O Pensamento Arquitetônico de Século XIX na Europa

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O Pensamento Arquitetônico do Século XIX na Europa O cenário europeu de séc. XIX estava sendo moldado de acordo com as influências decorrentes da revolução industrial, eram eventos de uma enorme multiplicidade, capazes de englobar fatores sociais, políticos e principalmente culturais e que não iriam passar despercebidos e nem deixariam de ser absorvidos e traduzidos para a linguagem arquitetônica da época. A arquitetura européia estava condicionada há três séculos por um sistema de regras, deduzidas em parte da antiguidade e em parte da tratadística renascentista, que eram consideradas universais e imutáveis. Porém, apesar de ser considerada uma égide, a corrente clássica, passará a ter sua autoridade questionada devido à crescente tendência cartesiana francesa a clareza e a certeza, que desabrochará mais tarde no Iluminismo, corrente ideológica que servirá de força motriz para os avanços em diversos aspectos da sociedade na Europa no séc. XIX. Com isso, se torna impossível tratar dos movimentos que marcaram esse período, sem tratar da condição francesa diante desses fatores. Historicamente a hegemonia cultural européia vai ser bastante acirrada entre a Inglaterra e a França, que passarão a ter relações estreitamente sensíveis. Contudo, a

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O Pensamento Arquitetônico do Século XIX na Europa

O cenário europeu de séc. XIX estava sendo moldado de acordo com as

influências decorrentes da revolução industrial, eram eventos de uma enorme

multiplicidade, capazes de englobar fatores sociais, políticos e principalmente

culturais e que não iriam passar despercebidos e nem deixariam de ser

absorvidos e traduzidos para a linguagem arquitetônica da época.

A arquitetura européia estava condicionada há três séculos por um

sistema de regras, deduzidas em parte da antiguidade e em parte da

tratadística renascentista, que eram consideradas universais e imutáveis.

Porém, apesar de ser considerada uma égide, a corrente clássica, passará a

ter sua autoridade questionada devido à crescente tendência cartesiana

francesa a clareza e a certeza, que desabrochará mais tarde no Iluminismo,

corrente ideológica que servirá de força motriz para os avanços em diversos

aspectos da sociedade na Europa no séc. XIX. Com isso, se torna impossível

tratar dos movimentos que marcaram esse período, sem tratar da condição

francesa diante desses fatores.

Historicamente a hegemonia cultural européia vai ser bastante acirrada

entre a Inglaterra e a França, que passarão a ter relações estreitamente

sensíveis. Contudo, a França larga na frente ao receber transmitida pela Itália,

a fonte irradiadora de cultura para todas as sociedades, comprovando a força

do espírito normatizador herdado de Luís XIV, com a fundação da Academia de

Arquitetura Francesa em 1671, afirmando a necessidade de criar um órgão

capaz de conceituar e regulamentar a arquitetura e aquecendo ainda mais o

debate sobre a validade das normas clássicas como modelo artístico. Fato, que

comprova de maneira decisiva que naquele país a crise estilística já era

percebida, antes mesmo de ser aceita e eclodir.

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Assim, por consistir em um período de intensa atividade de transição e

por não encontrar uma manifestação formal que se adequasse inteiramente

com as inovações tecnológicas vigentes, os arquitetos do séc. XIX voltaram-se

para o passado buscando referências nas experiências adquiridas, que

ocasionou sucessivas crises no contexto arquitetônico conhecidos com

Revivals ou releituras, que remetessem os grandiosos edifícios da antiguidade

e preenchesse com um passado glorioso a recente história da burguesia.

O pensamento arquitetônico que marcou essa época foi configurado em

uma enorme tentativa de se estabelecer uma norma, uma regra ou

simplesmente um modelo que pudesse traduzir os anseios daquela época de

intensa troca de informações, de acúmulo de novas técnicas e da necessidade

de pô-las em prática. Esse processo de transformação, contudo, carregou

intrínseco em si desde a sua origem a “contradição” entre avanço tecnológico

rápido e sensível e retrocesso estético – formal sem precedentes.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

ARQUITETURA E URBANISMO 4

Professor: Maurício Rocha de Carvalho

Aluna: Karolyne Michelle Siqueira Aniceto

Recife, Março de 2011.