O papel essencial da gestão de ativos - Revista Ferroviária
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Agestão de ativos é uma preocupação recente e vista como fundamental, para a maior parte das operadoras ferroviárias do mundo. É o que reve-la pesquisa realizada neste ano pela ABB, que
ouviu aproximadamente 200 executivos sêniores. Segundo
-ras e operacionais de suas organizações. Aproximadamen-te 88% dos participantes indicou a gestão de ativos como prioridade (tendo 55% indicado alta prioridade e 33%, prio-ridade moderada) e dois terços acreditam que ela se tornou mais importante nos últimos 12 meses.
O diretor de Engenharia do MetrôRio, Joubert Flores, diz que a preocupação com a gestão de ativos ferroviários no Brasil também é razoavelmente recente“. Há 20 anos atrás, isso não era um lema, as pessoas não pensavam assim. Se você perguntasse para um engenheiro de manutenção, ele ia manter o equipamento dele para sempre”, explica.
É necessário, porém, na visão do diretor, que os ativos te-nham seus ciclos de vida avaliados no longo prazo, seja um ativo usado ou novo. “Gerir o ativo e analisar todo o ciclo de vida é também chegar a conclusão de um ponto ótimo, em que é melhor e mais barato você reinvestir e trocar esse
demais”, diz. Na compra de um trem novo, por exemplo, é necessário avaliar o custo de manutenção durante esse ciclo
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mas que vai exigir manutenção mais cara e frequente.No MetrôRio, o diretor conta que uma equipe de estudos
tem avaliado, ao longo dos últimos quatro anos, os ciclos de vida dos ativos concessionados e a necessidade de mo-
substituição estimado em R$ 500 milhões. Desses 51, oito foram categorizados como mais importantes e serão priori-zados. O custo estimado dos 8 ativos priorizados — entre eles, partes de subestações de alta tensão, escadas rolantes,
-teria — é de R$ 30 milhões.
O intuito é que a substituição desses ativos seja realizada até o início de 2019. A partir de 2018, o MetrôRio volta a avaliar as condições dos outros 43 ativos da lista inicial para saber quais os próximos a entrar nas prioridades. Além disso, a em-presa tem a intenção de substituir trens antigos, 30 no total, mas isso não deve acontecer antes de 2021, segundo Flores, pois depende de uma negociação com o governo do Estado.
Trem da série 200 da Trensurb no terminal de manobras, na Estação Mercado, em Porto Alegre (RS)
Kauê Menezes/Trensurb
O papel essencial da gestão de ativosGerenciamento começa na compra de um ativo e acompanha toda a sua vida útil, incluindo a operação e a manutenção, até a necessidade de modernização ou troca
REVISTA FERROVIÁRIA | OUTUBRO/NOVEMBRO DE 201644
reportagem
executivos acredita que a integração de aplicações de tec-nologias de informação e tecnologias operacionais é extre-mamente valiosa na melhoria da conexão de disciplinas em
75% dos entrevistados. Em muitas empresas, isso já é uma realidade — e que vem sendo aprimorada.
As áreas de manutenção e operação utilizam de bancos de informação, capazes de confrontar uma série de infor-mações e apontar a melhor decisão ou oferecer alternativas. A MRS, operadora ferroviária de transporte de carga, busca
-cia das locomotivas e a disposição dos maquinistas. Para isso, a empresa utiliza ferramentas para o melhor aprovei-tamento de seus ativos. Uma delas é o ‘optimove’, que oti-miza a circulação dos trens. Segundo Thiago Lima, gerente geral de Planejamento e Controle de Operação da MRS, a ferramenta fornece os dados da malha ferroviária como um todo, dando indicativos de como proceder com a operação do sistema, qual trem deve ter prioridade, levando em conta sua velocidade máxima autorizada e seu peso, além dos pá-
tios de cruzamento próximos. O optimove faz a simulação em tempo real e orienta o controlador de tráfego na tomada de decisão. A ferramenta leva em conta também se o cliente está preparado para a carga/descarga.
Outra solução é o ‘optimore’, que atua integrado ao op-timove, orientando a equipe de operação de acordo com a grade de disponibilidade dos terminais. O objetivo também é ganhar produtividade, garantindo que os trens esperem o menor tempo possível para serem carregados.
A MRS também está implantando uma ferramenta que -
gundo Lima, hoje a programação das escalas se baseia em decisões mais subjetivas e deve passar a ser feita de manei-ra mais objetiva, obedecendo a padrões e levando em conta
horas ociosas.
ativos, a MRS conseguiu, com o apoio dessas tecnologias, re-transit time, que, em 5
anos, caiu de 25 para 19 horas no maior corredor de minério da empresa, entre Andaime (MG) e os portos do Rio de Janeiro.
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No transporte ferroviário de passageiros, a informação também é arma fundamental para a melhor gestão, opera-ção e manutenção dos ativos. Na gaúcha Trensurb, a princi-pal solução é caseira. A ferramenta, desenvolvida na própria
(IEO). “É um sistema que acompanha diariamente a dis-
material rodante, entre outras coisas”, explica o consultor especial da Trensurb, Carlos Augusto Belolli.
De acordo com Belolli, com as informações que o sistema -
car os problemas e agir nos pontos críticos. É possível, assim, adequar o plano de manutenção conforme as necessidades, levando em conta também o que é apontado pelos usuários em pesquisas de satisfação.
O sistema compila e compara os dados, buscan-
que o gestor consiga focar a energia e o recurso no ponto crítico, que gera a qualidade que o usuário está esperando”, explica Belolli.
São nove indicadores chave de desempenho,
garantem o acompanhamento diário de aproxima-damente 300 famílias de equipamentos e ocor-rências. As ferramentas utilizadas pela Trensurb permitiram alguns resultados bastante positivos,
-temas (que incluem equipamentos de sinalização e de energia elétrica). Os pedidos de intervenção caíram de 4.284, em 2011, para 2.470, ano passa-do, e 1.724 até aqui, em 2016.
A empresa está instalando ainda um sistema para inte-grar os processos de manutenção com os processos de su-
as necessidades de compra e o recurso disponível. Hoje, ainda não há uma comunicação direta e automatizada. A estimativa é que a nova ferramenta em implantação já dê resultados em 2017.
em tecnologias para otimizar a manutenção do sistema. Segundo Oberlam Calçada, diretor de Manutenção da SuperVia, entre os principais equipamentos de manuten-ção estão os carros controle da empresa, que contam com conjunto de lasers sob o estrado para fazer a prospecção
ainda o desgaste do trilho, a condição da vida útil do trilho, condição de alinhamento da via, de nivelamento e bitola.
A empresa trabalha também com um equipamento de
do trilho. Além desses equipamentos, a SuperVia investiu em um implemento, também embarcado, em retroescava-deiras, para mecanizar a troca dos dormentes de madeira da empresa por dormentes de concreto. A empresa tem como meta trocar entre 40 e 60 mil dormentes por ano. Segundo Calçada, os novos dormentes terão vida útil de até 50 anos.
a vibração da via permanente e o conforto do passageiro.
De acordo com o diretor de Manutenção, a empresa já está utilizando também câmeras embarcadas nos trens, que avaliam o contato do pantógrafo com as catenárias e, sob o estrado, para avaliar a vibração dos truques. A SuperVia avalia no momento a utilização de drones equi-pados com infravermelhos para realizar as prospecções necessárias ao processo de manutenção da empresa. A grande vantagem dessa solução está na não necessidade de ocupação da via, garantindo agilidade sem compro-meter a operação.
A pesquisa da ABB questionou os executivos sobre a importância da gestão de ativos para cada área. As áreas de manutenção e operação foram as com maior nota mé-dia de importância, em uma escala até 5. Os executivos das operadoras atribuíram nota média de 4,18 para ma-nutenção e de 3,93 para operação.
Centro de Controle Operacional da MRS
Divulgação
REVISTA FERROVIÁRIA | OUTUBRO/NOVEMBRO DE 201646
reportagem