu, é judeu: domesmo modo muitos que se appelliclamchristãos são a deshonra des e nome.
E' tempo, porém, de lavar o Apostolodas gentes do labéo de escravocrata, entrando no exame de suas recommendações.
«Servos, recoml'nenda S. Paulo, obdeceiem todas as cousas a vossos senbores temporae .». t Vós, senhores, fazei com os vossos servos o que é de justiça e equidade:sabendo que o Senhor tanto del1es, comovos o, e tá nos céos: e que não ha aece-'pção de pessoas para elle•. Cal. III. 22,23 ; IV. L .
Sã0 estas as palavras que lidas atra\'ez.do prisma dos interes es negreiros parecemju tificar a e cravidão.
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não 'ponderando a circumstancias do tempofalseas e imprudentemente as sabias recomJ)1endações do Mestre, deitando o vinhonovo de sublime doutlinas em velhos ôdrespagãos.
Convinha-lhe portanto, imitar a prudenciade Moy és; importava renovar os odres,para que pudessem resistir.á expansão poderosa das novas idéas.
Não devia, observa criterio ament obreeste ponto o Rev. Houston, esperar a colheita antes de lançar a semente. Era necessario prim iro lançar a _ementes dajustiça, da caridade, da gualdade absolutaue todas as condições e posiçõe ociaesperante Cbri to cru ificac1o, da fraternidadeuniver al perante o nnico Deus de toda aterra, Pae commum de toclo os homens,para que se pudesse obter a colheita luminosa da liberclade. Convinha que O e pirito de Chri to penetrasse pri:lleiro na ma saimpura do gentilismo.
A escravidão era ymptomatica do egoismo, indolencia e ambição desenfreada; relevava combater a origem do mal. E' por
- certo charlatão ou in xpericnte o medico quecombate os ymptomas, em ,-ez de combatcra molestia.
1. lão raro t: ser uma febre, por exemplo,o resultado de uma lesão organica ; neste casu,só a insensatez poderia levar o facultativo a
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tentar lral-a, scn previamente medIcar o01' am lesado.
Tae. 'onsideraçôcs tornam claramen e compn:lll~lldjdasas rec 11lmendaçües de '. Paulo.Com medico ablO c. dilio-ente, applica\'G 'lSmolestiíls originac~ o poderos remedia d;!."novas doutrinas, certo dc que com a n 01 'stiadesélpparcceriam os symptomas.
üenlais, S. Paul não era um politico queprelen e e reformar o: mold!.:s das velha.soeied lrles. A n;~encraçJo :aeial er 'Ipene,,,uma cbnsequencia natural do' sãos principiasque pregava. . u. mi são era immcdiata ~
mais elevada: ellc busca\'a a sc.lva ';i(\ daalma, pela fc cm J sus Christo cruclficad .
Com que direito, p rtelI to, t bstaria elle asalvaC:10 urgente de milhare., levantando Ingo110 pr'ncipio o grito en 'urJccente de preconceitos eeuJar s, c profundo" interesses deordeno privada e politica?
p, '1' toda" e. sa' considerações a' 'az podero:~', convinha .di imutar ainda o tcrll}) "( e --a ignorancia., c, como l\[oysé. J a e·verade melhores tempo , capitular ante a durt'.. l
dos corações. ate onde fo~se campa ivd coma c.lignidnlk ti· seu mini terio.
A palavra do Apos 010, não importam,pois, a 'gitimação tia . cra\'ldão cn t mp)Jl nhum, muito menos no seculo em q c j\ emos. O valor dellas pódc er t~. ·prL:';. ona seguint paraphrase.
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dito sobre os motivos llU~ determinaram su;lprevidente posição ante o temeroso problema.
Como Moysés, ergueu-se elIe muito acimade seu tempo, e lavra em suas epistolas asentença de morte da escravidão, em, entretanto, lançar a scenteUla das confiagraçoe.civis, que, já no' anno 133 antes de Christo,convulsionára terrivelmente o Imperio.
Ante o estado explosivel da sociedade, revelado por e sa temera. a revolta dos escravose pela insurreição heroica do.- gladiadoresno anno 7 I da era christã, admiremos a habilidad com que o Apostolo reprova a servidão, aconselhando os servos a se libert~
rem: (Foste chamado endo servo? não tedê cuidado: e se ainda pódes ser livre. aprov ita-te melhor. Porque o servo que foi chamado no Senhor, liberto é do Senhor: assimmesmo o que foi chamad sendo livre, ervaé de Christo. Por preço fo tes com rado.,não vos façaes servos de homen .' \ I Cor.7· 21. 23)·
E tas palavras com certeza não revelamgrande enthusiasmo pela . ervidão.
~ este melindroso assumpto, não esqueceu'se S. Paulá dos enhore. ão só lembra-lhes que elles e seus escravos são escravos de um mesmo Senhor, para o qual nãoha accejJção de pessôas, mas on;lena-lh s quedeixem as ameaças e façam com seus servo:,o que é de justiça e equidade.
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E hoje que a d\1lcis~jma luz do Evangelhoem di ::.ipado 05 n v eiro. da razão, o que
é. pergunto ao mai velTlelho scravocrata,<) que é quc~ perante o. immutaveis prin·cipios da jllstiça, . e deve fazer com aquclle:::que foram ;niquamente privados de se\1~ di.reit, .:
5,1 nota\'ei ainda as pala\ ras com queS. Paulo apadrilJlw um escran) fugido Oenhor é Philct11un, l: o e"cravo Üne..,imo.Ainda que eu tenha l1111ita liberd.1d' cm
Jesus Chti.-to, para te mandar o que tc convém: comtudo antes te rogo com carid,lde .pelo meu tilho Oncsimo. Recebe-o nãl) ja'com) um ~l:r\'o, 111,5 cm vez ue :en'o \1nirmão muito amado. (Vs. 7, lO, 16).
Tal pedido não é certamente (Il.: um enthusiasta p la propricc1aue cscrava ; pois, bementendido, clle encerrava um mandaIJ/oztopara a lib rtação do convertido )ne imo.
Finalmente declara. o l: 'cellente Apo tolo,que a Lei de Deus foi posta para a condemnaç 10 dos roubadores de l/ll?1/CIIS. (r Fim.I la).
Fa7.er lima tai declaraç;jo é fulminar a escravidão. a do Brazil principalmt:ntc, cm suaorigem, t.: pôr o que se aprO\ citam c1'e. eroubo debai'o do ernvd anathema da LeIdi ln:l.
f...' de crêr que não invoc,lrão mai" Iml.lL-nlllt.:ntc :::l. Paulo, ara cobrir COI ua aucto-
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ridade veneranda aquillo que é a contradicção flÇlgrante do e pirito e doutrinas do christianismo. Suas 1'ecolltmendaçóes explicam- eá luz dos tempos, e não pódem ergu~r-se emconflicto com o influxo invencivel do Evangelho, que tem em todas as espheras pro.clamado Hemissão aos captivos•.
o Pulpito em face da escravidão
ve o Atalain: \ ir (1118 '"éUl a ei·
1)311... e mio tO('ar 11 trom bell1' c oJ)O'·o _e não guardar, e vier fi. e paLiae lenlr uml1 lLlma dentre elles' e~tctal foi por ceno uPlluhado na sull. iniquidade mas cu demandarei o seuslLngne àllo mno do Atailli .... E:. ;1.1. Ô.
A escravidão é um roubo sacrilego, porque a liberdade é um dom primitivo de
.Deus, e sencial ao ·pleno cumprimento doselevados destinos da personalidade humana.
A' luz de nosso seculo, impõe- e e ta propo ição com clareza intuitiva de uma verdade axiomatica. O mais intransigente dosescravistas, seja dito em homenagem á intellectualidade brazilei ra, não ousa negaro brilho de sua evidencia.
Forti imo é, pois, a posição abolicionista n'es~e ultimo quartel do seculo: infe,lizmente não acontecia isso nos tempo
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apostolico. Cu ta a crer que tanta fossem as treva do espirito pagão, que me. moseus philosopho pugna. sem em favor dae cravidão, como de um direito natural, po:i' o que era uma nece secidade social.
~ Tão pode com certeza subsistir a ~ocie
dade s m o trabalho manual sem a indu'tria; entretanto, apregoavam os cégos moralistas desses tempos, que não deviam o,;cidadãos deshonrar-s~ com a industria e vtrabalho, naturalmente reservado. aos quetraziam no corpo o ~ rrete de capti\·os. DizXenolJhonte que o homem condemnado ?trabal'lO manuaes, torna-se inutil a republica, máo cidadão e máo defensor da patI;a. Cicero tem por verg(JllllOSO e i7ldiglzade 11m IlOlIlem /à/re qualquer p1'ojiSSão laboriosa, e lIlal exceptua a arc/titrc/ura e alIlt'dicilla. C Canlú voI. 4.°, pago 56.
Com preconceitos tão absurdos c infelizesnão era ele espantar, affirma o mesmo historiador. qu fosse a c cra"idão considerada como de direito natural, como umdogma politico pel s proprietario. e pelo_philosophos, que não po . iam comprehenderuma ,:; ciedade sem aquclla fune ta condi-ão. Mais ainda: os proprio escravo "
quando se revoltavam, não contestavam oprincipio de sua condição. e limitavam-. ea protestar contra os excessos de que ossenhores os to 'navam victimas
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Isto projecta rfova luz sobre a prudente.attitude do Apostolo dos gentios, e sobremodo corrobora as considerações do artigoantecedente. Por mai de um motivo convinha-lhe alargar primeiro os horisontes moraes, e primeiro convencer de estultice asabedoria daquelle seculo. O abolicionismointransigente, immediato, seria um crime delesa-sociedade, a violação de um direito_ocial I
Hoje, que, apá dezenove. eculos de ludas, os brilhantes raios do christiarusmo temvarrido as carregadas sombras do espiritahumano; hoje não ha mais razão para asreservas do Apostolo, pois é claro, como aclara luz meridiana, que a escravidão é aviolação do direito natural, um crime delesa-humanidade, um attentado sacrílego contra a obra do Creador. j
A' luz destas verdades incontestaveis, qualdeve ser a attitude do pulpito em face daescravidão?
Deverá ser a attítude negativa da re'erva?
Porque? Haverá perigo de partir do pulpito a fagulha productora de um incendiosocial? Sobre I I milhões de homens livres,haverá neste Imperio roo milhões de escravús, cujo estado convul o, inflammavel, espere, soffrego, a primeira faisca incendiaria?
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cOra~ão do senllOr, cahirão por terra a.cadeias de seus escravos.
Se este modo de proceder fosse licitoem relação á escravidão, porque não o seriaem relação ás loterias, ao jogo, á embriaguez, á quebra .do domingo, e a mil outrasexternações do peccado?
Ha, portanto, nesse methodo de conductauma falsa apprehen ão dos deveres pastorae , de qlle infelizmente se encarrega dedemonstrar o aspecto de muitas familiascrentes.
«Eis ahi, diz Amós, os olhos do SenhorDeus abertos obre o reino que pecca, eeu o exterminarei da face da terra •.
E as ruina.s que juncam o sólo desertodo mundo antigo, lá estão attestando, nacioquencia de sua mudez, á veracidade' doPropheta.
ão será, pois, dever urgente de empunharem o thuribulo os filhos de Arão, efazerem subir de sobre o Altar o incensode sua intercess,ão, antes que se accenda aira do Senhor contra esse pctcado nacional?
:Mas, o fumo d'esse incenso provocará ajusta indignação de Deus, se forem os sa·cerdotes participantes d'esse peccado. Eainda me mo que não tenhamos o anathemacm nossas casas, não existe elle pon-en·tura em nossas egrejas?
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c a inju. tiça da escravidão tem de eh mar mais algum flag 110 sobre este pa'z,não diz a E:criptura Santa qu dle eon eçará pela ca a de Deu ?
A apathia (leial nos acabrunh,l, e não éneees"ario muito atilamento para dec:;cbrir-. e na esera ,'Ídão a causa princIpal de ti;
grande mal. E não é verdade ue temos,em geral, a lamentar o mesmo mal em10 sas communidadcs ere te:>? Porque entãonão enchergar na me.",ma cau. a a origem<J'essa atonia religiosa, d'essa '\" lhice prematura, que aml.:aça ac; egrejas:
'ão sera, pois, tempo de bradar co TI
Jo ué: «O -.nathema está no meio de ti, oh!I rael ~
Do seio das Egrejas E\'angelicas, partiu,nos E tados-Unido I o brado que espedaçouO' ferros de quatro milhões de infelizes.Se tremendo foi oca. tigo que recebeu are istencia do Sul, riquissimas foram abençãos que seguiram-o e á redcmpção doscapti\·os.
O. ministros do ~ enhor dirigiram represeI taçücs .0 governo da n:publica; o pulpito arremessou contra a nefanda .n ÍtuÍção, os r:J.ios da condemna"ão divina.
Le\ antou- e então a con~ciencia naCionale e magou com a pIaI ta de Lincol acabcç'l da erpe maldita.
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E quando os navlOS negreiros cruzavamdesassombrados, os mares, affrontando ajustiça do Creador, foi ainda o espirito dochristianismo que, apoderando-se de \Vilberforce, 13uxton e Lamartine, deu satisfaçãoá Providencia, fulminando com o verbo incendido da justiça e caridade o hedi andotrafico de africano..
Morreu, porventura esse verbo poderosono labias dos mini tros do Senhor? O fogosagrado do Evangelho, que dava temperainquebrantavel á perseverante coragem deGarrison e Brown, que fazia pulsar no largopeito o coração generoso de vVilberforce eBuxtOll, não terá mais a virtude de infundir nos corações crentes a mesma dedicação,e produzir as mesmas puL açôes ante a iniquaQppresSão de uma raça desgraçada?
A' extincção desta iniquidade social estáprovidencialmente ligado o protesto efficazde eminentes christãos. Privar-se esta sociedade,desse protesto fecundo, não é talvez frustar-se os designios da P.rovidencia,ou, pelo menos, incorrer-se na ameaça estampada á testa deste artigo?
Ainda mesmo que se duvidasse do extenso poder da palavra Evangelica nestevasto paiz, póde o pulpito assistir mudo,indifferente, sem violar seus mais sagradosdeveres, ao espectaculo contristador de atro-
3.) -
pelar.se o direito, a justiça e caridade ásombra sacratissi,na da religião do Cruci·ficado.
1 'ada, pois, de contempori ação Oll c<.1mparticipação com o peccado social, que a 'saztem prejudicado o" 'itae:- interesse: da Re·ligião.
Levante-..;\: em nome do Reuemptor ome:m protesto que já se te le\'antadoem nome da razão, da humanidade (; do.interesses economicos d ste raiz.
Salve-se a honra do E\-angclho, cahindode todos o pulpitos o raio e. -terminadorda escr \ iclão n' . eio da. egreja..
o crente e a escravidão
VI{) nnal ilema c~ta 110 lUcio
d,· tI. ó J:-l'Ut~1 tu nüo pucJerü... ~:it:tr fliftllto de tem:;inilui.rolo' !lté ulÍn ~cr e termiUlltln ,lo lDeio ue i u que~ 3,<:hlt mnllc1lUfllJ dp.;l'" tri-
me. .ltHUI 7. Is.
TUlelo n s artigo antecedentes chamadoa attenção para o facto d ser a e cra\'idãoaltamente offensi\ a ás lei; de Deus e dahumanidade; cum re·me, ao concluir a tarefa que me impuz, applicar a conscicncia dchn tão sincero as -erdade já expentlida
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Ouve-me, pois, com paciencia, prezadoirmão, se é que possue escravos. Impelle-me o desejo de teu proprio bem, tantoquanto a compaixão pela raça expoliada.
r. o Tu professas ser cl1ristão, por conSt "uinte respeitador das leis de Deus, quereJam ellas escriptas nas pagin'as das Escrip
turas, quer gravadas nas taboas de teucoração.
Pois bem, nunca attendeste á manifesta'incompatibz'lz'dade que lza entre essa profissão de fé e o captivez'1'O ,que mancha tuacasa?
Se ate aqui procuravas confusamenteadormecer tua con ciencia em algum textoisolado da Escriptura, creio que já te convenceste do absurdo e acrilegio de semelhante tentativa. ão ousarás mais invocar5. Paulo como advogado da escravidão.
Se a religião, portanto, que professas,condemna o captiveiro, escollze entre ella eos escravos que possues. Ou guarda teusescravos, e continua aproveitar do suor dorosto cio teu proximo, e, neste caso, imitando o exemplo dos"'~adarenos, pede aJesus que se retire de tua casa; ou então,restitue a teus escravos a liberdade roubadae declara por esse acto que não és ummero hypocrita.
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;-'Ia i.to e duro, dirá, ningu m tem odireito d me propôr tüo critica altcrnatÍ\ ,..
Que é duro, não o nego' porém quenão me as i ta o direito, mais ainda, o de'cr, de por diante d'~ tua con;'ciencia e' a
penosa alternati\ a, cousa é essa que podiaser verdadeira se tu c eu \'ive semo \lO
.'ecu]o cIe . Paulo. .A' plena luz du cbristianismo, que t 111
illuminaclo a esphera moral da 1umaniclade,cUI1pro apenas um dev-er infelizmente ne·gligenciado.
E em face do e.'pendido em artigos anoteriol es n: ponde-me: J: Lscraddão : ounão Ima injustiça, que offende directamento e.-pirito e o. preceitos do Envangelho :
c t, como não ousas negar, não póde elladeixar de ser um peccado profundamentede. agrada 'el ao Deus de caridade annul1ciado pdo grande P edemptol'.
E pócIe o christão,. em perder. ipso fadoo direito a esse nome sagrado, con. er art-wluÚ'ntemi'nte em 'ua ca a, ~ob qualqu rprete.'to, uma cou a peccamiJlosa, desauraclavel a seu Deus?
Conh ce que a c cravidão e uma mjustiça, portanto, um pucado, t: continua.'l}()!tmtanamente a commetter esse peccado r
"~ão nec;aras, por certo, a S. Paulo eS. João o direito de te propôre n, em tuascircutn5tancia<;, a terriyel alternativa. Ouve,
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« e nós peccamos VOLU_ TARIAMENTEdepois de termos recebido o conhecimentoda verdade, já não resta mais hostia pelospeccados, senão uma esperança terrivel dojuizo, e um ardor de um fogo zeloso, queha de devorar o adversarias.»
Filhinhos, ninguem vo engane. O quefaz obra de justiça, é justo: como Elletambcm é ju. to. AqueUe que commette opeccado ê filho do diabo.» Heb. 10. 27 .João 3· 7, 8.
Abrindo. lois, diante de tua conscienciaa terrivel encruzilhada, não fiz mais do quepropàr-te o en. ino desses iIlustres Apostolas. Não exhorbitci, antes te offereci umapedra de toque para mostrare a teus Irmãoso fino ouro de tuas crenças, e persuadiresa ti mesmos da sinceridade de tua fé.
2.° «E os meus interesse, como viverei depois», objectará talvez.
Teus interesses são oS interesses da justiça e da verdade, são os illteresses do Evaltgel/to, e a vida de tua a/ma vale 1m'/ 7/t'.zesmais que a vida do teu corpo.
e Bu ca em prim iro lugar o. Reino doCéo e a sua justiça., é ordem terminantede teu Divino Mestre. Quem, pois, ousadesobedecer aO Senhor dos senhores? Queordem de interesse haverá na terra ou nosinfernos, capaz de upplantar os supremoslnteresse do reino de Deus?
Demai , quel 1 te di . e quetem orae . offrcl iam? ão vale aoe D u mais que o braço.cra o':
Di :>e-mc, ha pouc dias, um fazendeiroque espero a colher cem alqUl:lr de arr ze colheu apenas quatro. Cumpre o prec itos do Senhor e • Elle abrirá as cataratas uo céo e derramara sua benção sobrti, e em abund ncia. t Mal. 3, í. I 2,
Julgavam os Est, do do -ui, na An ericado orte, qu acabar com o. scravos cramatar o rei algodão de truir a la\ ura,e, c 'lseguintcmente, a riqueza e a pro. pe·ridal • do pai:'. o 1.0 de Janeiro de 1 63,11m golpe ioLnto do grande Lincoln converle em ci adJo. milhões d sera o .:\pó o terri d abalo, c apesar de 4 annode tremenda gl' rra ci iI, a riqueza e pro·gresso dos Estados·Uniuos não tem rivaesno mundo, e os uli..tas em nada tem queinvejar a prosperidade do • orte Este quadro contrastado com o estado do no o
aiz, uma eloquente contir .1<1 'o da se-gUlDte \'erdade affirmada pela F. criptura,erdade que naturalmente e 'edtica no
individuos, cujo aggregado con titu rt1 anação, A justi 'a e. alta a naçõe. mas opeccado faz mizenveis os povos.) Provo 14.34-
AI m dI -), AquelIe que dis eJ Busca oReino do Céo e ua justiça em primeiro lu-
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gar,» accrescentou, «e todas as cousas (temporaes) se vos darão» Mat. 6. 33.
3.0 Mas a lei de meu paiz me permittepossuir escravos~ dirás talvez no desejoegoista de conservar tua p1'opyz·edade.
Dado que haja essa lei, ella é llulla perante tua conscúncÚ:1J, ainda mesmo quepromulgada por uma assembléa de anjos.
ão ha para ti lei valida, que se levantecontra as leis de Deus. . '
Essa pretença lei te cCJI1cede a posse dalibeJ;dade de outro homem; porém uma leiprimitiva e mais alta confere a esse homemo dominio de sua propria liberdade. Asduas leis se contradizem: é necessario escol/ter entre el1as, e eis de novo a criticaalte1'nativa a surgir di1nte de ti. Ou a leidos homens ou a lei de Deus: decide.
4." Os que, pela astucia e pela força,e apoderaram, nas costas da Africa, de
homens livres, para vendêl-os aos fazendeiros do Brazil, commetteram evidentemente um roubo hediondo. E todas asleú de nossos legúladores não pódem legitimar um roubo. A Lei de Deus ahiestá, declara S. Paulo, contra os 1'oubadoresde /tomens.
Mas objectarás: «Os culpados são osque roubaram, eu po suia os escravos naboa fé.)
-·H
Bem, por 'sso eras de~culpavel; poréne:;-a boa fé não existe mais.
abes que foram roubados, como consen-te_ em reter roubo :
Tão bom é o ladrão como o con--entidor.E" duro no teu caso a app1icação desta ma_'ima, e sinceramente des~io que de a ap~
plicação te possa. eximir.
Entretanto, essa maxima é a consagraçãop pular do que diz o Apostolo: ~São dignosde morte os que fazem . emelhante cou:as,e... os que consentem aos que a fazem.~
Rom. 1. 32.• 'ão roubaste, é verdade; mas aproveitas
do roubo que outros fizeram, e assim cancentes, tornando-te solidario com elles perante Deu.
Quando .ompramo: um objecto roubade o dono reclama, absurdo e ridiculo seriae. -igir dell· o valor do objecto, para Ih'oentregarmo. então. a unico rccurse- é irmo:> bater éL porta do ladrão, para reclamarno so dinheiro. Porém, o ladrão morreue outros moram em 'ua casa. aue fazer?E. 'igir do 1 ovos moradore umã in :lemni·sação? Elle: os bateriam, indignados, coma porta na ca'-a.
_"ão h;"l remedia: ' entregar o objectorvubado, ou lamentar inutilmente a nos. aimprudencia II má sorte. a contrclrio é
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faltarmos á lealdade, e darmos o direito desermos equiparados ao ladrão.
Poi bem, o escravo é o dono que redama de ti sua liberdade. Deves exigir queelle te dê o valor daqui1l6 que por direitonatural Jhe pertence?
.0 ladrão é o governo», dizes tu. Poisbem, reclama do ladrão o teu dinheiro.Mas, o governo que segundo tuas idéas,foi o ladrão, já morreu, e mesmo que nãotivesse morrido, elle não tinha dinheiro parate paga;', pai - o governo é apenas administrador dos dinheiro publicos. Com quedireito pois, exiges indemni ação do actualgoverno?
De engana-te. perante os eternos princi.pios da justiça. não tens direito de especular com a liberdade de teu semelhante,e como christão deves dez"_1:or o fzwdode emaltcz"pação aos que Jtão se regem pelasnormas sublimes do Evangelho. Soffre oprejui7.0, entrega a liberdade roubada aseu legitimo proprietario, assim o e 'ige.a lealdade, a justiça, a humanidade e Deus.
5." Lê a hi. toria de Achan narrada nocap. 7 de Josué, donde transcrevi o textoque encima e tes artigos. Repara como acubiça de um homem turbou todo I raeUSó depois que as cham mas do Valle eleAchar consumiram seu cadaver, e tudo
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De um captiveiro amargo e degradantenão te libertou o sangue do compassivoRedemptor? E agora ao contemplares teuescravo, não ouves a terrivel repulsão deteu Senhor?
«Servo máo, eu perdoei-te v divida toda...... não devz'as tu logo c01Jlpadece1'-teegualmente de teu companltei1'o, assitiz comotambem eu me compadeá de ti?» Mat. IS. 32.
8.° Bem vês, é infelizmente duro « fazeraos outros o que não queremos que ellesnos façam», por isso «o caminho dos Céos éestreito.» O escravo é o «teu olho que teserve de escandalo.» é «o teu btaço direitoque te faz peCCé,Lr .' Pois bem. an'anca-os,diz o Mestre. os violentos são os que arrebatam o "eino dos Céos.
Respeita na possoa do teu escravo a imagem de teu Deus, não ultrages o direitoinviolavel de uma propriedade sagrada.
Em nome da justiça, que fulminou Achan,em nome da caridade, que prégou o Crucificado Redemptor dos captivos, não continues a cobrir de ludibrio a Egreja envergonhada ele nos o Senhor Jesus Christo:restitue a inalz'ettavel liberdade.a Selt ligoz".timo proprz"etario.