O piloto

3
O piloto não conseguiria pousar entre as casas daquela área. Mesmo assim, eles poderiam acionar os guardas pelo rádio. Decidi que continuaria a andar. Corri por entre os becos e ruas transversais. Os residentes me viram, mas eu ainda estava disfarçada com o uniforme de jardineira, graças a Sara. Pobre Sara. Corri mais rápido, para longe da instituição. Enquanto meus pés pudessem se mover, eu continuaria viva. O helicóptero retornou, como um inseto faminto. Continuei andando, esgueirando-me contra paredes ou árvores, qualquer cobertura que eu conseguisse encontrar. Olhei para cima. Ele não desistiria. Vi cabos elétricos cruzando o céu alguns quarteirões à minha frente. Corri naquela direção, esforçando-me ao máximo para permanecer escondida. O inseto preto me seguia. Quando cheguei à origem dos cabos, uma subestação elétrica, mergulhei debaixo de uma caminhonete. O asfalto arranhou a palma da minha mão. Eu sabia que o helicóptero não conseguiria sobrevoar a área, com os cabos perigosos cruzando o céu acima de mim. Ele desistiu da perseguição, uma vespa que não conseguiu encontrar ninguém para picar. Observei o helicóptero se afastar.

description

literatura espanholatese .ggftftdfrdss

Transcript of O piloto

Page 1: O piloto

O piloto não conseguiria pousar entre as casas daquela área. Mesmo assim,

eles poderiam acionar os guardas pelo rádio.

Decidi que continuaria a andar. Corri por entre os becos e ruas transversais. Os

residentes me viram, mas eu ainda estava disfarçada com o uniforme de jardineira, graças a

Sara. Pobre Sara. Corri mais rápido, para longe da instituição. Enquanto meus pés pudessem

se mover, eu continuaria viva.

O helicóptero retornou, como um inseto faminto. Continuei andando, esgueirando-me

contra paredes ou árvores, qualquer cobertura que eu conseguisse encontrar. Olhei para cima.

Ele não desistiria.

Vi cabos elétricos cruzando o céu alguns quarteirões à minha frente. Corri naquela

direção, esforçando-me ao máximo para permanecer escondida. O inseto preto me seguia.

Quando cheguei à origem dos cabos, uma subestação elétrica, mergulhei debaixo de uma

caminhonete. O asfalto arranhou a palma da minha mão. Eu sabia que o helicóptero não

conseguiria sobrevoar a área, com os cabos perigosos cruzando o céu acima de mim.

Ele desistiu da perseguição, uma vespa que não conseguiu encontrar ninguém para picar.

Observei o helicóptero se afastar.

Eu caminhei, caminhei, caminhei, até que os chinelos se despedaçaram. Arranquei-os dos

pés e caminhei um pouco mais, pensando em Sara a cada passo.

Enxuguei os olhos com as costas da mão. O que acontecera enquanto eu estava debaixo

do veículo? Senti um aperto no estômago ao tentar compreender. Sara provavelmente

percebera que o guarda do portão verificaria a parte de baixo do veículo. Assim, ela usara sua

coragem para distrair todos os que estavam ali e correra em direção à escada, à vista dos

Page 2: O piloto

guardas e da própria Beatty. Fizera aquilo por mim. Sacrificara-se por mim, porque sabia que

eu tinha que encontrar meu irmão.

E os guardas atiraram nela.

Quando cheguei à casa de Madison, apertei várias vezes a campainha, mas ela não estava

lá. Eu chegara tão longe e ela não estava lá. O efeito do spray analgésico já havia passado e

meu rosto, marcado pelos pontos cirúrgicos, latejava. Encostei-me contra a porta e deslizei

até o chão, enrodilhando-me ao redor de mim mesma na varanda, onde acabei adormecendo.

Estava começando a escurecer quando ela chegou e me acordou.

— Callie. O que você está fazendo aqui? — Madison se curvou sobre mim, com os

cabelos loiros caídos por cima do rosto. — Não vi seu carro.

Ela me ajudou a levantar e olhou para o disfarce de jardineira que eu usava.

— Que roupas são essas? Algum novo estilo adolescente?

Madison abriu a porta e eu entrei no hall, ficando sob as luzes. Ela finalmente viu meu

rosto maltratado, os pontos e os outros ferimentos.