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E G I T A N I A S C I E N C I A N º 2 7 2 0 20 I S S N: 16 46 - 8 8 4 | 203 | O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL E DA DIREÇÃO TÉCNICA NA AVALIAÇÃO DOS RISCOS PSICOSSOCIAIS NAS AJUDANTES DE AÇÃO DIRETA DE UMA ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS THE ROLE OF SOCIAL WORK AND TECHNICAL MANAGEMENT IN THE ASSESSMENT OF PSYCHOSOCIAL RISK ASSESSMENT IN DIRECT ACTION HELPERS OF A RESIDENTIAL STRUCTURE FOR THE ELDERLY. EL PAPEL DEL SERVICIO SOCIAL Y LA GESTIÓN TÉCNICA EN LA EVALUACIÓN DEL RIESGO PSICOSOCIAL EN LOS AYUDANTES DE ACCIÓN DIRECTA DE UNA ESTRUCTURA RESIDENCIAL PARA LOS ANCIANOS Joana Brinca ([email protected])* Nídia Menezes ([email protected])** Ana Branca Carvalho ([email protected])** Ricardo de Almeida ([email protected]) *** Estefânia Ribeiro ([email protected])**** Ana Rita Leitão ([email protected])***** RESUMO As Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) acolhem um público cada vez mais heterogéneo em termos sociais, familiares e culturais, o que implica que as pessoas que cuidam de idosos detenham competências que vão além da formação profissional. Paralelamente a isto, diversos estudos sugerem que as pessoas que diretamente estão envolvidas no cuidado ao idoso sofrem de elevados índices de depressão e ansiedade, estresse e Burnout (Goodhead & McDonald, 2007; Özçakar et. al., 2012) menor satisfação com a vida e sensação de estar sobrecarregado, sobretudo quando o tempo gasto na prestação de cuidados aumenta (Goodhead & McDonald, 2007). De acordo com Vaz e Serra (2011), estão descritas na literatura (Leka et al., 2008) inúmeras estratégias e instrumentos que, se utilizados de forma contínua e numa lógica de reflexividade, concorrem para uma prática orientada para a ética que não comprometa a saúde psicossocial nem a segurança ocupacional. Tal implica uma mudança não apenas individual, mas também social e institucional, tendo o Assistente Social um papel decisivo a este nível, dadas as suas competências técnicas operativas, ético- relacionais e científicas. Neste âmbito, e a fim de identificar e avaliar os riscos psicossociais das Ajudantes de Ação Direta da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, foi aplicado um inquérito por questionário a vinte Ajudantes de Ação Direta, composto por vinte e sete perguntas, distribuídas por cinco áreas distintas, nomeadamente, dados sociodemográficos; horários e turnos de trabalho; trabalho, participação e

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O PAPEL DO SERVIÇO SOCIAL E DA DIREÇÃO TÉCNICA NA AVALIAÇÃO DOS RISCOS PSICOSSOCIAIS NAS AJUDANTES DE AÇÃO DIRETA DE UMA ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS THE ROLE OF SOCIAL WORK AND TECHNICAL MANAGEMENT IN THE ASSESSMENT OF PSYCHOSOCIAL RISK ASSESSMENT IN DIRECT ACTION HELPERS OF A RESIDENTIAL STRUCTURE FOR THE ELDERLY. EL PAPEL DEL SERVICIO SOCIAL Y LA GESTIÓN TÉCNICA EN LA EVALUACIÓN DEL RIESGO PSICOSOCIAL EN LOS AYUDANTES DE ACCIÓN DIRECTA DE UNA ESTRUCTURA RESIDENCIAL PARA LOS ANCIANOS

Joana Brinca ([email protected])* Nídia Menezes ([email protected])** Ana Branca Carvalho ([email protected])** Ricardo de Almeida ([email protected]) *** Estefânia Ribeiro ([email protected])**** Ana Rita Leitão ([email protected])*****

RESUMO

As Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) acolhem um público cada vez mais heterogéneo em termos sociais, familiares e culturais, o que implica que as pessoas que cuidam de idosos detenham competências que vão além da formação profissional. Paralelamente a isto, diversos estudos sugerem que as pessoas que diretamente estão envolvidas no cuidado ao idoso sofrem de elevados índices de depressão e ansiedade, estresse e Burnout (Goodhead & McDonald, 2007; Özçakar et. al., 2012) menor satisfação com a vida e sensação de estar sobrecarregado, sobretudo quando o tempo gasto na prestação de cuidados aumenta (Goodhead & McDonald, 2007). De acordo com Vaz e Serra (2011), estão descritas na literatura (Leka et al., 2008) inúmeras estratégias e instrumentos que, se utilizados de forma contínua e numa lógica de reflexividade, concorrem para uma prática orientada para a ética que não comprometa a saúde psicossocial nem a segurança ocupacional. Tal implica uma mudança não apenas individual, mas também social e institucional, tendo o Assistente Social um papel decisivo a este nível, dadas as suas competências técnicas operativas, ético- relacionais e científicas. Neste âmbito, e a fim de identificar e avaliar os riscos psicossociais das Ajudantes de Ação Direta da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, foi aplicado um inquérito por questionário a vinte Ajudantes de Ação Direta, composto por vinte e sete perguntas, distribuídas por cinco áreas distintas, nomeadamente, dados sociodemográficos; horários e turnos de trabalho; trabalho, participação e

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tomada de decisões; trabalho e ambiente socio emocional; e por fim, a natureza do trabalho e satisfação.

Através da análise dos resultados obtidos foi possível identificar os riscos psicossociais existentes, bem como propor estratégias de intervenção para suprir os riscos, principalmente nas categorias “Exigências Emocionais”, “Gestão e Organização no Trabalho” e “Recursos Humanos”.

Palavras Chave: riscos psicossociais, ajudantes de ação direta, assistente social, dignidade humana.

ABSTRACT

The Residential Structures for Elderly People (ERPI) welcome an increasingly heterogeneous social, family and cultural public which implies that people who care for the elderly have skills that go beyond vocational training. Parallel to this, several studies suggest that people who are directly involved in the care of the elderly suffer from high rates of depression and anxiety, Stress and Burnout (Goodhead & McDonald, 2007; Özçakar et. al., 2012) lower life satisfaction and feeling of being overwhelmed, especially when the time spent in providing care increases (Goodhead & McDonald, 2007). According to Vaz and Serra (2011), numerous strategies and instruments are described in the literature (Leka et al., 2008) that, if used continuously and in a reflexivity logic, contribute to an ethics-oriented practice that does not compromise, psychosocial health or occupational safety. This implies a change not only individual, but also social, and institutional, with the Social Worker playing a decisive role at this level, given his technical skills, relational and scientific technical skills. In this context and in order to identify and evaluate the psychosocial risks of the Direct Action Helpers of the Residential Structure for The Elderly of the Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, a questionnaire survey was applied to twenty Direct Action Helpers, composed of twenty-seven questions, distributed in five distinct areas, namely sociodemographic data; working hours and shifts; work, participation and decision-making; work and socio-emotional environment, and finally, the nature of work and satisfaction.

Through the analysis of the results obtained it was possible to identify the existing psychosocial risks, as well as propose intervention strategies to meet the risks, mainly in the categories "Emotional Requirements", "Management and Organization at Work" and "Human Resources".

Keywords: psychosocial risks, direct action helpers, social worker, human dignity.

RESUMEN

Las Estructuras Residenciales para Personas Mayores (ERPI) acogen con satisfacción a un público social, familiar y cultural cada vez más heterogéneo, lo que implica que las personas que cuidan a los ancianos tengan habilidades que van más allá de la formación profesional. Paralelamente a esto, varios estudios sugieren que las personas que están directamente involucradas en el cuidado de los ancianos sufren de altas tasas de depresión y ansiedad, estrés and burnout (Goodhead & McDonald, 2007; Ázakar et. al., 2012) menor satisfacción con la vida y la sensación de estar abrumado, especialmente cuando aumenta el tiempo dedicado al cuidado (Goodhead & McDonald, 2007). Según Vaz y Serra (2011), en la literatura se describen numerosas estrategias e instrumentos (Leka et al., 2008) que, si se utilizan de forma continua y en una lógica de reflexividad, contribuyen a una práctica orientada a la ética que no compromete la salud psicosocial ni la seguridad laboral. Esto implica un cambio no solo individual, sino también social, e institucional, con el Trabajador Social jugando un papel decisivo a este nivel, dadas sus habilidades técnicas, técnicas relacionales y científicas. En este contexto y con el fin de identificar y evaluar los riesgos psicosociales de los Ayudantes de Acción Directa de la Estructura Residencial para Los Ancianos de la Santa Casa da

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Misericórdia de Moimenta da Beira, se aplicó una encuesta con un cuestionario a veinte Ayudantes de Acción Directa, compuesto por veintisiete preguntas, distribuidas en cinco áreas distintas, a saber, datos sociodemográficos; horas de trabajo y turnos; trabajo, participación y toma de decisiones; trabajo y el entorno socioemocional, y finalmente, la naturaleza del trabajo y la satisfacción.

A través del análisis de los resultados obtenidos fue posible identificar los riesgos psicosociales existentes, así como proponer estrategias de intervención para suplir los a los riesgos, principalmente en las categorías "Requisitos Emocionales", "Gestión y Organización en el Trabajo" y "Recursos Humanos".

Palabras clave: riesgos psicosociales, ayudantes de acción directa, trabajador social, dignidad humana.

* Professora Auxiliar Convidada na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

**Professores Adjuntos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, Instituto Politécnico de Viseu.

*** Investigador na Revista Europeia de Estudos Artísticos.

****Assistente Social na Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira.

***** Assistente Social, Licenciada na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego, Instituto Politécnico de Viseu.

Submitted: 11th February 2020

Accepted: 24th November 2020

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INTRODUÇÃO

A preocupação em zelar pela boa qualidade dos serviços prestados implica cuidar (se) com (auto)compaixão para que se cuide dos ambientes de trabalho. “O processo de cuidar é, acima de tudo complexo, o que exige apoio e intervenção em vários domínios pelo que, altera fortemente a vida dos cuidadores” (Veiga (2016, p. 172) formais e informais. As mudanças com que nos dias de hoje se confronta a vida profissional com a conciliação da vida familiar, abriu espaço à emergência de respostas sociais/ ou outras alternativas destinadas à população idosa, onde muitos Assistentes Sociais trabalham, incluindo as respostas sociais destinadas à terceira idade (como por exemplo, Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas). O processo de cuidar exige reflexividade, diversificação de prioridades e estratégias de intervenção, tendo em conta a ética no ato de cuidar e a dignidade humana, sendo conferida maior importância à prevenção, às competências, práticas e modelos de intervenção nos cuidadores formais (Ajudantes de Ação Direta), de forma a proporcionar um ambiente organizacional mais saudável, com menos riscos psicossociais e com mais qualidade organizacional e profissional. Para melhor entender o papel do Serviço Social e também da Direção Técnica na identificação e avaliação dos riscos psicossociais nas Ajudantes de Ação Direta da ERPI de Momenta da Beira, foi aplicado um inquérito por questionário, com o intuito de, após analisar os resultados, propor estratégias de intervenção de forma a cuidar, também, de quem cuida, indo ao encontro da satisfação na prestação dos cuidados.

1. RISCOS PSICOSSOCIAIS

Na sociedade atual o conceito de riscos psicossociais tem estado cada vez mais presente, principalmente quando nos referimos às questões laborais, à gestão e organização do trabalho, e seus contextos ambientais e sociais. Os riscos psicossociais podem prejudicar ou favorecer a atividade laboral, bem como, a qualidade de vida e a saúde física e/ou psicológica dos trabalhadores (Silva, 2014). Deste modo, os riscos psicossociais são os responsáveis por algumas manifestações de stress que ocorrem entre os trabalhadores. Sempre que um trabalhador se encontra sujeito a exigências mais elevadas, ou quando essas mesmas exigências são incompatíveis com as suas aptidões e conhecimentos, ou ainda, nas situações onde o trabalhador não consegue lidar com essas exigências por haver uma limitação dos meios existentes, levando-o a vivenciar situações de stress (Matos, 2014).

De acordo com o VI Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho (IECT), realizado em 2015 pela EUROFOUNF (abrangeu os 28 Estados-Membros da UE, os cinco países candidatos à UE (Albânia, antiga República Jugoslava da Macedónia, Montenegro, Sérvia e Turquia, bem como a Suíça e a Noruega), verificou-se que quase um em cada seis trabalhadores (16%) declarou ter sido sujeito a atos de violência, assédio e atenção sexual não desejada.

Segundo González (2010) os riscos psicossociais “consistem nos aspetos de conceção, organização e gestão de trabalho, bem como do seu contexto social e ambiental, que potencialmente causam danos físicos, sociais e psicológicos aos trabalhadores” (p. 110). A identificação e a perceção dos fatores causadores dos riscos psicossociais no trabalho devem ser o ponto de partida de toda e qualquer organização, para se poder transformar a situação causadora de desconforto e desmotivação em indicadores de satisfação no trabalho (Maritinez & Paraguay, 2003). Estes fatores “são centrais na determinação da satisfação no trabalho, pela

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maneira como o indivíduo percebe, valoriza e julga esses aspetos” (Martinez et al. 2004, p. 60).

De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (2009) “os riscos psicossociais no trabalho consistem, por um lado, na interação entre o trabalho, o seu ambiente, a satisfação no trabalho e as condições físicas da organização; e, por outro, nas capacidades do trabalhador, nas suas necessidades, na sua cultura e na sua situação pessoal fora do trabalho; o que afinal, através das perceções e experiências, pode influir na saúde, no rendimento e na satisfação do trabalho.”

Neste sentido, Dominguez (2014) destaca duas definições relativamente ao conceito Xriscos psicossociaisY: A primeira definição relaciona-se com “as experiências desagradáveis e as emoções negativas, tais como a tensão, ansiedade, frustração, raiva e depressão resultantes de aspetos do trabalho, e denunciados através da reação fisiológica do corpo ou da reação psicológica e emocional sofrida por um indivíduo” (p. 10); A segunda definição com uma “reação emocional, cognitiva, comportamental e fisiológica a aspetos adversos e nocivos do trabalho, ambiente de trabalho e organização do trabalho que contribuem para os resultados psicológicos e fisiológicos negativos” (p. 10). De acordo com Duarte (2011) e tendo em conta um estudo elaborado pela Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho (EUOSHA), podemos agrupar os riscos psicossociais tendo em conta cinco dimensões/categorias: “novas formas de contratação e insegurança no trabalho, envelhecimento da população ativa, intensificação do trabalho, exigências emocionais elevadas e má articulação entre o trabalho e a família” (p. 23). No que concerne à intensificação do trabalho e às exigências emocionais elevadas, e principalmente quando o trabalhador se encontra exposto a experiências de stress sucessivas, este, pode vir a experienciar manifestações de burnout, termo que ganhou relevância como sendo o resultado da exposição a um meio psicossocial frágil. Assim, burnout é a designação que se dá ao estado de saúde emocional, físico e mental de exaustão, resultante do envolvimento de períodos contínuos em situações de trabalho emocionalmente exigentes (Matos, 2014).

Desta forma, a síndrome de burnout é caraterizada por três dimensões, mais precisamente, a exaustão emocional que é determinada pelo sentimento de esgotamento emocional causado pela carência de energia, fadiga, cansaço, o sentimento de incompetência que se encontra relacionado com o facto do trabalhador se autoavaliar de uma forma menos positiva, sentindo-se descontente com o seu progresso profissional e, por último a despersonalização que sucede a partir do momento em que o trabalhador passa a tratar a organização, os colegas e os utentes de forma impessoal e distante (Almeida, 2013), como se de uma estratégia ou mecanismo de proteção se tratasse.

O cansaço, os salários baixos, a ausência de justiça e de equidade, assim como a falta de supervisão, os conflitos de valores, a carga excessiva de trabalho (um trabalho mais complexo, intensivo e exigente tanto a nível físico como emocional), são todos fatores desencandadores de burnout (Almeida, 2013).

2. O CUIDADOR FORMAL

De acordo com Fontes citado em Névoa (2016, p. 182) o “lar de idosos “é o espelho do seu diretor técnico e da sua equipa de gestão, sendo que a qualidade dos serviços prestados depende essencialmente da postura desse técnico e da forma como exerce as suas funções” (p. 182). No Manual de Processos-Chave para Estrutura Residencial para Idosos (ERPI), elaborado pelo Instituto de Segurança Social I. P. (ISS) (2007) é referido que “é fundamental

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que a estrutura residencial se constitua como um contexto humanizado, personalizado e que tenha em conta as efetivas necessidades específicas de cada situação, tendo sempre como horizonte que os clientes são o centro de toda a atuação (...). Assim [se] exige a perspetiva do respeito e promoção dos seus direitos humanos” (p. 2) no cuidado e na relação profissional prestada pelo cuidador formal à pessoa cuidada.

Assiste-se a um aumento da população envelhecida, logo, aumenta a necessidade de instituições/organizações/serviços de apoio de longa duração, embora este efeito possa ser parcialmente compensado pela melhoria da saúde na velhice (OECD, 2017). É urgente apostar na adaptação por parte das instituições de cuidados de longa duração e dos seus cuidadores formais no que concerne ao tipo de formação, com especial destaque para a gerontologia e geriatria, bem como outras áreas relacionadas, como a comunicação (OMS, 2015), de forma a minimizar os riscos psicossociais já identificados por Duarte (2011), nomeadamente a intensificação do trabalho, as exigências emocionais e a dificuldade de conciliação entre a visa profissional e a vida familiar/pessoal.

Segundo o Boletim do Trabalho e Emprego (2017), n.º 39 os cuidadores formais designados por Ajudantes de Ação Direta que maioritariamente prestam a relação profissional de cuidar do outro, desempenham as seguintes funções:

1. “Trabalha diretamente com os utentes, quer individualmente, quer em grupo, tendo em vista o seu bem-estar, pelo que executa a totalidade ou parte das seguintes tarefas:

a) Recebe os utentes e faz a sua integração no período inicial de utilização dos equipamentos ou serviços;

b) Procede ao acompanhamento diurno e ou nocturno dos utentes, dentro e fora dos estabelecimentos e serviços, guiando-os, auxiliando-os e estimulando-os através da conversação, detectando os seus interesses e motivações e participando na ocupação de tempos livres;

c) Assegura a alimentação regular dos utentes;

d) Recolhe e cuida dos utensílios e equipamentos utilizados nas refeições;

e) Presta cuidados de higiene e conforto aos utentes e colabora na prestação de cuidados de saúde que não requeiram conhecimentos específicos, nomeadamente aplicando cremes medicinais, executando pequenos pensos e administrando medicamentos, nas horas prescritas e segundo as instruções recebidas;

f) Substitui as roupas de cama e de casa de banho, bem como o vestuário dos utentes, procede ao acondicionamento, arrumação, distribuição, transporte e controlo das roupas lavadas e à recolha de roupas sujas e sua entrega na lavandaria;

g) Requisita, recebe, controla e distribui os artigos de higiene e conforto;

h) Reporta à instituição ocorrências relevantes no âmbito das funções exercidas” (p. 3868).

O cuidador formal, aqui descrito como Ajudante de Ação Direta, é um profissional que se depara com a pessoa cuidada independentemente das suas condições físicas e mentais “que requer um olhar atento, cuidadoso e delicado dos profissionais” (Moreira, 2014, p. 41). No entanto, muitas vezes a prestação de cuidado implica “um desgaste físico e mental do cuidador, o que se traduz num aumento da sobrecarga” (p. 41). Fernandes (2017) enuncia como fatores psicossociais que “mais podem prejudicar a qualidade de vida dos Ajudantes de Ação Direta: “as exigências cognitivas, as exigências emocionais e o ritmo de trabalho” (p. 39).

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3. AS FUNÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL/DIRETOR TÉCNICO NUMA ERPI

De acordo com Carvalho (2013) o principal objetivo da intervenção com idosos passa por “conhecer e transformar a realidade das pessoas idosas, contribuindo, em conjunto com outras profissões, para o bem-estar deste grupo populacional através de um sistema global de ações (…) (p. 182). Cabe ao Assistente Social, inserido numa instituição e serviço de cariz residencial “promover a integração social e pessoal do residente no meio de convivência da instituição, assim como potenciar a manutenção e o reforço dos laços existentes com a sua família e comunidade” (Carvalho, 2013, p. 190), para além de assegurar e supervisionar a prestação de cuidados de forma humanizadora. Neste sentido, “o Assistente Social pode também exercer funções de direção técnica, sendo responsáveis pela coordenação e administração de equipamentos e serviços sociais direcionados, particularmente para as áreas do apoio à família e idosos” (Branco, 2009, op. Cit 2009, op. Cit 2009, op. Cit 2009, op. Cit Brinca; Almeida, Meireles, 2016, p. 31), como se pode verificar pela Portaria n.º 67/2012, artigo 11º (p. 1326).

Ou seja, a direção técnica deve ser assegurada por um técnico com formação superior em ciências sociais e do comportamento, saúde ou serviços sociais. As funções do diretor técnico podem ser executadas a 50%, quando a capacidade da estrutura residencial para pessoas idosas for inferior a 30 residentes.

A nível geral, o Assistente Social tem as seguintes funções nas instituições/organizações:

Atendem às diversidades sociais, culturais e institucionais; Identificam, diagnosticam problemas e necessidades das comunidades e seus

habitantes; Promovem recursos e potencialidades; Trabalham em parceria e em rede; Asseguram o processo de compreensão e implementação de medidas de política

social na instituição; Propõem e defendem a criação de estruturas que respondam às necessidades e

direitos dos cidadãos; Zelam pela humanização e qualidade dos serviços (Semedo, 2015, op. Cit Brinca;

Almeida, Meireles, (2016, p. 31).

De uma forma mais específica, podemos enumerar cinco funções do Assistente Social neste contexto:

Função preventiva, quando desenvolve um conjunto de atuações destinadas a promover a integração dos residentes e a detetar precocemente possíveis situações de conflitos entre os residentes e suas famílias;

Função socioeducativa, quando desenvolve um conjunto de atuações que favorecem as competências e habilidades pessoais dos residentes;

Função assistencial, está sobretudo ligada à necessidade de respostas imediatas como por exemplo, necessidades básicas dos indivíduos, necessidades de sobrevivência, sem, contudo, promover e encetar processos de capacitação/promoção social. A função assistencial na efetivação de respostas às diferentes necessidades sociais das pessoas idosas, efetiva-se através da informação, da orientação, aconselhamento sobre os diferentes recursos sociais existentes e desencadeando projetos de intervenção que atendam às distintas situações-problemas que se acrescentam;

Função planificadora, no desenvolvimento de atuações técnicas na programação de projetos de intervenção e participando na planificação geral da instituição;

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Função organizadora e coordenadora, fazendo parte da equipa interdisciplinar da instituição, participando na elaboração e desenvolvimentos dos diferentes projetos institucionais e estando em contato direto e sistemático com os restantes profissionais, com vista a uma atuação coordenada e integral (Santiago, 2003, op. Cit Carvalho, 2013, p. 190).

Cabe ao Assistente Social/Diretor Técnico sinalizar, diligenciar e/ou avaliar a presença dos riscos psicossociais na instituição/organização à luz da legislação em vigor, tendo em conta as funções supracitadas, mais precisamente a função planificadora e a função organizadora/coordenadora, de forma a que se coloque em prática, e no que diz respeito aos riscos profissionais, o princípio de que a sua prevenção “deve assentar numa correta e permanente avaliação de riscos” (art.º 5º, n.º 3).

O Assistente Social deve recorrer à Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro, que pretende regular as condições de saúde e segurança no trabalho, no que diz respeito ao direito do trabalhador à “prestação de trabalho em condições que respeitem a sua segurança e a sua saúde” (art.º 5º, n.º 1). Também o Código do Trabalho (Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro) tem referências às questões relacionadas com os riscos psicossociais, a que a mais recente alteração, Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto que dá ênfase às questões psicossociais relativas ao trabalhador ao reforçar o quadro legislativo para a prevenção da prática de assédio, tanto no setor privado como na Administração Pública.

De forma resumida, o papel do Assistente Social neste âmbito, e tendo em conta a necessidade de se reduzir ou eliminar os impactos dos riscos psicossociais, deve incidir na supervisão, na estimulação do relacionamento interpessoal e na identificação das necessidades de formação e interesses da comunidade institucional/organizacional, de forma a reduzir ou eliminar os impactos dos riscos psicossociais.

Ao supervisionar, o Assistente Social deve apoiar as ajudantes de ação direta, bem como a restante equipa de trabalho, deve prestar suporte técnico através da elaboração e planificação das tarefas e funções do dia a dia, desde a planificação da intervenção até à sua avaliação. Ou seja, supervisiona e assegura o cumprimento das normas laborais (horários de trabalho, férias, folgas).

No estímulo ao relacionamento interpessoal, o Assistente Social desenvolve habilidades comunicativas e relacionais (processos empáticos) entre e nas equipas de trabalho, fazendo a gestão de conflitos interpessoais, gestão de resolução de problemas.

Na identificação das necessidades de formação e interesses da comunidade institucional, capacita-se e empodera-se a equipa de trabalho, no que diz respeito ao aumento das competências profissionais, elaborando, acompanhando e avaliando os planos das atividades anuais, a partir das necessidades, interesses e recursos diagnosticados (Garcia e Jiménez, 2003, op. cit. Carvalho, 2013).

A supervisão, o relacionamento interpessoal e a identificação das necessidades de formação e interesses da comunidade institucional estão relacionadas com as especificidades do Serviço Social, definidas por Amaro (2015) onde se destaca a mediação de escala, o acesso e a relação.

A mediação de escala diz respeito “à capacidade de pensamento complexo do Assistente Social, à sua preocupação de manter uma visão global, estrutural e macro dos fenómenos, reforçando um olhar e uma ação que têm em conta a unicidade de cada indivíduo e as particularidades da sua situação” (Amaro, 2015, p. 134). Por sua vez, o acesso relaciona-se com a “ligação que o Assistente Social faz entre os destinatários da sua ação e os recursos disponíveis”, como por exemplo, o acesso e a concretização dos seus direitos no exercício das usas funções. A relação prende-se diretamente com a mediação que está subjacente ao

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processo de intervenção entre o Assistente Social e as Ajudantes de Ação Direta, entre o Assistente Social e as demais categorias profissionais presentes na Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, entre Assistente Social e idosos e familiares.

4. SITUAÇÕES DE STRESS E DE BURNOUT

Da revisão da literatura (Abdallah (2009), Carrera (2011), Collins (2008), Extremera, Durán e Rey (2005), Fong e Ng (2012), Gómez-García, Alonso-Sangregorio e LlamazaresSánchez (2019), Hamama (2012), Kim e Ji (2011), Lonne (2003) e Ramiro (2014), podemos concluir que são vários os autores que se debruçaram sobre o estudo dos riscos psicossociais que os interventores sociais estão sujeitos (Ribeiro, 2017).

Da análise da Portaria n.º 67/2012, mais concretamente o artigo 12º (n.º 2), entende-se que a estrutura residencial deve dispor de pessoal suficiente para assegurar a prestação de serviços durante 24h por dia, nomeadamente:

a. Um(a) animador(a) sociocultural ou educador(a) social ou técnico de geriatria, a tempo parcial por cada 40 residentes;

b. Um(a) enfermeiro(a), por cada 40 residentes;

c. Um(a) ajudante de ação direta, por cada 8 residentes;

d. Um(a) ajudante de ação direta por cada 20 residentes, com vista ao reforço no período noturno;

e. Um(a) encarregado(a) de serviços domésticos em estabelecimentos com capacidade igual ou superior a 40 residentes;

f. Um(a) cozinheiro(a) por estabelecimento;

g. Um(a) ajudante de cozinheiro(a) por cada 20 residentes;

h. Um(a) empregado(a) auxiliar por cada 20 residentes (p. 1326)

Sempre que a estrutura residencial acolha idosos em situação de grande dependência, os rácios de pessoal de enfermagem, ajudantes de ação direta e auxiliares devem ser os seguintes: a) um(a) enfermeiro(a), para cada 20 residentes; b) um (a) ajudante de ação direta, por cada 5 residentes; c) um(a) empregado(a) auxiliar por cada 15 residentes.

Tendo em conta Portaria n.º 67/2012 e, no âmbito do estudo apresentado, verifica-se que quando não há relação direta entre o número de ajudantes de ação direta para o número de idosos, existe exploração das condições de trabalho, que por sua vez, podem gerar situações de stress e de burnout.

Existe um conjunto de fatores de stress associados às profissões de ajuda, onde se incluem os Assistentes Sociais e referidos por vários autores, tais como, Reynaert, Libert, Janne e Zdanowicz (in Delbrouck, 2006), dando relevo aos fatores específicos da atividade profissional, tais como a sobrecarga de trabalho, a falta de trabalho, os perigos físicos e a satisfação no trabalho, o papel da organização e a ambiguidade dos papéis, o conflito de papéis, a responsabilidade dos indivíduos, e os conflitos resultantes dos limites organizacionais, para além dos conflitos relacionados com a falta de segurança no emprego.

O conceito de burnout surgiu nos anos 70, em artigos publicados por Freudenberger e Maslach e está relacionado com três dimensões: exaustão emocional, despersonalização (atitudes negativas e insensíveis para com o outro), realização pessoal, na medida em que se verificam diminuição de expetativas pessoais, para além de baixa auto-estima (Maslach e Jackson, 1982; Delbrouck, 2006; Maroco e Tecedeiro, 2009).

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Chambel (2005) refere que o burnout, (entendido como fase final do processo causado por uma longa exposição a tensões e pressões profissionais ou ocupacionais) emerge do stress pessoal face à ausência de condições de trabalho adequadas, num processo de longa duração. Ou seja, “genericamente, o stress nas organizações sociais aparece quando as exigências da situação excedem os recursos, desejos ou capacidades do indivíduo, isto é, há uma falha no fit entre as pessoas e as exigências colocadas pela organização na qual trabalha” (p. 106).

5. METODOLOGIA

A presente investigação pretende enquanto objetivo geral, identificar e avaliar os riscos psicossociais a que o cuidador formal de idosos está exposto e, implementar propostas de intervenção para suprir os riscos psicossociais identificados na ERPI da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira (ERPI selecionada por conveniência dos autores).

A metodologia seguida nesta investigação, incidiu numa fase inicial, numa pesquisa de tipo exploratório, com recurso privilegiado à investigação bibliográfica e documental, com as quais se pretende conhecer o campo teórico relacionado com as temáticas já expostas, tendo por base uma pesquisa de tipo descritivo, para além do inquérito exploratório por questionário por administração direta (Hill & Hill, 2002; Coutinho, 2016) e análise de conteúdo das questões abertas.

As ajudantes de ação direta não são os único cuidadores formais numa ERPI, no entanto, neste trabalho empírico, optou-se por esta categoria profissional, para além de identificarmos as funções desempenhadas pelo diretor técnico em ERPI (considerando o âmbito institucional que é o objeto de estudo) neste caso específico, por uma profissional Assistente Social, cumprindo os requisitos inerentes ao estipulado nas normas de funcionamento destes equipamentos sociais.

Neste âmbito e a fim de identificar e avaliar os riscos psicossociais das Ajudantes de Ação Direta da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, foi aplicado um inquérito por questionário (por autopreenchimento) a todas as Ajudantes de Ação Direta (na totalidade 20), composto por vinte e sete perguntas, distribuídas por cinco áreas distintas, nomeadamente, dados sociodemográficos; horários e turnos de trabalho; trabalho, participação e tomada de decisões; trabalho e ambiente social. As respostas obtidas através do questionário foram tratadas quantitativamente com o programa estatístico SPSS, versão 25.

6. RESULTADOS

O universo em análise é constituído por uma amostra de 20 Ajudantes de Ação Direta, da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira.

Resumidamente, e tendo em conta o questionário aplicado, podemos tecer algumas considerações sobre as secções do questionário, bem como sobre as respostas obtidas:

Relativamente às seções do inquérito por questionário, este foi constituído tendo em conta 5 seções, nomeadamente:

Secção 1 – Dados sociodemográficos;

Secção 2 – Trabalho e horários;

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Secção 3 – Trabalho, participação e tomada de decisões;

Secção 4 – Trabalho e ambiente sócio emocional;

Seção 5 – Natureza do trabalho e satisfação.

Relativamente às respostas obtidas, podemos referir que quanto ao género (vide tabela 1), os colaboradores da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira são maioritariamente do sexo feminino. Dos vinte inquiridos apenas um é do sexo masculino, sendo os restantes dezanove do sexo feminino. O inquirido com menos idade apresenta 22 anos, estando os inquiridos com mais idade na faixa etária dos 56 anos. Quanto ao estado civil, são na sua maioria (doze), casados ou em união de facto, sendo que seis deles estão solteiros, um divorciado e um viúvo.

Quanto às habilitações literárias (vide tabela 1), sete inquiridos têm o 10º,11º ou 12º ano, seis dos inquiridos com o 7º,8º ou 9ºano, quatro inquiridos são licenciados, um frequentou o pós-secundário (CET IV), outro tem o 5º,6º ano preparatório, e ainda outro inquirido completou o 1º,2º,3º ou 4º ano primário.

Tabela 1 – Caraterização sociodemográfica

Género Masculino 1 Feminino 19

Estado Civil

Casado/união de facto 12 Solteiro 6 Divorciado 1 Viúvo 1

Habilitações literárias

10º ao 12º 7 7º ao 9º 6 Licenciatura 4 Pós-secundário 1 2º ciclo 1 1º ciclo 1

Tabela 2 – Caraterização profissional

Tempo de serviço na ERPI < 3 anos > 3 anos Horário fixo Horário misto Tipologia do horário de trabalho Horário fixo Horário misto 14 6 Horas extra Raramente Nunca 9 6

Quanto ao tempo de serviço na ERPI, os dados obtidos dão-nos conta de que nove dos inquiridos trabalham na instituição há mais de três anos, sete dos inquiridos trabalham à menos de um ano na instituição, seguindo-se quatro inquiridos que contam com um, dois ou três anos de serviço, na ERPI da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira.

Quanto ao horário de trabalho, verifica-se que este se divide em dois tipos, sendo o primeiro um horário fixo de entrada e saída do qual usufruem catorze colaboradores da instituição, ou seja, a maioria dos inquiridos, e o segundo um horário com uma parte fixa obrigatória e uma parte flexível, do qual usufrui uma minoria dos inquiridos, mais precisamente seis deles.

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Quanto à questão relativa às horas extra e trabalho para casa, foi percetível através dos resultados dos inquéritos por questionário que nove inquiridos raramente fazem trabalho extra, horas extra ou levam trabalho para casa, seguindo-se seis inquiridos que manifestaram que nunca acontece tal situação, quatro inquiridos revelaram que é frequente isso acontecer, sendo que apenas um referiu que a situação acima descrita ocorre sempre.

Tabela 3 – Tomada de decisões no trabalho

Tomada de decisões no trabalho

Nunca Raramente Frequentemente Sempre 9 1 4 6

Distribuição de tarefas diárias Nunca Raramente Frequentemente Sempre 11 0 6 3

Elaboração de horários de trabalho/turnos

Nunca Raramente Frequentemente Sempre 14 4 1 1

Quanto à variável “decisões tomadas no trabalho”, relacionadas com as atividades e tarefas a executar, nove dos inquiridos afirmaram que nunca decidem o que fazer, seis que tomam sempre a decisão do que devem fazer, quatro responderam que decidem frequentemente o que devem fazer, e um inquirido respondeu que raramente toma essa decisão. Na “distribuição das tarefas ao longo do dia”, onze inquiridos informaram que nunca são eles que distribuem as suas tarefas, seis revelaram que distribuem frequentemente as suas tarefas, e três que distribuem sempre as próprias tarefas.

Quanto à “elaboração dos horários de trabalho”, e “distribuição de turnos rotativos”, catorze inquiridos afirmaram que nunca tomam qualquer decisão sobre a distribuição dos seus turnos, seguindo-se quatro que raramente o fazem, um inquirido que o faz frequentemente e outro que toma sempre essa decisão.

Tabela 4 – Participação dos Ajudantes de Ação Direta na dinâmica institucional

Nível de participação em equipamentos e materiais da ERPI

Sem participação Recebem informação Consultados Poder de decisão

11 2 4 3

Introdução de modificações nos métodos de trabalho

Sem participação Recebem informação Consultados Poder de decisão 8 5 4 3

Novos produtos e equipamentos

Sem participação Recebem informação Consultados Poder de decisão 8 5 4 3

Quanto ao “nível de participação que os inquiridos têm na introdução de alterações no equipamento e materiais”, as respostas obtidas foram as seguintes: onze inquiridos não têm nenhum nível de participação, seis são consultados frequentemente, três podem decidir pois, recebem informações acerca desta introdução. Relativamente à “introdução de modificações nos métodos de trabalho”, três inquiridos podem decidir, quatro são consultados, cinco recebem informações e por fim, oito inquiridos não têm nenhuma participação na referente introdução. Quanto ao “lançamento de novos ou melhores produtos/serviços” oito inquiridos afirmaram que não têm nenhuma participação, cinco recebem informação, quatro são consultados e três podem decidir.

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Tabela 5 – Informações e instruções prestadas às Ajudantes de Ação Direta

Oportunidades de formação Adequada Totalmente Adequadas Inadequadas

11 7 2

Informação sobre as suas funções, competências

Adequada Totalmente Adequadas Inadequadas 10 10 0

Instruções contraditórias Frequentemente Raramente/Nunca Sempre

10 4 2

Quanto à classificação que os inquiridos fazem da informação que a instituição lhes fornece em sobre as “oportunidades de formação”, onze dos inquiridos considera as oportunidades de formação adequadas, sete considera essas oportunidades totalmente adequadas, existindo ainda dois inquiridos que as consideram inadequadas. No que diz respeito à “informação que a instituição proporciona aos inquiridos acerca das suas funções, competências e atribuições”, dez dos mesmos responderam que as acham totalmente adequadas, sendo que os restantes dez manifestaram que as consideram adequadas.

Quando confrontados com as “instruções contraditórias” que ocorrem durante o trabalho, metade dos inquiridos (dez) responderam que isso acontece frequentemente, quatro que acontece raramente ou nunca acontece, e dois que é uma situação que está sempre a acontecer. Por fim, e referente à frequência com que ocorre no trabalho dos inquiridos a exigência de responsabilidades respeitantes a tarefas que não estão dentro das suas funções e deveriam ser realizadas por outros, sete inquiridos responderam que nunca acontece, seis que acontece raramente, outros seis inquiridos responderam que acontece frequentemente, e um respondeu que essa situação está sempre a acontecer.

Tabela 6 – Frequência de conflitos e de violência psicológica na ERPI

Frequência de conflitos na ERPI

Sempre Frequentemente Raramente Nunca 1 7 7 5

Violência física e de assédio sexual

Sempre Frequentemente Raramente Nunca 0 0 0 20

Violência Psicológica Sempre Frequentemente Raramente Nunca

0 1 3 16

Relativamente à frequência em que ocorrem no trabalho dos inquiridos “conflitos entre pessoas, situações de violência física, situações de violência sexual e situações de violência psicológica” (ameaças, insultos, desprezo, humilhações pessoais) e, no que diz respeito aos conflitos entre pessoas, um inquirido respondeu que existem sempre esses conflitos, seguindo-se sete que manifestaram que ocorre com frequência esse tipo de situações, outros sete inquiridos responderam que é raro acontecer, sendo que os restantes cinco referiram que nunca acontece esse tipo de conflitos no trabalho. No que concerne às “situações de violência física e de assédio sexual”, todos os vinte inquiridos manifestaram que tais situações nunca acontecem no seu trabalho, já nas situações de “violência psicológica” foi percetível através dos resultados obtidos, que um inquirido manifestou que esse tipo de violência acontece frequentemente. Os restantes inquiridos, mais precisamente três responderam que essa situação acontece muito raramente, e dezasseis revelaram que tal situação nunca acontece no decorrer do seu trabalho.

No que diz respeito à forma como são ultrapassados os conflitos entre os trabalhadores da ERPI da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, foi possível verificar que nove inquiridos perante tais conflitos, pedem aos superiores que encontrem uma solução. Por sua

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vez, sete dos inquiridos manifestaram que a instituição estabelece um procedimento de atuação para esse tipo de situações, seguindo-se dois inquiridos que responderam que são os próprios envolvidos a resolver a questão, e os restantes dois não sabem como é que a instituição atua numa situação dessas.

Quanto à frequência com que os inquiridos já viveram/experienciaram situações de discriminação pela idade, sexo, religião, categoria e formação profissional, dezasseis inquiridos responderam que nunca tiveram esse sentimento, seguindo-se três que manifestaram que é raro sentir essa situação, e por fim, um dos inquiridos respondeu que o sente frequentemente. Relativamente à exposição de situações que afetam emocionalmente os inquiridos, onze responderam que nunca se encontraram expostos a tais situações, sete responderam que raramente se encontraram nas situações descritas anteriormente, seguindo-se um inquirido que revelou que é exposto frequentemente a essas situações, e ainda outro que respondeu que está sempre exposto a situações que o afetam emocionalmente.

Nas situações em que tiveram de ocultar emoções/sentimentos perante os seus superiores, dez dos inquiridos responderam que nunca tiveram de o fazer, sete revelaram que raramente o tiveram de fazer, seguindo-se dois inquiridos que o fazem sempre e um que o faz com frequência. Por sua vez, quando confrontados com o facto de já terem ocultado emoções/sentimentos perante os seus colegas, metade dos inquiridos responderam que nunca o tiveram de fazer, sendo que sete raramente o fizeram, um faz isso com frequência, e dois inquiridos ocultam sempre essas emoções. Nas situações em que têm de dar resposta aos problemas emocionais dos utentes, três dos inquiridos responderam que nunca o têm de fazer, sendo que outros três manifestaram que raramente o fazem. Por outro lado, nove dos inquiridos responderam que dão essas respostas frequentemente, sendo que os restantes cinco inquiridos dão sempre respostas a esses problemas. Por último, mas não menos importante, encontra-se a ocultação de emoções/sentimentos perante pessoas exteriores à instituição, sendo que doze inquiridos revelaram que nunca tiveram de o fazer, quatro que raramente o fizeram, dois inquiridos que o fazem frequentemente e os restantes dois que o fazem sempre.

Tabela 7 - Necessidade de aumento do ritmo de trabalho vs simultaneidade de tarefas

Aumento do ritmo de trabalho Sempre Frequentemente Raramente Nunca

4 9 6 1

Realização de tarefas simultaneamente

Sempre Frequentemente Raramente Nunca 3 11 5 1

Quanto aos resultados obtidos relativos à frequência em que ocorrem no trabalho dos inquiridos o aumento do ritmo de trabalho, um inquirido respondeu que nunca o faz, seis manifestaram que raramente o fizeram, nove inquiridos revelaram que têm de aumentar o ritmo com frequência, sendo que os restantes quatro, aumentam sempre o ritmo de trabalho. A segunda situação faz referência ao facto de os inquiridos terem de realizar várias tarefas em simultâneo, sendo os resultados obtidos os seguintes, três inquiridos responderam que têm de aumentar sempre o ritmo de trabalho, onze têm de o fazer frequentemente, cinco inquiridos raramente o têm de fazer, e um inquirido nunca o faz.

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Tabela 8 – Reconhecimento do trabalho realizado pelas Ajudantes de Ação Direta na ERPI de Momenta da Beira

Reconhecimento e apreciação do trabalho (pelos superiores hierárquicos)

Sempre Frequentemente Raramente Nunca

13 6 1 0

Reconhecimento e apreciação do trabalho pelos utentes e suas famílias

Sempre Frequentemente Raramente Nunca

13 5 1 1

Reconhecimento e apreciação do trabalho pelas famílias e amigos das Ajudantes de Ação Direta

Sempre Frequentemente Raramente Nunca

15 4 1 0

Quanto ao reconhecimento e apreciação do trabalho que os inquiridos desempenham na ERPI pelos seus superiores; colegas; subordinados; utentes, familiares de utentes, pela família e amigos dos próprios inquiridos, a maioria destes, mais precisamente treze, considera que o seu trabalho é sempre reconhecido pelos seus superiores, sendo que seis inquiridos o consideram frequentemente, e um raramente o considera. Relativamente à apreciação do trabalho por parte dos utentes e seus familiares, treze inquiridos consideram que estes apreciam sempre o seu trabalho, cinco responderam que o apreciam com frequência, um manifestou que raramente o apreciavam e outro inquirido revelou que esta apreciação nunca era feita por parte dos utentes e familiares. Por último vem o reconhecimento feito pelas próprias famílias e amigos dos inquiridos, sendo que quinze consideram que o seu trabalho é sempre reconhecido pelos seus familiares e amigos, quatro consideram que é reconhecido com frequência, e um que raramente é reconhecido pelos mesmos.

Tabela 9 – Satisfação salarial das Ajudantes de Ação Direta

Satisfação salarial Satisfeitos insatisfeitos Muito insatisfeitos

9 8 3

Quanto ao grau de satisfação salarial por parte dos inquiridos, nove encontram-se satisfeitos com o seu salário, oito insatisfeitos com o mesmo, e três muito insatisfeitos.

Relativamente à única questão aberta neste inquérito por questionário, sugestões/recomendações tendentes à melhoria das suas condições de trabalho, dos vinte inquiridos apenas seis responderam à mesma, sendo as suas respostas as seguintes: “Mais formação; Melhoramento das condições do piso inferior, equipamento mais adequado para as condições dos funcionários, mais atividades de interação de idosos; Mais meios humanos para realizar levantos e entregar almoços, escala laboral (sair atempadamente); Melhoramento dos pisos; Aumento salarial; As colegas serem mais amigas para o trabalho correr bem”.

7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Tendo em conta os resultados obtidos podemos aferir que a ERPI da SCM de Moimenta da Beira revela preocupação com as necessidades específicas das Ajudantes de Ação Direta, ou seja com o contexto humanizador na prestação de cuidados. A recetividade perante a investigação desenvolvida é prova de que os seus dirigentes se preocupam com o bem-estar dos idosos bem como das ajudantes de ação direta.

Analisando descritivamente as características sociodemográficas dos cuidadores inquiridos verificamos que a maioria dos inquiridos é do género feminino, indo ao encontro da descrição

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realizada por Colomé et al (2011) quando afirmou que o cuidador formal de idosos é maioritariamente do género feminino e casado.

Ao nível da caraterização profissional, são pessoas que desempenham a função de cuidador formal de idosos (onze inquiridos) há menos de três anos na ERPI, sendo que nove inquiridos trabalham há mais do que três anos. Dos vinte inquiridos, catorze trabalham regularmente com horário fixo, sendo que seis trabalham em horário misto. É de salientar e, no que diz respeito à necessidade de efetuarem horas extra, nove inquiridos afirmaram que raramente fazem trabalho extra, horas extra ou levam trabalho para casa, seguindo-se seis inquiridos que manifestaram que nunca foi necessário fazê-lo.

Foi possível identificar alguns fatores psicossociais que podem ser entendidos como fatores de risco para a saúde, nomeadamente: ritmo de trabalho, realização de várias tarefas em simultâneo (tabela 7), conflitos laborais (tabela 6) e as exigências emocionais, tal como referiu Fernandes (2017, p. 39). Este conjunto de fatores de risco ou de stress, tal como referiram os autores Reynaert, Libert, Janne e Zdanowicz (in Delbrouck, 2006), quando prolongados no tempo podem provocar situações de burnout (Chambel (2005),

É de igual modo relevante afirmar que a eficácia da intervenção do assistente social e, neste caso, também do Diretor Técnico depende, não só dos recursos sociais que a instituição dispõe, como também do envolvimento das ajudantes de ação direta em toda a dinâmica institucional, aumentando o entusiasmo e a motivação na prestação dos cuidados, mostrando respeito pelo outro e pela sua categoria profissional. Na ERPI de Moimenta da Beira e de acordo com os resultados, verifica-se que há necessidade em envolver as ajudantes de ação direta na dinâmica institucional, aqui entendida como: participação em equipamentos e materiais da ERPI, onde onze inquiridos revelaram não terem participação, na introdução de modificação nos métodos de trabalho, na introdução de novos produtos e equipamentos (oito inquiridos revelaram não terem qualquer tipo de participação nestas ações).

É imprescindível interpretar as consequências das instruções contraditórias, onde dez inquiridos referiram que acontecem frequentemente, podendo contribuir para o aumento dos fatores de risco e consequentemente para um ambiente organizacional stressante.

Como fatores protetores é de realçar o reconhecimento do trabalho realizado pelas Ajudantes de Ação Direta na ERPI de Momenta da Beira, pelos superiores hierárquicos, pelos utentes e seus familiares, bem como o reconhecimento e apreciação do trabalho pelas famílias e amigos das Ajudantes de Ação Direta, assim como o apoio prestado pelos superiores hierárquicos na resolução de conflitos/problemas. Nove inquiridos perante situações conflituosas, solicitam ajuda aos seus superiores hierárquicos, e sete dos inquiridos manifestaram que a instituição estabelece um procedimento de atuação para esse tipo de situações.

É de todo importante verificar igualmente que a supervisão assume um papel crucial na medida em que, quando questionados sobre a importância e a adequação da supervisão nos métodos de trabalho, “dez inquiridos consideram que a supervisão é totalmente adequada, nove consideram esta última adequada, e apenas um inquirido a considera inadequada”. Ainda dentro desta temática, verifica-se igualmente a importância do Assistente Social na gestão dos serviços, tendo em conta os fatores psicossociais potenciadores de stress, prejudiciais à qualidade de vida das Ajudantes de Ação Direta, principalmente as exigências emocionais e o ritmo de trabalho como referido na apresentação dos resultados, em que treze dos inquiridos revelaram ter necessidade de aumentar o ritmo de trabalho. Quando questionados sobre a exposição a situações que os afetam emocionalmente, sete responderam que raramente se encontraram nas situações descritas anteriormente, seguindo-se um inquirido que revelou que é exposto frequentemente a essas situações, e ainda outro que respondeu que está sempre exposto a situações que o afetam emocionalmente. Embora estes resultados não

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sejam representativos (tendo em conta a amostra apresentada), é necessário observá-los de forma objetiva, implementando propostas de intervenção de forma a eliminar ou minimizar este impacto nos ajudantes de ação direta, agindo preventivamente nas situações em que tiveram de ocultar emoções/sentimentos perante os seus superiores e os seus colegas de profissão.

Tendo em conta os resultados observados, constata-se que as funções (Santiago, 2003 op. Cit Carvalho, 2013, p. 190) que mais se verificam na avaliação dos riscos psicossociais, são sobretudo as funções assistenciais com cariz informativo e de aconselhamento, a par da mediação com o meio. As funções preventivas e socioeducativas também se verificam, na medida em que o Assistente Social tem como tarefa detetar e sinalizar precocemente situações de risco e de perigo, para além de desenvolver e implementar planos que promovam as competências de todos os envolvidos no ato de cuidar (função planificadora, organizadora e coordenadora).

As funções descritas por Santiago (2003) e Carvalho (2013) vão ao encontro das funções atribuídas e reconhecidas ao Serviço Social descritas por Amaro (2015, p. 135) e que, de forma geral, são as funções relacionais, de acompanhamento, assistenciais, políticas e funções técnico-operativas. Neste trabalho empírico, e segundo as funções definidas por Amaro (2015) as que mais se adequam à avaliação dos riscos psicossociais são as funções de acompanhamento, que pressupõem negociação e cocriação de projetos de vida (p. 137), projetos de avaliação e acompanhamento em termos profissionais, informação e exploração de recursos disponíveis, criação de oportunidades de formação contínua. São funções do tipo personalista, que se centram, fundamentalmente ao nível de trabalho individualizado, gerindo emoções e afetos. Estas funções, têm como objetivo dinamizar ações de capacitação e de empoderamento de índole pedagógica e educativa junto de todos os que estão implicados no ato de cuidar, neste caso específico, as ajudantes de ação direta.

Ainda decorrente da análise dos resultados é importante que as organizações sociais coloquem em prática a prevenção primária, na medida em que a organização deve criar condições para a“…modificação da estrutura organizacional, no treino e formação, na rotação de postos de trabalho, na seleção e recrutamento profissional, nas características físicas e ambientais do próprio trabalho”, a prevenção secundária, centrada nas relações interpessoais no local de trabalho, no poder de participação das ajudantes de ação direta, no reconhecimento do trabalho e na satisfação com o trabalho desempenhado, nos papéis profissionais e na relação profissional entre o trabalhador e o ambiente organizacional. Por último, mas não menos importante, a prevenção terciária, mais direcionada para o indivíduo/ajudantes de ação direta, através de estratégias de coping, de mediação, técnicas de relaxamento, ginástica laboral, gestão de conflitos, gestão de tempo, trabalho de equipa (Cooper e Payne, 1992, op. Cit, Gomes et al, 2004, p. 30).

As competências políticas caraterísticas dos Assistentes Sociais justificam as propostas apresentadas no que diz respeito à avaliação dos riscos psicossociais nas organizações sociais onde desempenham a função de diretores técnicos. Este artigo para além de demonstrar a preocupação dos autores em relação às condições de trabalho das ajudantes de ação direta em contextos de ERPI, deve também ser considerado numa dimensão mais micro, logo, pressupõe adequação, ao contexto empírico aqui apresentado, para além de sugerir recomendações para outros contextos de intervenção idênticos, mas a um nível mais macro. A função desempenhada pelo Assistente Social, também enquanto diretor técnico, remete para uma função política ao “nível da preparação e influência de decisão, da proposição de novas respostas, da análise e crítica às políticas sociais, da conceção de programas e medidas de política e da interpretação das sociedades e suas estruturas, tentando propor modelos alternativos” (Amaro, 2015, p. 139), daí a relação entre as funções de relação, de acompanhamento, assistência e políticas presente no diagnostico, no planeamento, na

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execução, na avaliação e na gestão das organizações sociais, sem contudo ignorar a importância da reflexão-ação antes, durante e após a intervenção, tendo em conta a trilogia de prevenção: primária, secundária e terciária, tão importante na elaboração, aplicação e avaliação dos resultados dos inquéritos por questionários, para além de evidenciar a natureza do Serviço Social, as suas raízes históricas associadas à prática curativa, preventiva, promocional, restauradora, de controlo e de estabilidade social com enfoque nos processos de interação e de mudança social (Almeida, Santos, Albuquerque, 2013).

Tendo em conta as respostas dos questionários pressupõe-se que exista uma maior sobrecarga psicológica e emocional à medida que aumenta o tempo prestado ao cuidados dos outros, ou seja, exposição às caraterísticas inerentes à função de cuidar, o que vem ao encontro das preocupações refletidas pelos autores Almeida (2013), Alves (2015), Chambel (2016) ou Ribeiro (2016) quando estes defendem o forte impacto da função de cuidador na deterioração da saúde do cuidador formal. As consequências do stress e do burnout têm repercussões a nível pessoal, profissional e social, pelo que se torna de todo pertinente a implementação da prevenção primária e secundária nos riscos psicossociais (atuar para resolver).

Em suma, os resultados obtidos nesta investigação permitem verificar alguns fatores de risco, no entanto, também se apresentam aqui fatores favoráveis, tais como o reconhecimento pelo trabalho realizado, a ausência de situações de violência física e de assédio sexual, bem como situações de violência psicológica. A satisfação e empenho na função de cuidar, sobrepõem-se às exigências emocionais e ao ritmo de trabalho, resultando em níveis de satisfação e em fatores psicossociais favoráveis. Não obstante, é necessário estar atentos e agir preventivamente, propondo estratégias de intervenção de forma a aumentar a satisfação de todos os envolvidos na prestação de cuidados.

Observando os resultados da presente investigação, identificamos algumas sugestões/propostas de intervenção decorrentes da análise da avaliação dos riscos psicossociais na ERPI da Santa Casa de Misericórdia de Moimenta da Beira, nas seguintes categorias:

Categoria Exigências Emocionais: formações com vista a melhorar a intervenção em situações de emergência; retribuição nos aniversários (pequena lembrança oferecida em nome da instituição); álbum de fotografias de cada ajudante de ação direta (onde se guardam todas as memórias desde o momento em que o mesmo entrou na instituição). aulas de zumba semanal para todos os colaboradores da instituição.

Categoria Gestão e Organização no Trabalho:

Subcategoria - vida profissional vs. vida pessoal (possibilidade de conciliar o tempo livre com o da família e amigos): convívio mensal na instituição entre todos os colaboradores, os seus familiares e utentes;

Subcategoria – Carga Horária: tentar adequar de forma equitativa o horário de trabalho;

Subcategoria – Formação: livro de recomendações de formações (onde constam todas as formações que os colaboradores gostavam de realizar);

Subcategoria - Recursos Materiais: nos pisos inferiores adaptar os pavimentos com material antiderrapante;

Subcategoria - Relacionamento entre Colegas: convívios mensais entre todos os colaboradores da instituição;

Categoria Recursos Humanos:

Subcategoria – Remuneração: aumento do salário.

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Decorrendo do estudo realizado, podemos sugerir algumas recomendações de boas práticas já realizadas em algumas organizações sociais, tais como: a dinamização de programas/workshops de promoção/estimulação de competências relacionais e comunicacionais com estratégias de apoio e de suporte às equipas de trabalho, a realização de reuniões mensais para promover a partilha experiências de forma a criar laços entre os cuidadores formais, a instituição e a comunidade envolvente, de forma a colmatar/diminuir o desgaste emocional e físico, assim como a sobrecarga associada ao mesmo e, o stress consequente das funções desempenhadas, optando por uma prática orientada para a ética e para a dignidade humana, de forma a não comprometer a saúde psicossocial, e a segurança ocupacional de todos os intervenientes no processo do cuidar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente artigo é o resultado de um contexto específico de intervenção da prática profissional do Serviço Social (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira). Neste sentido, os resultados obtidos terão de ser analisados, tendo em conta esta investigação organizacional.

Cardiga (2014) alerta para a necessidade de se reinventarem estratégias de intervenção na avaliação dos riscos psicossociais nas várias organizações sociais, de forma a promover a ética no cuidado, a reflexividade e a dignidade humana. Salienta a necessidade de aprofundamento do conhecimento científico, ao afirmar que “seria interessante desenvolver programas de apoio aos cuidadores centrados na qualidade de vida. . . de forma a permitir um reconhecimento das dificuldades encontradas no ato de cuidar” (p. 51)

A avaliação dos riscos Psicossociais na ERPI revela acima de tudo uma gestão social direcionada para um modelo orientado para as pessoas (Smale, 1996), um Modelo Orientado para a Mudança (Beckett, 2010) centrado na perspetiva das forças (Saleebey, 1996; Kondrat, 2010, op. Cit, Almeida et al, 2013).

Queremos acreditar que oferecendo melhores condições de trabalho, tendo em conta as suas sugestões de melhoria, bem como necessidades/interesses das Ajudantes de Ação Direta, seria mais reconfortante presenciar estas duas dimensões do cuidar: o lado carinhoso dos afetos (caring about) e o assegurar as tarefas (caring for), sendo que uma dimensão envolve necessariamente a outra porque sem a dimensão afetiva haveria apenas a prestação de serviços e não cuidados (Elliot, 1996, op. Cit Romão, Pereira & Gerardo, 2008).

Verificamos também e, fazendo referência a Neil Thompson (2000), que o Serviço Social na ERPI de Moimenta da Beira vai ao encontro dos três parâmetros identificados por Thompson (2000): “abordagem por referência às atividades, o Serviço Social é aquilo que os trabalhadores sociais fazem; abordagem por referência à política social – o Serviço Social integra-se no conceito de bem-estar social; abordagem histórica das raízes do Serviço Social – o Serviço Social balança entre o equilíbrio e o consenso da estabilidade social e a tensão da mudança” (op. Cit Almeida, Santos, Albuquerque, 2013, p. 9). É nesta última abordagem que a ERPI da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira se insere: preocupação com o bem estar individual das ajudantes de ação direta, com o bem estar organizacional e com o bem estar dos idosos, ou seja, um Serviço Social preocupado com as questões pessoais, profissionais, sociais e familiares, centrado nos problemas, encarando-os como desafios, com planos de intervenção reflexivos e emancipatórios, no sentido de empoderamento e capacitação das ajudantes de ação direta (princípio da justiça social, princípio da dignidade humana).

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Relativamente aos limites deste estudo, seria aliciante avaliar os riscos psicossociais nas outras categorias profissionais da ERPI da Santa Casa da Misericórdia de Moimenta da Beira, estudar a humanização das organizações sociais, as questões de género e a conciliação familiar nas ERPIS. O recurso a metodologias qualitativas também poderia enriquecer a análise da temática, para além de estudos comparativos, com outras ERPIs e categorias profissionais.

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