o Papel Da Afetividade No Processo de Aprendizagem
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UNIVERSIDADE SANTA CECLIA
CURSO DE PS-GRADUAO LATO SENSU EM PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLNICA
PATRCIA MARA FONSECA
O PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Santos-SP
2011
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UNIVERSIDADE SANTA CECLIA
CURSO DE PS- GRADUAO - LATO SENSU PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL E CLNICA
PATRCIA MARA FONSECA
O PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Monografia apresentada a Universidade Santa Ceclia como requisito parcial para obteno do ttulo de Ps- Graduado em Psicopedagogia Institucional e Clnica.
Orientao: Professor Dr. Tadeu dos Santos.
Santos-SP
2011
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PATRCIA MARA FONSECA
O PAPEL DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Monografia apresentada a Universidade Santa Ceclia como exigncia parcial
para obteno do ttulo de Ps-Graduado em Psicopedagogia Institucional e Clnica.
Data da aprovao: / / Banca Examinadora Professor Ms. Examinador Professor Dr. Tadeu dos Santos Orientador
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RESUMO
Esta pesquisa busca compreender a importncia da afetividade no
desenvolvimento e na aprendizagem da criana. Para falarmos de afetividade e
cognio no podemos deixar de citar Henri Wallon, que contribuiu com seus
estudos, no qual, afirma que a funo tnica, a expresso emocional, o
comportamento e a aprendizagem do ser humano dependem uma da outra.
Concluiu-se que o sucesso da aprendizagem infantil se estabelece atravs de uma
prtica pedaggica que leve em considerao a criana como um ser com
caractersticas e ritmos prprios, as quais contribuam para a vida afetiva pela
satisfao encontrada nas atividades, e pelo alvio de tenses que permitem um
clima de satisfao para o educando. Faz-se necessrio um repensar por parte dos
educadores em como se analisar a criana, compreendendo-a como um ser capaz
de construir os seus prprios conhecimentos, ser criativo e autnomo, pois desta
forma, entende-se necessidade de ao, de movimentos de aprendizagem do
educando.
PALAVRAS-CHAVE: Afetividade Aprendizagem Desenvolvimento Cognitivo.
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Frisson Elba Ramalho
Meu corao pulou
Voc chegou me deixou assim
Com os ps fora do cho
Pensei, que bom
Parece enfim, acordei
Pra renovar meu ser
Faltava mesmo chegar voc
Assim sem me avisar
E acelerar
Um corao que j bate pouco
De tanto procurar por outro
Anda cansado
Mas quando voc est do lado
Fica louco de satisfao
Solido nunca mais
Voc caiu do cu
Um anjo lindo que apareceu
Com olhos de cristal
Enfeitiou
Eu nunca vi nada igual
De repente voc surgiu na minha frente
Luz cintilante
Estrela em forma de gente
Invasora do planeta, amor
Voc me conquistou
Me olha, me toca
Me faz sentir
Que hora,agora
Da gente ir
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DEDICATRIA
Ao meu filho Samuelzinho, por ser a alavanca da minha vida, ao meu marido
Samuel, pelo apoio moral e pela sua compreenso, a minha me, aos mestres deste
curso e em especial ao meu Orientador professor Dr. Tadeu dos Santos por ter sido
uma referncia nesta pesquisa e por sua pacincia e dedicao.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por ter me abenoado, dando sabedoria e oportunidade para realizar esta Pesquisa.
Ao meu marido, Samuel Mendes, por toda sua compreenso, por me apoiar financeira e moralmente em meus estudos acadmicos e pelas crticas nos
momentos certos, Samuel, voc o maior e melhor acontecimento da minha vida.
Ao meu filho Samuelzinho, pela alegria da maternidade e por ser a alavanca da minha vida nos momentos de superao, eu te amo.
A minha me Mriam do Carmo Fonseca, por ter me acessado a este mundo, por seu amor e pelo apoio moral.
A minha tia Mary Fonseca Soares, por me levar a fora para a escola na fase mais difcil de minha infncia as primeiras sries do antigo primrio.
A querida Helosa Terezinha da Costa Praa a Teresa (em memria), por sua parceria com a tia Mary na difcil tarefa de me levar para a escola, ainda
bem que vocs no desistiram.
A minha amiga Adriana Bispo, por seus livros impregnados de sensibilidade e por seu carinho que me inspiraram a escrever sobre afeto.
Ao meu professor orientador pela pacincia em ouvir e responder minhas dvidas quando precisei.
E a todos os demais professores deste curso que me apoiaram e me incentivaram nos estudos durante as aulas.
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SUMRIO
INTRODUO 08
1. A HISTRIA DA AFETIVIDADE E SEUS CONCEITOS 09
1.1 Afetividade e Cognio 12
1.2 Henri Wallon e a Teoria da Afetividade 14
2. VISO PSICANALTICA DO VNCULO AFETIVO 21
2.1 John Bowlby e a Formao do Vnculo Afetivo 23
2.2 Resilincia 24
2.3 Autoestima 25
3. AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM 27
CONSIDERAES FINAIS 30
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 32
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INTRODUO
Esta pesquisa busca compreender a relao entre a afetividade e o
desenvolvimento cognitivo, mostrando a responsabilidade da famlia e dos
educadores na formao da personalidade da criana. Este assunto tem sido muito
discutido por professores, educadores e pais.
A afetividade e a inteligncia no so imutveis, elas evoluem, so
construdas e se modificam. De acordo com o perodo de desenvolvimento da
criana, as necessidades afetivas se tornam cognitivas. Segundo Almeida (1999, p
63) ao mencionar Wallon ela observa que so as emoes que unem a criana ao
meio social: elas que antecipam inteno e o raciocnio.
Ao estudarmos Henri Wallon compreenderemos que a motricidade tem uma
dimenso psquica, ou seja, o deslocamento no espao uma totalidade motora,
afetiva e cognitiva. Outra questo que merece destaque a questo do vnculo
afetivo que se estabelece. Para Bowlby, o vnculo afetivo tem uma importncia
fundamental na aprendizagem, exercendo papel fundamental em nosso
desenvolvimento.
Os gestos de sobrevivncia da criana so a expresso de uma modulao
tnica e emocional se enquadrando ao seu ambiente. Desde o desenvolvimento
intra-uterino e o nascimento.
Este estudo usou o mtodo qualitativo mediante levantamento bibliogrfico,
atravs de leituras e anlises sobre o material coletado por meio das quais obtemos
as informaes necessrias para a elaborao de uma proposta coerente e que
contribua cientificamente para o registro do papel da afetividade no processo de
aprendizagem.
Este tipo de abordagem permite ao pesquisador a obteno de uma melhor compreenso do comportamento de diversos fatores e elementos.
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1. A HISTRIA DA AFETIVIDADE
A escola deveria entender mais os seres humanos e de amor, do que de contedos e tcnicas educativas. Eles tem contribudo em demasia para a construo de neurticos por no entenderem de amor, de sonhos, de
fantasias e de dores.
(Claudio Saltini)
De acordo com Mini Dicionrio Luft (2010), afetividade qualidade de
afetivos, sentimentos; o amor quer dizer afeio profunda, o objeto dessa afeio
zelo, cuidado. A palavra afeto vem do latim affectur (afetar, tocar) o elemento
bsico da afetividade, o afeto corresponde a sentimento de amizade, afeioado.
O que ficou documentado pelos filsofos, da Grcia antiga at a modernidade
foi que a razo quase sempre superior aos sentimentos.
A relao entre a razo, o sentimento e a emoo, aqueceu debates
envolvendo grandes filsofos, que ora valorizavam os conflitos existentes entre
razo e sentimentos, ora a dicotomia. Eurpedes, por exemplo, investia no tema do
conflito entre razo e emoo e o ilustrava atravs da dramaturgia, Aristteles, com
seu dualismo, afirmava que os sentimentos so elaborados no corao e que o
crebro racionaliza o corao e seus sentimentos. Kant, enaltecendo razo, afirmou
que as paixes eram a enfermidade da alma. O que ficou documentado pelos
filosficos, da Grcia antiga at a modernidade, afirmava-se que a razo quase
sempre superior aos sentimentos.
No Dicionrio de Filosofia de Nicola Abbagnano (filsofo italiano da era
contempornea), a palavra afetividade designa o conjunto de atos como bondade,
inclinao a devoo, a proteo, o apego, a gratido, em resumo, pode ser
caracterizada como algum que preocupa-se com ou cuida de outra pessoa e a
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mesma corresponde positivamente aos cuidados ou a preocupao, essa dita
como uma das formas de amor.
Plato definiu como virtude a liberao e troca de todas as paixes,
prazeres e valores individuais pelo pensamento, considerado por ele ligado
imutabilidade das formas eternas. At a famosa frase de Descartes Penso, logo
existo, foi questionada porque queriam que houvesse a separao entre a razo e
a emoo.
O filsofo Immanuel Kant, em uma de suas obras Fundamentao da
metafsica dos costumes (1786), afirmou que impossvel o homem ser feliz e ter
razo, e perpetuou sua famosa frase Se Deus tivesse feito o homem para ser feliz
no o teria dotado de razo. Kant dizia que as paixes eram a enfermidade da
alma, ele acreditava em uma hierarquia entre a razo e as emoes.
As premissas filosficas ainda vivem atualmente atravs de metforas, que,
freqentemente ouvimos e repetimos sem nos dar conta: no haja com o corao,
coloque a cabea para funcionar, seja mais racional. Ento crescemos ouvindo
e embutindo em nossas crianas que, para ser uma pessoa sria, ela precisa se
desvincular de seus prprios sentimentos e emoes, em outras palavras, a
afetividade tem que ser controlada ou at mesmo anulada.
A psicologia atravs de sua histria, iniciada no sculo XIX, onde logo aps
o comportamento humano ser considerado sujeito a princpios universais, alguns
problemas filosficos foram adotados pela psicologia que nos relata uma grande
semelhana com a filosofia, at mesmo pela forte influncia de seus filsofos que
deram origem as teorias psicolgicas, pois, estudaram separadamente os
processos cognitivos e afetivos; infelizmente por serem mal formulados, se
tornaram difceis de resolv-los cientificamente, pois voltou a se discutir a razo e
a emoo. Theodor Fechner, um dos precursores da cincia psicolgica, em 1860
atravs de sua obra Elemente der Psychophisik declarou interessado na cincia
exata entre razo e a emoo, ele at tentou comprovar a identidade destas, mas,
infelizmente foi seriamente criticado por muitos psiclogos, no podendo unir aquilo
que os filsofos separaram h centenas de anos atravs do racionalismo.
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No dicionrio tcnico de Psicologia, afetividade um termo utilizado para
designar e resumir no s os afetos, mas tambm, os sentimentos ligeiros,
enquanto o afeto definido como qualquer espcie de sentimento e (ou) a emoo
est associada a idias.
Tal ciso foi mantida intocvel at o incio do sculo XX, pois o movimento
dessas dicotomias ganhou fora em diferentes reas e culminou numa discusso
quase inconcilivel entre os sistemas tericos que dominaram o cenrio dos debates
sobre conhecimento, pensamento, comportamento e sentimentos humanos.
Posteriormente, com a consolidao de grandes teorias psicolgicas como a gestalt,
a psicanlise, o behaviorismo, a epistemologia gentica, a psicologia cultural e a
psicologia scio-histrica, o problema passou a ser debatido de forma mais profunda
por cada modelo e comearam a aparecer os estudos sobre as relaes entre
cognio e afetividade. Mesmo assim, aos olhos do consumo, cada teoria acabou se
dedicando mais a um aspecto que ao outro. Alm disso, algumas teorias, como, por
exemplo, o behaviorismo, que insistiu em continuar alimentando uma distino
radical entre cognio e afetividade. Desse modo, mesmo no campo da psicologia,
ainda hoje persiste a idia de que cognio e afetividade so instncias dissociadas.
Na rea educacional o trajeto tambm no foi e no muito diferente.
comum, ainda hoje, no mbito escolar, o uso de uma concepo terica que leva os
educadores a dividirem a criana em duas metades: a cognitiva e a afetiva. Esse
dualismo um dos maiores mitos presentes na maioria das propostas educacionais
da atualidade. A crena nessa oposio faz com que se considere o pensamento
calculista, frio e desprovido de sentimentos, apropriado para a instruo das
matrias escolares clssicas. Acredita-se que apenas o pensamento, leve o sujeito a
atitudes racionais e inteligentes, cujo expoente mximo o pensamento cientfico e
lgico-matemtico. J os sentimentos, vistos como "coisas do corao", no levam
ao conhecimento e podem provocar atitudes irracionais; Edgar Morin, um dos
grandes filsofos atuais, atravs da Teoria da Complexidade derruba toda e
qualquer forma de dualismo que dizem respeito afetividade e cognio. Produzem
fragilidades de segundo plano, prprias da privacidade "inata" de cada um. Seguindo
essa crena, as instituies educacionais caminharam para a nfase da razo,
priorizando tudo o que se relaciona diretamente ao mrito intelectual.
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O fato que, estamos no sculo XXI e o uso tcnico especializado do
dualismo razo e emoo pairam sobre o prisma da cognio e da afetividade.
1.1 AFETIVIDADE E COGNIO
A palavra cognio vem do latim co-gnitone, significa a aquisio de um
determinado conhecimento atravs da percepo. um conjunto de processos
mentais utilizados no pensamento e na percepo. Ela muito mais que aquisio
do conhecimento e, conseqentemente, a nossa adaptao ao meio externo,
tambm se torna um mecanismo de converso sobre a captao para nosso ntimo,
neste processo o ser humano interage com o meio que vive, portanto um processo
de conhecimento cujo material a informao do nosso meio e o que j est
registrado em nossa memria.
Nossa sociedade que tem o estigma familiar, as crianas so rotuladas com
habilidades especficas, porque a capacidade de aprender est limitada, aprendem
algumas coisas e outras no; no participam do cotidiano dos pais, por esse motivo
a criana exterioriza as suas emoes na sala de aula, atravs da alegria, clera ou
medo muitas vezes do professor.
Podemos perceber que a sociedade se preocupa de que maneira vai
socializar a criana, pois h uma contradio dentro da concepo moderna de
infncia. Em alguns momentos a criana vista como inocente, algum que
necessita de proteo, em outros ela, segundo os olhos dos adultos, precisa ser
domada e engessada dentro dos nossos padres, para que seja til a sociedade que
se diz moderna, porm, ainda impregnada pelo rano do dualismo, dos contedos
programticos e das novas velhas tcnicas educativas.
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A criana desenvolve melhor e de forma prazerosa sua criatividade, assim
como, sua maneira de se expressar quando ela se utiliza da linguagem e dos
conhecimentos adquiridos no ambiente familiar, onde vive um misto de verdades e
mentiras, pois a criana no tem a noo completa de suas realidades por este
motivo sonha e cria fantasias. A linguagem importante para o pensamento infantil.
Segundo Almeida (1999, p. 57): a criana apropia-se dos bens culturais e,
provavelmente, ingressa como elemento do meio social na medida em que domina
os instrumentos de origem social, pois a linguagem e os diversos sistemas de
smbolos possibilitam ultrapassar o nvel da experincia ou da inveno imediata e
concreta.
Saber ouvir os filhos de extrema importncia, para tanto, o adulto precisa
dialogar com o seu passado, voltar a sua infncia, trata-se de autoconhecimento.
Segundo Tiba (2002,p. 185): Quando a criana sabe que poder contar tudo aos
pais sente-se mais forte e participativa. Depois eles no devem deixar de ouvir o que
ela quer contar, a maneira de estar presente mesmo estando ausente.
A famlia tem por obrigao cuidar e proteger suas crianas para que possam
evoluir socialmente de acordo com os valores constitudos, auxiliar em sua
escolarizao e orient-la por meio das instrues sociais, sendo assim, crianas se
tornaro pessoas emocionalmente equilibradas e com certeza sabero estabelecer
vnculos afetivos e respeitosos com o seu semelhante.
Cabe a escola garantir a aprendizagem de alguns contedos tradicionais
como: leitura, escrita e outras, despertando um senso crtico no educando o que ir
refletir mais tarde na plena cidadania; alm de ter o papel de facilitadora no
processo de introduzir na criana competncias, categorias mentais e termos
cientficos, mas, ser que o sonhar, a fantasia, o brincar, o amor, e por que no
falarmos da dor e como lidar com ela tambm no deveriam fazer parte dos
contedos programticos, a escola forma seres humanos no robs.
A maioria das crianas no tem clareza entre as funes da famlia e as da
escola, isso se deve ao equvoco de pais que transferem seu papel de primeiro
educador para a instituio chamada escola. O processo de socializao da criana
concretamente determinado pela sua condio histrico - social. Alm disso,
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enquanto sujeito da histria a criana tem a possibilidade de recriar seu processo de
socializao e atravs dele interferir na realidade social. (MIRANDA,1994, p. 131).
A escola, a famlia, o professor, o educando, o ambiente em que vive, todo
esse conjunto proporciona experincias fundamentais para a construo da
personalidade da criana, denominando-a ser humano capaz de adquirir e
armazenar seu conhecimento, e, do afeto atravs de seus vnculos afetivos,
possibilitando maior evoluo, que resultar em uma sociedade harmoniosa onde se
extinguir a violncia, a discriminao, o preconceito, o olhar prepotente s
diferenas, a fome de comida, a fome de conhecimento e a maior e pior de todas as
misrias, a falta de afeto, e este o alicerce da boa aprendizagem.
1.2 HENRI WALLON E A TEORIA DA AFETIVIDADE
Para falarmos de afetividade e cognio no podemos deixar de citar Henri
Wallon, que contribuiu com seus estudos, do qual afirma que a funo tnica, a
expresso emocional, o comportamento e a aprendizagem do ser humano
dependem uma da outra.
A emoo nesse estgio de evoluo do ser humano quase que o nico
detonador da ao, chega a ser uma pr-linguagem, pois o adulto ou a me passa a
ser a fonte de afetividade para o beb.
Ele nos explica que os simples movimentos do beb so gestos de
sobrevivncia, o que significa a expresso de uma modulao tnica e emocional se
adequando ao seu meio externo, isso quer dizer que, tanto a maturao neurolgica
quanto o desenvolvimento social, um depende do outro.
Atravs do choro, da postura e de movimentos da criana, o adulto vai se
ligando afetivamente com a criana suprindo suas necessidades fisiolgicas e
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emocionais, o que cria entre eles vnculos importantes e fundamentais para um bom
desenvolvimento psicomotor.
Com a troca de afetividade por meio das necessidades saciadas do beb
que nasce a vida psquica dando origem conscincia subjetiva e a individualidade
deste ser.
Quando o beb experimenta junto com o adulto a troca de carcias, abraos, e
outros gestos de afeto vo criando sinais afetivos como alegria e contentamento;
neste estgio Wallon nos explica que a relao entre a funo tnica e a emoo
essencial para o desenvolvimento psicomotor, o que ressalta que a tonicidade um
dos alicerces da psicomotricidade, onde o papel da emoo relevante no
desenvolvimento global da criana.
Para Wallon, citado por Fonseca (2008), a emoo moldada atravs da
funo tnica, portanto a tonicidade a matria-prima da vida afetiva; tanto o
aumento do tnus como a sua reduo refletem na sua vida e vo esculpindo o
corpo deste ser.
A teoria de Wallon foi criada atravs da anlise de seus estudos e
comparando as semelhanas e diferenas entre crianas normais e patolgicas,
adultos, identificou os estgios deste processo em desenvolvimento, que seguem na
seguinte ordem:
1) Impulsivo Emocional (0 a 1 ano);
2) Sensrio-Motor e Projetivo (1 a 3 anos);
3) Personalismo (3 a 6 anos);
4) Categorial (6 a 11 anos);
5) Puberdade e Adolescncia (11 anos em diante).
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Estes estgios nos mostram que o motor, o afetivo, o cognitivo, a pessoa,
apesar terem estruturas diferenciadas esto integrados, pois um faz parte do outro,
sendo separados apenas para estudo descrio.
1) Estgio Impulsivo Emocional: Este compreende do nascimento at 1 ano
de idade e se divide em dois momentos:a impulsividade motora e o emocional.
O beb no incio de sua vida totalmente dependente do meio externo,
necessitando da interpretao do adulto para satisfazer suas necessidades de
sobrevivncia.
A impulsividade motora inicia-se no nascimento e dura aproximadamente trs
meses (reflexos e movimentos impulsivos); logo aps o nascimento o beb est
monopolizado por suas necessidades fisiolgicas, alimentares ou do sono, diferente
do perodo fetal, que so automaticamente atendidas por esta fase que causa
momentos de ansiedade, espera e desconforto o que provoca movimentos reflexos,
isso uma manifestao de impulsividade motora, estes movimentos refletem
sensaes de bem-estar ou mal-estar, a primeira linguagem da criana, e assim a
fase impulsiva vai dando lugar emocional.
O emocional nada mais que, a mudana da descarga motora para a
expresso e comunicao, ou seja, a linguagem primitiva feita de emotividade
pura, temos ento a primeira forma de sociabilidade. A partir deste processo entre a
criana e seu cuidador, nasce a vida psquica, onde se cria as primeiras imagens
mentais, sua individualidade. Wallon nos explica que por volta dos doze meses, este
estgio basicamente afetivo e voltado para si, e ir priorizar a construo do real.
2) Estgio Sensrio-Motor e Projetivo: Caracterizado pela investigao
e explorao da realidade exterior este estgio vai de 1 ano a trs anos, a criana
tem contato com o mundo e um aspecto objetivo, a inteligncia prioriza a construo
da realidade; ela comea a manipular objetos, ou se deslumbra com o corpo que
acaba de descobrir; neste momento, desenvolve-se a inteligncia prtica; ainda
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nesse perodo, a linguagem decisiva para o desenvolvimento psquico, pois outra
maneira de explorao deste novo mundo.
Portanto, o andar e a linguagem daro oportunidade para a criana ingressar
no mundo dos smbolos. A criana ainda no capaz de imaginar sem representar
(expresso corporal); neste momento a criana ela inicia a etapa projetiva, onde
seus atos mentais projetam-se atravs dos atos motores uma caracterstica forte
sua percepo do meio externo, e, j capaz de elaborar seu pensamento, para
tanto sero necessrios dois movimentos: Imitao e Simulacro. A Imitao est
relacionada a um ato anterior, a uma representao, claro que no incio trata-se de
um recurso simblico, a criana comea reproduzir situaes que lhe agradem, isto
j uma expresso afetiva.
O simulacro inicia-se durante a atividade exploratria e projetiva sua principal
caracterstica o pensamento apoiado em gestos, ou seja, ela comea a lidar com
seus desejos de sua prpria criao, para tanto, a atividade sensrio-motora estiver
subordinada representao, o comeo da organizao mental; nesta etapa a
linguagem elabora a expressividade mental da criana.
Neste estgio ela comea a ter conscincia de si, atravs da manipulao do
seu corpo onde ela conseguir diferenciar suas partes. A seguir vem a identificao
e apropriao do corporal, ela estabelecer uma relao entre sua pessoa e sua
imagem, o que de suma importncia para a atividade cognitiva. Segundo
Wallon(apud Costa,2010,p.37), A criana tem dupla necessidade: admitir imagens
que s tem a aparncia da realidade e afirmar a realidade de imagens que se furtam
percepo, esse processo realiza-se com o auxlio da explorao dos objetos, do
aparecimento da funo simblica e da objetivao do prprio corpo, um clssico
exemplo quando a criana v sua imagem refletida no espelho. Tanto a funo
simblica, de desdobramento e substituio da realidade que a criana que do
suporte para que a criana separe sua personalidade do outro ser, dando espao
para o estgio personalista que vai diferenciar o eu psquico.
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3) Estgio do Personalismo: Neste estgio a condio corporal do indivduo necessria para conscincia de si e vai de 3 a 6 anos.Segundo
Wallon (apud Bastos e Der, 2010, p.39):
Podemos perceber que as aquisies so graduais e alternantes: da constituio do eu corporal para a constituio do objeto e desta para a do eu psquico. Progressivamente, a criana vai tomando conscincia de si como sujeito social que luta para se individualizar, se diferenciar, para sair da massa indiscriminada e sincrtica em que se encontra. Entra num perodo que sua necessidade de afirmar, de conquistar sua autonomia vai lhe causar, uma srie de conflitos.
Sem esquecer que o processo de inteligncia fundamenta-se pela afetividade,
o ser humano repleto de conflitos, contradies e crises que se fazem presentes
em sua evoluo fsica e emocional.
Nesta etapa de evoluo a linguagem ntida, assim como, a sua prpria
conscincia, trs fases distintas caracterizam este estgio: oposio, seduo e
imitao.
A oposio se d por volta dos 3 anos, pela afirmao de si e na busca de
sua independncia, a criana gosta de contrariar pessoas prximas a ela, Wallon
denominou esta fase como recusa e reivindicao.
A seduo fase em que a criana necessita ser admirada, quer ser querida
pelos outros, por isso faz gracinhas; seus movimentos chegam a atingir a perfeio,
assim mostra que tem qualidades. A hiptese levantada por Wallon (apud Bastos e
Der, 2010, p 42) para atender essa necessidade de aprovao a participao
mtua, experimentada ainda no primeiro ano de vida, que a ligava s pessoas por
meio do contgio emocional.
Esta fase muito delicada, por estar extremamente ligada as frustraes,
requer maior ateno do adulto, pois pode marcar negativamente a relao da
criana com o seu meio.
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A imitao encerra a terceira fase do personalismo, a criana no enxerga
suas qualidades, da, a necessidade de criar e fantasiar personagens que so
referencias em seu meio, pois nesse perodo a criana busca modelos.
Nesta idade, geralmente a criana freqenta a pr-escola, o que vai aos
poucos diminuindo a influncia da famlia que ainda muito significativa, motivo pelo
qual a relao do professor deve se mais maternal e menos disciplinar.
Os grupos sociais atravs do meio externo influenciam positivamente ou
negativamente na construo do processo de sua aprendizagem social.
No personalismo, os critrios de afetividade dominam os objetivos e lgicos
em seu pensamento, portanto confuso e contraditrio; precisamos compreender a
evoluo do ser humano de forma que ele se configure um ser biolgico,
sociocultural numa grande teia tecida pela afetividade, inteligncia o motor; que no
prximo estgio ser o alicerce da inteligncia.
4) Estgio Categorial: Neste estgio que vai de 6 a 11 anos, seu comportamento ser orientado atravs do desenvolvimento intelectual. A emergncia do
pensamento categorial depende da influncia conjunta do desenvolvimento biolgico
e da insero no meio humano, comea a existir a autodisciplina mental (apud
Amaral, 2020, p. 52).
O ambiente da escola expem a criana meios variados, e esta vasta
experincia a leva forte individualizao, o seu eu ganha grande dimenso, ento
aumentam os conflitos dos seus interesses e dos outros, o conjunto de foras
maturacionais e exigncias de seu meio que vo orientar sua atividade social.
O categorial caracterizado por duas etapas. A primeira vai mais ou menos
at 9 anos, onde ainda existem resduos sincretismo que Wallon denomina pr-
categorial. A segunda etapa corresponde aos 9/10 anos, onde se forma as
categorias intelectuais. A fuso do pensamento categorial com o pensamento pr-
categorial nasce a inteligncia discursiva. Ainda nesta fase necessrio que a
criana tenha estmulos e participe de grupos sociais diferentes, trabalho em equipe,
sem esquecer que o ambiente tem que ser acolhedor; para tanto o adulto prioriza as
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necessidades da infncia para que a afetiva se fortalea e torne a adolescncia
menos turbulenta.
5) Estgio da Puberdade e da Adolescncia: Durante o categorial existe uma harmonia entre a criana e o adulto que se rompe entre 11/12 anos, tambm
chamado de crise da puberdade, esta fase afeta a vida da criana na rea afetiva,
cognitiva e motora, as modificaes fisiolgicas transformam o corpo e o psquico.
As meninas comeam a modelar seus corpos atravs dos seios e quadris e
juntamente acontece a primeira menstruao, a puberdade marcada pelas
espinhas, pelos pubianos e nas axilas. Algumas vsceras tambm se modificam
nesta fase.
Diante de tantas transformaes, o adolescente tem necessidade assim como
no passado de se apropriar de um corpo que no reconhece, e, tem o espelho
novamente como descoberta de prazeres e inquietaes. Como no estgio do
personalismo existe a necessidade de se reorganizar o esquema corporal, a sua
identidade ser prioridade, a afetividade mais intensa. A adolescncia um misto de
sentimentos e atitudes, provindos da vida afetiva, o adolescente experimenta
renncia e aventura, desejo de oposio e conformismo e outros. A identificao e
as diferenas com o outro possibilita uma personalidade vigorosa na adolescncia,
graas ao trabalho de incorporao e expulso do outro que a criana realizou
atravs dos diferentes estgios com a finalidade de se tornar um indivduo pleno,
tanto no mbito afetivo, motor e cognitivo.
Todavia, para que isso se efetive na viso psicanaltica, o vnculo afetivo de
extrema importncia, como veremos no prximo captulo.
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2. VISO PSICANALTICA DO VNCULO AFETIVO
O ser humano no fabricado, e muito menos a querida cegonha bate a
nossa porta com uma linda criana pronta, biolgica e psiquicamente. Toda histria
comea a partir do encontro e da juno entre o vulo e o espermatozide, cria-se o
zigoto, o milagre da vida. Este zigoto cresce e vira um feto e no transcorrer do
processo gestacional este pequeno ser experimenta sensaes; se envolve com o
perfume do lquido amnitico constitudo biologicamente por sua me atravs de seu
organismo, relaxa quando sua protetora dorme, agita-se respondendo aos estmulos
externos e no final consegue at reconhecer vozes dizem alguns. Est claro que o
vnculo afetivo do beb ser humano com seus pais comea no ventre. O homem
sempre soube que amor e cuidados so indispensveis para a sobrevivncia dos
bebs, mas, foi Freud quem iniciou uma investigao cientfica sobre afeto; ele
acreditava que nossa vida afetiva est mergulhada em nossa infncia.
O ser humano no nasce com o eu (sujeito psquico) pronto, este se forma a
partir de si, e de suas relaes familiares e sociais; o incio do mundo mental do feto
formado por suas representaes atravs do afeto, a criana ao ser desejada por
seus pais passa a se sentir amada, o que automaticamente sentir prazer em si
prpria, desenvolvendo o reconhecimento do afeto atravs dos vnculos afetivos.
A me ao amamentar seu filho com seu leite quentinho j um toque, pois
estar satisfazendo a sua fome, seu corpo coladinho ao beb acariciando-o uma
demonstrao de amor, rica fonte de estmulos que so super importantes para
nosso desenvolvimento. Lembramos que ao colocar um pano com o cheiro da me
ou simplesmente que a mesma encoste a criana ao seu corpo, esta ir adormecer
facilmente, isso afeto.
A atividade psquica atravs do processo de investimento libidinal dos pais e
pelo prazer que o beb experimenta na descoberta do seu corpo. Este eu busca
compreenso do que vivencia em seu meio, a nasce o desejo de saber.
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Os pais que investem o seu afeto em seus filhos criam uma ponte entre o
psiquismo da criana e o meio psquico que a rodeia, e nesse processo nasce uma
auto-estima positiva que vai salientar a busca do prazer em ouvir e pensar.
A estabilidade emocional de uma criana na sociedade ou na escola depende
dos seus primeiros anos de vida, para tanto, um bom relacionamento entre me e
filho de suma importncia. A ambivalncia tem um papel importante, pois
conseguimos sentir raiva e at dio da pessoa que mais amamos; a forma como
lidamos com esses sentimentos e como procedemos com os cuidados da criana vai
regular a capacidade de dominar o dio e dosar o amor, e sentir tanto a ansiedade
quanto a culpa de forma mais equilibrada, portanto, mais saudvel. Segundo Freud
(1915), os instintos sexuais e os do ego desenvolvem facilmente uma anttese que
repete a do amor e do dio. A ambivalncia na vida da criana tem papel
fundamental na formao de sua personalidade; se a criana seguir um caminho
favorvel sua ambivalncia, ela crescer consciente de seus impulsos
contraditrios, porm ter equilbrio suficiente para control-los, a ansiedade e a
culpa sero suportveis, porm, se seu caminho no lhe for favorvel, a criana no
ter o mesmo controle, o que vai lhe causar grande sofrimento, o que determina um
ser humano doente a falta de controle de seus conflitos.
Quando o beb tem amor e companhia dos pais, ele crescer sem exageros
de anseios libidinais e sem uma inclinao a sentir dio por aqueles que no
conseguem lhe dar afeto, palavra chave na vida do beb.
Uma criana no ir sobreviver somente de afeto, ela necessita de alimento,
porm uma criana no qual os pais se preocupem somente em prover cuidados
materiais adoecem com mais facilidade e, remdios e tratamentos no so
suficientes para cur-las, elas necessitam de ateno, amor, carinho, abraos de
ouvir quanto so importantes em nossa vida, e muitas vezes pela nsia na corrida
dos bens materiais esquecemos que os pequenos esperam mesmo o nosso beijo,
nossos abraos, somente assim iremos resgatar valores humanos e criar fortes
vnculos afetivos, para que no futuro as sociedades vivam em harmonia e realmente
felizes.
Muitos de ns achamos que a educao rgida a melhor para o ser humano
e somos to radicais a inici-la no bero, ouvimos dizer que a criana vai se
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acostumar no colo, e que o beb no pode chorar, pois, est trocado e sem fome,
ms continuamos nesta linha de raciocnio porque queremos que seja independente,
Meu Deus! A criana em sua solido muitas vezes chora alto querendo dizer ei! eu
estou aqui, alm da troca da fralda e do alimento tambm necessito de afeto. O
toque fsico principalmente nos primeiros anos de vida fundamental para nosso
reconhecimento enquanto humanos, pois ao crescer passar a transmitir afeto
atravs das palavras, gestos e outros.
A ignorncia dos pais ainda um fator determinante na formao da
personalidade dos filhos, acaba-se criando uma triste cadeia a vtima da vtima,
que muitas vezes passam geraes presas ao sofrimento.
2.1 JOHN BOWLBY E A FORMAO DO VNCULO AFETIVO
John Bowlby, atravs de seus estudos nos deu a convico de que o homem
se desenvolve emocionalmente e socialmente atravs do seu meio, para tanto
menciona a teoria da ligao que conceitua a dimenso dos seres humanos
estabelecerem fortes vnculos afetivos e os problemas de personalidade como,
raiva, depresso, ansiedade e desligamentos emocionais causadas pela separao
e perda mesmo que involuntria.
At metade da dcada de 50 achava-se que os vnculos afetivos estavam
totalmente ligados a certos impulsos como alimentao na infncia e sexo na vida
adulta e em seguida vinha dependncia e relaes pessoais, o desenvolvimento do
beb humano com sua me puderam ser melhor compreendidos aps vrias
pesquisas com aves. Segundo John Bowlby (1990) o comportamento de ligao
distingue os seres humanos do bero at a sua morte nele se inclui o choro e o
chamamento, que suscitam cuidados e desvelos, o seguimento e o apego.
A constante manuteno de um vnculo afetivo cria uma fonte de segurana,
quanto mais experincias maternas o beb tiver com uma pessoa, maiores so as
chances de se ligar a ela, motivo pelo qual mesma passa a ser a sua figura de
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ligao, a explorao e o cuidar so essenciais para o desenvolvimento sadio do
beb. O desempenho dos pais na vida da criana ir refletir em sua sade mental,
muitas vezes, os pais por suas infncias infelizes, emocionalmente sero indivduos
com uma inclinao maior a problemas familiares. A base segura e estmulos para a
explorao do beb so fundamentais, isso vai implicar na compreenso intuitiva do
comportamento de ligao e no reconhecimento de que uma das fontes mais
comuns de raiva na criana a frustrao de seu desejo de amor e cuidados
(JohnBowlby, 1990), a ansiedade tambm est ligada a disponibilidade dos pais
para com a criana e pode trazer grandes prejuzos se o desempenho do mesmo
no obtiver sucesso.
No podemos esquecer que nem toda criana que durante sua gestao no
foi desejada por seus pais (pois o vnculo comea a) e ao nascer continua no se
sentindo amada e desejada, esta criana no est condenada a ter problemas com
seus vnculos afetivos e sua personalidade, atravs do autoconhecimento e da
resilincia pode transformar essa energia difcil para o ser humano em princpios
positivos para sua vida sem danos para com aqueles que futuramente ela ser uma
figura de ligao, uma ponte entre seus filhos e o mundo com uma base concreta,
capaz de criar vnculos estreitos com sua famlia e enriquecer o desejo como objeto
fundamental no complexo processo de aprendizagem que tem incio no seio familiar
em seus primeiros dias de vida onde aprendemos a amar e a receber amor.
2.2 RESILINCIA
A palavra resilincia vem do latim RESILIO, quer dizer voltar ao normal;
o equilbrio entre tenso e a fora de lutar contra algo negativo at atingir outro nvel
de conscincia, onde mudamos o padro de pensamento que altera nosso
comportamento e a capacidade de lidar com o equilbrio entre a tenso e a
habilidade de lutar contra os obstculos da vida pessoal e profissional.
O termo resilincia psicolgica surgiu na dcada de 1960, quando Frederic
Flach, estudando sua histria de vida e de outros que haviam superado grandes
adversidades. Desde ento a resilincia tem sido atribuda a pessoas com
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capacidade de enfrentar desafios e superar crises, ou seja, mantendo seu equilbrio
emocional.
Este maravilhoso processo tambm acontece quando se ativa o sistema
fisiolgico do corpo provocado por estresse emocional. A resilincia sofre grande
influncia do meio, ou seja, as estruturas familiares, os tipos de relacionamentos,
todo este cenrio contribui negativa ou positivamente para o estmulo e a
intensidade da resilincia.
O olhar das autoridades dos diversos segmentos que influenciam no destino
da sociedade precisa ser mais aberto a criatividade para que aqueles menos
favorecidos ou em sofrimento de qualquer natureza consigam se superar, porm, o
que vemos ao nosso redor o abandono das crianas consideradas perdidas,
caladas e sufocadas nas diversas misrias intituladas por doenas sociais.
A criatividade faz parte do processo de resilincia e antes dela o indivduo
precisa falar, aceitar o problema para ento, este se transformar em fora para a
superao.
2.3 AUTOESTIMA
A autoestima uma estrutura complexa e construda periodicamente desde a
mais tenra infncia e se estende at o final da vida, juntamente cria-se o superego,
onde armazenamos os nossos padres ticos e morais, aquilo que se deseja ser,
e este mix de sentimentos e descobertas pode gerar alguns conflitos com o que sou.
Este processo tambm ligado autoconfiana; ao recordarmos Wallon, veremos que
nos ensinou que o esquema corporal, a confiana em seu cuidador e a formao
dos vnculos afetivos tem incio pela motricidade, e em meio a tudo isto o ser
humano comea a apreciar seu prprio corpo.
A criatividade significativa para a resilincia, esta est ligada a ruptura e a
integrao dos fatos acontecidos; o pensamento criativo tem papel fundamental no
processo de desaprender e aprender nas novas descobertas, contudo, ainda hoje,
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agir e pensar criativamente so moldadas ou reprimidas dura o nosso
desenvolvimento desde as estruturas familiares at o nico lugar que esse tipo de
coisa poderia ocorrer a escola infelizmente educandos tem que se conformar
intelectualmente no aprendizado, a viso obtusa daqueles que deveriam incentiv-
los so os mesmos que os impedem de exercitar e estimular toda sua criatividade.
Por toda a importncia da criatividade que brincar essencial para a criana,
o ldico parte de um todo no mundo infantil; brincando o cognitivo estimulado e
liberta idias mesmo que contraditrias, na verdade um grande e delicioso
exerccio para a vida inteira.
O jogo uma brincadeira que alm de socializar, alfabetizar, ensinar
matemtica entre outras, trabalha criticamente o aprendizado, de maneira
espontnea atravs dos desafios gerados para obter novas idias. Brincar serve de
interesse para a criatividade e alimenta a resilincia, alm do que, auxilia nas buscas
da sobrevivncia e reduz o estresse na hora de resolver situaes problemticas.
O professor emocionalmente inteligente, com autoestima elevada capaz de
minimizar a violncia e a indisciplina, atravs do ambiente acolhedor, com carinho,
passando segurana aos seus educandos e longe das punies e
castigos,despertar o desejo de aprender, e com certeza com a auto-estima em alta
at mesmo crianas com fraturas emocionais conseguir deixar fluir a doce e
complexa energia e bem estar que a resilincia nos proporciona tambm na sala de
aula.
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3. AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM
No primeiro captulo resgatamos a histria da afetividade, mostramos a
importncia da motricidade na vida do ser humano desde a sobrevivncia at
formao de sua personalidade atravs de Wallon.
No segundo captulo a viso psicanaltica nos permitiu compreender a
formao do vnculo afetivo com John Bowlby, onde nos mostra a contribuio do
afeto e os prejuzos que a falta dele nos traz, muitas vezes irreversveis; e por falar
na grandeza do afeto essencial citarmos a resilincia que um processo lindo que
permite ao ser humano entender e transformar seu sofrimento em energia leve, pura
e de amor e auto-compaixo que apesar de ser parecida com a palavra auto-
piedade tem significados completamente diferentes, a primeira o grande eixo da
resilincia j a segunda estagnao, a pena de si prprio, a trava que no
permitir retomar sua autoestima.
Neste captulo iremos falar sobre a relao entre afetividade e a
aprendizagem. O professor antes de qualquer coisa serve de apoio emocional,
acreditando em seu papel de transformador e, na capacidade que o educando tem
em crescer e se desenvolver. No existem frmulas mgicas, para resolver todas as
dificuldades de aprendizagem num piscar de olhos. A pretenso bem mais
modesta, porm, exige acima de tudo, amor por si prprio, pelo prximo e por seu
trabalho. O educador deve ser preparado desde a universidade para em primeiro
lugar ter conscincia que a profisso que abraou exigir preparo emocional alm do
que, sempre se aprimorar e se atualizar na sua rea, pois sua ferramenta de
trabalho o ser humano.
Sentimentos e afetividade na Educao so temas que deveriam ser mais
investigados e debatidos no meio acadmico. Docentes deveriam saber lidar melhor
consigo mesmos e seus educandos.
Aprender e exercitar o autocontrole durante infncia no significa apenas ser
passivo, ao contrrio, tem que ter capacidade para discriminar os contextos
apropriados para falar, brincar,rir, etc. Crianas no aprendem sozinhas, necessitam
de apoio para aprenderem a manter seu comportamento direcionado a
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aprendizagem. Ressaltamos que, as relaes iniciam a partir do momento que as
limitaes do outro so respeitadas.
O ato de ensinar e aprender, entre outras coisas, o produto da troca de
informaes e das experincias pessoais entre educando e educador. Nessa troca
os resultados sero marcantes e especiais, neste relacionamento o vnculo afetivo
ser um grande facilitador no processo de ensino aprendizagem, atravs de um forte
vnculo afetivo, a criana se sentir protegida e acolhida, facilitando seu
aprendizado, envolvido em uma atmosfera de afeto, que ir harmonizar o ambiente
escolar com alegria, companheirismo, ou seja, de maneira prazerosa o contedo
ser trabalhado.
A afetividade no modifica a estrutura no funcionamento da inteligncia,
porm, poder acelerar ou retardar o desenvolvimento dos indivduos, podendo at
interferir no funcionamento das estruturas da inteligncia.
As principais emoes que influenciam no ambiente da sala de aula so: o
medo, que visvel em situaes em que as crianas precisam se posicionar por
meio de alguma atividade; a alegria, que pode ocasionar entusiasmo para a
realizao das tarefas e a clera, que pode criar desgastes fsicos e emocionais
para educador e educando, um clssico exemplo, o fato que o movimento significa
desateno, porm, no podemos esquecer que os movimentos criam as emoes
Crianas agressivas ou totalmente passivas, ou que sofrem de baixa
autoestima, podem extravasar esse desequilbrio emocional em seus colegas e at
mesmo em seus professores.
O abismo criado pela forma metdica e mesquinha que separa o educador
da emoo, no lhe permite enxergar as expresses na sala de aula, da a
importncia na evoluo do desenvolvimento scio-afetivo.
Lembramos que existem dois fatores que interferem negativa ou
positivamente no processo de aprendizagem. Primeiramente os fatores internos ou
psicolgicos, o outro fator o externo que, est ligado metodologia escolhida pela
instituio ou at mesmo pelo educador, recursos didticos e a condio scio-
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econmica. Portanto as dificuldades de aprendizagem poderiam ser evitadas, pois,
nada mais so, que conflitos relacionados prtica pedaggica, ao sistema adotado
pela escola, ou o que pode ser pior, o vnculo afetivo que o indivduo tem com a
escola, com os professores, com a famlia e vai refletir na sua vida em sociedade.
Desta maneira que o afeto explica a acelerao ou retardamento da formao
das estruturas; acelerao caso haja interesse do aluno, e retardamento quando a
situao afetiva obstculo no desenvolvimento intelectual da criana.
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CONSIDERAES FINAIS
Na sociedade de mudanas aceleradas em que vivemos, somos sempre
levados a adquirir competncias novas, pois o indivduo a unidade bsica de
mudana, trata-se do exerccio de habilidades necessrias ao domnio e ao bom uso
da inteligncia emocional, por isso a raa humana se diferencia, por ser racional.
Os diversos olhares dos tericos que nos serviram de referncia nos mostram
a real contribuio da afetividade em nosso desenvolvimento, sem falar que o afeto
o grande x no que diz respeito tanto ao sucesso quanto ao fracasso no incrvel
processo de aprendizagem que comea logo que nascemos os acompanha por toda
vida.
O sucesso da aprendizagem infantil se estabelece atravs de uma prtica
pedaggica que leve em considerao a criana como um ser com caractersticas e
ritmos prprios, as quais contribuam para a vida afetiva pela satisfao encontrada
nas atividades, e pelo alvio de tenses que permitem um clima de satisfao para o
educando.
Faz-se necessrio um repensar por parte dos educadores em: como se
analisar a criana, compreendendo-a como um ser capaz de construir os seus
prprios conhecimentos, ser criativo e autnomo, pois desta forma, entende-se
necessidade de ao, de movimentos e de aprendizagem do educando.
A pesquisa realizada considerou a importncia do afeto no desenvolvimento
do ser humano e suas conseqncias que sua ausncia pode causar. Fica claro que
a afetividade dentro do processo de aprendizagem muito mais que contedos
curriculares, notas, frmulas e etc., a base da aprendizagem a afetividade desde a
famlia, o cuidador at a professora acolhedora que exercita sua percepo ao se
lembrar de que antes de seguir a risca os contedos, ela estudou para lidar com
seres humanos em formao.
Sintetizando, deve-se trabalhar a criana, tomando como ponto de partida que
esta um ser com caractersticas individuais e que precisa de estmulos para o seu
crescimento e desenvolvimento, de forma a possibilitar-lhes fatores fundamentais
como a criatividade, a capacidade inventiva, a iniciativa e, acima de tudo, o
desenvolvimento de um senso crtico, objetivando o favorecimento da aprendizagem
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infantil. Isto significa redimensionar as prticas pedaggicas na aprendizagem
infantil, onde o afeto representa a plena libertao do homem saudvel fsica e
mentalmente, um homem feliz.
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FrissonElba Ramalho